2. Paulo Teixeira Lopes
Nasceu em Penafiel em 1965.
Frequentou a Esc. de Artes Decorativas Soares
dos Reis com formação em Artes do Fogo.
Licenciado em Design de Comunicação / Arte
Gráfica com vertentes de fotografia e cinevídeo
pela Faculdade de Belas Artes da U. Porto em 89,
com presença externa nas cadeiras de Pintura e
Escultura.
Percurso profissional iniciado no Jornal 'O
Comércio do Porto' como director criativo no
sector Novosmeios, agência de publicidade.
Frequência em mestrado Arte/Multimédia
(FBAUP/FEUP/FCUP)
Director criativo em várias agências de design
de comunicação.
Foi membro da Direcção da Cooperativa dos
Artistas de Gaia.
Professor do Ensino Básico, Secundário na área
artística, multimédia e TIC.
Consultor de marketing e comunicação.
Formador Profissional na vertente de Fotografia
/ Multimédia e programas profissionais de design
gráfico.
Colaborador da Casa-Museu Teixeira Lopes
como consultor na área do design de
comunicação.
Pósgraduação em Arte Multimédia na FBAUP, com
frequência nas faculdades de Engenharia e
Ciências Educação da UP.
Coach credenciado em liderança e gestão de
equipas de alto desempenho (nível 1 e 2).
3.
4.
5.
6. Revisão de textos de:
Ângela Ferreira
Ricardo Cruz
Redigido segundo o Acordo Ortográfico de 1990,
em vigor desde 2009
Capa e interior:
Paulo Teixeira Lopes
(design gráfico, paginação e fotos)
PTL - Paulo Teixeira Lopes
Rua Pádua Correia, 379, 4º DF
4400-238 Vila Nova de Gaia
PORTUGAL
Tel: +351. 220 311 251
Mv.: +351. 916 329 452
pauloteixeiralopes@gmail.com
www.pauloteixeiralopes.wordpress.com
Autor:
Paulo Teixeira Lopes
Título:
Etérium - a Viagem
ISBN: 000-000-0000-00-0
Impressão:
Sersilito
Depósito Legal:
000000/11
Todos os direitos reservados.
Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, por qualquer
processo mecânico, fotográfico, electrónico, ou por meio de gravação, nem
ser introduzido numa base de dados, difundido ou de qualquer forma co-
piado para uso público ou privado, além do uso legal como breve citação
em artigos e críticas, sem prévia autorização do autor.
7. Eu vejo e sinto.
Vivo e habito este mundo de cor e emoção.
Eu físico. Eu espiritual.
Eu...apreendo
e adquiro conhecimento
de mim.
Paulo Teixeira Lopes
9. Dedicado a:
Minha mãe e meu pai, que me colocaram na encruzilhada da vida
e me deram discernimento, apoio e poder de decisão para trilhar o
caminho que escolhi.
Mi, o meu Anjo terreno, que neste período me acompanha e me
ilumina o caminho.
A meu filho, ao qual relego minha experiência, a qual possa
suavizar seus passos.
Por fim, a todos os que cruzaram este meu caminho e me trouxeram
a vida a este ‘continuum’ de experiências.
10.
11. Tocar o que não tem corpo e aí procurar respostas.
Sempre me intrigou o conhecimento possível do papel que cumpri-
mos aqui, de pés assentes neste bocado de chão.
Como muitos outros, não quero aceitar que sou uma chama es-
voaçante, sem objetivos definidos, que acende e apaga finalizando
seu ciclo, independentemente de ter dado ou não luz ao mundo.
Depois de, durante este meu caminho, ter tocado de leve temas do
espírito, filosofias de vida e formas de estar, senti que se formava em
mim um ideal de procura e uma forma de ser eu mesmo.
A procura dos meus próprios passos tornou-se um ímpeto de força
maior.
Mas como procurar respostas sobre algo que não é tangível e que
tanta controvérsia fundamenta?
Como abordar esta temática sem ferir ou entrar em discussões?
Não quero ser dono da verdade, mas quero ser livre de procurar, sem
ser criticado por quem não sabe ou não quer saber.
Sendo eu alguém que sempre se sentiu bem dentro do universo artís-
tico, logicamente escolho esse campo, onde as vontades são livres
para trabalhar.
É assim que surge o Etérium, como algo que se esvai entre nossos
dedos, mas tem sentido, tem a força da união e destino.
Neste espaço de expressão sinto que posso pesquisar, interrogar,
deixar que os sentidos evoluam de forma a procurar as respostas que
talvez nem existam.
9
12.
13. Prefácio
Aficionado da vida e das coisas simples e reais, mas apesar de tudo,
sempre fui apaixonado pelo inconstante e subjetivo que é a essência
da humanidade como ponte para o real.
Sempre procurei olhar nos olhos dos outros e saber o que nos move, o
que lhes dá força para continuar.
Olhar alguém e ver seu sofrimento e ponto de rotura ou ver seu ponto
de viragem.
Magnífica é a experiência de viver, fantástico o impulso do arranque
depois de uma queda profunda.
Quando sentimos a corrente de forças que nos acende as paixões, a luz
que se acende em dias obscuros, canalizando energia para os músculos
cansados e dormentes fazendo desse dia um novo princípio das nossas
vidas, devemos louvar, alimentar e compreender o porquê.
Eu que traço meu caminho, tateio de porta em porta, abrindo aqui e
ali becos de dor ou prazer.
Mas depois de tantas se me abrirem, enfim percebi, que a vida é maior
e luminosa, e que se caminhar sem medo ao sabor do vento, algo me
guia e me dá força…então a vida acontece numa explosão de prazer e
aventurança.
Por favor, deixem-se viver na alegria e no prazer,
e na despedida digam sempre…
’Divirtam-se!’.
11
14.
15. O projeto
Quando em 2006 encarei o facto de que me faltava um complemento na vida que tinha,
pensei que me faltava uma forma de exprimir e partilhar as experiências que tinha acumulado.
Sentia falta do gozo que me dava quando transmitia alegria e energia ao papel que pintava com
tanto carinho. Tinha passado muitos anos distante da pintura, das horas seguidas segurando o
pau de pastel, o algodão, o lápis ou o pincel com que manchava e diluía a cor.
Com o desejo firme de voltar a pintar de forma sequencial e ritmada, abordei a tela e reen-
contrei a minha essência. Reuni o tema em torno das vivências que tinha e queria partilhar.
Procurei no meu ser a pergunta que queria fazer e cuja resposta iria partilhar.
Procurei construir um projeto que não fosse um andar à deriva uma vez que já decidira meu
caminho. Mas, com o gosto pela polémica e pelo imprevisível, decidi questionar metodicamente
a vida.
Perante isto, encontrei a questão que nos move e permanece tabu. Na natureza o animal
nasce com o sentido da sobrevivência, e para tal segue em esquemas permanentes de com-
petição, suplantando outros e suplantando-se a si mesmo em momentos de superação, que o
leva à continuação da espécie e assim, à imortalidade delegada em sucessão.
Mas no fundo, o não ver o passado e o futuro na primeira pessoa, nesta consciência humana,
provoca o sentido da criatividade e emotividade, em sentido de individualidade e egoísmo por
querer saber onde esteve, onde está e onde estará.
O ‘antes’ da vida física e o depois da mesma, parecem um tabu que se olha com o desdém de
quem não entende ou não o quer entender, numa consciência de que ao partir só fica o feito físico
ou o toque na corrente das gerações.
Por isso questionei sem rodeios ou medos de má interpretação, consciente da liberdade artís-
tica que este meio me permite sem julgamentos de outrem, a vida e a morte.
Etérium nasce como algo que permanece, vindo não do nada, mas da corrente interminável
da energia que alteramos neste espaço físico, e caminhando para a evolução de algo maior que
o nosso próprio ser, algo que parece ser um aprimorar da consciência do bem e que provoca um
aprimoramento e refino dessa mesma energia.
Mas o Etérium, apesar de etéreo, não é metafísico, é material e consciente. Questiona factos
reais e emoções vividas como forma de concluir o que virá e de onde vem. É uma tomada de con-
sciência do que somos, aqui e agora, é a visão do caminho que percorremos e vivemos, deixando
no ar a pergunta: para onde vamos?!
O percurso levou a perguntas simples e de resposta rápida a princípio, mas de associação em
associação, as conclusões foram-se formando. De imagem em imagem, ilustração de emoções
reais de sentido sempre positivo que tenta provocar no observador um valor positivo incrustado
na mudança, adensa-se o ar que nos rodeia. Por tal, a positividade da imagem, das cores são
luzes que surgem durante o trilho, como lampiões que nos iluminam os locais onde pisamos.
É esta a dualidade do Etérium, consciência do que vivemos e como o entendemos, que nos
torna conscientes das opções que tomamos ou tomaremos, e a forma artística e emotiva, visual
de comunicar algo que seria intraduzível em palavras. O Etérium tem imagem, tem ideias, tem
som e é um festejo conjunto de sentidos que nos apela a um carnaval onde nos despimos de
conceitos que sem querer nos implantaram ou que a nós próprios nos condicionamos, e vivemos
de mente aberta sem receio. O Etérium provoca em nós o choque do abalo das nossas próprias
estruturas. Construindo e reconstruindo fundamentamos e enrijecemos as nossas consciências.
E ao longo do caminho, foi-se alterando na forma e no valor as iniciais questões que foram
13
16. colocadas. O sentido foi-se alterando e a tomada de consciência do que realmente é importante,
alterou-se.
Por isso dividi o ‘Ser/Estar’ em três círculos.
