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(Os dois textos seguintes referem-se à cena de 27 e 28 de fevereiro e
foram escritos antes da cena ir ao ar, supondo que Vitor iria até lá para
falar com Amélia, não com Max.)

E Se... Max pegasse Amélia e Vitor na cama?
Vitor entra na sala da fazenda e avisa Amélia:
- Vim te buscar. Você não fica mais nessa casa.
- Por favor, Vitor, não faz assim...
- Você prefere ficar aqui como escrava do Max?
- Claro que não! Mas ele botou um capanga para seguir todos os meus
passos... ele vai atrás de nós!
- Amélia... se você não vier comigo agora, eu vou duvidar do seu amor.
Ela fica paralisada, olhando pra ele, sem reação. Vitor espera por alguns
instantes, mas Amélia não se mexe, só os olhos dela vão ficando marejados.
Ele também enche os olhos de lágrimas e sai, enquanto ela continua parada no
mesmo lugar. Só depois que não o vê mais é que Amélia irrompe num choro
tão profundo que chega a soluçar. Chorando, sobe as escadas e se tranca no
quarto.

Vitor chega na estalagem desolado, se joga na cama e deixa as lágrimas
rolarem como uma cachoeira por seu rosto. Chora até adormecer.

Amélia, na fazenda, chora abraçada ao travesseiro.
- Eu não posso te perder, Vitor... - ela murmura para si mesmo.
Depois de chorar mais um pouco, ela percebe que já é noite. Decide levantar
da cama e pega uma mala, onde coloca roupas e outros pertences. Depois vai
até o quarto de Manuela, que está na estância, e pega a chave do carro da
filha, e também um chapéu dela. Volta para o próprio quarto, tranca a porta, e
fica olhando para a mala, a chave e o chapéu. Respira fundo e senta-se para
esperar até que Max esteja dormindo.
Já é quase madrugada quando ela sai do quarto, cuidando para não fazer
barulho. Sai da casa, se esgueirando para não ser vista por Veloso. Chega o
mais perto possível do carro do capanga e observa que ele dorme debruçado
no volante. Então vai até o carro de Manuela, dá a partida, e sai depressa.
Veloso desperta com o barulho do motor, mas vê que o carro de Amélia ainda
está ali diante dele, que é o carro de Manuela que some na estrada, e dorme
novamente.

Com o coração aos pulos, Amélia abre devagarinho a porta do quarto de Vitor.
Se aproxima da cama, onde ele ainda dorme, e o contempla por alguns
instantes. Larga a mala e chega ainda mais perto, acariciando de leve o rosto
dele. Vitor abre os olhos, e ao vê-la, puxa a amada para seus braços e a beija
apaixonadamente. Só quando descolam os lábios é que ele sussura:
- Você está aqui mesmo?
- Estou. Eu te amo...
Vitor não a deixa dizer mais nada, beija Amélia com desespero. E vai tirando a
roupa dela, como se precisasse sentí-la com toda a intensidade. Finalmente,
colam seus corpos como se fossem se fundir em um só.
Pela manhã, Max procura Amélia, e encontra o quarto dela aberto, mas ela não
está lá.
Ele desce as escadas, gritando:
- Lurdinha!
- Que foi, seu Max? - ela vem correndo.
- Onde está tua patroa?
- Não sei não, seu Max, não vi a dona Amélia hoje. Ela deve ter saído cedinho.
Max vai atrás de Veloso, e o capanga relata o que aconteceu de madrugada.
- Minha filha não estava em casa, imbecil! - esbraveja Max.
Furioso, ele pega o carro e vai para a cidade.

Na estalagem, Amélia e Vitor ainda dormem abraçados como ficaram depois
de fazer amor. Ele acorda e sorri ao vê-la em seus braços. Não resiste, e lhe
beija delicadamente os lábios. Amélia abre os olhos e sorri para ele, dizendo:
- Bom dia...
- Então eu não estava sonhando... você veio mesmo.
Ela não diz nada, apenas aproxima seus lábios dos dele, até se juntarem em
mais um beijo. Beijam-se demoradamente, sem pressa, como se o tempo
tivesse parado.

Max entra na estalagem bufando e Terê se põe na frente dele:
- O que você quer aqui?
- Sai da minha frente, sua charlatã! - grita ele, empurrando a vidente, quase
fazendo-a cair no chão, e subindo as escadas depressa.
Max chega em frente ao quarto de Vitor com a respiração ofegante. Parece que
vai abrir a porta abruptamente, mas ao pôr a mão na maçaneta, movimenta-a
devagar, e vai abrindo a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível. Dá
alguns passos quase com a ponta dos pés e vê Amélia e Vitor na cama, em um
beijo tão intenso que prenunciava a união dos corpos. Estavam tão entregues
às carícias que nem tinham notado que havia mais uma pessoa no quarto.
- Eu te avisei, Maria Amélia! - grita Max, um grito que ecoou por toda a
estalagem.
- Max!? - grita Amélia, descolando-se seus lábios dos Vitor e puxando o lençol
até o pescoço, mas sem coragem de olhar se o marido estava ali mesmo.
Vitor levanta-se rapidamente, sentindo o sangue ferver, enquanto Max diz
quase rosnando:
- Eu te avisei que não nasci pra corno, Amélia!
- Sai daqui, Max! Fora! - grita Vitor, empurrando o rival em direção à porta.
Mas Max, tão furioso que parecia um touro bravo, tenta resistir. Vitor quase não
consegue contê-lo mas busca todas as suas forças e continua empurrando-o.
- Eu te mato, moleque! - rosna Max, tentando pôr as mãos no pescoço de Vitor,
com a clara intenção de esganá-lo, mas Vitor consegue impedi-lo, segurando
os braços dele.
- Pelo amor de Deus, parem com isso - suplica Amélia com voz de choro, ainda
sobre a cama e enrolada no lençol.
- Fica calma, meu amor, esse canalha não encosta mais em você - afirma Vitor
tentando confortá-la enquanto continua medindo forças com Max, já quase na
porta.
Com os olhos vermelhos de ódio, Max consegue soltar um dos braços e tira
uma faca da cintura.
- Agora eu te mato, e depois essa desgraçada, china vagabunda! - ele grita
com toda a força, aproximando a faca do pescoço de Vitor, que fica quase com
a respiração suspensa.
- Meu Deus, naaaão!!! - grita Amélia, desesperada, correndo até eles sem
largar o lençol.
Mas antes que Max consiga encostar a faca em Vitor, alguém segura sua mão.
- Chega, seu Max! - é Fred, que estava tomando o café da manhã quando
ouviu os gritos.
Vitor respira fundo, aliviado, sem soltar Max. Neca, Pimpinela, Terê, Cotinha e
Caroço chegam também e ficam paralisados diante da cena: Max segurando
ainda a faca com força, enquanto Fred tenta tirá-la dele e Vitor ajudando a
segurar o fazendeiro. Amélia olha a tudo paralisada, pálida.
Sargento Mourão pede licença e se aproxima.
- Segura bem o braço dele, Fred, que eu tiro a faca - ela pede. Em seguida,
puxa o dedo mínimo de Max para trás, fazendo com que ele não consiga mais
segurar a faca. E avisa - Você está preso, Max, em flagrante, por tentativa de
assassinato.
Com a ajuda de Fred, a sargento algema Max e o leva.
Vitor respira ofegante por alguns segundos, imóvel, se recuperando de tanta
tensão. Amélia corre até ele e passa as mãos por seu rosto, seu corpo:
- Meu amor, você está bem, não está ferido? - ele pergunta aflita.
Ele a abraça com força:
- Estou. O que importa é que ele não conseguiu fazer nada com você.
- Ah, eu tive tanto medo por você... - ela murmura, com lágrimas brotando nos
olhos.
- Gente, acabou, vamos todos cuidar das nossas vidas - diz Terê, dispersando
o grupo no corredor. Mas ela fica e se aproxima dos dois:
- Vou trazer um chá de cidreira pra vocês.
- Obrigado, Terê... e desculpa essa confusão toda na sua estalagem - devolve
Vitor, com voz cansada, enquanto Amélia ainda chora no peito dele.
- Vocês não tem culpa de nada - ela assegura, e sai, fechando a porta.
- Vem, meu amor - diz Vitor, conduzindo Amélia até a cama.
Eles se deitam, abraçados. Vitor ainda sente o corpo latejar por toda a tensão
recém passada, e deixa cair algumas lágrimas. Eles se deixam ficar ali, em
silêncio, apenas sentindo a presença um do outro, num abraço quase
desesperado.

Sargento Mourão e Fred chegam na delegacia com Max, e o delegado arregala
os olhos:
- Que você pensa que está fazendo, sargento? Você prendeu o Max Martinez!
- Isso mesmo, manda essa sujeita me soltar já! - esbraveja Max.
- O elemento foi preso em flagrante, tentando esfaquear outro homem - avisa
Mourão.
- E há várias testemunhas, inclusive eu - acrescenta Fred, olhando para o pai
com um misto de desprezo e raiva.
- Mas o que é isto? Meu próprio filho me apunhalando? - exclama Max, em tom
de vítima.
- É a única maneira de lhe deter, seu Max... de dar um pouco de paz à minha
mãe, à Mané, a mim... - devolve Fred.
Max se volta para o delegado, em tom autoritário:
- Que estás esperando, Geraldo? Cadê a chave dessa algema?
Geraldo balança a cabeça antes de responder:
- Não posso, Max. É a lei. Você foi preso em flagrante. Só posso lhe soltar
quando seu advogado trouxer um habeas-corpus, se ele conseguir.
- Então mande chamar já meu advogado! E pode ir arrumando as malas,
delegado, que quando eu sair daqui tu vais ser transferido para o quinto dos
infernos! - grita Max.
Sargento Mourão coloca Max na cela, enquanto Geraldo pede a Fred:
- Você tem o telefone do advogado do Max?
- Não. E não vou fazer nada para ajudar esse homem - afirma Fred, saindo da
delegacia.

Exaustos de tanta tensão, Amélia e Vitor acabando adormecendo, ainda
abraçados. São acordados por batidas na porta.
- É o Fred. Posso entrar?
- Espera um pouco - pede Amélia, se levantando e indo procurar a roupa que
ficara jogada no chão. Ela veste a calça e a blusa rapidamente, enquanto Vitor
coloca uma bermuda.
- Pode entrar - avisam.
Fred abraça a mãe com carinho e pergunta:
- Como você está?
- Agora estou bem, mas... que horror - ela não consegue continuar.
- Calma, já passou... o seu Max agora está atrás das grades, espero que por
um bom tempo - consola o filho, acariciando os cabelos dela. Depois se dirige a
Vitor - E você? Está bem?
- Cara... lhe devo a minha vida - diz Vitor, com olhar de quem está lembrando
do instante em que teve a faca quase em seu pescoço.
- Que é isso... eu fiz o que tinha que fazer.
- Mas se você não tivesse chegado... não quero nem pensar...
- Você conseguiria escapar, tenho certeza.
- Não sei. Mas uma coisa te garanto, Fred. Só me matando primeiro o Max
conseguiria colocar as mãos na Amélia - afirma Vitor.
- Não fala assim, meu amor... - implora Amélia, abraçando o amado com força -
Se ele matasse você eu morreria junto...
- Parem, não vamos mais falar disso. O que importa é que está tudo bem agora
- pede Fred com firmeza - Preciso trabalhar agora, mas qualquer coisa me
chamem. Sei que não preciso nem pedir, mas... cuida dela, Vitor.
Vitor não responde, apenas aperta Amélia em seus braços como se quisesse
fazer o próprio corpo de escudo.
Fred abre a porta para sair bem na hora que a sargento Mourão ia bater.
- Algum problema? - ele pergunta, apreensivo.
- Por enquanto não, só trouxe algumas notícias.
Ela entra e comunica:
- O delegado já chamou o advogado do Max. Como ele é réu primário, é bem
provável que consiga responder o processo em liberdade. Mas não se
apavorem. Eu já entrei em contato com meus superiores regionais, expliquei
que vocês estão correndo risco de vida e me ofereci para escoltá-los. Mesmo
que o Max seja solto, ele não vai poder chegar perto de vocês, senão volta
para a cela na mesma hora.
Vitor solta um suspiro de alívio, mas Amélia continua preocupada:
- O Max não é do tipo que suja as mãos, ele manda fazer... Hoje ele se
descontrolou, mas quando esfriar a cabeça... - ela comenta.
- De qualquer forma, vocês estarão sob proteção policial. Fiquem tranquilos -
acrescenta Mourão, e sai junto com Fred.

