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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UFRO)
      CENTRO DE HERMENÊUTICA DO PRESENTE                      PRIMEIRA VERSÃO
                                                                  EDITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
         PRIMEIRA VERSÃO
        ANO I, Nº9 JULHO - PORTO VELHO, 2001
                                                               ISSN 1517-5421           lathé biosa      9
                      VOLUME I

                      ISSN 1517-5421


                         EDITOR
                   NILSON SANTOS

                 CONSELHO EDITORIAL
            ALBERTO LINS CALDAS - História
             ARNEIDE CEMIN - Antropologia
            FABÍOLA LINS CALDAS - História
         JOSÉ JANUÁRIO DO AMARAL - Geografia
                MIGUEL NENEVÉ - Letras
            VALDEMIR MIOTELLO - Filosofia

Os textos de até 5 laudas, tamanho de folha A4, fonte Times
New Roman 11, espaço 1.5, formatados em “Word for Windows”
           deverão ser encaminhados para e-mail:

                     nilson@unir.br


                     CAIXA POSTAL 775
                                                                 A UNIVERSIDADE NAS RONDÔNIAS
                     CEP: 78.900-970
                      PORTO VELHO-RO


                TIRAGEM 150 EXEMPLARES                                                ALBERTO LINS CALDAS



                                                                                αΩ
Alberto Lins Caldas                                                                             A UNIVERSIDADE NAS RONDÔNIAS
       Professor de Teoria da História
       caldas@unir.br



                                                                                   "Primeiro a razão. Depois o pau nas costas, que ninguém é de ferro."


       Todos, quase sem exceção, estão tentando desesperadamente estrangular a universidade. Sejam advogados, politiqueiros, repórteres, ex-reitores,
professores ratuínos ou alunos pelegos e direitistas. Todos resolveram, puros como são, santos como pretendem, heróis como se apresentam, "sem
nenhum interesse a não ser o bem comum", esmagar por todos os lados a universidade. Vejamos porque.
       Pela primeira vez em sua história a Universidade Federal de Rondônia conseguiu formar uma equipe de pesquisadores, que publicam e criam
dentro da universidade, dirigindo uma instituição que estava desacreditada, cheia de professores-ratos (aqueles que pensam somente em dinheiro),
administradores de um poço quase sem fundo, destruindo o dinheiro público, centros e laboratórios por descaso, burrice e inaptidão (os mesmos que
agora arregimentam uma legião de bem-feitores, heróis e policiais: todos por baixo do pano e dizendo que foi o outro). A qualificação de professores
cresceu numa progressão geométrica e a pesquisa tornou-se sólida e confiável, saindo da condição de escola, de colégio de faculdade de ponta de
esquina e caça níquel. Abriram-se mestrados institucionais (um aprovado pela CAPES e três em processo de aprovação), mestrados e doutorados
interistitucionais para os professores. Mas todos agora querem "informar a sociedade" de uma podridão escondida: como se houvesse algo escuso, se
esquecermos suas próprias intenções. Querem forçar um atropelamento de leis e normas que jamais existiu. Resumindo: está iniciada a antiga maneira
portovelhaca de se iniciar o processo eleitoral na universidade: processos, mentiras, trucagens, truculências: ainda estão fazendo as mesmas travessuras
de um tempo onde a maioria dos professores da universidade eram professores de segundo grau. É uma lástima. Mas não há como fugir! E nem
queremos fugir. Não adianta fingir. Estamos começando a enfrentar as antigas hordas. Mas vamos por partes.
       Precisamos, primeiro, entender a origem da Universidade Federal de Rondônia (UFRO, que teima-se em chamar de UNIR, nome de colégio) para
perceber o quanto seus limites são estreitos, suas projeções tacanhas e o quanto é preciso ainda caminhar para transformar esse colégio-grande numa
verdadeira Universidade.
       Não começou como todas as outras Universidades que podem se chamar assim. Nasceu com "professores de segundo grau", por decreto, por
ordem do Estado, para servir aos interesses desse Estado, por indivíduos muito abaixo de qualquer vínculo, experiência ou paixão intelectual: lutavam
somente para sobreviver: sua única mercadoria eram as aulas: saíram dos colégios, das escolas para um lugar que é, essencialmente, um espaço de

