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Geraldo Medeiros de Aguiar




          2ª Edição
          Olinda-PE
             2007
Copyright© 2006 Geraldo Medeiros de Aguiar
                          Impresso no Brasil
                           Printed in Brazil
                                Editor
                           Tarcísio Pereira
                          Editor Assistente
                     Joaquim Sávio de Medeiros
                           Diagramação
                    Maria do Carmo de Oliveira
                           Capa e Ilustração
                            Tiago Aguiar
                              Revisão
                             Ana Prosini

A282a Aguiar, Geraldo Medeiros de, 1938-
          Agenda 21 e desenvolvimento sustentável: (caminhos e
       desvios) / Geraldo Medeiros Aguiar. – Recife: Ed. do Autor,
       2006
          109. : il

         1. MEIO AMBIENTE – BRASIL. 2. MEIO AMBIENTE –
       PERNAMBUCO. 3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL –
       BRASIL. 4. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL –
       PERNAMBUCO. 5. POLÍTICA AMBIENTAL – BRASIL. 6.
       DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. I. Título.

                                                  CDU 504
                                                  CDD 363.7
PeR-BPE

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                                                                     2
DEDICATÓRIA

       A Mauricéa Marta B. Wanderley que, nestes 30
anos me acompanha nas lutas, nos desafios e no amor.
       A meus filhos: Milena e Eugênio Moutelík de
Aguiar e a Tiago e Lucas Wanderley de Aguiar que de
forma permanente me inspiram a escrever e editar meus
ensaios.
       Ao mestre e amigo Manuel Figueroa Lazarte
que, mesmo distante, muito contribuiu para minhas
investigações sobre os temas em epígrafe, a meu dileto
ex-aluno Roberto Tiné e ao caríssimo companheiro
Vantuil Barroso Filho minhas homenagens pelos
contrapontos às minhas idéias.


AGRADECIMENTOS

         A Josemyr Geraldo Bezerra pela presteza, pela
determinação e pela desinteressada colaboração para a
publicação deste livro. A Tiago W. de Aguiar, pela
digitação e pela criatividade na confecção da capa com
parâmetros joviais de sua contribuição e a meus ex-
alunos, Luiz Moura, Cristina Ferreira, Saulo Farias,
Adriana Galantin e a todos que me incentivaram a
realizar este trabalho.




                                                    3
ÍNDICE

PREFÁCIO .......................................................................05

APRESENTAÇÃO .................................................................. 14

PARTE I. ENFOQUES DAS AGENDAS 21...........................25

PARTE II. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL ...................................................................... 45

PARTE III. IDÉIAS PARA UM MODELO AUTÔNOMO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................... 66

- O BRASIL NO CONTEXTO DE UM DESENVOLVIMENTO PARA
SI.........................................................................................................................................67
- PREMISSAS PARA UM MODELO POLÍTICO DE DESENVOLVIMENTO
AUTÔNOMO....................................................................................................................72
- A POLÍTICA DO PODER NACIONAL DA ESG......................................................77
- A REPRESSÃO AO CAPITAL PRIVADO STRANGEIRO.....................................81
- O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL VISA HUMANIZAR A
EXISTÊNCIA....................................................................................................................89
- O MONOPÓLIO ESTATAL DOS FATORES ECONÔMICOS BÁSICOS............89
- A DEFESA DA INDÚSTRIA NACIONAL AUTÊNTICA.........................................92
- A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL.......................................................92
- A REFORMA AGRÁRIA...............................................................................................95
- AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE PLENA SOBERANIA...........................101
- A EDUCAÇÃO POPULAR PARA O DESENVOLVIMENTO...............................104
- A CULTURA DO POVO..............................................................................................106
- A SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL COM AS NAÇÕES EM LUTA PELA
LIBERTAÇÃO POLÍTICA............................................................................................108
- A INTEGRAÇÃO SULAMERICANA........................................................................111
- O MODELO...................................................................................................................114


BIBLIOGRAFIA .....................................................................146

O AUTOR.................................................................................159




                                                                                                                                          4
PREFÁCIO


        A obra de Geraldo Medeiros de Aguiar “Agenda 21
e Desenvolvimento Sustentável. (Caminhos e Desvios)”
promove a necessidade de repensar no Brasil as políticas
públicas desde novas perspectivas e categorias de análises.
Nesse trabalho, o autor dialoga com os leitores através de
um texto organizado em três partes. Na parte I, registra, em
detalhes, o conjunto de compromissos assumidos pelo Brasil
frente à sua sociedade e à comunidade internacional para
administrar o país seguindo objetivos de bem-estar social e
sustentabilidade ecológica em beneficio das atuais e futuras
gerações. Nesse propósito, apresenta os enfoques
dominantes na Agenda 21 da ONU, resultante da
Conferência do Rio de Janeiro em 1992, na Agenda
Brasileira, no mega-evento Rio + 10 da ONU, na Agenda de
Pernambuco e nas de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.
        Na parte II, sintetiza os aspectos mais salientes da
Teoria do Desenvolvimento Sustentável e recorre a
ilustrações gráficas para facilitar a visualização de sua
lógica e de seus argumentos.
        Todavia, é na parte III de sua obra que o autor
recorre a seus amplos conhecimentos e experiências
profissionais para dialogar com os leitores sobre sua nova
proposta para implementar, no país, as bases de um Modelo
Autônomo de Desenvolvimento Sustentável. Caso seja
adotado, permitirá ao governo resolver, em simultâneo, os
graves problemas do crescimento, do desemprego e da
pobreza que atingem amplas regiões do país e
particularmente os estados e municípios do Nordeste.




                                                          5
Em sua essência, a proposta de Geraldo Aguiar
objetiva a abertura programática de três “janelas” para
relacionar as interações do desenvolvimento nacional com a
economia internacional, com a economia pública do Estado
Brasileiro - que se expressa através das políticas e dos
programas administrados pelas entidades governamentais –
e, finalmente, com a própria sociedade. Nesse ponto, o
autor, consciente da necessidade de avançar até um
desenvolvimento nacional sem pobreza, desemprego nem
exclusão social, propõe adotar novas formas de organização
institucional para pôr em funcionamento, em grande escala,
um conjunto de reformas destinadas a regularizar no país o
império de três ordenamentos institucionais para reger a
economia privada capitalista, a economia pública e, em
particular, a economia social-comunitária onde, para
além dos requerimentos do mercado, seja possível articular
os esforços de: governo e sociedade para gerar os empregos
e as rendas que a sociedade requer.
        As contribuições de Geraldo Aguiar configuram
aportes valiosos para integrar, no futuro, as bases de uma
nova Teoria Geral destinada a orientar os processos de
desenvolvimento, sem pobreza nem desemprego. Vale
recordar que diversos centros intelectuais da América Latina
participam, na atualidade, da gestação dessa teoria, cujas
idéias fundamentais remontam aos tempos pioneiros da
CEPAL, até fins da década dos anos 40. Como todo
processo cultural, as idéias de uns se integram, por
mecanismos desconhecidos, com as idéias dos outros
independentemente de geografias e de tempos históricos.
Simplesmente acontecem e são a simples expressão da
criatividade humana e de uma consciência crítica que se
expande em toda a região. Para compreender a


                                                          6
transcendência das idéias de mudança social que se
discutem na atualidade latino-americana, apresenta-se, em
continuação, uma breve referência sobre sua evolução
histórica a partir da obra de Adam Smith.
        Desde seu nascimento no século XVIII, a economia
clássica postulava que o progresso das nações devia
encontrar-se nos contextos de livre mercado onde a ação dos
indivíduos, na procura de alcançar seus próprios objetivos
de lucro e de benefício pessoal criaria condições para o
progresso de todos, sempre e quando o estado mantiver
papéis subsidiários, limitando sua ação ao campo exclusivo
de certas funções gerais: defesa, moeda, obras públicas e
serviços sociais essenciais. Por suas concepções filosóficas e
políticas, naquela escola de pensamento econômico, o
indivíduo era o epicentro do desenvolvimento social, e a
figura do empresário assumia papéis de protagonistas no
destino e no progresso das sociedades. Esse eixo
fundamental do pensamento doutrinário do liberalismo
permanece, até o presente, como essência da economia
capitalista.
        Todavia, com o devir dos anos 30, o capitalismo,
como sistema, viu-se superado pela maior crise registrada
em sua história: desmantelou a produção, o emprego e as
rendas das sociedades mais ricas, desatando ondas intensas
de desconfiança na durabilidade do próprio sistema. As
idéias de Keynes, principalmente, abriram novos cenários
para superar a crise e avançar até a estabilidade do sistema
mediante um conjunto de novos instrumentos de auto-
regulação econômica, monetária e financeira. A partir
daqueles anos, o estado e o empresariado privado
passaram, em conjunto, a ser reconhecido como sujeitos




                                                            7
econômicos de importância primordial para estabilizar e
consolidar a expansão do sistema ao longo do tempo.
        A partir da década de 80, o capitalismo avançou até
novas dimensões de globalização financeira em escala
planetária. Os avanços da ciência e da técnica propiciaram
mudanças revolucionárias nos campos: das comunicações,
da produção, da circulação e da distribuição. Novas formas
de organização empresária aceleraram os processos de
concentração do capital em escala internacional. Novos
produtos financeiros e novos fluxos de monetarização da
economia internacional potenciaram os circuitos do
financiamento para além da evolução dos intercâmbios na
economia real. O desmonte ou queda do socialismo de
estado na URSS até fins dos anos 80 jogou o espaço global
para a expansão hegemônica do capitalismo.
        Nesse vertiginoso processo de transformação e
globalização econômica, as dimensões de uma nova crise
social apareceram no horizonte dos anos 90, e seus efeitos
começaram a projetar-se sobre as sociedades de países
centrais e periféricos. O mundo do emprego experimentou
profundas mutações, e só aqueles países que puderam
financiar programas de assistência ao desemprego
escaparam ao desastre da pobreza, mantendo razoáveis
níveis de estabilidade social. Na maioria dos países do
mundo, e, particularmente naqueles mais dependentes, a
inexorável revolução tecnológica, a globalização financeira
do capitalismo e as políticas adotadas sob o rigor do
pensamento único instituído no Consenso de Washington,
com sua seqüela de processos associados, estão produzindo
profundas alterações nas estruturas produtivas agravando as
dimensões do desemprego e gerando situações de exclusão
social e pobreza para milhões de pessoas.


                                                         8
Por tratar-se de processos irreversíveis, o capitalismo
globalizado, ao acelerar simultaneamente os avanços do
progresso técnico e a concentração da produção e da
propriedade na forma de mega empresas transnacionais
distribuídas sobre todas as áreas geográficas do mundo para
controlar a expansão dos mercados, expandiu a desocupação
em escala global e agravou a obsolescência da força de
trabalho desempregada, abrindo novos cenários de crises
sociais irreversíveis, é dizer, sem retorno às situações do
passado.
        Em tais contextos, a economia ortodoxa perdeu sua
capacidade de propor políticas apropriadas para reconstruir
os equilíbrios sociais. Governos e sociedades do mundo
sofrem, em maior ou menor grau, situações permanentes de
crise, desestabilizando os sistemas sociais. Impõe-se, com a
devida urgência, imaginar e adotar novas formas de
organização social dentro das dobras do próprio sistema
capitalista para evitar males maiores que afetarão,
inexoravelmente, a base de sustentação ecológica e a
governabilidade dos próprios sistemas sociais. Dadas às
condições objetivas e a correlação de forças sociais que
imperam na atualidade, as idéias de resolver os conflitos
mediante processos revolucionários de mudança de sistema
social, por muito tempo, ficarão como expressões de utopias
inalcançáveis.
        Na busca de novas alternativas de organização social
dentro do sistema capitalista, aparece, desde diversas
regiões do mundo, a proposta de organizar uma nova
economia social-comunitária sob a co-responsabilidade do
estado e a ativa participação e responsabilidade das
próprias representações das sociedades locais. A
implementação de novos mecanismos de gestão


                                                             9
comunitária, para incorporar-se aos processos produtivos
destinados a mercados internos e externos, poderá reforçar
os aportes que o estado e as economias privadas
empresariais de livre mercado vêm realizando para
harmonizar as relações econômicas e sociais. Essas idéias
configuram, em conseqüência, uma importante contribuição
ao invocar a própria sociedade na resolução dos principais
problemas que afetam seu destino.
        As novas idéias de mudança social assumem sua
particular transcendência na América Latina, continente que
no curso dos últimos 25 anos assistiu à duplicação do total
de pessoas em situação de pobreza. Nesse contexto histórico
e geográfico, os aportes que Geraldo Aguiar vem realizando
no propósito de apresentar novas alternativas para superar a
grave situação existente no Brasil adquirem importância
significativa. Seus trabalhos se integram, naturalmente, aos
aportes que outros intelectuais vêm realizando e, em
conjunto, incitam a pensar em novas formas de organizar a
economia para colocá-la, realmente, a serviço da sociedade.
        As idéias em gestação pressupõem que, para superar
a pobreza e o desemprego, os governos e sociedades
precisarão recriar novas formas de organização econômica
que introduzam maior flexibilidade no ordenamento
institucional para dar origem a três regimes econômicos
complementares que possibilitem garantir, a todas as
famílias, o emprego, a disponibilidade de renda social básica
para uma vida digna, os serviços sociais essenciais e a
sustentabilidade ecológica de longo prazo para beneficio das
gerações do presente e do futuro.
        Ao avançar nessa direção, consolidar-se-ão no tempo
as bases de uma Teoria Geral para superar a exclusão, a
pobreza e o desemprego, assegurando o crescimento da


                                                          10
produção, o fortalecimento do capitalismo competitivo, o
exercício de tarefas ativas do Estado e, fundamentalmente, a
participação das comunidades locais na resolução de seus
próprios problemas.
        Pelas características de irreversibilidade que
assumem os atuais problemas econômicos e sociais nas
escalas mundiais, não serão os proletários do mundo os
encarregados de liderar os processos destinados a
transformar a sociedade. Provavelmente, essa gestação
histórica ficará nas mãos dos técnicos, dos professores, dos
empregados público, dos mestres, dos empresários, dos
agricultores e dos operários que, no curso dos últimos anos,
por império do progresso e de múltiplas circunstâncias,
transitam como silenciosas maiorias até novas situações de
pobreza, desemprego e exclusão social.
        Pela potencialidade de energias humanas que
contêm, essa nova força social estará destinada a
impulsionar no futuro os processos de transformação que as
sociedades reclamam. Interessa destacar, como ironia da
história, que as idéias programas que administram os
partidos políticos tradicionais, as organizações sindicais e as
próprias entidades do governo responsáveis pela questão
social não conseguem sequer compreender a significação
política que assumem os imensos contingentes de população
que, dia a dia, ingressam em seus novos contornos de
pobreza e exclusão. Configuram, de fato, uma nova
realidade social sem teoria. Não obstante, por suas
magnitudes e transcendência, a pobreza do presente será,
amanhã, a base de sustentação dos processos políticos que
desenham o futuro de nossos países.
        Para resolver os problemas econômicos e sociais, se
os governos da região conseguir pôr em marcha às novas


                                                            11
idéias de organização econômica e institucional que nesse
texto propõe Geraldo Aguiar, serão possíveis,
simultaneamente, avançar também na modernização do
sistema político, objetivo ainda pendente de realização na
generalidade dos países. Com efeito, sem desemprego nem
pobreza, os pobres ficarão livres, ganharão sua liberdade de
expressão, não terão necessidades de recorrerem aos
biqueiros políticos nem de condicionar a vida de suas
famílias em favor dos partidos políticos que,
permanentemente, abusaram de sua condição de indigência.
        Seus votos poderão expressar-se em liberdade de
consciência e, mediante programas sistemáticos de alcance
universal em matéria de educação e saúde, as famílias
poderão exigir níveis mais elevados de representação
política elegendo candidatos dotados de ética, capacidade e
compromisso social. Com a introdução das reformas que se
propõem no plano econômico e institucional, poderá surgir
em nossos países uma nova sociedade, mais preparada e
exigente, em condições de negociar de forma consensual
com o estado e o setor privado, as alternativas para construir
um país melhor.
        Ao concluir este prefácio, agradeço a oportunidade
de, mais uma vez, dirigir-me ao público brasileiro e reitero
minha confiança no caráter criativo da obra de Geraldo
Aguiar que agora se submete à consideração dos leitores.
Resta só desejar que as idéias aqui expostas pelo autor
possam chegar às autoridades do governo que, em última
instância, têm em suas mãos a possibilidade de agir com
oportunidade e inteligência para atenuar os problemas de
que padece a sociedade brasileira.
        Buenos Aires, Maio de 2004.

                                  Manuel Figueroa Lazarte

                                                           12
Manuel Figueroa Lazarte é Contador Público pela Universidade de
Tucuman (Argentina). Funcionário da ONU. Autor dos Livros: O
Problema Agrário no Nordeste do Brasil; Crise nas Economias
Regionais; A Economia do Poder e o Desafio Argentino. Um Modelo
Autônomo de Desenvolvimento. (Citados na bibliografia).




 “Quem, nos dias de hoje, quiser lutar contra a mentira e a
ignorância e escrever a verdade tem de superar ao menos
cinco dificuldades. Deve ter a coragem de escrever a
verdade, embora ela se encontre escamoteada em toda
parte; deve ter a inteligência de reconhecê-la, embora ela
se mostre permanentemente disfarçada; deve entender da
arte de manejá-la como arma; deve ter a capacidade de
escolher em que mãos será eficiente; deve ter a astúcia de
divulgá-la entre os escolhidos”.

                                       BERTOLD BRECHT


                                                            13
APRESENTAÇÃO

        A proposição do Autor é contribuir para seus leitores
adotarem uma consciência crítica abrangente com vistas ao
desenvolvimento sustentável e as agendas 21 da ONU,
Brasileira e, muito em particular, a de Pernambuco e as
locais de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho quanto a seus
caminhos e desvios.
        Para tanto, o plano de trabalho está dividido em três
partes fundamentais:
        A primeira trata dos enfoques das agendas 21 da
ONU oriunda do mega evento Rio 92 passando pela Agenda
21 Brasileira e o grande evento da Rio+10 da ONU (África
do Sul) até a de Pernambuco e, principalmente, as locais de
Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.A segunda visa à teoria
do desenvolvimento sustentável, de forma sinótica e
esquemática, para na terceira parte se formularem as idéias
para um Modelo Autônomo de Desenvolvimento
Sustentável.
        Nesta apresentação, vale chamar a atenção do leitor
para a contextualização que se faz e se qualifica de
caminhos e desvios das agendas 21.
        Os caminhos estão explícitos nos textos que
constituem as duas primeiras partes do presente livro, e os
desvios se apresentam no fato de as agendas 21,
particularmente, a Brasileira, a de Pernambuco e as locais de
Ipojuca e do Cabo Santo Agostinho se omitirem de
apresentar cenários em umbrais de pelo menos 50 anos
ou saídas com vistas a uma antropolítica frente às
turbulências que se dão no Sistema Mundo do Capitalismo




                                                          14
que, sinoticamente, podem ser apresentadas da seguinte
maneira:

        1. FIM DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS (2015 A
2025). Energias alternativas e de biomassa com vistas à
produção de células combustíveis de hidrogênio. Quais os
cenários para o Brasil, o Nordeste, Pernambuco e Região
Metropolitana do Recife (RMR)?
        2. CASSINO GLOBAL. Desregulamentação ou
regulamentação unilateral dos mercados com especuladores
de toda ordem (bancos, fundos de pensões, paraísos fiscais,
seguradoras, etc.) organizados para a manipulação
financeira, via Internet, em meta rede mundial de interações
tecnológicas e de turbulências. Quais situações se
prospectam para o Brasil e nele o Estado e a RMR?
        3. RELAÇÃO CAPITAL/TRABALHO. O capital,
hoje, é global e excludente no Sistema Mundo do
Capitalismo. O trabalho é local, fragmentado, descartável,
com tendência ao obsoletismo. A hipótese 20/80, ora em
construção pelo sistema, tende a aumentar a pobreza ao
extremo no processo de exclusão social a partir do
fundamentalismo de mercado idealizado pelo G8. O que
fazer para mitigar tal tendência nos níveis local, estadual,
regional e nacional?
        4. IMPACTO OU CRISE ECOLÓGICA.
Comprometimento da Biosfera e da vida no planeta.
Esgotamento dos recursos naturais ou bens livres. Guerra
mundial dos ricos contra os pobres a partir da
unilateralidade dos EUA, como centro do sistema, no
processo incessante de acumulação de capital, cujo
metabolismo se resume em duas forças motrizes: o lucro e o




                                                         15
poder. Quais suas implicações no Brasil, em Pernambuco e
na RMR?
        5. REDES CRIMINOSAS GLOBAIS. Paraísos
fiscais e jogos como fonte de lavagem de dinheiro. Tráfico
de drogas e de armas sob salvaguarda do judiciário e com
alianças estratégicas com o estado nos países cêntricos e
periféricos. Papel dos celulares e laptops nas redes
criminosas. Como pode uma Agenda 21 Local apreender ou
ter visão de tal problema?
        6. REVERSÃO DO ESTADO OU ESTADO EM
REDE. Formação dos megablocos sob a égide de redes
financeiras internacionais. Ligação do Atlântico com o
Pacífico na América do Sul. Obsoletismo dos estados
federados do Brasil. Formação de mega blocos econômicos
com tendência a erradicar os estados nacionais. Criação de
estados em rede. Como fazer tais cenários nas agendas 21
locais?
        7. TRANSFORMAÇÃO CULTURAL. A Internet
aberta e a Internet fechada. As mídias: faladas, escritas,
televisivas e cinematográficas. Agências de informações
controladas. Manipulações de símbolos e códigos culturais.
Como ficam: a RMR, o Estado de Pernambuco e o Brasil
nesse processo à luz das agendas 21 locais e de uma ética
das aparências?
        8. A BIOTECNOLOGIA E A BIOSEGURANÇA. A
Engenharia genética e a privatização da vida. Ignorância e
descaso de todas as considerações bioéticas e morais. A
biologia molecular e a concepção da estabilidade genética.
A simbiogênese. A ética da clonagem. A biotecnologia na
agricultura. Transformação da vida em mercadoria. Como
podem as agendas 21 locais abordar a visão dessa atual
problemática?


