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SER PROFETA É ENFRENTAR A REJEIÇÃO
BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: B – TEMPO LITÚRGICO: 14° DOM. COMUM - COR: VERDE
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. As comunidades celebram a fé naquele que se encarnou
no seio de Maria, se fez homem, sofreu, foi morto, sepultado e
ressuscitou. Na celebração da Ceia do Senhor recebemos a-
quele que foi rejeitado por ser trabalhador, filho de Maria, uma
pessoa como as demais do seu tempo, na aldeia de Nazaré. Em
outras palavras, recebemos aquele que encarnou plenamente a
realidade humana.
2. Estabelecer comunhão com ele é encarnar-se também e
correr todos os riscos: indiferença e rejeição (1ª leitura. Ez
2,2-5 e evangelho, Mc 6,1-6), injúrias, perseguições e angús-
tias por amor de Cristo (2ª leitura, 2Cor 12,7-10).
3. Se não nos escandalizamos com Jesus feito pão, por que
haveríamos de nos escandalizar quando pessoas ou comunida-
des tentam encarnar a realidade do povo que sofre?
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1ª leitura: (Ez 2,2-5): Por que os profetas são rejeitados?
4. A atividade de Ezequiel pode ser situada entre 593-571
a.C., período de graves dificuldades e sofrimentos para o povo
de Deus exilado na Babilônia. O profeta-sacerdote está lá,
junto ao povo, mas o que ele deve dizer não são palavras agra-
dáveis. Ezequiel precisa manter aquela lucidez própria dos
profetas em tempo de crise. Por isso sua missão tem algo de
dramático, pois acontece em ambiente difícil e hostil.
5. A primeira indicação importante que o texto nos fornece
está no v. 2a: “Entrou em mim um espírito e me pôs de pé”.
Ezequiel estava caído no chão por ter visto a glória de Javé
(capítulo 1). A visão de Deus o havia deixado prostrado. Isso
lembra a situação de prostração do povo exilado. Um espírito
põe Ezequiel novamente de pé: trata-se do espírito da lucidez
profética que discerne, em meio a situações difíceis e obscu-
ras, o que Deus fala através desses acontecimentos. Para ouvir
o que Deus tem a dizer (cf. v. 2b), o profeta precisa deixar-se
mover por aquele espírito que põe as pessoas novamente em
pé, ou seja, o espírito da profecia.
6. Os vv. 3-5 falam da missão profética e sua rejeição. O
profeta é enviado por Deus: “Filho do homem, eu envio você
aos israelitas… a estes filhos de cabeça dura e coração de
pedra, vou enviá-lo” (vv. 3a.4a). Além de ser mandado por
Deus, o profeta terá que falar em nome de Javé: “Você lhes
dirá: ‘Assim diz o Senhor Deus’ ” (v. 4b). Porém, a previsão
do que irá acontecer é sombria: o profeta não será ouvido, pois
os israelitas formam uma “nação de rebeldes, que se rebelaram
contra Javé. Eles e seus antepassados se rebelaram contra
Deus até o dia de hoje… pois são um bando de rebeldes” (cf.
vv. 3b.5a).
7. Logo em seguida, no v. 6, Ezequiel fica sabendo que sua
missão será como estar rodeado de espinhos e sentado sobre
escorpiões. Isso significa que ser profeta é pôr em risco sem
cessar a própria vida. Para o profeta não há previsão de elogi-
os, adulações ou aplausos.
8. Por que Ezequiel é obrigado a dizer essas coisas aos exi-
lados? É porque o exílio que muitos amargavam não era fruto
do acaso (como não é fruto do acaso a miséria, dependência e
opressão em que vive o nosso povo). O sofrimento de muitos
tinha responsáveis diretos, ou seja, as próprias elites, que tam-
bém se encontravam na Babilônia. São provavelmente essas
elites que constituem a “nação de rebeldes… filhos de cabeça
dura e coração de pedra” de que fala o profeta. Elas se torna-
rão surdas aos apelos que Deus faz por meio de Ezequiel.
