O documento descreve o transporte ferroviário, sua importância para o comércio e crescimento econômico, e a história do desenvolvimento dos caminhos de ferro em Portugal desde o século XIX, enfrentando desafios de capital e estagnação até investimentos nas décadas de 1990 em diante.
3. O transporte ferroviário é a transferência de pessoas ou
bens, entre dois locais geograficamente separados,
efectuada por um comboio, automotora ou
outro veículo semelhante. O comboio ou seu equivalente
circula numa via férrea composta por carris dispostos ao
longo de um percurso determinado.
O transporte ferroviário é uma parte fundamental da cadeia
logística que facilita as trocas comerciais e o crescimento
económico. É um meio de transporte com uma elevada
capacidade de carga e energeticamente eficiente, embora
careça de flexibilidade e exija uma contínua aplicação de
capital.
4. Na segunda metade do século XIX, os elementos da elite política, económica
e intelectual esforçavam-se por encontrar uma forma de modernizar o país. Muitos defendiam
que o desenvolvimento estava na construção de vias de comunicação. Após a construção da
primeira linha de ferro em Inglaterra, em 1825, admitia-se a sua introdução também em
Portugal.
Mas o país ainda não estava recomposto das guerras civis e das agitações políticas que tinha
enfrentado recentemente e, como tal, não possuía o capital necessário para tão grandioso
investimento. No entanto, os projectos foram sendo apresentados e, após a criação da
Companhia das Obras Públicas em Portugal, em 1844, é proposta a construção do caminho-
de-ferro entre Lisboa e a fronteira espanhola, proporcionando a possibilidade de ligação com
o resto da Europa.
5. Os anos oitenta vão encontrar os caminhos-de-ferro portugueses numa verdadeira
estagnação. Apesar da vontade do estado em atribuir verbas para o desenvolvimento
deste meio de transporte, os resultados práticos visíveis são reduzidos. Mesmo com a
entrada de Portugal para a Comunidade Económica Europeia, o panorama ferroviário
pouco muda. Os apoios atribuídos ao país eram canalizados, maioritariamente, para a
construção de estradas, vias rápidas e auto-estradas.
Apenas na década de noventa o caminho-de-ferro volta a receber alguma atenção por
parte do estado. São investidas largas verbas para a realização de obras de grande
envergadura. São adquiridas novas locomotivas eléctricas e electrificados alguns troços da
rede ferroviária
Relativamente ao comboio de alta velocidade, a ideia inicial surgiu ainda na década de
oitenta, prolongando-se no tempo até aos dias de hoje.