SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 1
A propósito de uma rede europeia de alta velocidade1
Há 38 anos foi inaugurado o AVE – a linha de alta velocidade Madrid-Sevilha – na
comemoração da chegada de Colombo à América.
Em 1998, a imitação lusa (através do centenário da chegada de Gama à Índia) consistiu
no projeto imobiliário do Parque das Nações; numa feira, com muito comércio e
saloíces tecnológicas; uma nova ponte no Tejo, estupidamente levada para Alcochete e
sem via ferroviária; e, o negócio de semoventes do PSD com navios alugados para
albergar turistas … que não os chegaram a ocupar. Nos anais de uma terra saloia terá
ficado a feijoada no tabuleiro da nova ponte…
Entretanto, houve muitos estudos sobre uma ligação ferroviária em bitola europeia,
com discussões infrutíferas sobre um T - deitado, de pé ou de cócoras - de ligação à
rede espanhola e que permita a chegada à Europa transpirenaica. Passados esses 28
anos, Portugal está desconectado da Europa ou mesmo, de Espanha por vias
ferroviárias modernas; com uma rede ferroviária e material circulante desatualizado e
linhas fechadas; com a entrega da exploração de um tráfego rentável (Fertagus) num
governo Guterres e a venda do tráfego de mercadorias (antiga CP-Cargo) por parte do
primeiro governo Costa.
Recorde-se ainda que a ponte 25 de Abril, embora construída em 1966 com estrutura
para suportar linha ferroviária, só 33 anos depois viu passar os primeiros comboios. As
capacidades políticas em Portugal, por norma, não são muito fecundas e, acrescentam
execuções muito retardadas. Um novo aeroporto na área de Lisboa também tem
décadas de atraso, para alegria (?) de quantos veem passar os aviões um pouco acima
das suas chaminés.
Entretanto, o que não falhou foi a construção de autoestradas com uma densidade
muito elevada, com dinheiros comunitários e que constituiu, primeiro, um maná para
grupos económicos da área das obras públicas e, depois para os grupos que as
exploram e que receberam, como brinde, o valor das portagens da ponte 25 de Abril…
que há muito já deveriam ter sido abolidas; a que se somaram as das pontes Vasco da
1
A propósito de uma carta enviada à Comissão Europeia por um grupo de signatários portugueses na
defesa de uma rede ferroviária moderna que ligue Portugal à Europa
Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 2
Gama e a de Benavente, casos únicos de pontes portajadas em terras lusas, depois de,
no rescaldo do 25 de Abril, a ponte de Vila Franca ter passado a ter uma utilização
liberta de portagem.
.
Em Portugal há 1 km de autoestrada por cada 30 km2 de território; um valor que
apenas ultrapassa países de grande densidade populacional como Alemanha, Eslovénia,
Luxemburgo, Países Baixos e Suíça. E, tendo em conta a desertificação do Interior não
se poderá dizer que as autoestradas a tenham reduzido, criado postos de trabalho, etc;
pelo contrário, constituem mais um elemento de diferenciação entre a faixa litoral, de
Setúbal a Viana do Castelo.
O mapa que se transcreve em seguida revela a situação atual, na Europa, quanto às
linhas de velocidade elevada (< 250km/h) ou alta velocidade (> 250km/h), em
exploração ou projetadas.
Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 3
Em 2018, Marrocos inaugurou uma linha de velocidade elevada entre Tanger e
Casablanca. O troço Tanger-Rabat (235 km) passou a permitir viagens de 1 h e 15 m
contra 3h e 30m anteriormente e, por um preço de €15.
O atraso ferroviário em Portugal não é de hoje, é crónico; é uma inerência do
subdesenvolvimento mas, acima de tudo da indigência cultural e política das
governações, tradicionalmente atoladas em compadrios e corrupção, usando e
abusando de uma população pobre, com um relativo baixo nível educativo e marcada
por uma tradição de opressão que vem de 48 anos de um fascismo de pendor beato;
por sua vez, herdado de quase 300 anos como “relógio atrasado pela Inquisição”, nas
palavras de um “estrangeirado” emigrado do século XVIII, Cavaleiro de Oliveira.
Os males vêm de muito longe como se pode observar, num mapa da rede ferroviária
europeia entre 1850/702
; ali, Portugal e os Balcãs são as únicas áreas apresentadas sem
rede ferroviária.
2
National Geographic – O Século XIX, Cem Anos de Progresso e Revolução. Nessa época, na inauguração
do primeiro troço ferroviário Lisboa-Carregado, com a presença da Corte, as damas tiveram de regressar
pela linha, com as saias arregaçadas, porque o comboio avariou.
Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 4
Este e outros textos em:
http://grazia-tanta.blogspot.com/
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
https://pt.scribd.com/uploads