9. As pessoas ponderadas podem perguntar se vale a pena
tanto esforço para tão pouco resultado, isto é, por que o profe-
ta deve gastar tempo e palavras com quem não lhe dá crédito
nem ouvidos? Não seria melhor deixar as coisas como estão?
Acontece que, mesmo sem ser ouvido, o profeta é um sinal de
que Deus não abandona seu povo. Ninguém poderá acusá-lo
de omissão ou silêncio. Além disso, no futuro – infelizmente
quase sempre no futuro – muitas pessoas descobrirão o valor
do profeta que já se foi. E, desejando talvez que voltasse, pro-
vavelmente estarão sendo surdas aos novos profetas que Deus
constantemente envia…
Evangelho (Mc 6,1-6): Por que Jesus-profeta é rejeitado?
10. Segundo Marcos, esta é a última vez que Jesus vai a Na-
zaré. É também a última vez que entra numa sinagoga, lugar
onde os judeus se reuniam aos sábados para ouvir a Palavra de
Deus e orar.
11. A última visita de Jesus a uma sinagoga é marcada pela
admiração. No início (cf. v. 2b), quem se admira são os ouvin-
tes. Porém a admiração não os leva à fé em Jesus, e sim a
rejeitá-lo. No final desse evangelho é Jesus quem se admira
com a falta de fé do povo daquele lugar (cf. v. 6a). Essa falta
de fé no homem-Jesus impede a realização de milagres (cf. v.
5), isto é, o Reino acaba não acontecendo em Nazaré.
12. Nas sinagogas daquele tempo, qualquer homem adulto
podia ler e interpretar para o povo as Escrituras. Contudo, na
maioria das vezes essa tarefa era considerada monopólio dos
doutores da Lei e fariseus. Eles tinham estudado as Escrituras.
Portanto, nada mais natural que fossem considerados os autên-
ticos intérpretes da vontade de Deus manifesta nos textos
sagrados. O povo era obrigado a ouvir e a pedir aos sabidões o
que era certo ou errado. Eles é que tinham a resposta para
tudo.
13. Marcos dá a entender que o povo estava cansado com esse
costume. De fato, quando Jesus entra pela primeira vez numa
sinagoga e começa a ensinar libertando (cf. 1,21-28), o povo
gosta desse novo ensinamento dado com autoridade (cf. 1,27).
14. Em Nazaré, terra de Jesus, as coisas tomaram rumo dife-
rente. É que Jesus não havia freqüentado nenhuma escola de
ensino das Escrituras, não fizera nenhuma especialização.
Além disso, seu ensinamento é acompanhado de uma prática
que liberta as pessoas de qualquer tipo de opressão ou margi-
nalização. Marcos não consegue mostrar Jesus ensinando sem
libertar. Mais ainda: seu ensinamento é uma prática que liber-
ta.
15. Em Nazaré, num dia de sábado, Jesus está ensinando na
sinagoga. Mais uma vez o evangelista não diz o que Jesus
ensina. Nós não precisamos de explicações, pois conhecemos
que tipo de ensinamento é o de Jesus.
16. O povo que está na sinagoga manifesta sua perplexidade e
descrédito em relação a Jesus. Isso está expresso nas perguntas
dos vv. 2-3. A primeira e a segunda levantam suspeita e ceti-
cismo: “De onde ele recebeu tudo isto? Como conseguiu tanta
sabedoria?” Por trás dessas objeções está o início da rejeição
de Jesus enquanto o Messias. Naquele tempo especulavam
muito sobre a origem do Messias. E a conclusão a que chega-
ram era esta: “Nós sabemos de onde vem esse Jesus, mas,
quando chegar o Messias, ninguém saberá de onde ele vem”
(Jo 7,27). Jesus, portanto, não poderia ser o Messias, pois sua
origem era conhecida por todos. Além disso, para os conterrâ-
neos de Jesus é impossível “fazer teologia” sem passar pela
escola dos doutores da Lei e fariseus.
