O Romantismo no Brasil: Características e principais autores
1.
2. O romantismo é todo um
período cultural, artístico e
literário que se inicia na Europa
no final do século XVIII,
espalhando-se pelo mundo até o
final do século XIX;
O berço do romantismo pode
ser considerado três países:
Itália, Alemanha e Inglaterra;
Porém, na França, o romantismo
ganha força como em nenhum
outro país e, através dos artistas
franceses, os ideais românticos
espalham-se pela Europa e pela
América;
3. As características principais deste período são :
valorização das emoções, liberdade de criação, amor
platônico, temas religiosos, individualismo,
nacionalismo e história.
Este período foi fortemente influenciado pelos ideais
do iluminismo e pela liberdade conquistada na
Revolução Francesa;
O objetivo deste trabalho foi uma pesquisa científica
sobre o assunto abordado e suas vertentes.
4. Contribuir para a grandeza da nação através de uma
literatura que fosse o espelho do novo mundo e de
sua paisagem física e humana, eis o projeto
ideológico da primeira geração romântica;
Há um sentimento de missão: revelar todo o Brasil,
criando uma literatura autônoma que nos
expressasse.
5. Os valores do Romantismo europeu adequavam-se às
exigências ideológicas dos escritores brasileiros, O
Romantismo se opunha à arte clássica, e Classicismo
aqui significava dominação portuguesa;
O Romantismo voltava-se para a natureza, para o
exótico; e aqui havia uma natureza exuberante, etc.
Tudo se ajustando para o desenvolvimento de uma
literatura ufanista;
O nacionalismo romântico encontrará a sua
representação nos seguintes elementos:
6. INDIANISMO:
No "bon sauvage" francês sedimenta-se
o modelo de um herói que se deveria se
tornar o passado e a tradição de um
país desprovido de sagas exemplares;
O nativo - ignorada toda a cultura
indígena - converte-se no herói
inteiriço, feito à imagem e semelhança
de um cavaleiro medieval;
Assume-se a imagem exótica que as
metrópoles européias tinham dos
trópicos, adaptando-a ao ufanismo;
7. Acima de tudo, o índio representa, na sua condição
de primitivo habitante, o próprio símbolo da
nacionalidade;
Além disso, a imagem positiva do indígena fornece às
elites o orgulho de uma ascendência nobre, que
ajuda na legitimação de seu próprio poder no Brasil
posterior à Independência.
8. Resultado da "consciência eufórica de um país novo",
o sertanismo romântico (também discutivelmente
chamado de regionalismo) procura afirmar as
particularidades e a identidade das regiões e da vida
rural, na ânsia de tornar literário todo o Brasil;
Este registro do mundo não-urbano permanece na
superfície com uma moldura, já que a intriga
romanesca é citadina, ou seja, gira em torno dos
esquemas românticos do folhetim;
Além disso, os autores usam sempre a linguagem
culta e literária das cidades e não a fala particular da
região retratada.
9. A terra é identificada como pátria. Assim, os
fenômenos naturais tornam-se representativos da
grandeza do país;
A natureza jovem, vital, exuberante, serve de
compensação para a pobreza social ao mesmo tempo
que simboliza as potencialidades do Brasil.
10. Os escritores românticos - José de Alencar, em
especial - reivindicam uma língua brasileira;
Em Iracema, o autor tenta criar esta língua através do
estilo poético, da utilização de vocábulos indígenas,
de um novo ritmo de frase. Mas não são os escritores
que criam um idioma;
Continuamos falando e escrevendo o português;
Porém, graças ao esforço de Alencar e outros, começa
a se estabelecer uma forma brasileira de escrever a
língua portuguesa.
11. O passo decisivo para a deflagração do movimento é
a publicação da revista Niterói, em Paris, 1836, que
trazia como epígrafe: "Tudo pelo Brasil e para o
Brasil";
A revista, elaborada por intelectuais que estudavam
na Europa, propunha a investigação "das letras, artes
e ciências brasilienses";
No grupo, destaca-se Gonçalves de Magalhães, que
ainda em 1836 lançaria um livro de poemas: Suspiros
poéticos e saudades;
Esta obra introduziu o espírito romântico no Brasil.