Vitor os acompanha até a porta, que ele tranca. Depois senta na cama e
suspira de novo:
- Finalmente... acho que agora vamos poder viver nossa vida.
- Tomara que a gente possa ter paz - devolve Amélia.
- Nós merecemos, né? Um amor tão forte como o nosso tem que poder ser
vivido plenamente.
- Tem sim... - ela murmura, olhando pra ele com amor.
Vitor a beija com suavidade, depois levanta e a puxa pela mão.
- Vem.
- Pra onde?
Ele não responde, apenas a conduz até o banheiro. Tira a blusa de Amélia e
começar a tirar-lhe a calça também. Sem entender ainda, ela termina de tirar a
roupa enquanto ele abre o chuveiro e tira a bermuda.
- Vamos nos lavar de todo o sofrimento que passamos hoje - Vitor explica
conduzindo Amélia para baixo do chuveiro. Enquanto a água cai sobre eles, os
lábios se encontram em um beijo de um amor ainda mais fortalecido.


E Se... Vitor levasse Amélia à força?
Vitor entra na sala e avisa Amélia:
- Vim te buscar. Você não fica mais nessa casa.
- Por favor, Vitor, não faz assim... - ela diz com um fio de voz.
- Amélia, não te deixar aqui, sob o domínio desse carrasco... desse monstro...
Você vem comigo - diz Vitor com firmeza, e pega Amélia no colo.
Enquanto ele a carrega para fora da casa, Amélia protesta:
- Não, Vitor! Me coloca no chão!
- Pára, Amélia - ele diz baixinho - Se alguém escuta, vai achar que to te
sequestrando!
- E não está?
- Não. Estou salvando sua vida - Vitor responde olhando nos olhos dela.
Amélia não consegue dizer mais nada, apenas olha para ele com jeito que
quem se entregou. Vitor a carrega até o carro, só então a coloca no chão.
- Vamos, entra logo.
Ela obedece, ele entra também e dá a partida.
- O capanga do Max está vindo atrás de nós - avisa Amélia.
- Já vou resolver isso, fica calma.
Quando estão no meio da estrada, onde ninguém os vê, Vitor freia
bruscamente e desce do carro. Veloso também freia. Vitor se aproxima do
carro do capanga e pede:
- Desce, preciso trocar uma idéia com você.
Veloso obedece. Ele e Vitor ficam frente a frente.
- Só tenho uma coisa para lhe dizer... - anuncia Vitor, e dá um soco, com toda a
força que consegue, na cara do capanga, fazendo-o cair no chão. Na queda,
Veloso bate a cabeça e desmaia.
Vitor volta depressa para o carro, onde Amélia, que viu tudo pelo retrovisor,
está assustada:
- Você é louco! - ela exclama, sem conseguir conter um sorriso, encantada com
a coragem do amado.
- Por você eu sou capaz de tudo - ele devolve, enquanto dá a partida
novamente.
Eles seguem até a estalagem, onde correm até o quarto dele. Vitor fecha a
porta, e então abraça Amélia com força.
- Me diz que você nunca mais vai ficar longe de mim... - ele pede.
- Nunca mais vou ficar longe de você - ela responde, o abraçando com força.
Vitor levanta o rosto de Amélia e junta seus lábios aos dela, primeiro com
suavidade, depois cada vez mais intensamente, até se deixarem levar por
completo pelo amor que os une.


E Se... Amélia fosse procurar Vitor quando saiu desesperada?
(Cena de 18 de fevereiro – Amélia atira em Max)

Depois de disparar a arma contra Max, Amélia sai de casa desesperada. Entra
no carro e sai depressa, as lágrimas caindo por seu rosto. Mesmo não tendo
acertado o tiro, estava apavorada com o que acabara de fazer. Nunca
imaginara que chegaria a esse ponto.

Quando se dá conta, já está na cidade, próximo à estalagem. Soluçando, larga
o carro e corre até a porta da estalagem. Olha para dentro, a respiração
ofegante. Tudo vazio. Entra correndo e sobe as escadas o mais rápido que
pode. Com o coração aos pulos, entra no quarto de Vitor, que estava deitado
na cama, pensativo. Ao vê-la, ele levanta e corre até ela, assustado.
- Amélia, o que aconteceu? Você aqui, essa hora, nesse estado? - Vitor
pergunta, preocupado.
- Vitor... - é só o que ela consegue murmurar antes de se atirar nos braços
dele, em prantos.
- Calma, Amélia... aqui você está em segurança - ele acaricia os cabelos dela e
a leva até a cama, onde sentam - Me conta... foi o Max? O que ele fez?
Ela solta um profundo e triste suspiro. Olha para Vitor, sem que as lágrimas
parem de correr. Baixa a cabeça e fala:
- O Max me deixou tão acuada que eu peguei a arma dele... - Amélia pára, sem
coragem de continuar.
Vitor fica ainda mais assustado com o que deduz:
- Você... atirou nele? Foi isso?
- Foi... - ela confirma com um fio de voz, e esconde o rosto no peito dele,
chorando intensamente.
- Meu Deus... - murmura ele, chocado - O que aquele desgraçado fez pra você
chegar nesse ponto? Você jamais pegaria numa arma se não estivesse muito
desesperada.
- Não me pergunta isso... - Amélia diz entre soluços.
- Amélia... eu estou preocupado com você.
- Só me abraça, por favor...
Ele a estreita em seus braços, e a deixa chorar em seu peito até que se
acalme. Quando ela levanta a cabeça, Vitor pergunta com cuidado:
- Tá mais calma? Quer me contar agora?
Ela balança a cabeça:
- Não... eu ainda não consigo acreditar no que eu fiz... mas não acertei ele...
não... mas podia ter acertado... como eu pude? - ela desabafa, como se fizesse
força para falar.
- Você está muito abalada mesmo... Pra sair assim, descalça e de camisola... -
ele comenta, angustiado.
- Ai, que vergonha... - Amélia cruza os braços diante do corpo.
- Vergonha de mim, meu amor? - Vitor retruca com doçura.
- É mesmo... ai, não consigo nem pensar direito...
- Então não pensa... só fica aqui - ele a aconchega em seus braços - Eu cuido
de você.
Vitor acaricia os cabelos de Amélia até que ela, exausta, adormece. Ele espera
um pouco e a acomoda na cama. Depois pega o celular e vai para o outro lado
do quarto, para não acordá-la.
Liga para Manuela:
- Vitor? Aconteceu alguma coisa? - Manu atende preocupada, pelo avançado
da hora.
- Você está na fazenda?
- Acabei de chegar, nem desci do carro.
- A Amélia está aqui. Alguma coisa muito grave aconteceu aí na fazenda,
porque ela chegou de camisola, descalça e aos prantos.
- Meu Deus, não quero nem imaginar o que meu pai deve ter feito - responde
Manu, chocada.
- Nem eu. Porque se eu imaginar, vou até aí e arrebento a cara do Max - ele
não consegue disfarçar a raiva.
- Calma, Vitor, não vai piorar as coisas.
- Desculpa, é que eu não suporto ver a Amélia sofrendo assim.
- Eu sei... Como minha mãe está agora?
- Dormiu, depois de chorar muito.
- Melhor que ela durma aí mesmo, vai estar bem cuidada. Vou tentar descobrir
alguma coisa por aqui, e amanhã bem cedo levo umas roupas para a minha
mãe, tá?
- Fica tranquila, não vou sair do lado dela.
Vitor desliga o telefone e volta para a cama. Deita com cuidado ao lado de
Amélia, e fica olhando para ela, com o coração apertado, pensando em quanto
sua amada deve ter sofrido para chegar a uma situação tão extrema quanto a
daquela noite.

Amélia acorda quando os primeiros raios de sol entram pela janela, e se
assusta:
- Meu Deus, eu dormi aqui!
Vitor abre os olhos e a contempla com preocupação:
- Como você está, meu amor?
Ela põe as mãos na cabeça, aflita:
- O que eu vou fazer agora?
- Calma. A Manuela vem lhe trazer umas roupas, quando ela chegar a gente
pensa juntos.
- Vitor, pelo amor de Deus, não conta pra ninguém o que eu fiz... muito menos
pra Manu - Amélia implora, ainda mais angustiada.
- Se você não quer, não digo nada pra ninguém.
Amélia está quase chorando de novo:
- Como posso dizer para minha filha que atirei no pai dela?
- É, seria um choque para a Manu... mas acho que o Fred deveria saber a que
ponto está a relação entre você e o Max. Ele não tem mais nenhuma ilusão a
respeito do pai.
- Não sei se eu tenho coragem...
- Meu amor, você precisa deixar que a gente te ajude... - insiste Vitor com
doçura.
Ela não diz mais nada, apenas se refugia nos braços dele, escondendo o rosto
em seu peito.
- Você não está sozinha... - ele lembra, enquanto acaricia os cabelos dela.

Na fazenda, Manu pega uma bolsa com roupas da mãe e desce as escadas
com cuidado, para não fazer barulho. Passa na cozinha, onde Lurdinha já está
preparando o café.
- Ué, Manu, caiu da cama? - espanta-se a empregada.
- Fala baixo, não quero que meu pai me veja sair.
- Tá, desculpa - sussurra Lurdinha - O café já está passado, quer?
Manu serve uma xícara e toma quase de um gole só.
- Tô indo - ela avisa, mas pára antes de sair - Lurdinha, você viu ou ouviu
minha mãe e meu pai brigando ontem à noite?
- Ver eu não vi nada, nem ouvi nenhuma briga.
- Não aconteceu nada estranho? - Manu insiste.
Lurdinha pensa um pouco e decide contar:
- Olha, eu tava terminando meu serviço aqui na cozinha, quando ouvi um
barulho que parecia um tiro.
- Tiro? - espanta-se Manu.
- É. Daí eu corri na sala e o vosso pai tava descendo as escadas todo
esbaforido, perguntou se eu tinha visto a dona Amélia. E eu perguntei que
barulho tinha sido aquele, o patrão jurou que tinha sido uma porta que bateu.
Mas aquilo não foi barulho de porta, não...
- Ai, meu Deus, o que meu pai fez... - diz Manu com um olhar assustado - Pelo
menos eu sei que minha mãe está bem. Valeu, Lurdinha... e não conta isso pra
mais ninguém, por favor.
Manu sai depressa para pegar o carro.

Terê se espanta ao ver Manu entrando na estalagem:
- Manuela? O que faz aqui tão cedo?
- Vim falar com o Vitor, posso subir? Ele já está sabendo.
- Claro, mas... aconteceu alguma coisa com a Amélia? - a vidente questiona,
preocupada.
- Pelo jeito aconteceu algo bem sério... mas nem eu sei direito.
- Se vocês precisarem de alguma coisa, contem comigo.
- Obrigada, Terê - agradece Manuela com um leve sorriso, sem perder o ar
preocupado.