17. A terceira pergunta levanta suspeitas sobre quem age por
meio de Jesus: “E esses grandes milagres que são realizados
por suas mãos?” Um pouco antes, alguns doutores da Lei
afirmavam que o chefe dos demônios agia em Jesus, levando-o
a expulsar demônios (cf. Mc 3,22). O povo de Nazaré deixa
transparecer essa mentalidade.
18. A última pergunta sintetiza todas as anteriores: “Esse
homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago,
de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui
conosco?” É uma pergunta desmoralizante e debochada.
Quando se queria desprezar alguém, bastava substituir o nome
do pai pelo da mãe. Por isso, a expressão “filho de Maria” (a
não ser que José já tivesse morrido), é altamente depreciativa.
E a conclusão é muito simples: “Ficaram escandalizados por
causa dele”, isto é, seus conterrâneos o rejeitaram.
19. Jesus, portanto, foi rejeitado porque se apresentou como
um trabalhador que cresceu em Nazaré ao lado de parentes,
amigos e conhecidos. Seus conterrâneos não descobriram nele
nada de extraordinário que pudesse indicá-lo como o Messias
de Deus. Mas a extraordinariedade de Jesus-Messias está jus-
tamente aí, na encarnação, no fato de não ter nada que possa
diferir da condição humana comum. O Filho de Deus se fez
como qualquer um de nós, e aqui está o nó da questão. Muitos
afirmam que não crêem porque não vêem. Os conterrâneos de
Jesus não crêem justamente porque vêem Jesus trabalhador, o
filho de Maria, um homem do povo, que não freqüentou ne-
nhuma escola superior, um homem que vem de Nazaré, luga-
rejo insignificante (cf. Jo 1,46) etc.
20. O escândalo da encarnação continua sendo um espinho
atravessado na garganta de muito cristão de boa vontade. Por
se encarnar nas realidades humanas, Jesus-Messias foi rejeita-
do. Isso faz pensar no desafio que é a encarnação do evange-
lho na realidade do povo. Ficaremos paralisados como os
conterrâneos de Jesus?
2ª leitura (2Cor 12,7-10): A mística que anima o agente de
pastoral
21. Paulo acabara de falar das grandes revelações que teve,
pois Deus o privilegiou com experiências extraordinárias. Ele
poderia se orgulhar dessas experiências, recorrendo a elas
como argumentos para aquelas ocasiões em que era contesta-
do, como os conflitos que transparecem nas cartas aos corín-
tios.
22. Paulo prefere abrir mão desses argumentos. Até as experi-
ências extraordinárias de Deus podem ser usadas para fomen-
tar a soberba e o orgulho (cf. v. 7). Ele afirma que “para eu
não me encher de soberba – em razão da grandeza das revela-
ções – foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás
para me esbofetear, a fim de que eu não me torne orgulhoso”.
23. Muito se especulou sobre a questão do “espinho na car-
ne”. E as respostas encontradas são muitas. Parece que o v. 10
dá a resposta a essa questão. “Espinho na carne” é isto: fra-
quezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias sofri-
das por amor de Cristo. Em outras palavras, trata-se dos con-
flitos que o agente de pastoral encontra e enfrenta dentro e ao
redor de si mesmo. Por dentro a pessoa se sente cheia de fra-
queza e de necessidades. Hoje poderíamos afirmar, por exem-
plo, que medo, insegurança, despreparo, falta de recursos
materiais e humanos etc. são parte das fraquezas e necessida-
des que batem à porta daqueles que se dispõe para a obra.
24. Por outro lado há os conflitos que vêm de fora. O texto
fala claramente de “injúrias, perseguições e angústias sofridas
por amor de Cristo”. Paulo passou por essas situações de mor-
te provocadas pelas armas da palavra mentirosa (injúrias) e
pelas armas propriamente ditas (perseguições).