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Ponte d. luiz
Ponte d. luizPonte d. luiz
Ponte d. luizPelo Siro
 
Trabalho elétricos hgp 2015
Trabalho elétricos hgp 2015Trabalho elétricos hgp 2015
Trabalho elétricos hgp 2015Ana Paiva
 
Apresentação - Rede FerroviáRia Nacional
Apresentação - Rede FerroviáRia NacionalApresentação - Rede FerroviáRia Nacional
Apresentação - Rede FerroviáRia Nacionalabarros
 
Transporteseensino
TransporteseensinoTransporteseensino
TransporteseensinoRoferro1964
 
O Novo Mapa de Portugal
O Novo Mapa de Portugal O Novo Mapa de Portugal
O Novo Mapa de Portugal Idalina Leite
 

Mais procurados (9)

Transportes ferroviários - comboio
Transportes ferroviários - comboioTransportes ferroviários - comboio
Transportes ferroviários - comboio
 
Ponte d. luiz
Ponte d. luizPonte d. luiz
Ponte d. luiz
 
Trabalho elétricos hgp 2015
Trabalho elétricos hgp 2015Trabalho elétricos hgp 2015
Trabalho elétricos hgp 2015
 
Apresentação - Rede FerroviáRia Nacional
Apresentação - Rede FerroviáRia NacionalApresentação - Rede FerroviáRia Nacional
Apresentação - Rede FerroviáRia Nacional
 
Ponte D. Luiz
Ponte D. LuizPonte D. Luiz
Ponte D. Luiz
 
Ponte D. Luiz
Ponte D. LuizPonte D. Luiz
Ponte D. Luiz
 
Os Eléctricos de Lisboa
Os Eléctricos de LisboaOs Eléctricos de Lisboa
Os Eléctricos de Lisboa
 
Transporteseensino
TransporteseensinoTransporteseensino
Transporteseensino
 
O Novo Mapa de Portugal
O Novo Mapa de Portugal O Novo Mapa de Portugal
O Novo Mapa de Portugal
 

Semelhante a Atraso ferroviário em Portugal é crónico devido à indigência cultural e política

Património cultural patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...
Património cultural   patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...Património cultural   patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...
Património cultural patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...Artur Filipe dos Santos
 
Transportes Ferroviários
Transportes Ferroviários Transportes Ferroviários
Transportes Ferroviários Viviana Macário
 
A Rede de Transportes na segunda metade do século XIX
A Rede de Transportes na segunda metade do século XIXA Rede de Transportes na segunda metade do século XIX
A Rede de Transportes na segunda metade do século XIXAntónio Teixeira
 
A travessia em ponte Chelas-Barreiro
A travessia em ponte Chelas-BarreiroA travessia em ponte Chelas-Barreiro
A travessia em ponte Chelas-BarreiroL L P
 
Portugal é assim
Portugal é assimPortugal é assim
Portugal é assimAJ Reis
 
O desprezo pela via ferroviária
O desprezo pela via ferroviáriaO desprezo pela via ferroviária
O desprezo pela via ferroviáriaGRAZIA TANTA
 