O espaço físico, economicista, real e táctil onde a matéria é eterna e transformável. O espaço
dogmático de ideais, de dogmas, de consciências sociais e científicas onde se educa e constrói
consciências. E um terceiro espaço energético de ilusões e desilusões, deformações, estados de
espírito e permanente dualidade entre bem e mal, entre positivo e negativo, formas de encarar
energias, dilemas de destinos, emoções e cruzamentos.
E esses mesmos círculos formaram três fases. Uma inicial tomou o sentido da viagem, Etéri-
um – a Viagem onde as primeiras questões tentam responder ao antes e depois desta vida física.
Etérium – a Viagem, Continuum, é uma tomada de consciência em que o que toma o verda-
deiro valor é a viagem e seus apeadeiros e não o destino conclusivo, é a riqueza de quem saboreia
o momento, a verdadeira vida.
Etérium – a Viagem, Vida surge como momento final onde uma visão pessoal se forma e ex-
plica o sentido desta viagem na primeira pessoa. Visão intima do artista que se expõe e desnuda
sua virtude. Assim surge este projeto de livro, a pedido de alguns, onde se explica o sentido e se
põe por escrito, as palestras, tertúlias e deambulações durante as exposições a quem quis ouvir
tais palavras. Fruto de experiências de vida únicas, pois todos devemos tomar consciência da
responsabilidade e orgulho que temos de ter por sermos únicos, cada um em si.
Estas são as minhas!...
17. A Exposição
Como espaço de emoções, o sentido do trabalho tenta tocar e preparar em todos os sentidos,
abrindo mentes à emotividade e preparando o caminho que para a consciência de cada um possa
abordar os referenciais e verdades instituídas nas fundações do ser individual. Através dos senti-
dos, como portas de entrada das reais questões, foram estimuladas sensações de prazer e calma.
No som, a música foi escolhida ao pormenor em sons ritmados que contrariavam as próprias
batidas do coração. No aroma, o ar foi trabalhado com aromas ancestrais de bosques, ramas e
frutos vermelhos, pois vermelho é o sangue que corre acelerado pela emoção. No gosto, o prazer
quente e terno de vinhos tradicionais envelhecidos fez vibrar as mentes e aquecer corações. No
tato, a pedra fria, a textura intensa no toque das pinturas fez perceber a realidade das mesmas.
Na visão, a sensação pura da emoção numa imagem em que se consegue perceber a revolução de
uma cor enquadrada num movimento, onde algo que nos traz à memória do passado, trespassa
no tempo e conduz agora, sem se saber como nem porquê.
É nesta amálgama de emoções que as verdadeiras perguntas emergem da letargia e começam
a evocar dilemas, vivências e opções.
Não se trata de um simples exercício de pintura, mas uma metódica pesquisa com base em
relatos, filosofias, religiões, e fundamentalmente, e mais importante, pois tudo se resume no
final a isso, Vivências.
Portanto, o quadro não vive sem a palavra, sem a emoção do referencial que remete o ob-
servador ao seu passado, sem a identificação com o movimento, cor e textura que ancora uma
vivência. Aqui o «Leigo» prova sua inexistência no campo artístico, pois todos sentimos e todos
choramos, todos sorrimos quando há prazer, logo todos sabemos sentir a emoção que identifica-
mos numa realização artística. Haverá isso sim, distração ou um ‘não quero ver’, fruto do cego
que vê mas não observa.
No decurso desta terceira fase, já a intensidade das emoções sentidas tomam um sentido
avassalador, pelo toque comprovado nas palavras e lágrimas que foram sentidas. É assim impor-
tante o nascimento deste livro e faz todo o sentido o culminar deste ciclo. Faço destas exposições
que correram alguns, embora poucos, pontos deste país, o eco das palavras que ouvi de vozes
emocionadas e a quem minhas questões fizeram sentido, e em alguns casos, mudaram direções,
sem olhar a idades ou posições.
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18.
19. Numa viagem metódica, cada quadro foi colocado
estrategicamente em oposição a outro, e as primeiras questões
surgem naturalmente seguindo o caminho direcionado à
grande questão.
Não podendo responder a factos não concretos, improváveis,
concentro-me no método, e divido em pequenas secções do
problema. Questiono o que é exato, aquilo a que cada um dá a
sua própria resposta.
17
20.
21. Abordagem intimista
Para além de mim existe o que não conheço mas sinto, existe o caminho que trilho rumo a
algo que desconheço, uma energia orienta meus passos incautos mas decididos, pois confio num
dever maior, numa forma de estar que nos é real e alimenta meu ser.
Etéreo é o ar que respiro, é a alma em que habito, é algo não tangível mas existente, é uma
força maior que me enleva em seus braços de vento.
Etéreo é um poço de emoções que me abraça, pois então sou Eu que vivo, sou Eu que sinto,
sou Eu minha própria existência. Sou Eu meu próprio destino, destino não de vivência mas de
objetivo, de karma, de razão. Faço sentido na minha própria existência e crio meu valor, que a
mim é fundamental, pois se tal não fosse, qual o sentido de estar, de pensar?
Etéreo existe, toma sentido e transfigura-se, torna-se real no plano dos sentidos, no espaço
da minha consciência, torna-se físico e palpável, não fosse o pensamento, aquilo que perce-
cionamos da realidade. No fim, ou em princípio, é aquilo que sentimos e que traduz em emoções
a própria realidade. Seja pedra ou pó, nada se torna real sem a compreensão tranquila desta
máquina cerebral que analisa, assimila e traduz, que arruma em pequenas prateleiras organiza-
das e que forma a conduta e sensibilidade com que vivemos. Será esta vida real? Ou será o fruto
da minha imaginação que torna físico o que observo atento, que estimula meus sentidos numa
direção ou noutra?
Onde se passa esta vida? Não será nesta consciência onde dor e prazer retornam, fruto da
forma como Eu relaciono e equaciono tudo o que se passa na janela deste comboio onde viajo.
Não quero chegar ao fim desta viagem sem poder pensar, viver, compreender a ilusão das
imagens que passam sem as poder observar calmamente e então apreciar.
A Viagem começa, ou decorre sobre estes trilhos traçados?! …
A emoção na imagem e na palavra.
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25. Em busca de respostas a questões abstratas, procuro nos factos concretos, pistas de soluções
previsíveis, que até possam não ser passíveis de ser provadas. Será um método de sequenciar em
pequenas observações, factuais e inegáveis, a busca da verdade maior.
Poderei eu ter renascido, viver, e depois deste corrupio evolutivo, vivenciar a morte como
porta de passagem para renascer de novo?... num outro patamar?!...
Na base dos conceitos, que temos como verdades, procuro relações, condições e direções.
O que é a Vida, onde começa esta Viagem, que paragens eu fiz e farei até chegar onde vou?
Se por um lado se levantam dúvidas serenas sobre questões materiais, por outro as espiritu-
alidades são irrevogavelmente questionadas. Terei eu este rumo traçado como se uma estrada
me guiasse? Como se meu princípio e meu fim estivessem nos extremos, e dos lados o Eu físico e
o Eu espiritual, ambos tentando saber do que sou feito?
Temos então de um lado, a matéria palpável e do outro aquela que não tocamos, camin-
hando serenamente alguns, outros numa ânsia desastrosa de chegar ao fim, ao encontro do
Etérium que brilha ao fundo. Teço então toda uma malha de perguntas, uma rede sobre a qual
me suporto.
Somos um todo e não a soma das partes. Sem ideais, sem vontades, sem dúvidas, seríamos
seres desmembrados. Levantem-se então as nuvens cinzentas que ocultam vergonhas e ques-
tione-se…
No início era o Ar, a Água, o Fogo e a Terra que a oriente o Aço e a Madeira substituem,
numa sequência própria de outras mentes. Mas que sejamos feitos destes quatro elementos,
sejam estes os princípios materiais, sobre os quais se firmou a Vida. Verdades iniciais e condicio-
nais que geram novas questões.
Perguntemos ao vento, à chama, ao grão de areia e à gota, sobre aquilo de somos feitos…
“Os quatro elementos” 2006
(30x30 cm)
São bases, são peças, são o início da vida
material.
Onde evolui a consciência do que somos.
Respiramos, alimentamos, aquecemos e
andamos... Seremos o quê?
Porque estamos aqui?
Que cor é esta que nos atinge em ondas de
admiração e respeito?
Mas algo mais se move e nos dá força que revigora ou abandona. Algo de energético que nos
conserva unidos em massa, matéria. Energia que existe, que retorna, que se espalha? Se das
23
26. palavras de Antoine Lavoisier se retira que na Natureza nada nasce, nada se cria, mas tudo se
transforma, esta corrente Mesmérica que já existe e não se perde, de onde se liberta, como se
transforma? Terei eu um papel na sua transformação?
“Libertação” 2006
(100x90 cm)
O início dos inícios.
Uma energia que surge do nada e
se transforma em vida, cor e corpo.
São correntes tresmalhadas que no percurso
do destino ganharão força e saber.
São forças que se multiplicam e fundem,
formam e deformam.
São forças que habitam em mim, em ti,
nele…
Inexplicáveis, intangíveis!
Somos seres neste mundo físico, com um valor em mudança, em crescimento, em evolução.
Do momento em que nascemos e pisamos estas cores, movimentos, emoções, vivemos e
construímos. Mudamos. E neste nosso caminho atribulado, misturamos a cor e provocamos o
movimento em ciclos de fado e aventurança. É verdade inegável, que muito há neste caminho
corrido do negrume antecedente ao nascimento, do qual não sabemos de onde nos vieram forças
para romper e chorar, até ao negro da morte, onde já seres completos nos apagamos sem saber se
luz transportamos a outras paragens. Certo é que vale a pena observar, viver estes redemoinhos
conturbados, experienciar a dor, o sofrimento, que nos devolve a saborosa paz e gozo reconhe-
cido por aquilo que é doce, pois tal não reconheceríamos se o amargo não tivéssemos provado.