25. Se olharmos para dentro de nós e ao nosso redor, veremos
que cada agente de pastoral possui um “espinho na carne”. É
preciso saber conviver com ele. Paulo pediu, por três vezes,
que Deus o livrasse disso tudo (cf. v. 8). Trata-se de uma
grande tentação à qual Deus não responde, ou seja, querer que
Deus resolva por nós os problemas. Um tanto ingenuamente,
Paulo gostaria que no caminho da evangelização não houvesse
nenhum obstáculo, nenhum conflito, nenhuma incerteza…
26. Deus responde a Paulo: “A você, basta a minha graça,
pois é na fraqueza que a força se mostra perfeita”. Nasce,
assim, uma espiritualidade do conflito, uma mística que des-
cobre Deus não no sucesso, mas justamente no aparente fra-
casso de pessoas e projetos, pois o próprio Deus se manifestou
vitorioso no aparente fracasso de Jesus na cruz: “De bom gra-
do, portanto, prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para
que a força de Cristo habite em mim. Por isso sinto alegria nas
fraquezas… pois quando sou fraco, então é que sou forte” (vv.
9b.10b).
27. Deus está presente nos conflitos internos e externos en-
frentados pelos discípulos. Não se trata de uma presença que
dispensa as pessoas, e sim de uma presença que é graça, força,
dinamismo. E por ser tal, ajudará os discípulos a conviver com
os próprios limites e a enfrentar os conflitos vindos de fora,
sem que sejam engolidos por eles: “Quando sou fraco, então é
que sou forte” (12,10b).
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
28. A primeira leitura (Ez 2,2-5) e o evangelho (Mc 6,1-6) abordam o tema da rejeição dos profetas.
Ezequiel e Jesus foram rejeitados. Hoje, quais são os profetas não aceitos pela sociedade e pela religi-
ão?
29. Os conterrâneos de Jesus o rejeitam porque ele se encarnou. A encarnação continua sendo o espi-
nho atravessado na garganta de muita gente, inclusive na Igreja. Por quê? Nossa comunidade tem medo
de se encarnar na realidade do povo?
30. Paulo (2Cor 12,7-10) aponta para uma espiritualidade do conflito e para uma mística que nasce
das limitações internas e dos conflitos externos. Como sentir-se forte na fraqueza, a ponto de ser nela
que a força se mostra perfeita?

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SER PROFETA É ENFRENTAR A REJEIÇÃO

  • 1. SER PROFETA É ENFRENTAR A REJEIÇÃO BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: B – TEMPO LITÚRGICO: 14° DOM. COMUM - COR: VERDE I. INTRODUÇÃO GERAL 1. As comunidades celebram a fé naquele que se encarnou no seio de Maria, se fez homem, sofreu, foi morto, sepultado e ressuscitou. Na celebração da Ceia do Senhor recebemos a- quele que foi rejeitado por ser trabalhador, filho de Maria, uma pessoa como as demais do seu tempo, na aldeia de Nazaré. Em outras palavras, recebemos aquele que encarnou plenamente a realidade humana. 2. Estabelecer comunhão com ele é encarnar-se também e correr todos os riscos: indiferença e rejeição (1ª leitura. Ez 2,2-5 e evangelho, Mc 6,1-6), injúrias, perseguições e angús- tias por amor de Cristo (2ª leitura, 2Cor 12,7-10). 3. Se não nos escandalizamos com Jesus feito pão, por que haveríamos de nos escandalizar quando pessoas ou comunida- des tentam encarnar a realidade do povo que sofre? II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura: (Ez 2,2-5): Por que os profetas são rejeitados? 4. A atividade de Ezequiel pode ser situada entre 593-571 a.C., período de graves dificuldades e sofrimentos para o povo de Deus exilado na Babilônia. O profeta-sacerdote está lá, junto ao povo, mas o que ele deve dizer não são palavras agra- dáveis. Ezequiel precisa manter aquela lucidez própria dos profetas em tempo de crise. Por isso sua missão tem algo de dramático, pois acontece em ambiente difícil e hostil. 