1) O documento apresenta o plano de tese de doutoramento sobre a modelização e previsão da procura turística em Portugal.
2) A metodologia inclui revisão da literatura, construção de modelos usando dados de vários países emissores, e previsão da procura nos próximos dez anos.
3) Espera-se que a tese contribua para o avanço do conhecimento através da análise de mais dados e países, e da introdução de novas variáveis nos modelos.
A Procura de Turismo Receptor em Portugal: Modelização Dinâmica e Previsão
1. UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR
DOUTORAMENTO EM ECONOMIA
PLANO DE TESE
A PROCURA DE TURISMO RECEPTOR EM PORTUGAL:
MODELIZAÇÃO DINÂMICA E PREVISÃO
LUÍS CARLOS MARTINS CARDOSO
COVILHÃ, JANEIRO DE 2009
2. 1
ÍNDICE
1. Enquadramento do Tema………………………………………………………….. 2
2. Revisão da Literatura…………………………………………………………….... 10
3. Metodologia de Investigação……………………………………………………… 19
4. Cronograma Previsional………………………………………………………… 24
5. Contribuição do Projecto………………………………………………………….. 25
6. Bibliografia Exploratória………………………………………………………….. 27
3. 2
1. Enquadramento do Tema
O turismo constitui um sector com uma importância crescente, tendo alcançado uma
dimensão que o posiciona a par das mais importantes actividades económicas.
Em termos mundiais, o turismo tem sido perspectivado como uma actividade que se
desenvolve globalmente e a sua relevância é avaliada, essencialmente, em função do seu
crescimento, sendo comummente aceite que a actividade turística pode estimular o
crescimento económico.
Segundo dados da World Tourism Organization (WTO), esta actividade assume-se já
como o terceiro mais importante sector exportador mundial, logo a seguir às indústrias
petrolífera e automóvel e, a manter-se a tendência de crescimento nos primeiros decénios
do século XXI, deverá assumir-se mesmo como a principal actividade económica do globo
num prazo não muito longínquo.
De acordo com a WTO (2008), as chegadas internacionais de turistas aumentaram em
dezassete anos, a uma taxa média anual de 4,4%, tendo passado de 436 milhões de turistas
em 1990 para cerca de 900 milhões em 2007, prevendo-se que esse número venha quase a
duplicar até 2020, altura em que se espera alcançar a meta dos 1600 milhões (com 1000
milhões já em 2010).
O World Travel & Tourism Council (WTTC, 2008) estima que a indústria turística seja
actualmente responsável pela criação e manutenção de cerca de 238,3 milhões de postos de
trabalho em todo o mundo (no conjunto das 176 economias nacionais) e globalmente
responsável por serviços prestados correspondentes a cerca de 9,9% do PIB mundial.
Estes valores a que podemos acrescentar outros saídos do WTTC (2008), que apontam
para a criação a nível mundial, até 2018, de cerca de 60 milhões de novos postos de
trabalho directa e indirectamente gerados pelo turismo, comprovam sem qualquer margem
para dúvidas a importância económica e social desta actividade económica na sociedade
actual e futura.
4. 10
2. Revisão da Literatura
A literatura existente relacionada com a modelização da procura turística centra a sua
atenção na análise dos efeitos de vários determinantes e/ou na acuidade da previsão da
procura turística no futuro. A investigação que se pretende levar a efeito procurará realizar
ambas as tarefas — por um lado modelizar e por outro usar essa informação para levar a
cabo a sua previsão em simultâneo.
Algumas revisões da literatura empírica em procura turística foram realizadas por
Crouch (1994a, 1994b, 1995), Witt e Witt (1995), Lim (1997, 1999), Li et al (2005) e Song
e Li (2008); todas elas sugerem uma uniformidade, quer na medição da procura turística
quer nas variáveis explicativas relevantes, dos fluxos turísticos internacionais2
. A maioria
dos estudos empíricos utilizou como variáveis dependentes as chegadas/partidas turísticas e
as receitas/despesas turísticas geradas por essas chegadas/partidas. O número de dormidas e
a permanência média da estadia são também estudados, embora com menos frequência.