                                                       16
9. AS RESISTÊNCIAS GLOBAIS. A situação das
lutas no mundo. As questões do fim do petróleo e a
escassez da água potável em nível mundial e o perigo de sua
privatização. A dívida externa e a rapina das riquezas dos
países periféricos pelo império e o G8. A luta contra a
exclusão social, a fome e a miséria na nova ordem ou
desordem mundial. Os movimentos das mulheres para outra
mundialização. A militarização do mundo e as novas
condições para a paz. Polarização capitalismo central
(imperial) versus capitalismo tardio dos países emergentes
ou periféricos. O projeto hegemônico Norte Americano, sua
unilateralidade e a posição do Brasil, da China, da Índia, da
África do Sul e da União Européia. Tribunal Internacional
de Inadimplência versus BIRD. Organização Internacional
de     Finanças     versus    FMI.      Organização      pela
Responsabilidade Empresarial. Pesquisas e Iniciativas de
Emissão Zero (ZERI). A economia do hidrogênio
(CÉLULA COMBUSTÍVEL) e o processo de
descarbonização. Nas Ecocidades e nas regiões
metropolitanas do Brasil. Como podem as agendas 21
abordar essas resistências mundiais?
        10. AS TENDÊNCIAS DEMOGRÁFICAS DO
BRASIL. Perigo de regressão populacional e fragmentação
nacional. A Amazônia, o principal alvo do Império e do G8.
Devem ou não as agendas 21 ignorar tais cenários?
        11.     UM      MODELO         AUTÔNOMO           DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA O
BRASIL E ESPAÇOS AUTÔNOMOS (RMR). Vale
discutir e incorporar tais modelos nas agendas 21 desde o
nível nacional ao local?




                                                          17
São esses desafios que levaram o Autor a explicitar
suas idéias para um Modelo Autônomo de Desenvolvimento
Sustentável que a seu ver jamais poderia ser desviado ou
omitido nos enfoques e nos conteúdos das agendas 21.
        Considerando-se que o Complexo Industrial-
Portuário de Suape faz parte da estratégia nacional de
ligação intermodal de transportes e de logística entre o
Atlântico e o Pacífico, juntamente, com Itaqui/Madeira
(MA) e, secundariamente, Pecém (CE) e Aratu (BA), é de
convir que, neste século 21, todas as medidas de
sustentabilidade da economia, do ambiente, da sociedade, da
política, da cultura e da integração do Brasil em blocos
econômicos      regionais     (MERCOSUL/AMERCOSUL)
passam necessariamente de forma direta ou indireta por esse
eixo estratégico da política econômica nacional que tende
a consolidar aqueles empreendimentos ou complexos
industrial-portuários. È bom lembrar que Pecém e Aratu
estão longe do que já são os complexos industriais
portuários de Itaqui e de Suape como retroportos para
receberem navios de quarta a sétima gerações.
        Tanto o Estado de Pernambuco quanto a Região
Nordeste do Brasil devem ter imbricado em suas agendas 21
os impactos positivos e negativos para a sustentabilidade da
nação brasileira, oriundos daqueles empreendimentos ou
complexos       transdisciplinares,    multifuncionais     e
multisetoriais em todas as dimensões da sustentabilidade do
desenvolvimento regional, do estadual e, principalmente, do
local nos municípios de Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho e
Região Metropolitana do Recife.
        Sabe-se que o Complexo Industrial-Portuário de
Suape será um dos destinos do sistema intermodal de
transporte supracitado que partindo dos portos peruanos e do


                                                         18
porto chileno de Arica chegarão aos portos do Atlântico na
Região Nordeste e, especialmente, a Itaqui, no Maranhão, e
a Suape em Pernambuco, passando pelas conexões das
ferrovias: Norte-Sul, Carajás, Transversal Leste (projeto da
VALEC, que tem início em Estreito (MA) e término em
Salgueiro-PE) e da Transnordestina e, ainda, com as devidas
conexões dos sistemas hidroviários dos rios: Amazonas,
Tocantins-Araguaia, Parnaíba e São Francisco, sem aqui se
mencionar as rodovias estaduais, as Br, as estradas
peruanas, chilenas e bolivianas que viabilizarão a dita
ligação e a integração intermodal de transportes sul-
americana.
        Por outro lado, a supradita ligação também colocará
a maior província mineral do planeta, que é Carajás no
interior do Brasil, e, particularmente, no Nordeste. É de se
convir que Carajás, que hoje fomenta a economia brasileira
para fora criando empregos em outros países (na medida em
que as matérias-primas são exportadas sem incorporação do
trabalho dos brasileiros), possa, ainda, até meados do século
XXI, voltar-se para dentro com vistas à formação e à
consolidação de uma nação para si em contraponto à nação
para outras, que agora vivemos.
        Dentro do presente cenário, todas e quaisquer
estratégias para as agendas 21 locais, na RMR, passam
direta ou indiretamente pelos fenômenos, fatos, ações e
atividades que se dão e se darão com o projeto vertebrador
do Complexo Industrial-Portuário de Suape inserto nos
municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho como
uma área institucional de alta importância para o
desenvolvimento sustentável.
        É ingênuo ignorar tal cenário ou subestimar os
efeitos para frente e para trás e os impactos em Ipojuca,


                                                          19
Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Nordeste do Brasil
do supra mencionado Complexo. De há muito, o Município
de Ipojuca deixou de ser apenas mais um município
decadente da zona canavieira ou Mata-Sul de Pernambuco
para se tornar um dos municípios que mais recebem
investimentos no Estado, não somente na indústria, mas
também, em infra-estrutura além de aumentar sua
arrecadação no Estado. A própria inserção do Município na
Região Metropolitana do Recife deu-se pelo fato de sediar o
Complexo, em tela, caso contrário estaria em condições de
mais um município da zona da mata, como é o caso de
Vitória de Santo Antão, Goiana e outros municípios da
região da mata atlântica.
         Nesse contexto, as agendas 21 locais deveriam ter
como foco mitigar, através de suas estratégias, os efeitos
perversos que possam advir da influência do Complexo de
Suape e voltar-se para todo e qualquer ponto forte ou
oportunidade que dele possa advir para a sustentabilidade
dos municípios, muito em particular, no ordenamento
territorial urbano e rural com vistas à sustentabilidade do
desenvolvimento local.
         No momento já se tem de forma, ainda incipiente, a
integração ferroviária entre Santos (SP) e Antofagasta, no
Chile, passando pela Bolívia, pelo Paraguai e pela
Argentina.
         Entre muitas outras considerações para as agendas
21 locais de Ipojuca e Cabo Santo Agostinho, cabem, aqui,
destacar as seguintes:

       1. Rigorosa fiscalização da sociedade civil sobre os
Planos Diretores de cada um dos municípios oriundos da
obrigatoriedade da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade), que


                                                        20
devem ser divulgados em todos os recantos dos municípios
visando à mobilização das sociedades locais em torno das
propostas que tratam da sustentabilidade de seus
aglomerados urbanos de conformidade as estratégias das
agendas 21 locais e da supracitada Lei, conhecida como
Estatuto da Cidade.
        2. Sejam definidas, institucionalizadas e adotadas
formas efetivas de cooperação interinstitucional entre a
gestão do Complexo Industrial-Portuário de Suape e os
municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho no
sentido de assegurar as necessidades, condições políticas e
institucionais para implementação das agendas 21 locais em
todos os seus aspectos, abrangências e dimensões.
        3. Seja reforçado o processo de descentralização das
políticas públicas, ambientais e urbanas, respeitando-se a
subsidiaridade e a delegação de funções das transferências
de recursos que competem aos municípios em tela e a gestão
democrática nos aglomerados urbanos sustentáveis, segundo
os princípios do Estatuto da Cidade e de suas respectivas
agendas 21 locais. Considera-se, também, indispensável a
recomendação da articulação, compatibilização e integração
das políticas e ações públicas federais com as estaduais e a
do Complexo Industrial-Portuário de Suape que afetam o
desenvolvimento urbano dos municípios e a da RMR.
        4. Com respeito aos investimentos do tipo que se dão
no Complexo Industrial-Portuário de Suape, deve-se dar a
devida atenção ao que reza a Agenda 21 Brasileira quando
afirma “os investimentos programados por eixos de
desenvolvimento      contribuem     para    redesenhar     a
configuração territorial do país, na medida em que tais
investimentos são seletivos, privilegiando espaços
dinâmicos e relegando as áreas de baixo dinamismo ou


                                                         21
estagnadas. Isso acentua as tendências de concentração da
população urbana nas áreas metropolitanas e aglomerações
urbanas, reforçando os desequilíbrios da rede de cidades e
agudizando os problemas sociais, urbanos e ambientais dos
grandes centros - particularmente porque os investimentos
feitos ou programados nesses eixos também não levam em
conta os danos ambientais decorrentes”.
        5. Há de se convir que os municípios citados
venham, no futuro próximo, realizar cenários frente aos
desvios, apontados nas turbulências do Sistema Mundo do
Capitalismo e, muito em particular, quanto ao metabolismo
do capital em seu processo incessante de acumulação e as
resistências mundiais que batem de frente com suas forças
motrizes (lucro e poder) e, também, contra a hipótese 20/80
do Sistema (apregoada pelos neoliberais) tendo-se como
exemplos os acontecimentos as lutas sociais de Seatle,
Quebec, Bangcoc, Praga, Barcelona, Gênova, Johanesburgo,
Davos, Porto Alegre I e II, Bamako, Bombaim e outras
cidades.

        As idéias têm como premissa básica uma ampla
estratégia alternativa que segundo Wallerstein resume-se
em:

        1. “Expandir o espirito de Porto Alegre”, ou seja,
fomentar e promover, ao máximo, movimentos ou eventos
anti-sistêmicos com vistas a: clareza intelectual das ações
anti-sistêmicas no processo de transição; ações militantes o
mais amplas possível de mobilização popular; defender
alterações fundamentais de contenção ao processo
incessante de acumulação de capital em curto, médio e
longo prazos. O espirito de Porto Alegre deve inserir-se


                                                         22
naquilo que se convencionou chamar de “coligação arco-
íres” de Jesse Jackson, “esquerda plural” dos movimentos
franceses e “frente ampla(Brasil) ou frente amplio” em toda
América Latina. O FUNDO SOCIAL MUNDIAL (FSM)
criado em Porto Alegre espelha e reflete essa estratégia.
         2. “Usar táticas eleitorais defensivas”, isto é, ter a
convicção de que vitórias eleitorais não transformarão o
mundo mas não podem e não devem ser negligenciadas por
serem mecanismos que podem politizar e proteger
necessidades das populações excluídas ou dominadas por
elites irresponsáveis. Para tanto, fazer valer do nível local ao
mundial o espirito de Porto Alegre onde ficou explícito que
as eleições quando vitoriosas são apenas táticas defensivas
no processo de transição do sistema mundo capitalista e há
que se cobrar as promessas de campanhas.
         3. “Promover incessantemente a democratização”
seja pela participação seja pela representação política e,
principalmente, pelo viés racial. Pressionar, ao máximo, as
exigências sobre: mais saúde, mais educação, mais renda
vitalícia, mais seguro desemprego, mais segurança
alimentar, mais segurança social, mais infra-estrutura social,
mais habitação e mais tudo que possa inibir as
possibilidades do aumento do lucro e do poder pelo
metabolismo do capital gerido pelos capitalistas em seu
processo incessante de acumulação.
         4. “Fazer com que o centro liberal seja fiel às suas
preferências teóricas” pregando a emigração e a imigração
em grande escala e o mais livre possível, a abertura das
fronteiras geográficas, a não-salvação dos empresários que
fracassam nos mercados, pagar auxílios- desemprego,
subsidiar a formação educacional, praticar economia-
solidária, abolir e limitar, em muito, o acordo de patentes,


                                                             23
criar empregos ou ocupações e redistribuir rendas. Promover
e fomentar toda e qualquer mobilização popular em torno
dos direitos legais e direitos humanos dos cidadãos e das
chamadas minorias.
        5. “Fazer do anti-racismo a medida definidora da
democracia”, isto é, pregar e praticar, com veemência, a
democracia racial como essência da democracia
participativa e da democracia representativa. Coscientizar as
populações, por todos os meios, de que o “racismo é o
modo primário de distinguir entre aqueles que têm direitos
(ou mais direitos) e os outros, os que não têm ou têm menos
direitos” no dizer de Wallerstein.
        6. “Avançar na direção da desmercantilização”.
Segundo Wallerstein “a principal coisa errada no sistema
capitalista não é a propriedade privada, que é apenas um
meio, mas sim a mercantilização, que é o elemento
essencial da acumulação de capital”. O modelo na janela
interna e na janela do estado explicita como avançar nessa
direção.
        7. “Recordar sempre que vivemos na era de
transição do sistema mundo existente para algo diferente”.
Com tal atitude, pretende-se buscar novas alternativas de
desenvolvimento e enfatizar que a única alternativa que de
fato não existe é continuar fora das contradições da
estruturas em crise do sistema mundo capitalista que com
certeza vai se bifurcar. Essa recordação demanda do cidadão
a necessidade de avaliar e dissecar as propostas e blefes
daqueles que advogam e fomentam o status quo do sistema
mundo em plena crise sistêmica. No dizer de Morin há que
se lutar por um mundo relativamente democrático e
solidário com vistas a um cenário de antropolítica.




                                                          24
PARTE I. ENFOQUES DAS AGENDAS 21

        “A alfabetização ecológica estimula o pensamento
sistêmico – o pensamento que se estrutura em torno de
relações, contextos, padrões e processos – e os projetistas
ecológicos pregam a transição de uma economia baseada
nos bens para uma economia de serviços e fluxo. Numa tal
economia, a matéria circula continuamente, de modo que
o consumo líquido de materiais brutos se reduz
drasticamente. Como vimos, a ‘economia de serviços’ e
fluxo ou de ‘emissão zero’ também é excelente para o
negócio. À medida que os resíduos se transformam em
recursos, geram-se novas fontes de renda, criam-se novos
produtos e aumenta-se a produtividade. Com efeito, ao
passo que a extração de recursos e a acumulação de
resíduos fatalmente chegarão, mais cedo ou mais tarde,
aos seus limites ecológicos, a evolução da vida demonstrou
por mais de três bilhões de anos que, nesta casa
sustentável que é o Planeta Terra, não existem limites para
o desenvolvimento, a diversificação, a inovação e a
criatividade”. FRITJOF CAPRA.

       Sob a luz ou o enfoque do meio ambiente nenhum
país do planeta é periférico. As soluções ambientais dizem
respeito a todo e qualquer ente humano independente do
lugar em que ele esteja. Nesse enfoque, não cabem as
noções de 1º. 2º. 3º e 4º mundos. Haja vista os efeitos dos
fenômenos: “El Niñho”; “buraco de ozônio” sobre a
Antártida; “chuvas ácidas”; e do chamado “efeito estufa”.
       Por esse motivo, a Rio 92 ou Conferência das
Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento aprovou a Agenda 21 com quatro seções


                                                        25
e 40 capítulos além de duas declarações. O sentido de
AGENDA empregado é de intenções, desígnios, desejo de
mudanças para um modelo de civilização em que predomina
o equilíbrio ambiental e a justiça social entre os estados e as
nações.
       Sinoticamente, a estrutura da Agenda 21 da ONU é
a seguinte:
       Seção I – Dimensões Sociais e Econômicas. Essa
seção compreende os seguintes capítulos:

       01) Preâmbulo
       02) Cooperação internacional para acionar o
desenvolvimento      sustentável      dos      países   em
desenvolvimento e políticas internas correlatas
       03) Combate à pobreza
       04) Mudança dos padrões de consumo
       05) Dinâmica demográfica e sustentabilidade
       06) Proteção e promoção das condições de saúde
humana
       07) Promoção de desenvolvimento sustentável dos
assentamentos humanos
       08)    Integração     entre    meio     ambiente  e
desenvolvimento na tomada de decisões.

       Seção II – Conservação e Gerenciamento dos
Recursos para o Desenvolvimento. Compreende essa
seção 14 capítulos (09 a 22) que tratam dos seguintes
assuntos:

       09) Proteção da atmosfera
       10) Abordagem integrada do planejamento e do
gerenciamento dos recursos terrestres


                                                            26
11) Combate ao desflorestamento
         12) Manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a
desertificação e a seca
         13) Gerenciamento de ecossistemas frágeis:
desenvolvimento sustentável das montanhas
         14) Promoção do desenvolvimento rural e agrícola
sustentável
         15) Conservação da diversidade biológica
         16)    Manejo     ambientalmente      saudável    da
biotecnologia
         17) Proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares
- inclusive mares fechados e semifechados - e das zonas
costeiras e proteção, uso racional e desenvolvimento de seus
recursos vivos
         18) Proteção da qualidade e do abastecimento dos
recursos hídricos: aplicação de critérios integrados no
desenvolvimento, manejo e uso dos recursos hídricos
         19) Manejo ecologicamente saudável das substâncias
químicas tóxicas, incluídas a prevenção do tráfico
internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos
         20) Manejo ambientalmente saudável dos resíduos
perigosos, incluindo a prevenção do tráfico internacional
ilícito de resíduos perigosos
         21) Manejo ambientalmente saudável dos resíduos
sólidos e questões relacionadas com os esgotos
         22) Manejo seguro e ambientalmente saudável dos
resíduos radioativos.

       Seção III. – Fortalecimento do papel dos grupos
principais. Essa seção trata dos seguintes tópicos:

       23) Preâmbulo


                                                          27
24) Ação mundial pela mulher, com vistas a um
desenvolvimento sustentável e eqüitativo
        25) A infância e a juventude no desenvolvimento
sustentável e eqüitativo
        26) Reconhecimento e fortalecimento do papel das
populações indígenas e suas comunidades
        27) Fortalecimento do papel das organizações não-
governamentais: parceiros para um desenvolvimento
sustentável
        28) Iniciativas das autoridades locais em apoio à
agenda 21
        29) Fortalecimento do papel dos trabalhadores e de
seus sindicatos
        30) Fortalecimento do papel do comércio e da
indústria
        31) A comunidade científica e tecnológica
        32) Fortalecimento do papel dos agricultores.

       Seção IV. - Meios de implementação. Nessa 4ª e
última seção da Agenda 21, há como interesse os seguintes
temas:

       33) Recursos e mecanismo de financiamento
       34) Transferência de tecnologia ambientalmente
saudável, cooperação e fortalecimento institucional
       35) A ciência para o desenvolvimento sustentável
       36) Promoção de ensino, da conscientização e do
treinamento
       37)    Mecanismos       nacionais     e    cooperação
internacional para o fortalecimento institucional dos países
em desenvolvimento
       38) Arranjos institucionais internacionais


                                                         28
39) Instrumento e mecanismo jurídico internacional
      40) Informação para tomada de decisões.

       A Agenda 21 da ONU (publicada pelo Senado
Federal) fecha com duas declarações, a saber:
       Declaração de princípios com Autoridade não -
Juridicamente Obrigatória para um Consenso Global sobre
Manejo, Conservação e Desenvolvimento Sustentável de
Todos os Tipos de Florestas;
       Declaração do Rio Sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento com seus 27 princípios.
       Não obstante a existência da Agenda 21, da ONU, é
conveniente que o Brasil na elaboração da sua própria
agenda, coloque a existência e adequação daquela Agenda à
sua realidade particularmente, quanto aos seguintes
aspectos:

       1. Impactos da deteriorização ambiental na
sociedade e na economia com vistas a:

       a) Cidades sustentáveis
       b) Agricultura e agronegócios sustentáveis
       c) Infra-estrutura e integração regional
       d) Gestão de recursos naturais com ênfase especial
aos recursos hídricos de água doce
       e) Redução das desigualdades entre regiões e entre
pessoas
       f) Educação, saúde, entretenimento e ecoturismo em
termos de melhoria da qualidade de vida dos brasileiros
       g) Ciência e tecnologia no desenvolvimento
sustentável das diferentes regiões brasileiras.




