O documento discute os erros metafísicos nas abordagens sociológicas tradicionais sobre experiência e cultura e apresenta perspectivas alternativas como a Fenomenologia Social e o Interacionismo Simbólico. Ele caracteriza como as sociologias hegemônicas veem a experiência de forma idealizada e não vivencial e como sociólogos como Schutz e Mead propuseram entender a experiência de forma intersubjetiva e produzida socialmente.
1. Mídia e Cultura na Amazônia
Aula 2
Prof. Dr. Fábio Fonseca de Castro
Programa de Pós-graduação Comunicação, Cultura e
Amazônia – UFPA
Belém, 21 de março de 2012
2. O problema da aula
A importância da noção de experiência na
pesquisa de comunicação e cultura e a
dificuldade de escapar das amarras
metafísicas que a envolvem.
3. Construção do problema
O problema do erro metafísico na constituição
de objetos e perspectivas de pesquisa, em
especial no campo dos estudos sobre a cultura
e a comunicação.
4. É interessante observar como a sociologia (a
pesquisa social) também possui elementos
metafísicos nas suas entranhas
epistemológicas:
5. – A análise marxista tem por base e se desenvolve a
partir ideia utópica da sociedade sem classes.
– A sociologia de Comte iniciava com uma
percepção sobre uma categoria absolutamente
fictícia: a humanidade.
– Já Durkheim criou várias noções para
compreender o processo social que acabam sendo
categorias teleológicas, como “solidariedade” e
anomia.
6. Respostas para esse problema vindas das
sociologias “sensíveis”.
Há sociológicas que procuraram fazer um
percurso autocrítico desde suas bases. É o
caso de Weber, Simmel e Pareto.
7. Para conseguir esse nível autocrítico – ou
sensível, como eu dizia na última aula – esses
autores, por alguma razão processual que não
cabe aqui perquirir, acabaram desenvolvendo
algum tipo de mecanismo analítico centrado
numa observação dicotômica:
8. – Para Weber, a vida social – ou melhor, a
experiência social – é feita de antagonismos;
– Para Simmel, de conflitos ;
– Para Pareto, de desequilíbrios.
10. Para as sociologias hegemônicas, a experiência é algo
naturalmente metafísico, que reporta a uma situação que não
é a vivencial mas, sempre, a ideal.
Essas sociologias fazem uma idéia consubstanciada da
experiência. Para elas, a ação social dos indivíduos constitui
algo em geral parcial, que só se concretiza quando observado
no contexto de um padrão de ação social mais amplo – por
exemplo, um modelo.
11. Assim, por exemplo, a experiência de classe social de alguém
só é compreender enquanto um padrão de experiência de
classe, e nunca como uma experiência individual. Se a
experiência em questão foge do padrão é, imediatamente,
classificada como uma ruptura, uma quebra, uma anomalia.
Então, essa sociologia só consegue compreender o que está
no horizonte de sua classificação teleológica, simplesmente
colocando à margem os demais fenômenos sociais que
constituem experiências atípicas.
14. Fontes do pensamento de Schutz
Weber: a sociologia como um trabalho de
compreensão da ação social.
Husserl: a fenomenologia (disposição em compreender
os fatos sociais em si mesmos, sem a interveniência das
categorias meta-teleológicas).
15. Para Schutz, a consciência individual é
construída com base nas experiências da vida
cotidiana e estas são, necessariamente,
intersubjetivas.
Ou seja, produzidas coletivamente, por meio
da interação contínua dos diversos indivíduos
que atuam na sociedade.
17. Mead: o indivíduo origina-se a partir do social
e em interação permanente com ele.
O produto dessa relação é o que ele
compreende como sociabilidade.
18. Premissas do Interacionismo Simbólico:
– O indivíduo atua, em sociedade, tendo por base o sentido
que as coisas têm para ele;
– O sentido que essas coisas têm, para os indivíduos, é
produzido por meio da interação social que alguém
estabelece com as pessoas com as quais interage.
– Estes sentidos são modificados, e frequentemente
manipulados, através de processos interpretativos usado
pela pessoa ao tratar as coisas que ela encontra.