Para as variáveis explicativas, os modelos empíricos da procura turística alicerçaram-se na
teoria do consumidor que estipula que o nível do consumo depende do rendimento do
consumidor, do preço do bem/serviço em questão, do preço dos bens relacionados
(sucedâneos ou complementares) e de outros factores, “ceteris paribus”, responsáveis por
alterações da procura. Assim, são o rendimento e os preços, as variáveis independentes
mais comummente aplicadas e aquelas que, maioritariamente, explicam a procura turística
de um dado destino.
Como o lazer turístico é geralmente visto como um bem de luxo, então o rendimento
remanescente depois das despesas na satisfação das necessidades básicas, ou seja, o
rendimento discricionário será a variável preferida. Contudo o rendimento discricionário é
uma variável subjectiva e que não é medida com rigor. A maioria dos investigadores
aplicam o rendimento real ou nominal disponível (per capita) e o rendimento nacional ou o
PIB como medida desse rendimento nos países emissores de turismo.
2
Enquanto Crouch (1994a, 1994b, 1995), Witt e Witt (1995) e Lim (1997, 1999) focalizam os estudos
dos primórdios dos anos 60 até ao início da década de 90; Li et al (2005) reviram estudos empíricos pós 1990
e até 2002; Song e Li (2008) analisaram 121 artigos em modelização e previsão turísticas de 2000 a 2007.
5. 19
3. Metodologia de Investigação
Os dados anuais, trimestrais ou até mensais, geralmente usados para a construção dos
modelos, serão extraídos de várias fontes e/ou bases de dados, das quais se enumeram as
seguintes, umas nacionais outras internacionais: Instituto Nacional de Estatística, Banco de
Portugal, Ministério da Economia e Inovação, Associação da Hotelaria de Portugal,
Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, World Tourism
Organization (WTO), World Travel & Tourism Council (WTTC), Organization for
Economic Co-operation and Development (OECE), World Bank (WB), International
Monetary Fund (IMF), Eurostat, entre outras.
De forma a investigar, quais os factores mais importantes que determinam a procura
turística portuguesa, dos mercados emissores mais relevantes e a fazer a sua previsão num
horizonte temporal de dez anos, aplicar-se-á a técnica de cointegração conhecida como
autoregressão com lags distribuídos ou desfasados ou, na notação anglo-saxónica,
autoregressive distributed lag (ARDL). A modelização, “do geral para o particular”, inicia-
se com um modelo geral constituído por tantas variáveis quanto as possíveis. Se uma
variável dependente ty é determinada por k variáveis independentes, o processo de geração
de dados, é representado pela expressão
- -
1 0 1
p pk
t ji jt i i t i t
j i i
y x yα β φ ε
= = =
= + + +
(3.1)
De forma a extrair-se as elasticidades de curto e longo prazos pode recorrer-se à
formulação seguinte
0 1 2 3 4 5 6 79 7 98 8 01t t t t t t tlnQ lnR lnP lnPs lnTc lnH D D Dβ β β β β β β β β ε= + + + + + + + + +
(3.2)
onde
tlnQ é o logaritmo da procura turística do país de origem para Portugal no ano t;
tlnR é o logaritmo do rendimento do país de origem no ano t;
6. 24
4. Cronograma Previsional
Este projecto está previsto para ser concluído em três anos. Especificamente, o triénio da investigação está dividido em cinco fases:
Fase 3
(10 meses)
Fase 4
(8 meses)
Fase 1
(9 meses)
Fase 5
(9 meses)
Fase 2
(6 meses)
• Fase 1 Revisão bibliográfica e apreciação crítica do estado actual do conhecimento (a iniciar em Janeiro de 2009);
• Fase 2
• Fase 3 Construção e estimação dos modelos;
• Fase 4 Previsão dos modelos e avaliação dos resultados;
• Fase 5 Redacção final da tese (a terminar em Janeiro de 2012).