                                                                                                                                                       2
criação. Vieram do segundo grau sem passar pela experiência universitária (que não é somente estudar, mas pesquisar enquanto aluno, criando
conhecimento desde o começo, fazendo circular conhecimento, debate e discordância): arrebanhando qualquer um, simplesmente para dizer que havia
uma Universidade: selva letrada: anta travestida de onça. E todos os professores dessas escolinhas pensaram, tiveram certeza que uma Universidade é
um colégio-grande, onde eles ensinariam e administrariam da mesma maneira: entraram pela janela, sem passar pelo longo e doloroso aprendizado:
porque fazer diferente? E ainda hoje a grande maioria dos professores desta universidade continuam, em grande parte, "professores de colégio", e,
exatamente por isso, não sabem que são de-colégio. Tornaram-se professores por serem "interessados no assunto": e viraram professores daquela
matéria! E isso nenhum mestrado, nenhum doutorado cura, arrefece, abranda ou anula: continua a mesma anta (anta-titulada).
       Para se formar um professor universitário o processo, necessariamente, tem que ser outro. Não basta ser "o melhor da turma" em Matemática, em
Biologia, em Português, em História, em Geografia, em letrinhas. É busca bem mais profunda e complexa, envolvendo a vida inteira. É vontade de
redimensionar a sociedade, força viva de reflexão, busca polifônica pelo mundo, pela cultura e pelos outros. Ser professor de uma Universidade é
enfrentar todas as conseqüências da criação do conhecimento desde a sala de aula (momento de criação do saber e não da tola transmissão de
informações, como se a Universidade fosse um lugar de vendas de um produto, a informação, e sua grande função não fosse precisamente desmantelar o
mundo da informação) até dedicar a vida inteira a essa criação. E se não vivemos essa tormenta de busca e criação constantes, devíamos ter, pelo
menos, vergonha e começar a desconfiar da nossa atuação como professores. Essa falta de desconfiança sobre nossa atuação, essa falta absoluta de
crítica e auto crítica, pode caracterizar tudo, menos o professor de Universidade.
       "Quem não percebeu a invasão dos idiotas não entenderá, jamais, o Brasil dos nossos dias." E nem tampouco a universidade ou a nossa
educação. Para o "homem comum", aquele que acredita no Estado, na Igreja e no sentido, apesar de tudo, a Universidade seria o berçário das
inteligências, o clube dos sábios, a academia dos melhores. Mesmo com toda a desmoralização da educação ainda se acredita nisso. Pois é exatamente o
contrário. Todos os idiotas procuram a Universidade, para serem professores ou para administrá-la (adestrá-la?/amestrá-la? Mamá-la?), os que adoram e
dedicam a vida, como se gerissem um banco, uma loja, um estábulo, seja para serem alunos. Temos somente o falso inteligente, o enrolão, aquele que
vive de pose, que mesmo sem falar é aluno ou professor da universidade, como se isso o mudasse, ou o tornasse diferente, quando todos sabem que
seus trabalhos são escritos por outros (quando não, é tão inútil quanto se fosse), desde a magra monografia até a gorda tese de doutorado; quando
todos sabem que nunca leu um livro ou um livro que preste na vida: quando todos sabem que suas aulas não passam de borrões; todos sabem que é
somente um saco vazio flutuando no ex-paço.
       E tudo isso como conseqüência do monstruoso processo de massificação. Já não temos aquele que sabe mas aquele que finge saber. E onde mais
se finge é na universidade, verdadeiro teatro do absurdo. O sujeito aproveita todo o imaginário que sempre rondou a Universidade e se coloca dentro



