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- UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL METALÚRGICA DE VOLTA REDONDA
PROFESSORA: SALETE BUFFONI DISCIPLINA: RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS
Flambagem de Colunas
Introdução
Os sistemas mecânicos e estruturas em geral quando estão submetidos a carregamentos,
podem falhar de várias formas, o que vai depender do material usado, do tipo de estrutura, das
condições de apoio, entre outras considerações. Quando se projeta um elemento, é necessário que
ele satisfaça requisitos específicos de tensão, deflexão e estabilidade.
Figura 1 – Flambagem de uma coluna devido a um carregamento axial de compressão P.
Definição: Elementos compridos e esbeltos sujeitos a uma força axial de compressão são chamados
de colunas e a deflexão lateral que sofrem é chamada de flambagem. Em geral a flambagem leva a
uma falha repentina e dramática da estrutura.
Figura 2 - Alguns elementos acoplados com pinos usados em partes móveis de maquinaria, como
este elo curto, estão sujeitos a cargas de compressão e, assim agem como colunas.
2
Cálculo da Carga Crítica ( crP )
Definição: É a carga axial máxima que uma coluna pode suportar antes de ocorrer a flambagem.
Qualquer carga adicional provocará flambagem na coluna.
Para compreender melhor esse tipo de instabilidade, considere um mecanismo formado por
duas barras sem peso rígidas e acopladas por pinos nas duas extremidades.
Figura 3 –(a) Mola com rigidez k sem deformação (b) Deslocamento do pino em A de uma posição
Δ (c) Diagrama de corpo livre.
Tipos de equilíbrio
4
kL
P < - Equilíbrio estável
4
kL
P > - Equilíbrio Instável (1)
4
kL
P = - Equilíbrio Neutro - Carga Critica
3
Os estados de equilíbrio apresentados na expressão (1) estão mostrados na Figura 4.
Figura 4 - Estados de equilibro do mecanismo da Figura 3.
As três condições de equilíbrio representadas pela Figura 4, são similares àquelas de uma bola
colocada sobre uma superfície lisa, como na Figura 5.
Figura 5 – Bola em equilíbrio, estável, instável e neutro.
Colunas com Apoios Simples (Pinos)
A coluna da Figura 6 é carregada por uma força vertical P que é aplicada através do
centróide da seção transversal da extremidade. A coluna é perfeitamente reta e é feita de um
material elástico linear que segue a lei de Hooke. Uma vez que se considera que a coluna não tem
imperfeições, ela é chamada de coluna ideal.
Figura 6 - Coluna com extremidades apoiadas por pinos: (a) Coluna Ideal, (b) Forma em flambagem
(c) Força axial P e momento fletor M agindo na seção transversal.
4
Comportamento da Coluna Ideal
Se crPP < , a coluna está em equilíbrio estável na posição reta.
Se crPP = , a coluna está em equilíbrio neutro tanto na posição reta quanto na posição levemente
flexionada.
Se crPP > , a coluna está em equilíbrio instável na posição retilínea e irá flambar sobre a menor
perturbação.
Equação Diferencial para Flambagem de Coluna
Para determinar os carregamentos críticos correspondentes às formas defletidas para uma
coluna real apoiada por pinos, usamos as equações diferenciais da curva de deflexão de uma viga.
Essas equações são aplicáveis a uma coluna flambada porque a coluna flete como se fosse uma viga.
Tem-se a seguinte equação:
MEI "
=ν (2)
Onde,
νPM −= (3)
E se a coluna flambar para a direita?
Figura 7 – Coluna com extremidades apoiadas por pinos (Direção alternativa de flambagem)
A equação diferencial da curva de deflexão se torna
νν PEI "
−= (4)
A eq. (4) é uma equação diferencial linear homogênea de segunda ordem com coeficientes
constantes.