5. A primeira indicação importante que o texto nos fornece está no v. 2a: “Entrou em mim um espírito e me pôs de pé”. Ezequiel estava caído no chão por ter visto a glória de Javé (capítulo 1). A visão de Deus o havia deixado prostrado. Isso lembra a situação de prostração do povo exilado. Um espírito põe Ezequiel novamente de pé: trata-se do espírito da lucidez profética que discerne, em meio a situações difíceis e obscu- ras, o que Deus fala através desses acontecimentos. Para ouvir o que Deus tem a dizer (cf. v. 2b), o profeta precisa deixar-se mover por aquele espírito que põe as pessoas novamente em pé, ou seja, o espírito da profecia. 6. Os vv. 3-5 falam da missão profética e sua rejeição. O profeta é enviado por Deus: “Filho do homem, eu envio você aos israelitas… a estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou enviá-lo” (vv. 3a.4a). Além de ser mandado por Deus, o profeta terá que falar em nome de Javé: “Você lhes dirá: ‘Assim diz o Senhor Deus’ ” (v. 4b). Porém, a previsão do que irá acontecer é sombria: o profeta não será ouvido, pois os israelitas formam uma “nação de rebeldes, que se rebelaram contra Javé. Eles e seus antepassados se rebelaram contra Deus até o dia de hoje… pois são um bando de rebeldes” (cf. vv. 3b.5a). 7. Logo em seguida, no v. 6, Ezequiel fica sabendo que sua missão será como estar rodeado de espinhos e sentado sobre escorpiões. Isso significa que ser profeta é pôr em risco sem cessar a própria vida. Para o profeta não há previsão de elogi- os, adulações ou aplausos. 8. Por que Ezequiel é obrigado a dizer essas coisas aos exi- lados? É porque o exílio que muitos amargavam não era fruto do acaso (como não é fruto do acaso a miséria, dependência e opressão em que vive o nosso povo). O sofrimento de muitos tinha responsáveis diretos, ou seja, as próprias elites, que tam- bém se encontravam na Babilônia. São provavelmente essas elites que constituem a “nação de rebeldes… filhos de cabeça dura e coração de pedra” de que fala o profeta. Elas se torna- rão surdas aos apelos que Deus faz por meio de Ezequiel. 9. As pessoas ponderadas podem perguntar se vale a pena tanto esforço para tão pouco resultado, isto é, por que o profe- ta deve gastar tempo e palavras com quem não lhe dá crédito nem ouvidos? Não seria melhor deixar as coisas como estão? Acontece que, mesmo sem ser ouvido, o profeta é um sinal de que Deus não abandona seu povo. Ninguém poderá acusá-lo de omissão ou silêncio. Além disso, no futuro – infelizmente quase sempre no futuro – muitas pessoas descobrirão o valor do profeta que já se foi. E, desejando talvez que voltasse, pro- vavelmente estarão sendo surdas aos novos profetas que Deus constantemente envia… Evangelho (Mc 6,1-6): Por que Jesus-profeta é rejeitado? 10. Segundo Marcos, esta é a última vez que Jesus vai a Na- zaré. É também a última vez que entra numa sinagoga, lugar onde os judeus se reuniam aos sábados para ouvir a Palavra de Deus e orar. 11. A última visita de Jesus a uma sinagoga é marcada pela admiração. No início (cf. v. 2b), quem se admira são os ouvin- tes. Porém a admiração não os leva à fé em Jesus, e sim a rejeitá-lo. No final desse evangelho é Jesus quem se admira com a falta de fé do povo daquele lugar (cf. v. 6a). Essa falta de fé no homem-Jesus impede a realização de milagres (cf. v. 5), isto é, o Reino acaba não acontecendo em Nazaré. 