Manu bate de leve na porta. Vitor corre para abrir:
- Entra, Manu.
- Mãe... - Manu corre até Amélia e abraça forte. Depois afasta o rosto e a olha
nos olhos - O que aconteceu pra você sair de casa desse jeito? Me conta...
Amélia olha para Vitor, sem saber o que dizer. Ele ajuda:
- Ela não quer contar nem pra mim o que o Max fez para deixá-la tão
desesperada.
- Mãe, a Lurdinha me disse que ouviu tiro ontem à noite. Foi meu pai que
tentou te atingir? Pode me dizer, eu aguento - garante Manu.
- Por favor... não me pede pra falar sobre isso... - suplica Amélia.
- Tá bem. Você sabe que pode se abrir comigo quando quiser - ela segura as
mãos da mãe e continua - Você não pode continuar naquela casa.
- O Max vai se vingar... ele já invadiu esse quarto uma vez, vai vir atrás de
mim... - diz Amélia, com medo.
- Pára, Amélia. O Max não vai mais chegar perto de você, eu não vou deixar -
avisa Vitor com firmeza.
- Mãe, eu também não consigo mais viver sob o mesmo teto que o meu pai.
Vou alugar um quarto pra nós duas aqui na estalagem. Assim você fica
pertinho do Vitor sem dar motivo pra fofocas maldosas - sugere Manu, com um
sorriso travesso.
- Não tenho forças pra recusar - responde a mãe.
- Tá, então vou falar com a Terê agora.
- Enquanto isso vou tomar um banho e me recompor - avisa Amélia.
- Isso mesmo - Manu dá um beijo na mãe e sai.

Quando ela se vira depois de fechar a porta, dá de cara com Fred no corredor.
- Manu? Por que você veio falar com o Vitor tão cedo?
Ela se aproxima e fala baixinho:
- A mãe tá aí com ele. Saiu de casa no meio da noite, chorando, apavorada, e
veio parar aqui.
- O que o seu Max aprontou dessa vez?
- Não sei, ela não quer falar. Seguinte, Fred, to indo agora pedir pra Terê
arrumar um quarto pra mim e pra dona Amélia aqui.
- Já estava mais do que na hora dela deixar aquela casa.
- Pois é. E ela vai precisar muito de nós agora.
Fred confirma com a cabeça, e Manu se despede. Ele bate na porta do quarto
de Vitor, que se surpreende ao vê-lo:
- Fred?
- Encontrei a Manu no corredor, ela me contou o que aconteceu.
- Entra. A Amélia tá no banho, espera aí - Vitor oferece uma cadeira.
- Cara... como meu pai pode maltratar tanto a mulher que ele dizia amar?
- Desculpa, Fred, mas o Max não sabe o que é amor, carinho, respeito... ele só
sabe manipular e dominar as pessoas.
- Pior é que é verdade. Quando penso em tudo que o seu Max já fez, eu tenho
nojo de ser filho dele.
- Imagino.
Amélia sai do banheiro:
- Fred! - ela exclama, surpresa.
Ele corre até ela e a abraça:
- Como você está, mãe?
- Agora estou bem, recuperando as forças...
- Dona Amélia, estou a seu dispor, pra tudo que precisar - ele afirma com
carinho.
Amélia sorri e devolve, emocionada:
- Eu tenho dois filhos maravilhosos...
Manu entra bem nesse momento.
- Falando nisso, olha sua filha aí - acrescenta Fred.
- Falei com a Terê, está tudo certo. Pode deixar que eu e o Fred buscamos
suas coisas, né Fred?
- Claro, maninha - ele responde batendo uma continência.
- E eu fico aqui, cuidando da nossa Amélia - completa Vitor, abraçando-a.
Amélia sorri, um pouco encabulada.
- Gente, vai dar tudo certo, porque nós estamos unidos, e assim somos mais
fortes - conclui Manu.
- Ah, filha... - murmura Amélia emocionada, abrindo os braços.
Manu abraça a mãe. Vitor abraça as duas. Fred se junta a eles, num só abraço.


E Se... Amélia conseguisse encontrar com Vitor?
(Cena de 1° de março - escrito antes da cena, antes de saber que Amélia
iria encontrar com ele disposta a fugir)
Amélia chega ao local marcado e se aproxima de Vitor com olhar de súplica:
- Me perdoa, meu amor... eu não podia colocar sua vida em risco.
- Amélia... eu não posso ficar sem você - ele responde olhando para os olhos e
depois para os lábios dela. Então a toma nos braços e a beija de um jeito
apaixonado e desesperado.
- Não quero te perder... se preciso agir de um jeito que você não compreende,
é pra não te perder...
Vitor a olha sem entender. Amélia o abraça com força, como se precisasse
sentir o coração dele batendo.

Eles estão sentados sob uma árvore. Amélia está aconchegada nos braços de
Vitor, que enquanto a acarinha, diz:
- Até quando vai ser assim, Amélia, nos encontrando às escondidas? Eu queria
entender porque você não consegue resolver essa situação.
- Eu queria poder resolver tudo e não sair mais do seu lado... mas é muito mais
complicado do que você pode imaginar.
Ele levanta a cabeça dela e a olha nos olhos, percebendo o terror em seu
olhar.
- Por que você tem tanto medo? O que o Max fez pra te deixar assim? - Vitor
começa a falar com doçura, mas se altera ao ponto de falar quase bufando de
raiva - Se eu souber que ele te machucou, eu... eu...
- Tá vendo? Como eu posso te contar o que acontece dentro daquela casa?
Sem eu dizer nada você já está a ponto de perder a cabeça... - Amélia
responde com voz embargada, os olhos ficando marejados.
Vitor fecha os olhos e respira fundo, procurando se acalmar. Depois olha nos
olhos dela novamente:
- Tá bom, desculpa... Eu prometo, eu juro que não vou tomar nenhuma atitude
precipitada. Confia em mim... Conta tudo, o que o Max te fez?
Amélia olha para ele, insegura, e continua em silêncio.
- Por favor, me conta... Me deixa te ajudar - ele insiste.
Ela engole em seco e começa a falar:
- Lembra a noite do show de Victor & Leo?
- Aquele que você me liberou para ir sozinho e eu respondi que não teria graça
nenhuma ir sem você?
Amélia dá um leve sorriso, mas logo fica tensa novamente:
- Esse mesmo. A Manu e a Lurdinha foram ao show, fiquei sozinha em casa
com o Max. Quando eu vi, ele estava dentro do meu quarto... Ele foi se
aproximando, dizendo que... - ela não consegue continuar, e esconde o rosto
no peito de Vitor.
- E? - ele pergunta, apreensivo.
- Foi horrível... - é só o que ela consegue dizer, as lágrimas começando a
escorrer por seu rosto.
- Não... não acredito que ele foi capaz de... - Vitor deduz o que aconteceu - Ele
forçou você, foi isso?
Amélia apenas chora, balançando a cabeça.
- Meu Deus, Amélia... - ele a abraça forte, chocado, e murmura - Desgraçado...
Covarde...
Assim que consegue se acalmar um pouco, ela enxuga as lágrimas e continua:
- Depois disso eu jurei que ele não me tocaria de novo. Passei a trancar a porta
do quarto, a viver sobressaltada... Eu precisava buscar um meio de me
defender, e peguei a arma do Max no escritório, levei para o meu quarto - ela
interrompe, e vê que Vitor está perplexo.
- Continua - ele pede.
- Depois que posei para o catálogo, o Max invadiu meu quarto de novo. Eu
avisei que ele não se aproximasse, mas... ele foi chegando cada vez mais
perto.
- E você atirou nele? - Vitor não consegue acreditar.
- Sim. Mas eu tremia tanto que não passou nem perto. Fiquei tão assustada
com o que tinha acabado de fazer que larguei a arma e saí correndo, sem
rumo. Quando me acalmei e consegui voltar, o Max fez ameaças veladas,
praticamente insinuou uma chantagem.
- Crápula... - ele deixa escapar, depois tenta se controlar - E a arma?
- Não a encontrei mais. Só fui vê-la novamente depois do atentado que você
sofreu. O Max deixou bem claro que guardou a arma com as minhas digitais, e
essa mesma arma foi usada para atirar em você. E insinuou que posso ser
acusada de tentar te matar para ficar com todo o lucro da sociedade - conclui
Amélia com uma expressão de náusea misturada com desespero.
Vitor está quase em estado de choque:
- Como pode alguém ser tão perverso? - exclama, repugnado.
- Você entende agora o meu pavor? Entende o quanto o Max é perigoso?
- Entendo, sim. E não posso deixar que você continue sob o mesmo teto, sob o
domínio desse... desse... monstro.
- Você tá louco, Vitor? Se eu sair de casa ele me entrega para a polícia!
- As digitais não provam que você atirou. O Max tá fazendo um jogo sujo, mas
não vai ganhar. Eu fui a vítima desse atentado, Amélia, e vou defender você
até o fim! E os seus filhos estão do nosso lado... eles sabem que você me ama
e jamais atiraria em mim.
- É mesmo... - ela responde ainda insegura.
- Você vem comigo - ele diz com firmeza.
- Se eu fizer isso, ele vai atrás de nós... vai mandar te matar. Você não
entende, Vitor? Ele vai matar você... ele disse isso! Não posso deixar... não
posso deixar que ele acabe com a sua vida... - Amélia tenta convencê-lo, com
a voz embargada, a respiração ofegante. Olha para ele, angustiada, e se
levanta.
Vitor também fica de pé:
- Quando ele souber que fugimos juntos, nós já estaremos longe daqui - ela
segura Amélia com um braço, bem forte, e com a outra mão pega o celular no
bolso e liga para Manu - Oi, Manu. Você e o Fred podem vir até o local onde
combinei de me encontrar com a Amélia? Certo, estamos esperando.
- Porque você chamou meus filhos?
- Você me disse uma vez que só a opinião deles é que importava.
- Vitor... você não vai contar nada para eles, pelo amor de Deus...
- Não. Eles não precisam saber nada do que você acabou de me contar para
me ajudarem a te convencer a ir embora.
- Ah, Vitor... eu queria ter essa sua segurança...
- Você só precisa confiar em mim, meu amor - ele acaricia o rosto dela.
- Não é por mim que eu temo, é por você, pela sua vida!
- Não vai acontecer nada comigo, eu juro - ele a abraça forte.
Eles ficam abraçados em silêncio, até que Manu e Fred chegam.
- Que foi, cara? Por que você chamou a gente aqui? - pergunta Fred, ansioso.
- Eu quero levar a Amélia embora aqui, para longe do Max. O que vocês
acham?
- Tem todo o meu apoio. Vocês já deviam ter feito isso - afirma Fred.
- Também concordo - apoia Manu, que depois se dirige ao irmão - Tenho
certeza que o seu Max tem ameaçado a nossa mãe, para deixar ela com tanto
medo.
- Isso não me surpreende nem um pouco - ele responde e fica pensando por
alguns instantes - Já sei o que vamos fazer. Vitor, você vai na frente, pede pro
Caroço encher o tanque de uma lancha que temos lá na operadora e que
quase não usamos mais. Diz também pra ele não sair do lado dela até eu
chegar, não deixar ninguém encostar na lancha. Depois me espera na
operadora.
- Certo. E a Amélia?
- Vai comigo, para não levantar suspeitas. Nos encontramos lá daqui a pouco.
Manu, você vai na fazenda, pega algumas roupas da dona Amélia, e depois vai
para a operadora também. Toma cuidado pro velho não te ver.
- O pai deve estar no campo a essa hora, vai ser fácil. Já já nos vemos -
devolve Manu, e sai.
- O que você está esperando, Vitor? - pergunta Fred, tentando disfarçar o
nervosismo.
Vitor acaricia o rosto de Amélia e beija delicadamente os lábios dela:
- Até daqui a pouco, meu amor...
Ele sai, e Amélia abraça o filho:
- Isso é uma loucura... seu pai vai matar o Vitor...
- Não, mãe... ele não vai conseguir, eu tenho certeza. Confia na gente.