Solução da equação diferencial
Notação:
EI
P
k 2
= (5)
5
A solução geral da equação (4) é:
( ) ( )kxCkxsenC cos21 +=ν (6)
As duas condições de contorno são determinadas pelas condições de contorno nas extremidades da
coluna. Como 0=ν em x=0, então 02 =C .E como 0=ν em x=L, então:
( ) 01 =kLsenC (7)
A equação (7) é satisfeita se :
πnLk = (8)
Ou
2
22
L
EIn
P
π
= n=1,2,3,... (9)
O menor valor de P é obtido quando n=1, e a carga crítica para a coluna , é portanto:
2
2
L
EI
Pcr
π
= (10)
crP - Carga crítica ou carga axial máxima na coluna imediatamente antes da flambagem, essa carga
não deve permitir que a tensão na coluna exceda o limite de proporcionalidade.
E – módulo de elasticidade do material
I – O menor momento de inércia da área da seção transversal.
L - Comprimento da coluna sem apoio, cujas extremidades são apoiadas por pinos.
crP Denomina-se também de carga de Euler em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler,
que solucionou o problema em 1757.
Em projeto se utiliza a eq. (10) em função do raio de giração, onde o momento de inércia é:
2
ArI = (11)
Onde A e a área da seção transversal e r o raio de giração da área da seção transversal. Dessa forma
tem-se:
( )
2
22
L
ArE
Pcr
π
= ⇒
( )2
2
rL
E
A
Pcr π
=⎟
⎠
⎞
⎜
⎝
⎛
(12)
Dessa forma,a tensão critica e dada pela seguinte expressão:
( )2
2
rL
E
cr
π
σ = (13)
Onde
crσ - Tensão critica que é a tensão media na coluna imediatamente antes de a coluna flambar, essa
tensão é uma tensão elástica e, portanto, Ecr σσ ≤
E - módulo de elasticidade do material
L - comprimento da coluna sem apoio, cujas extremidades são presas por pinos
R - o menor raio de giração da coluna, determinado por AIr = , onde I e o menor momento de
inércia da área da seção transversal A da coluna.
A forma fletida correspondente e definida pela equação.
L
x
senC
π
ν 1= (14)
6
Aqui a constante C1 representa a deflexão máxima, maxν , que ocorre no ponto médio da coluna
como apresenta a Figura 8. Valores para C1 não podem ser obtidos, pois se desconhece a forma
fletida exata da coluna. Por exemplo, se n=2 aparecerão duas ondas na forma flambada como na
Figura 8.c.
Figura 8 – (a) Modo de flambagem para n=1 (c) Modo de flambagem para n=2
7
Representa-se o comportamento carga-deflexao da coluna ideal pelo gráfico mostrado na Figura 9.
Figura 9- Comportamento carga deflexão para a coluna ideal.
A carga crítica expressa em (10) independe da resistência do material dependendo apenas
das dimensões da seção e comprimento da coluna (I e L) e módulo de elasticidade E do material que
compõe a coluna.
À medida que o momento de inércia sobe, a capacidade de carga da coluna sobe. As colunas
eficientes são projetadas de tal forma que a quantidade de material fique mais distante possível dos
eixos principais.
Nota-se também que a coluna sofrerá flambagem em torno do eixo principal da seção
transversal de menor momento de inércia (o eixo mais fraco), por exemplo, uma coluna de seção
retangular sofre flambagem em torno do eixo a-a como apresenta a Figura 10.
Figura 10 – Flambagem da coluna em torno do eixo com menor momento de inércia.
Os engenheiros tentam construir colunas onde os momentos de inércia em relação à x e a y
sejam iguais, por isso que colunas na forma de tubo ou quadradas são ideais.A Figura 11 apresenta
colunas com seção tubular.
8
Figura 11 - Colunas interiores de seção tubular para sustentação da cobertura de um prédio.
Exercício
1- Um tubo de aço A-36 com 24 ft de comprimento e a seção transversal mostrada na Figura 12
deve ser usado como uma coluna, a ser presa por um pino na extremidade. Determinar a
carga axial máxima admissível que a coluna suportara sem sofrer
flambagem. ( ) ksiEaco
3
1029=
Figura 12 - Tubo de aço como coluna.
Resposta - kipPcr 5,64= , Ecr ksi σσ <= 3,14 =36 ksi, a aplicação da equação de Euler e
apropriada para o caso.
9
Referências
1. BEER, F.P. e JOHNSTON, JR., E.R. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Makron Books, 1995.
2. Gere, J. M. Mecânica dos Materiais, Editora Thomson Learning
3. HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000.
Observações:
1- O presente texto é baseado nas referências citadas.