12. Nas sinagogas daquele tempo, qualquer homem adulto podia ler e interpretar para o povo as Escrituras. Contudo, na maioria das vezes essa tarefa era considerada monopólio dos doutores da Lei e fariseus. Eles tinham estudado as Escrituras. Portanto, nada mais natural que fossem considerados os autên- ticos intérpretes da vontade de Deus manifesta nos textos sagrados. O povo era obrigado a ouvir e a pedir aos sabidões o que era certo ou errado. Eles é que tinham a resposta para tudo. 13. Marcos dá a entender que o povo estava cansado com esse costume. De fato, quando Jesus entra pela primeira vez numa sinagoga e começa a ensinar libertando (cf. 1,21-28), o povo gosta desse novo ensinamento dado com autoridade (cf. 1,27). 14. Em Nazaré, terra de Jesus, as coisas tomaram rumo dife- rente. É que Jesus não havia freqüentado nenhuma escola de ensino das Escrituras, não fizera nenhuma especialização. Além disso, seu ensinamento é acompanhado de uma prática que liberta as pessoas de qualquer tipo de opressão ou margi- nalização. Marcos não consegue mostrar Jesus ensinando sem libertar. Mais ainda: seu ensinamento é uma prática que liber- ta. 15. Em Nazaré, num dia de sábado, Jesus está ensinando na sinagoga. Mais uma vez o evangelista não diz o que Jesus ensina. Nós não precisamos de explicações, pois conhecemos que tipo de ensinamento é o de Jesus. 16. O povo que está na sinagoga manifesta sua perplexidade e descrédito em relação a Jesus. Isso está expresso nas perguntas dos vv. 2-3. A primeira e a segunda levantam suspeita e ceti- cismo: “De onde ele recebeu tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria?” Por trás dessas objeções está o início da rejeição de Jesus enquanto o Messias. Naquele tempo especulavam muito sobre a origem do Messias. E a conclusão a que chega-
  • 2. ram era esta: “Nós sabemos de onde vem esse Jesus, mas, quando chegar o Messias, ninguém saberá de onde ele vem” (Jo 7,27). Jesus, portanto, não poderia ser o Messias, pois sua origem era conhecida por todos. Além disso, para os conterrâ- neos de Jesus é impossível “fazer teologia” sem passar pela escola dos doutores da Lei e fariseus. 17. A terceira pergunta levanta suspeitas sobre quem age por meio de Jesus: “E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos?” Um pouco antes, alguns doutores da Lei afirmavam que o chefe dos demônios agia em Jesus, levando-o a expulsar demônios (cf. Mc 3,22). O povo de Nazaré deixa transparecer essa mentalidade. 18. A última pergunta sintetiza todas as anteriores: “Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” É uma pergunta desmoralizante e debochada. Quando se queria desprezar alguém, bastava substituir o nome do pai pelo da mãe. Por isso, a expressão “filho de Maria” (a não ser que José já tivesse morrido), é altamente depreciativa. E a conclusão é muito simples: “Ficaram escandalizados por causa dele”, isto é, seus conterrâneos o rejeitaram. 19. Jesus, portanto, foi rejeitado porque se apresentou como um trabalhador que cresceu em Nazaré ao lado de parentes, amigos e conhecidos. Seus conterrâneos não descobriram nele nada de extraordinário que pudesse indicá-lo como o Messias de Deus. Mas a extraordinariedade de Jesus-Messias está jus- tamente aí, na encarnação, no fato de não ter nada que possa diferir da condição humana comum. O Filho de Deus se fez como qualquer um de nós, e aqui está o nó da questão. Muitos afirmam que não crêem porque não vêem. Os conterrâneos de Jesus não crêem justamente porque vêem Jesus trabalhador, o filho de Maria, um homem do povo, que não freqüentou ne- nhuma escola superior, um homem que vem de Nazaré, luga- rejo insignificante (cf. Jo 1,46) etc. 20. O escândalo da encarnação continua sendo um espinho atravessado na garganta de muito cristão de boa vontade. Por se encarnar nas realidades humanas, Jesus-Messias foi rejeita- do. Isso faz pensar no desafio que é a encarnação do evange- lho na realidade do povo. Ficaremos paralisados como os conterrâneos de Jesus? 