Vitor anda de um lado para o outro, ansioso. Quando vê Amélia e Fred
chegando, corre até ela e a abraça, sem se importar que alguém veja.
- Que bom que você está aqui... Eu tive medo que você não viesse...
- E você acha que eu ia deixar? - retruca Fred.
Ainda abraçado a Amélia, Vitor responde:
- Cara... o que você e a Manu estão fazendo por nós... não sei se vou
conseguir retribuir algum dia.
- Estou fazendo tudo isso pela felicidade da minha mãe. Então, trata de fazer
ela feliz, é só o que eu quero.
Vitor beija os cabelos de Amélia antes de dizer, num misto de emoção e
ansiedade:
- Vou fazer, sim. Vou fazer porque... eu amo essa mulher mais do que tudo
nesse mundo.
Amélia e Fred ficam emocionados também, e os três ficam em silêncio, na
expectativa pela chegada de Manu.
- Pronto, estou aqui - ela entra, carregando uma mala, que passa às mãos de
Vitor - Peguei só o essencial.
- Filha... eu não queria ter que me afastar de você... - Amélia abraça Manu com
um braço e estica o outro na direção de Fred, que se junta a elas - de vocês...
- Mas a gente sabe que é pro seu bem, mãe. Vai tranquila, nós vamos ficar
bem - garante a filha.
- E eu só quero ver vocês de novo aqui em Girassol no dia do meu casamento,
tá? - avisa Fred - Até lá, a gente vai dar um jeito de conter o seu Max.
- Filho, toma cuidado... - Amélia se mostra apreensiva.
- Fica calma, dona Amélia, eu sei o que estou fazendo - ele beija a mãe e
orienta - Agora é melhor vocês irem logo.
Fred e Manu levam Amélia e Vitor até a lancha. Depois que o casal se afasta
no rio, Manu pergunta:
- E agora, Fred?
- Agora você vai para a fazenda e não sai de lá. Quando o velho der falta da
nossa mãe e quiser saber onde ela está, você diz que a dona Amélia está
comigo. E deixa o resto por minha conta, por enquanto.

Max chega em casa e pergunta à Lurdinha sobre Amélia:
- Não sei da dona Amélia, não, seu Max. Deve estar lá no quarto dela,
desenhando as jóias.
Desconfiado, Max sobe e procura a esposa no quarto. Não a encontra, e bate
no quarto de Manu:
- Minha filha, sabes de tua mãe?
- Foi visitar o Fred, vai jantar com ele. Seu perdigueiro não lhe deu o serviço? -
ironiza ela.
Max desce e anda de um lado para o outro, cismado. Logo depois, sai. Ele
chega na cidade e vê Fred no armazém.
- Frederico, onde está a tua mãe? Vim buscá-la - Max diz simulando calma.
- Ela ficou me esperando na estalagem, vamos até lá - convida Fred, tentando
conter a vontade de ser sarcástico.
Ele leva o pai até seu quarto.
- Mas onde está ela, que não estou vendo? - insiste Max.
- Bem longe do alcance dos seus olhos. A dona Amélia não está mais nessa
cidade.
Bufando, Max sai para o corredor e invade o quarto de Vitor, vendo que o rapaz
também não está lá.
- Ela fugiu com o amante... eu mato aqueles dois! - esbraveja, sem perceber
que Fred está bem atrás dele.
- Se acontecer alguma coisa com um dos dois, vou ser o primeiro a lhe acusar,
seu Max - avisa o filho.
- Mas o que é isso? Meu próprio filho, acobertando as safadezas da mãe? Me
apunhalando pelas costas?
- Pára de drama, seu Max... a vítima aqui não é você. Minha sofreu muito mais
do que devia nas suas mãos. No que depender de mim, você não chega mais
perto dela.
- Vamos ver. Eu vou encontrar a Amélia e a levar de volta para casa. Ela ainda
é minha mulher. E vou dar um jeito naquele... - enquanto fala, Max fecha a
mão, como se estivesse esmagando algo. Percebendo que estava falando
demais, ele sai depressa.
Fred dá um suspiro preocupado.

Alguns dias depois, Manu acha um documento no escritório de Max. É um
laudo que prova que a explosão da mina foi provocada. Ela procura Fred:
- Olha o que eu achei - ela estende o papel para o irmão.
Fred lê, mas não entende a intenção de Manu:
- Aqui diz que uma mina foi explodida intencionalmente. E daí?
- Essa mina é aquela em o Cirso trabalhava. Nosso pai recebeu uma bolada do
seguro na época.
- Como? O pai provocou uma porção de mortes pra receber o dinheiro de um
seguro? - Fred está chocado e repugnado.
- Isso mesmo - confirma Manu.
- Meu Deus, quem é esse homem a quem sempre chamei de pai? Um
monstro?
Manu não consegue responder, apenas abraça o irmão, chorando. Quando ela
se acalma, Fred diz:
- Você vai entregar esse papel para a polícia?
- Eu preciso fazer isso. Por nós, pela nossa mãe, por todas as pessoas que já
foram vítimas do nosso pai.
- Força, Manu. Estou com você, viu?
- Obrigada. Agora vou procurar a sargento Mourão e entregar isso logo.

Com a prova sobre a explosão da mina, Max é preso e levado para Juruanã,
onde vai aguardar o julgamento. Manu liga para Vitor e dá a notícia. Ele ri ao
ouvir.
- Que foi, Vitor? - Amélia pergunta, preocupada.
- O Max foi preso... e nós estamos livres! - comemora Vitor, intercalando beijos
e risos, enquanto Manu continua ao telefone, chamando por eles.
Amélia pega o celular da mão de Vitor:
- Oi, filha... como você está?
- Bem, morrendo de saudade.
- Como foi isso, como seu pai foi preso?
- Depois eu lhe conto tudo. Agora preciso desligar. Beijo.
Amélia olha para Vitor, sem conseguir acreditar.
- Vamos, Amélia, arrume suas coisas, podemos voltar pra casa! - Vitor ainda
está exultante.
- Será que é seguro mesmo? E se o Max fugir? - ela responde, apreensiva.
- Se o Max fugir, a polícia vai atrás dele. Não vamos mais pensar nisso, vamos
viver nossa vida! - ele quase se altera, mas se controla e fala de um jeito meio
manhoso - Pára de pensar naquele verme, pensa um pouco mais em mim...
Amélia sorri e devolve com doçura:
- Eu penso em você todos os minutos, todos os segundos... te amo... e sou
toda sua.
Vitor abre um grande sorriso:
- Assim é que eu gosto... - ele diz no ouvido dela, e a beija com paixão.
Quando chegam na beira do rio para pegar a lancha novamente, Vitor enche o
pulmão de ar e grita o mais alto que consegue:
- Eu te amo, Amélia!
Ela ri e vai aproximando seus lábios dos dele lentamente. Mas Vitor a puxa
para seus braços, a beija com ardor e depois a pega no colo, levando para a
lancha.

Na cerimônia de casamento de Fred, Vitor fica ao lado de Amélia no altar. Ele
cochicha no ouvido dela:
- A gente podia aproveitar o padre, a igreja enfeitada...
Amélia ri, tapando a boca com as mãos e sussurra:
- Eu não sou viúva, ainda...
- Ainda, não. Tomara que esse enterro aconteça logo - Vitor retruca, se
segurando para não rir.
- Vitor, a gente tá na igreja, não fala assim - censura Amélia.
Ele põe um dedo na frente dos lábios cerrados, indicando que vai ficar em
silêncio, e pisca pra ela, que sorri.
Ao fim da cerimônia, todos se dirigem para a festa da casa de shows. Assim
que saem da igreja, Vitor segura Amélia:
- Espera. Preciso te perguntar uma coisa.
Eles esperam que todos os outros convidados se afastem. Só então Vitor diz:
- Promete que um dia você vai casar comigo?
- Prometo.
Vitor toma Amélia nos braços e a beija ali mesmo, no meio da cidade. Quando
descolam os lábios um pouco, ela olha para ele com paixão e o beija
novamente, sem medo de nada.


E Se... Amélia conseguisse fugir com Vitor?
(Cena de 1° de março – escrito depois de ver a cena em que Max
intercepta o carro de Amélia)
Amélia chega ao local combinado, e desce do carro depressa, ofegante de
tanta tensão:
- Vamos embora daqui, rápido, meu amor, vamos! - ela diz enquanto pega a
mala dentro do carro.
Vitor quase não consegue acreditar ao ver Amélia com a mala na mão, pronta
para fugir com ele.
- Você vai mesmo fugir comigo? - pergunta, ainda surpreso, com um sorriso
incrédulo.
- Vamos logo, antes que o Max venha atrás de nós - implora Amélia.
Vitor guarda a mala dela, enquanto Amélia entra no carro. Ele senta no banco
do motorista e olha para a amada, ainda com a sensação de que está
sonhando. E dá a partida no carro, rindo.
- Acelera, Vitor, temos que sair daqui o mais rápido possível!
- Calma, Amélia, confia em mim - Vitor pisa no acelerador e se concentra na
direção, guiando o mais rápido que pode.
Quando entram em Juruanã, ele diminui a velocidade e avisa:
- Pronto, já chegamos em Juruanã.
- Não pára, não podemos ficar aqui. Vai ser o primeiro lugar onde o Max vai
nos procurar.
- Max, Max, Max... - resmunga Vitor, bufando - Quando vamos estar livres
desse desgraçado?
- Só no dia em que ele morrer - responde Amélia, nervosa.
- Não, Amélia, não vou deixar que ele continue tentando destruir nossa
felicidade. Agora vamos viver nossa vida - afirma Vitor com firmeza, acelerando
o carro novamente - Vamos pra Goiânia, quanto maior a cidade, mais difícil do
Max nos achar.
Depois de algum tempo em silêncio, ele pergunta:
- Aquele infeliz te ameaçou ontem, não foi? Por isso você não veio comigo.
- Se eu tivesse saído com você, Vitor... você não estaria mais vivo há uma hora
dessas... - ela revela, com dor na voz.
- Ele disse que ia me matar? Com todas as letras?
- Disse. Que se eu saísse de casa logo estaria chorando sobre sua cova.
Vitor dá um soco na direção:
- Canalha! - ele respira fundo para se acalmar - Imagino o prazer dele ao ver o
seu pavor... mas você agora está aqui comigo, e ele não vai mais poder fazer
nada.
Amélia passa as mãos nos joelhos, ansiosa:
- Falta muito para chegar em Goiânia?
- Nós já esperamos tanto, Amélia... agora falta tão pouco - ele diz, sorrindo.
Amélia também sorri, embora continue nervosa.

Eles chegam a Goiânia e vão para um dos maiores hotéis.
- Tem certeza que é seguro? - pergunta Amélia.
- Sim. Eles não dão nenhuma informação sobre os hóspedes, é praticamente
impossível que o Max nos encontre.
- Impossível? O Max não conhece essa palavra.
- Mas agora vai conhecer.

Vitor abre a porta do quarto e conduz Amélia pela mão para dentro. Fecha a
porta e depois fica parado, olhando para ela com ar de encantamento.
- Que foi? - Amélia sorri.
Ele responde enquanto vai chegando mais perto:
- Preciso me certificar que você está aqui mesmo.
- Como?
- Assim - ele a toma nos braços e a beija intensamente.
Quando descolam os lábios, Vitor abraça Amélia com força:
- Ah, Amélia... que bom que você criou coragem, que está aqui...
- Eu não podia perder você... o único homem que me amou de verdade.
Ele olha nos olhos dela:
- Que amou, não. Que ama e vai te amar sempre.
Ela acaricia o rosto dele, emocionada, e lhe dá vários beijos nos lábios,
enquanto diz:
- Te amo... te amo... te amo...
Enfim beijam-se demoradamente, como se o tempo tivesse parado.
Depois mais um longo beijo, Vitor vai tomar um banho. Quando ele sai, é
Amélia quem vai para o chuveiro. Ao sair do banheiro, de roupão, Amélia pede:
- Vitor, você me empresta o celular? Preciso ligar pra Manu, avisar que está
tudo bem.
Enquanto ela fala, Vitor a olha com desejo, reparando nos cabelos molhados,
imaginando o corpo sob o roupão.
- Agora não, meu amor... vem cá - ele a puxa para seus braços e a beija com
ardor, enquanto desamarra o roupão e vai a conduzindo para a cama.
Amélia não consegue dizer mais nada, apenas se entrega aos carinhos de
Vitor. Se permite ser amada com toda a intensidade que o medo nunca
permitiu. Vitor beija todo o corpo dela, sem pressa, querendo fazer de Amélia a
mulher mais feliz do mundo.

