1. A história do pensamento econômico
Mercantilismo
Podemos definir o mercantilismo como sendo a política econômica adotada na Europa
durante o Antigo Regime. Como já dissemos, o governo absolutista interferia muito na
economia dos países. O objetivo principal destes governos era alcançar o máximo possível de
desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de
riquezas dentro de um reino, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional.
Podemos citar como principais características do sistema econômico mercantilista:
Metalismo: o ouro e a prata eram metais que deixavam uma nação muito rica e
poderosa, portanto os governantes faziam de tudo para acumular estes metais. Além do
comércio externo, que trazia moedas para a economia interna do país, a exploração de
territórios conquistados era incentivada neste período. Foi dentro deste contexto histórico, que
a Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América como, por
exemplo, os maias, incas e astecas.
Industrialização: o governo estimulava o desenvolvimento de indústrias em seus
territórios. Como o produto industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gêneros
agrícolas, exportar e manufaturados era certeza de bons lucros.
Protecionismo Alfandegário: os reis criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a
entrada de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria nacional e
também evitar a saída de moedas para outros países.
Pacto Colonial: as colônias europeias deveriam fazer comércio apenas com suas
metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não
encontrados na Europa. Dentro deste contexto histórico ocorreu o ciclo econômico do açúcar
no Brasil Colonial.
Balança Comercial Favorável: o esforço era para exportar mais do que importar, desta
forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira
Fisiocracia
Suas teorias surgiram na França e foram mais populares durante a segunda metade do
século XVIII. A Fisiocracia talvez seja a primeira teoria bem desenvolvida da economia.
O movimento foi particularmente dominado por François Quesnay (1694-1774) e Anne
Robert Jacques Turgot (1727-1781). Esse movimento imediatamente precedeu a primeira
escola moderna, a economia clássica, que se iniciou com a publicação do livro de Adam Smith,
A Riqueza das Nações, em 1776.
A contribuição mais significativa dos fisiocratas era a sua ênfase no trabalho produtivo
como fonte de riqueza nacional. Esse pensamento é contrastante em relação ao das escolas
anteriores, em particular o mercantilismo, que muitas vezes focava na riqueza do governante,
no acúmulo de ouro, ou no saldo da balança comercial. Enquanto a escola Mercantilista de
economia dizia que o valor dos produtos da sociedade era criado no seu ponto de venda, com
2. o vendedor vendendo seus produtos por mais dinheiro do que estes tinham "originalmente"
valido, a escola Fisiocrática de economia foi a primeira a ver o trabalho como a única fonte de
valor. No entanto, para os fisiocratas, apenas o trabalho agrícola criava este valor nos produtos
da sociedade. Todo o trabalho "industrial" e não agrícola eram "apêndices improdutivos" para o
trabalho agrícola.
Na época em que fisiocratas estavam formulando suas idéias, a economia era quase
totalmente agrária. Esse talvez seja o motivo pelo qual a teoria tenha considerado apenas o
trabalho agrícola como sendo valioso. Fisiocratas viam a produção de bens e serviços como
consumo do excedente agrícola, uma vez que a principal fonte de energia era o músculo
humano ou animal e toda a energia era derivada a partir do excedente de produção agrícola. O
lucro na produção capitalista era apenas o "aluguel" obtido pelo proprietário do terreno em que
a produção agrícola estava ocorrendo.
A percepção do reconhecimento dos Fisiocratas da importância fundamental do terreno
foi reforçada no meio século seguinte, quando os combustíveis fósseis foram aproveitados por
meio do uso da máquina a vapor. A produtividade aumentou consideravelmente. Ferrovias, e
sistemas de abastecimento de água e saneamento a vapor, possíveis cidades de vários
milhões de pessoas com valores da terra muitas vezes maior do que as terras agrícolas. Assim,
enquanto os economistas modernos também reconhecem manufatura e serviços como
produtivos e geradores de riqueza, os princípios estabelecidas pelos fisiocratas permanecem
válidos. A Fisiocracia também tem uma relevância contemporânea importante em que toda a
vida permanece dependente da produtividade do solo bruto e a capacidade do meio ambiente
natural se renovar.