                                                       29
2. Estratégias para a inserção do Brasil em um
pacto internacional para o desenvolvimento sustentável
com foco nos aspectos de:

        a) Interdependência oriunda do processo de
globalização
        b) Agenda para negociações com os países cêntricos
        c) Condições de inserção em um novo pacto
internacional para o desenvolvimento sustentável
        d) Agenda instrumental para o desenvolvimento
sustentável
        e) Democracia global inserta em uma ética
multicultural.

       A partir do conceito de sustentabilidade, a Agenda
21 da ONU estabelece para si e todas as demais agendas 21
vários princípios dos quais se apresentam, a seguir, aqueles
mais totalizantes:

        a) Precaução, ou seja, agir com cautela na medida
em que as decisões públicas e as decisões privadas devem se
guiar por uma concreta precaução inserta em uma avaliação
para prever danos ao meio ambiente e possíveis
conseqüências de várias opções.
        b) Prevenção, sob a assertiva de que é menos
custoso prevenir a degradação, a poluição e a depredação do
ambiente do que mais tarde consertar ou ajustar o estrago. À
luz desse princípio se preconiza o controle ambiental
integrado, isto é, antevisão de possíveis situações
conflituosas e perigosas que podem ser reconhecidas e
evitadas.


                                                         30
c) Poluidor pagador, em que o responsável pela
degradação, pela poluição e pela depredação ambiental deve
se responsabilizar pelos custos de mitigar ou remediar os
estragos causados.
        d) Cooperação, quando as pessoas devem se
envolver na formulação de planos, programas e projetos de
ações ambientais com vistas à precaução e à prevenção.
        e) Trabalhar dentro do ecossistema, princípio que
mostra os sistemas naturais fechados e neles a necessidade
da reciclagem. Considera, também, a capacidade de
suporte de cada ecossistema com vistas à sua
sustentabilidade.
        f) Igualdade intra e entre gerações, isto é, relações
entre pessoas e não de um padrão mínimo. Em princípio,
visa à eficiência econômica dentro da integridade ambiental
para induzir a igualdade entre gerações, ou seja, a geração
atual deve assegurar que a saúde, a biodiversidade e o uso
intensivo do meio ambiente sejam mantidos ou melhorados
em benefício das gerações futuras.
        g) Gestão pelo resultado, que subtende uma
abordagem ativa e não reativa às ameaças e oportunidades
dos problemas ambientais. Aponta para a prevenção dos
problemas em contraponto a desenvolver curas ou sintomas.
Exige criatividade sobre as questões de gerenciamento
ambiental.
        h) Compromisso com a melhoria contínua para
manter o esforço, ao longo do tempo, com vistas aos
objetivos de alcançar os resultados. Requer avaliação de
todo e qualquer impacto potencial de todas as atividades a
serem implementadas.
        i) Responsabilidade, tanto em termos éticos quanto
políticos para manter a transparência das decisões e ações à


                                                          31
população afetada. Subtende oferecer oportunidades para
que a comunidade opine sobre as políticas, os princípios e
os valores que guiam o processo decisório.
        j) Democracia, onde a vontade das pessoas deve ser
respeitada de forma a não ideologizar os problemas
concretos, mas sim politizá-los, principalmente no controle
do dinheiro público e ou coletivo.
        l) Subsidiaridade, onde as decisões nacionais que
afetam as comunidades locais devam ter em conta as
características locais e os desejos comunitários.
        m) Transparência, isto é, a tomada de decisão deve
ser clara, explícita e pública. Em quaisquer circunstâncias,
as decisões que afetam o meio ambiente não podem e não
devem ficar em segredo ou indisponível àqueles que são
afetados.

        Espelhado na AGENDA 21 da ONU, o governo do
Brasil criou, em 1997, a Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional –
CPDS, com o objetivo de elaborar a AGENDA 21
Brasileira e redefinir o modelo de desenvolvimento do
Brasil e, conseqüentemente, de suas regiões, de seus estados
e de seus municípios. Para tanto, a CPDS realizou, em 1999,
seis grandes oficinas de trabalho e vinte e seis debates
estaduais com participação de mais de 3500 representantes,
sobre os seguintes temas:

       - Cidades sustentáveis
       - Agricultura sustentável
       - Redução das desigualdades sociais
       - Ciência tecnologia e desenvolvimento sustentável




                                                         32
- Planejamento ambiental e manejo sustentável dos
recursos naturais
       - Infra-estrutura e integração regional.

        Esses temas continuaram não somente em discussão,
mas, principalmente, em sistematização de todas as
propostas já apresentadas à Presidência da República em um
documento final da AGENDA 21 Brasileira com vistas a
seu encaminhamento ao Congresso Nacional para refletir
um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil.
        Vale salientar que a Agenda 21 Brasileira não é e
não será um plano de governo, mas uma proposta de
estratégias que visa subsidiar e orientar as ações
governamentais e as ações privadas de forma a adaptá-las,
no tempo e no espaço da totalidade nacional, ao sentimento
da população brasileira, devidamente articulada e em
simbiose com a população do mundo.
        Os princípios da Agenda 21 Brasileira servem de
paradigmas para os estudos de impactos ambientais (EIA)
e relatórios de impactos ambientais (RIMA), que são
obrigatórios para toda grande intervenção no meio ambiente
do País e, principalmente, como guia das agendas 21
estaduais e locais e para a formulação de planos diretores,
objeto da Lei 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade.
        Na ocasião da realização do Rio + 10, na África do
Sul, somente o Estado de Pernambuco havia elaborado
sua Agenda 21, muito embora vários municípios brasileiros
já fizessem, ou estejam elaborando suas agendas locais.
        Considerando o conceito de desenvolvimento
sustentável que tem imbricado: gerar riqueza e melhorar na
distribuição localmente; preservar a natureza com vistas à
qualidade de vida; considerar as gerações futuras;


                                                        33
estabelecer prioridades em função de interesses sociais
coletivos e, fundamentalmente, mudar a natureza da
contradição entre produção e consumo, tendo como meta a
conservação ambiental e o combate à miséria a partir de
suas causas, foi que se elaborou a Agenda 21 Pernambuco.
        A agenda, em tela, como decorrência da Agenda 21
da ONU (Rio 92) e da Agenda 21 Brasileira, tem como
objetivo formular e explicitar as estratégias desejadas pela
população do Estado de Pernambuco com vistas ao
desenvolvimento com sustentabilidade neste Século XXI.
Estratégias que visam mitigar os efeitos perversos do
globalismo no quadro de: abertura dos mercados;
competitividade; automação ou robotização do processo de
produção de bens e serviços; incorporação das ciências e das
tecnologias como fatores de produção e suas
conseqüências pela lógica do capital; exclusão social;
desemprego em massa e depredação do meio ambiente não
somente na totalidade nacional, mas, principalmente, no
Estado de Pernambuco.
        Para tal mister, a Agenda 21 Pernambuco, mesmo
timidamente, abre os espaços para a construção das agendas
21 locais, cujo desenvolvimento local ou municipal passa a
ser uma estratégia operativa e metodológica onde, a partir de
uma democracia participativa radical. Nela busca-se a
integração do econômico, do social, do técnico, do
ambiental e do político para com o ajuste demo-ecológico
na sustentabilidade do desenvolvimento, agora, sob a égide
da Lei nº 10.257 de 2001 ou Estatuto da Cidade.
        As agendas 21 locais permitem que os municípios
definam, através de um processo contínuo de princípios e
responsabilidades, as ações necessárias para:




                                                          34
a) Melhorar a qualidade de vida da população,
respeitando a cidadania e o meio ambiente
        b) Implantar melhorias na administração das cidades,
garantindo um futuro melhor para as novas gerações
        c) Orientar a elaboração dos orçamentos locais para
finalidades e aplicações estratégicas, usando melhor e
desperdiçando menos os recursos naturais e orçamentários e
as receitas municipais
        d) Ampliar as responsabilidades e as possibilidades
de participação da sociedade na definição das políticas
municipais
        e) Orientar o uso adequado dos recursos naturais e
orçamentários às ações locais na busca do desenvolvimento
sustentável
        f) Melhorar a distribuição da renda no nível
municipal ou local.

        As agendas 21 locais estão, em muito, facilitadas
pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 10/07/2001), que
regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de
1988. Segundo o Estatuto, as cidades com mais de 20.000
habitantes são obrigadas a ter um Plano Diretor que, em
umbrais de 10 anos, devem ser atualizados. Esse Plano deve
ser compulsoriamente consubstanciado em Lei Municipal.
A partir dele é que se elabora o Plano Plurianual do
Município e seu correspondente Orçamento Participativo,
também, respaldados por lei municipal. Dessa forma, abre-
se oportunidade para que as estratégias das agendas 21
locais sejam implementadas pela supracitada Lei.
        A sociedade brasileira tem conhecimento das
famílias de normas ISO 9000 e ISO 14000 da OIN
(Organization for Standatization) com sede na Suíça. As


                                                         35
primeiras são paradigmas para a qualidade, e as segundas,
para as questões ambientais. Também vem ao encontro dos
princípios da Agenda 21 o Certificado SA 8000 (sigla em
inglês de Social Accountability 8000), que é uma nova
norma de responsabilidade social para empresas. Os tópicos
desse novo Certificado resumem-se no seguinte:

        - Não empregar trabalho infantil e não admitir
fornecedores que o empreguem
        - Não empregar nenhum tipo de trabalho forçado
nem admitir fornecedores que o empreguem
         - Não permitir desigualdades de salários para
homens e mulheres em mesmas posições
         - Não permitir discriminação de raça, sexo, religião,
orientação política e opção sexual nas contratações, nas
promoções, no acesso a treinamentos, etc..

       Para maiores detalhes sobre SA 8000, consultar o
site www.cepaa.org
       Em agosto-setembro de 2002 foi realizada em
Johanesburgo na África do Sul a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) com vistas a fazer
um balanço da década em que foi elaborada a Agenda 21 na
ECO-92, no Rio de Janeiro, e seus respectivos resultados.
       Em termos sinóticos, existem os seguintes
indicadores, na década perdida do ambiente, segundo a
Folha de São Paulo de 24/08/2002:

       a) Clima, efeito estufa. Em 1990, lançava-se
5.827.000.000 de toneladas de CO² na atmosfera, e em 1999
essas emissões chegam a 6.097.000.000 de toneladas
sabendo-se que apenas 78 países haviam ratificado o


                                                           36
Protocolo de Kyoto, cujo maior emissor os EUA se negam
a ratificar.
         b) Energia. Em 1992, o consumo de energia foi
equivalente a 8 trilhões de toneladas de petróleo/ano. Esse
indicador subiu para 9 trilhões/ano em 2000.
         c) Biodiversidade. Até 1992, estimava-se que cerca
de 180 espécies de animais haviam sido extintas e outras mil
estavam ameaçadas de extinção; os atuais levantamentos
revelam que 24 espécies de vertebrados foram extintas 1780
espécies de animais e 2297 de plantas estão ameaçadas
desde 1992 até 2002.
         d) Florestas. Em 1990, havia 4 bilhões de hectares
de florestas e, em 2000, essa área foi reduzida para 3,9
bilhões, isto é, uma devastação correspondente a área do
Estado de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e
do Espírito Santos juntas.
         e) Água. Em 1990, a população mundial usava 3.500
km³ de água doce/ano, e em 2000 o consumo total chegou a
4.000 km³ ou seja, aumentou em 12.5%.
         f) Agricultura. Em 1987, utilizavam-se no planeta
14,9 milhões de km² (297 ha para cada grupo de 1000
pessoas) na produção agropecuária, e em 1997 essa área
subiu para 15,1 milhões de km², ou seja, 259 ha para cada
grupo de mil pessoas.
         g) Pobreza. Em 1992, o número de pessoas vivendo
com até US$ 1,00 /dia era de 1,3 bilhão, e, em 2000,
melhorou para 1,2 bilhão, sem se levar em conta a inflação
do dólar no período.
         h) População. Em 1992, viviam no planeta 5,44
bilhões de pessoas; a estimativa, em 2002, é de 6,24 bilhões,
isto é, um crescimento de 13% no decênio.




                                                          37
i) Dívida externa. Em 1990, os países
subdesenvolvidos deviam US$ 1,456 trilhões a seus
credores, e, em 1999, a cifra subiu para US$ 2,569 trilhões.
       j) Ajuda externa ao desenvolvimento sustentável.
Em 1992, os países ricos cooperavam com 0,36% de seu
PIB para os países pobres, esse investimento caiu para
0,22% no que pese o compromisso dos países ricos no Rio
92 de aumentá-lo para 0,7%.

        Com vistas à realização da Cúpula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburg, o WWI
(Worldwatch Institute ) que, no Brasil, é associado à UMA
(Universidade Livre da Mata Atlântica) apresentou ao
mundo, via INTERNET, no site www.wwiuma.org.br, e
publicou o livro Estado do Mundo, com o objetivo de
advertir os estados nacionais e a humanidade, como um
todo, sobre as ameaças à natureza pelos efeitos da
acumulação de capital à custa de processos depredatórios de
exploração da natureza via extorsão dos recursos naturais e
humanos.
        Como exercício escolar, a diligente aluna Cristina
Ferreira Montenegro Torres contextualizou o livro, acima
citado, e o resumiu da seguinte maneira:

Capítulo 1 - O estado do mundo, dez anos após o Rio
       “Rio-92 foi o primeiro encontro internacional de
importância que analisou conjuntamente as questões
ambientais e desenvolvimentistas. Dez anos depois, uma
avaliação do Estado do Mundo mostra que nenhuma destas
áreas se saiu bem. O meio ambiente continua a ser
desvalorizado e cada vez mais degradado, apesar de alguns
avanços encorajadores. E após uma década de


                                                         38
prosperidade em grande parte do mundo, o desenvolvimento
está cada vez mais distante para muitas nações pobres – e
de certa forma pode estar se decompondo em nações mais
ricas. Esta visão geral conclui que será necessário um novo
conceito de desenvolvimento – um que seja criado em torno
da saúde ambiental e do avanço social para todos os
povos”.

Capítulo 2 - Desenvolvendo a agenda da mudança
climática
        “Com um Governo Bush nos Estados Unidos e
ministros europeus novamente assumindo posições
antagônicas quanto ao aquecimento global, será que
Joanesburgo 2002 repetirá Rio-92? O mundo, porém, não
ficou parado na década desde a assinatura e ratificação da
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança
Climática. Pelo contrário, a ciência, economia, comércio e
política da questão climática evoluíram de tal forma que
poderão ajudar a desenvolver a agenda”.
        Este capítulo analisa a primeira década do tratado,
examina suas “dores de crescimento” sob o Protocolo de
Kyoto e explora os obstáculos potenciais para seu
desenvolvimento futuro”.

Capítulo 3 - A agricultura de utilidade pública
        “Os delegados da Rio-92 identificaram três objetivos
amplos para os sistemas alimentícios e agrícolas: assegurar
um suprimento alimentício adequado e acessível, prover
meios de vida estáveis e rentáveis para as comunidades
agrícolas e rurais, e construir uma saúde ecológica. Em
geral, nossos sistemas alimentares avançaram além destas
múltiplas funções na última década. Porém os agricultores


                                                         39
e cientistas agrícolas, em muitas partes do mundo, estão
começando a perceber como reestruturar a forma de
produzirmos os alimentos para melhor atender às funções
múltiplas delineadas no Rio, enfocando menos os
ajustamentos químicos e tecnológicos e mais as vantagens
dos processos ecológicos que ocorrem no campo”.

Capítulo 4 - Reduzindo nosso ônus tóxico
        “A recém assinada Convenção de Estocolmo sobre
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) assinala uma das
conquistas-chave da década, desde a Rio-92. Encorajada
pelo positivismo da Convenção de Estocolmo e tratados
associados cobrindo os temas do uso de produtos tóxicos,
do comércio e dos resíduos, a comunidade global hoje
enfrenta um desafio duplo: reformar um gigantesco setor da
economia industrial e ao mesmo tempo lidar com as
imensas quantidades de materiais tóxicos já produzidos e
existentes, seja como lixo ou como produtos circulando na
economia. Serão necessárias formas mais seguras de
realizar negócios e atender às necessidades humanas com
materiais, produtos e processos que reduzam, e não
aumentem, o ônus tóxico global”.

Capítulo 5 - Redirecionando o turismo
       “À medida que o Século XXI se desenvolve, as
pessoas cruzam o planeta em ritmo sem precedentes,
buscando novas experiências, “redutos” remotos, ou
simplesmente locais ensolarados para relaxar e
reenergizar. De certa forma, viagens e turismo tornaram-se
a maior indústria mundial, gerando receitas significativas e
milhões de empregos em muitos países, particularmente no
mundo em desenvolvimento. Apesar de seu potencial,


                                                         40
entretanto, o turismo também tem seu lado negativo – com
impactos na cultura, meio ambiente e economias locais.
        Este capítulo analisa algumas das vantagens e
desvantagens do turismo, como também algumas das formas
mais excitantes pelas quais governos, o setor turístico e os
próprios viajantes estão ajudando a direcionar o turismo
para um futuro mais sustentável”.

Capítulo 6 - Repensando a política populacional
        “O acelerado crescimento populacional é
freqüentemente considerado como a raiz de muitos
problemas ambientais e sociais, desde o uso predatório dos
recursos até a pobreza persistente. Todavia, o crescimento
populacional, contínuo por todo o mundo em
desenvolvimento, poderia ser visto de forma mais precisa
como sintomático de problemas mais profundos, inclusive a
falta de acesso a tratamento da saúde e planejamento
familiar, discriminação de gênero e pobreza persistente.
Quando mais pessoas do que em qualquer outra época da
história da humanidade entram em idade reprodutiva,
torna-se essencial a redefinição de uma política
populacional como empreendimento do desenvolvimento
social”.

Capítulo 7 - Debelando as lutas por recursos
       “Ao invés de incrementar o desenvolvimento
sustentável, a riqueza de recursos naturais freqüentemente
provocou ou facilitou a ocorrência de conflitos violentos
nos países em desenvolvimento. Nos últimos anos, a
comunidade internacional esforçou-se para lidar com o
desafio dos “diamantes de guerra” em Angola, República
Democrática do Congo e Serra Leoa. Outros recursos como


                                                         41
petróleo, madeira, ouro, cobre, café, etc. também foram
utilizados para comprar armas, fomentar guerras civis e
financiar a corrupção. A extração de recursos
freqüentemente causou efeitos ambientais e sociais danosos
a populações locais, gerando, às vezes, atritos em larga
escala que levaram à violência. Este capítulo descreve a
experiência com as lutas em disputa de recursos durante a
última década e recomenda políticas para evitá-los”.

Capítulo 8 - Redefinindo a governança global
        “Rio-92 determinou vários acontecimentos na
governança internacional, incluindo novos tratados sobre
mudança climática e diversidade biológica, criação da
Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, e seções da Agenda 21 dedicadas a questões
mais amplas de reforma institucional, financiamento e
participação pública. Mas, alguns anos depois, foi criada a
Organização Mundial do Comércio baseada numa visão
muito diferente da direção futura da economia global”.
        Este capítulo analisa o histórico das reformas da
governança ambiental, acordadas no Rio, na reversão do
declínio ecológico, e descreve como a Cúpula Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável poderá ser utilizada
para impulsionar iniciativas que tornarão mais eficaz a
governança global em prol do desenvolvimento
sustentável.”
        A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+10), realizada em Johannesburgo, teve
representantes de 191 países. Nela foram aprovados dois
documentos: a Plataforma de Ação de Johannesburgo e a
Declaração Política, destinados a criar um modelo de
desenvolvimento sustentável alicerçado no progresso


                                                        42
econômico, na justiça social e no cuidado ambiental. A
Declaração alerta a humanidade para a disparidade crescente
que separa ricos e pobres e que ameaça a prosperidade
mundial. Destaca, também, a necessidade de uma
democracia global e instituições multilaterais. Quanto à
Plataforma de Ação, dá-se ênfase aos seguintes pontos:

       a) Água e saneamento. “Reduzir à metade de agora
até 2015 a proporção de entes humanos que não podem ter
acesso à água potável ou comprá-la e a proporção de seres
humanos que não tem acesso a meios de saneamento.”
       b) Proteção de recursos naturais. “Aplicação da
Convenção sobre Biodiversidade e redução significativa do
ritmo atual de empobrecimento da diversidade biológica de
agora até 2010.”
       c) Pesca. “Manter e estabelecer as reservas a um
nível que permita obter um rendimento máximo sustentável
até 2015.”
       d)     Produtos     químicos.     “Assegurar   uma
administração racional dos produtos químicos ao longo de
todo o seu ciclo de vida de maneira que, antes de 2020, os
modos de utilização e de fabricação não tenham efeitos
nocivos significativos sobre a saúde dos humanos.”
       e) Energia. “Incentivar e promover a elaboração de
programas que sirvam de apoio às iniciativas regionais e
nacionais tendentes a acelerar a passagem para modos de
consumo e produção sustentáveis.”
       f) Fontes de energia. “Diversificar o abastecimento
energético, desenvolvendo tecnologias inovadoras menos
poluentes e de melhor rendimento recorrendo a
combustíveis fosseis, assim como a tecnologias baseadas em




                                                        43
energia renováveis, incluindo a energia hidrelétrica, e sua
transferência aos países em desenvolvimento.”