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E se... parte II

  • 1. (Os dois textos seguintes referem-se à cena de 27 e 28 de fevereiro e foram escritos antes da cena ir ao ar, supondo que Vitor iria até lá para falar com Amélia, não com Max.) E Se... Max pegasse Amélia e Vitor na cama? Vitor entra na sala da fazenda e avisa Amélia: - Vim te buscar. Você não fica mais nessa casa. - Por favor, Vitor, não faz assim... - Você prefere ficar aqui como escrava do Max? - Claro que não! Mas ele botou um capanga para seguir todos os meus passos... ele vai atrás de nós! - Amélia... se você não vier comigo agora, eu vou duvidar do seu amor. Ela fica paralisada, olhando pra ele, sem reação. Vitor espera por alguns instantes, mas Amélia não se mexe, só os olhos dela vão ficando marejados. Ele também enche os olhos de lágrimas e sai, enquanto ela continua parada no mesmo lugar. Só depois que não o vê mais é que Amélia irrompe num choro tão profundo que chega a soluçar. Chorando, sobe as escadas e se tranca no quarto. Vitor chega na estalagem desolado, se joga na cama e deixa as lágrimas rolarem como uma cachoeira por seu rosto. Chora até adormecer. Amélia, na fazenda, chora abraçada ao travesseiro. - Eu não posso te perder, Vitor... - ela murmura para si mesmo. Depois de chorar mais um pouco, ela percebe que já é noite. Decide levantar da cama e pega uma mala, onde coloca roupas e outros pertences. Depois vai até o quarto de Manuela, que está na estância, e pega a chave do carro da filha, e também um chapéu dela. Volta para o próprio quarto, tranca a porta, e fica olhando para a mala, a chave e o chapéu. Respira fundo e senta-se para esperar até que Max esteja dormindo. Já é quase madrugada quando ela sai do quarto, cuidando para não fazer barulho. Sai da casa, se esgueirando para não ser vista por Veloso. Chega o mais perto possível do carro do capanga e observa que ele dorme debruçado no volante. Então vai até o carro de Manuela, dá a partida, e sai depressa. Veloso desperta com o barulho do motor, mas vê que o carro de Amélia ainda está ali diante dele, que é o carro de Manuela que some na estrada, e dorme novamente. Com o coração aos pulos, Amélia abre devagarinho a porta do quarto de Vitor. Se aproxima da cama, onde ele ainda dorme, e o contempla por alguns instantes. Larga a mala e chega ainda mais perto, acariciando de leve o rosto dele. Vitor abre os olhos, e ao vê-la, puxa a amada para seus braços e a beija apaixonadamente. Só quando descolam os lábios é que ele sussura: - Você está aqui mesmo? - Estou. Eu te amo... Vitor não a deixa dizer mais nada, beija Amélia com desespero. E vai tirando a roupa dela, como se precisasse sentí-la com toda a intensidade. Finalmente, colam seus corpos como se fossem se fundir em um só.
  • 2. Pela manhã, Max procura Amélia, e encontra o quarto dela aberto, mas ela não está lá. Ele desce as escadas, gritando: - Lurdinha! - Que foi, seu Max? - ela vem correndo. - Onde está tua patroa? - Não sei não, seu Max, não vi a dona Amélia hoje. Ela deve ter saído cedinho. Max vai atrás de Veloso, e o capanga relata o que aconteceu de madrugada. - Minha filha não estava em casa, imbecil! - esbraveja Max. Furioso, ele pega o carro e vai para a cidade. Na estalagem, Amélia e Vitor ainda dormem abraçados como ficaram depois de fazer amor. Ele acorda e sorri ao vê-la em seus braços. Não resiste, e lhe beija delicadamente os lábios. Amélia abre os olhos e sorri para ele, dizendo: - Bom dia... - Então eu não estava sonhando... você veio mesmo. Ela não diz nada, apenas aproxima seus lábios dos dele, até se juntarem em mais um beijo. Beijam-se demoradamente, sem pressa, como se o tempo tivesse parado. Max entra na estalagem bufando e Terê se põe na frente dele: - O que você quer aqui? - Sai da minha frente, sua charlatã! - grita ele, empurrando a vidente, quase fazendo-a cair no chão, e subindo as escadas depressa. Max chega em frente ao quarto de Vitor com a respiração ofegante. Parece que vai abrir a porta abruptamente, mas ao pôr a mão na maçaneta, movimenta-a devagar, e vai abrindo a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível. Dá alguns passos quase com a ponta dos pés e vê Amélia e Vitor na cama, em um beijo tão intenso que prenunciava a união dos corpos. Estavam tão entregues às carícias que nem tinham notado que havia mais uma pessoa no quarto. - Eu te avisei, Maria Amélia! - grita Max, um grito que ecoou por toda a estalagem. - Max!? - grita Amélia, descolando-se seus lábios dos Vitor e puxando o lençol até o pescoço, mas sem coragem de olhar se o marido estava ali mesmo. Vitor levanta-se rapidamente, sentindo o sangue ferver, enquanto Max diz quase rosnando: - Eu te avisei que não nasci pra corno, Amélia! - Sai daqui, Max! Fora! - grita Vitor, empurrando o rival em direção à porta. Mas Max, tão furioso que parecia um touro bravo, tenta resistir. Vitor quase não consegue contê-lo mas busca todas as suas forças e continua empurrando-o. - Eu te mato, moleque! - rosna Max, tentando pôr as mãos no pescoço de Vitor, com a clara intenção de esganá-lo, mas Vitor consegue impedi-lo, segurando os braços dele. - Pelo amor de Deus, parem com isso - suplica Amélia com voz de choro, ainda sobre a cama e enrolada no lençol. - Fica calma, meu amor, esse canalha não encosta mais em você - afirma Vitor tentando confortá-la enquanto continua medindo forças com Max, já quase na porta. Com os olhos vermelhos de ódio, Max consegue soltar um dos braços e tira uma faca da cintura.
  • 3. - Agora eu te mato, e depois essa desgraçada, china vagabunda! - ele grita com toda a força, aproximando a faca do pescoço de Vitor, que fica quase com a respiração suspensa. - Meu Deus, naaaão!!! - grita Amélia, desesperada, correndo até eles sem largar o lençol. Mas antes que Max consiga encostar a faca em Vitor, alguém segura sua mão. - Chega, seu Max! - é Fred, que estava tomando o café da manhã quando ouviu os gritos. Vitor respira fundo, aliviado, sem soltar Max. Neca, Pimpinela, Terê, Cotinha e Caroço chegam também e ficam paralisados diante da cena: Max segurando ainda a faca com força, enquanto Fred tenta tirá-la dele e Vitor ajudando a segurar o fazendeiro. Amélia olha a tudo paralisada, pálida. Sargento Mourão pede licença e se aproxima. - Segura bem o braço dele, Fred, que eu tiro a faca - ela pede. Em seguida, puxa o dedo mínimo de Max para trás, fazendo com que ele não consiga mais segurar a faca. E avisa - Você está preso, Max, em flagrante, por tentativa de assassinato. Com a ajuda de Fred, a sargento algema Max e o leva. Vitor respira ofegante por alguns segundos, imóvel, se recuperando de tanta tensão. Amélia corre até ele e passa as mãos por seu rosto, seu corpo: - Meu amor, você está bem, não está ferido? - ele pergunta aflita. Ele a abraça com força: - Estou. O que importa é que ele não conseguiu fazer nada com você. - Ah, eu tive tanto medo por você... - ela murmura, com lágrimas brotando nos olhos. - Gente, acabou, vamos todos cuidar das nossas vidas - diz Terê, dispersando o grupo no corredor. Mas ela fica e se aproxima dos dois: - Vou trazer um chá de cidreira pra vocês. - Obrigado, Terê... e desculpa essa confusão toda na sua estalagem - devolve Vitor, com voz cansada, enquanto Amélia ainda chora no peito dele. - Vocês não tem culpa de nada - ela assegura, e sai, fechando a porta. - Vem, meu amor - diz Vitor, conduzindo Amélia até a cama. Eles se deitam, abraçados. Vitor ainda sente o corpo latejar por toda a tensão recém passada, e deixa cair algumas lágrimas. Eles se deixam ficar ali, em silêncio, apenas sentindo a presença um do outro, num abraço quase desesperado. Sargento Mourão e Fred chegam na delegacia com Max, e o delegado arregala os olhos: - Que você pensa que está fazendo, sargento? Você prendeu o Max Martinez! - Isso mesmo, manda essa sujeita me soltar já! - esbraveja Max. - O elemento foi preso em flagrante, tentando esfaquear outro homem - avisa Mourão. - E há várias testemunhas, inclusive eu - acrescenta Fred, olhando para o pai com um misto de desprezo e raiva. - Mas o que é isto? Meu próprio filho me apunhalando? - exclama Max, em tom de vítima. - É a única maneira de lhe deter, seu Max... de dar um pouco de paz à minha mãe, à Mané, a mim... - devolve Fred. Max se volta para o delegado, em tom autoritário:
  • 4. - Que estás esperando, Geraldo? Cadê a chave dessa algema? Geraldo balança a cabeça antes de responder: - Não posso, Max. É a lei. Você foi preso em flagrante. Só posso lhe soltar quando seu advogado trouxer um habeas-corpus, se ele conseguir. - Então mande chamar já meu advogado! E pode ir arrumando as malas, delegado, que quando eu sair daqui tu vais ser transferido para o quinto dos infernos! - grita Max. Sargento Mourão coloca Max na cela, enquanto Geraldo pede a Fred: - Você tem o telefone do advogado do Max? - Não. E não vou fazer nada para ajudar esse homem - afirma Fred, saindo da delegacia. Exaustos de tanta tensão, Amélia e Vitor acabando adormecendo, ainda abraçados. São acordados por batidas na porta. - É o Fred. Posso entrar? - Espera um pouco - pede Amélia, se levantando e indo procurar a roupa que ficara jogada no chão. Ela veste a calça e a blusa rapidamente, enquanto Vitor coloca uma bermuda. - Pode entrar - avisam. Fred abraça a mãe com carinho e pergunta: - Como você está? - Agora estou bem, mas... que horror - ela não consegue continuar. - Calma, já passou... o seu Max agora está atrás das grades, espero que por um bom tempo - consola o filho, acariciando os cabelos dela. Depois se dirige a Vitor - E você? Está bem? - Cara... lhe devo a minha vida - diz Vitor, com olhar de quem está lembrando do instante em que teve a faca quase em seu pescoço. - Que é isso... eu fiz o que tinha que fazer. - Mas se você não tivesse chegado... não quero nem pensar... - Você conseguiria escapar, tenho certeza. - Não sei. Mas uma coisa te garanto, Fred. Só me matando primeiro o Max conseguiria colocar as mãos na Amélia - afirma Vitor. - Não fala assim, meu amor... - implora Amélia, abraçando o amado com força - Se ele matasse você eu morreria junto... - Parem, não vamos mais falar disso. O que importa é que está tudo bem agora - pede Fred com firmeza - Preciso trabalhar agora, mas qualquer coisa me chamem. Sei que não preciso nem pedir, mas... cuida dela, Vitor. Vitor não responde, apenas aperta Amélia em seus braços como se quisesse fazer o próprio corpo de escudo. Fred abre a porta para sair bem na hora que a sargento Mourão ia bater. - Algum problema? - ele pergunta, apreensivo. - Por enquanto não, só trouxe algumas notícias. Ela entra e comunica: - O delegado já chamou o advogado do Max. Como ele é réu primário, é bem provável que consiga responder o processo em liberdade. Mas não se apavorem. Eu já entrei em contato com meus superiores regionais, expliquei que vocês estão correndo risco de vida e me ofereci para escoltá-los. Mesmo que o Max seja solto, ele não vai poder chegar perto de vocês, senão volta para a cela na mesma hora. Vitor solta um suspiro de alívio, mas Amélia continua preocupada:
