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Natal na barca,
de Lygia Fagundes Telles
      Manoel Neves
ELEMENTOS DA NARRATIVA
                                           natal na barca
   narrador                                     narrador de primeira pessoa

 personagens      narradora, mulher [da cidade de Lucerna, na Paraíba], velho e criança de um ano de idade

    tempo                                              noite de Natal

    espaço                                      barca que atravessa um rio

técnicas usadas                                     diálogos, símbolos
ENREDO
                                                 natal na barca
Narra-se a travessia de um rio, em uma noite de Natal. Há silêncio, de inicio, até que as mulheres começam a conversar:
A caixa de fósforos escapou-me das mãos e quase resvalou para o rio. Agachei-me para apanhá-la. Sentindo
então alguns respingos no rosto, inclinei-me mais até mergulhar as pontas dos dedos na água.
– Tão gelada – estranhei enxugando a mão.
– Mas de manhã é quente.
Voltei-me para a mulher que embalava a criança e me observava com um meio sorriso. Sentei-me no banco ao
seu lado. Tinha belos olhos claros, extraordinariamente brilhantes. vi que suas roupas puídas (pobres roupas
puídas) tinham muito caráter, revestidas de certa dignidade.
A mulher q carregava o filho no colo diz que estava levando a criança ao médico e que, no passado, perdera um filho de
4 anos, q pulara de um muro, acreditando ser mágico. A mulher diz ainda q fora abandonada pelo marido, há seis meses,
   mas nunca fora abandonada por Deus. A narradora retira a manta que cobria a criança e se assusta com o que vê,
O menino estava morto. Entrelacei as mãos para dominar o tremor que me sacudiu. Estava morto. a mãe
continuava a niná-lo, apertando-o contra o peito. Mas ele estava morto. [...] Debrucei-me sobre a barca e
respirei penosamente: era como se estivesse mergulhada até o pescoço naquela água.
Após esse episódio, a embarcação chega ao seu destino. Entretanto, quando as mulheres vão se despedir, o inesperado
acontece: a criança acorda e a mãe diz q a febre do filho provavelmente passou. Despede-se na narradora desejando-lhe
        um feliz Natal. A narradora se volta para ver o rio e imagina como ele estaria de manhã: verde e quente.
ASPECTOS HISTORIOGRÁFICOS
                                natal na barca
                         Terceira Geração do Modernismo Brasileiro
1970                          laços frágeis das relações humanas

                         Os dramas são vividos na interioridade e, através da devassa da
                         intimidade da personagem, podem ser modelos de identificação para o
 Realismo fantástico     leitor. Lygia figura ainda na linha de um realismo fantástico incomum,
                         com textos situados entre a realidade e a fantasia, entre o sonho e o real,
                         obtendo climas de suspense que cria em estranhos ambientes.

                         Os fatos ficam em segundo plano. Há profusão do monólogo interior, do
                         discurso indireto livre, do fluxo de consciência, da superposição de
 Narrativas intimistas   planos temporais, da constante interseção do passado, demonstrando
                         que os acontecimentos que se fixaram na infância das personagens hão
                         de persistir pela vida afora e podem emergir a qualquer instante
ASPECTOS TEMÁTICOS
                                                natal na barca
O conto dialoga intertextualmente com o imaginário cristão: alude-se ao nascimento de Cristo. Nesse sentido, a barca

remete-nos à imagem da manjedoura que acolhera Jesus Cristo. Do mesmo modo, a jovem, humilde e amorosa, evoca

    a figura de Maria. A possível ressurreição da criança, ao final da história, é, sem dúvidas, um milagre de Natal.

   Há de se notar a linguagem altamente simbólica que opera por meio de oposições: noite x dia, gelado x quente,

 claro x escuro. Tais metáforas apontam para a oposição morte x vida que permeia o conto. O rio é outra metáfora de

caráter dúbio, pois pode tanto remeter à vida [ressurreição – vida] quanto à morte, na medida em que a história remete,

ainda que indiretamente, ao mito de Caronte, o barqueiro que, segundo os gregos, levava as almas para o outro lado.