                                                                                                                               ISSN 1517 - 5421     3
dele como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Ele se vê e age como se fosse A Universidade. No entanto jamais pesquisou (diz que pesquisa e
todos acreditam), jamais escreveu (usa pedaços dos trabalhos obrigatórios como publicação), jamais criou uma idéia sequer, ou deu um passo a mais do
que aprendeu.
         Mas precisamos compreender melhor os atores deste teatro ridículo.
         Nosso primeiro tipo é o professor de sala de aula, aquele que somente e porcamente ensina. Esse tipo não consegue entender a necessária
criação do conhecimento sequer na sala de aula: sem isso não há Universidade, que não é somente transmissão de conhecimento, coisa que,
necessariamente, se faz ao ir se criando tanto o conhecimento quanto a própria didática e o diálogo que os criam. Ser professor da Universidade, não de
uma universidade, deveria ser produzir em diálogo o conhecimento e os novos aprendizes do diálogo, pondo em xeque esse próprio diálogo, o que é o
mesmo que entender como destruir os monólogos do Poder e dos poderes. Mas o nosso professor, compatível com o mundo em que vive, só transmite
conhecimento de livros sem profundidade.
         O nosso segundo tipo é o professor burocrata (sempre um covarde de meia pataca), aquele que além de dar as aulas do anterior, ou não (por
poder a nossa Anta, no mercado burocrático da universidade sem dar aula, pesquisar ou publicar), vive e somente viverá dentro dos poderes da
universidade, não conseguindo respirar sem um cargo que lhe dê razão de viver e poder de maltratar (quando sai da burocracia tenta por todos os meios
voltar, mesmo que para isso tenha que vender a mãe, prostituir a mulher ou trair o amigo). Somente quem vive e convive com esse tipo de burocrata
pode saber a capacidade para distorcer, para mal servir àqueles que criam e pesquisam numa universidade. Sua vida é, obscuramente e com segurança
para si mesmo, fazer a vida do outro mais difícil, mais angustiada, mais ainda sem saída. E sai sempre vitorioso: sabem por que? Porque são a imensa
maioria. É a unanimidade física da universidade. Praticamente todos os professores do primeiro tipo são potencialmente parte do segundo tipo. E tudo
pela Universidade. E voltam sempre: são como ratos, piolhos, gripes e burrice: são recorrentes e inescapáveis. E se "qualificam", e "pesquisam", e
"publicam" somente para voltar, pois agora têm que ser doutor para ocupar cargos.
         Nosso terceiro tipo é o professor rapinante. É um perigo: só pensa em dinheiro. No entanto diz exatamente o contrário. Se cria um curso, cobra
caro gritando a deus e ao mundo que está fazendo o bem, que essa é uma grande coisa: "para o bem da sociedade" eles escrevem em seus projetos
imorais. Vivem ensinando em colégios, em faculdadezinhas, em cursinhos, em qualquer lugar: dia e noite - noite e dia: a desculpa? é porque "o governo
não paga bem", "a vida está difícil", "quem tem família não vive com esse salário": frases típicas de um "professor de segundo grau". Um "professor de
primeiro grau", aquele que vive realizando seu sonho e sua criação conseguirá viver daquilo que o apaixona, sem se vender como uma prostituta sem
saída.




                                                                                                                                 ISSN 1517 - 5421     4
O professor criador, nossa quarta categoria, é parte da esmagadora minoria é o que garante à universidade sua dignidade. É o mais angustiado,
aquele que além de não ser ouvido, todos afirmam que só diz besteira. Esse professor escreve mas não consegue dinheiro ou apoio para suas pesquisas
ou publicações e quando publica, os amigos e os colegas fazem para seu trabalho ouvidos de mercador, ficam em silêncio, não dizem absolutamente
nada, como se não existisse, como se aquilo não fosse com eles e com ninguém: o silêncio é seu destino; ser chamado de trapaceiro é seu cotidiano. No
entanto suas vitórias são as vitórias da Universidade: mas os professores rapinantes e os professores burocratas partem do mesmo princípio para
devorarem: dizem que pesquisam, dizem que ensinam, dizem que publicam: disso tudo eles ficam somente com o dinheiro.
        Mas a grande maioria dos alunos não é diferente dos professores: fingem-se de mortos e continuam com a ignorância inerte dos que escolheram a
passividade, a normalidade, o de sempre e o esperado: vocações supremas de um nada que ainda não apreendeu nem a ser humano nem a enfrentar a
vida além dos horizontes da novela da oito, das fúteis conversas de fim de expediente e do natural nascimento da prole. Não sabem ouvir, não sabem
falar, não sabem e não agüentam a leitura (leitura de nada: de livro, de madeira, de argila, de vento, de comidas: de nada), não sabem se tornar, e o
pior, não sabem que não sabem, são arrogantes por essa dupla ignorância, a única verdadeiramente perniciosa. São fascistas por desconhecimento,
hedonistas por descaso, cegos e mudos por opção, que ninguém pode alegar inocência, e, acima de tudo, profundamente mal-educados, bárbaros de um
tempo reacionário e morto: fuligem de outras ondas, de outros mares destroçados por "golpes de estado" e o estado dos golpes. São mentirosos, fúteis,
covardes e, acima de tudo "funcionários públicos", o pior tipo de aluno desta universidade infeliz.
        Os alunos que carreguem alguma possibilidade fetal de devaneio, de reflexão e de criatividade, os professores, como reprodutores do nada, vão fazer
definhar com um tédio mortal, o tédio daquilo que é inútil mas não sabe. Esses professores não destroem os conhecimentos enganosos, não ferem o real desumano
e mesquinho, não se arriscam numa guerrilha contra os poderes e os saberes naturalizados nem dispedem um grama de saliva com as injustiças de classe. Eles só
destroem o diferente, o que não está embaixo da sua língua e do seu sexo impotente: representam o ensino morto e tudo aquilo que não deixará marca nem
lembrança: somente aleijões, e de aleijões esse pobre e tolo país está mais que farto.