“Transformação” 2006
(80x50 cm)
Insensíveis não ficamos a este mundo de
cor,
nesta travessia atribulada.
Nascemos, aprendemos e passamos para o
outro lado.
Ricos de essência, pobres de tempo, mas
com um sentido de vida e experiência, que
sem dúvida não podemos deixar de valorizar.
Tivemos o nosso caminho.
24
27. E de novo penso, na energia que transporto, ‘de onde virá?’ e se a transporto e transformo,
retornará ela à sua fonte, onde renovada e acrescentada, portará as virtudes e glórias conquis-
tadas, fruto feitos e conceitos que no nosso âmago fervilharam. Que será esta fonte, quão forte
será esta energia que retorna como um ciclo de águas que de novo à Terra torna.
“Fonte” 2007
(40x30 cm)
Um contínuo jorrar de
correntes de força
e energias.
A Vida continua em
ciclos de aprendizagem
e discernimento.
Um ciclo de retornos,
tais gotas de água que
voltam ao berço.
Nesta vida de consciência, algo me move e conduz, algo que nem sempre é igual, que muda
comigo e contigo por experiências tomadas. Essência é o certo e o errado, o positivo e negativo,
o yin e o yang que gira em torno de mim.
Vivemos permanentemente no Bem e no Mal, orientados por vontades que nem sempre são
nossas, calibradas por dogmas e censuras sociais, descoordenamos nossas vontades, por vezes
por impulsos, que não sabemos reconhecer se nossos ou se impostos. Quem mede a dimensão do
certo e tece as agruras do errado? Nós, família, amigos, desconhecidos autoritários e distantes.
Por muito tempo vivemos de consciências unas e não pessoais, somos partes de um todo e rec-
usamos o mesmo, tentando ser diferentes, de egos destacados, e no final, nem em nós reconhec-
emos as vontades alheias.
Por tal o Bem é para cima, como algo de inatingível, e só o experienciamos, quando igual
caminho percorremos, para baixo, como algo que se esconde abaixo de nossa visão.
E sem conhecimento do que odiamos, não possuímos o dom de conhecer o oposto. Altos e
baixos nos movem, com as certezas de em cima querer estar. Mas a virtude seria, não em cima
ou abaixo, mas no centro de largas experiências, equilibrados e serenos.
Sinto essa balança como um filtro de emoções, as quais em nós são o diálogo interno nas
nossas mentes. Elementares e em formato de memórias, onde guardamos o que nos faz bem e
mal. Sou Ser social e individual, mas se o positivo é igual ao negativo, grandes catástrofes foram
essenciais para a construção moral do bem comum. E emotivamente seguimos, aprimorando
25
28. esses sentimentos, como se de um abecedário se tratasse na base do que somos, como somos e
porque somos.
(iluminação diurna)
“Os Dois Lados da Vida” 2007
(100x90 cm)
Bem. Mal.
Parece um espelho de água.
Em cima o Bem, o Certo.
Em baixo o Mal, o Errado.
Uma linha de horizonte que forma fronteira.
Uma balança de equilíbrios precários.
Onde está a virtude do Ser.
Não tem o ‘errado’ o seu papel definido para que se forme o ‘certo’?
Dilemas constantes que direcionam um destino.
(iluminação artificial)
Mas talvez nos aproximemos algures da nossa verdadeira e mais importante essência, aque-
les momentos em que somos tudo e nada, mentes que flutuam sem rumo por nós ditado. Esses
26
29. momentos são sonhos, no dormitar da noite profunda, onde vivemos alternativas por vezes
chocantes, onde a verdade por vezes se revela. Estaremos próximos da virtude do que somos?
E todos nós sonhamos e vivemos essas vidas paralelas quando a noite cai nestes meus olhos.
Sonho e emociono-me, e algo fica para o novo alvorecer.
“Sonhos I, II, III, IV e V” 2007
(40x40 cm)
Momentos de descanso ilusório.
Tempo de assimilações tormentosas ou doces,
são momentos de experiência e conhecimento.
Em alguns deixa marcas indeléveis e noutros fica o vazio
marcado pela sensação de que ficamos diferentes daquele
que antes desceu sua mente sobre o pano macio da fronha,
onde nos braços de Morfeu se aconselhou.
Tudo nos vem à mente em movimentos despropositados.
Ficam por vezes sobressaltos de imagens gravadas sem
nexo. Com cor, ou a negro e branco?
Momentos de queda e ascensão vertiginosa
que não controlamos.
27
30. Quero acreditar, na vontade de liberdade, que meu destino por mim é feito. Não queremos
todos nós, sentir que somos donos e senhores da vida que nas veias nos corre?
Mas, quando olho em volta e para trás, vejo ciclos repetidos até que algo se inverta e soluções
mais acertadas se tomem pelo bem comum. Assim começo a ver que de nada adianta a minha
precipitação, a minha tomada intempestiva do poder da verdade. Vejo que fui sim, senhor do
meu trajeto, fruto das minhas vontades, anseios, aprendizagens, no entanto parece que a luz ao
fundo é sempre igual, e que o destino desta viagem, é imutável. Somos livres de escolher sim,
direita ou esquerda, certo ou errado, até por vezes andar em círculos, mas sinto que o que tenho
a aprender, vou aprender cedo ou tarde, fruto do desperdício de tempo, que gasto no embate
contra tais muros, sementes de revolta e combustível de dissabores e mágoas. Porque não olho
com atenção e observo o caminho mais curto?… porque sempre é o mais difícil?... porque teimo
em percorrer sempre o mais fácil?!... Mais longo…
“Destinos” 2007
(120x80 cm)
Caminhos enlaçados que nos prendem
e guiam.
Cordéis de laços curtos que tentamos
desatar.
Alternativas capazes de nos despertar
ou confundir.
Desafio permanente na cruzada da
vida.
Nosso caminho é traçado.
Nossos desvios são aprendizagem.
E aprendemos que nesta vida surgem sempre pequenas pausas, sumarentas de sabor e paz,
que se atento, vislumbramos com o canto do olho.
São momentos que reclamamos com paixão, se não estamos distantes e mergulhados na
obsessão.
São momentos quentes, calmos, em que nos perdemos prazenteiramente em contemplação.
Onde sentimos a nossa real dimensão.
“Sol sob a Árvore” 2007
(30x40 cm)
Um contínuo jorrar de correntes de
força e energias.
A Vida continua em ciclos de aprendi-
zagem e discernimento.
Um ciclo de retornos,
tais gotas de água que voltam ao berço.
28
31. E disto fazemos vidas, curtas mas intensas de grandes experiências, outras longas de ritmos
cadenciados pelas idas e vindas. Repetições que necessitam reformulação e ponderação, erros
que se repetem e atrasam caminhos.
Mas no fim, longo ou curto tempo, aprende-se quase o mesmo, ou aquilo que a Vida nos
predestina.
Será que somos empurrados a vivenciar e evoluir para que esse aprendizado retorne, reviva,
num outro espaço ou tempo?
“Transição I, II e III” 2007
(40x40 cm)
Valores que se alteram perante os rumos traçados.
O Amor, a Perda, a Dor, encruzilhadas que nos levam algures.
Caminhantes de destinos obrigados a aprender e a ensinar.
Sensação de que algo maior se produz, fruto dos erros e virtudes do nosso traçado.
Vivemos, sentimos, emocionámo-nos.
Somos recetores de experiências e reformulamos nossos saberes.
Alegres recebemos e comunicamos, mas tristes retornamos ao nosso âmago.
Sofremos perdas pesadas, que nos empurram ao retiro duro e frio.
Lambemos feridas e ‘porquês?’ tentando assimilar a dor.
Nos espinhos aprendemos verdadeiramente o que somos, e olhamos nossa real imagem, que
serenamente nos olha do outro lado desta vida de espelhos.
Sem dor?... Sem evolução?... gente sofrida é gente sabida!
“Espinhos” 2007
(40x40 cm)
Sem sofrimento e dor não conhecemos a pureza do
conhecimento interior.
Permanentemente distraídos, é na dor que alimentamos o
olhar profundo de nós próprios.
São momentos de solidão povoados de espinhos que nos
fazem entender o que somos, olhando o fundo das nossas
emoções.
Caminho de espinhos que nos sangra.
29
32. Embora nem todos tenham a coragem de soltar a agrura do sofrimento.
Vítimas reverenciam-se mutuamente, fazendo valer a luta pela dor,
como se algo digno de orgulho crescesse no caos.
Deixam passar a riqueza da dor que transforma o ser, que endurece e motiva, que impul-
siona, perdendo-se na vã autocomiseração que transforma a vida em eternos ciclos de retorno.
Sem o saber procuramos um afeto que nos rompa este carrossel de emoções para que final-
mente sintamos a dor real, constatando a razão de tal sofrimento, enfim recebendo o ‘porquê’.
“Devaneio” 2007
(40x40 cm)
Com dúvidas incessantes, perdemos o rumo e retornamos
ao passado em busca de algo que não pode tornar.
São curvas no tempo, que nos enlaçam e atrasam...ou
não. Fazem-nos ver melhor e firmar nossas certezas.
Quem sabe se o tempo não é uma interminável sucessão
de idas e voltas que nos permitem colher experiências e
evoluções.
Que seria eu sem dúvidas? Sem retorno ao imaginário!
Sinto que aos poucos aclaro meu caminho,
sinto a suave brisa quente que me enleva,
que de tão suave, nela não reparava, conturbado neste rodopio colorido que é a vida.
