SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6



A evolução do conceito de
esquizofrenia neste século
                                                                                                                                Helio Elkis
                  Departamento de Psiquiatria da FMUSP e Projeto Esquizofrenia (Projesq) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, FMUSP




  O físico Stephen Hawking certa vez mencionou que, ao vermos                    As origens do conceito: Kraepelin, Bleuler e Schneider
as estrelas no céu, estamos literalmente contemplando o passado,                   Geralmente se afirma que o conceito de esquizofrenia tem
pois apesar de muitas delas já terem desaparecido, seus raios lumi-              origem no seu ancestral, o de demência precoce, proposto por
nosos levam muito tempo para percorrer o espaço que delas nos                    Kraepelin na 4a edição de seu tratado (e não na 5a, como é
separa. Vemos o brilho de um objeto que pode não existir mais.                   geralmente aceito).1 Kraepelin observou pacientes jovens que,
  O que entendemos por esquizofrenia hoje é o fruto de um con-                   após um período psicótico, sofriam um “enfraquecimento psí-
ceito que sofreu também muitas transformações. Uma cronologia                    quico” (verblödung, em alemão), mas não necessariamente tor-
dos fatos que nos últimos 100 anos influíram decisivamente para o                navam-se dementes. Isso provavelmente explica que, apesar
desenvolvimento desse conceito pode trazer alguma luz para essa                  do nome da doença, observava-se uma evolução favorável em
questão (Tabela). Dividiremos esses 100 anos em três períodos: (1)               mais de um quarto dos casos.
as origens: Kraepelin, Bleuler e Schneider, (2) o período de expan-                Kraepelin colocou a demência precoce entre os processos
são do conceito e (3) o período de restrição do conceito.                        degenerativos na 5a edição de seu tratado e, nas subseqüentes,
                                                                                 entre os metabólicos. Entretanto, a distinção entre demência
                                                                                 precoce e insanidade maníaco-depressiva manteve-se ao lon-
Tabela - Cronologia do desenvolvimento de conceito de
esquizofrenia
                                                                                 go de todas as edições, o que deu origem à noção de “dicotomia
                                                                                 kraepeliniana”.
Ano                     Evento
                                                                                   Kraepelin considerava que, como em toda medicina, nenhum
1893                    Emil Kraepelin descreve o quadro clínico da demência     conjunto dos sintomas poderia caracterizar qualquer patologia
                        precoce na 4a edição de seu “Tratado de Psiquiatria”
                                                                                 mental, dada sua grande mutabilidade. O curso e o desfecho da
1908/1911               Eugen Bleuler publica um artigo sobre o prognóstico da   doença seriam as vias régias para tal fim. Mesmo na 8a e última
                        demência precoce seguido do livro “Demência              edição do seu tratado, Kraepelin manteve a coerência, descreven-
                        Precoce: o grupo das esquizofrenias”
                                                                                 do com absoluta precisão todos os sintomas que hoje observam-
1913                    Publicação da 8a e última edição do tratado de           se na esquizofrenia, sem definir qualquer um deles como central
                        Kraepelin com a descrição dos dois principais
                        componentes da demência precoce                          para o diagnóstico. No entanto, nessa edição mudou de posição,
                                                                                 não em relação aos sintomas isoladamente, mas na definição de
1930-1940               Descrição de vários subtipos de esquizofrenia na
                        Europa e nos Estados Unidos
                                                                                 duas grandes síndromes que caracterizariam a demência precoce:2
                                                                                   a) “O enfraquecimento das atividades emocionais que for-
1948                    Kurt Schneider publica a Psicopatologia Clínica”         mam as molas propulsoras da volição”.
                        descrevendo os “sintomas de primeira ordem”
                                                                                   b) “A perda da unidade interna das atividades do intelecto,
1965 (até 1970)         Projeto colaborativo EUA-Reino Unido                     emoção e volição”.
1966 (até 1973)         Estudo Piloto Internacional da Esquizofrenia               A “síndrome avolicional” foi identificada por muitos autores
                                                                                 como a primeira descrição de um conjunto de sintomas posteri-
1968                    2a edição do “Diagnostic and Statistical Manual of
                        Mental Disorders” (DSM II) (Associação Psiquiátrica
                                                                                 ormente batizados com o nome de “negativos”. Já a “síndrome
                        Americana)                                               da perda da unidade interna”, na descrição do próprio Kraepelin,
                                                                                 “apresenta-se como no distúrbio das associações descrito por
1972                    Critérios diagnósticos da Universidade de Washington
                                                                                 Bleuler, na incoerência do pensamento, nas mudanças intensas
1974                    Sintomas positivos e negativos                           do humor e na inconstância do pragmatismo”.2 Tal afirmação
1975                    9a edição da Classificação Internacional das Doenças     não deve surpreender, pois o conceito de esquizofrenia fora
                        (CID-9, Organização Mundial de Saúde)                    proposto por Bleuler em 19083 e publicado em seu livro em
1978                    Research Diagnostic Criteria (RDC)
                                                                                 1911,4 antes, portanto, de Kraepelin publicar a última edição de
                                                                                 seu tratado. Assim, o conceito de esquizofrenia não represen-
1980                    Conceito de duas síndromes da esquizofrenia (Crow)       tou simplesmente uma substituição ao de demência precoce,
                        Publicação da DSM III
                                                                                 sendo que ambos conviveram por alguns anos.5
1993-4                  CID-10 e DSM IV                                            O que Bleuler denominava esquizofrenia, ou melhor, esquizo-