                                                                                                                                      ISSN 1517 - 5421      5
VITRINE
                         SUGESTÃO DE LEITURA                                                                     LINKS



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             Cartas Pedagógicas e outros Escritos                                www.tdb.cs.umu.se/~dvlawn/kreftwerk

                                                                                 Revista Junguiana
                               PAULO FREIRE                                      www.sbpa.org.br/revista.html
                               Editora Unesp
                                                                                 Centro Brasileiro de Filosofia Para Crianças
                                                                                 http://www.cbfc.com.br

RESUMO: Este é um livro escrito com paixão. Paulo Freire é um pensador           Picasso
atuante, que fez da educação um instrumento humanizador. Adversário do           www.clubinternet.com/picasso
pragmatismo, ele via na educação um conjunto de forças cujo alvo é a
liberdade e a transformação social. Nesta obra de caráter inquietante, a visão   Literatura de Cordel
                                                                                 www.ssac.unicamp.br/suarq/cedae/cedae-flc-varal.html
de contradição salta aos olhos e torna a educação algo vivo e não mero
instrumento pragmatista de interesses pseudo-sociais.
                                                                                 Centro de Estudos Rurais e Urbanos
                                                                                 http://www.usp.br/prpesq/ceru.htm

SUMÁRIO: Do Espírito Deste Livro, Do Direito e do Dever de Mudar o               Memorial do Imigrante
Mundo; Do Assassinato de Galdino Jesus dos Santos – índio pataxó;                http://www.memorialdoimigrante.sp.gov.br/historia.htm
Descobrimento da América; Alfabetização e Miséria; Desafios da Educação de
Adultos Ante a Nova Reestruturação Tecnológica; A Alfabetização em               Portinari
Televisão; Educação e Esperança; Denúncia, anúncio, profecia, utopia e           www.lids.puc-rio.br/~pp
sonho.
                                                                                 Egito
                                                                                 www.newton.cam.ac.uk:80/egipt
Áreas de interesse: Filosofia, Educação, Pedagogia.                              www.channel11.com/users/manssorm



Palavras-chave: Filosofia da Educação, Educação, Crítica, Pedagogia,
Política.



                                                                                                                                ISSN 1517 - 5421   6

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A Universidade Federal de Rondônia e seus desafios iniciais