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Natal na barca: um milagre de esperança

  • 1. Natal na barca, de Lygia Fagundes Telles Manoel Neves
  • 2. ELEMENTOS DA NARRATIVA natal na barca narrador narrador de primeira pessoa personagens narradora, mulher [da cidade de Lucerna, na Paraíba], velho e criança de um ano de idade tempo noite de Natal espaço barca que atravessa um rio técnicas usadas diálogos, símbolos
  • 3. ENREDO natal na barca Narra-se a travessia de um rio, em uma noite de Natal. Há silêncio, de inicio, até que as mulheres começam a conversar: A caixa de fósforos escapou-me das mãos e quase resvalou para o rio. Agachei-me para apanhá-la. Sentindo então alguns respingos no rosto, inclinei-me mais até mergulhar as pontas dos dedos na água. – Tão gelada – estranhei enxugando a mão. – Mas de manhã é quente. Voltei-me para a mulher que embalava a criança e me observava com um meio sorriso. Sentei-me no banco ao seu lado. Tinha belos olhos claros, extraordinariamente brilhantes. vi que suas roupas puídas (pobres roupas puídas) tinham muito caráter, revestidas de certa dignidade. A mulher q carregava o filho no colo diz que estava levando a criança ao médico e que, no passado, perdera um filho de 4 anos, q pulara de um muro, acreditando ser mágico. A mulher diz ainda q fora abandonada pelo marido, há seis meses, mas nunca fora abandonada por Deus. A narradora retira a manta que cobria a criança e se assusta com o que vê, O menino estava morto. Entrelacei as mãos para dominar o tremor que me sacudiu. Estava morto. a mãe continuava a niná-lo, apertando-o contra o peito. Mas ele estava morto. [...] Debrucei-me sobre a barca e respirei penosamente: era como se estivesse mergulhada até o pescoço naquela água. Após esse episódio, a embarcação chega ao seu destino. Entretanto, quando as mulheres vão se despedir, o inesperado acontece: a criança acorda e a mãe diz q a febre do filho provavelmente passou. Despede-se na narradora desejando-lhe um feliz Natal. A narradora se volta para ver o rio e imagina como ele estaria de manhã: verde e quente.
  • 4. ASPECTOS HISTORIOGRÁFICOS natal na barca Terceira Geração do Modernismo Brasileiro 1970 laços frágeis das relações humanas Os dramas são vividos na interioridade e, através da devassa da intimidade da personagem, podem ser modelos de identificação para o Realismo fantástico leitor. Lygia figura ainda na linha de um realismo fantástico incomum, com textos situados entre a realidade e a fantasia, entre o sonho e o real, obtendo climas de suspense que cria em estranhos ambientes. Os fatos ficam em segundo plano. Há profusão do monólogo interior, do discurso indireto livre, do fluxo de consciência, da superposição de Narrativas intimistas planos temporais, da constante interseção do passado, demonstrando que os acontecimentos que se fixaram na infância das personagens hão de persistir pela vida afora e podem emergir a qualquer instante
  • 5. ASPECTOS TEMÁTICOS natal na barca O conto dialoga intertextualmente com o imaginário cristão: alude-se ao nascimento de Cristo. Nesse sentido, a barca remete-nos à imagem da manjedoura que acolhera Jesus Cristo. Do mesmo modo, a jovem, humilde e amorosa, evoca a figura de Maria. A possível ressurreição da criança, ao final da história, é, sem dúvidas, um milagre de Natal. Há de se notar a linguagem altamente simbólica que opera por meio de oposições: noite x dia, gelado x quente, claro x escuro. Tais metáforas apontam para a oposição morte x vida que permeia o conto. O rio é outra metáfora de caráter dúbio, pois pode tanto remeter à vida [ressurreição – vida] quanto à morte, na medida em que a história remete, ainda que indiretamente, ao mito de Caronte, o barqueiro que, segundo os gregos, levava as almas para o outro lado.