  • 5. - O Max não é do tipo que suja as mãos, ele manda fazer... Hoje ele se descontrolou, mas quando esfriar a cabeça... - ela comenta. - De qualquer forma, vocês estarão sob proteção policial. Fiquem tranquilos - acrescenta Mourão, e sai junto com Fred. Vitor os acompanha até a porta, que ele tranca. Depois senta na cama e suspira de novo: - Finalmente... acho que agora vamos poder viver nossa vida. - Tomara que a gente possa ter paz - devolve Amélia. - Nós merecemos, né? Um amor tão forte como o nosso tem que poder ser vivido plenamente. - Tem sim... - ela murmura, olhando pra ele com amor. Vitor a beija com suavidade, depois levanta e a puxa pela mão. - Vem. - Pra onde? Ele não responde, apenas a conduz até o banheiro. Tira a blusa de Amélia e começar a tirar-lhe a calça também. Sem entender ainda, ela termina de tirar a roupa enquanto ele abre o chuveiro e tira a bermuda. - Vamos nos lavar de todo o sofrimento que passamos hoje - Vitor explica conduzindo Amélia para baixo do chuveiro. Enquanto a água cai sobre eles, os lábios se encontram em um beijo de um amor ainda mais fortalecido. E Se... Vitor levasse Amélia à força? Vitor entra na sala e avisa Amélia: - Vim te buscar. Você não fica mais nessa casa. - Por favor, Vitor, não faz assim... - ela diz com um fio de voz. - Amélia, não te deixar aqui, sob o domínio desse carrasco... desse monstro... Você vem comigo - diz Vitor com firmeza, e pega Amélia no colo. Enquanto ele a carrega para fora da casa, Amélia protesta: - Não, Vitor! Me coloca no chão! - Pára, Amélia - ele diz baixinho - Se alguém escuta, vai achar que to te sequestrando! - E não está? - Não. Estou salvando sua vida - Vitor responde olhando nos olhos dela. Amélia não consegue dizer mais nada, apenas olha para ele com jeito que quem se entregou. Vitor a carrega até o carro, só então a coloca no chão. - Vamos, entra logo. Ela obedece, ele entra também e dá a partida. - O capanga do Max está vindo atrás de nós - avisa Amélia. - Já vou resolver isso, fica calma. Quando estão no meio da estrada, onde ninguém os vê, Vitor freia bruscamente e desce do carro. Veloso também freia. Vitor se aproxima do carro do capanga e pede: - Desce, preciso trocar uma idéia com você. Veloso obedece. Ele e Vitor ficam frente a frente. - Só tenho uma coisa para lhe dizer... - anuncia Vitor, e dá um soco, com toda a força que consegue, na cara do capanga, fazendo-o cair no chão. Na queda, Veloso bate a cabeça e desmaia.
  • 6. Vitor volta depressa para o carro, onde Amélia, que viu tudo pelo retrovisor, está assustada: - Você é louco! - ela exclama, sem conseguir conter um sorriso, encantada com a coragem do amado. - Por você eu sou capaz de tudo - ele devolve, enquanto dá a partida novamente. Eles seguem até a estalagem, onde correm até o quarto dele. Vitor fecha a porta, e então abraça Amélia com força. - Me diz que você nunca mais vai ficar longe de mim... - ele pede. - Nunca mais vou ficar longe de você - ela responde, o abraçando com força. Vitor levanta o rosto de Amélia e junta seus lábios aos dela, primeiro com suavidade, depois cada vez mais intensamente, até se deixarem levar por completo pelo amor que os une. E Se... Amélia fosse procurar Vitor quando saiu desesperada? (Cena de 18 de fevereiro – Amélia atira em Max) Depois de disparar a arma contra Max, Amélia sai de casa desesperada. Entra no carro e sai depressa, as lágrimas caindo por seu rosto. Mesmo não tendo acertado o tiro, estava apavorada com o que acabara de fazer. Nunca imaginara que chegaria a esse ponto. Quando se dá conta, já está na cidade, próximo à estalagem. Soluçando, larga o carro e corre até a porta da estalagem. Olha para dentro, a respiração ofegante. Tudo vazio. Entra correndo e sobe as escadas o mais rápido que pode. Com o coração aos pulos, entra no quarto de Vitor, que estava deitado na cama, pensativo. Ao vê-la, ele levanta e corre até ela, assustado. - Amélia, o que aconteceu? Você aqui, essa hora, nesse estado? - Vitor pergunta, preocupado. - Vitor... - é só o que ela consegue murmurar antes de se atirar nos braços dele, em prantos. - Calma, Amélia... aqui você está em segurança - ele acaricia os cabelos dela e a leva até a cama, onde sentam - Me conta... foi o Max? O que ele fez? Ela solta um profundo e triste suspiro. Olha para Vitor, sem que as lágrimas parem de correr. Baixa a cabeça e fala: - O Max me deixou tão acuada que eu peguei a arma dele... - Amélia pára, sem coragem de continuar. Vitor fica ainda mais assustado com o que deduz: - Você... atirou nele? Foi isso? - Foi... - ela confirma com um fio de voz, e esconde o rosto no peito dele, chorando intensamente. - Meu Deus... - murmura ele, chocado - O que aquele desgraçado fez pra você chegar nesse ponto? Você jamais pegaria numa arma se não estivesse muito desesperada. - Não me pergunta isso... - Amélia diz entre soluços. - Amélia... eu estou preocupado com você. - Só me abraça, por favor... Ele a estreita em seus braços, e a deixa chorar em seu peito até que se acalme. Quando ela levanta a cabeça, Vitor pergunta com cuidado:
  • 7. - Tá mais calma? Quer me contar agora? Ela balança a cabeça: - Não... eu ainda não consigo acreditar no que eu fiz... mas não acertei ele... não... mas podia ter acertado... como eu pude? - ela desabafa, como se fizesse força para falar. - Você está muito abalada mesmo... Pra sair assim, descalça e de camisola... - ele comenta, angustiado. - Ai, que vergonha... - Amélia cruza os braços diante do corpo. - Vergonha de mim, meu amor? - Vitor retruca com doçura. - É mesmo... ai, não consigo nem pensar direito... - Então não pensa... só fica aqui - ele a aconchega em seus braços - Eu cuido de você. Vitor acaricia os cabelos de Amélia até que ela, exausta, adormece. Ele espera um pouco e a acomoda na cama. Depois pega o celular e vai para o outro lado do quarto, para não acordá-la. Liga para Manuela: - Vitor? Aconteceu alguma coisa? - Manu atende preocupada, pelo avançado da hora. - Você está na fazenda? - Acabei de chegar, nem desci do carro. - A Amélia está aqui. Alguma coisa muito grave aconteceu aí na fazenda, porque ela chegou de camisola, descalça e aos prantos. - Meu Deus, não quero nem imaginar o que meu pai deve ter feito - responde Manu, chocada. - Nem eu. Porque se eu imaginar, vou até aí e arrebento a cara do Max - ele não consegue disfarçar a raiva. - Calma, Vitor, não vai piorar as coisas. - Desculpa, é que eu não suporto ver a Amélia sofrendo assim. - Eu sei... Como minha mãe está agora? - Dormiu, depois de chorar muito. - Melhor que ela durma aí mesmo, vai estar bem cuidada. Vou tentar descobrir alguma coisa por aqui, e amanhã bem cedo levo umas roupas para a minha mãe, tá? - Fica tranquila, não vou sair do lado dela. Vitor desliga o telefone e volta para a cama. Deita com cuidado ao lado de Amélia, e fica olhando para ela, com o coração apertado, pensando em quanto sua amada deve ter sofrido para chegar a uma situação tão extrema quanto a daquela noite. Amélia acorda quando os primeiros raios de sol entram pela janela, e se assusta: - Meu Deus, eu dormi aqui! Vitor abre os olhos e a contempla com preocupação: - Como você está, meu amor? Ela põe as mãos na cabeça, aflita: - O que eu vou fazer agora? - Calma. A Manuela vem lhe trazer umas roupas, quando ela chegar a gente pensa juntos. - Vitor, pelo amor de Deus, não conta pra ninguém o que eu fiz... muito menos pra Manu - Amélia implora, ainda mais angustiada.
  • 8. - Se você não quer, não digo nada pra ninguém. Amélia está quase chorando de novo: - Como posso dizer para minha filha que atirei no pai dela? - É, seria um choque para a Manu... mas acho que o Fred deveria saber a que ponto está a relação entre você e o Max. Ele não tem mais nenhuma ilusão a respeito do pai. - Não sei se eu tenho coragem... - Meu amor, você precisa deixar que a gente te ajude... - insiste Vitor com doçura. Ela não diz mais nada, apenas se refugia nos braços dele, escondendo o rosto em seu peito. - Você não está sozinha... - ele lembra, enquanto acaricia os cabelos dela. Na fazenda, Manu pega uma bolsa com roupas da mãe e desce as escadas com cuidado, para não fazer barulho. Passa na cozinha, onde Lurdinha já está preparando o café. - Ué, Manu, caiu da cama? - espanta-se a empregada. - Fala baixo, não quero que meu pai me veja sair. - Tá, desculpa - sussurra Lurdinha - O café já está passado, quer? Manu serve uma xícara e toma quase de um gole só. - Tô indo - ela avisa, mas pára antes de sair - Lurdinha, você viu ou ouviu minha mãe e meu pai brigando ontem à noite? - Ver eu não vi nada, nem ouvi nenhuma briga. - Não aconteceu nada estranho? - Manu insiste. Lurdinha pensa um pouco e decide contar: - Olha, eu tava terminando meu serviço aqui na cozinha, quando ouvi um barulho que parecia um tiro. - Tiro? - espanta-se Manu. - É. Daí eu corri na sala e o vosso pai tava descendo as escadas todo esbaforido, perguntou se eu tinha visto a dona Amélia. E eu perguntei que barulho tinha sido aquele, o patrão jurou que tinha sido uma porta que bateu. Mas aquilo não foi barulho de porta, não... - Ai, meu Deus, o que meu pai fez... - diz Manu com um olhar assustado - Pelo menos eu sei que minha mãe está bem. Valeu, Lurdinha... e não conta isso pra mais ninguém, por favor. Manu sai depressa para pegar o carro. Terê se espanta ao ver Manu entrando na estalagem: - Manuela? O que faz aqui tão cedo? - Vim falar com o Vitor, posso subir? Ele já está sabendo. - Claro, mas... aconteceu alguma coisa com a Amélia? - a vidente questiona, preocupada. - Pelo jeito aconteceu algo bem sério... mas nem eu sei direito. - Se vocês precisarem de alguma coisa, contem comigo. - Obrigada, Terê - agradece Manuela com um leve sorriso, sem perder o ar preocupado. Manu bate de leve na porta. Vitor corre para abrir: - Entra, Manu.