Utilitarismo
O Utilitarismo é uma escola filosófica que nasceu no século XVIII, na Inglaterra. Ela
estabelece a prática das ações de acordo com sua utilidade, baseando-se para tal em
preceitos éticos. Assim, uma atitude só deve ser concretizada se for para a tranquilidade de um
grande número de pessoas. Portanto, antes da efetivação de uma ação, ela deve ser avaliada
sob o ponto de vista dos seus resultados práticos.
Esta expressão foi plasmada por Jeremy Bentham, na primeira metade do século XIX,
em referência à essência desta doutrina. Mas ela foi usada originalmente por Stuart Mill, que
estendeu o uso desta filosofia aos aspectos consistentes da sociedade, tais como sistema
político, legislação, Justiça, política econômica, liberdade sexual, entre outros. Ele também
idealizou a fundação de uma Sociedade Utilitarista.
Pode-se dizer que do ponto de vista filosófico o Utilitarismo visa alcançar o maior valor
da existência humana, a felicidade, não no sentido meramente individual, mas no aspecto
coletivo. Economicamente, é também a vantagem de todos que deve servir de parâmetro para
se tomar ou não uma decisão, ciente de que ela é ou não correta. Assim, ele é oposto ao
cultivo do egoísmo e à tomada de atitudes impulsivas, que não medem as consequências.
Segundo esta doutrina, a ação não depende da motivação de quem a pratica, pois uma
intenção negativa pode gerar consequências úteis e benéficas.
De certa forma, pode-se afirmar que esta linha filosófica já era cultivada na Antiguidade,
principalmente por Epicuro e seus discípulos, na Grécia Antiga. Além disso, alguns
pesquisadores apontam a existência, no século XVII, de traços do Utilitarismo na filosofia
moralista do Bispo Richard Cumberland. Pouco tempo depois, Francis Hutcheson defendeu
que “a melhor ação é a que busca a maior felicidade para o maior número de indivíduos". David
Hume também tentou compreender a fonte das virtudes do ponto de vista da sua utilidade.
O Utilitarismo tem um aspecto moral que procura entender a natureza do homem, e para
isso leva em conta o fato de que o indivíduo está sempre em busca do prazer, ao mesmo
tempo em que tenta fugir da dor. É neste ponto que esta doutrina intervém, pois sua função é
3. propiciar às pessoas o máximo de satisfação e alegria, e por outro lado impedir o sofrimento.
Portanto, ser útil é o valor moral mais elevado.
Esta escola filosófica também foi conhecida como radicalismo filosófico, pelo seu
empenho em restabelecer os valores éticos e, muitas vezes, em transformar a própria
sociedade. A utilidade, para ela, é inclusive sinônimo de felicidade. Há uma diferença, porém,
entre os pensamentos de Bentham e Stuart Mill. O primeiro propõe uma visão quantificada das
ações, cabendo a seus agentes medir a quantidade de prazer que pode resultar delas, para
então decidir se as atitudes devem ou não ser concretizadas.
Economia clássica
Economia clássica é o nome dado à primeira escola moderna de pensamento
econômico. É geralmente aceito que o marco inaugural do pensamento econômico clássico
seja a obra A Riqueza das Nações, do escocês Adam Smith. Seus conceitos giram em torno da
noção básica de que os mercados tendem a encontrar um equilíbrio econômico a longo prazo,
ajustando-se a determinadas mudanças no cenário econômico.
Enquanto Adam Smith enfatizou a produção de renda, David Ricardo na sua distribuição
entre proprietários de terras, trabalhadores e capitalistas. Ricardo enxergou um conflito
inerente entre proprietários de terras e capitalistas. Ele propôs que o crescimento da população
e do capital, ao pressionar um suprimento fixo de terras, eleva os aluguéis e deprime os
salários e os lucros.