        Vale salientar que os assuntos, aqui tratados, estão
intimamente ligados aos Investimentos Externos Diretos -
IEDs” não somente naquilo que diz respeito ao resgate de
carbono, mas também, ao fortalecimento do papel do
comércio exterior e da promoção da produção industrial
discutidos     na      Conferência       Mundial      sobre
Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável
realizada, em outubro de 1991, em Copenhague.
        Convém lembrar que o Brasil, com o apoio dos
países do Caribe e da América do Sul, na Rio+10, foi
enfático em afirmar que, para o desenvolvimento sustentável
o melhor que se tem a fazer é remover os obstáculos que se
opõem à sustentabilidade. Dá como exemplo, o
protecionismo, as barreiras comerciais e as salvaguardas dos
países cêntricos, em vez de simularem a alavancagem do
desenvolvimento induzido de fora para dentro. O propósito
desse posicionamento está na premissa de que os países
pobres devem por si só amplificar o alcance de iniciativas
capazes de, por conta própria, assumirem a responsabilidade
por sua promoção social, política, econômica e ambiental.
        É importante advertir e alertar o leitor sobre o
fato de que ou se cuida da natureza e se evitam as
alterações da natureza, socialmente produzidas, ou a
humanidade viverá, cada vez mais, catástrofes sociais da
natureza de intensidades incontroláveis e impensáveis.




                                                         44
PARTE II. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

        “Pela exploração do mercado mundial, a burguesia
imprime um trabalho cosmopolita à produção e ao
consumo em todos os países. Para desespero dos
reacionários, ela retirou da indústria sua base nacional.
As velhas indústrias nacionais foram destruídas e
continuam a sê-lo diariamente. São suplantadas por novas
indústrias, cuja introdução se torna uma questão vital
para todas as nações civilizadas, indústrias que não
empregam mais matérias-primas nacionais, mais sim
matérias-primas vindas das regiões mais distantes, cujos
produtos se consomem não somente no próprio país, mas
em todas as partes do globo. Em lugar das antigas
necessidades, satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem
novas realidades que reclamam para sua satisfação os
produtos das regiões mais longínquas e dos climas mais
diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e
nações que se bastavam a si próprias, desenvolve-se um
intercâmbio universal, uma universal interdependência
das nações. E isso se refere tanto à produção material,
como à produção intelectual. As criações intelectuais de
uma nação tornam-se propriedade comum de todas. A
estreiteza e o exclusivismo tornam-se cada vez mais
impossíveis; das inúmeras literaturas nacionais e locais,
nasce uma literatura universal”. K. Marx e F. Engels.
Manifesto Comunista. Escrito em dezembro de 1847 –
Janeiro de 1848 e publicado em Londres em fevereiro de
1848.




                                                       45
O texto supra parece ter sido escrito hoje, século
XXI quando se vive o chamado processo de globalização,
cujas características distintivas são:
        a) Integração dos mercados financeiros mundiais
        b) Crescente presença de empresas transnacionais
na economia do país
        c) Internacionalização das decisões
        d) Incrível mobilidade de massa de capitais
financeiros e sentidos especulativos
        e) Manipulação da política monetária e cambial
        f) Mobilidade das empresas transnacionais sem
compromisso com os países que sediam suas atividades
        g) Constrangimento do poder dos estados nacionais;
        h) Fabricação de diferentes partes do produto em
diferentes países à custa de baixas remunerações “marketing
clearing”
        i) Relações intracapital ou (cachos de empresas)
“producer-driven”
        j) Incrível velocidade de transmissão de dados e
informações que fazem a dimensão espacial-demográfica
perder importância e com impactos instantâneos
        k) Obsoletismo do emprego com transformação no
conceito de ocupação e geração de uma incontrolável
exclusão social a partir de entes humanos supérfluos ao
sistema capitalista
        l) Obsoletismo da superestrutura, isto é, do direito
positivo e a ele contrapondo um direito em rede e a
arbitragem, ou ainda, o “direito reflexivo e o direito social”.

        A economia mundo do sistema mundo capitalista
dá-se, hoje, com as relações dialéticas concentração versus
fragmentação e exclusão versus inclusão. De um lado,


                                                            46
assiste-se a necessidades de “network” em forma de
“TEAMNETs” (empresas de transposições de fronteiras)
que basicamente decidem o que, como, quando e onde
produzir os bens e serviços em forma de marcas e redes
globais que forçam o processo de concentração nas
cadeias de produção. Do outro lado, a participação no
mercado “market share” e o processo de acumulação
incessante de capital levam as organizações a terceirizar,
franquear, associar-se e agir em multinível, dando
oportunidades a uma grande quantidade de organizações
menores (fragmentação), que alimentam as cadeias
produtivas do sistema mundo do capitalismo.
        Imbricado à nova contradição supra estabelece-se
outra que se explicita no desempenho estrutural crescente
dentro de uma dinâmica de uma queda de preços dos
produtos em níveis globais na tentativa de incluir aqueles
que estão à margem do consumo oriundos do processo de
exclusão pela ausência de emprego provocado, também,
pelas intensas inovações tecnológicas dentro ou fora dos
arranjos produtivos locais, “clusters” ou nichos de
localização espacial e especializada.
        Diante de tais contradições, as organizações levam
às ultimas conseqüências a estratégia do suprimento
intrafirma “intra-firm sourcing” em empresa-rede
“network” globais. As conseqüências dessa estratégia fazem
multiplicação do trabalho urbano informal flexível em
detrimento do trabalho jornal. Por todos esses motivos, os
cidadãos passam a recriar e reinventar sua própria
ocupação ou seus autonegócios na medida em que o
emprego some e ele tenta sobreviver no processo de
exclusão social em massa ou buscar proteção no sistema de
cooperativas e de multiníveis ou, ainda, empresas


                                                       47
comunitárias.
        Na lógica da economia mundo ou economia do
poder (militar, monetário e comunicação) no sistema mundo
capitalista, o fracionamento das cadeias produtivas, vital
para as organizações, incorpora e desenvolve bolsões de
trabalho mal remunerados, em nível global, com
tendências cada vez maiores de concentração de renda e
exclusão da maioria absoluta dos contingentes populacionais
tanto nos países centrais como, principalmente, nos
periféricos. É importante discernir que o sistema mundo
capitalista a partir do G7 é, agora, um império que domina
a totalidade econômico-social-espacial do planeta. Não tem
limites: temporal; social; espacial; e independe do estado-
nação como base de poder, como aconteceu na economia
mundo do capitalismo onde o imperialismo (europeu e
norte americano) tinham como base o centro do poder,
precisamente, o estado-nação ou o estado intervencionista.
        Desconhecendo onde começa e termina sua área
influência e dominação transnacional, o império do sistema
mundo capitalista, provoca um novo código de ética
multicultural, onde não mais se separam as esferas
públicas e as esferas privadas, podendo, em conseqüência,
impulsionar forças motrizes que tendam a um direito à
cidadania global e a uma renda mínima para uma
sobrevivência digna do cidadão. Esta hipótese é o
contraponto do principio de exclusão, ora existente, onde
80% da população mundial se tornam descartável para que o
sistema mundo capitalista possa sustentar apenas os 20%
que são do sistema, e o controla na perspectiva de decidir
quem sobrevive e quem deve desaparecer por causa da
“destruição criadora”, maquinada pela atual estratégia
neoliberal, monetarista e consumista do império.


                                                        48
Sabe-se que as causas do fenômeno do globalismo
são várias, outrossim, vale mencionar aqui as duas
principais:

         a) a crise do padrão monetário mundial decidido
unilateralmente pelo governo Norte-americano, em 1971,
com a insustentabilidade da paridade dólar-ouro;
         b) os choques do petróleo de 1973/1974 e de
1978/1979, que desnivelaram os preços relativos da
produção dos bens e serviços, em escala global, com
radicais descontroles nas balanças de pagamentos dos
países.
         No intricado processo da crise, dar-se-á início à
transformação de empresas multinacionais em empresas
transnacionais. Observa-se a conversão das ciências e das
tecnologias em meio básico de produção de bens e
serviços, em toda a ordem econômica mundial, dando como
resultado o decrescente ciclo de vida útil dos bens e o
acúmulo de lixo e poluição ambiental de toda ordem. Daí
surge, ainda, de nível global, um novo padrão de
estratificação no processo de acumulação de capital e em
seu incessante rendimento em forma de lucro via capital
financeiro e rentistas, com radical aprofundamento das
desigualdades entre pessoas e entre países, oriundos dos
novos fluxos de: intercâmbios comerciais; pagamentos;
tecnológicos; informações; entre economias nacionais e
economias regionais e entre capitais mercantis, financeiros,
produtivos e rentistas.
         Frente a tais fenômenos, a nova ordem (e os novos
paradigmas) do processo de produção do modo capitalista
passa a ser condicionada pelos seguintes fatores:




                                                         49
a) Radicais diferenças entre os países cêntricos (G8)
e a semiperiferia e a periferia do sistema mundo do
capitalismo.
        b) Emergência e consolidação de novo paradigma da
“especialização flexível da produção” “pós-fordista” em
“revolução da gestão do conhecimento”, que relativiza as
vantagens comparativas dos países que fazem parte da
semiperiferia e da periferia do sistema mundo capitalista.
        c) Padrão de estratificação relacionada à dinâmica da
oferta e da procura pós-investimentos diretos e indiretos no
âmbito do sistema financeiro internacional, que geram
capacidades produtivas de bens e serviços sob a égide das
transnacionais, agora organizadas em: muitos centros;
cadeias; redes; organicidade; processos; interação; muitos
canais decisórios e recursos de informações.

        Estreito monitoramento do sistema por organizações
mundiais, tais como: OMC, FMI e BIRD, sob a égide do
único país que tem plena soberania e pleno poder de doar
sentido ao sistema mundo capitalista que são os EUA e seu
consorte G8, onde suas ordens são convalidadas para o
sistema mundo.
        A partir do cenário acima, há que se buscar uma
inserção do Brasil no sistema mundo capitalista, sem
sacrifício da identidade nacional e com sustentabilidade
em termos de desenvolvimento. Para tanto, não se deve
olvidar que a dimensão econômica do globalismo se
reificada pode levar a um tipo de reducionismo que oculta
outros fatores de ordem política, cultural e ambiental.
        Por isso é que a inserção do Brasil não pode se dar
nos termos dos EUA ou da União Européia, mas, talvez,
como a da China, a da Rússia e a da Índia. Para tanto, há


                                                          50
que     se      garantirem      condições     mínimas       de
interdependência e de soberania para decidir a doação de
sentido que devem ter a política e a economia nacional, sem
interferências externas, como as do FMI, do BIRD e mesmo
as dos EUA.
        Os conceitos de nação, estado e soberania estão
imbricados aos processos econômicos, sociais, políticos e
culturais na medida em que: i) a nação expressa no meio
político a integração de pessoas com a mesma identidade
coletiva, com a mesma historicidade e base econômico-
cultural; ii) o estado aponta para um ordenamento e controle
induzido pela expansão do capital para estabelecer a
unificação de estruturas de poder territorial com aplicação e
regras de direito válidas para todo e qualquer habitante cujo
contorno institucional, político, burocrático e jurídico deu-
se no século XIX; iii) a soberania trata do poder de mando
numa determinada sociedade, política, econômica, social e
cultural, que é julgado exclusivo, independente, inalienável
e supremo. Está relacionada à essência da política expressa
internamente pela ordem, e externamente pela guerra.
        No contexto do sistema mundo, induzido pelas
transnacionais, no processo de globalização, as contradições
do capital e, principalmente, do capitalismo apresentam uma
forte tendência para o crescente esvaziamento das regras ou
normas do direito constitucional dos estados nacionais
frente aos novos esquemas regulatórios e, também, das
novas       formas      organizacionais    e     institucionais
supranacionais refletidas pela tendência da formação dos
megablocos econômicos.
        No pensamento de WALLERSTEIN, há no sistema
mundo do capitalismo as seguintes tendências que apontam
à agonia do sistema mundo capitalista que o leva para sua


                                                            51
bifurcação discipativa ou sua substituição:

       a) Desruralização do mundo
       b) Crise ecológica mundial
       c) Democratização do mundo
       d) Reinvenção ou reversão do estado-nacional
       e) Militarização e autodestruição das forças
produtivas
       f) Financeirização do capital com o abandono da
produção de riquezas.

        Todas essas tendências batem de frente ou se opõem
às forças motrizes do sistema mundo capitalista, que são o
lucro e o poder, ambas resultantes do processo de
acumulação incessante de capital.
        Diante da situação, sinoticamente aqui apresentada,
procuram-se indicar algumas premissas para um cenário
mais otimista e de hominização a partir de parâmetros e
paradigmas para a sustentabilidade econômico-social dos
entes humanos.
        Frente a esse contexto histórico do sistema mundo
capitalista, veio à luz a Comissão Bruntland que a partir de
pressupostos éticos de solidariedades: intergerações,
intragerações e interespacial elaboraram o seguinte conceito:
“desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras satisfazerem as suas próprias
necessidades”.
        Pelo visto, esse conceito imbrica ao processo
desenvolvimentista a continuidade e a permanência da
qualidade de vida e das oportunidades no tempo,
incorporando uma perspectiva de longo prazo na realidade


                                                          52
como totalidade complexa e, no dizer de Edgard Morin, “o
homem não é uma entidade isolada em relação a esta
totalidade complexa: é um sistema aberto, com relação de
autonomia/dependência organizadora no seio de um
ecossistema”.
        Uma visualização esquemática do desenvolvimento
sustentável pressupõe no processo desenvolvimentista uma
área de intersecção de três círculos (sistemas) que refletem o
nível ou o grau de compatibilização entre as três dimensões
representativas com maior e melhor eqüidade, conservação e
racionalidade econômica.
         Note-se, esquema nº 1, que o padrão de consumo, a
distribuição de renda e o progresso técnico condicionam
todo o sistema de desenvolvimento sustentável.




                                                           53
Esquema nº 1.
                DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

                             Padrão de Consumo




                                                     Elementos
                                 Ausência de       Conservacionistas
                                  Realismo
           Elementos de          Econômico
           Eqüidade Social

                             DESENVOLVIMENTO

                                SUSTENTÁVEL




                   Degradação                    Pobreza e
                    Ecológica                    Desigualdade
                                                     Social



                                Elementos de
                                                                       Progresso
                                Racionalidade                           Técnico
Distribuição
de Renda




              Ainda, nesse esquema, vê-se que o desenvolvimento
       sustentável se conecta com os sistemas de:

                                                                       54
a) Ausência de realismo econômico
       b) Pobreza e desigualdade econômica
       c) Degradação ecológica
       d) Equidade social
       e) Conservacionistas
       f) Realidade econômica.

       No esquema n° 2, o estilo do crescimento e o estilo
do desenvolvimento econômico-social condicionam a
sustentabilidade ecológica na medida em que as relações
que se dão entre as formas: da organização da economia; da
sociedade e das condições dos ecossistemas, em que se
situam, estão devidamente ordenados pelos componentes
apresentados.




                                                       55
Esquema nº 2.
              COMPONENTES DO ESTILO DE DESENVOLVIMENTO E
                           ECOLOGIA


  Padrão                      Estrutura                  Padrão de
Tecnológico                   Produtiva                  Consumo




                   POTENCIAL DE IMPACTO


 Dinâmica                                             Dinâmica
 Econômica                                           Demográfica




                         ECOSSISTEMA
               Capacidade de auto-reprodução dos
                 recursos renováveis. Ritmo de
              exaustão dos recursos não-renováveis




              d     Qualidade ecológica




                                                                     56
Subentende-se que, no estilo de desenvolvimento
apresentado no esquema n° 2, seu padrão tecnológico está
voltado para reduzir a taxa de exploração da natureza e de
emissão de efluentes na forma como poupa e recicla
recursos não-renováveis criando inclusive substitutos para
os mesmos. Por essas características se espera que o
desenvolvimento sustentável reduza a pobreza e a
desigualdade social entre as pessoas, construa uma
emulação no seio da competitividade econômica, conserve
os recursos naturais e os ecossistemas, reduza as
desigualdades espaciais e organize a sociedade em termos
de democratização das instituições e organizações.
        Tendo-se a certeza de que o planejamento
estratégico situacional é o instrumento do conhecimento
prospectivo que aponta para a construção do futuro desejado
pelos autores sociais se apresenta o esquema nº 3 que, ao
retomar as Leituras de Planejamento Estratégico, (trabalho
do Autor, 71 p.) os insere na teoria da complexidade, onde a
incerteza e a indeterminação diante do futuro é, segundo
MORIN,“a ordem que se alimenta da desordem para a sua
própria organização, sem nunca chegar a esgotá-la
totalmente.” Ver esquema nº 3.




                                                         57
Esquema nº 3.
                 MOBILIZAÇÃO DOS AUTORES

Consulta à                                            Produção
Sociedade               Estudos Básicos           Técnica / Científica




                             Eu
                             o
                            Outro




                           Conselho            Estratégias e
                           Político            Momentos para
                                               Ação na Situação



                    Conteúdo Propositivo

                             P



                           EU
                            O
                          OUTRO


             G                             C

                   P = Plano
                   G = Governabilidade
                   C = Capacidade




                                                             58
Conectando a teoria do desenvolvimento sustentável
com a teoria da complexidade, o planejamento, como
instrumento, tem os seguintes desafios:

        a) Visão de totalidade
        b) Abordagem inter ou transdisciplinar
        c) Complexidade da articulação de múltiplas
dimensões, tais como: i) econômica;         ii) ecológica; iii)
sociocultural; iv) tecnológica; v) epidemiológica e vi)
político-institucional
        d) Sinergias e impactos cruzados entre as dimensões
na abordagem temporal (intercâmbios atuais e futuros) e na
abordagem espacial (articulação entre o local e o global)
        e) Negociação de interesses entre as gerações atuais
e futuras
        f) Articulação entre necessidades imediatas e
perspectivas de longo prazo
        g) Escolha política e racionalidades técnicas
        h) Multiplicidade e diversidade de atores sociais e
seus respectivos interesses.

         Observe-se, ainda, que no esquema nº 3, além de se
doar ao processo de desenvolvimento sustentável uma visão
metodológica ampla, imbrica-se postulados de processo
participativo de formulação e negociação dos atores sociais,
e, também, o tratamento e a sistematização de informação
para aderência e compreensão da realidade. Dessa forma, o
esquema nos remete para um campo de forças impulsoras e
restritivas ao desenvolvimento sustentável. Por essa razão se
apresenta o esquema nº 4, que dá uma idéia de contexto do
campo de forças com vistas ao conteúdo propositivo do




                                                            59
planejamento estratégico situacional do desenvolvimento
sustentável. Ver esquema nº 4.

                  Esquema nº 4
            CONTEXTO DO CAMPO DE FORÇAS

       Forças Impulsoras     X              Forças Restritivas
         Oportunidades       X                  Ameaças
         Pontos Fortes       X               Pontos Fracos
       Efeitos para Frente   X              Efeitos para Trás


             Problemas                 Potencialidades



            CAMPO DIMENSIONAL SITUACIONAL

             Político                      Momentos:
           Econômico                       Explicativo
           Tecnológico                     Normativo
          Sóciocultural                    Estratégico
           Ambiental /                 Tático Operacional
       Ecossistêmico
          Institucional-
       Administrativo




                     Plano Estratégico
                   (Conteúdo Propositivo)


                                                        60
Esquema nº 5
       AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
                                   Redução da Pobreza


        Geração de                                                Geração de
         Emprego                                                    Renda




             Alta                         Dinamismo da
        Capacidade de                       Economia
        Arrecadação do
                                                                 Economia
                                                                  Social /
                                                                Comunitária
         Reestruturação
           do Estado




          Competitividade Alta /                  Ampliação
                Elevados                                                       Alta
                                                  do Mercado
             Investimentos                                                 Distribuição
                                                    Interno
                                                                            de Renda




 Rearranjos                 Avanços                Melhoria         Aplicação da
Institucionais            Tecnológicos            Educacional      Infra-Estrutura




                           Elevação dos Investimentos
                                    Públicos




                                                                               61
Esquema nº 6
      AÇÕES PARA ALTERAR A REALIDADE NA PERSPECTIVA DE
      NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ENFRENTAREM-SE
        OS PROBLEMAS E APROVEITAR AS POTENCIALIDADES

                                       Instrumentos           Espaço
              Metodologia              / organização.         / Setor




                                    Como
  Estudos Básicos do                                        Onde fazer?
   Campo de Forças                  fazer?