  • 9. - Mãe... - Manu corre até Amélia e abraça forte. Depois afasta o rosto e a olha nos olhos - O que aconteceu pra você sair de casa desse jeito? Me conta... Amélia olha para Vitor, sem saber o que dizer. Ele ajuda: - Ela não quer contar nem pra mim o que o Max fez para deixá-la tão desesperada. - Mãe, a Lurdinha me disse que ouviu tiro ontem à noite. Foi meu pai que tentou te atingir? Pode me dizer, eu aguento - garante Manu. - Por favor... não me pede pra falar sobre isso... - suplica Amélia. - Tá bem. Você sabe que pode se abrir comigo quando quiser - ela segura as mãos da mãe e continua - Você não pode continuar naquela casa. - O Max vai se vingar... ele já invadiu esse quarto uma vez, vai vir atrás de mim... - diz Amélia, com medo. - Pára, Amélia. O Max não vai mais chegar perto de você, eu não vou deixar - avisa Vitor com firmeza. - Mãe, eu também não consigo mais viver sob o mesmo teto que o meu pai. Vou alugar um quarto pra nós duas aqui na estalagem. Assim você fica pertinho do Vitor sem dar motivo pra fofocas maldosas - sugere Manu, com um sorriso travesso. - Não tenho forças pra recusar - responde a mãe. - Tá, então vou falar com a Terê agora. - Enquanto isso vou tomar um banho e me recompor - avisa Amélia. - Isso mesmo - Manu dá um beijo na mãe e sai. Quando ela se vira depois de fechar a porta, dá de cara com Fred no corredor. - Manu? Por que você veio falar com o Vitor tão cedo? Ela se aproxima e fala baixinho: - A mãe tá aí com ele. Saiu de casa no meio da noite, chorando, apavorada, e veio parar aqui. - O que o seu Max aprontou dessa vez? - Não sei, ela não quer falar. Seguinte, Fred, to indo agora pedir pra Terê arrumar um quarto pra mim e pra dona Amélia aqui. - Já estava mais do que na hora dela deixar aquela casa. - Pois é. E ela vai precisar muito de nós agora. Fred confirma com a cabeça, e Manu se despede. Ele bate na porta do quarto de Vitor, que se surpreende ao vê-lo: - Fred? - Encontrei a Manu no corredor, ela me contou o que aconteceu. - Entra. A Amélia tá no banho, espera aí - Vitor oferece uma cadeira. - Cara... como meu pai pode maltratar tanto a mulher que ele dizia amar? - Desculpa, Fred, mas o Max não sabe o que é amor, carinho, respeito... ele só sabe manipular e dominar as pessoas. - Pior é que é verdade. Quando penso em tudo que o seu Max já fez, eu tenho nojo de ser filho dele. - Imagino. Amélia sai do banheiro: - Fred! - ela exclama, surpresa. Ele corre até ela e a abraça: - Como você está, mãe? - Agora estou bem, recuperando as forças...
  • 10. - Dona Amélia, estou a seu dispor, pra tudo que precisar - ele afirma com carinho. Amélia sorri e devolve, emocionada: - Eu tenho dois filhos maravilhosos... Manu entra bem nesse momento. - Falando nisso, olha sua filha aí - acrescenta Fred. - Falei com a Terê, está tudo certo. Pode deixar que eu e o Fred buscamos suas coisas, né Fred? - Claro, maninha - ele responde batendo uma continência. - E eu fico aqui, cuidando da nossa Amélia - completa Vitor, abraçando-a. Amélia sorri, um pouco encabulada. - Gente, vai dar tudo certo, porque nós estamos unidos, e assim somos mais fortes - conclui Manu. - Ah, filha... - murmura Amélia emocionada, abrindo os braços. Manu abraça a mãe. Vitor abraça as duas. Fred se junta a eles, num só abraço. E Se... Amélia conseguisse encontrar com Vitor? (Cena de 1° de março - escrito antes da cena, antes de saber que Amélia iria encontrar com ele disposta a fugir) Amélia chega ao local marcado e se aproxima de Vitor com olhar de súplica: - Me perdoa, meu amor... eu não podia colocar sua vida em risco. - Amélia... eu não posso ficar sem você - ele responde olhando para os olhos e depois para os lábios dela. Então a toma nos braços e a beija de um jeito apaixonado e desesperado. - Não quero te perder... se preciso agir de um jeito que você não compreende, é pra não te perder... Vitor a olha sem entender. Amélia o abraça com força, como se precisasse sentir o coração dele batendo. Eles estão sentados sob uma árvore. Amélia está aconchegada nos braços de Vitor, que enquanto a acarinha, diz: - Até quando vai ser assim, Amélia, nos encontrando às escondidas? Eu queria entender porque você não consegue resolver essa situação. - Eu queria poder resolver tudo e não sair mais do seu lado... mas é muito mais complicado do que você pode imaginar. Ele levanta a cabeça dela e a olha nos olhos, percebendo o terror em seu olhar. - Por que você tem tanto medo? O que o Max fez pra te deixar assim? - Vitor começa a falar com doçura, mas se altera ao ponto de falar quase bufando de raiva - Se eu souber que ele te machucou, eu... eu... - Tá vendo? Como eu posso te contar o que acontece dentro daquela casa? Sem eu dizer nada você já está a ponto de perder a cabeça... - Amélia responde com voz embargada, os olhos ficando marejados. Vitor fecha os olhos e respira fundo, procurando se acalmar. Depois olha nos olhos dela novamente: - Tá bom, desculpa... Eu prometo, eu juro que não vou tomar nenhuma atitude precipitada. Confia em mim... Conta tudo, o que o Max te fez? Amélia olha para ele, insegura, e continua em silêncio. - Por favor, me conta... Me deixa te ajudar - ele insiste.
  • 11. Ela engole em seco e começa a falar: - Lembra a noite do show de Victor & Leo? - Aquele que você me liberou para ir sozinho e eu respondi que não teria graça nenhuma ir sem você? Amélia dá um leve sorriso, mas logo fica tensa novamente: - Esse mesmo. A Manu e a Lurdinha foram ao show, fiquei sozinha em casa com o Max. Quando eu vi, ele estava dentro do meu quarto... Ele foi se aproximando, dizendo que... - ela não consegue continuar, e esconde o rosto no peito de Vitor. - E? - ele pergunta, apreensivo. - Foi horrível... - é só o que ela consegue dizer, as lágrimas começando a escorrer por seu rosto. - Não... não acredito que ele foi capaz de... - Vitor deduz o que aconteceu - Ele forçou você, foi isso? Amélia apenas chora, balançando a cabeça. - Meu Deus, Amélia... - ele a abraça forte, chocado, e murmura - Desgraçado... Covarde... Assim que consegue se acalmar um pouco, ela enxuga as lágrimas e continua: - Depois disso eu jurei que ele não me tocaria de novo. Passei a trancar a porta do quarto, a viver sobressaltada... Eu precisava buscar um meio de me defender, e peguei a arma do Max no escritório, levei para o meu quarto - ela interrompe, e vê que Vitor está perplexo. - Continua - ele pede. - Depois que posei para o catálogo, o Max invadiu meu quarto de novo. Eu avisei que ele não se aproximasse, mas... ele foi chegando cada vez mais perto. - E você atirou nele? - Vitor não consegue acreditar. - Sim. Mas eu tremia tanto que não passou nem perto. Fiquei tão assustada com o que tinha acabado de fazer que larguei a arma e saí correndo, sem rumo. Quando me acalmei e consegui voltar, o Max fez ameaças veladas, praticamente insinuou uma chantagem. - Crápula... - ele deixa escapar, depois tenta se controlar - E a arma? - Não a encontrei mais. Só fui vê-la novamente depois do atentado que você sofreu. O Max deixou bem claro que guardou a arma com as minhas digitais, e essa mesma arma foi usada para atirar em você. E insinuou que posso ser acusada de tentar te matar para ficar com todo o lucro da sociedade - conclui Amélia com uma expressão de náusea misturada com desespero. Vitor está quase em estado de choque: - Como pode alguém ser tão perverso? - exclama, repugnado. - Você entende agora o meu pavor? Entende o quanto o Max é perigoso? - Entendo, sim. E não posso deixar que você continue sob o mesmo teto, sob o domínio desse... desse... monstro. - Você tá louco, Vitor? Se eu sair de casa ele me entrega para a polícia! - As digitais não provam que você atirou. O Max tá fazendo um jogo sujo, mas não vai ganhar. Eu fui a vítima desse atentado, Amélia, e vou defender você até o fim! E os seus filhos estão do nosso lado... eles sabem que você me ama e jamais atiraria em mim. - É mesmo... - ela responde ainda insegura. - Você vem comigo - ele diz com firmeza.
  • 12. - Se eu fizer isso, ele vai atrás de nós... vai mandar te matar. Você não entende, Vitor? Ele vai matar você... ele disse isso! Não posso deixar... não posso deixar que ele acabe com a sua vida... - Amélia tenta convencê-lo, com a voz embargada, a respiração ofegante. Olha para ele, angustiada, e se levanta. Vitor também fica de pé: - Quando ele souber que fugimos juntos, nós já estaremos longe daqui - ela segura Amélia com um braço, bem forte, e com a outra mão pega o celular no bolso e liga para Manu - Oi, Manu. Você e o Fred podem vir até o local onde combinei de me encontrar com a Amélia? Certo, estamos esperando. - Porque você chamou meus filhos? - Você me disse uma vez que só a opinião deles é que importava. - Vitor... você não vai contar nada para eles, pelo amor de Deus... - Não. Eles não precisam saber nada do que você acabou de me contar para me ajudarem a te convencer a ir embora. - Ah, Vitor... eu queria ter essa sua segurança... - Você só precisa confiar em mim, meu amor - ele acaricia o rosto dela. - Não é por mim que eu temo, é por você, pela sua vida! - Não vai acontecer nada comigo, eu juro - ele a abraça forte. Eles ficam abraçados em silêncio, até que Manu e Fred chegam. - Que foi, cara? Por que você chamou a gente aqui? - pergunta Fred, ansioso. - Eu quero levar a Amélia embora aqui, para longe do Max. O que vocês acham? - Tem todo o meu apoio. Vocês já deviam ter feito isso - afirma Fred. - Também concordo - apoia Manu, que depois se dirige ao irmão - Tenho certeza que o seu Max tem ameaçado a nossa mãe, para deixar ela com tanto medo. - Isso não me surpreende nem um pouco - ele responde e fica pensando por alguns instantes - Já sei o que vamos fazer. Vitor, você vai na frente, pede pro Caroço encher o tanque de uma lancha que temos lá na operadora e que quase não usamos mais. Diz também pra ele não sair do lado dela até eu chegar, não deixar ninguém encostar na lancha. Depois me espera na operadora. - Certo. E a Amélia? - Vai comigo, para não levantar suspeitas. Nos encontramos lá daqui a pouco. Manu, você vai na fazenda, pega algumas roupas da dona Amélia, e depois vai para a operadora também. Toma cuidado pro velho não te ver. - O pai deve estar no campo a essa hora, vai ser fácil. Já já nos vemos - devolve Manu, e sai. - O que você está esperando, Vitor? - pergunta Fred, tentando disfarçar o nervosismo. Vitor acaricia o rosto de Amélia e beija delicadamente os lábios dela: - Até daqui a pouco, meu amor... Ele sai, e Amélia abraça o filho: - Isso é uma loucura... seu pai vai matar o Vitor... - Não, mãe... ele não vai conseguir, eu tenho certeza. Confia na gente. Vitor anda de um lado para o outro, ansioso. Quando vê Amélia e Fred chegando, corre até ela e a abraça, sem se importar que alguém veja. - Que bom que você está aqui... Eu tive medo que você não viesse...