                                                                                                                                               SI 23
Evolução do conceito no século                                                                   Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6
Elkis H

frenias (devido aos subtipos), não representava um conceito         dependentes da cultura: falta de “insight”, alucinações auditi-
em oposição ao de demência precoce, mas um aperfeiçoamento          vas e verbais, sonorização do pensamento, embotamento afeti-
de duas variáveis: a dilatação na idade de início do quadro, uma    vo, idéias e delírios de referência.7
vez que o transtorno poderia aparecer tardiamente e, sobretu-         No entanto, alguns dos colaboradores desse estudo pude-
do, uma ênfase não no processo evolutivo (eventualmente de-         ram constatar que os SPO tinham grande poder discriminatório,
mencial), mas na valorização de alguns sintomas que seriam          mas não poderiam ser considerados exclusivos da esquizofre-
denominados fundamentais para o diagnóstico. Esses consti-          nia.10 Outros autores também observaram a presença de SPO
tuem os famosos 6 “A” (e não 4): distúrbios das associações         em cerca de 25% dos pacientes com transtornos do humor.11 No
do pensamento, autismo, ambivalência, embotamento afetivo,          entanto, a importância dos SPO permaneceu, apesar das evi-
distúrbios da atenção e avolição.4 Sintomas como delírios, alu-     dências em contrário, especialmente na psiquiatria britânica.
cinações, distúrbios do humor ou catatonia eram considerados          Os conceitos de Kraepelin, Bleuler e Schneider formam a base
não essenciais ao diagnóstico e, portanto, acessórios.              para a compreensão de esquizofrenia e fazem parte do cabedal
   Apesar de Bleuler ter proposto a esquizofrenia como um           conceitual dos psiquiatras,12 estando presentes nos critérios di-
conceito aperfeiçoado da demência precoce, muitos autores           agnósticos que operacionalizam o conceito de esquizofrenia.9,13
consideravam as mesmas entidades clínicas distintas.1 As
maiores diferenças residem no fato de que as descrições             A expansão do conceito
kraepelinianas são puramente empíricas, ao passo que as de             A expansão do conceito de esquizofrenia deu-se predomi-
Bleuler são guiadas por uma teoria, na qual os sintomas fun-        nantemente nos Estados Unidos, sobretudo devido às influên-
damentais são a expressão de uma alteração cerebral                 cias de Meyer e Sullivan, especialmente as do último, que inter-
subjacente e os acessórios representam uma reação da perso-         pretava os conceitos bleulerianos à luz da psicanálise. Outros
nalidade, com a emergência daquilo que Bleuler chamou de            autores dilataram o conceito de outras formas, como Kasanim
“complexos afetivamente carregados”.                                com a psicose esquizoafetiva, que abolia a dicotomia
   Essa desconexão entre sintomas fundamentais e acessórios         kraepeliniana, ou como Hoch e Polatin, que aproximaram a es-
foi também chamada de desdobramento ou cisão (“Spaltung”,           quizofrenia dos transtornos de personalidade por meio do con-
em alemão), o que deu origem ao termo esquizofrenia. Por            ceito de esquizofrenia “pseudoneurótica”, levando muitos pa-
outro lado, foi o primeiro mecanismo proposto para compre-          cientes, que hoje seriam diagnosticados como bipolares ou com
ensão do transtorno, tendo sido recentemente retomado à luz         transtornos de personalidade, a serem diagnosticados como
das neurociências.6                                                 esquizofrênicos.
   Semelhantes ou diversos, os dois conceitos levaram a uma            Como resultado desses fatos, a segunda edição do Diagnostic
situação paradoxal: Kraepelin descreveu uma entidade clíni-         and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-II), classifi-
ca sem definir qualquer sintoma patognomônico; Bleuler, ao          cação de transtornos mentais da Associação Psiquiátrica Ame-
contrário, preocupou-se em definir tais sintomas, porém não         ricana feita em 1968, apresenta um conceito de esquizofrenia
falava em uma entidade clínica única, mas em um “grupo das          muito amplo, com uma descrição de sintomas pouco elaborada,
esquizofrenias”.1                                                   sendo considerado psicótico todo paciente que era “incapaz
   A necessidade clínica de identificar sintomas característicos    de atender às demandas da vida diária”.7
da esquizofrenia marcou também tais décadas, com Rümke em              Apesar de autores como Langfeld, em 1939, descreverem for-
1941, com seu “sentimento precoce”, (Praecoxgefühl) e, sobre-       mas “esquizofreniformes” em oposição àquelas deteriorantes
tudo, com Schneider em 1948 e seus “Sintomas de primeira or-        kraepelianianas, na Europa o conceito de esquizofrenia mante-
dem” (SPO),7 sendo:8,9 ouvir os próprios pensamentos soando         ve-se dentro de limites mais restritos, especialmente na Ingla-
alto (sonorização do pensamento); escutar vozes sob a forma         terra, devido à influência dos critérios Schneider e Kraepelin. O
de argumento e contra-argumento; escutar, com comentários,          projeto US-UK (1996-1970), um estudo colaborativo entre os
vozes que acompanham as próprias atividades; ter vivências          Estados Unidos e o Reino Unido, mostrou que os psiquiatras
de influência corporal; ter roubo do pensamento e outras for-       americanos diagnosticavam a esquizofrenia de forma muito mais
mas de influência do pensamento; sentir tudo como sendo feito       ampla que os psiquiatras britânicos, incluindo no conceito ca-
ou influenciado pelos outros no campo dos sentimentos,              sos de transtornos de personalidade e de humor.7
pulsões e vontade; e ter percepção delirante.
   Os SPO de Schneider exerceram grande influência sobre a          A restrição do conceito
psiquiatria britânica, sobretudo na elaboração do diagnóstico          A reação veio rápida no início da década de 70, quando pesqui-
de esquizofrenia pelo Present State Examination (PSE).1 O PSE       sadores da Universidade de Washington publicaram os primeiros
foi a base para o exame de pacientes com esquizofrenia em 9         critérios diagnósticos estruturados,14 nos quais os critérios para
países, o que deu origem ao Estudo Piloto Internacional da          esquizofrenia tornaram-se restritos, com a inclusão de sintomas
Esquizofrenia (International Pilot Study of Schizophrenia, IPSS),   schneiderianos e bleulerianos, assim como de um período mínimo
um trabalho transcultural patrocinado pela Organização Mun-         de doença de 6 meses (uma clara retomada do conceito evolutivo
dial da Saúde (OMS), cujo objetivo era verificar invariantes da     kraepeliniano). Alguns anos depois, o “Research Diagnostic
esquizofrenia. O IPSS concluiu que a esquizofrenia era um trans-    Criteria” (RDC)15 trazia novos critérios, enfatizando o uso dos SPO.
torno psiquiátrico universal, com alguns sintomas comuns in-          A publicação da 3a edição da classificação americana (o