Tão distraído, trouxe a mim próprio dissabores tormentosos, quando logo aqui,
o caminho me sorria.
Afinal se me deixo levar nesta leve corrente, frinchas se abrem em portas,
soluções se iluminam, leves, ligeiras, cheias de positividade e alento.
Vejo o ar que me rodeia esgueirar-se por entre tais aberturas
que me mostram o caminho certo,
curto, soluto de tais tormentos.
Tantas vezes embati ao lado da resposta.
Deixo-me então levar, neste sopro quente, envolvente e de olhar em frente…
confio, e deixo-me escoar nessas frestas.
“Summer’s blow” 2007
(180x90 cm, triptico)
Como nos agrada o momento em que o
doce calor suave nos abraça e suaviza das
cicatrizes do passado.
Esse sopro suave no corpo livre de dogmas,
traumas e obrigações.
Nossa mente não é livre, pertence sempre
a alguém. Ou será algo... coisas? Tentamos
nós, sempre ser donos do nosso sentido.
Luta constante enlevada pela cor dos momentos bons ou maus que tivemos a consciência de
atentar de olhos bem abertos e mentes despertas.
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33. De mente aberta reparo, que meu caminho não segue direito, que encruzilhadas se sucedem
uma após outra, que a decisão se impõe em ritmo constante.
Decisão?...minha, ou parcial…tomo minha vontade por aquele que vem em minha direção,
vibrante de opinião, enlevado pela partilha, sedento de influência.
Tomo sua opinião por minha decisão.
És tu aquele que me quer bem?
Sem querer me dás respostas que procuro, certas ou erradas, fruto do momento, tomo par-
tido, tomo caminho.
Certo ou errado, tu me deste rumo na minha opção.
Não culpado, ou descrente, algo me trouxeste, e eu, preparado, ouvi.
Não indiferente. Se evoluo ou regrido, essa é minha carga.
“Torvelinho” 2006/07
(100x100 cm)
Seguimos um percurso de obstáculos.
Por vezes é esse o papel de quem nos acompanha.
Família, amigos, são laçadas que nos prendem um
pouco aqui, ali...mas é sempre nosso destino cruzar
caminhos e continuar.
Cansados, exauridos em busca de um rumo caminha-
mos sempre até ao outro lado.
Libertamo-nos das amarras que logo se repetem e a
vida transforma-se num ciclo aparente.
Tudo se repete, até que aprendemos e tornamos ao
caminho.
E continuamos, expectantes no futuro.
Que o novo seja o certo.
Olhemos agora para trás, célere se impõe uma pergunta… Depois de tal caminho percorrido,
tanta experiência sofrida e tanto fruto colhido, somos chamas ardentes de existência, que
tarde ou cedo se extinguem.
Luzes que se apagam, caminhos que se desvanecem.
E tudo que sorvemos fica assim?
Num brilho que se apaga, este caminho se torna cinza? Sem cor?
“Chama” 2007
(30x40 cm)
Fogo que nos alimenta e dá calor.
Queima e esmorece ficando as cinzas de destinos apagados.
Começo a pensar que vim de onde tudo começa. Mas nunca
fui só eu.
Começo a pensar que nasci não como um princípio mas como
caminho percorrido e chegado.
Ascender, evoluir, crescer… tudo palavras, nomes do caminho.
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34. Etérium, és retrato de um Ser, que antes de nascer, parece já ser nascido.
Ser disforme que entra neste volutear imenso, se forma e cresce.
Primeiro nos braços quentes de um outro Ser que já dele tece experiência e dádiva.
Depois segues passos de quem já por cá passou, e assim observas, aprendes, convives.
Tua forma desenha-se mais clara, assumida, coerente, vivencias e transbordas.
Mas teu caminho é fugaz, o fim da linha aproxima-se, e quanto mais próximo ele está,
mais tu brilhas de carisma e saber.
Acaba!… onde guardas teu fardo de experiência, onde colocas tudo o que mudaste de sítio?
Todos aqueles que transformaste te rogam que não partas…para onde?
Como podes deixar desvanecer tudo que cresceu em ti?
Recusamos aceitar a morte como buraco negro sem fundo…
Acreditamos que tens uma porta que se abre,
que te mostra um patamar seguinte, onde teu brilho não se perde
e teu ganho se torna moeda de troca,
passaporte cheio das marcas do teu passado.
Viveste…e continuarás!...
“Etérium” 2007
(180x180 cm)
Etérium é o sentido de Ser.
Representa a nossa caminhada num mundo de esperanças,
amores, torturas e todo um rol de emoções que nos atropela
e faz evoluir.
Neste redemoinho de cor e sentido de vidas cruzadas, deter-
minamos nosso destino já predestinado.
Demoramos mais ou menos tempo a colher a experiência e a
atingir o nosso sentido da vida.
Retornamos e perdemos, mas caminhamos sempre em
frente, até ao outro lado.
Sei que sou duas partes de um todo.
Partes tão diferentes e afastadas, mas tão dependentes uma
da outra.
Eu vejo e sinto.
Vivo e habito este mundo de cor e emoção.
Eu físico. Eu espiritual.
Eu...apreendo e adquiro conhecimento de mim.
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39. Afinal sinto, que sobre trilhos sigo, de olhos postos na paisagem que desenrola vidas em
novelo.
Nesta carruagem que me leva do nascimento à morte, esta viagem não revela meu destino
que parece desprovido de interesse, de mote. Revejo experiências entretanto, e verifico este con-
tinuar de apeadeiros que se sucedem um após outro. Momentos de vida tão ricos que esmorecem
tudo o resto.
Estação após estação que me revela meu sentido de vida e produz aprendizado.
Em cada uma destas etapas, sou vivo, participante ativo que muda e faz mudar.
Minha pirâmide de valores e prioridades altera-se no decurso desta viagem, por tanto ver,
por tanto sentir…por tanto refletir.
A partida e destino passaram a ser gotas que se quedaram num chão poroso. Este comboio
detém-se para uma nova aventura para onde sou empurrado, expectante.
Gentes diferentes mas iguais, que incorrem em soluções mais ou menos acertadas, certo eu
de que minha ação sortirá uma reação.
Observo vidas de círculos feitos, em contínuo retorno. Círculos que embora diferentes em
tamanho são iguais em forma, problemas mal resolvidos que parecem retornar num próximo
apeadeiro, como se este caminho levasse a lugar nenhum, enquanto a linha não parta e nova
vivência se assenhore.
Curtas paragens, que parecem escoar quando felizes gozamos intensamente o momento, mas
que de longas se fazem momentos intermináveis e necessários.
Descendo esses dois degraus de apeio deveria ler atentamente um cartaz de ‘Pare, Escute,
e Olhe’ providencial, pois é rica a vida que para, que escuta, olha e sente a verdadeira emoção
de estar viva.
“Continuum” 2008
(180x90 cm)
O que sentimos e presenciamos, o retorno do passado e o regresso ao futuro.
Seremos nós habitantes de um fluxo de energia que torna e retorna?
É vida que prolifera e retorna onde tudo começa, recomeçando vezes sem fim.
Forças além do conceito da própria palavra, são rios e correntes,
parcelas de um mar.
Quem somos?...neste continuar de retorno.
Que somos?...neste marasmo de vida.
Que fazemos?...neste pedaço de emoção.
Faço eu próprio um rodopio, e venero os quatro elementos de vida, desta vez não tão físicos
mas espirituais.
Impossível seria não os sentir de forma intensa e refletiva, pois a eles atribuo bases de vivên-
cia, referência e reverência.
São elementos conotados com forças que dão vida e me movem num rumo incerto, mas tão
firme de conhecimento.
Assim enraizamos espiritualidade e emoções que nos trazem amparo, provações e evolução.
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40. “4 Elementos – ÁGUA” 2008
(50x50 cm)
Como nos transporta à calma e agitação revolta em simultâneo.
Como nos parece doce, agreste e imenso de energia.
Nesta imensidão que faz parte do corpo, em contemplação
encaramo-nos a nós próprios.
Refúgio que revigora, a quem nos confessamos.
Lavamos as perdas e fracassos, untamos uniões e cultos.
Tão leve e tão pesada.
Tão vida e tão morte.
“4 Elementos – ÁR” 2008
(50x50 cm)
É espaço, é vida,
que se esvai numa folha ao vento.
Vento esse que é ele próprio, assistindo ao desenrolar de trilhos
pisados por nós, os caminhantes.
Sopro que constata vidas e move destinos.
Símbolo de liberdade e grandeza, é também o cunho
de poderes celestes.
Crenças de que nos elevamos a ele, quando retomamos a Viagem.
“4 Elementos – TERRA” 2008
(50x50 cm)
Essência de nós, a ela voltamos.
Tão rica e tão crua.
Tão sapiente de vida.
Nela nos suportamos e construímos vidas de pó edificadas em pedra.
Sustento e despojo, onde renasce a semente.
É vida que cresce e nos inunda.
Mãe terra que de teus filhos cuidas e aos mesmos ditas destinos cruéis.
Aprendizes somos do que nos ensinas.
“4 Elementos – FOGO” 2008
(50x50 cm)
Prende o olhar, cativa e atrai, é peça fundamental do puzzle da
existência e crescimento.
Nele afloram-se ritos e crenças de uma outra existência.
Portal de passagem que nos transforma por combustão
do corpo e alma.
É o espelho do Amor e a ferramenta do ódio.
Calor que nos aquece.
Calor que nos consome.
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41. Labareda que aquece e queima, num misto de ser e não ser, dor e prazer.
Dependência que se produz em mim noutro ser, desejada e atormentada, do amor ao ódio
em paredes meias.