Parte 3ª os transportes e as comunicações no século xix
Parte 3ª   os transportes e as comunicações no século xixParte 3ª   os transportes e as comunicações no século xix
Parte 3ª os transportes e as comunicações no século xixanabelasilvasobral
 
TTT-A solução Chelas-Barreiro
TTT-A solução Chelas-BarreiroTTT-A solução Chelas-Barreiro
TTT-A solução Chelas-BarreiroL L P
 
Trabalho transportes ferroviários, 9º4
Trabalho transportes ferroviários, 9º4Trabalho transportes ferroviários, 9º4
Trabalho transportes ferroviários, 9º4Mayjö .
 
Transporte Ferroviário no Brasil - por Maísa da Silva Fernandes
Transporte Ferroviário no Brasil  - por  Maísa da Silva FernandesTransporte Ferroviário no Brasil  - por  Maísa da Silva Fernandes
Transporte Ferroviário no Brasil - por Maísa da Silva FernandesMaísa Fernandes
 
A eroporto da aorta , tgv
A eroporto da aorta , tgvA eroporto da aorta , tgv
A eroporto da aorta , tgvisabelsoares17
 
Tipos de Transportes
Tipos de TransportesTipos de Transportes
Tipos de Transporteslidia76
 
Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL
Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL
Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL paulojsvaz
 
Trabalho do rio tua
Trabalho do rio tuaTrabalho do rio tua
Trabalho do rio tuaPedroGil100
 
Transportes ferroviários
Transportes ferroviáriosTransportes ferroviários
Transportes ferroviáriosMayjö .
 
A IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os TransportesA IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os Transportesjdlimaaear
 
A IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os TransportesA IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os Transportesguest541661c7
 

Semelhante a Atraso ferroviário em Portugal é crónico devido à indigência cultural e política (20)

Património cultural patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...
Património cultural   patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...Património cultural   patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...
Património cultural patrimonio industrial português -o caminho de ferro em ...
 
Transportes Ferroviários
Transportes Ferroviários Transportes Ferroviários
Transportes Ferroviários
 
A Rede de Transportes na segunda metade do século XIX
A Rede de Transportes na segunda metade do século XIXA Rede de Transportes na segunda metade do século XIX
A Rede de Transportes na segunda metade do século XIX
 
A travessia em ponte Chelas-Barreiro
A travessia em ponte Chelas-BarreiroA travessia em ponte Chelas-Barreiro
A travessia em ponte Chelas-Barreiro
 
Portugal é assim
Portugal é assimPortugal é assim
Portugal é assim
 
O desprezo pela via ferroviária
O desprezo pela via ferroviáriaO desprezo pela via ferroviária
O desprezo pela via ferroviária
 
Parte 3ª os transportes e as comunicações no século xix
Parte 3ª   os transportes e as comunicações no século xixParte 3ª   os transportes e as comunicações no século xix
Parte 3ª os transportes e as comunicações no século xix
 
R.i.
R.i.R.i.
R.i.
 
Modal Ferroviário
Modal FerroviárioModal Ferroviário
Modal Ferroviário
 
TTT-A solução Chelas-Barreiro
TTT-A solução Chelas-BarreiroTTT-A solução Chelas-Barreiro
TTT-A solução Chelas-Barreiro
 
Trabalho transportes ferroviários, 9º4
Trabalho transportes ferroviários, 9º4Trabalho transportes ferroviários, 9º4
Trabalho transportes ferroviários, 9º4
 
Transporte Ferroviário no Brasil - por Maísa da Silva Fernandes
Transporte Ferroviário no Brasil  - por  Maísa da Silva FernandesTransporte Ferroviário no Brasil  - por  Maísa da Silva Fernandes
Transporte Ferroviário no Brasil - por Maísa da Silva Fernandes
 
A eroporto da aorta , tgv
A eroporto da aorta , tgvA eroporto da aorta , tgv
A eroporto da aorta , tgv
 
Tipos de Transportes
Tipos de TransportesTipos de Transportes
Tipos de Transportes
 