SI 24
Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6                                                                               Evolução do conceito no século
                                                                                                                                              Elkis H

DSM-III), em 1980, sintetiza esse período. No critério A dessa              ausência de alterações cerebrais estruturais. A dimensão negati-
classificação, tanto sintomas bleulerianos como                             va (tipo II) associava-se a uma má resposta ao tratamento
scheneiderianos são introduzidos. O critério B inclui a noção               neuroléptico, cronicidade, provável redução de receptores
kraepeliniana de “deterioração a partir de um nível prévio”.                dopaminérgicos e alterações cerebrais estruturais.19 Além disso,
No C, inclui-se, além dos 6 meses de história (noção                        o conceito de sintomas negativos passou a figurar oficialmente
krepelineana de evolução), a distinção com a doença manía-                  dentro dos critérios A do DSM-IV.
co-depressiva.16 As edições seguintes da DSM, incluindo a                     O conceito de esquizofrenia da 9a Edição da Classificação
edição revisada da DSM-III (DSM-III-R) (1987) e o DSM-IV                    Internacional das Doenças (CID-9) da OMS era descritivo e, em
(1994), mantiveram basicamente o mesmo algoritmo diagnós-                   termos de descrição sintomatológica, contemplava tanto a pre-
tico, fazendo com que o conceito de esquizofrenia do DSM se                 sença de SPO quanto a de distúrbios do pensamento e
tornasse um dos mais restritos do mundo.17                                  embotamento afetivo, associados a delírios e alucinações. No
   Em 1974, pesquisadores que haviam participado do IPSS                    entanto, não há referência quanto à duração da doença, o que
procuraram uma simplificação dos tipos de sintomas da es-                   não ocorre com a 10a e atual edição dessa classificação, a CID-
quizofrenia e, parcialmente inspirados no modelo de doença                  10, que a fixou em um mês, além de privilegiar a presença de SPO
mental de Hughlings Jackson, que propõe que a mesma po-                     para o diagnóstico.20 Devido a esses aspectos, certos autores
deria ser melhor definida a partir de dois processos, subdivi-              argumentam que a combinação de uma duração tão curta e a
diram os sintomas da esquizofrenia em dois grandes grupos:                  predominância da SPO dentro de seus critérios tornaram o con-
positivos ou psicóticos (por exemplo, delírios e alucinações)               ceito de esquizofrenia da CID-10 novamente muito amplo.17
e negativos ou deficitários (por exemplo, embotamento afeti-                  Diferentemente do que ocorre com o conceito de depressão,
vo, avolição).18                                                            que é relativamente homogêneo ou monotético, a dificuldade
   A noção de sintomas positivos e negativos teve grande influ-             do conceito de esquizofrenia reside no fato de que ele é um
ência sobre o conceito de esquizofrenia, sobretudo a partir de              conceito politético, heterogêneo, que alberga outros
1980, quando Crow introduziu a idéia de dimensões positivas e               subconceitos, às vezes conflitantes entre si.17,5 Talvez por essa
negativas pelo conceito de duas “síndromes da esquizofrenia”.               razão, Hoenig, que traduziu a “Psicopatologia geral” de Karl
A dimensão ou síndrome positiva (tipo I) era representada por               Jaspers para o inglês, tenha afirmado que o capítulo final da
um quadro agudo, reversível, com boa resposta ao tratamento                 história do conceito de esquizofrenia ainda não foi escrito,1 o
neuroléptico, provável aumento de receptores dopaminérgicos e               que se espera poder acontecer no próximo século.