2- Todas as figuras se encontram e são de autoria das referências citadas.

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Flambagem de Colunas

  • 1. 1 - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL METALÚRGICA DE VOLTA REDONDA PROFESSORA: SALETE BUFFONI DISCIPLINA: RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Flambagem de Colunas Introdução Os sistemas mecânicos e estruturas em geral quando estão submetidos a carregamentos, podem falhar de várias formas, o que vai depender do material usado, do tipo de estrutura, das condições de apoio, entre outras considerações. Quando se projeta um elemento, é necessário que ele satisfaça requisitos específicos de tensão, deflexão e estabilidade. Figura 1 – Flambagem de uma coluna devido a um carregamento axial de compressão P. Definição: Elementos compridos e esbeltos sujeitos a uma força axial de compressão são chamados de colunas e a deflexão lateral que sofrem é chamada de flambagem. Em geral a flambagem leva a uma falha repentina e dramática da estrutura. Figura 2 - Alguns elementos acoplados com pinos usados em partes móveis de maquinaria, como este elo curto, estão sujeitos a cargas de compressão e, assim agem como colunas.
  • 2. 2 Cálculo da Carga Crítica ( crP ) Definição: É a carga axial máxima que uma coluna pode suportar antes de ocorrer a flambagem. Qualquer carga adicional provocará flambagem na coluna. Para compreender melhor esse tipo de instabilidade, considere um mecanismo formado por duas barras sem peso rígidas e acopladas por pinos nas duas extremidades. Figura 3 –(a) Mola com rigidez k sem deformação (b) Deslocamento do pino em A de uma posição Δ (c) Diagrama de corpo livre. Tipos de equilíbrio 4 kL P < - Equilíbrio estável 4 kL P > - Equilíbrio Instável (1) 4 kL P = - Equilíbrio Neutro - Carga Critica
  • 3. 3 Os estados de equilíbrio apresentados na expressão (1) estão mostrados na Figura 4. Figura 4 - Estados de equilibro do mecanismo da Figura 3. As três condições de equilíbrio representadas pela Figura 4, são similares àquelas de uma bola colocada sobre uma superfície lisa, como na Figura 5. Figura 5 – Bola em equilíbrio, estável, instável e neutro. Colunas com Apoios Simples (Pinos) A coluna da Figura 6 é carregada por uma força vertical P que é aplicada através do centróide da seção transversal da extremidade. A coluna é perfeitamente reta e é feita de um material elástico linear que segue a lei de Hooke. Uma vez que se considera que a coluna não tem imperfeições, ela é chamada de coluna ideal. Figura 6 - Coluna com extremidades apoiadas por pinos: (a) Coluna Ideal, (b) Forma em flambagem (c) Força axial P e momento fletor M agindo na seção transversal.
  • 4. 4 Comportamento da Coluna Ideal Se crPP < , a coluna está em equilíbrio estável na posição reta. Se crPP = , a coluna está em equilíbrio neutro tanto na posição reta quanto na posição levemente flexionada. Se crPP > , a coluna está em equilíbrio instável na posição retilínea e irá flambar sobre a menor perturbação. Equação Diferencial para Flambagem de Coluna Para determinar os carregamentos críticos correspondentes às formas defletidas para uma coluna real apoiada por pinos, usamos as equações diferenciais da curva de deflexão de uma viga. Essas equações são aplicáveis a uma coluna flambada porque a coluna flete como se fosse uma viga. Tem-se a seguinte equação: MEI " =ν (2) Onde, νPM −= (3) E se a coluna flambar para a direita? Figura 7 – Coluna com extremidades apoiadas por pinos (Direção alternativa de flambagem) A equação diferencial da curva de deflexão se torna νν PEI " −= (4) A eq. (4) é uma equação diferencial linear homogênea de segunda ordem com coeficientes constantes. Solução da equação diferencial Notação: EI P k 2 = (5)