                                                                          Propósito
      Problemas                                                           Unificador
                                                                           Imagens
                               Ações
                                                                           Objetivos
         Eu
       O Outro              O que fazer?           Com
                                                                             Para
                                                   quem                     quem
                                                   fazer?                   fazer?
    Potencialidades
                                                                        Que alcançar
                                                                         no futuro?
Realidade / situação                                                     (realidade
                                                                         desejada)


            Observe-se que as ações explícitas no esquema nº 5,
     além de quebrar os círculos viciosos, também, apontam para
     pressupostos de como se pode e se deve romper com a
     situação de periferia e de exportação dependente com
     aplicação do mercado interno ou MERCOBRASIL a partir
     da ênfase ou combate à pobreza; à distribuição de renda; à
     reconstrução do estado; aos avanços tecnológicos; à
     melhoria educacional e à aplicação da infra-estrutura.



                                                                                     62
A inteligibilidade do esquema nº 5 é complementada
pela interpretação do esquema nº 6. Este focaliza ações para
alterar a realidade na perspectiva do desenvolvimento
sustentável, tendo-se em foco o enfrentamento e a análise
dos problemas com vistas ao aproveitamento das
potencialidades nas múltiplas dimensões vistas pelo
planejamento estratégico no âmbito das ações prioritárias.
        Ressalve-se, ainda, que, na abordagem agregada do
processo de trabalho para o planejamento estratégico do
desenvolvimento sustentável, o mesmo tem a ver, também,
com os seguintes tópicos:

       a) Análise do contexto com identificação das forças
impulsoras e forças restritivas ou das oportunidades e
ameaças
       b) Processo técnico de consulta à sociedade e a
especialistas
       c) Análise de interação entre as dimensões em
termos de causalidade dos problemas e potencialidades.

        Vale lembrar que o esquema nº 7 permite uma visão
sistêmica dos ambientes ou dimensões do sistema de
desenvolvimento sustentável. Note-se que no ambiente
humano se especificam as condições: socioeconômicas;
demográficas; culturais e dos mercados. No ambiente ou
dimensão natural ou da natureza, as condições estão na:
biotecnologia; edafologia; biodiversidade ou, ainda, em toda
biosfera. No ambiente ou dimensão técnico-cultural cuja
instância de uso se dá: no espaço; na infra-estrutura; na
biomassa; nas máquinas simples ou complicadas e na
biotecnologia. No ambiente ou dimensão da produção, as
condições ou aspectos importantes descansam no: trabalho,


                                                         63
empregabilidade; desenvolvimento eco-agro-industrial;
indústria concentrada geralmente de bens de produção;
serviços de desenvolvimento; serviços institucional-
administrativos e turismo. Todos esses ambientes ou
dimensões estão conectados ao ambiente informacional e
do conhecimento à luz de conexões, trocas, mudanças e
redes transdisciplinares.




                                                   64
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Livro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo Aguiar