Thomas Robert Malthus usou a ideia dos retornos decrescentes para explicar as baixa
condições de vida na Inglaterra. De acordo com ele, a população tendia a crescer
geometricamente sobrecarregando a produção de alimentos, que cresceria aritmeticamente. A
pressão que uma população crescente exerceria sobre um estoque fixo de terras significa
produtividade decrescente do trabalho, uma vez que terras cada vez menos produtivas seriam
incorporadas à atividade agrícola para suprir a demanda. O resultado seria salários
cronicamente baixos, que impediriam que o padrão de vida da maioria da população se
elevasse acima do nível de subsistência. Malthus também questionou a automaticidade da
economia de mercado para produzir o pleno emprego. Ele culpou a tendência da economia de
limitar o gasto por causa do excesso de poupança pelo desemprego, um tema que ficou
esquecido por muitos anos até que John Maynard Keynes a reviveu nos anos 1930.
No final da tradição clássica, John Stuart Mill divergiu dos autores anteriores quanto a
inevitabilidade da distribuição de renda pelos mecanismos de mercado. Mill apontou uma
diferença dois papéis do mercado: alocação de recursos e distribuição de renda. O mercado
pode ser eficiente na alocação de recursos mas não na distribuição de renda, ele escreveu, de
forma que seria necessário que a sociedade intervenha.
A teoria do valor-trabalho é uma teoria econômica de Adam Smith, trabalho parte da
ideia de que a atividade econômica é essencialmente coletiva. Ou seja, ela não interessa no
estudo da ciência econômica, enquanto atividade individual. É claro que os indivíduos, vez por
outra, fazem coisas para si próprios, isoladamente.
Segundo essa teoria, o valor econômico de uma mercadoria é determinado pela
quantidade de trabalho que, em média, é necessário para a produzir, incluindo aí todo o
trabalho anterior (para produzir suas as matérias primas, máquinas, etc.).
Por esta teoria o preço de uma mercadoria reproduz a quantidade de tempo de trabalho
nela colocado, sendo o trabalho o único elemento que realmente gera valor. Num exemplo
clássico entre os teóricos do valor-trabalho, a razão porque um diamante é mais valioso que
um copo de água é porque dá, em média, mais trabalho, encontrar e extrair um diamante do
que um copo de água.
4. Na economia, a escola neoclássica faz grandes objeções às concepções em torno da
teoria do valor-trabalho e considera a escola marxista como tributária de tais concepções.
O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas
primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros
seguidores. Baseado na concepção materialista e dialética da História, interpreta a vida social
conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí
consequentes. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a
capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens
dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o
que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas. A luta comunista se resume
à emancipação do proletariado por meio da liberação da classe operária, para que os
trabalhadores da cidade e do campo, em aliança política, rompam na raiz a propriedade
privada empregadora do proletariado, transformando a base produtiva no sentido da
socialização dos meios de produção, para a realização do trabalho livremente associado - o
comunismo -, abolindo as classes sociais existentes e orientando a produção sob controle
social dos próprios produtores - de acordo com os interesses humanos-naturais.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo
influenciou os mais diversos sectores da atividade humana ao longo do século XX, desde a
política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos,
históricos e econômicos. O marxismo foi utilizado desvirtuadamente como base para as
doutrinas oficiais utilizadas nos países socialistas, nas sociedades pós-revolucionárias.
No entanto, o marxismo ultrapassou as ideias dos seus precursores, tornando-se uma
corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem
sempre coincidentes e assumindo posições teóricas e políticas às vezes antagônicas,
tornando-se necessário observar as diversas definições de marxismo e suas diversas
tendências, especialmente a social-democracia, o bolchevismo, o esquerdismo e o comunismo
de conselhos.