Rte t2014.20
Rte t2014.20Rte t2014.20
Rte t2014.20
 
Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL
Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL
Cenários de REABERTURA da ligação ferroviária do DOURO INTERNACIONAL
 
Trabalho do rio tua
Trabalho do rio tuaTrabalho do rio tua
Trabalho do rio tua
 
Transportes ferroviários
Transportes ferroviáriosTransportes ferroviários
Transportes ferroviários
 
A IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os TransportesA IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os Transportes
 
A IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os TransportesA IndúStria E Os Transportes
A IndúStria E Os Transportes
 

Mais de GRAZIA TANTA

Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdfUcrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdfGRAZIA TANTA
 
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.docAs desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.docGRAZIA TANTA
 
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdfBalofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdfGRAZIA TANTA
 
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdfAs balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdfGRAZIA TANTA
 
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdfUnião Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdfGRAZIA TANTA
 
As desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na EuropaAs desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na EuropaGRAZIA TANTA
 
A BideNato flight over
A BideNato flight overA BideNato flight over
A BideNato flight overGRAZIA TANTA
 
Um sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdfUm sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdfGRAZIA TANTA
 
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdfNATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdfGRAZIA TANTA
 
USA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdfUSA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdfGRAZIA TANTA
 
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdfEUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdfGRAZIA TANTA
 
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdfA NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdfGRAZIA TANTA
 
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UENato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UEGRAZIA TANTA
 
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxiGRAZIA TANTA
 
Speculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EUSpeculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EUGRAZIA TANTA
 
Eleições em portugal o assalto à marmita
Eleições em portugal   o assalto à marmitaEleições em portugal   o assalto à marmita
Eleições em portugal o assalto à marmitaGRAZIA TANTA
 
Os especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ueOs especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ueGRAZIA TANTA
 
Human beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial systemHuman beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial systemGRAZIA TANTA
 
Seres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiroSeres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiroGRAZIA TANTA
 
Textos de circunstância - 10
Textos de circunstância  - 10Textos de circunstância  - 10
Textos de circunstância - 10GRAZIA TANTA
 

Mais de GRAZIA TANTA (20)

Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdfUcrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
 
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.docAs desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
 
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdfBalofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
 
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdfAs balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
 
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdfUnião Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
 
As desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na EuropaAs desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na Europa
 
A BideNato flight over
A BideNato flight overA BideNato flight over
A BideNato flight over
 
Um sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdfUm sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdf
 
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdfNATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
 
USA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdfUSA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdf
 
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdfEUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
 
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdfA NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
 
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UENato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
 
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
 
Speculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EUSpeculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EU
 
Eleições em portugal o assalto à marmita
Eleições em portugal   o assalto à marmitaEleições em portugal   o assalto à marmita
Eleições em portugal o assalto à marmita
 
Os especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ueOs especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ue
 
Human beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial systemHuman beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial system
 
Seres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiroSeres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiro
 
Textos de circunstância - 10
Textos de circunstância  - 10Textos de circunstância  - 10
Textos de circunstância - 10
 