  Referências
  1. Hoenig J. Schizophrenia: clinical section. In: Porter GBR, editor. A   9. Elkis H. Os conceitos de esquizofrenia e seus efeitos sobre os crité-
     history of clinical psychiatry. London: The Athlone Press; 1995.           rios diagnósticos modernos. J Bras Psiquiatr 1990;39:221-7.
     p. 336-48.                                                             10.Carpenter WT, Strauss JS, Bartko J. An approach to the diagnosis
  2. Kraepelin E. Dementia praecox and paraphrenia. (From the                   and understanding of schizophrenia: part I. Use of signs and
     German 8th Edition of the Textbook of Psychiatry ed.) Edinburgh:           symptoms for the identification of schizophrenic patients.
     E & S Livingstone; 1919. p. 74-5.                                          Schizophr Bull 1974;11:37-49.
  3. Bleuler E. The prognosis of dementia praecox: the group of             11.Pope H, Lipinski J. Diagnosis of schizophrenia and manic-depressive
     schizophrenias (Die prognose der dementia praecox:                         illness. Arch Gen Psychiatry 1978;35:811-28.
     schizophreniegruppe. Algemeine Zeitschrift fur Psychiatrie             12.Santos D, Blizard R, Mann A. The development of a scale to
     1908;65:436-64). In: Shepperd JCM, editor. The clinical roots of           measure concepts of schizophrenia: experience among Brazilian
     the schizophrenia concept: translations of the seminal contributions       psychiatrists. Rev Saúde Pública 1998;32:201-8.
     on schizophrenia. Cambridge: Cambridge University Press; 1967          13.Elkis H, Friedman L, Thompson P, Maes M, Meltzer H. The concept
     p. 59-74.                                                                  of schizophrenia and the phenomenological models of Kraepelin,
  4. Bleuler E. Dementia praecox or the group of schizophrenias.                Bleuler and Schneider: A confirmatory factor analysis. Schizophr
     Monograph series on schizophrenia. Vol 1.New York: International           Res 1995;15:15.
     University Press; 1950.                                                14. Feighner J, Robins E, Guze S, Woodruf R, Munhoz RG. Diagnostic
  5. Elkis H. Contribuição para o estudo da estrutura psicopatológica           criteria for use in psychiatry research. Arch Gen Psychiatry
     multifatorial da esquizofrenia [tese de livre-docência]. São Paulo:        1972;26:57-63.
     Universidade de São Paulo; 1996.                                       15.Spitzer RL, Endicott J, Robins E. Research Diagnostic Criteria
  6. Andreasen NC. A unitary model of schizophrenia: Bleuler ’s                 (RDC) for a Selected Group of Functional Disorders. New York:
     “fragmented phrene” as schizencephaly. Arch Gen Psychiatry                 Biometrics Research; 1978.
     1999;56:781-7.                                                         16.American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Ma-
  7. Peters CP. Concepts of schizophrenia after Kraepelin and Bleuler.          nual of Mental Disorders. 3rd ed. Washington (DC): American
     In: Howells JG, editor. The concept of schizophrenia: historical           Psychiatric Press Inc; 1980.
     perspectives. Washington (DC): American Psychiatric Press; 1991        17.Andreasen N, Flaum M. Characteristics symptoms of schizophrenia.
     p. 93-107.                                                                 In: TA Widiger AF, Pincus HA, First MB, Ross R, Davis W, editors.
  8. Schneider K. Primary and secondary symptoms of schizophrenia               DSM – IV Source Book. Section III: Schizophrenia and other
     (1957). In: Shepperd SHM, editor. Themes and variations on european        psychotic disorders. Washington (DC): American Psychiatric Press;
     psychiatry. Bristol: John Wright & Sons Ltd; 1974. p. 40-4.                1994. p. 351-79.



                                                                                                                                                  SI 25
Evolução do conceito no século                                                                            Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6
Elkis H


   18.Strauss JS, Carpenter WT, Bartko JJ. An approach to the diagnosis     19.Crow TJ. Molecular pathology of schizophrenia: more than one
      and understanding of schizophrenia – Part III. Speculations on the       disease process? Br Med J 1980;280:66-8.
      processes that underlie schizophrenic symptoms and signs. Schizophr   20.Organização Mundial da Saúde. Classificação dos Transtornos Mentais
      Bull 1974;11:69.                                                         e do Comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993.




Correspondência: Hélio Elkis
Departamento de Psiquiatria da FMUSP - Coordenador do Projesq - Rua Ovídio Pires de Campos, s/nº, sala 4.039
CEP 05403-010 São Paulo, SP - E-mail: helkis@usp.br




SI 26

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a A Evolução do Conceito de Esquizofrenia neste Século

ESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdf
ESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdfESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdf
ESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdfEraldo Carlos
 
Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012
Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012
Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012Rui Grilo
 
Depressao psicótica e depressao não psicótica
Depressao psicótica e depressao não psicóticaDepressao psicótica e depressao não psicótica
Depressao psicótica e depressao não psicóticaFelipe de Souza
 
Modelo NosolóGico Kraepeliniano
Modelo NosolóGico KraepelinianoModelo NosolóGico Kraepeliniano
Modelo NosolóGico Kraepelinianoguest971c8f
 
Modelo Nosológico Kraepeliniano
Modelo Nosológico KraepelinianoModelo Nosológico Kraepeliniano
Modelo Nosológico KraepelinianoLuiz Miranda-Sá
 
Considerações acerca do transtorno afetivo bipolar
Considerações acerca do transtorno afetivo bipolarConsiderações acerca do transtorno afetivo bipolar
Considerações acerca do transtorno afetivo bipolarCasa
 
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIAHISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIASolangerubim111
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia ICiulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia Iclinicaciulla
 
Foucault michel-doenca-mental-e-psicologia
Foucault michel-doenca-mental-e-psicologiaFoucault michel-doenca-mental-e-psicologia
Foucault michel-doenca-mental-e-psicologiaPaulo Martins
 
Foucault - Doença mental e psicologia
Foucault - Doença mental e psicologiaFoucault - Doença mental e psicologia
Foucault - Doença mental e psicologiamcdtextos
 
Foucault, michel. doença_mental_e_psicologia
Foucault, michel. doença_mental_e_psicologiaFoucault, michel. doença_mental_e_psicologia
Foucault, michel. doença_mental_e_psicologiaElizeu9812
 
Catatonia Sofia Morais (11/2013)
Catatonia Sofia Morais (11/2013)Catatonia Sofia Morais (11/2013)
Catatonia Sofia Morais (11/2013)SofiaMorais86
 
Diagnosticos em psicologia lpcc 2
Diagnosticos em psicologia lpcc 2Diagnosticos em psicologia lpcc 2
Diagnosticos em psicologia lpcc 2Rui Pedro Dias Ruca
 
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.pptTranstornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.pptmsdbiasi
 
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.pptTranstornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.pptmsdbiasi
 
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__IdindundunIfaTemple
 

Semelhante a A Evolução do Conceito de Esquizofrenia neste Século (20)

Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
ESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdf
ESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdfESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdf
ESQUIZOFRENIA_UMA REVISÃO.pdf
 
Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012
Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012
Esquizofrenia - breves noções - Rui Grilo artigo 2012
 
Depressao psicótica e depressao não psicótica
Depressao psicótica e depressao não psicóticaDepressao psicótica e depressao não psicótica
Depressao psicótica e depressao não psicótica
 
Modelo NosolóGico Kraepeliniano
Modelo NosolóGico KraepelinianoModelo NosolóGico Kraepeliniano
Modelo NosolóGico Kraepeliniano
 
