1) O documento descreve as características de serpentes peçonhentas brasileiras, incluindo sua aparência, habitat, efeitos do veneno e distribuição geográfica.
2) As serpentes peçonhentas são divididas em quatro grupos principais no Brasil: Botrópico, Laquético, Crotálico e Elapídico.
3) Dentro do grupo Botrópico estão as jararacas, como a jararaca comum, que possuem dentição solenóglifa e veneno com ação prote
2. ANIMAIS VENENOSOS E PEÇONHENTOS
Animais Peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de
veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por
onde o veneno passa ativamente. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões,
abelhas, arraias
Animais Venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não
possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões) provocando
envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão (sapo) ou
por ingestão (peixe baiacu)
O veneno produzido pelas serpentes é um complexo enzimático
com finalidades principalmente digestivas, além de seu efeito defensivo
contra predadores e outros animais que representem perigo. Nas
serpentes peçonhentas a capacidade de veneno está associada às ações
tóxicas que neutralizam e matam a presa durante a captura
O mecanismo utilizado pelas serpentes peçonhentas para injetar
veneno são os dentes e a ação muscular sobre as glândulas
3. A AUDIÇÃO DAS SERPENTES
As serpentes não possuem ouvido externo, médio e nem tímpano. São
praticamente surdas. Não são capazes de ouvir sons mas sim vibrações
físicas (mecânicas) fortes, como passos, queda de objetos, que chegam ao
cérebro do animal por um pequeno osso (chamado columela) que une a
base da mandíbula à caixa craniana
Se a columela vibrar, a serpente percebe o som sem, contudo, precisar
corretamente a direção
4. O OLFATO DAS SERPENTES
O principal órgão de orientação, capaz de suprir as deficiências
visuais e auditivas é o olfato
Todo o sistema de captação de partículas dispersas no ar, que
constituem o odor, é realizado pela língua
Quando em movimento, as serpentes agitam constantemente a
sua língua bífida (com duas pontas). Cada vez que a língua é projetada
para fora da boca, uma secreção grudenta faz com que as partículas
dispersas no ar fiquem aderidas às duas pontas, razão pela qual ela vibra
rapidamente para que a maior quantidade possível de elementos fiquem
aderidos às extremidades
Quando a língua é retraída, antes de ser limpa e banhada
novamente com a secreção, cada ponta , com a secreção contendo as
partículas coletadas no ar, é introduzida em um orifício localizado no 'céu
da boca' onde as partículas são depositadas e analisadas. A ponta que
estava mais próxima da fonte de odor terá mais partículas e isto é o
suficiente para fornecer com precisão a direção
5. UM SENSOR INFRAVERMELHO
As serpentes são carnívoras e caçadoras por natureza. Todos os
animais de 'sangue quente' (aves e mamíferos), corretamente
denominados de homeotérmicos, emitem raios de calor do tipo
infravermelho, formando uma espécie de ‘aura' invisível
As serpentes noturnas, que alimentam-se de animais
homeotérmicos, possuem, de cada lado da cabeça, um orifício entre o olho
e a narina, chamado de Fosseta LorealFosseta Loreal
Estas aberturas possuem uma membrana ricamente enervada com
terminações nervosas capazes de perceber variações de calor de até 0,5
graus Celsius num raio de 5 metros de distância
As emissões de calor, emanadas pelo animal homeotérmico,
atingem a membrana e criam uma 'imagem térmica' altamente precisa,
fornecendo o tamanho do animal (através das concentrações dos raios
infravermelhos), a distância (através da variação de temperatura) e os
movimentos (pelo deslocamento da 'imagem térmica')
6. COMO IDENTIFICAR
A identificação prática entre peçonhentas e não
peçonhentas é feita pela presença da fosseta lorealfosseta loreal
associada ao tipo de dentiçãotipo de dentição. A única exceção são as
Corais
Podemos dizer de maneira geral que toda serpente que
tiver fosseta loreal ou colorido vermelho, preto, branco
(ou amarelado) sob a forma de anéis no corpo, com
presas situadas na parte anterior da boca são
peçonhentas, com exceção das falsas corais que,
apesar do colorido vermelho no corpo, não são
peçonhentas
8. COMO IDENTIFICAR
BothropsBothrops Jararacas. Apresentam cauda lisa
CrotalusCrotalus Cascavéis. Apresentam cauda com chocalho
LachesisLachesis Surucucus. Apresentam cauda com escamas
arrepiadas
9. COMO IDENTIFICAR
Corais: Apesar de terem o veneno mais tóxico, entre as serpentes
brasileiras, não possuem fosseta loreal, uma vez que, apesar de noturnas,
não se alimentam de roedores (comem outras serpentes), não
necessitando de um órgão térmico para localizar a presa
11. LEGENDA
Serpente não peçonhenta. Não possui presas
inoculadoras de peçonha. Pode morder, mas sua
mordida não apresenta perigo algum. Algumas
espécies matam suas presas por constrição.