2ª leitura (2Cor 12,7-10): A mística que anima o agente de pastoral 21. Paulo acabara de falar das grandes revelações que teve, pois Deus o privilegiou com experiências extraordinárias. Ele poderia se orgulhar dessas experiências, recorrendo a elas como argumentos para aquelas ocasiões em que era contesta- do, como os conflitos que transparecem nas cartas aos corín- tios. 22. Paulo prefere abrir mão desses argumentos. Até as experi- ências extraordinárias de Deus podem ser usadas para fomen- tar a soberba e o orgulho (cf. v. 7). Ele afirma que “para eu não me encher de soberba – em razão da grandeza das revela- ções – foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me torne orgulhoso”. 23. Muito se especulou sobre a questão do “espinho na car- ne”. E as respostas encontradas são muitas. Parece que o v. 10 dá a resposta a essa questão. “Espinho na carne” é isto: fra- quezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias sofri- das por amor de Cristo. Em outras palavras, trata-se dos con- flitos que o agente de pastoral encontra e enfrenta dentro e ao redor de si mesmo. Por dentro a pessoa se sente cheia de fra- queza e de necessidades. Hoje poderíamos afirmar, por exem- plo, que medo, insegurança, despreparo, falta de recursos materiais e humanos etc. são parte das fraquezas e necessida- des que batem à porta daqueles que se dispõe para a obra. 24. Por outro lado há os conflitos que vêm de fora. O texto fala claramente de “injúrias, perseguições e angústias sofridas por amor de Cristo”. Paulo passou por essas situações de mor- te provocadas pelas armas da palavra mentirosa (injúrias) e pelas armas propriamente ditas (perseguições). 25. Se olharmos para dentro de nós e ao nosso redor, veremos que cada agente de pastoral possui um “espinho na carne”. É preciso saber conviver com ele. Paulo pediu, por três vezes, que Deus o livrasse disso tudo (cf. v. 8). Trata-se de uma grande tentação à qual Deus não responde, ou seja, querer que Deus resolva por nós os problemas. Um tanto ingenuamente, Paulo gostaria que no caminho da evangelização não houvesse nenhum obstáculo, nenhum conflito, nenhuma incerteza… 26. Deus responde a Paulo: “A você, basta a minha graça, pois é na fraqueza que a força se mostra perfeita”. Nasce, assim, uma espiritualidade do conflito, uma mística que des- cobre Deus não no sucesso, mas justamente no aparente fra- casso de pessoas e projetos, pois o próprio Deus se manifestou vitorioso no aparente fracasso de Jesus na cruz: “De bom gra- do, portanto, prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. Por isso sinto alegria nas fraquezas… pois quando sou fraco, então é que sou forte” (vv. 9b.10b). 27. Deus está presente nos conflitos internos e externos en- frentados pelos discípulos. Não se trata de uma presença que dispensa as pessoas, e sim de uma presença que é graça, força, dinamismo. E por ser tal, ajudará os discípulos a conviver com os próprios limites e a enfrentar os conflitos vindos de fora, sem que sejam engolidos por eles: “Quando sou fraco, então é que sou forte” (12,10b). III. PISTAS PARA REFLEXÃO 28. A primeira leitura (Ez 2,2-5) e o evangelho (Mc 6,1-6) abordam o tema da rejeição dos profetas. Ezequiel e Jesus foram rejeitados. Hoje, quais são os profetas não aceitos pela sociedade e pela religi- ão? 29. Os conterrâneos de Jesus o rejeitam porque ele se encarnou. A encarnação continua sendo o espi- nho atravessado na garganta de muita gente, inclusive na Igreja. Por quê? Nossa comunidade tem medo de se encarnar na realidade do povo? 30. Paulo (2Cor 12,7-10) aponta para uma espiritualidade do conflito e para uma mística que nasce das limitações internas e dos conflitos externos. Como sentir-se forte na fraqueza, a ponto de ser nela que a força se mostra perfeita?