Só o risco do sofrimento nos trás o regozijo do prazer, sem medo de ser tentado, está em nós,
o ensejo de despontar uma nova emoção, que de nova parece sempre, uma maior que a anterior.
Vivemos na labareda da paixão e na agrura da brasa.
Ambas que consomem e renascem como Fénix das cinzas.
“Combustão” 2008
(20x30 cm)
É na combustão do desaire e dor, que cresce uma nova
forma de vida.
É por entre cinzas, que no nosso coração, nos permitimos seguir o calor selvagem da revolta,
por ansiarmos na ilusão construída por nós e não orientada ao nosso destino.
Por existir ilusão, abrimos portas à desilusão, e se no calor selvagem e animal do ódio fomen-
tamos raízes, entramos em ciclos onde tudo parece andar parado.
Retorna a revolta, retorna o sofrimento, até que sem forças, levantamos o olhar a novo hori-
zonte que sempre aos nossos olhos se mostrou.
Vítimas de nós mesmos, distraídos não acreditamos, que a vida segue, de chama em chama,
onde cada esquina nos revela formas difíceis de seguirmos o caminho, porém firmes e concretas,
dignas de razão, que nosso coração tende a rejeitar, revolto, mas por fim obrigado, se afaga nas
gotas esperançadas de novas paragens.
“Borned” 2008
(40x30 cm)
O que nos queima são chamas de ardor
intenso. São destinos que não queremos ver
percorridos. São revolta.
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42. E na interrupção, dois caminhos se separam, onde desabrocham duas novas flores mais belas
que as primeiras que se juntaram.
Caminhos que se separam por já não terem nada a partilhar, um com o outro.
Vidas que se refazem e revezam, nesta interminável retoma do caminho..
“Canteiro” 2007
(20x35 cm)
São flores de espinhos feitas.
São destinos cruzados que evoluíram díspares.
São trilhos marcados que não voltam.
E quando em golpes violentos saboreamos a paixão, que nos percorre do fundo até ao alto
de nosso corpo, em ondas de energia plena, não é isso viver?
Energias que há milhares de anos já faziam sentir na força do universo, reconhecemos em
nós o retorno à base de conhecimentos partilhados noutras terras e experiências.
Essa força de nome estranho, tão difícil de descrever, que nos invade nos momentos de ascen-
são, que todos sentimos e tão poucos reconhecem.
Esta invasão de fé e esperança sem reflexão, onde simples consciências sem raciocínio vi-
bram, retornando à pureza simples de ser. Esse Prana que mostra o poder do que somos, sentin-
do-o nas veias, nos ossos, nos músculos que retesam em espirais de alegria contagiante. Por tal
vale viver, próximos do deus que temos em nós.
“Kundalini” 2007
(50x40 cm)
A procura incessante de ascensão ao sublime do
equilíbrio.
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43. Mas nem tudo está firme nos pratos da balança do caminho.
Espanta-nos a natureza que nos mostra outros caminhos que nem sempre entendemos.
Tudo se rearranja num encaixe perfeito que nossa distração por vezes não entende.
Formamos de simples objetos, catalisadores de vontades que atribuímos a algo ou alguém,
por não possuirmos nós próprios a força de querer, fazer acontecer.
Mistificamos e idolatramos aquilo que nos produz calma ou o descanso necessário para con-
tinuarmos neste caminho que teimamos em ver tortuoso e sofrido.
São jogos e ícones que em nós produzimos, por ação do fascínio, objetivos de vida, tantas
vezes sem darmos conta, do vazio com que enchemos a nossa existência.
“Dragon” 2008
(25x30 cm)
Escapando às desventuras, refugiámo-nos
nos dogmas, mitos e religiões.
O símbolo do Dragão, como qualquer outro
servirá de escape aos anseios de uma vida
melhor.
Vivemos obscuros e dependentes deste mundo físico, torturados por assuntos sem valor, os
quais numa nova volta, simples noite de sossego, se desvalorizam sem razão.
Valorizamos coisas sem importância, sem perceber que temos fome ou sede,
sem perceber que a nosso lado corre em riacho, um fio de amor e ternura.
Valorizamos porque não queremos ver, sentir, emocionar… pois essa pode ser a entrada da
dor e sofrimento.
“Manto da Justiça”
(40x50 cm)
Gerimos regras de conduta e abrigamo-nos sob
um manto de justiça pelo homem feito.
Como tal, nem todos os crimes e devaneios
ficam obscuros e as verdades e mentiras trans-
parecem.
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44. E vejo-me a olhar para mim mesmo, bem no seio da minha mente, incrédulo pelas marcas
que este mundo produz.
Alegro-me pela riqueza que vivencio, em sombras e cores, que são a verdade do que sou.
Construção que fui edificando, passo a passo, momento a momento, torna-se um mundo
espiritual que se sobrepõe a tudo que é físico e fugaz.
Afinal, esse é meu maior valor, aquele que me acompanha e não pode ser trocado, renegado
ou depositado em cofres frios e calculistas.
Sou um todo isolado, mas dependente dos que me acompanharam e caminham lado a lado.
Pois viro-me a mim mesmo, sem precisar de espelhos, percebendo que vivo, sofro, mas existo
em mim.
“Jardim” 2009
(100x60 cm)
Meu Jardim é florido com cores especiais, onde cada uma é um pedaço de mim
trazido por alguém.
É vida que brilha na noite e sombra que escurece meu dia.
Quem me traz ao momento, aquilo a que dou valor, também me leva o que me faz dor.
Mas meu jardim continua florido, cheio de gente que vibra e reluz.
Planto todos os dias mais alguém, e cuido de quem me quer bem.
Porém, não renego as sombras, pois delas precisam as cores.
Que seria do meu Jardim, sem as flores que lá planto?
Quem mas traz? ... Não sei. Mas no momento... Saberei.
Por isso...
Meu Jardim é Colorido!
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45. Tantas vezes não percebi, que meu orgulho de mim, não é modéstia, é realidade, que sem ele
não posso fazer feliz quem de mim se aproxima.
Realidade da importância que o respeito e admiração de mim próprio, fazem com que possa
fazer produzir felicidade e aconchego nos que me rodeiam.
Todos partes de mim, se a mim me respeito e enlevo.
Serei o primeiro a revestir-se da importância de ser, para que outros a quem desejo bem, o
sintam e se valorizem também.
A dois só produzo união, se eu próprio sou peça acarinhada e fundamental por mim mesmo.
Como poderia alguém sentir paixão por mim, se eu próprio não me tratar como pedra capaz
de erguer paredes firmes e quentes.
Só Eu primeiro, para que Tu te possas aninhar no calor pleno da minha existência.
Não posso relevar-me a segundo plano, pois corres o risco de não poderes contar comigo no
momento de necessidade que atravessarás.
“Eu ou Tu” 2009
(120x90 cm)
Eu ou Tu que assistimos como partes integrantes desta vida,
somos o fruto e a raiz do movimento.
Somos a semente que assiste e cresce aprendendo.
No dia e na noite, cresce-nos o grito angustiado e efusivo de amargura ou felicidade.
Vemo-nos crescer juntos completados por outros que evoluem com trilhos cruzados.
Este palco é meu... e teu.
Esta vida é de ambos.
É vida de gente mundana que de especial têm para si, sua própria existência.
Eu para ti, ninguém.
Para mim... TUDO!
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46. E voltando um pouco atrás, são vidas que percorrem este caminho pleno de experiência
pronta a ser colhida.
Vidas que, tal como a minha, nascem e morrem, no desconhecimento da origem e do fim,
pois na verdade, são os momentos que de tão grande intensidade, nos absorvem e merecem
atenção irrevogável.
Não me interessam as pontas desta meada, mas sim o firme correr do cordel, que une en-
cruzilhadas.
Nós que vou atando e desatando, de forma colorida, em tons de sofrimento, revolta, regozijo,
glória e alegria.
Vivo, num retrato de mim mesmo.
Em ascensão, onde o negro perde a virtude do descomprometimento.
“A Vida numa Tela” 2010
(150x90 cm)
Se a Vida retratasse numa tela, as cores do ódio seriam cinza,
da ventura quentes, do amor seriam ardentes e a Vida seria brilhante.
Os ventos seriam de todas as cores, passantes e corridas, tais correntes que nos enlevam.
E as sombras, locais de descanso ou agrura, seriam presentes.
Do negro nasceria e no negro finaria.
Mas a Tela seria rica de cores e manchada de luz, pois cego não seria e rico viveria, tudo que o
caminho me deu.
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47. E no final deste curto trecho de visgem, que ao olhar para trás, me parece já tão longo, não
me impeço de pensar que tudo é um reflexo de mim, dos meus olhos, da minha mente.
Olho-me ao espelho da vida, observando que o percurso de outros, se iguala aos meus próp-
rios passos. Caminhamos todos num mesmo sentido seguindo viagens paralelas, com apeadeiros
diferentes, válidados por nossos próprios karmas, colhendo nossa própria felicidade.
No entanto observo as amarras que nos prendem às lágrimas, quando a altura de sofrer se
aproxima, tão intensas e fortes, são cordame de agruras tecido que endurece e clareia. Mas por
entre tal corrente de força adquirida, as emoções se entrelaçam como fios finos que tantas vezes
perante tal frieza, nem reparamos que são ao cimento que faz a corda permanecer tão unida.
Cada vez mais me convenço que a emoção é o sentido base do meu crescimento, o sentido da
minha existência, e aprendendo a lidar terna e cientemente com ela, eu cresço e adquiro sentido
de Ser e existir.