Modelo Nosológico Kraepeliniano
Modelo Nosológico KraepelinianoModelo Nosológico Kraepeliniano
Modelo Nosológico Kraepeliniano
 
Considerações acerca do transtorno afetivo bipolar
Considerações acerca do transtorno afetivo bipolarConsiderações acerca do transtorno afetivo bipolar
Considerações acerca do transtorno afetivo bipolar
 
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIAHISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA - CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
 
Saude MENTAL
Saude MENTAL Saude MENTAL
Saude MENTAL
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia ICiulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
 
Foucault michel-doenca-mental-e-psicologia
Foucault michel-doenca-mental-e-psicologiaFoucault michel-doenca-mental-e-psicologia
Foucault michel-doenca-mental-e-psicologia
 
Foucault - Doença mental e psicologia
Foucault - Doença mental e psicologiaFoucault - Doença mental e psicologia
Foucault - Doença mental e psicologia
 
26826191 michel-foucault-doenca-mental-e-psicologia
26826191 michel-foucault-doenca-mental-e-psicologia26826191 michel-foucault-doenca-mental-e-psicologia
26826191 michel-foucault-doenca-mental-e-psicologia
 
Foucault, michel. doença_mental_e_psicologia
Foucault, michel. doença_mental_e_psicologiaFoucault, michel. doença_mental_e_psicologia
Foucault, michel. doença_mental_e_psicologia
 
Sobre a psicose
Sobre a psicose Sobre a psicose
Sobre a psicose
 
Catatonia Sofia Morais (11/2013)
Catatonia Sofia Morais (11/2013)Catatonia Sofia Morais (11/2013)
Catatonia Sofia Morais (11/2013)
 
Diagnosticos em psicologia lpcc 2
Diagnosticos em psicologia lpcc 2Diagnosticos em psicologia lpcc 2
Diagnosticos em psicologia lpcc 2
 
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.pptTranstornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
 
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.pptTranstornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
Transtornos-mentais-na-visao-espirita.ppt
 
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
 

Mais de Liga Acadêmica de Neurociências da Universidade Federal do Tocantins (7)

Relação entre homicídio e transtornos mentais
Relação entre homicídio e transtornos mentaisRelação entre homicídio e transtornos mentais
Relação entre homicídio e transtornos mentais
 
Esquizofrenia e distorção da imagem corporal: considerações nosológicas
Esquizofrenia e distorção da imagem corporal: considerações nosológicasEsquizofrenia e distorção da imagem corporal: considerações nosológicas
Esquizofrenia e distorção da imagem corporal: considerações nosológicas
 
Consciência da doença na doença de Alzheimer: resultados preliminares de um e...
Consciência da doença na doença de Alzheimer: resultados preliminares de um e...Consciência da doença na doença de Alzheimer: resultados preliminares de um e...
Consciência da doença na doença de Alzheimer: resultados preliminares de um e...
 
Automutilação ocular: relato de seis casos de enucleação ocular
Automutilação ocular: relato de seis casos de enucleação ocularAutomutilação ocular: relato de seis casos de enucleação ocular
Automutilação ocular: relato de seis casos de enucleação ocular
 
Esquizofrênia - Leonardo Nunes
Esquizofrênia - Leonardo NunesEsquizofrênia - Leonardo Nunes
Esquizofrênia - Leonardo Nunes
 
ANATOMIA MICROCIRÚRGICA DO HIPOCAMPO NA AMÍGDALO-HIPOCAMPECTOMIA SELETIVA SOB...
ANATOMIA MICROCIRÚRGICA DO HIPOCAMPO NA AMÍGDALO-HIPOCAMPECTOMIA SELETIVA SOB...ANATOMIA MICROCIRÚRGICA DO HIPOCAMPO NA AMÍGDALO-HIPOCAMPECTOMIA SELETIVA SOB...
ANATOMIA MICROCIRÚRGICA DO HIPOCAMPO NA AMÍGDALO-HIPOCAMPECTOMIA SELETIVA SOB...
 
O neurônio do Suicídio
O neurônio do SuicídioO neurônio do Suicídio
O neurônio do Suicídio
 

Último

ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfEyshilaKelly1
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxfabiolalopesmartins1
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 

Último (20)

ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 

A Evolução do Conceito de Esquizofrenia neste Século

  • 1. Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6 A evolução do conceito de esquizofrenia neste século Helio Elkis Departamento de Psiquiatria da FMUSP e Projeto Esquizofrenia (Projesq) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, FMUSP O físico Stephen Hawking certa vez mencionou que, ao vermos As origens do conceito: Kraepelin, Bleuler e Schneider as estrelas no céu, estamos literalmente contemplando o passado, Geralmente se afirma que o conceito de esquizofrenia tem pois apesar de muitas delas já terem desaparecido, seus raios lumi- origem no seu ancestral, o de demência precoce, proposto por nosos levam muito tempo para percorrer o espaço que delas nos Kraepelin na 4a edição de seu tratado (e não na 5a, como é separa. Vemos o brilho de um objeto que pode não existir mais. geralmente aceito).1 Kraepelin observou pacientes jovens que, O que entendemos por esquizofrenia hoje é o fruto de um con- após um período psicótico, sofriam um “enfraquecimento psí- ceito que sofreu também muitas transformações. Uma cronologia quico” (verblödung, em alemão), mas não necessariamente tor- dos fatos que nos últimos 100 anos influíram decisivamente para o navam-se dementes. Isso provavelmente explica que, apesar desenvolvimento desse conceito pode trazer alguma luz para essa do nome da doença, observava-se uma evolução favorável em questão (Tabela). Dividiremos esses 100 anos em três períodos: (1) mais de um quarto dos casos. as origens: Kraepelin, Bleuler e Schneider, (2) o período de expan- Kraepelin colocou a demência precoce entre os processos são do conceito e (3) o período de restrição do conceito. degenerativos na 5a edição de seu tratado e, nas subseqüentes, entre os metabólicos. Entretanto, a distinção entre demência precoce e insanidade maníaco-depressiva manteve-se ao lon- Tabela - Cronologia do desenvolvimento de conceito de esquizofrenia go de todas as edições, o que deu origem à noção de “dicotomia kraepeliniana”. Ano Evento Kraepelin considerava que, como em toda medicina, nenhum 1893 Emil Kraepelin descreve o quadro clínico da demência conjunto dos sintomas poderia caracterizar qualquer patologia precoce na 4a edição de seu “Tratado de Psiquiatria” mental, dada sua grande mutabilidade. O curso e o desfecho da 1908/1911 Eugen Bleuler publica um artigo sobre o prognóstico da doença seriam as vias régias para tal fim. Mesmo na 8a e última demência precoce seguido do livro “Demência edição do seu tratado, Kraepelin manteve a coerência, descreven- Precoce: o grupo das esquizofrenias” do com absoluta precisão todos os sintomas que hoje observam- 1913 Publicação da 8a e última edição do tratado de se na esquizofrenia, sem definir qualquer um deles como central Kraepelin com a descrição dos dois principais componentes da demência precoce para o diagnóstico. No entanto, nessa edição mudou de posição, não em relação aos sintomas isoladamente, mas na definição de 1930-1940 Descrição de vários subtipos de esquizofrenia na Europa e nos Estados Unidos duas grandes síndromes que caracterizariam a demência precoce:2 a) “O enfraquecimento das atividades emocionais que for- 1948 Kurt Schneider publica a Psicopatologia Clínica” mam as molas propulsoras da volição”. descrevendo os “sintomas de primeira ordem” b) “A perda da unidade interna das atividades do intelecto, 1965 (até 1970) Projeto colaborativo EUA-Reino Unido emoção e volição”. 1966 (até 1973) Estudo Piloto Internacional da Esquizofrenia A “síndrome avolicional” foi identificada por muitos autores como a primeira descrição de um conjunto de sintomas posteri- 1968 2a edição do “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders” (DSM II) (Associação Psiquiátrica ormente batizados com o nome de “negativos”. Já a “síndrome Americana) da perda da unidade interna”, na descrição do próprio Kraepelin, “apresenta-se como no distúrbio das associações descrito por 1972 Critérios diagnósticos da Universidade de Washington Bleuler, na incoerência do pensamento, nas mudanças intensas 1974 Sintomas positivos e negativos do humor e na inconstância do pragmatismo”.2 Tal afirmação 1975 9a edição da Classificação Internacional das Doenças não deve surpreender, pois o conceito de esquizofrenia fora (CID-9, Organização Mundial de Saúde) proposto por Bleuler em 19083 e publicado em seu livro em 1978 Research Diagnostic Criteria (RDC) 1911,4 antes, portanto, de Kraepelin publicar a última edição de seu tratado. Assim, o conceito de esquizofrenia não represen- 1980 Conceito de duas síndromes da esquizofrenia (Crow) tou simplesmente uma substituição ao de demência precoce, Publicação da DSM III sendo que ambos conviveram por alguns anos.5 1993-4 CID-10 e DSM IV O que Bleuler denominava esquizofrenia, ou melhor, esquizo- SI 23
  • 2. Evolução do conceito no século Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6 Elkis H frenias (devido aos subtipos), não representava um conceito dependentes da cultura: falta de “insight”, alucinações auditi- em oposição ao de demência precoce, mas um aperfeiçoamento vas e verbais, sonorização do pensamento, embotamento afeti- de duas variáveis: a dilatação na idade de início do quadro, uma vo, idéias e delírios de referência.7 vez que o transtorno poderia aparecer tardiamente e, sobretu- No entanto, alguns dos colaboradores desse estudo pude- do, uma ênfase não no processo evolutivo (eventualmente de- ram constatar que os SPO tinham grande poder discriminatório, mencial), mas na valorização de alguns sintomas que seriam mas não poderiam ser considerados exclusivos da esquizofre- denominados fundamentais para o diagnóstico. Esses consti- nia.10 Outros autores também observaram a presença de SPO tuem os famosos 6 “A” (e não 4): distúrbios das associações em cerca de 25% dos pacientes com transtornos do humor.11 No do pensamento, autismo, ambivalência, embotamento afetivo, entanto, a importância dos SPO permaneceu, apesar das evi- distúrbios da atenção e avolição.4 Sintomas como delírios, alu- dências em contrário, especialmente na psiquiatria