7. 25
5. Contribuição do Projecto
Pretende-se que a tese de doutoramento constitua uma contribuição original para o
avanço da ciência económica na área da modelização e previsão da procura de turismo
receptor em Portugal porque:
a) Será feita uma revisão exaustiva e actualizada da literatura internacional em
modelização e previsão da procura turística;
b) Os dados estender-se-ão até 2008, indo para além do ano de 1997 no estudo de
Daniel e Ramos (2002);
c) A variável dependente — proxy da procura turística — será conforme a maioria
dos estudos internacionais: ou as chegadas anuais de turistas não residentes na
fronteira ou as dormidas anuais efectuadas por não residentes em
estabelecimentos oficiais (cf. figura 2);
d) A modelização alargar-se-á a dez países da OCDE (França, Alemanha, Países
Baixos, Espanha, Reino Unido com cerca de 70% das entradas/dormidas +
cinco países abrangendo aproximadamente 20% das entradas/dormidas), pois o
trabalho de Daniel e Ramos (2002) centrava-se nos cinco primeiros países (Top
5). Mais tarde o PENT (2006) diferenciou três tipos de mercados emissores
externos de intervenção até 20158
. O trabalho de tese procurará estimar dez
equações singulares (Top 10 dos mercados emissores para Portugal com cerca
de 90% de entradas/dormidas de turistas não residentes) correspondentes a cada
um dos países acima mencionados;
e) Estimar-se-ão as elasticidades habituais, no curto e longos prazos, da teoria da
procura: rendimento, preço, preço de destinos concorrentes (Espanha, Itália,
Grécia entre outros). Para além destas elasticidades introduzir-se-á, no modelo
a estimar, uma variável independente que não surge na figura 2, isto é, as horas
8
Os mercados estratégicos (França, Alemanha, Espanha e Reino Unido), os mercados a desenvolver
(Países Escandinavos, Itália, EUA, Japão, Brasil, Holanda, Irlanda e Bélgica) e os mercados de diversificação
(Áustria, Suíça, Rússia, Canadá, Polónia, República Checa, Hungria e China).
8. 27
6. Bibliografia Exploratória
Para a realização da tese de doutoramento recorrer-se-á a documentação diversa
disponível em várias bases de dados e bibliotecas. Entre a bibliografia a consultar
destacam-se, desde logo, os seguintes manuais, monografias, teses e artigos dedicados,
directa ou indirectamente, ao tema a investigar:
[1] AICEP (2008), “Portugal – Perfil País”, Agência para o Investimento e Comércio
Externo de Portugal, Ministério da Economia e Inovação, Janeiro.
[2] Artus, J. (1972), “An Econometric Analysis of International Travel”, International
Monetary Fund Staff Papers, 19, 579-614.
[3] BP (2007), “Relatório do Conselho de Administração - Relatório e Contas:
Gerência de 2006”, Relatório Anual, Banco de Portugal, Lisboa.
[4] Bull, A. (1998), The Economics of Travel and Tourism, 2.ª edição, Longman.
[5] Castro, V. (2008), “Uma Aplicação Multicritério para a Estratégia de Turismo: o
caso da Serra da Estrela”, Tese de Mestrado em Economia, Universidade da Beira
Interior.
[6] Chen, C., Hsu, P., Lo, C., Lee, Y. e Tung, C. (2007), “Application of the Grey
Prediction Theory Compared with Other Statistical Methods on the Suitability of
Short-term Forecast: Outbound Visitors from Taiwan”, Journal of American
Academy of Business, 11, 2, September, Cambridge.
[7] Correia, A. (2000), A Procura Turística no Algarve, Tese de Doutoramento,
Unidade de Ciências Económicas e Empresarias, Universidade do Algarve.
[8] Coshall, J. (2000), “Spectral Analysis of International Tourism Flows”, Annals of
Tourism Research, Vol. 27, n.º 3, 577-589.
[9] Crouch, G. (1994a), “The Study of International Tourism Demand: A Survey of
Practice”, Journal of Travel Research, 32, 41-55.