Quero sentir intensamente o momento da lágrima e o trejeito da gargalhada, sou eu quem
chora e sofre, sou eu quem saboreia a alegria de viver.
Sou Vida plena e consciente.
Sejamos todos nós também.
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51. Olho minhas mãos e sinto um formigueiro vibrante,
sinto a vida que me rodeia em ondas de energia e paixão.
Levanto os olhos semisserrados e vejo outros como eu, em rodopio frenético,
que caminham distantes e esquecidos dos valores que tão claro eu vejo.
Quero gritar que parem e sintam esta energia que flutua intensa à nossa volta,
que sintam a felicidade da existência que nos domina se a deixarmos entrar na consciência do
estar, aqui e agora.
Não quero mais olhar à mesquinhez regateada do conforto egoísta e tão vulgar.
Sinto a aragem do tempo que por mim passa, tão leve e tão fugaz.
Fugaz porque a deixamos ser assim, por não estarmos atentos e não vivermos os momentos que
adoçam este caminho atormentado por sofreguidão sedenta.
Calma….respira de leve e sente o sabor do vento, delicia-te curioso do teu futuro imediato.
Quem sabe o que trará?
Saboreia o passado da tua realidade como aprendizado e evolução, que te diz de onde vieste, o
que caminhaste até chegar aqui, o que te tornaste…
Aprecia intensamente teu presente com volúpia e desafogo, pois mal o é já não é.
Presente que é passado no momento em que é vivido…não pode ser esquecido.
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53. “Vida” 2011
(150x100 cm)
Neste caminho, a cru me alimentei, sem ser homem ou mulher.
Vivi emoções sem o querer, sofridas e joviais… cresci!
E do amontoado de experiências sentidas, percebi
que dentro de meu peito cresceram forças que não preciso explicar.
Sinto-as como poros coloridos de ventura que exalam a santidade de ser, existir.
Na cruz me coloquei, ícone de educação e dogmas, não por outrem mas por mim.
Nele vejo-me a mim próprio, por palavras bíblicas, onde o sofrimento não é algo vão e digno de
renegação.
Nele sou eu, nessa força que é retrato de mim, de ti, de todos nós.
Encaro essa força, onde reajo às ações que vivi, presenciei e provoquei, como parte que me
coube.
Saber sofrer, é viver na alegria de sentir que estou vivo, que ajudo outros a viver.
Não quero meus passos ocultos por modéstia ou comiseração,
porque a partilha do movimento e da cor é algo que a mim não pertence,
pois sou parte de um todo que é parte de mim também.
Olho para cima e não para baixo,
porque sinto que se me revela uma luz de cores quentes que me levanta e me faz flutuar vindo
do nada,
do pó, da água, do ar e do fogo.
E neste fascínio de existir, algo mais me percorre em fúrias de energia que transborda e se es-
palha.
Sinto as cores em todo o meu ser e sinto todo o movimento que me impulsiona.
Esta é vida que constrói e destrói, renovando, para de novo reconstruir mais firme, mais ciente,
mais pura.
Acredito que retorno em forma de semente, mais forte e robusta, num caminho que se trans-
forma em fruto e alimenta quem me rodeia.
Vivi desfocado durante muito tempo, valorizando fés e forças que não entendia viverem em
mim.
Porque competimos por ser aquilo que desejávamos ser, quando olhando em nós, já o somos e
sempre o fomos?
Falo a linguagem das emoções, pois essa parece ser pura e não passível de ser enganada.
Sinto que sentes, simples palavras que não traduzem a grandeza proferida em letras, registos
das emoções.
Sente aquilo que sinto, emociona-te comigo e deixa-te levar, sem medos ou anseios.
Levanta as mãos e voa no suporte da Vida.
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54. Onde registo eu tais valores que me movem?
Onde guardo memórias que me constroem e fazem viver?
Onde assimilo o sentido da vida que me corre nas veias e me acalenta nos momentos duros e
frios que devo sentir intensamente?
Minha mente não chega para caderno de rascunhos, onde rasuro e reescrevo notas apres-
sadas de momentos que dizem tudo e nada.
Algo de maior envergadura, a que acedo em sonhos e momentos de meditação calma e re-
pousante, se assenhora do meu ser real.
Tão grande é esse espaço que se o tivesse de retratar numa tela, só uma vida de tempo che-
garia para completa ficar.
Não são memórias que lá guardo, são emoções,
sentidos básicos e essenciais
daquilo que é verdadeiro.
“Alma” 2009
(100x60 cm)
E se pudesses olhar para dentro da tua alma?
E se te descobrisses como um manto de recordações enrugado de tantos momentos passados?
Serias feliz se só felizes fossem essas rugas de tempo?
Contrastes de cor e luz sobre fundos sombrios, que renovam a vontade de continuar.
Nada é mais belo que sobre o amargo visto. Nada é mais terno que sobre o agreste sentido.
Minha Alma é assim, rica de sobressaltos, de tudo o que foi bom e mau.
Feliz de mim que tenho luz e sombra, pois sentida é a vinda da Luz, e aceite a escuridão da
Sombra.
É a força de levantar que nos impulsiona para a frente enquanto a queda nos faz pensar.
Onde errei?... Não!!...
Fá-lo-ei de novo.
Sentirei de Novo com Paixão!
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55. Mas que faria eu dessa alma sem suporte?
Seria como uma casa sem paredes começada pela telha e sem resguardo.
Esponja velha e porosa que nem água retém.
Meu corpo que me albergas, és forte se o deixar ser, íntegro se te deixar viver e aventureiro
se te tirar receios acumulados de tanto tropeçares.
“Sangue” 2011
(80x60)
Líquido aprisionado que quando se lib-
erta traz temor,
destrói esperanças e reformula vidas.
Símbolo de realidades materiais e ima-
teriais
Que ferve e distingue realidades individ-
uais
Quando ele próprio se não diferencia
sendo comum
Em todos nós.
Não é reflexo de status ou formas de en-
carar a vida,
é ele próprio o movimento de vida que
nos corre nas veias.
Somos todos comuns e humildes na es-
sência do que somos,
onde todos partilhamos desse vermelho
vivo
que alimenta nosso corpo.
Não distingue cores ou idades,
ritmos ou funções,
e alimenta mentes que distorcem
sua realidade.
Ponho os olhos nesse líquido,
e vejo quanto meu corpo físico pode so-
frer
desprovido do bom senso
que sua humildade singela me dá.
Mas quem me proporcionou tal glória de Ser e Viver de forma real e tocável?
Outros seres que me atearam semeando, esta chama que vive em mim.
Que partilharam vidas e me permitiram simplesmente estar aqui, em trémulos passos que
acompanhados ganham firmeza e se distinguem por pegadas duras e fortes, vergadas no peso da
experiência e atenção ao mundo que habito.
São formas de prolongar vidas, no respeito do ser que é criado, como estudante do que é, foi
ou será.
53
56. Seres que dão a dádiva de existir, não como imagens de si próprios mas com orgulho de ver a
planta que cresce forte, desabrochando quente, fogosa e se transforma em tronco duro levando
suas folhas ao alto, despontando flores de beleza doce, que produzem fruto sumarento e colorido.
Alimentam raízes com lágrimas, amaciam folhas com carinhos e adoçam frutos com sor-
risos.
São Mães de braços aconchegantes e Pais de olhar tranquilo, que nos fazem ver que a vida
está aqui para ser vivida, sem receios, e que ambos estarão lá para nos amparar na queda, ex-
pectantes, vigilantes e também eles com receios escondidos.
“Mãe Jardim” 2011
(100x80 cm)
Minha Mãe eu vejo como jardim florido
com força tirada da terra.
O carinho é toque de suas folhas,
e o brilho no seu olhar são pétalas de
de flores, tantas vezes sem nome.
Mãe são caules de aço duro,
mas tão flexível que curva
no vento das emoções.
Seu olhar são flores,
que a seu filho enchem o coração
e o enlevam na corrente da vida.
Mãe sofrida que colhe alento
no sorriso de seu filho
que a olha e alimenta,
como se um lençol de água
banhasse suas raízes.
Planta que da rega depende,
p’ra não esmorecer
e se quedar em lágrimas.
Ergue-se em direção ao céu
aparada em abraços quentes
e palavras doces.
Seu Sol é mudo
e por vezes esquecido,
que precisa ser lembrado
num beijo quente de amor ardente.
Mãe é Vida lançada à Terra,
tal semente de Amor
que seus braços enlaçam
como quentes folhas
que nos protegem.
Vivo Mãe,
por ti Eu Vivo.
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58. “Pai” 2011
(100x80 cm)
Pela mão que tantas vezes pariu a vida em estátuas de barro e arte.
Por entre esses dedos de barro conheci as emoções que me movem
e me iluminam nos caminhos que trilho. Pai é um, é mentor de
direções, se todos somos alguma parte de Deus, Pai é a personificação
que nos delega um Karma. Para alguns a tristeza de não entender-
mos seu caminho e o tapete que nos estendeu sob os pés, para outros
uma candeia de princípios que nos rege.
Meu pai foi barro, foi criação, foi a alegria de uma vida. Por entre
tristezas e glórias, despertou paixões e amizades, orientou outras
tantas vidas sempre de sorriso matreiro nos lábios.
Recordo o calor de sua mão que de tão especial, conseguia retirar ao
cinzento a cor da terra, criando virtuais mundos repletos de reali-
dades. Cada face que esculpia, vida lhe dava e recriava o sentido da
luz emotiva que o guiava.
Suas canções brilhavam no sopro dos rostos que moldava, tais eram
tesouros que nos dava. O seu amor brotava do barro que numa
mão amassava, enquanto outra dividia em pequenos pedaços e com
carinho adicionava formando, fazendo nascer mais uma vida de
eterno cinza colorido.