britânica. cinações, distúrbios do humor ou catatonia eram considerados Os conceitos de Kraepelin, Bleuler e Schneider formam a base não essenciais ao diagnóstico e, portanto, acessórios. para a compreensão de esquizofrenia e fazem parte do cabedal Apesar de Bleuler ter proposto a esquizofrenia como um conceitual dos psiquiatras,12 estando presentes nos critérios di- conceito aperfeiçoado da demência precoce, muitos autores agnósticos que operacionalizam o conceito de esquizofrenia.9,13 consideravam as mesmas entidades clínicas distintas.1 As maiores diferenças residem no fato de que as descrições A expansão do conceito kraepelinianas são puramente empíricas, ao passo que as de A expansão do conceito de esquizofrenia deu-se predomi- Bleuler são guiadas por uma teoria, na qual os sintomas fun- nantemente nos Estados Unidos, sobretudo devido às influên- damentais são a expressão de uma alteração cerebral cias de Meyer e Sullivan, especialmente as do último, que inter- subjacente e os acessórios representam uma reação da perso- pretava os conceitos bleulerianos à luz da psicanálise. Outros nalidade, com a emergência daquilo que Bleuler chamou de autores dilataram o conceito de outras formas, como Kasanim “complexos afetivamente carregados”. com a psicose esquizoafetiva, que abolia a dicotomia Essa desconexão entre sintomas fundamentais e acessórios kraepeliniana, ou como Hoch e Polatin, que aproximaram a es- foi também chamada de desdobramento ou cisão (“Spaltung”, quizofrenia dos transtornos de personalidade por meio do con- em alemão), o que deu origem ao termo esquizofrenia. Por ceito de esquizofrenia “pseudoneurótica”, levando muitos pa- outro lado, foi o primeiro mecanismo proposto para compre- cientes, que hoje seriam diagnosticados como bipolares ou com ensão do transtorno, tendo sido recentemente retomado à luz transtornos de personalidade, a serem diagnosticados como das neurociências.6 esquizofrênicos. Semelhantes ou diversos, os dois conceitos levaram a uma Como resultado desses fatos, a segunda edição do Diagnostic situação paradoxal: Kraepelin descreveu uma entidade clíni- and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-II), classifi- ca sem definir qualquer sintoma patognomônico; Bleuler, ao cação de transtornos mentais da Associação Psiquiátrica Ame- contrário, preocupou-se em definir tais sintomas, porém não ricana feita em 1968, apresenta um conceito de esquizofrenia falava em uma entidade clínica única, mas em um “grupo das muito amplo, com uma descrição de sintomas pouco elaborada, esquizofrenias”.1 sendo considerado psicótico todo paciente que era “incapaz A necessidade clínica de identificar sintomas característicos de atender às demandas da vida diária”.7 da esquizofrenia marcou também tais décadas, com Rümke em Apesar de autores como Langfeld, em 1939, descreverem for- 1941, com seu “sentimento precoce”, (Praecoxgefühl) e, sobre- mas “esquizofreniformes” em oposição àquelas deteriorantes tudo, com Schneider em 1948 e seus “Sintomas de primeira or- kraepelianianas, na Europa o conceito de esquizofrenia mante- dem” (SPO),7 sendo:8,9 ouvir os próprios pensamentos soando ve-se dentro de limites mais restritos, especialmente na Ingla- alto (sonorização do pensamento); escutar vozes sob a forma terra, devido à influência dos critérios Schneider e Kraepelin. O de argumento e contra-argumento; escutar, com comentários, projeto US-UK (1996-1970), um estudo colaborativo entre os vozes que acompanham as próprias atividades; ter vivências Estados Unidos e o Reino Unido, mostrou que os psiquiatras de influência corporal; ter roubo do pensamento e outras for- americanos diagnosticavam a esquizofrenia de forma muito mais mas de influência do pensamento; sentir tudo como sendo feito ampla que os psiquiatras britânicos, incluindo no conceito ca- ou influenciado pelos outros no campo dos sentimentos, sos de transtornos de personalidade e de humor.7 pulsões e vontade; e ter percepção delirante. Os SPO de Schneider exerceram grande influência sobre a A restrição do conceito psiquiatria britânica, sobretudo na elaboração do diagnóstico A reação veio rápida no início da década de 70, quando pesqui- de esquizofrenia pelo Present State Examination (PSE).1 O PSE sadores da Universidade de Washington publicaram os primeiros foi a base para o exame de pacientes com esquizofrenia em 9 critérios diagnósticos estruturados,14 nos quais os critérios para países, o que deu origem ao Estudo Piloto Internacional da esquizofrenia tornaram-se restritos, com a inclusão de sintomas Esquizofrenia (International Pilot Study of Schizophrenia, IPSS), schneiderianos e bleulerianos, assim como de um período mínimo um trabalho transcultural patrocinado pela Organização Mun- de doença de 6 meses (uma clara retomada do conceito evolutivo dial da Saúde (OMS), cujo objetivo era verificar invariantes da kraepeliniano). Alguns anos depois, o “Research Diagnostic esquizofrenia. O IPSS concluiu que a esquizofrenia era um trans- Criteria” (RDC)15 trazia novos critérios, enfatizando o uso dos SPO. torno psiquiátrico universal, com alguns sintomas comuns in- A publicação da 3a edição da classificação americana (o SI 24
  • 3. Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6 Evolução do conceito no século Elkis H DSM-III), em 1980, sintetiza esse período. No critério A dessa ausência de alterações cerebrais estruturais. A dimensão negati- classificação, tanto sintomas bleulerianos como va (tipo II) associava-se a uma má resposta ao tratamento scheneiderianos são introduzidos. O critério B inclui a noção neuroléptico, cronicidade, provável redução de receptores kraepeliniana de “deterioração a partir de um nível prévio”. dopaminérgicos e alterações cerebrais estruturais.19 Além disso, No C, inclui-se, além dos 6 meses de história (noção o conceito de sintomas negativos passou a figurar oficialmente krepelineana de evolução), a distinção com a doença manía- dentro dos critérios A do DSM-IV. co-depressiva.16 As edições seguintes da DSM, incluindo a O conceito de esquizofrenia da 9a Edição da Classificação edição revisada da DSM-III (DSM-III-R) (1987) e o DSM-IV Internacional