  • 5. 5 A solução geral da equação (4) é: ( ) ( )kxCkxsenC cos21 +=ν (6) As duas condições de contorno são determinadas pelas condições de contorno nas extremidades da coluna. Como 0=ν em x=0, então 02 =C .E como 0=ν em x=L, então: ( ) 01 =kLsenC (7) A equação (7) é satisfeita se : πnLk = (8) Ou 2 22 L EIn P π = n=1,2,3,... (9) O menor valor de P é obtido quando n=1, e a carga crítica para a coluna , é portanto: 2 2 L EI Pcr π = (10) crP - Carga crítica ou carga axial máxima na coluna imediatamente antes da flambagem, essa carga não deve permitir que a tensão na coluna exceda o limite de proporcionalidade. E – módulo de elasticidade do material I – O menor momento de inércia da área da seção transversal. L - Comprimento da coluna sem apoio, cujas extremidades são apoiadas por pinos. crP Denomina-se também de carga de Euler em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler, que solucionou o problema em 1757. Em projeto se utiliza a eq. (10) em função do raio de giração, onde o momento de inércia é: 2 ArI = (11) Onde A e a área da seção transversal e r o raio de giração da área da seção transversal. Dessa forma tem-se: ( ) 2 22 L ArE Pcr π = ⇒ ( )2 2 rL E A Pcr π =⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ (12) Dessa forma,a tensão critica e dada pela seguinte expressão: ( )2 2 rL E cr π σ = (13) Onde crσ - Tensão critica que é a tensão media na coluna imediatamente antes de a coluna flambar, essa tensão é uma tensão elástica e, portanto, Ecr σσ ≤ E - módulo de elasticidade do material L - comprimento da coluna sem apoio, cujas extremidades são presas por pinos R - o menor raio de giração da coluna, determinado por AIr = , onde I e o menor momento de inércia da área da seção transversal A da coluna. A forma fletida correspondente e definida pela equação. L x senC π ν 1= (14)
  • 6. 6 Aqui a constante C1 representa a deflexão máxima, maxν , que ocorre no ponto médio da coluna como apresenta a Figura 8. Valores para C1 não podem ser obtidos, pois se desconhece a forma fletida exata da coluna. Por exemplo, se n=2 aparecerão duas ondas na forma flambada como na Figura 8.c. Figura 8 – (a) Modo de flambagem para n=1 (c) Modo de flambagem para n=2
  • 7. 7 Representa-se o comportamento carga-deflexao da coluna ideal pelo gráfico mostrado na Figura 9. Figura 9- Comportamento carga deflexão para a coluna ideal. A carga crítica expressa em (10) independe da resistência do material dependendo apenas das dimensões da seção e comprimento da coluna (I e L) e módulo de elasticidade E do material que compõe a coluna. À medida que o momento de inércia sobe, a capacidade de carga da coluna sobe. As colunas eficientes são projetadas de tal forma que a quantidade de material fique mais distante possível dos eixos principais. Nota-se também que a coluna sofrerá flambagem em torno do eixo principal da seção transversal de menor momento de inércia (o eixo mais fraco), por exemplo, uma coluna de seção retangular sofre flambagem em torno do eixo a-a como apresenta a Figura 10. Figura 10 – Flambagem da coluna em torno do eixo com menor momento de inércia. Os engenheiros tentam construir colunas onde os momentos de inércia em relação à x e a y sejam iguais, por isso que colunas na forma de tubo ou quadradas são ideais.A Figura 11 apresenta colunas com seção tubular.
  • 8. 8 Figura 11 - Colunas interiores de seção tubular para sustentação da cobertura de um prédio. Exercício 1- Um tubo de aço A-36 com 24 ft de comprimento e a seção transversal mostrada na Figura 12 deve ser usado como uma coluna, a ser presa por um pino na extremidade. Determinar a carga axial máxima admissível que a coluna suportara sem sofrer flambagem. ( ) ksiEaco 3 1029= Figura 12 - Tubo de aço como coluna. Resposta - kipPcr 5,64= , Ecr ksi σσ <= 3,14 =36 ksi, a aplicação da equação de Euler e apropriada para o caso.
  • 9. 9 Referências 1. BEER, F.P. e JOHNSTON, JR., E.R. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Makron Books, 1995. 2. Gere, J. M. Mecânica dos Materiais, Editora Thomson Learning 3. HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. Observações: 1- O presente texto é baseado nas referências citadas. 2- Todas as figuras se encontram e são de autoria das referências citadas.