Nas suas palavras recordo, o que dizia e me orgulhava, que minha
vida seria sua criação esculpida, das melhores obras que criara.
Amo-te meu Pai. Nunca foram precisas palavras para nos falarmos,
cúmplices destes caminhos que trilhamos. Tua memória aqui reside,
como exemplo de quem é Pai e compreende a responsabilidade de
criar e moldar um filho.
Fizeste-lo bem, a ti agradeço sem palavras.
56
60. Apesar de preparado, não terei paz tranquila sem partilhar,
pois é disso que se trata, distribuir por outros aquilo que ganhamos com nosso próprio suor.
Oferecer experiências que ajudem e apressem este evoluir já tão cansado.
Sinto a felicidade de me unir a tão forte vontade, que me realinha se meu desvio é infundado.
É a sensação de me juntar a mim mesmo sem pudores ou dissimulações.
São verdades que se unem para fortalecer as pisadas dadas em sintonia.
E é tanta essa sintonia.
Mas não abafo o respeito de ser eu também a força, que gratuitamente
retribui tudo aquilo que recebe.
É tanto o orgulho de ser como de te ver.
És quem és, para que eu seja também,
“Rosa Minha” 2010
o líquido que a sede te mata, (20x60 cm)
apesar de beber em ti
o orgulho que me mata a fome. Rosa Minha
É uma flor que me prende
em laços que eu mesmo teço,
e cuidadosamente aperto,
com carinho seu caule
não sufocando sua cor.
Num sopro leve respira
embalada em meus braços,
sedenta de meu Amor.
Sedento eu de seu Amor.
Que ela seja sempre a Rosa
que um dia me deu carinho,
pois feliz eu fui, sou e serei,
por me ter conquistado,
por um lindo dia passado,
por um feliz mês corrido,
por um ano maravilhado,
por uma vida ter vivido,
na cor de seu perfume emanado.
Com respeito e cuidado a tomei
na mão que a acaricia,
no beijo roubado
cheio de som e cor.
Hoje a prendo docemente
ao sabor do meu amor,
mas que sempre se sinta livre,
pois amor roubado é dor.
Levemente a seguro,
pois quem me prende,
…é a flor.
62. Mas nunca estarei preparado para a perda, seja de alguém ou de mim mesmo.
Tal seria mentira, afirmar que saberia perder parte de mim, pois assim tão simples seria.
Se o sofrimento de tão repetido não fosse sentido, não seria o padrão de evolução e crescimento.
Sofremos porque não entendemos, questionamos esbracejando a loucura da injustiça que sen-
timos.
Não respeitamos o caminho que outros seguiram, tão válidos como o nosso.
Sentimos egoístas a pertença do que já foi parte de nós.
Impossível não ser egoísta nesses momentos.
Pois então, venha o sofrimento da derrota, assimilo sua dor e tento entender saboreando minhas
lágrimas.
Revejo-me nas memórias e realizo felicidades passadas que me acalentam.
E guardo em gavetas envelhecidas as peças de roupa velha que me fizeram tão feliz, as quais eu
abrirei vendo-as arrumadas, sentindo seu aroma ao abri-las e acariciando sua ternura.
E com a vida arrumada sigo em frente de ânimo levantado, sabendo que tudo teve um propósito,
Que não careço explicar, mas sinto nas emoções que fez parte da minha existência, do que sou.
“Luto” 2011
(70x70 cm)
Manto Negro,
que docemente cobre memórias
e abafa a cor de momentos passados,
partilhados, vividos.
Manto Negro,
que afaga dores e perdas
de trilhos cruzados.
Manto Negro,
que me abres porta para emoções perdidas,
onde eu próprio não me achava.
Manto Negro,
que apagas luz
e me trazes cego à dura realidade.
Manto Negro
cor de Morte e Perda,
que me faz do avesso
e me pergunta para quê,
porquê?
É meu manto de tristeza
onde adoço emoções,
onde revivo o que mereceu ser vivido.
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63.
64. E no meio desta escuridão,
renasço, cresço, aprendo.
O que perdi foi parte daquilo que sou,
assim como fui, parte do que perdi.
E tão importante fui,
que toda a cor retorna, reforma e revigora.
Manto Negro,
que esmoreces a cor que não apaga,
que de lágrimas lavado,
te desvaneces transparente,
mostrando a Vida que não acaba.
O caminho continua,
mais forte por ter partilhado,
por ter sido parte do que perdi.
Manto Negro,
que me trazes reflexão,
me limpas lágrimas e refrescas o olhar,
para que novamente observe
de olhar iluminado,
a cor da vida que tenho para de ser vivida,
tal dádiva são, os momentos de partilha.
Manto Negro,
que és Luto de um novo recomeço,
e não de final passado.
És pois uma pausa,
um respirar fundo,
um arrumar de memórias,
um reforço de vontades.
Manto Negro,
que me deixas pensar,
me fazes rumar.
Neste caminho,
és meu momento
de lucidez,
Meu Manto Negro,
que iluminas as cores da vida
e me levas a continuar,
de Luto levantado.
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65. E para curar minhas lágrimas, a vida dá-me surpresas, embrulhadas em papel presente.
Laços vibrantes eu desato na curiosidade infantil da inocência de criança
que corre aos braços de quem lhe quer bem.
São laçadas fortes que escondem presenças simples que nos trazem valores que por vezes
teimamos em rejeitar.
Vivo na curiosidade do momento seguinte, alegre e divertido, com a segurança plena de que
tudo corre e se esvai se não estiver atento.
São valores tão grandes que rasgo o papel desembrulhando sôfrego a vida que dali brota.
Ser vivo é poder estar….presente.
“Laços de vida” 2010
(40x40 cm)
Minha vida são laços de presente
que recebo oportunamente
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66. quando na volta do laço
o problema resolvo
que de mal resolvido
no ponto de nó
em laço de novo envolvo.
Nova solução de anseios
que desta seja a correta
que me liberte dos laços
deste presente que a Vida.
Que já na ponta da fita
possa enfim olhar em volta
e o branco ausente que me rodeia
possa enfim voltar à cor
e novo presente venha
neste rodopio de Vida,
onde nos construímos e crescemos.
Minha vida são presentes
deste destino onde vou
com paixão e abertura,
cheio de curiosidade desfazer
novos laços, desembrulhando
calmamente novos presentes.
Viva a Vida.
Mas não esqueço que pela janela sigo vidas revoltas,
Tenho na mão a carícia que nelas pode amaciar rugas de desespero.
Faço de minha existência a tentativa tantas vezes vã, mas eu próprio não desespero.
Tudo vale por tentar e não desistir.
Cada passo que ajudo no caminhar, é um trecho no meu andar.
Descubro que não só no sofrimento posso crescer,
mas também no ajudar posso cultivar
a essência do meu ser.
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67. “Spinning Lives” 2011
(40x40 cm)
Olho através da janela
deste comboio de vidas
e vejo disforme em mancha
a paisagem que corre
ao ritmo da batida do coração.
Vejo caminhos cruzados,
vejo chamas acesas
que flamejam de crises vividas.
Vejo destinos desfeitos
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68. que não vislumbram a cor da vida.
Vejo fundidas as cores
de todos os que viajam,
e olho para dentro de mim
nesta viagem constante,
grato pelo bilhete que pousa
na minha mão, meu destino.
Meu bilhete de ida.
Tão bom é saber, que temos um caminho traçado que podemos escolher,
sabendo o que temos de aprender.
Quero viver assim, não acomodado com o que tenho,
mas deliciado com o que não posso perder.
Vou atrás da vida precedendo os passos que ela me dá.
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69. “Vida num Orgasmo” 2011
(120x80 cm)
É Vida é um orgasmo, vivido em longos preliminares,
onde aprendizados se constroem se bem ponderados e sãos.
É Vida em ciclos de sobe e desce, espasmos de dor e satisfação,
comungados com quem nossos trilhos cruza.
É Vida de ritmo ascendente, onde anos se passam em segundos se olhares para trás.
É Vida que cultiva e cresce em efervescência de saber, conhecer, partilhar.
E quando ele vem e nos sentimos completos, repletos, satisfeitos,
em êxtase encontramos a luz ao fundo do túnel.
Sentimos o valor do destino, gratos por tudo o que aprendemos,
vivenciamos, sem nada lamentar ter feito diferente.
Sentimos a realização, a segurança do caminho percorrido.
Somos grandes, num golpe de autoestima e confiança somos nós, verdadeiros.
É Vida gozada e partilhada, no prazer terno pós-orgasmo,
madura e repleta tal como deve ser vivida.
Então vem o carinho, o cuidado com quem nos alimentou de cores e luz.
Trocamos carícias em jeito de ajuda
aos que como nós, cumprem preliminares.
Cientes do que somos, damos e construímos novas vivências,
e preparamos caminhos de filhos, família e amigos, e por vezes até inimigos
a quem acenamos de bandeira branca.
Em Paz com a Vida, prontos para a Morte,
que venha sã e não sofrida.
É Vida num Orgasmo,
cheia e fruto de preliminares cuidados e criativos.
Assim eu quero Viver,
num Orgasmo,
cheio de prazer.
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71. Um desejo...
Estas palavras são simples, humildes e providas da minha razão, não quero com elas criar
mapas de caminhos a percorrer.
São relatos de uma vida que até aqui percorro com altos e baixos de emoção.
São tentativas de fazer sentir, a essência do que sou e não do que tu és.
Mas se por algum acaso te identificas no caminho que percorro, não deites fora aquilo que
tu próprio vês.
É a tua verdade que sentes e não a minha.