Exemplos: Jibóia, Sucuri e alguns colubrídeos
Serpente muito peçonhenta. Possui presas
inoculadoras de peçonha localizadas anteriormente.
Sua peçonha é muito tóxica, podendo ser fatal, se
não utilizada a soroterapia. Os casos não fatais
podem deixar seqüelas. Exemplos: Cascavéis,
Jararacas, Surucucus e Corais-Verdadeiras
Serpente peçonhenta. Possui presas inoculadoras de
peçonha, mas sua peçonha é pouco tóxica, ou suas
presas inoculadoras são localizadas posteriormente.
Podem causar acidentes de pouca gravidade,
geralmente não-fatais. Exemplos: alguns colubrídeos
e falsas-corais
13. TIPOS DE DENTIÇÃO
ÁGLIFAÁGLIFA
Dentição que apresenta os
dentes iguais, não apresenta nenhum
sulco ou canal para inoculação de
veneno. Não apresentam perigo
algum. Serpentes com esse tipo de
dentição não são peçonhentas e
matam suas presas por meio de
constricção. Esses dentes são
especializados para segurar a presa
para que não escape na hora que vai
se alimentar
EXEMPLOS: Jibóia, Salamanta,
Caninana, Sucuri etc
14. TIPOS DE DENTIÇÃO
OPISTÓGLIFAOPISTÓGLIFA
Tipo de dentição que apresenta o
dente inoculador posicionado na região
posterior do maxilar superior. O dente não
possui um canal interno e sim uma parte
escavada, como uma calha por onde o
veneno escorre penetrando na vitima ou
presa. Este tipo de serpente com este tipo
de dentição é chamada de semi-
peçonhenta. Em caso de acidentes elas
provocam uma sintomatologia semelhante
ao da jararaca, apresentando edema
importante, porém o Tempo de Coagulação
não se altera
EXEMPLOS: Cobra Cipó, Cobra
Verde, Coral Falsa etc
15. TIPOS DE DENTIÇÃO
PROTERÓGLIFAPROTERÓGLIFA
Dentição não muito eficiente,
o dente inoculador não possui um
orifício bem definido, e assemelha-se
a uma agulha hipodérmica. Está
localizado na parte anterior do
maxilar superior sendo pequeno e
fixo
EXEMPLOS: As Corais
Verdadeiras, as Najas, Mambas e
Serpentes Marinhas
No Brasil ocorre apenas a coral
16. TIPOS DE DENTIÇÃO
SOLENÓGLIFASOLENÓGLIFA
Tipo de dentição de serpente
peçonhenta sendo altamente especializado.