12. O projeto de autonomia dos autores românticos não
se realizou integralmente;
Todos os princípios "nacionalistas" que defenderam
estavam, em maior ou menor grau, comprometidos
com uma visão européia de mundo;
Além disso, o nacionalismo era feito de
exterioridades, mais paisagem do que substância
humana;
Aquele "sentimento íntimo de brasilidade", de que
falou Machado de Assis, não existe nas obras do
período;
13. Por fim, o fato de todos os
escritores da primeira
geração viverem à sombra
do poder (foram ministros,
secretários, embaixadores,
burocratas do alto escalão)
comprometeu-os
irremediavelmente com a
classe dominante;
Fugiram da escravidão e da
pobreza, escamotearam a
ferocidade das elites e a
miséria das ruas, ignoraram
a violência que se espalhava
pelo cotidiano;
Em troca, celebraram o
idílio e a natureza,
mitificaram as regiões,
teatralizaram o índio,
criando assim uma arte
conservadora.
14. Na lírica romântica brasileira, podem ser
delimitados, com algum rigor, três momentos que se
caracterizam por apresentar temas e visões de
mundo diferenciadas;
Estes momentos coincidem com a formação de três
gerações;
Cada geração assume uma perspectiva própria,
embora todas sejam marcada pelo caráter romântico;
Contudo, os elementos que definem cada uma delas
não são exclusivos. Interpenetrando-se de forma
bastante acentuada.
15. A contribuição dos teóricos europeus, o nacionalismo
ufanista pós-1822 e as viagens para o exterior de uma
jovem intelectualidade - nascendo daí o famoso
sentimento do exílio - fornecem o quadro histórico
onde aponta a primeira geração romântica;
O apogeu da mesma ocorre entre 1836 e 1851, quando
Gonçalves Dias publica Últimos cantos, encerrando o
período mais fértil e criativo de sua carreira.
16. Obras: Suspiros poéticos e saudades
(1836); A confederação dos tamoios
(1857);
A Gonçalves de Magalhães coube a
precedência cronológica na elaboração
de versos românticos;
Suspiros poéticos e saudades é a
materialização lírica de algumas idéias
do autor sobre o Romantismo,
encarado como possibilidade de
afirmação de uma literatura nacional,
na medida em que destruía os artifícios
neoclássicos e propunha a valorização
da natureza, do índio e de uma
religiosidade panteísta.
17. Obras: Primeiros cantos (1846); Segundos cantos
(1848); Sextilhas de frei Antão (1848); Últimos cantos
(1851); Os timbiras (1857);
Gonçalves Dias consolidou o Romantismo no Brasil
com uma produção poética de boa qualidade;
. Entre os autores do período é o que melhor
consegue equilibrar os temas sentimentais,
patrióticos e saudosistas com uma linguagem
harmoniosa e de relativa simplicidade, fugindo tanto
da ênfase declamatória como da vulgaridade;
18. Pode-se dizer que o seu estilo romântico é
temperado por uma certa formação clássica, o que
evita os excessos verbais tão comuns aos poetas que
lhe foram contemporâneos.
19. Esta geração surgiu na década de 1850, quando o
nacionalismo e o indianismo deixavam de fascinar a
juventude e iniciava-se o longo processo de
estabilidade do II Império;
Por outro lado, o desenvolvimento urbano, o
nascimento de uma vida acadêmica em São Paulo,
Rio de Janeiro, Salvador e Recife e, até mesmo, uma
relativa sofisticação dos estratos médios e superiores
da estrutura social brasileira;
20. Possibilitaram a criação de uma lírica voltada quase
que exclusivamente para a confissão e o
extravasamento íntimo;
A nova geração foi influenciada pelo inglês Byron e
pelo francês Musset, autores ultra-românticos que
haviam se tornado os modelos universais de rebeldia
moral, de recusa à insipidez da vida cotidiana e de
busca de novas formas de sensualidade e de afeto;
De sua imitação, resultou, quase sempre, o pastiche.
Até sociedades satânicas, a exemplo das existentes na
Europa, foram fundadas;
21. Os adolescentes que as compunham viviam
pretensas orgias e dissipações fantasiosas, que
resultavam da leitura e das imaginações pervertidas;
Na verdade, a pobreza do meio e a rigidez patriarcal
impediam que este satanismo tivesse qualquer
importância no contexto estético e ideológico
brasileiro;
Outro fato sempre lembrado desta geração é a
dramática coincidência de quase todos os seus
integrantes morrerem na faixa dos vinte e poucos
anos;
22. Versos soltos e alguns poemas parecem alimentar a
suspeita de que esses jovens cultivavam idéias
suicidas;
No entanto, todos eles - à parte o caso mais
complexo de Álvares de Azevedo - foram vitimados
por doenças então incuráveis e manifestaram grande
horror perante a morte;
Não se sustenta, portanto, a idéia de um suicídio
coletivo geracional.