das Doenças (CID-9) da OMS era descritivo e, em (1994), mantiveram basicamente o mesmo algoritmo diagnós- termos de descrição sintomatológica, contemplava tanto a pre- tico, fazendo com que o conceito de esquizofrenia do DSM se sença de SPO quanto a de distúrbios do pensamento e tornasse um dos mais restritos do mundo.17 embotamento afetivo, associados a delírios e alucinações. No Em 1974, pesquisadores que haviam participado do IPSS entanto, não há referência quanto à duração da doença, o que procuraram uma simplificação dos tipos de sintomas da es- não ocorre com a 10a e atual edição dessa classificação, a CID- quizofrenia e, parcialmente inspirados no modelo de doença 10, que a fixou em um mês, além de privilegiar a presença de SPO mental de Hughlings Jackson, que propõe que a mesma po- para o diagnóstico.20 Devido a esses aspectos, certos autores deria ser melhor definida a partir de dois processos, subdivi- argumentam que a combinação de uma duração tão curta e a diram os sintomas da esquizofrenia em dois grandes grupos: predominância da SPO dentro de seus critérios tornaram o con- positivos ou psicóticos (por exemplo, delírios e alucinações) ceito de esquizofrenia da CID-10 novamente muito amplo.17 e negativos ou deficitários (por exemplo, embotamento afeti- Diferentemente do que ocorre com o conceito de depressão, vo, avolição).18 que é relativamente homogêneo ou monotético, a dificuldade A noção de sintomas positivos e negativos teve grande influ- do conceito de esquizofrenia reside no fato de que ele é um ência sobre o conceito de esquizofrenia, sobretudo a partir de conceito politético, heterogêneo, que alberga outros 1980, quando Crow introduziu a idéia de dimensões positivas e subconceitos, às vezes conflitantes entre si.17,5 Talvez por essa negativas pelo conceito de duas “síndromes da esquizofrenia”. razão, Hoenig, que traduziu a “Psicopatologia geral” de Karl A dimensão ou síndrome positiva (tipo I) era representada por Jaspers para o inglês, tenha afirmado que o capítulo final da um quadro agudo, reversível, com boa resposta ao tratamento história do conceito de esquizofrenia ainda não foi escrito,1 o neuroléptico, provável aumento de receptores dopaminérgicos e que se espera poder acontecer no próximo século. Referências 1. Hoenig J. Schizophrenia: clinical section. In: Porter GBR, editor. A 9. Elkis H. Os conceitos de esquizofrenia e seus efeitos sobre os crité- history of clinical psychiatry. London: The Athlone Press; 1995. rios diagnósticos modernos. J Bras Psiquiatr 1990;39:221-7. p. 336-48. 10.Carpenter WT, Strauss JS, Bartko J. An approach to the diagnosis 2. Kraepelin E. Dementia praecox and paraphrenia. (From the and understanding of schizophrenia: part I. Use of signs and German 8th Edition of the Textbook of Psychiatry ed.) Edinburgh: symptoms for the identification of schizophrenic patients. E & S Livingstone; 1919. p. 74-5. Schizophr Bull 1974;11:37-49. 3. Bleuler E. The prognosis of dementia praecox: the group of 11.Pope H, Lipinski J. Diagnosis of schizophrenia and manic-depressive schizophrenias (Die prognose der dementia praecox: illness. Arch Gen Psychiatry 1978;35:811-28. schizophreniegruppe. Algemeine Zeitschrift fur Psychiatrie 12.Santos D, Blizard R, Mann A. The development of a scale to 1908;65:436-64). In: Shepperd JCM, editor. The clinical roots of measure concepts of schizophrenia: experience among Brazilian the schizophrenia concept: translations of the seminal contributions psychiatrists. Rev Saúde Pública 1998;32:201-8. on schizophrenia. Cambridge: Cambridge University Press; 1967 13.Elkis H, Friedman L, Thompson P, Maes M, Meltzer H. The concept p. 59-74. of schizophrenia and the phenomenological models of Kraepelin, 4. Bleuler E. Dementia praecox or the group of schizophrenias. Bleuler and Schneider: A confirmatory factor analysis. Schizophr Monograph series on schizophrenia. Vol 1.New York: International Res 1995;15:15. University Press; 1950. 14. Feighner J, Robins E, Guze S, Woodruf R, Munhoz RG. Diagnostic 5. Elkis H. Contribuição para o estudo da estrutura psicopatológica criteria for use in psychiatry research. Arch Gen Psychiatry multifatorial da esquizofrenia [tese de livre-docência]. São Paulo: 1972;26:57-63. Universidade de São Paulo; 1996. 15.Spitzer RL, Endicott J, Robins E. Research Diagnostic Criteria 6. Andreasen NC. A unitary model of schizophrenia: Bleuler ’s (RDC) for a Selected Group of Functional Disorders. New York: “fragmented phrene” as schizencephaly. Arch Gen Psychiatry Biometrics Research; 1978. 1999;56:781-7. 16.American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Ma- 7. Peters CP. Concepts of schizophrenia after Kraepelin and Bleuler. nual of Mental Disorders. 3rd ed. Washington (DC): American In: Howells JG, editor. The concept of schizophrenia: historical Psychiatric Press Inc; 1980. perspectives. Washington (DC): American Psychiatric Press; 1991 17.Andreasen N, Flaum M. Characteristics symptoms of schizophrenia. p. 93-107. In: TA Widiger AF, Pincus HA, First MB, Ross R, Davis W, editors. 8. Schneider K. Primary and secondary symptoms of schizophrenia DSM – IV Source Book. Section III: Schizophrenia and other (1957). In: Shepperd SHM, editor. Themes and variations on european psychotic disorders. Washington (DC): American Psychiatric Press; psychiatry. Bristol: John Wright & Sons Ltd; 1974. p. 40-4. 1994. p. 351-79. SI 25
  • 4. Evolução do conceito no século Rev Bras Psiquiatr 2000;22(Supl I):23-6 Elkis H 18.Strauss JS, Carpenter WT, Bartko JJ. An approach to the diagnosis 19.Crow TJ. Molecular pathology of schizophrenia: more than one and understanding of schizophrenia – Part III. Speculations on the disease process? Br Med J 1980;280:66-8. processes that underlie schizophrenic symptoms and signs. Schizophr 20.Organização Mundial da Saúde. Classificação dos Transtornos Mentais Bull 1974;11:69. e do Comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993. Correspondência: Hélio Elkis Departamento de Psiquiatria da FMUSP - Coordenador do Projesq - Rua Ovídio Pires de Campos, s/nº, sala 4.039 CEP 05403-010 São Paulo, SP - E-mail: helkis@usp.br SI 26