O mais eficiente dos dentes das
peçonhentas. O dente inoculador possui um
canal interno por onde o veneno passa,
sendo introduzido para dentro da vitima,
como uma injeção intra-muscular. Esse
dente é projetado para frente na hora do
bote devido a sua estrutura craniana, onde
em alguns ossos existe articulações que
direcionam a presa para frente, sendo
retraído quando o animal volta à sua posição
normal
EXEMPLOS: Jararaca, Surucucu, Cascavel
17. PRINCIPAIS GRUPOS DE SERPENTES
PEÇONHENTAS
No Brasil, as serpentes causadoras de acidentes com
potencial para desenvolver quadro clínico grave, as
peçonhentas, estão divididas em quatro grupos:
1.1. BotrópicoBotrópico (Jararacas)
2.2. LaquéticoLaquético (Surucucus)
3.3. CrotálicoCrotálico (Cascavéis)
4.4. ElapídicoElapídico (Corais)
18. GÊNERO: Bothrops
O gênero BothropsBothrops é encontrado principalmente em zonas rurais e
periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e
áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores
(paióis, celeiros, depósitos de lenha).
O acidente botrópico é responsável por cerca de 90% dos
envenenamentos em nosso país.
Jararaca (Jararaca (Bothrops jararacaBothrops jararaca)) Coloração esverdeada com desenhos
semelhantes a um “V” invertido, corpo delgado medindo aproximadamente
1m.
Sua picada causa muita dor e edema no local, podendo haver
sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos pré-existentes.
É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Seu veneno tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica.
19. GÊNERO: Bothrops
Cruzeira, Urutu (Cruzeira, Urutu (Bothrops alternatusBothrops alternatus))
Coloração marrom escuro, possui
desenhos em forma de gancho de
telefone. Mede aproximadamente 1,5m.
Encontrada em vegetação rasteira, perto
de rios e lagos ou plantações.
Sua picada causa muita dor local,
podendo haver sangramento também nas
gengivas ou em outros ferimentos pré-
existentes
É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
Seu veneno tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica
23. GÊNERO: Crotalus
Cascavel (Crotalus durissus)Cascavel (Crotalus durissus)
Coloração marrom-amarelada,
corpo robusto, medindo
aproximadamente 1m. Apresenta
chocalho na ponta da cauda
Após a picada, o paciente
apresenta visão dupla e borrada e
sua face se apresenta alterada
(pálpebras caídas, aspecto
sonolento). A urina pode se
tornar escura de 6 a 12 horas
após a picada
É encontrada nos Estados de Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão,
Tocantins, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Goiás
Seu veneno tem ação neurotóxica, miotóxica e coagulante
24. GÊNERO: Lachesis
SurucucuSurucucu ((Lachesis mutaLachesis muta))
Também conhecida como
pico-de-jaca. A cauda apresenta
escamas eriçadas como uma escova.
É a maior das serpentes
peçonhentas das Américas,
atingindo até 3,5m
São encontradas apenas em
áreas de floresta tropical densa,
como a Amazônia, pontos da Mata
Atlântica e alguns enclaves de matas
úmidas do Nordeste
Seu veneno tem ação
proteolítica, coagulante,
hemorrágica e neurotóxica
25. GÊNERO: Micrurus
Coral Verdadeira (Coral Verdadeira (Micrurus sp.Micrurus sp.))
Possui anéis vermelhos, pretos e
brancos ao redor do corpo, medindo entre 70
e 80cm. Se esconde em buracos, montes de
lenha e troncos de árvores
Após a picada, o paciente apresenta a visão
dupla e borrada, a face se apresenta alterada
(pálpebras caídas, aspecto sonolento), dores
musculares e aumento da salivação.
Insuficiência respiratória pode ocorrer como
complicação do acidente
É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Goiás, Tocantins e Bahia
Seu veneno tem ação neurotóxica
32. FALSAS CORAIS
Apesar dos anéis coloridos no
corpo, não são peçonhentas.