  • 1. Geraldo Medeiros de Aguiar 2ª Edição Olinda-PE 2007
  • 2. Copyright© 2006 Geraldo Medeiros de Aguiar Impresso no Brasil Printed in Brazil Editor Tarcísio Pereira Editor Assistente Joaquim Sávio de Medeiros Diagramação Maria do Carmo de Oliveira Capa e Ilustração Tiago Aguiar Revisão Ana Prosini A282a Aguiar, Geraldo Medeiros de, 1938- Agenda 21 e desenvolvimento sustentável: (caminhos e desvios) / Geraldo Medeiros Aguiar. – Recife: Ed. do Autor, 2006 109. : il 1. MEIO AMBIENTE – BRASIL. 2. MEIO AMBIENTE – PERNAMBUCO. 3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – BRASIL. 4. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – PERNAMBUCO. 5. POLÍTICA AMBIENTAL – BRASIL. 6. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. I. Título. CDU 504 CDD 363.7 PeR-BPE Editora Livro Rápido - Grupo Elógica Rua Dr. João Tavares de Moura, 57/99 Peixinhos Olinda-PE CEP: 53230-290 Fone: (81) 2121.5300 Fax: (81) 21215333 www.livrorapido.com.br Patrocínio: www.rendacomplementar.com e www.fiqueotimo.com Fone: (81) 3088-1477 Cel.9972-8025 Fax 3326-6428 2
  • 3. DEDICATÓRIA A Mauricéa Marta B. Wanderley que, nestes 30 anos me acompanha nas lutas, nos desafios e no amor. A meus filhos: Milena e Eugênio Moutelík de Aguiar e a Tiago e Lucas Wanderley de Aguiar que de forma permanente me inspiram a escrever e editar meus ensaios. Ao mestre e amigo Manuel Figueroa Lazarte que, mesmo distante, muito contribuiu para minhas investigações sobre os temas em epígrafe, a meu dileto ex-aluno Roberto Tiné e ao caríssimo companheiro Vantuil Barroso Filho minhas homenagens pelos contrapontos às minhas idéias. AGRADECIMENTOS A Josemyr Geraldo Bezerra pela presteza, pela determinação e pela desinteressada colaboração para a publicação deste livro. A Tiago W. de Aguiar, pela digitação e pela criatividade na confecção da capa com parâmetros joviais de sua contribuição e a meus ex- alunos, Luiz Moura, Cristina Ferreira, Saulo Farias, Adriana Galantin e a todos que me incentivaram a realizar este trabalho. 3
  • 4. ÍNDICE PREFÁCIO .......................................................................05 APRESENTAÇÃO .................................................................. 14 PARTE I. ENFOQUES DAS AGENDAS 21...........................25 PARTE II. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................................................................... 45 PARTE III. IDÉIAS PARA UM MODELO AUTÔNOMO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................... 66 - O BRASIL NO CONTEXTO DE UM DESENVOLVIMENTO PARA SI.........................................................................................................................................67 - PREMISSAS PARA UM MODELO POLÍTICO DE DESENVOLVIMENTO AUTÔNOMO....................................................................................................................72 - A POLÍTICA DO PODER NACIONAL DA ESG......................................................77 - A REPRESSÃO AO CAPITAL PRIVADO STRANGEIRO.....................................81 - O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL VISA HUMANIZAR A EXISTÊNCIA....................................................................................................................89 - O MONOPÓLIO ESTATAL DOS FATORES ECONÔMICOS BÁSICOS............89 - A DEFESA DA INDÚSTRIA NACIONAL AUTÊNTICA.........................................92 - A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL.......................................................92 - A REFORMA AGRÁRIA...............................................................................................95 - AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE PLENA SOBERANIA...........................101 - A EDUCAÇÃO POPULAR PARA O DESENVOLVIMENTO...............................104 - A CULTURA DO POVO..............................................................................................106 - A SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL COM AS NAÇÕES EM LUTA PELA LIBERTAÇÃO POLÍTICA............................................................................................108 - A INTEGRAÇÃO SULAMERICANA........................................................................111 - O MODELO...................................................................................................................114 BIBLIOGRAFIA .....................................................................146 O AUTOR.................................................................................159 4
  • 5. PREFÁCIO A obra de Geraldo Medeiros de Aguiar “Agenda 21 e Desenvolvimento Sustentável. (Caminhos e Desvios)” promove a necessidade de repensar no Brasil as políticas públicas desde novas perspectivas e categorias de análises. Nesse trabalho, o autor dialoga com os leitores através de um texto organizado em três partes. Na parte I, registra, em detalhes, o conjunto de compromissos assumidos pelo Brasil frente à sua sociedade e à comunidade internacional para administrar o país seguindo objetivos de bem-estar social e sustentabilidade ecológica em beneficio das atuais e futuras gerações. Nesse propósito, apresenta os enfoques dominantes na Agenda 21 da ONU, resultante da Conferência do Rio de Janeiro em 1992, na Agenda Brasileira, no mega-evento Rio + 10 da ONU, na Agenda de Pernambuco e nas de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. Na parte II, sintetiza os aspectos mais salientes da Teoria do Desenvolvimento Sustentável e recorre a ilustrações gráficas para facilitar a visualização de sua lógica e de seus argumentos. Todavia, é na parte III de sua obra que o autor recorre a seus amplos conhecimentos e experiências profissionais para dialogar com os leitores sobre sua nova proposta para implementar, no país, as bases de um Modelo Autônomo de Desenvolvimento Sustentável. Caso seja adotado, permitirá ao governo resolver, em simultâneo, os graves problemas do crescimento, do desemprego e da pobreza que atingem amplas regiões do país e particularmente os estados e municípios do Nordeste. 5
  • 6. Em sua essência, a proposta de Geraldo Aguiar objetiva a abertura programática de três “janelas” para relacionar as interações do desenvolvimento nacional com a economia internacional, com a economia pública do Estado Brasileiro - que se expressa através das políticas e dos programas administrados pelas entidades governamentais – e, finalmente, com a própria sociedade. Nesse ponto, o autor, consciente da necessidade de avançar até um desenvolvimento nacional sem pobreza, desemprego nem exclusão social, propõe adotar novas formas de organização institucional para pôr em funcionamento, em grande escala, um conjunto de reformas destinadas a regularizar no país o império de três ordenamentos institucionais para reger a economia privada capitalista, a economia pública e, em particular, a economia social-comunitária onde, para além dos requerimentos do mercado, seja possível articular os esforços de: governo e sociedade para gerar os empregos e as rendas que a sociedade requer. As contribuições de Geraldo Aguiar configuram aportes valiosos para integrar, no futuro, as bases de uma nova Teoria Geral destinada a orientar os processos de desenvolvimento, sem pobreza nem desemprego. Vale recordar que diversos centros intelectuais da América Latina participam, na atualidade, da gestação dessa teoria, cujas idéias fundamentais remontam aos tempos pioneiros da CEPAL, até fins da década dos anos 40. Como todo processo cultural, as idéias de uns se integram, por mecanismos desconhecidos, com as idéias dos outros independentemente de geografias e de tempos históricos. Simplesmente acontecem e são a simples expressão da criatividade humana e de uma consciência crítica que se expande em toda a região. Para compreender a 6
  • 7. transcendência das idéias de mudança social que se discutem na atualidade latino-americana, apresenta-se, em continuação, uma breve referência sobre sua evolução histórica a partir da obra de Adam Smith. Desde seu nascimento no século XVIII, a economia clássica postulava que o progresso das nações devia encontrar-se nos contextos de livre mercado onde a ação dos indivíduos, na procura de alcançar seus próprios objetivos de lucro e de benefício pessoal criaria condições para o progresso de todos, sempre e quando o estado mantiver papéis subsidiários, limitando sua ação ao campo exclusivo de certas funções gerais: defesa, moeda, obras públicas e serviços sociais essenciais. Por suas concepções filosóficas e políticas, naquela escola de pensamento econômico, o indivíduo era o epicentro do desenvolvimento social, e a figura do empresário assumia papéis de protagonistas no destino e no progresso das sociedades. Esse eixo fundamental do pensamento doutrinário do liberalismo permanece, até o presente, como essência da economia capitalista. Todavia, com o devir dos anos 30, o capitalismo, como sistema, viu-se superado pela maior crise registrada em sua história: desmantelou a produção, o emprego e as rendas das sociedades mais ricas, desatando ondas intensas de desconfiança na durabilidade do próprio sistema. As idéias de Keynes, principalmente, abriram novos cenários para superar a crise e avançar até a estabilidade do sistema mediante um conjunto de novos instrumentos de auto- regulação econômica, monetária e financeira. A partir daqueles anos, o estado e o empresariado privado passaram, em conjunto, a ser reconhecido como sujeitos 7
  • 8. econômicos de importância primordial para estabilizar e consolidar a expansão do sistema ao longo do tempo. A partir da década de 80, o capitalismo avançou até novas dimensões de globalização financeira em escala planetária. Os avanços da ciência e da técnica propiciaram mudanças revolucionárias nos campos: das comunicações, da produção, da circulação e da distribuição. Novas formas de organização empresária aceleraram os processos de concentração do capital em escala internacional. Novos produtos financeiros e novos fluxos de monetarização da economia internacional potenciaram os circuitos do financiamento para além da evolução dos intercâmbios na economia real. O desmonte ou queda do socialismo de estado na URSS até fins dos anos 80 jogou o espaço global para a expansão hegemônica do capitalismo. Nesse vertiginoso processo de transformação e globalização econômica, as dimensões de uma nova crise social apareceram no horizonte dos anos 90, e seus efeitos começaram a projetar-se sobre as sociedades de países centrais e periféricos. O mundo do emprego experimentou profundas mutações, e só aqueles países que puderam financiar programas de assistência ao desemprego escaparam ao desastre da pobreza, mantendo razoáveis níveis de estabilidade social. Na maioria dos países do mundo, e, particularmente naqueles mais dependentes, a inexorável revolução tecnológica, a globalização financeira do capitalismo e as políticas adotadas sob o rigor do pensamento único instituído no Consenso de Washington, com sua seqüela de processos associados, estão produzindo profundas alterações nas estruturas produtivas agravando as dimensões do desemprego e gerando situações de exclusão social e pobreza para milhões de pessoas. 8
  • 9. Por tratar-se de processos irreversíveis, o capitalismo globalizado, ao acelerar simultaneamente os avanços do progresso técnico e a concentração da produção e da propriedade na forma de mega empresas transnacionais distribuídas sobre todas as áreas geográficas do mundo para controlar a expansão dos mercados, expandiu a desocupação em escala global e agravou a obsolescência da força de trabalho desempregada, abrindo novos cenários de crises sociais irreversíveis, é dizer, sem retorno às situações do passado. Em tais contextos, a economia ortodoxa perdeu sua capacidade de propor políticas apropriadas para reconstruir os equilíbrios sociais. Governos e sociedades do mundo sofrem, em maior ou menor grau, situações permanentes de crise, desestabilizando os sistemas sociais. Impõe-se, com a devida urgência, imaginar e adotar novas formas de organização social dentro das dobras do próprio sistema capitalista para evitar males maiores que afetarão, inexoravelmente, a base de sustentação ecológica e a governabilidade dos próprios sistemas sociais. Dadas às condições objetivas e a correlação de forças sociais que imperam na atualidade, as idéias de resolver os conflitos mediante processos revolucionários de mudança de sistema social, por muito tempo, ficarão como expressões de utopias inalcançáveis. Na busca de novas alternativas de organização social dentro do sistema capitalista, aparece, desde diversas regiões do mundo, a proposta de organizar uma nova economia social-comunitária sob a co-responsabilidade do estado e a ativa participação e responsabilidade das próprias representações das sociedades locais. A implementação de novos mecanismos de gestão 9
  • 10. comunitária, para incorporar-se aos processos produtivos destinados a mercados internos e externos, poderá reforçar os aportes que o estado e as economias privadas empresariais de livre mercado vêm realizando para harmonizar as relações econômicas e sociais. Essas idéias configuram, em conseqüência, uma importante contribuição ao invocar a própria sociedade na resolução dos principais problemas que afetam seu destino. As novas idéias de mudança social assumem sua particular transcendência na América Latina, continente que no curso dos últimos 25 anos assistiu à duplicação do total de pessoas em situação de pobreza. Nesse contexto histórico e geográfico, os aportes que Geraldo Aguiar vem realizando no propósito de apresentar novas alternativas para superar a grave situação existente no Brasil adquirem importância significativa. Seus trabalhos se integram, naturalmente, aos aportes que outros intelectuais vêm realizando e, em conjunto, incitam a pensar em novas formas de organizar a economia para colocá-la, realmente, a serviço da sociedade. As idéias em gestação pressupõem que, para superar a pobreza e o desemprego, os governos e sociedades precisarão recriar novas formas de organização econômica que introduzam maior flexibilidade no ordenamento institucional para dar origem a três regimes econômicos complementares que possibilitem garantir, a todas as famílias, o emprego, a disponibilidade de renda social básica para uma vida digna, os serviços sociais essenciais e a sustentabilidade ecológica de longo prazo para beneficio das gerações do presente e do futuro. Ao avançar nessa direção, consolidar-se-ão no tempo as bases de uma Teoria Geral para superar a exclusão, a pobreza e o desemprego, assegurando o crescimento da 10
  • 11. produção, o fortalecimento do capitalismo competitivo, o exercício de tarefas ativas do Estado e, fundamentalmente, a participação das comunidades locais na resolução de seus próprios problemas. Pelas características de irreversibilidade que assumem os atuais problemas econômicos e sociais nas escalas mundiais, não serão os proletários do mundo os encarregados de liderar os processos destinados a transformar a sociedade. Provavelmente, essa gestação histórica ficará nas mãos dos técnicos, dos professores, dos empregados público, dos mestres, dos empresários, dos agricultores e dos operários que, no curso dos últimos anos, por império do progresso e de múltiplas circunstâncias, transitam como silenciosas maiorias até novas situações de pobreza, desemprego e exclusão social. Pela potencialidade de energias humanas que contêm, essa nova força social estará destinada a impulsionar no futuro os processos de transformação que as sociedades reclamam. Interessa destacar, como ironia da história, que as idéias programas que administram os partidos políticos tradicionais, as organizações sindicais e as próprias entidades do governo responsáveis pela questão social não conseguem sequer compreender a significação política que assumem os imensos contingentes de população que, dia a dia, ingressam em seus novos contornos de pobreza e exclusão. Configuram, de fato, uma nova realidade social sem teoria. Não obstante, por suas magnitudes e transcendência, a pobreza do presente será, amanhã, a base de sustentação dos processos políticos que desenham o futuro de nossos países. Para resolver os problemas econômicos e sociais, se os governos da região conseguir pôr em marcha às novas 11
  • 12. idéias de organização econômica e institucional que nesse texto propõe Geraldo Aguiar, serão possíveis, simultaneamente, avançar também na modernização do sistema político, objetivo ainda pendente de realização na generalidade dos países. Com efeito, sem desemprego nem pobreza, os pobres ficarão livres, ganharão sua liberdade de expressão, não terão necessidades de recorrerem aos biqueiros políticos nem de condicionar a vida de suas famílias em favor dos partidos políticos que, permanentemente, abusaram de sua condição de indigência. Seus votos poderão expressar-se em liberdade de consciência e, mediante programas sistemáticos de alcance universal em matéria de educação e saúde, as famílias poderão exigir níveis mais elevados de representação política elegendo candidatos dotados de ética, capacidade e compromisso social. Com a introdução das reformas que se propõem no plano econômico e institucional, poderá surgir em nossos países uma nova sociedade, mais preparada e exigente, em condições de negociar de forma consensual com o estado e o setor privado, as alternativas para construir um país melhor. Ao concluir este prefácio, agradeço a oportunidade de, mais uma vez, dirigir-me ao público brasileiro e reitero minha confiança no caráter criativo da obra de Geraldo Aguiar que agora se submete à consideração dos leitores. Resta só desejar que as idéias aqui expostas pelo autor possam chegar às autoridades do governo que, em última instância, têm em suas mãos a possibilidade de agir com oportunidade e inteligência para atenuar os problemas de que padece a sociedade brasileira. Buenos Aires, Maio de 2004. Manuel Figueroa Lazarte 12
  • 13. Manuel Figueroa Lazarte é Contador Público pela Universidade de Tucuman (Argentina). Funcionário da ONU. Autor dos Livros: O Problema Agrário no Nordeste do Brasil; Crise nas Economias Regionais; A Economia do Poder e o Desafio Argentino. Um Modelo Autônomo de Desenvolvimento. (Citados na bibliografia). “Quem, nos dias de hoje, quiser lutar contra a mentira e a ignorância e escrever a verdade tem de superar ao menos cinco dificuldades. Deve ter a coragem de escrever a verdade, embora ela se encontre escamoteada em toda parte; deve ter a inteligência de reconhecê-la, embora ela se mostre permanentemente disfarçada; deve entender da arte de manejá-la como arma; deve ter a capacidade de escolher em que mãos será eficiente; deve ter a astúcia de divulgá-la entre os escolhidos”. BERTOLD BRECHT 13
  • 14. APRESENTAÇÃO A proposição do Autor é contribuir para seus leitores adotarem uma consciência crítica abrangente com vistas ao desenvolvimento sustentável e as agendas 21 da ONU, Brasileira e, muito em particular, a de Pernambuco e as locais de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho quanto a seus caminhos e desvios. Para tanto, o plano de trabalho está dividido em três partes fundamentais: A primeira trata dos enfoques das agendas 21 da ONU oriunda do mega evento Rio 92 passando pela Agenda 21 Brasileira e o grande evento da Rio+10 da ONU (África do Sul) até a de Pernambuco e, principalmente, as locais de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.A segunda visa à teoria do desenvolvimento sustentável, de forma sinótica e esquemática, para na terceira parte se formularem as idéias para um Modelo Autônomo de Desenvolvimento Sustentável. Nesta apresentação, vale chamar a atenção do leitor para a contextualização que se faz e se qualifica de caminhos e desvios das agendas 21. Os caminhos estão explícitos nos textos que constituem as duas primeiras partes do presente livro, e os desvios se apresentam no fato de as agendas 21, particularmente, a Brasileira, a de Pernambuco e as locais de Ipojuca e do Cabo Santo Agostinho se omitirem de apresentar cenários em umbrais de pelo menos 50 anos ou saídas com vistas a uma antropolítica frente às turbulências que se dão no Sistema Mundo do Capitalismo 14
  • 15. que, sinoticamente, podem ser apresentadas da seguinte maneira: 1. FIM DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS (2015 A 2025). Energias alternativas e de biomassa com vistas à produção de células combustíveis de hidrogênio. Quais os cenários para o Brasil, o Nordeste, Pernambuco e Região Metropolitana do Recife (RMR)? 2. CASSINO GLOBAL. Desregulamentação ou regulamentação unilateral dos mercados com especuladores de toda ordem (bancos, fundos de pensões, paraísos fiscais, seguradoras, etc.) organizados para a manipulação financeira, via Internet, em meta rede mundial de interações tecnológicas e de turbulências. Quais situações se prospectam para o Brasil e nele o Estado e a RMR? 3. RELAÇÃO CAPITAL/TRABALHO. O capital, hoje, é global e excludente no Sistema Mundo do Capitalismo. O trabalho é local, fragmentado, descartável, com tendência ao obsoletismo. A hipótese 20/80, ora em construção pelo sistema, tende a aumentar a pobreza ao extremo no processo de exclusão social a partir do fundamentalismo de mercado idealizado pelo G8. O que fazer para mitigar tal tendência nos níveis local, estadual, regional e nacional? 4. IMPACTO OU CRISE ECOLÓGICA. Comprometimento da Biosfera e da vida no planeta. Esgotamento dos recursos naturais ou bens livres. Guerra mundial dos ricos contra os pobres a partir da unilateralidade dos EUA, como centro do sistema, no processo incessante de acumulação de capital, cujo metabolismo se resume em duas forças motrizes: o lucro e o 15
  • 16. poder. Quais suas implicações no Brasil, em Pernambuco e na RMR? 5. REDES CRIMINOSAS GLOBAIS. Paraísos fiscais e jogos como fonte de lavagem de dinheiro. Tráfico de drogas e de armas sob salvaguarda do judiciário e com alianças estratégicas com o estado nos países cêntricos e periféricos. Papel dos celulares e laptops nas redes criminosas. Como pode uma Agenda 21 Local apreender ou ter visão de tal problema? 6. REVERSÃO DO ESTADO OU ESTADO EM REDE. Formação dos megablocos sob a égide de redes financeiras internacionais. Ligação do Atlântico com o Pacífico na América do Sul. Obsoletismo dos estados federados do Brasil. Formação de mega blocos econômicos com tendência a erradicar os estados nacionais. Criação de estados em rede. Como fazer tais cenários nas agendas 21 locais? 7. TRANSFORMAÇÃO CULTURAL. A Internet aberta e a Internet fechada. As mídias: faladas, escritas, televisivas e cinematográficas. Agências de informações controladas. Manipulações de símbolos e códigos culturais. Como ficam: a RMR, o Estado de Pernambuco e o Brasil nesse processo à luz das agendas 21 locais e de uma ética das aparências? 8. A BIOTECNOLOGIA E A BIOSEGURANÇA. A Engenharia genética e a privatização da vida. Ignorância e descaso de todas as considerações bioéticas e morais. A biologia molecular e a concepção da estabilidade genética. A simbiogênese. A ética da clonagem. A biotecnologia na agricultura. Transformação da vida em mercadoria. Como podem as agendas 21 locais abordar a visão dessa atual problemática? 16
  • 17. 9. AS RESISTÊNCIAS GLOBAIS. A situação das lutas no mundo. As questões do fim do petróleo e a escassez da água potável em nível mundial e o perigo de sua privatização. A dívida externa e a rapina das riquezas dos países periféricos pelo império e o G8. A luta contra a exclusão social, a fome e a miséria na nova ordem ou desordem mundial. Os movimentos das mulheres para outra mundialização. A militarização do mundo e as novas condições para a paz. Polarização capitalismo central (imperial) versus capitalismo tardio dos países emergentes ou periféricos. O projeto hegemônico Norte Americano, sua unilateralidade e a posição do Brasil, da China, da Índia, da África do Sul e da União Européia. Tribunal Internacional de Inadimplência versus BIRD. Organização Internacional de Finanças versus FMI. Organização pela Responsabilidade Empresarial. Pesquisas e Iniciativas de Emissão Zero (ZERI). A economia do hidrogênio (CÉLULA COMBUSTÍVEL) e o processo de descarbonização. Nas Ecocidades e nas regiões metropolitanas do Brasil. Como podem as agendas 21 abordar essas resistências mundiais? 10. AS TENDÊNCIAS DEMOGRÁFICAS DO BRASIL. Perigo de regressão populacional e fragmentação nacional. A Amazônia, o principal alvo do Império e do G8. Devem ou não as agendas 21 ignorar tais cenários? 11. UM MODELO AUTÔNOMO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA O BRASIL E ESPAÇOS AUTÔNOMOS (RMR). Vale discutir e incorporar tais modelos nas agendas 21 desde o nível nacional ao local? 17
  • 18. São esses desafios que levaram o Autor a explicitar suas idéias para um Modelo Autônomo de Desenvolvimento Sustentável que a seu ver jamais poderia ser desviado ou omitido nos enfoques e nos conteúdos das agendas 21. Considerando-se que o Complexo Industrial- Portuário de Suape faz parte da estratégia nacional de ligação intermodal de transportes e de logística entre o Atlântico e o Pacífico, juntamente, com Itaqui/Madeira (MA) e, secundariamente, Pecém (CE) e Aratu (BA), é de convir que, neste século 21, todas as medidas de sustentabilidade da economia, do ambiente, da sociedade, da política, da cultura e da integração do Brasil em blocos econômicos regionais (MERCOSUL/AMERCOSUL) passam necessariamente de forma direta ou indireta por esse eixo estratégico da política econômica nacional que tende a consolidar aqueles empreendimentos ou complexos industrial-portuários. È bom lembrar que Pecém e Aratu estão longe do que já são os complexos industriais portuários de Itaqui e de Suape como retroportos para receberem navios de quarta a sétima gerações. Tanto o Estado de Pernambuco quanto a Região Nordeste do Brasil devem ter imbricado em suas agendas 21 os impactos positivos e negativos para a sustentabilidade da nação brasileira, oriundos daqueles empreendimentos ou complexos transdisciplinares, multifuncionais e multisetoriais em todas as dimensões da sustentabilidade do desenvolvimento regional, do estadual e, principalmente, do local nos municípios de Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho e Região Metropolitana do Recife. Sabe-se que o Complexo Industrial-Portuário de Suape será um dos destinos do sistema intermodal de transporte supracitado que partindo dos portos peruanos e do 18
  • 19. porto chileno de Arica chegarão aos portos do Atlântico na Região Nordeste e, especialmente, a Itaqui, no Maranhão, e a Suape em Pernambuco, passando pelas conexões das ferrovias: Norte-Sul, Carajás, Transversal Leste (projeto da VALEC, que tem início em Estreito (MA) e término em Salgueiro-PE) e da Transnordestina e, ainda, com as devidas conexões dos sistemas hidroviários dos rios: Amazonas, Tocantins-Araguaia, Parnaíba e São Francisco, sem aqui se mencionar as rodovias estaduais, as Br, as estradas peruanas, chilenas e bolivianas que viabilizarão a dita ligação e a integração intermodal de transportes sul- americana. Por outro lado, a supradita ligação também colocará a maior província mineral do planeta, que é Carajás no interior do Brasil, e, particularmente, no Nordeste. É de se convir que Carajás, que hoje fomenta a economia brasileira para fora criando empregos em outros países (na medida em que as matérias-primas são exportadas sem incorporação do trabalho dos brasileiros), possa, ainda, até meados do século XXI, voltar-se para dentro com vistas à formação e à consolidação de uma nação para si em contraponto à nação para outras, que agora vivemos. Dentro do presente cenário, todas e quaisquer estratégias para as agendas 21 locais, na RMR, passam direta ou indiretamente pelos fenômenos, fatos, ações e atividades que se dão e se darão com o projeto vertebrador do Complexo Industrial-Portuário de Suape inserto nos municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho como uma área institucional de alta importância para o desenvolvimento sustentável. É ingênuo ignorar tal cenário ou subestimar os efeitos para frente e para trás e os impactos em Ipojuca, 19