Atraso ferroviário em Portugal é crónico devido à indigência cultural e política

  • 1. Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 1 A propósito de uma rede europeia de alta velocidade1 Há 38 anos foi inaugurado o AVE – a linha de alta velocidade Madrid-Sevilha – na comemoração da chegada de Colombo à América. Em 1998, a imitação lusa (através do centenário da chegada de Gama à Índia) consistiu no projeto imobiliário do Parque das Nações; numa feira, com muito comércio e saloíces tecnológicas; uma nova ponte no Tejo, estupidamente levada para Alcochete e sem via ferroviária; e, o negócio de semoventes do PSD com navios alugados para albergar turistas … que não os chegaram a ocupar. Nos anais de uma terra saloia terá ficado a feijoada no tabuleiro da nova ponte… Entretanto, houve muitos estudos sobre uma ligação ferroviária em bitola europeia, com discussões infrutíferas sobre um T - deitado, de pé ou de cócoras - de ligação à rede espanhola e que permita a chegada à Europa transpirenaica. Passados esses 28 anos, Portugal está desconectado da Europa ou mesmo, de Espanha por vias ferroviárias modernas; com uma rede ferroviária e material circulante desatualizado e linhas fechadas; com a entrega da exploração de um tráfego rentável (Fertagus) num governo Guterres e a venda do tráfego de mercadorias (antiga CP-Cargo) por parte do primeiro governo Costa. Recorde-se ainda que a ponte 25 de Abril, embora construída em 1966 com estrutura para suportar linha ferroviária, só 33 anos depois viu passar os primeiros comboios. As capacidades políticas em Portugal, por norma, não são muito fecundas e, acrescentam execuções muito retardadas. Um novo aeroporto na área de Lisboa também tem décadas de atraso, para alegria (?) de quantos veem passar os aviões um pouco acima das suas chaminés. Entretanto, o que não falhou foi a construção de autoestradas com uma densidade muito elevada, com dinheiros comunitários e que constituiu, primeiro, um maná para grupos económicos da área das obras públicas e, depois para os grupos que as exploram e que receberam, como brinde, o valor das portagens da ponte 25 de Abril… que há muito já deveriam ter sido abolidas; a que se somaram as das pontes Vasco da 1 A propósito de uma carta enviada à Comissão Europeia por um grupo de signatários portugueses na defesa de uma rede ferroviária moderna que ligue Portugal à Europa
  • 2. Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 2 Gama e a de Benavente, casos únicos de pontes portajadas em terras lusas, depois de, no rescaldo do 25 de Abril, a ponte de Vila Franca ter passado a ter uma utilização liberta de portagem. . Em Portugal há 1 km de autoestrada por cada 30 km2 de território; um valor que apenas ultrapassa países de grande densidade populacional como Alemanha, Eslovénia, Luxemburgo, Países Baixos e Suíça. E, tendo em conta a desertificação do Interior não se poderá dizer que as autoestradas a tenham reduzido, criado postos de trabalho, etc; pelo contrário, constituem mais um elemento de diferenciação entre a faixa litoral, de Setúbal a Viana do Castelo. O mapa que se transcreve em seguida revela a situação atual, na Europa, quanto às linhas de velocidade elevada (< 250km/h) ou alta velocidade (> 250km/h), em exploração ou projetadas.
  • 3. Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 3 Em 2018, Marrocos inaugurou uma linha de velocidade elevada entre Tanger e Casablanca. O troço Tanger-Rabat (235 km) passou a permitir viagens de 1 h e 15 m contra 3h e 30m anteriormente e, por um preço de €15. O atraso ferroviário em Portugal não é de hoje, é crónico; é uma inerência do subdesenvolvimento mas, acima de tudo da indigência cultural e política das governações, tradicionalmente atoladas em compadrios e corrupção, usando e abusando de uma população pobre, com um relativo baixo nível educativo e marcada por uma tradição de opressão que vem de 48 anos de um fascismo de pendor beato; por sua vez, herdado de quase 300 anos como “relógio atrasado pela Inquisição”, nas palavras de um “estrangeirado” emigrado do século XVIII, Cavaleiro de Oliveira. Os males vêm de muito longe como se pode observar, num mapa da rede ferroviária europeia entre 1850/702 ; ali, Portugal e os Balcãs são as únicas áreas apresentadas sem rede ferroviária. 2 National Geographic – O Século XIX, Cem Anos de Progresso e Revolução. Nessa época, na inauguração do primeiro troço ferroviário Lisboa-Carregado, com a presença da Corte, as damas tiveram de regressar pela linha, com as saias arregaçadas, porque o comboio avariou.
  • 4. Grazia.tanta@gmail.com 15/8/2020 4 Este e outros textos em: http://grazia-tanta.blogspot.com/ http://www.slideshare.net/durgarrai/documents https://pt.scribd.com/uploads