A Teoria Keynesiana
As políticas econômicas intervencionistas foram inauguradas por Roosevelt com o New
Deal, que respaldaram, no início da década de 1930, a intervenção do Estado na Economia
com o objetivo de tentar reverter uma depressão e uma crise social que ficou conhecida como
a crise de 1929 e, quase simultaneamente, por Hjalmar Horace Greeley Schacht2 3 na
Alemanha Nazista.
Cerca de 3 anos mais tarde, em 1936, essas políticas econômicas foram teorizadas e
racionalizadas por Keynes em sua obra clássica Teoria geral do emprego, do juro e da moeda.
A teoria de Keynes é baseada no princípio de que os consumidores aplicam as
proporções de seus gastos em bens e poupança, em função da renda. Quanto maior a renda,
maior a porcentagem desta é poupada. Assim, se a renda agregada aumenta em função do
aumento do emprego, a taxa de poupança aumenta simultaneamente; e como a taxa de
acumulação de capital aumenta, a produtividade marginal do capital reduz-se, e o investimento
é reduzido, já que o lucro é proporcional à produtividade marginal do capital. Então ocorre um
excesso de poupança, em relação ao investimento, o que faz com que a demanda (procura)
efetiva fique abaixo da oferta e assim o emprego se reduza para um ponto de equilíbrio em que
a poupança e o investimento fiquem iguais. Como esse equilíbrio pode significar a ocorrência
de desemprego involuntário em economias avançadas (onde a quantidade de capital
acumulado seja grande e sua produtividade seja pequena), Keynes defendeu a tese de que o
Estado deveria intervir na fase recessiva dos ciclos econômicos com sua capacidade de
imprimir moeda para aumentar a procura efetiva através de déficits do orçamento do Estado e
assim manter o pleno emprego. É importante lembrar que Keynes nunca defendeu o
carregamento de déficits de um ciclo econômico para outro, nem muito menos operar
orçamentos deficitários na fase expansiva dos ciclos.
5. Deve notar-se que, para o estado aumentar a procura efetiva, deve gastar mais do que
arrecada, porque a arrecadação de impostos reduz a procura efetiva, enquanto que os gastos
aumentam a procura efetiva.
O ciclo de negócios segundo Keynes ocorre porque os empresários têm "impulsos
animais" psicológicos que os impedem de investir a poupança dos consumidores, o que gera
desemprego e reduz a demanda efetiva novamente, e por sua vez causa uma crise econômica.
A crise, para terminar, deve ter uma intervenção estatal que aumente a demanda efetiva
através do aumento dos gastos públicos.
Bibliografia:
O Mercantilismo
Autor: Deyon, Pierre / Mota, Teresa Cristina Silveira da Editora: Perspectiva
Utilitarismo
Por Ana Lucia Santana
Economia clássica
Smith Adam
Marxismo
BORGES, Vavy P. O que é história. São Paulo: Brasiliense, 1987.
GIDDENS, Anthony. Capitalismo e moderna teoria social. Lisboa: Editora Presença, 1994.
MAGEE, Bryan. História da filosofia. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Editorial Grijalbo, 1977.
PARKES, Henry Bamford. Marxismo: uma autópsia. Boston: Houghton Mifflin, 1939.
SINGER, Paul (org.). Grandes Cientistas Sociais Vol. 31. São Paulo: Ática, 1982.
A Teoria Keynesiana
ALDRIGHI, Dante Mendes. Uma avaliação das contribuições de Stiglitz à teoria dos mercados
financeiros. Rev. Econ. Polit. vol.26 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2006 ISSN 0101-3157
CARQUEJA, Hernâni O. O Conceito de Riqueza na Análise Económica - Apontamentos. II
Seminário GRUDIS. Faculdade de Economia da Universidade do Porto, 25/10/2003
LASTRES, Helena Maria Martins e FERRAZ, João Carlos. Economia da Informação, do
Conhecimento e do Aprendizado, Capítulo I, in: Informação e globalização na era do
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Campus, 1999