  • 20. Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Nordeste do Brasil do supra mencionado Complexo. De há muito, o Município de Ipojuca deixou de ser apenas mais um município decadente da zona canavieira ou Mata-Sul de Pernambuco para se tornar um dos municípios que mais recebem investimentos no Estado, não somente na indústria, mas também, em infra-estrutura além de aumentar sua arrecadação no Estado. A própria inserção do Município na Região Metropolitana do Recife deu-se pelo fato de sediar o Complexo, em tela, caso contrário estaria em condições de mais um município da zona da mata, como é o caso de Vitória de Santo Antão, Goiana e outros municípios da região da mata atlântica. Nesse contexto, as agendas 21 locais deveriam ter como foco mitigar, através de suas estratégias, os efeitos perversos que possam advir da influência do Complexo de Suape e voltar-se para todo e qualquer ponto forte ou oportunidade que dele possa advir para a sustentabilidade dos municípios, muito em particular, no ordenamento territorial urbano e rural com vistas à sustentabilidade do desenvolvimento local. No momento já se tem de forma, ainda incipiente, a integração ferroviária entre Santos (SP) e Antofagasta, no Chile, passando pela Bolívia, pelo Paraguai e pela Argentina. Entre muitas outras considerações para as agendas 21 locais de Ipojuca e Cabo Santo Agostinho, cabem, aqui, destacar as seguintes: 1. Rigorosa fiscalização da sociedade civil sobre os Planos Diretores de cada um dos municípios oriundos da obrigatoriedade da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade), que 20
  • 21. devem ser divulgados em todos os recantos dos municípios visando à mobilização das sociedades locais em torno das propostas que tratam da sustentabilidade de seus aglomerados urbanos de conformidade as estratégias das agendas 21 locais e da supracitada Lei, conhecida como Estatuto da Cidade. 2. Sejam definidas, institucionalizadas e adotadas formas efetivas de cooperação interinstitucional entre a gestão do Complexo Industrial-Portuário de Suape e os municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho no sentido de assegurar as necessidades, condições políticas e institucionais para implementação das agendas 21 locais em todos os seus aspectos, abrangências e dimensões. 3. Seja reforçado o processo de descentralização das políticas públicas, ambientais e urbanas, respeitando-se a subsidiaridade e a delegação de funções das transferências de recursos que competem aos municípios em tela e a gestão democrática nos aglomerados urbanos sustentáveis, segundo os princípios do Estatuto da Cidade e de suas respectivas agendas 21 locais. Considera-se, também, indispensável a recomendação da articulação, compatibilização e integração das políticas e ações públicas federais com as estaduais e a do Complexo Industrial-Portuário de Suape que afetam o desenvolvimento urbano dos municípios e a da RMR. 4. Com respeito aos investimentos do tipo que se dão no Complexo Industrial-Portuário de Suape, deve-se dar a devida atenção ao que reza a Agenda 21 Brasileira quando afirma “os investimentos programados por eixos de desenvolvimento contribuem para redesenhar a configuração territorial do país, na medida em que tais investimentos são seletivos, privilegiando espaços dinâmicos e relegando as áreas de baixo dinamismo ou 21
  • 22. estagnadas. Isso acentua as tendências de concentração da população urbana nas áreas metropolitanas e aglomerações urbanas, reforçando os desequilíbrios da rede de cidades e agudizando os problemas sociais, urbanos e ambientais dos grandes centros - particularmente porque os investimentos feitos ou programados nesses eixos também não levam em conta os danos ambientais decorrentes”. 5. Há de se convir que os municípios citados venham, no futuro próximo, realizar cenários frente aos desvios, apontados nas turbulências do Sistema Mundo do Capitalismo e, muito em particular, quanto ao metabolismo do capital em seu processo incessante de acumulação e as resistências mundiais que batem de frente com suas forças motrizes (lucro e poder) e, também, contra a hipótese 20/80 do Sistema (apregoada pelos neoliberais) tendo-se como exemplos os acontecimentos as lutas sociais de Seatle, Quebec, Bangcoc, Praga, Barcelona, Gênova, Johanesburgo, Davos, Porto Alegre I e II, Bamako, Bombaim e outras cidades. As idéias têm como premissa básica uma ampla estratégia alternativa que segundo Wallerstein resume-se em: 1. “Expandir o espirito de Porto Alegre”, ou seja, fomentar e promover, ao máximo, movimentos ou eventos anti-sistêmicos com vistas a: clareza intelectual das ações anti-sistêmicas no processo de transição; ações militantes o mais amplas possível de mobilização popular; defender alterações fundamentais de contenção ao processo incessante de acumulação de capital em curto, médio e longo prazos. O espirito de Porto Alegre deve inserir-se 22
  • 23. naquilo que se convencionou chamar de “coligação arco- íres” de Jesse Jackson, “esquerda plural” dos movimentos franceses e “frente ampla(Brasil) ou frente amplio” em toda América Latina. O FUNDO SOCIAL MUNDIAL (FSM) criado em Porto Alegre espelha e reflete essa estratégia. 2. “Usar táticas eleitorais defensivas”, isto é, ter a convicção de que vitórias eleitorais não transformarão o mundo mas não podem e não devem ser negligenciadas por serem mecanismos que podem politizar e proteger necessidades das populações excluídas ou dominadas por elites irresponsáveis. Para tanto, fazer valer do nível local ao mundial o espirito de Porto Alegre onde ficou explícito que as eleições quando vitoriosas são apenas táticas defensivas no processo de transição do sistema mundo capitalista e há que se cobrar as promessas de campanhas. 3. “Promover incessantemente a democratização” seja pela participação seja pela representação política e, principalmente, pelo viés racial. Pressionar, ao máximo, as exigências sobre: mais saúde, mais educação, mais renda vitalícia, mais seguro desemprego, mais segurança alimentar, mais segurança social, mais infra-estrutura social, mais habitação e mais tudo que possa inibir as possibilidades do aumento do lucro e do poder pelo metabolismo do capital gerido pelos capitalistas em seu processo incessante de acumulação. 4. “Fazer com que o centro liberal seja fiel às suas preferências teóricas” pregando a emigração e a imigração em grande escala e o mais livre possível, a abertura das fronteiras geográficas, a não-salvação dos empresários que fracassam nos mercados, pagar auxílios- desemprego, subsidiar a formação educacional, praticar economia- solidária, abolir e limitar, em muito, o acordo de patentes, 23
  • 24. criar empregos ou ocupações e redistribuir rendas. Promover e fomentar toda e qualquer mobilização popular em torno dos direitos legais e direitos humanos dos cidadãos e das chamadas minorias. 5. “Fazer do anti-racismo a medida definidora da democracia”, isto é, pregar e praticar, com veemência, a democracia racial como essência da democracia participativa e da democracia representativa. Coscientizar as populações, por todos os meios, de que o “racismo é o modo primário de distinguir entre aqueles que têm direitos (ou mais direitos) e os outros, os que não têm ou têm menos direitos” no dizer de Wallerstein. 6. “Avançar na direção da desmercantilização”. Segundo Wallerstein “a principal coisa errada no sistema capitalista não é a propriedade privada, que é apenas um meio, mas sim a mercantilização, que é o elemento essencial da acumulação de capital”. O modelo na janela interna e na janela do estado explicita como avançar nessa direção. 7. “Recordar sempre que vivemos na era de transição do sistema mundo existente para algo diferente”. Com tal atitude, pretende-se buscar novas alternativas de desenvolvimento e enfatizar que a única alternativa que de fato não existe é continuar fora das contradições da estruturas em crise do sistema mundo capitalista que com certeza vai se bifurcar. Essa recordação demanda do cidadão a necessidade de avaliar e dissecar as propostas e blefes daqueles que advogam e fomentam o status quo do sistema mundo em plena crise sistêmica. No dizer de Morin há que se lutar por um mundo relativamente democrático e solidário com vistas a um cenário de antropolítica. 24
  • 25. PARTE I. ENFOQUES DAS AGENDAS 21 “A alfabetização ecológica estimula o pensamento sistêmico – o pensamento que se estrutura em torno de relações, contextos, padrões e processos – e os projetistas ecológicos pregam a transição de uma economia baseada nos bens para uma economia de serviços e fluxo. Numa tal economia, a matéria circula continuamente, de modo que o consumo líquido de materiais brutos se reduz drasticamente. Como vimos, a ‘economia de serviços’ e fluxo ou de ‘emissão zero’ também é excelente para o negócio. À medida que os resíduos se transformam em recursos, geram-se novas fontes de renda, criam-se novos produtos e aumenta-se a produtividade. Com efeito, ao passo que a extração de recursos e a acumulação de resíduos fatalmente chegarão, mais cedo ou mais tarde, aos seus limites ecológicos, a evolução da vida demonstrou por mais de três bilhões de anos que, nesta casa sustentável que é o Planeta Terra, não existem limites para o desenvolvimento, a diversificação, a inovação e a criatividade”. FRITJOF CAPRA. Sob a luz ou o enfoque do meio ambiente nenhum país do planeta é periférico. As soluções ambientais dizem respeito a todo e qualquer ente humano independente do lugar em que ele esteja. Nesse enfoque, não cabem as noções de 1º. 2º. 3º e 4º mundos. Haja vista os efeitos dos fenômenos: “El Niñho”; “buraco de ozônio” sobre a Antártida; “chuvas ácidas”; e do chamado “efeito estufa”. Por esse motivo, a Rio 92 ou Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento aprovou a Agenda 21 com quatro seções 25
  • 26. e 40 capítulos além de duas declarações. O sentido de AGENDA empregado é de intenções, desígnios, desejo de mudanças para um modelo de civilização em que predomina o equilíbrio ambiental e a justiça social entre os estados e as nações. Sinoticamente, a estrutura da Agenda 21 da ONU é a seguinte: Seção I – Dimensões Sociais e Econômicas. Essa seção compreende os seguintes capítulos: 01) Preâmbulo 02) Cooperação internacional para acionar o desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento e políticas internas correlatas 03) Combate à pobreza 04) Mudança dos padrões de consumo 05) Dinâmica demográfica e sustentabilidade 06) Proteção e promoção das condições de saúde humana 07) Promoção de desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos 08) Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões. Seção II – Conservação e Gerenciamento dos Recursos para o Desenvolvimento. Compreende essa seção 14 capítulos (09 a 22) que tratam dos seguintes assuntos: 09) Proteção da atmosfera 10) Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres 26
  • 27. 11) Combate ao desflorestamento 12) Manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca 13) Gerenciamento de ecossistemas frágeis: desenvolvimento sustentável das montanhas 14) Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável 15) Conservação da diversidade biológica 16) Manejo ambientalmente saudável da biotecnologia 17) Proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares - inclusive mares fechados e semifechados - e das zonas costeiras e proteção, uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos 18) Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos: aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos hídricos 19) Manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas, incluídas a prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos 20) Manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, incluindo a prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos 21) Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos 22) Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos. Seção III. – Fortalecimento do papel dos grupos principais. Essa seção trata dos seguintes tópicos: 23) Preâmbulo 27
  • 28. 24) Ação mundial pela mulher, com vistas a um desenvolvimento sustentável e eqüitativo 25) A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável e eqüitativo 26) Reconhecimento e fortalecimento do papel das populações indígenas e suas comunidades 27) Fortalecimento do papel das organizações não- governamentais: parceiros para um desenvolvimento sustentável 28) Iniciativas das autoridades locais em apoio à agenda 21 29) Fortalecimento do papel dos trabalhadores e de seus sindicatos 30) Fortalecimento do papel do comércio e da indústria 31) A comunidade científica e tecnológica 32) Fortalecimento do papel dos agricultores. Seção IV. - Meios de implementação. Nessa 4ª e última seção da Agenda 21, há como interesse os seguintes temas: 33) Recursos e mecanismo de financiamento 34) Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional 35) A ciência para o desenvolvimento sustentável 36) Promoção de ensino, da conscientização e do treinamento 37) Mecanismos nacionais e cooperação internacional para o fortalecimento institucional dos países em desenvolvimento 38) Arranjos institucionais internacionais 28
  • 29. 39) Instrumento e mecanismo jurídico internacional 40) Informação para tomada de decisões. A Agenda 21 da ONU (publicada pelo Senado Federal) fecha com duas declarações, a saber: Declaração de princípios com Autoridade não - Juridicamente Obrigatória para um Consenso Global sobre Manejo, Conservação e Desenvolvimento Sustentável de Todos os Tipos de Florestas; Declaração do Rio Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento com seus 27 princípios. Não obstante a existência da Agenda 21, da ONU, é conveniente que o Brasil na elaboração da sua própria agenda, coloque a existência e adequação daquela Agenda à sua realidade particularmente, quanto aos seguintes aspectos: 1. Impactos da deteriorização ambiental na sociedade e na economia com vistas a: a) Cidades sustentáveis b) Agricultura e agronegócios sustentáveis c) Infra-estrutura e integração regional d) Gestão de recursos naturais com ênfase especial aos recursos hídricos de água doce e) Redução das desigualdades entre regiões e entre pessoas f) Educação, saúde, entretenimento e ecoturismo em termos de melhoria da qualidade de vida dos brasileiros g) Ciência e tecnologia no desenvolvimento sustentável das diferentes regiões brasileiras. 29
  • 30. 2. Estratégias para a inserção do Brasil em um pacto internacional para o desenvolvimento sustentável com foco nos aspectos de: a) Interdependência oriunda do processo de globalização b) Agenda para negociações com os países cêntricos c) Condições de inserção em um novo pacto internacional para o desenvolvimento sustentável d) Agenda instrumental para o desenvolvimento sustentável e) Democracia global inserta em uma ética multicultural. A partir do conceito de sustentabilidade, a Agenda 21 da ONU estabelece para si e todas as demais agendas 21 vários princípios dos quais se apresentam, a seguir, aqueles mais totalizantes: a) Precaução, ou seja, agir com cautela na medida em que as decisões públicas e as decisões privadas devem se guiar por uma concreta precaução inserta em uma avaliação para prever danos ao meio ambiente e possíveis conseqüências de várias opções. b) Prevenção, sob a assertiva de que é menos custoso prevenir a degradação, a poluição e a depredação do ambiente do que mais tarde consertar ou ajustar o estrago. À luz desse princípio se preconiza o controle ambiental integrado, isto é, antevisão de possíveis situações conflituosas e perigosas que podem ser reconhecidas e evitadas. 30
  • 31. c) Poluidor pagador, em que o responsável pela degradação, pela poluição e pela depredação ambiental deve se responsabilizar pelos custos de mitigar ou remediar os estragos causados. d) Cooperação, quando as pessoas devem se envolver na formulação de planos, programas e projetos de ações ambientais com vistas à precaução e à prevenção. e) Trabalhar dentro do ecossistema, princípio que mostra os sistemas naturais fechados e neles a necessidade da reciclagem. Considera, também, a capacidade de suporte de cada ecossistema com vistas à sua sustentabilidade. f) Igualdade intra e entre gerações, isto é, relações entre pessoas e não de um padrão mínimo. Em princípio, visa à eficiência econômica dentro da integridade ambiental para induzir a igualdade entre gerações, ou seja, a geração atual deve assegurar que a saúde, a biodiversidade e o uso intensivo do meio ambiente sejam mantidos ou melhorados em benefício das gerações futuras. g) Gestão pelo resultado, que subtende uma abordagem ativa e não reativa às ameaças e oportunidades dos problemas ambientais. Aponta para a prevenção dos problemas em contraponto a desenvolver curas ou sintomas. Exige criatividade sobre as questões de gerenciamento ambiental. h) Compromisso com a melhoria contínua para manter o esforço, ao longo do tempo, com vistas aos objetivos de alcançar os resultados. Requer avaliação de todo e qualquer impacto potencial de todas as atividades a serem implementadas. i) Responsabilidade, tanto em termos éticos quanto políticos para manter a transparência das decisões e ações à 31
  • 32. população afetada. Subtende oferecer oportunidades para que a comunidade opine sobre as políticas, os princípios e os valores que guiam o processo decisório. j) Democracia, onde a vontade das pessoas deve ser respeitada de forma a não ideologizar os problemas concretos, mas sim politizá-los, principalmente no controle do dinheiro público e ou coletivo. l) Subsidiaridade, onde as decisões nacionais que afetam as comunidades locais devam ter em conta as características locais e os desejos comunitários. m) Transparência, isto é, a tomada de decisão deve ser clara, explícita e pública. Em quaisquer circunstâncias, as decisões que afetam o meio ambiente não podem e não devem ficar em segredo ou indisponível àqueles que são afetados. Espelhado na AGENDA 21 da ONU, o governo do Brasil criou, em 1997, a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional – CPDS, com o objetivo de elaborar a AGENDA 21 Brasileira e redefinir o modelo de desenvolvimento do Brasil e, conseqüentemente, de suas regiões, de seus estados e de seus municípios. Para tanto, a CPDS realizou, em 1999, seis grandes oficinas de trabalho e vinte e seis debates estaduais com participação de mais de 3500 representantes, sobre os seguintes temas: - Cidades sustentáveis - Agricultura sustentável - Redução das desigualdades sociais - Ciência tecnologia e desenvolvimento sustentável 32
  • 33. - Planejamento ambiental e manejo sustentável dos recursos naturais - Infra-estrutura e integração regional. Esses temas continuaram não somente em discussão, mas, principalmente, em sistematização de todas as propostas já apresentadas à Presidência da República em um documento final da AGENDA 21 Brasileira com vistas a seu encaminhamento ao Congresso Nacional para refletir um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil. Vale salientar que a Agenda 21 Brasileira não é e não será um plano de governo, mas uma proposta de estratégias que visa subsidiar e orientar as ações governamentais e as ações privadas de forma a adaptá-las, no tempo e no espaço da totalidade nacional, ao sentimento da população brasileira, devidamente articulada e em simbiose com a população do mundo. Os princípios da Agenda 21 Brasileira servem de paradigmas para os estudos de impactos ambientais (EIA) e relatórios de impactos ambientais (RIMA), que são obrigatórios para toda grande intervenção no meio ambiente do País e, principalmente, como guia das agendas 21 estaduais e locais e para a formulação de planos diretores, objeto da Lei 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade. Na ocasião da realização do Rio + 10, na África do Sul, somente o Estado de Pernambuco havia elaborado sua Agenda 21, muito embora vários municípios brasileiros já fizessem, ou estejam elaborando suas agendas locais. Considerando o conceito de desenvolvimento sustentável que tem imbricado: gerar riqueza e melhorar na distribuição localmente; preservar a natureza com vistas à qualidade de vida; considerar as gerações futuras; 33
  • 34. estabelecer prioridades em função de interesses sociais coletivos e, fundamentalmente, mudar a natureza da contradição entre produção e consumo, tendo como meta a conservação ambiental e o combate à miséria a partir de suas causas, foi que se elaborou a Agenda 21 Pernambuco. A agenda, em tela, como decorrência da Agenda 21 da ONU (Rio 92) e da Agenda 21 Brasileira, tem como objetivo formular e explicitar as estratégias desejadas pela população do Estado de Pernambuco com vistas ao desenvolvimento com sustentabilidade neste Século XXI. Estratégias que visam mitigar os efeitos perversos do globalismo no quadro de: abertura dos mercados; competitividade; automação ou robotização do processo de produção de bens e serviços; incorporação das ciências e das tecnologias como fatores de produção e suas conseqüências pela lógica do capital; exclusão social; desemprego em massa e depredação do meio ambiente não somente na totalidade nacional, mas, principalmente, no Estado de Pernambuco. Para tal mister, a Agenda 21 Pernambuco, mesmo timidamente, abre os espaços para a construção das agendas 21 locais, cujo desenvolvimento local ou municipal passa a ser uma estratégia operativa e metodológica onde, a partir de uma democracia participativa radical. Nela busca-se a integração do econômico, do social, do técnico, do ambiental e do político para com o ajuste demo-ecológico na sustentabilidade do desenvolvimento, agora, sob a égide da Lei nº 10.257 de 2001 ou Estatuto da Cidade. As agendas 21 locais permitem que os municípios definam, através de um processo contínuo de princípios e responsabilidades, as ações necessárias para: 34
  • 35. a) Melhorar a qualidade de vida da população, respeitando a cidadania e o meio ambiente b) Implantar melhorias na administração das cidades, garantindo um futuro melhor para as novas gerações c) Orientar a elaboração dos orçamentos locais para finalidades e aplicações estratégicas, usando melhor e desperdiçando menos os recursos naturais e orçamentários e as receitas municipais d) Ampliar as responsabilidades e as possibilidades de participação da sociedade na definição das políticas municipais e) Orientar o uso adequado dos recursos naturais e orçamentários às ações locais na busca do desenvolvimento sustentável f) Melhorar a distribuição da renda no nível municipal ou local. As agendas 21 locais estão, em muito, facilitadas pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 10/07/2001), que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988. Segundo o Estatuto, as cidades com mais de 20.000 habitantes são obrigadas a ter um Plano Diretor que, em umbrais de 10 anos, devem ser atualizados. Esse Plano deve ser compulsoriamente consubstanciado em Lei Municipal. A partir dele é que se elabora o Plano Plurianual do Município e seu correspondente Orçamento Participativo, também, respaldados por lei municipal. Dessa forma, abre- se oportunidade para que as estratégias das agendas 21 locais sejam implementadas pela supracitada Lei. A sociedade brasileira tem conhecimento das famílias de normas ISO 9000 e ISO 14000 da OIN (Organization for Standatization) com sede na Suíça. As 35
  • 36. primeiras são paradigmas para a qualidade, e as segundas, para as questões ambientais. Também vem ao encontro dos princípios da Agenda 21 o Certificado SA 8000 (sigla em inglês de Social Accountability 8000), que é uma nova norma de responsabilidade social para empresas. Os tópicos desse novo Certificado resumem-se no seguinte: - Não empregar trabalho infantil e não admitir fornecedores que o empreguem - Não empregar nenhum tipo de trabalho forçado nem admitir fornecedores que o empreguem - Não permitir desigualdades de salários para homens e mulheres em mesmas posições - Não permitir discriminação de raça, sexo, religião, orientação política e opção sexual nas contratações, nas promoções, no acesso a treinamentos, etc.. Para maiores detalhes sobre SA 8000, consultar o site www.cepaa.org Em agosto-setembro de 2002 foi realizada em Johanesburgo na África do Sul a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) com vistas a fazer um balanço da década em que foi elaborada a Agenda 21 na ECO-92, no Rio de Janeiro, e seus respectivos resultados. Em termos sinóticos, existem os seguintes indicadores, na década perdida do ambiente, segundo a Folha de São Paulo de 24/08/2002: a) Clima, efeito estufa. Em 1990, lançava-se 5.827.000.000 de toneladas de CO² na atmosfera, e em 1999 essas emissões chegam a 6.097.000.000 de toneladas sabendo-se que apenas 78 países haviam ratificado o 36
  • 37. Protocolo de Kyoto, cujo maior emissor os EUA se negam a ratificar. b) Energia. Em 1992, o consumo de energia foi equivalente a 8 trilhões de toneladas de petróleo/ano. Esse indicador subiu para 9 trilhões/ano em 2000. c) Biodiversidade. Até 1992, estimava-se que cerca de 180 espécies de animais haviam sido extintas e outras mil estavam ameaçadas de extinção; os atuais levantamentos revelam que 24 espécies de vertebrados foram extintas 1780 espécies de animais e 2297 de plantas estão ameaçadas desde 1992 até 2002. d) Florestas. Em 1990, havia 4 bilhões de hectares de florestas e, em 2000, essa área foi reduzida para 3,9 bilhões, isto é, uma devastação correspondente a área do Estado de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Espírito Santos juntas. e) Água. Em 1990, a população mundial usava 3.500 km³ de água doce/ano, e em 2000 o consumo total chegou a 4.000 km³ ou seja, aumentou em 12.5%. f) Agricultura. Em 1987, utilizavam-se no planeta 14,9 milhões de km² (297 ha para cada grupo de 1000 pessoas) na produção agropecuária, e em 1997 essa área subiu para 15,1 milhões de km², ou seja, 259 ha para cada grupo de mil pessoas. g) Pobreza. Em 1992, o número de pessoas vivendo com até US$ 1,00 /dia era de 1,3 bilhão, e, em 2000, melhorou para 1,2 bilhão, sem se levar em conta a inflação do dólar no período. h) População. Em 1992, viviam no planeta 5,44 bilhões de pessoas; a estimativa, em 2002, é de 6,24 bilhões, isto é, um crescimento de 13% no decênio. 37
  • 38. i) Dívida externa. Em 1990, os países subdesenvolvidos deviam US$ 1,456 trilhões a seus credores, e, em 1999, a cifra subiu para US$ 2,569 trilhões. j) Ajuda externa ao desenvolvimento sustentável. Em 1992, os países ricos cooperavam com 0,36% de seu PIB para os países pobres, esse investimento caiu para 0,22% no que pese o compromisso dos países ricos no Rio 92 de aumentá-lo para 0,7%. Com vistas à realização da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburg, o WWI (Worldwatch Institute ) que, no Brasil, é associado à UMA (Universidade Livre da Mata Atlântica) apresentou ao mundo, via INTERNET, no site www.wwiuma.org.br, e publicou o livro Estado do Mundo, com o objetivo de advertir os estados nacionais e a humanidade, como um todo, sobre as ameaças à natureza pelos efeitos da acumulação de capital à custa de processos depredatórios de exploração da natureza via extorsão dos recursos naturais e humanos. Como exercício escolar, a diligente aluna Cristina Ferreira Montenegro Torres contextualizou o livro, acima citado, e o resumiu da seguinte maneira: Capítulo 1 - O estado do mundo, dez anos após o Rio “Rio-92 foi o primeiro encontro internacional de importância que analisou conjuntamente as questões ambientais e desenvolvimentistas. Dez anos depois, uma avaliação do Estado do Mundo mostra que nenhuma destas áreas se saiu bem. O meio ambiente continua a ser desvalorizado e cada vez mais degradado, apesar de alguns avanços encorajadores. E após uma década de 38
  • 39. prosperidade em grande parte do mundo, o desenvolvimento está cada vez mais distante para muitas nações pobres – e de certa forma pode estar se decompondo em nações mais ricas. Esta visão geral conclui que será necessário um novo conceito de desenvolvimento – um que seja criado em torno da saúde ambiental e do avanço social para todos os povos”. Capítulo 2 - Desenvolvendo a agenda da mudança climática “Com um Governo Bush nos Estados Unidos e ministros europeus novamente assumindo posições antagônicas quanto ao aquecimento global, será que Joanesburgo 2002 repetirá Rio-92? O mundo, porém, não ficou parado na década desde a assinatura e ratificação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. Pelo contrário, a ciência, economia, comércio e política da questão climática evoluíram de tal forma que poderão ajudar a desenvolver a agenda”. Este capítulo analisa a primeira década do tratado, examina suas “dores de crescimento” sob o Protocolo de Kyoto e explora os obstáculos potenciais para seu desenvolvimento futuro”. Capítulo 3 - A agricultura de utilidade pública “Os delegados da Rio-92 identificaram três objetivos amplos para os sistemas alimentícios e agrícolas: assegurar um suprimento alimentício adequado e acessível, prover meios de vida estáveis e rentáveis para as comunidades agrícolas e rurais, e construir uma saúde ecológica. Em geral, nossos sistemas alimentares avançaram além destas múltiplas funções na última década. Porém os agricultores 39