  • 13. - E você acha que eu ia deixar? - retruca Fred. Ainda abraçado a Amélia, Vitor responde: - Cara... o que você e a Manu estão fazendo por nós... não sei se vou conseguir retribuir algum dia. - Estou fazendo tudo isso pela felicidade da minha mãe. Então, trata de fazer ela feliz, é só o que eu quero. Vitor beija os cabelos de Amélia antes de dizer, num misto de emoção e ansiedade: - Vou fazer, sim. Vou fazer porque... eu amo essa mulher mais do que tudo nesse mundo. Amélia e Fred ficam emocionados também, e os três ficam em silêncio, na expectativa pela chegada de Manu. - Pronto, estou aqui - ela entra, carregando uma mala, que passa às mãos de Vitor - Peguei só o essencial. - Filha... eu não queria ter que me afastar de você... - Amélia abraça Manu com um braço e estica o outro na direção de Fred, que se junta a elas - de vocês... - Mas a gente sabe que é pro seu bem, mãe. Vai tranquila, nós vamos ficar bem - garante a filha. - E eu só quero ver vocês de novo aqui em Girassol no dia do meu casamento, tá? - avisa Fred - Até lá, a gente vai dar um jeito de conter o seu Max. - Filho, toma cuidado... - Amélia se mostra apreensiva. - Fica calma, dona Amélia, eu sei o que estou fazendo - ele beija a mãe e orienta - Agora é melhor vocês irem logo. Fred e Manu levam Amélia e Vitor até a lancha. Depois que o casal se afasta no rio, Manu pergunta: - E agora, Fred? - Agora você vai para a fazenda e não sai de lá. Quando o velho der falta da nossa mãe e quiser saber onde ela está, você diz que a dona Amélia está comigo. E deixa o resto por minha conta, por enquanto. Max chega em casa e pergunta à Lurdinha sobre Amélia: - Não sei da dona Amélia, não, seu Max. Deve estar lá no quarto dela, desenhando as jóias. Desconfiado, Max sobe e procura a esposa no quarto. Não a encontra, e bate no quarto de Manu: - Minha filha, sabes de tua mãe? - Foi visitar o Fred, vai jantar com ele. Seu perdigueiro não lhe deu o serviço? - ironiza ela. Max desce e anda de um lado para o outro, cismado. Logo depois, sai. Ele chega na cidade e vê Fred no armazém. - Frederico, onde está a tua mãe? Vim buscá-la - Max diz simulando calma. - Ela ficou me esperando na estalagem, vamos até lá - convida Fred, tentando conter a vontade de ser sarcástico. Ele leva o pai até seu quarto. - Mas onde está ela, que não estou vendo? - insiste Max. - Bem longe do alcance dos seus olhos. A dona Amélia não está mais nessa cidade. Bufando, Max sai para o corredor e invade o quarto de Vitor, vendo que o rapaz também não está lá.
  • 14. - Ela fugiu com o amante... eu mato aqueles dois! - esbraveja, sem perceber que Fred está bem atrás dele. - Se acontecer alguma coisa com um dos dois, vou ser o primeiro a lhe acusar, seu Max - avisa o filho. - Mas o que é isso? Meu próprio filho, acobertando as safadezas da mãe? Me apunhalando pelas costas? - Pára de drama, seu Max... a vítima aqui não é você. Minha sofreu muito mais do que devia nas suas mãos. No que depender de mim, você não chega mais perto dela. - Vamos ver. Eu vou encontrar a Amélia e a levar de volta para casa. Ela ainda é minha mulher. E vou dar um jeito naquele... - enquanto fala, Max fecha a mão, como se estivesse esmagando algo. Percebendo que estava falando demais, ele sai depressa. Fred dá um suspiro preocupado. Alguns dias depois, Manu acha um documento no escritório de Max. É um laudo que prova que a explosão da mina foi provocada. Ela procura Fred: - Olha o que eu achei - ela estende o papel para o irmão. Fred lê, mas não entende a intenção de Manu: - Aqui diz que uma mina foi explodida intencionalmente. E daí? - Essa mina é aquela em o Cirso trabalhava. Nosso pai recebeu uma bolada do seguro na época. - Como? O pai provocou uma porção de mortes pra receber o dinheiro de um seguro? - Fred está chocado e repugnado. - Isso mesmo - confirma Manu. - Meu Deus, quem é esse homem a quem sempre chamei de pai? Um monstro? Manu não consegue responder, apenas abraça o irmão, chorando. Quando ela se acalma, Fred diz: - Você vai entregar esse papel para a polícia? - Eu preciso fazer isso. Por nós, pela nossa mãe, por todas as pessoas que já foram vítimas do nosso pai. - Força, Manu. Estou com você, viu? - Obrigada. Agora vou procurar a sargento Mourão e entregar isso logo. Com a prova sobre a explosão da mina, Max é preso e levado para Juruanã, onde vai aguardar o julgamento. Manu liga para Vitor e dá a notícia. Ele ri ao ouvir. - Que foi, Vitor? - Amélia pergunta, preocupada. - O Max foi preso... e nós estamos livres! - comemora Vitor, intercalando beijos e risos, enquanto Manu continua ao telefone, chamando por eles. Amélia pega o celular da mão de Vitor: - Oi, filha... como você está? - Bem, morrendo de saudade. - Como foi isso, como seu pai foi preso? - Depois eu lhe conto tudo. Agora preciso desligar. Beijo. Amélia olha para Vitor, sem conseguir acreditar. - Vamos, Amélia, arrume suas coisas, podemos voltar pra casa! - Vitor ainda está exultante. - Será que é seguro mesmo? E se o Max fugir? - ela responde, apreensiva.
  • 15. - Se o Max fugir, a polícia vai atrás dele. Não vamos mais pensar nisso, vamos viver nossa vida! - ele quase se altera, mas se controla e fala de um jeito meio manhoso - Pára de pensar naquele verme, pensa um pouco mais em mim... Amélia sorri e devolve com doçura: - Eu penso em você todos os minutos, todos os segundos... te amo... e sou toda sua. Vitor abre um grande sorriso: - Assim é que eu gosto... - ele diz no ouvido dela, e a beija com paixão. Quando chegam na beira do rio para pegar a lancha novamente, Vitor enche o pulmão de ar e grita o mais alto que consegue: - Eu te amo, Amélia! Ela ri e vai aproximando seus lábios dos dele lentamente. Mas Vitor a puxa para seus braços, a beija com ardor e depois a pega no colo, levando para a lancha. Na cerimônia de casamento de Fred, Vitor fica ao lado de Amélia no altar. Ele cochicha no ouvido dela: - A gente podia aproveitar o padre, a igreja enfeitada... Amélia ri, tapando a boca com as mãos e sussurra: - Eu não sou viúva, ainda... - Ainda, não. Tomara que esse enterro aconteça logo - Vitor retruca, se segurando para não rir. - Vitor, a gente tá na igreja, não fala assim - censura Amélia. Ele põe um dedo na frente dos lábios cerrados, indicando que vai ficar em silêncio, e pisca pra ela, que sorri. Ao fim da cerimônia, todos se dirigem para a festa da casa de shows. Assim que saem da igreja, Vitor segura Amélia: - Espera. Preciso te perguntar uma coisa. Eles esperam que todos os outros convidados se afastem. Só então Vitor diz: - Promete que um dia você vai casar comigo? - Prometo. Vitor toma Amélia nos braços e a beija ali mesmo, no meio da cidade. Quando descolam os lábios um pouco, ela olha para ele com paixão e o beija novamente, sem medo de nada. E Se... Amélia conseguisse fugir com Vitor? (Cena de 1° de março – escrito depois de ver a cena em que Max intercepta o carro de Amélia) Amélia chega ao local combinado, e desce do carro depressa, ofegante de tanta tensão: - Vamos embora daqui, rápido, meu amor, vamos! - ela diz enquanto pega a mala dentro do carro. Vitor quase não consegue acreditar ao ver Amélia com a mala na mão, pronta para fugir com ele. - Você vai mesmo fugir comigo? - pergunta, ainda surpreso, com um sorriso incrédulo. - Vamos logo, antes que o Max venha atrás de nós - implora Amélia.
  • 16. Vitor guarda a mala dela, enquanto Amélia entra no carro. Ele senta no banco do motorista e olha para a amada, ainda com a sensação de que está sonhando. E dá a partida no carro, rindo. - Acelera, Vitor, temos que sair daqui o mais rápido possível! - Calma, Amélia, confia em mim - Vitor pisa no acelerador e se concentra na direção, guiando o mais rápido que pode. Quando entram em Juruanã, ele diminui a velocidade e avisa: - Pronto, já chegamos em Juruanã. - Não pára, não podemos ficar aqui. Vai ser o primeiro lugar onde o Max vai nos procurar. - Max, Max, Max... - resmunga Vitor, bufando - Quando vamos estar livres desse desgraçado? - Só no dia em que ele morrer - responde Amélia, nervosa. - Não, Amélia, não vou deixar que ele continue tentando destruir nossa felicidade. Agora vamos viver nossa vida - afirma Vitor com firmeza, acelerando o carro novamente - Vamos pra Goiânia, quanto maior a cidade, mais difícil do Max nos achar. Depois de algum tempo em silêncio, ele pergunta: - Aquele infeliz te ameaçou ontem, não foi? Por isso você não veio comigo. - Se eu tivesse saído com você, Vitor... você não estaria mais vivo há uma hora dessas... - ela revela, com dor na voz. - Ele disse que ia me matar? Com todas as letras? - Disse. Que se eu saísse de casa logo estaria chorando sobre sua cova. Vitor dá um soco na direção: - Canalha! - ele respira fundo para se acalmar - Imagino o prazer dele ao ver o seu pavor... mas você agora está aqui comigo, e ele não vai mais poder fazer nada. Amélia passa as mãos nos joelhos, ansiosa: - Falta muito para chegar em Goiânia? - Nós já esperamos tanto, Amélia... agora falta tão pouco - ele diz, sorrindo. Amélia também sorri, embora continue nervosa. Eles chegam a Goiânia e vão para um dos maiores hotéis. - Tem certeza que é seguro? - pergunta Amélia. - Sim. Eles não dão nenhuma informação sobre os hóspedes, é praticamente impossível que o Max nos encontre. - Impossível? O Max não conhece essa palavra. - Mas agora vai conhecer. Vitor abre a porta do quarto e conduz Amélia pela mão para dentro. Fecha a porta e depois fica parado, olhando para ela com ar de encantamento. - Que foi? - Amélia sorri. Ele responde enquanto vai chegando mais perto: - Preciso me certificar que você está aqui mesmo. - Como? - Assim - ele a toma nos braços e a beija intensamente. Quando descolam os lábios, Vitor abraça Amélia com força: - Ah, Amélia... que bom que você criou coragem, que está aqui... - Eu não podia perder você... o único homem que me amou de verdade. Ele olha nos olhos dela:
  • 17. - Que amou, não. Que ama e vai te amar sempre. Ela acaricia o rosto dele, emocionada, e lhe dá vários beijos nos lábios, enquanto diz: - Te amo... te amo... te amo... Enfim beijam-se demoradamente, como se o tempo tivesse parado. Depois mais um longo beijo, Vitor vai tomar um banho. Quando ele sai, é Amélia quem vai para o chuveiro. Ao sair do banheiro, de roupão, Amélia pede: - Vitor, você me empresta o celular? Preciso ligar pra Manu, avisar que está tudo bem. Enquanto ela fala, Vitor a olha com desejo, reparando nos cabelos molhados, imaginando o corpo sob o roupão. - Agora não, meu amor... vem cá - ele a puxa para seus braços e a beija com ardor, enquanto desamarra o roupão e vai a conduzindo para a cama. Amélia não consegue dizer mais nada, apenas se entrega aos carinhos de Vitor. Se permite ser amada com toda a intensidade que o medo nunca permitiu. Vitor beija todo o corpo dela, sem pressa, querendo fazer de Amélia a mulher mais feliz do mundo.