É na tua verdade que deves ver e sentir, tuas emoções válidas e coerentes, pois assim só tu
próprio verás teu caminho pelos teus olhos e coração.
Esta vida tem sentido, e meu papel seria de bom grado sussurrar-te ao ouvido que o destino
não está logo ali, mas sim que tens um caminho a percorrer, que é parte do teu e cruza com o
meu.
Não pares agora, olha longe e aprecia.
E se te cruzares novamente com o meu, acena-me com o orgulho de teres caminhado
neste mundo cheio de movimento e cor.
Tua cor no teu ritmo.
Sê Feliz, Diverte-te, pois só Tu o podes Querer.
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75. Sobre o Artista
A Pintura de Paulo Teixeira Lopes mergulha no éter da existência de conflitos e sentimentos
paralelos que nos envolve na interrogação sobre a vida e o seu sentido.
Sentido que se capta num jogo de cores plurais que emergem da vontade sublime, da leveza
expressiva, da inquietação humana transbordante de sonho e realidade.
O negro é a cor suporte (que se impõe direta ou indiretamente), é a arquitetura complexa
sem a qual tudo perde sustentabilidade, é a incógnita do desconhecido inevitável e premente, é
o código dito do nada mitológico que é tudo, em suma, o negro representa as margens por onde
correm as cores do rio do viver do próprio homem.
Paulo Teixeira Lopes plasma na tela a força e a energia que envolve uma criação carente de
espaço ideal, num processo de estruturação/desestruturação plástico de materiais quotidianos,
que assume pelo fluxo das cores e pelo relevo das texturas a mensagem que pretende transmitir/
não-transmitir.
Os referentes não moram em nuvens etéreas, mas são equacionados pela mensagem que vai
ao encontro da simplicidade presente, que se impõe ao olhar próximo e circundante do desejo
desejado de pleno comprometimento/descomprometimento.
As obras de Paulo Teixeira Lopes são pois uma revelação que afirma a nossa admiração pela
transparência dos pensamentos que têm cor, aroma e movimento dum futuro a conquistar…
Delfim Sousa
Diretor da Casa-Museu Teixeira Lopes
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76. Vida de Paulo Teixeira Lopes – A Idade de Ser Feliz
Existe somente uma idade para ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa, em
que é possível sonhar, fazer planos e ter energia bastante para realiza-los, a despeito de todas as
dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para se encantar com a Vida e viver apaixonadamente, desfrutar tudo com
muita intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada, em que pode criar e recriar a Vida á sua própria imagem, vestir-se com todas
as cores e experimentar todos os sabores, e entregar-se a todos os amores, sem preconceitos nem
pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todos os desafios são mais um convite á luta, que
enfrenta com a toda a disposição de tentar algo Novo, de Novo e de Novo, e quantas vezes for
preciso.
Essa idade tão fugaz na Vida, chama-se Presente!
E têm a duração do instante que passa.
É assim a vida de Paulo Teixeira Lopes
Arminda Sousa
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77. João Madeira, nasceu em Lisboa
e estuda Contrabaixo desde os 12
anos.
Frequentou o Conservatório de
Lisboa com o Professor João Panta
Nunes,
prosseguindo mais tarde os seus
estudos de Contrabaixo e Teoria
Musical com Jorge Lee.
Tem também desenvolvido os seus
estudos em Musicologia desde a sua
Licenciatura
na U.N.L. tendo participado na
Candidatura do Fado a Património
Mundial pela Unesco.
Foi coordenador do Sector de Músi- Etérium é o arrolar dos seres na vida.
ca no INATEL/FNAT em 2007. Na vida simples.
Como músico, tem desde 1999 uma O arrolar de texturas visuais e sonoras
actividade intensa (palco e estúdio) na observação desatenta que vamos erigindo
em por quanto olhamos e vemos,
variadíssimos géneros musicais, neste caminhar, cada vez mais estreito, cada vez mais livre.
mas é na música improvisada que Etérium é a liberdade presa,
encontra espaço represa da vida, do Continuum.
para desenvolver a sua própria Pequenos quadros de um quadro maior,
linguagem. No teatro, participou já de uma partitura universal, feita de errância,
como compositor, de partidas e de chegadas,
músico, actor e sonoplasta, com a de valores que crescem autónomos e seguros,
Companhia do Chapitô e os Artis- valores simples.
tas Unidos, entre outros. A música para as telas resultou de um diálogo,
Amante dos livros, estuda litera- de uma criação colectiva, dessa simplicidade comum,
tura portuguesa, especialmente a e comungada.
poesia, tendo Uniram-se as mãos carregadas de tinta e de ritmo,
publicado o seu primeiro e único de tecidos e de tessituras, de tonalidades vivas,
livro de poesia em 2001. como um pacto fechado a sangue.
João Madeira
(compositor e interprete dos temas musicais do projecto)
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78. Paulo Teixeira Lopes é um artista, tanto na obra que desenvolve como na forma como lida
com a vida.
Tem a sabedoria de viver com arte, de colocar beleza em tudo o que o rodeia, de mostrar o
lado belo da vida.
Vive intensamente, com o dom da sensibilidade, sensibilidade que o torna numa pessoa
admirável, não só como artista, mas também como homem, um homem dotado de uma força
incrível de lutar pelos seus objectivos, um exemplo a seguir.
Ter o Paulo como amigo é um privilégio, algo que me enche de orgulho.
Parabéns Paulo a tua obra é de uma beleza única, reflexo de um homem cuja vida é uma
tela repleta de cor, se tivesse que te descrever numa tela serias sem dúvida o “Orgasmo” da
vida...
Margarida Soares
A ondulação das formas e os fortes contrastes coloridos condizem perfeitamente com a
idéia de movimento (e, como tal, de viagem, de busca interminável da perfeição), sem que
percam o seu ar etério, quase evanescente. Opinião dum leigo...
António T L Cruz
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79. Vida Entrelaçada – História do Futuro de Um Homem Feliz
Fez uma viagem flutuante, pairando sobre telhados de cabeças de pensar errante, por entre
altas chaminés de fumo de palavras incineradas e sempre bem abaixo de tetos de nuvens ne-
gras que aqui e ali lhe retiraram o poder de fazer sombra. Foi um percurso longo, do berçário
ao crematório. Mais de dez dezenas de primaveras.
Foi autor e personagem principal da sua história de vida e desempenhou papéis secundári-
os em reais peças bibliográficas alheias. Das vidas de um pai, de uma mãe, de um filho, de
amores, de desamores, de amigos muitos e de “uma estrela que o guiou e acompanhou no seu
percurso terreno”.
Herdou os genes criadores de formas, de moldadores e construtores de história esculpida ou
pintada nas telas. Traçou o itinerário de uma Viagem de décadas a distintos rumos, latitudes
e longitudes, respirando o éter que dentro de si criou quimicamente. Fisicamente. Apenas com
todos os seus sentidos.
Deu os primeiros passos descoordenados de aprendiz andante e como todos os que nascem
para crescer, não parou de andar e pelo meio aprendeu a correr. Veloz. Moderado. A velocidade
bastante. Com a sapiência adquirida nos toques dados por gente com quem se cruzou e criou
laços que se desataram ou para sempre permaneceram com seus nós originais, apenas permitiu
que o cansaço tivesse surgido no fim, para se curvar perante a natureza cujas leis respeitou.
Banal entre os demais. Imponente pelo legado.
Sua vida foi assim. Grande. Rica de bons e de dispensáveis acontecimentos que lhe ofer-
eceram o caráter e o dom de dizer a si próprio vezes sem conta tudo quanto realmente lhe
interessou em cada momento. Poderia até ter sido um Rei de um reino de vinte metros quadra-
dos sem mordomos ou mordomias. Sem trono. Apenas com um sofá encostado a um canto de
uma sala onde pudessem sentar-se ele próprio e aqueles com quem atou simples conversas de
circunstância surgidas como cerejas ou sentimentos cultivados e cuidados até à colheita.
Este homem ainda vive os verãos. Um de cada vez. Com o método de um pedagogo que
ensina, com a amizade de um amigo que ensina, com o amor de filho, de pai e de amante que
ensina a certeza que o destino pode vir longe ou estar a dobrar o fundo da nossa Rua. Onde
quer que se esteja agora, desde que se viaje.
(A vida de Paulo Teixeira Lopes, tal como a vejo e antevejo é apenas tudo isto.)
Sérgio Lizardo
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81. Sites relacionados:
Paulo Teixeira Lopes
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Paulo Teixeira Lopes
www.pauloteixeiralopes.wordpress.com
Paulo Teixeira Lopes
Apoios:
www.moldurasdelmino.com
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83. Projecto Etérium - a Viagem:
Casa-Museu Teixeira Lopes, 'Etérium-a Viagem' -
Gaia 2007.
Galerias Delmino Pereira - Gaia 2008.Meliã Gaia
Porto 2008 'Etérium – Continuum'.
Artes Café - Reguengos de Monsaraz 2009.
Escola Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves -
Valadares 2009.
Casa da Cultura de Paranhos - Porto 2009.
Shopping Center Dolce Vita - Porto 2009.
Império da Girafa - Porto 2009.
Villa Community - Porto 2010.
Casa-Museu Teixeira Lopes - Gaia 2011.
Casa-Museu Serpa Pinto - Cinfães 2011.
Temas musicais do ciclo «Vida»
compostos e interpretados por:
João Madeira
Temas musicais incluídos no DVD:
«Etérium», 04:37
«Mãe Jardim», 06:21
«Pai», 05:45
«Luto», 04:26
«Spinning Lives», 03:09
«Vida», 03:10
Inclui vídeoclipes dos temas
e fotos das obras.