  • 40. e cientistas agrícolas, em muitas partes do mundo, estão começando a perceber como reestruturar a forma de produzirmos os alimentos para melhor atender às funções múltiplas delineadas no Rio, enfocando menos os ajustamentos químicos e tecnológicos e mais as vantagens dos processos ecológicos que ocorrem no campo”. Capítulo 4 - Reduzindo nosso ônus tóxico “A recém assinada Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) assinala uma das conquistas-chave da década, desde a Rio-92. Encorajada pelo positivismo da Convenção de Estocolmo e tratados associados cobrindo os temas do uso de produtos tóxicos, do comércio e dos resíduos, a comunidade global hoje enfrenta um desafio duplo: reformar um gigantesco setor da economia industrial e ao mesmo tempo lidar com as imensas quantidades de materiais tóxicos já produzidos e existentes, seja como lixo ou como produtos circulando na economia. Serão necessárias formas mais seguras de realizar negócios e atender às necessidades humanas com materiais, produtos e processos que reduzam, e não aumentem, o ônus tóxico global”. Capítulo 5 - Redirecionando o turismo “À medida que o Século XXI se desenvolve, as pessoas cruzam o planeta em ritmo sem precedentes, buscando novas experiências, “redutos” remotos, ou simplesmente locais ensolarados para relaxar e reenergizar. De certa forma, viagens e turismo tornaram-se a maior indústria mundial, gerando receitas significativas e milhões de empregos em muitos países, particularmente no mundo em desenvolvimento. Apesar de seu potencial, 40
  • 41. entretanto, o turismo também tem seu lado negativo – com impactos na cultura, meio ambiente e economias locais. Este capítulo analisa algumas das vantagens e desvantagens do turismo, como também algumas das formas mais excitantes pelas quais governos, o setor turístico e os próprios viajantes estão ajudando a direcionar o turismo para um futuro mais sustentável”. Capítulo 6 - Repensando a política populacional “O acelerado crescimento populacional é freqüentemente considerado como a raiz de muitos problemas ambientais e sociais, desde o uso predatório dos recursos até a pobreza persistente. Todavia, o crescimento populacional, contínuo por todo o mundo em desenvolvimento, poderia ser visto de forma mais precisa como sintomático de problemas mais profundos, inclusive a falta de acesso a tratamento da saúde e planejamento familiar, discriminação de gênero e pobreza persistente. Quando mais pessoas do que em qualquer outra época da história da humanidade entram em idade reprodutiva, torna-se essencial a redefinição de uma política populacional como empreendimento do desenvolvimento social”. Capítulo 7 - Debelando as lutas por recursos “Ao invés de incrementar o desenvolvimento sustentável, a riqueza de recursos naturais freqüentemente provocou ou facilitou a ocorrência de conflitos violentos nos países em desenvolvimento. Nos últimos anos, a comunidade internacional esforçou-se para lidar com o desafio dos “diamantes de guerra” em Angola, República Democrática do Congo e Serra Leoa. Outros recursos como 41
  • 42. petróleo, madeira, ouro, cobre, café, etc. também foram utilizados para comprar armas, fomentar guerras civis e financiar a corrupção. A extração de recursos freqüentemente causou efeitos ambientais e sociais danosos a populações locais, gerando, às vezes, atritos em larga escala que levaram à violência. Este capítulo descreve a experiência com as lutas em disputa de recursos durante a última década e recomenda políticas para evitá-los”. Capítulo 8 - Redefinindo a governança global “Rio-92 determinou vários acontecimentos na governança internacional, incluindo novos tratados sobre mudança climática e diversidade biológica, criação da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, e seções da Agenda 21 dedicadas a questões mais amplas de reforma institucional, financiamento e participação pública. Mas, alguns anos depois, foi criada a Organização Mundial do Comércio baseada numa visão muito diferente da direção futura da economia global”. Este capítulo analisa o histórico das reformas da governança ambiental, acordadas no Rio, na reversão do declínio ecológico, e descreve como a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável poderá ser utilizada para impulsionar iniciativas que tornarão mais eficaz a governança global em prol do desenvolvimento sustentável.” A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), realizada em Johannesburgo, teve representantes de 191 países. Nela foram aprovados dois documentos: a Plataforma de Ação de Johannesburgo e a Declaração Política, destinados a criar um modelo de desenvolvimento sustentável alicerçado no progresso 42
  • 43. econômico, na justiça social e no cuidado ambiental. A Declaração alerta a humanidade para a disparidade crescente que separa ricos e pobres e que ameaça a prosperidade mundial. Destaca, também, a necessidade de uma democracia global e instituições multilaterais. Quanto à Plataforma de Ação, dá-se ênfase aos seguintes pontos: a) Água e saneamento. “Reduzir à metade de agora até 2015 a proporção de entes humanos que não podem ter acesso à água potável ou comprá-la e a proporção de seres humanos que não tem acesso a meios de saneamento.” b) Proteção de recursos naturais. “Aplicação da Convenção sobre Biodiversidade e redução significativa do ritmo atual de empobrecimento da diversidade biológica de agora até 2010.” c) Pesca. “Manter e estabelecer as reservas a um nível que permita obter um rendimento máximo sustentável até 2015.” d) Produtos químicos. “Assegurar uma administração racional dos produtos químicos ao longo de todo o seu ciclo de vida de maneira que, antes de 2020, os modos de utilização e de fabricação não tenham efeitos nocivos significativos sobre a saúde dos humanos.” e) Energia. “Incentivar e promover a elaboração de programas que sirvam de apoio às iniciativas regionais e nacionais tendentes a acelerar a passagem para modos de consumo e produção sustentáveis.” f) Fontes de energia. “Diversificar o abastecimento energético, desenvolvendo tecnologias inovadoras menos poluentes e de melhor rendimento recorrendo a combustíveis fosseis, assim como a tecnologias baseadas em 43
  • 44. energia renováveis, incluindo a energia hidrelétrica, e sua transferência aos países em desenvolvimento.” Vale salientar que os assuntos, aqui tratados, estão intimamente ligados aos Investimentos Externos Diretos - IEDs” não somente naquilo que diz respeito ao resgate de carbono, mas também, ao fortalecimento do papel do comércio exterior e da promoção da produção industrial discutidos na Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável realizada, em outubro de 1991, em Copenhague. Convém lembrar que o Brasil, com o apoio dos países do Caribe e da América do Sul, na Rio+10, foi enfático em afirmar que, para o desenvolvimento sustentável o melhor que se tem a fazer é remover os obstáculos que se opõem à sustentabilidade. Dá como exemplo, o protecionismo, as barreiras comerciais e as salvaguardas dos países cêntricos, em vez de simularem a alavancagem do desenvolvimento induzido de fora para dentro. O propósito desse posicionamento está na premissa de que os países pobres devem por si só amplificar o alcance de iniciativas capazes de, por conta própria, assumirem a responsabilidade por sua promoção social, política, econômica e ambiental. É importante advertir e alertar o leitor sobre o fato de que ou se cuida da natureza e se evitam as alterações da natureza, socialmente produzidas, ou a humanidade viverá, cada vez mais, catástrofes sociais da natureza de intensidades incontroláveis e impensáveis. 44
  • 45. PARTE II. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL “Pela exploração do mercado mundial, a burguesia imprime um trabalho cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países. Para desespero dos reacionários, ela retirou da indústria sua base nacional. As velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a sê-lo diariamente. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma questão vital para todas as nações civilizadas, indústrias que não empregam mais matérias-primas nacionais, mais sim matérias-primas vindas das regiões mais distantes, cujos produtos se consomem não somente no próprio país, mas em todas as partes do globo. Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas realidades que reclamam para sua satisfação os produtos das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações que se bastavam a si próprias, desenvolve-se um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações. E isso se refere tanto à produção material, como à produção intelectual. As criações intelectuais de uma nação tornam-se propriedade comum de todas. A estreiteza e o exclusivismo tornam-se cada vez mais impossíveis; das inúmeras literaturas nacionais e locais, nasce uma literatura universal”. K. Marx e F. Engels. Manifesto Comunista. Escrito em dezembro de 1847 – Janeiro de 1848 e publicado em Londres em fevereiro de 1848. 45
  • 46. O texto supra parece ter sido escrito hoje, século XXI quando se vive o chamado processo de globalização, cujas características distintivas são: a) Integração dos mercados financeiros mundiais b) Crescente presença de empresas transnacionais na economia do país c) Internacionalização das decisões d) Incrível mobilidade de massa de capitais financeiros e sentidos especulativos e) Manipulação da política monetária e cambial f) Mobilidade das empresas transnacionais sem compromisso com os países que sediam suas atividades g) Constrangimento do poder dos estados nacionais; h) Fabricação de diferentes partes do produto em diferentes países à custa de baixas remunerações “marketing clearing” i) Relações intracapital ou (cachos de empresas) “producer-driven” j) Incrível velocidade de transmissão de dados e informações que fazem a dimensão espacial-demográfica perder importância e com impactos instantâneos k) Obsoletismo do emprego com transformação no conceito de ocupação e geração de uma incontrolável exclusão social a partir de entes humanos supérfluos ao sistema capitalista l) Obsoletismo da superestrutura, isto é, do direito positivo e a ele contrapondo um direito em rede e a arbitragem, ou ainda, o “direito reflexivo e o direito social”. A economia mundo do sistema mundo capitalista dá-se, hoje, com as relações dialéticas concentração versus fragmentação e exclusão versus inclusão. De um lado, 46
  • 47. assiste-se a necessidades de “network” em forma de “TEAMNETs” (empresas de transposições de fronteiras) que basicamente decidem o que, como, quando e onde produzir os bens e serviços em forma de marcas e redes globais que forçam o processo de concentração nas cadeias de produção. Do outro lado, a participação no mercado “market share” e o processo de acumulação incessante de capital levam as organizações a terceirizar, franquear, associar-se e agir em multinível, dando oportunidades a uma grande quantidade de organizações menores (fragmentação), que alimentam as cadeias produtivas do sistema mundo do capitalismo. Imbricado à nova contradição supra estabelece-se outra que se explicita no desempenho estrutural crescente dentro de uma dinâmica de uma queda de preços dos produtos em níveis globais na tentativa de incluir aqueles que estão à margem do consumo oriundos do processo de exclusão pela ausência de emprego provocado, também, pelas intensas inovações tecnológicas dentro ou fora dos arranjos produtivos locais, “clusters” ou nichos de localização espacial e especializada. Diante de tais contradições, as organizações levam às ultimas conseqüências a estratégia do suprimento intrafirma “intra-firm sourcing” em empresa-rede “network” globais. As conseqüências dessa estratégia fazem multiplicação do trabalho urbano informal flexível em detrimento do trabalho jornal. Por todos esses motivos, os cidadãos passam a recriar e reinventar sua própria ocupação ou seus autonegócios na medida em que o emprego some e ele tenta sobreviver no processo de exclusão social em massa ou buscar proteção no sistema de cooperativas e de multiníveis ou, ainda, empresas 47
  • 48. comunitárias. Na lógica da economia mundo ou economia do poder (militar, monetário e comunicação) no sistema mundo capitalista, o fracionamento das cadeias produtivas, vital para as organizações, incorpora e desenvolve bolsões de trabalho mal remunerados, em nível global, com tendências cada vez maiores de concentração de renda e exclusão da maioria absoluta dos contingentes populacionais tanto nos países centrais como, principalmente, nos periféricos. É importante discernir que o sistema mundo capitalista a partir do G7 é, agora, um império que domina a totalidade econômico-social-espacial do planeta. Não tem limites: temporal; social; espacial; e independe do estado- nação como base de poder, como aconteceu na economia mundo do capitalismo onde o imperialismo (europeu e norte americano) tinham como base o centro do poder, precisamente, o estado-nação ou o estado intervencionista. Desconhecendo onde começa e termina sua área influência e dominação transnacional, o império do sistema mundo capitalista, provoca um novo código de ética multicultural, onde não mais se separam as esferas públicas e as esferas privadas, podendo, em conseqüência, impulsionar forças motrizes que tendam a um direito à cidadania global e a uma renda mínima para uma sobrevivência digna do cidadão. Esta hipótese é o contraponto do principio de exclusão, ora existente, onde 80% da população mundial se tornam descartável para que o sistema mundo capitalista possa sustentar apenas os 20% que são do sistema, e o controla na perspectiva de decidir quem sobrevive e quem deve desaparecer por causa da “destruição criadora”, maquinada pela atual estratégia neoliberal, monetarista e consumista do império. 48
  • 49. Sabe-se que as causas do fenômeno do globalismo são várias, outrossim, vale mencionar aqui as duas principais: a) a crise do padrão monetário mundial decidido unilateralmente pelo governo Norte-americano, em 1971, com a insustentabilidade da paridade dólar-ouro; b) os choques do petróleo de 1973/1974 e de 1978/1979, que desnivelaram os preços relativos da produção dos bens e serviços, em escala global, com radicais descontroles nas balanças de pagamentos dos países. No intricado processo da crise, dar-se-á início à transformação de empresas multinacionais em empresas transnacionais. Observa-se a conversão das ciências e das tecnologias em meio básico de produção de bens e serviços, em toda a ordem econômica mundial, dando como resultado o decrescente ciclo de vida útil dos bens e o acúmulo de lixo e poluição ambiental de toda ordem. Daí surge, ainda, de nível global, um novo padrão de estratificação no processo de acumulação de capital e em seu incessante rendimento em forma de lucro via capital financeiro e rentistas, com radical aprofundamento das desigualdades entre pessoas e entre países, oriundos dos novos fluxos de: intercâmbios comerciais; pagamentos; tecnológicos; informações; entre economias nacionais e economias regionais e entre capitais mercantis, financeiros, produtivos e rentistas. Frente a tais fenômenos, a nova ordem (e os novos paradigmas) do processo de produção do modo capitalista passa a ser condicionada pelos seguintes fatores: 49
  • 50. a) Radicais diferenças entre os países cêntricos (G8) e a semiperiferia e a periferia do sistema mundo do capitalismo. b) Emergência e consolidação de novo paradigma da “especialização flexível da produção” “pós-fordista” em “revolução da gestão do conhecimento”, que relativiza as vantagens comparativas dos países que fazem parte da semiperiferia e da periferia do sistema mundo capitalista. c) Padrão de estratificação relacionada à dinâmica da oferta e da procura pós-investimentos diretos e indiretos no âmbito do sistema financeiro internacional, que geram capacidades produtivas de bens e serviços sob a égide das transnacionais, agora organizadas em: muitos centros; cadeias; redes; organicidade; processos; interação; muitos canais decisórios e recursos de informações. Estreito monitoramento do sistema por organizações mundiais, tais como: OMC, FMI e BIRD, sob a égide do único país que tem plena soberania e pleno poder de doar sentido ao sistema mundo capitalista que são os EUA e seu consorte G8, onde suas ordens são convalidadas para o sistema mundo. A partir do cenário acima, há que se buscar uma inserção do Brasil no sistema mundo capitalista, sem sacrifício da identidade nacional e com sustentabilidade em termos de desenvolvimento. Para tanto, não se deve olvidar que a dimensão econômica do globalismo se reificada pode levar a um tipo de reducionismo que oculta outros fatores de ordem política, cultural e ambiental. Por isso é que a inserção do Brasil não pode se dar nos termos dos EUA ou da União Européia, mas, talvez, como a da China, a da Rússia e a da Índia. Para tanto, há 50
  • 51. que se garantirem condições mínimas de interdependência e de soberania para decidir a doação de sentido que devem ter a política e a economia nacional, sem interferências externas, como as do FMI, do BIRD e mesmo as dos EUA. Os conceitos de nação, estado e soberania estão imbricados aos processos econômicos, sociais, políticos e culturais na medida em que: i) a nação expressa no meio político a integração de pessoas com a mesma identidade coletiva, com a mesma historicidade e base econômico- cultural; ii) o estado aponta para um ordenamento e controle induzido pela expansão do capital para estabelecer a unificação de estruturas de poder territorial com aplicação e regras de direito válidas para todo e qualquer habitante cujo contorno institucional, político, burocrático e jurídico deu- se no século XIX; iii) a soberania trata do poder de mando numa determinada sociedade, política, econômica, social e cultural, que é julgado exclusivo, independente, inalienável e supremo. Está relacionada à essência da política expressa internamente pela ordem, e externamente pela guerra. No contexto do sistema mundo, induzido pelas transnacionais, no processo de globalização, as contradições do capital e, principalmente, do capitalismo apresentam uma forte tendência para o crescente esvaziamento das regras ou normas do direito constitucional dos estados nacionais frente aos novos esquemas regulatórios e, também, das novas formas organizacionais e institucionais supranacionais refletidas pela tendência da formação dos megablocos econômicos. No pensamento de WALLERSTEIN, há no sistema mundo do capitalismo as seguintes tendências que apontam à agonia do sistema mundo capitalista que o leva para sua 51
  • 52. bifurcação discipativa ou sua substituição: a) Desruralização do mundo b) Crise ecológica mundial c) Democratização do mundo d) Reinvenção ou reversão do estado-nacional e) Militarização e autodestruição das forças produtivas f) Financeirização do capital com o abandono da produção de riquezas. Todas essas tendências batem de frente ou se opõem às forças motrizes do sistema mundo capitalista, que são o lucro e o poder, ambas resultantes do processo de acumulação incessante de capital. Diante da situação, sinoticamente aqui apresentada, procuram-se indicar algumas premissas para um cenário mais otimista e de hominização a partir de parâmetros e paradigmas para a sustentabilidade econômico-social dos entes humanos. Frente a esse contexto histórico do sistema mundo capitalista, veio à luz a Comissão Bruntland que a partir de pressupostos éticos de solidariedades: intergerações, intragerações e interespacial elaboraram o seguinte conceito: “desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. Pelo visto, esse conceito imbrica ao processo desenvolvimentista a continuidade e a permanência da qualidade de vida e das oportunidades no tempo, incorporando uma perspectiva de longo prazo na realidade 52
  • 53. como totalidade complexa e, no dizer de Edgard Morin, “o homem não é uma entidade isolada em relação a esta totalidade complexa: é um sistema aberto, com relação de autonomia/dependência organizadora no seio de um ecossistema”. Uma visualização esquemática do desenvolvimento sustentável pressupõe no processo desenvolvimentista uma área de intersecção de três círculos (sistemas) que refletem o nível ou o grau de compatibilização entre as três dimensões representativas com maior e melhor eqüidade, conservação e racionalidade econômica. Note-se, esquema nº 1, que o padrão de consumo, a distribuição de renda e o progresso técnico condicionam todo o sistema de desenvolvimento sustentável. 53
  • 54. Esquema nº 1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Padrão de Consumo Elementos Ausência de Conservacionistas Realismo Elementos de Econômico Eqüidade Social DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Degradação Pobreza e Ecológica Desigualdade Social Elementos de Progresso Racionalidade Técnico Distribuição de Renda Ainda, nesse esquema, vê-se que o desenvolvimento sustentável se conecta com os sistemas de: 54
  • 55. a) Ausência de realismo econômico b) Pobreza e desigualdade econômica c) Degradação ecológica d) Equidade social e) Conservacionistas f) Realidade econômica. No esquema n° 2, o estilo do crescimento e o estilo do desenvolvimento econômico-social condicionam a sustentabilidade ecológica na medida em que as relações que se dão entre as formas: da organização da economia; da sociedade e das condições dos ecossistemas, em que se situam, estão devidamente ordenados pelos componentes apresentados. 55
  • 56. Esquema nº 2. COMPONENTES DO ESTILO DE DESENVOLVIMENTO E ECOLOGIA Padrão Estrutura Padrão de Tecnológico Produtiva Consumo POTENCIAL DE IMPACTO Dinâmica Dinâmica Econômica Demográfica ECOSSISTEMA Capacidade de auto-reprodução dos recursos renováveis. Ritmo de exaustão dos recursos não-renováveis d Qualidade ecológica 56
  • 57. Subentende-se que, no estilo de desenvolvimento apresentado no esquema n° 2, seu padrão tecnológico está voltado para reduzir a taxa de exploração da natureza e de emissão de efluentes na forma como poupa e recicla recursos não-renováveis criando inclusive substitutos para os mesmos. Por essas características se espera que o desenvolvimento sustentável reduza a pobreza e a desigualdade social entre as pessoas, construa uma emulação no seio da competitividade econômica, conserve os recursos naturais e os ecossistemas, reduza as desigualdades espaciais e organize a sociedade em termos de democratização das instituições e organizações. Tendo-se a certeza de que o planejamento estratégico situacional é o instrumento do conhecimento prospectivo que aponta para a construção do futuro desejado pelos autores sociais se apresenta o esquema nº 3 que, ao retomar as Leituras de Planejamento Estratégico, (trabalho do Autor, 71 p.) os insere na teoria da complexidade, onde a incerteza e a indeterminação diante do futuro é, segundo MORIN,“a ordem que se alimenta da desordem para a sua própria organização, sem nunca chegar a esgotá-la totalmente.” Ver esquema nº 3. 57
  • 58. Esquema nº 3. MOBILIZAÇÃO DOS AUTORES Consulta à Produção Sociedade Estudos Básicos Técnica / Científica Eu o Outro Conselho Estratégias e Político Momentos para Ação na Situação Conteúdo Propositivo P EU O OUTRO G C P = Plano G = Governabilidade C = Capacidade 58
  • 59. Conectando a teoria do desenvolvimento sustentável com a teoria da complexidade, o planejamento, como instrumento, tem os seguintes desafios: a) Visão de totalidade b) Abordagem inter ou transdisciplinar c) Complexidade da articulação de múltiplas dimensões, tais como: i) econômica; ii) ecológica; iii) sociocultural; iv) tecnológica; v) epidemiológica e vi) político-institucional d) Sinergias e impactos cruzados entre as dimensões na abordagem temporal (intercâmbios atuais e futuros) e na abordagem espacial (articulação entre o local e o global) e) Negociação de interesses entre as gerações atuais e futuras f) Articulação entre necessidades imediatas e perspectivas de longo prazo g) Escolha política e racionalidades técnicas h) Multiplicidade e diversidade de atores sociais e seus respectivos interesses. Observe-se, ainda, que no esquema nº 3, além de se doar ao processo de desenvolvimento sustentável uma visão metodológica ampla, imbrica-se postulados de processo participativo de formulação e negociação dos atores sociais, e, também, o tratamento e a sistematização de informação para aderência e compreensão da realidade. Dessa forma, o esquema nos remete para um campo de forças impulsoras e restritivas ao desenvolvimento sustentável. Por essa razão se apresenta o esquema nº 4, que dá uma idéia de contexto do campo de forças com vistas ao conteúdo propositivo do 59
  • 60. planejamento estratégico situacional do desenvolvimento sustentável. Ver esquema nº 4. Esquema nº 4 CONTEXTO DO CAMPO DE FORÇAS Forças Impulsoras X Forças Restritivas Oportunidades X Ameaças Pontos Fortes X Pontos Fracos Efeitos para Frente X Efeitos para Trás Problemas Potencialidades CAMPO DIMENSIONAL SITUACIONAL Político Momentos: Econômico Explicativo Tecnológico Normativo Sóciocultural Estratégico Ambiental / Tático Operacional Ecossistêmico Institucional- Administrativo Plano Estratégico (Conteúdo Propositivo) 60
  • 61. Esquema nº 5 AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Redução da Pobreza Geração de Geração de Emprego Renda Alta Dinamismo da Capacidade de Economia Arrecadação do Economia Social / Comunitária Reestruturação do Estado Competitividade Alta / Ampliação Elevados Alta do Mercado Investimentos Distribuição Interno de Renda Rearranjos Avanços Melhoria Aplicação da Institucionais Tecnológicos Educacional Infra-Estrutura Elevação dos Investimentos Públicos 61
  • 62. Esquema nº 6 AÇÕES PARA ALTERAR A REALIDADE NA PERSPECTIVA DE NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ENFRENTAREM-SE OS PROBLEMAS E APROVEITAR AS POTENCIALIDADES Instrumentos Espaço Metodologia / organização. / Setor Como Estudos Básicos do Onde fazer? Campo de Forças fazer? Propósito Problemas Unificador Imagens Ações Objetivos Eu O Outro O que fazer? Com Para quem quem fazer? fazer? Potencialidades Que alcançar no futuro? Realidade / situação (realidade desejada) Observe-se que as ações explícitas no esquema nº 5, além de quebrar os círculos viciosos, também, apontam para pressupostos de como se pode e se deve romper com a situação de periferia e de exportação dependente com aplicação do mercado interno ou MERCOBRASIL a partir da ênfase ou combate à pobreza; à distribuição de renda; à reconstrução do estado; aos avanços tecnológicos; à melhoria educacional e à aplicação da infra-estrutura. 62
  • 63. A inteligibilidade do esquema nº 5 é complementada pela interpretação do esquema nº 6. Este focaliza ações para alterar a realidade na perspectiva do desenvolvimento sustentável, tendo-se em foco o enfrentamento e a análise dos problemas com vistas ao aproveitamento das potencialidades nas múltiplas dimensões vistas pelo planejamento estratégico no âmbito das ações prioritárias. Ressalve-se, ainda, que, na abordagem agregada do processo de trabalho para o planejamento estratégico do desenvolvimento sustentável, o mesmo tem a ver, também, com os seguintes tópicos: a) Análise do contexto com identificação das forças impulsoras e forças restritivas ou das oportunidades e ameaças b) Processo técnico de consulta à sociedade e a especialistas c) Análise de interação entre as dimensões em termos de causalidade dos problemas e potencialidades. Vale lembrar que o esquema nº 7 permite uma visão sistêmica dos ambientes ou dimensões do sistema de desenvolvimento sustentável. Note-se que no ambiente humano se especificam as condições: socioeconômicas; demográficas; culturais e dos mercados. No ambiente ou dimensão natural ou da natureza, as condições estão na: biotecnologia; edafologia; biodiversidade ou, ainda, em toda biosfera. No ambiente ou dimensão técnico-cultural cuja instância de uso se dá: no espaço; na infra-estrutura; na biomassa; nas máquinas simples ou complicadas e na biotecnologia. No ambiente ou dimensão da produção, as condições ou aspectos importantes descansam no: trabalho, 63
  • 64. empregabilidade; desenvolvimento eco-agro-industrial; indústria concentrada geralmente de bens de produção; serviços de desenvolvimento; serviços institucional- administrativos e turismo. Todos esses ambientes ou dimensões estão conectados ao ambiente informacional e do conhecimento à luz de conexões, trocas, mudanças e redes transdisciplinares. 64