2. Com base no conto “Em Combate”, do livro A Vida Escreve, pelo Espírito
Hilário Silva. (Momentos de Paz Maria da Luz).
Conta-nos assim o autor espiritual:
Desde que recebi a solicitação de Crisolino, meu benfeitor espiritual, estou
empenhado na abolição das armas de morte; dizia Dantas, num jantar íntimo.
Creio que a guerra desaparecerá do mundo, quando cada um de nós esteja
disposto a expulsá-la do seu próprio circulo.
E falava entusiástico. Rememorava a estatística de muitas guerras. Salientava
os programas bélicos de muitos povos. Detinha-se apaixonadamente em
Napoleão, chamando-lhe “gênio carniceiro”.
3. Não se poupava. Onde aparecesse oportunidade, aí estava Dantas para a
cruzada a que se propunha. Pedia movimentos renovadores, para que os
canhões se fizessem arados. Adquiriu boa máquina cinematográfica e exibia
quadros curiosos. Revolveres provocando desastres. Sabres em mãos de
legionários da antiguidade ao invadirem territórios pacíficos. Telas mostrando o
efeito de bombardeios destruidores. Estudo sobre adagas e baionetas, trabucos
e punhais. E, diante dos pais, pedia sempre não dessem aos pequeninos,
brinquedos que simulassem armas de morte. Todavia, estimava as alegrias da
mesa, depois das instruções. Alegava que uma boa conversação, após um
assunto sério em conferência, consolidava impressões. E toca a devorar as
viandas que aparecessem.
4. Com semelhante regime, Dantas, aos quarenta e dois de idade, sofria obesidade
característica e era campeão de moléstias do estômago. Chamado certa feita, o
Dr. Neves Lima para examiná-lo, numa crise de gastralgia, admirou-se o
médico da pressão alta. Dantas, se você não tiver cuidado, acaba estourando.
Ele, porém, zombou do facultativo e repetiu o que costumava dizer: Crisolino,
o meu protetor espiritual, declarou que chegarei aos setenta, desde que me
mantenha combatendo as armas de morte.
Aconteceu, porém, o esperado. O Dr. Neves acordou, noite alta, por insistência
do telefone. Da residência de Dantas chamavam-no. Encontrou o cliente em
coma.
5. Depois de grande ceia, Dantas acusara súbito mal-estar. Recolhido ao leito,
perdera a palavra e o controle dos movimentos. Prostração. Espasmo cerebral.
Complicações sérias. O Dr. Neves faz o possível, durante quatro dias e quatro
noites de vigilância e exaustão. Apesar de tudo, Dantas foi compelido a deixar
o corpo físico. A família chorava. No Plano Espiritual, Dantas acordou no
regaço de Crisolino, que o amparava, paternalmente. Informou-se quanto à
libertação de que fora objeto. Mas, considerando os problemas que lhe
requisitavam a presença no mundo, clamou desapontado para os ouvidos do
guardião: Mas você não me prometeu setenta anos, se eu permanecesse em
combate contra as armas de morte? E que fiz toda a minha existência senão
isso?
6. Crisolino, porém, replicou sem vacilação: Sim, sim, mas você se esqueceu de
que o garfo também mata.
REFLEXÃO:
O homem difere dos animais por sua capacidade de pensar continuamente, isto
é, um ser dotado de inteligência. Com ela, ele é capaz de observar a Natureza;
aprender a fazer e a procriar, modificando os elementos que Deus lhe
emprestou, para construir coisas, inventar dispositivos, artefatos e
equipamentos destinados a facilitar sua vida neste planeta de provas e
expiações. Com sua inteligência, ele é capaz de desenvolver teorias, praticar e
produzir obras de arte. Mas também é capaz de gerar destruição à sua volta
pelo emprego inadequado da tecnologia que desenvolveu.
7. Deus criou o homem para que ele soubesse equilibrar o uso de seus recursos
intelectuais com suas necessidades morais. Tudo o que constitui excesso volta-
se contra o próprio homem, desequilibrando ou desestabilizando a sua vida. O
Pai criador de todas as coisas, inteligência suprema, permite a seus filhos, com
o uso do livre-arbítrio, a escolha de seus próprios caminhos. Assim, aquilo que
o homem faz para poder facilitar a sua vida, se não for utilizado de forma
adequada e equilibrada, pode complicá-lo. Poderíamos enumerar uma série de
exemplos de boa ou má utilização da tecnologia desenvolvida pelo ser humano.
Mas, será, realmente, que o mal está na tecnologia ou na moral do homem que
a utiliza? O mal está na arma produzida ou naquela mão que a utiliza?
8. Mas os males dos homens não residem apenas na população armada ou na
capacidade de uns destruírem os outros, através de artefatos e instrumentos de
morte. Os males do homem residem dentro de si mesmo, nos excessos que são
capazes de cometerem. Dinheiro em excesso, sem uso proveitoso; bebida em
excesso, sem finalidade justificável; comida em excesso, sem a necessidade
real; descanso em excesso, gerando preguiça e inutilidade; sexo desequilibrado,
sem o amor que o complemente; trabalho em excesso, sem justificativa ou
necessidade; vício de toda ordem, que aniquilam a vida do homem. Tudo o que
se faz por excesso gera males para a vida, e podem constituir-se em
instrumento de morte.
9. A estória relatada aqui nos fala de um desses excessos que todos, em maior ou
menor escala, nos permitimos cometer.
O corpo humano foi desenvolvido pelo Criador para abrigar o princípio
espiritual que já atingiu a capacidade de pensar e de discernir, e constitui-se
num santuário de perfeição e pureza. Todos os desajustes formados no corpo
humano são frutos dos desequilíbrios presentes ou passados. Seja este um
passado recente ou não. A saúde do corpo é função única e exclusiva do bom
uso que fazemos dos nossos órgãos. Alimentação adequada, sono reparador,
equilíbrio psicológico, controle de si mesmo, ausência de vícios, são premissas
sem as quais não nos é possível atingir a plena saúde física e, portanto, a plena
saúde mental.
10. O Espírito, que dirige o corpo, nada pode fazer quando essa máquina é
acometida por doenças oriundas das falhas e dos desequilíbrios, consequência
do uso inadequado.
Assim, sendo, meditemos um pouco: de que forma levamos nossa vida;
cuidamos de maneira adequada de nosso corpo? E da nossa mente? Ainda nos
permitimos vícios nocivos à nossa saúde? Quantas pessoas nós conhecemos
que reclamam de sua saúde e de sua forma física? Apesar do nosso corpo ser
um santuário que Deus nos proporcionou para o aprendizado e experiência na
carne, muitas vezes não o respeitamos como devíamos. Apenas nos servimos
dele e reclamamos quando já não consegue nos conceder aquilo que desejamos.
11. Que Deus nos permita entender estas verdades, trazendo-as para a experiência
diária, e nos ensine como combater a fraqueza moral, que ainda reside em nós.
Muita Paz!
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Espíritos, de O Livro dos Médiuns, e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.