23. Obras: Lira dos vinte anos (poemas -
1853), Noite na taverna (contos -
1855), O conde Lopo (poema - 1886),
Macário (poema dramático – 1855);
A obra de Álvares de Azevedo,
fortemente autobiográfica, traz a
marca da adolescência, mas de uma
adolescência tão dilacerada e
conflituosa que acaba por
representar a experiência mais
pungente do Romantismo brasileiro,
tanto do ponto de vista pessoal
quanto do ponto de vista poético.
24. Obra: Primaveras (1850);
Subjetivista como Álvares de Azevedo, Casimiro de
Abreu substitui as conotações dolorosas que aquele
confere à adolescência;
Se, para o autor de Lira dos vinte anos, a mocidade é
um processo noturno de vigílias e tensões, se, para
ele, "tristes são os destinos deste século", para
Casimiro de Abreu a mesma mocidade é "a primavera
da vida", processo diurno, sempre associado a
namoricos, jardins com bananeiras, borboletas e
salões de baile onde se flerta ao som de valsas
langorosas.
25. Obras principais: Noturnas (1861); Vozes da
América (1864); Cantos e fantasias (1865); Cantos
meridionais (1869); Anchieta ou o Evangelho nas
selvas (1875);
O crítico Alfredo Bosi afirma que Fagundes Varela é
o epígono* por excelência da poesia romântica;
Isto é, um poeta que segue outros, sem alcançar uma
temática e uma expressão próprias.
26. Obra: Inspirações do claustro (1855);
A poesia de Junqueira Freire é totalmente
autobiográfica e talvez seja isso o que mantenha o
interesse pela mesma;
Procurando num mosteiro a saída para os seus
problemas pessoais (sobretudo uma espécie de
atração pela morte que o angustiava), o poeta viu
malograrem as suas ilusões.
27. O fim da década de 60 assinalou o início de uma
crise que atingiu a classe dominante, composta por
senhores rurais e grupos de exportadores;
As primeiras indústrias, o encarecimento do escravo
como mão-de-obra e a utilização de imigrantes nas
fazendas de café de São Paulo indicavam mudanças
na ordem econômica;
Por esta época, começaram a se manifestar as
primeiras fraturas na até então sólida visão das elites
dirigentes;
28. O nacionalismo ufanista começou a ser questionado.
Estudantes de Direito, intelectuais da classe média
urbana, escritores, jornalistas e militares se davam
conta da existência de uma considerável distância
entre os interesses escravocratas e monarquistas dos
proprietários de terras e os interesses do resto da
população;
Foi então que a literatura assumiu uma função
crítica.
Antônio de Castro Alves superou o extremado
individualismo dos poetas anteriores, dando ao
Romantismo um sentido social e revolucionário que
o aproxima do Realismo;
29. O padrão poético já não é Chateaubriand ou Byron,
mas sim o francês Vitor Hugo, burguês progressista,
cantor da liberdade e do futuro.
30. Obras: Espumas Flutuantes
(1870); A cachoeira de Paulo
Afonso (1876); Os escravos
(1883); Gonzaga ou A Revolução
de Minas (drama - 1875);
Sua obra se abre em duas
direções:
Poesia social - causas liberais e
humanitárias;
Poesia lírica - natureza e amor
sensual.
31. Obras: Obras poéticas e O Guesa
Considerado em sua época um escritor extravagante,
Sousândrade acaba reabilitado pela vanguarda
paulistana (os concretistas) como um caso de
"antecipação genial" da livre expressão modernista;
Criador de uma linguagem dominada pela elipse, por
orações reduzidas e fusões vocabulares, foge do
discurso derramado dos românticos.
32. Concluímos após a realização deste trabalho que, o
romantismo significa a diferenciação da nossa com a
literatura portuguesa, mediante a diferenciação
temática e de linguagem;
O romantismo quebrou a estreita de pendência
lingüística que nos prendia à tradição literária
portuguesa, pela incorporação de peculiaridades
vocabulares e sintáticas e por procurar um ponto de
vista nacional brasileiro;
33. Ao mesmo tempo, pelas contradições inerentes ao
nosso país e pelas profundas diferenças entre o
império brasileiro e a Europa burguesa, o
romantismo impregnou-se de contradições que bem
expressam a situação global de adaptação de uma
profunda corrente cultural e artística, nascida no
exterior, às condições do Brasil, país atrasado,
dependente e preso à órbita da Europa.