Enquanto que nas corais
verdadeiras o corpo é coberto
de tríades completas que
circulam o dorso e ventre, no
caso das falsas corais essas
tríades não circundam, apenas
ficam no dorso e lateral, o
ventre fica branco
Lampropeltis triangulum
37. COMO EVITAR ACIDENTES
USE BOTAS: O uso de botas de cano alto evita até 80% dos acidentes
(geralmente as cobras picam do joelho para baixo). Botinas e sapatos evitam até
50% dos acidentes. Mas antes de calçá-los, verifique se dentro deles não há
cobras, aranhas ou outros animais peçonhentos
PROTEJA AS MÃOS: Não enfie as mãos em tocas, cupinzeiros, ocos de troncos,
etc. Use um pedaço de pau. Na colheita manual é preciso estar sempre atento
para evitar surpresas. Protegendo as pernas e as mãos, você reduzirá ao máximo
o risco de acidentes
ACABE COM OS RATOS: Eles atraem cobras. Mantenha sempre limpos os
terrenos, quintais, paióis e plantações. A maioria das cobras alimentam-se de
roedores
PRESERVE OS PREDADORES: Emas, seriemas, gaviões, gambás e a cobra
Muçurana são os predadores naturais das cobras venenosas e garantem o
equilíbrio do ecossistema
CONSERVE O MEIO AMBIENTE: Desmatamentos e queimadas devem ser
evitados. Além de destruir a natureza, provocam mudanças de hábitos dos
animais, que se refugiam em paióis, celeiros ou mesmo dentro das casas.
Também não se deve matar as cobras. Eles contribuem para o equilíbrio
ecológico, alimentando-se de ratos
38. PRIMEIROS SOCORROS
Lavar o local da picada apenas com água ou com água e
sabão
Manter o paciente deitado, se possível
Manter o paciente hidratado, se possível
Encaminhar o paciente ao serviço médico mais próximo
Se possível, levar a serpente para identificação, viva ou
morta
39. PRIMEIROS SOCORROS
NÃO FAZER EM HIPÓTESE NENHUMA:NÃO FAZER EM HIPÓTESE NENHUMA:
Não fazer torniquete ou garrote. Impedindo a circulação do
sangue, você pode causar gangrena e necrose
Não cortar o local da picada
Não perfurar ao redor do local da picada
Não colocar folhas, pó de café ou qualquer coisa que possa
contaminar o local
Não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou qualquer outro
líquido tóxico
Não fazer uso de qualquer prática caseira que possa retardar
ainda mais o atendimento médico
40. TRATAMENTO
O tratamento consiste na
administração, o mais precocemente
possível, do soro antiofídico, distribuído
gratuitamente pelo Ministério da Saúde
para todos os hospitais e postos de
atendimento médico
A dose utilizada deve ser a
mesma para adultos e crianças, visto
que o objetivo do tratamento é
neutralizar a maior quantidade possível
de veneno circulante,
independentemente do peso do paciente
41. TRATAMENTO
Cada tipo de veneno ofídico requer um soro específico,
preparado com o veneno do mesmo gênero de serpente que
causou o acidente:
AntibotrópicoAntibotrópico ((SABSAB)):: para acidentes com jararaca,
jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara
Anticrotálico (SAC):Anticrotálico (SAC): para acidentes com cascavel
Antilaquético (SAL):Antilaquético (SAL): para acidentes com surucucu
Antielapídico (SAE):Antielapídico (SAE): para acidentes com coral
Antibotrópico-crotálico (SABC):Antibotrópico-crotálico (SABC): para acidentes com
jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara ou cascavel
Antibotrópico-laquético (SABL):Antibotrópico-laquético (SABL): para acidentes com
jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara ou surucucu
42. PARA MAIORES
INFORMAÇÕES ENTRE EM
CONTATO:
INSTITUTO VITAL BRAZIL
Endereço: Rua Vital Brazil Filho,64 – Niterói - RJ
Caixa Postal: 100.028
Telefones: (021) 2711-3131 / (021) 2711-0012
SAC: 0800-26105708 / 0800-221036
E-mail: vitalbrazil@ivb.rj.gov.br
INSTITUTO BUTANTAN
Endereço: Av. Vital Brazil 1500 - São Paulo - SP
CEP: 05503-900
Telefone: (011) 3726-7222
Fax: (011) 3726-1505
E-mail: instituto@butantan.gov.br