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UFRO) CENTRO DE HERMENÊUTICA DO PRESENTE PRIMEIRA VERSÃO EDITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA PRIMEIRA VERSÃO ANO I, Nº9 JULHO - PORTO VELHO, 2001 ISSN 1517-5421 lathé biosa 9 VOLUME I ISSN 1517-5421 EDITOR NILSON SANTOS CONSELHO EDITORIAL ALBERTO LINS CALDAS - História ARNEIDE CEMIN - Antropologia FABÍOLA LINS CALDAS - História JOSÉ JANUÁRIO DO AMARAL - Geografia MIGUEL NENEVÉ - Letras VALDEMIR MIOTELLO - Filosofia Os textos de até 5 laudas, tamanho de folha A4, fonte Times New Roman 11, espaço 1.5, formatados em “Word for Windows” deverão ser encaminhados para e-mail: nilson@unir.br CAIXA POSTAL 775 A UNIVERSIDADE NAS RONDÔNIAS CEP: 78.900-970 PORTO VELHO-RO TIRAGEM 150 EXEMPLARES ALBERTO LINS CALDAS αΩ
  • 2. Alberto Lins Caldas A UNIVERSIDADE NAS RONDÔNIAS Professor de Teoria da História caldas@unir.br "Primeiro a razão. Depois o pau nas costas, que ninguém é de ferro." Todos, quase sem exceção, estão tentando desesperadamente estrangular a universidade. Sejam advogados, politiqueiros, repórteres, ex-reitores, professores ratuínos ou alunos pelegos e direitistas. Todos resolveram, puros como são, santos como pretendem, heróis como se apresentam, "sem nenhum interesse a não ser o bem comum", esmagar por todos os lados a universidade. Vejamos porque. Pela primeira vez em sua história a Universidade Federal de Rondônia conseguiu formar uma equipe de pesquisadores, que publicam e criam dentro da universidade, dirigindo uma instituição que estava desacreditada, cheia de professores-ratos (aqueles que pensam somente em dinheiro), administradores de um poço quase sem fundo, destruindo o dinheiro público, centros e laboratórios por descaso, burrice e inaptidão (os mesmos que agora arregimentam uma legião de bem-feitores, heróis e policiais: todos por baixo do pano e dizendo que foi o outro). A qualificação de professores cresceu numa progressão geométrica e a pesquisa tornou-se sólida e confiável, saindo da condição de escola, de colégio de faculdade de ponta de esquina e caça níquel. Abriram-se mestrados institucionais (um aprovado pela CAPES e três em processo de aprovação), mestrados e doutorados interistitucionais para os professores. Mas todos agora querem "informar a sociedade" de uma podridão escondida: como se houvesse algo escuso, se esquecermos suas próprias intenções. Querem forçar um atropelamento de leis e normas que jamais existiu. Resumindo: está iniciada a antiga maneira portovelhaca de se iniciar o processo eleitoral na universidade: processos, mentiras, trucagens, truculências: ainda estão fazendo as mesmas travessuras de um tempo onde a maioria dos professores da universidade eram professores de segundo grau. É uma lástima. Mas não há como fugir! E nem queremos fugir. Não adianta fingir. Estamos começando a enfrentar as antigas hordas. Mas vamos por partes. Precisamos, primeiro, entender a origem da Universidade Federal de Rondônia (UFRO, que teima-se em chamar de UNIR, nome de colégio) para perceber o quanto seus limites são estreitos, suas projeções tacanhas e o quanto é preciso ainda caminhar para transformar esse colégio-grande numa verdadeira Universidade. Não começou como todas as outras Universidades que podem se chamar assim. Nasceu com "professores de segundo grau", por decreto, por ordem do Estado, para servir aos interesses desse Estado, por indivíduos muito abaixo de qualquer vínculo, experiência ou paixão intelectual: lutavam somente para sobreviver: sua única mercadoria eram as aulas: saíram dos colégios, das escolas para um lugar que é, essencialmente, um espaço de 2
  • 3. criação. Vieram do segundo grau sem passar pela experiência universitária (que não é somente estudar, mas pesquisar enquanto aluno, criando conhecimento desde o começo, fazendo circular conhecimento, debate e discordância): arrebanhando qualquer um, simplesmente para dizer que havia uma Universidade: selva letrada: anta travestida de onça. E todos os professores dessas escolinhas pensaram, tiveram certeza que uma Universidade é um colégio-grande, onde eles ensinariam e administrariam da mesma maneira: entraram pela janela, sem passar pelo longo e doloroso aprendizado: porque fazer diferente? E ainda hoje a grande maioria dos professores desta universidade continuam, em grande parte, "professores de colégio", e, exatamente por isso, não sabem que são de-colégio. Tornaram-se professores por serem "interessados no assunto": e viraram professores daquela matéria! E isso nenhum mestrado, nenhum doutorado cura, arrefece, abranda ou anula: continua a mesma anta (anta-titulada). Para se formar um professor universitário o processo, necessariamente, tem que ser outro. Não basta ser "o melhor da turma" em Matemática, em Biologia, em Português, em História, em Geografia, em letrinhas. É busca bem mais profunda e complexa, envolvendo a vida inteira. É vontade de redimensionar a sociedade, força viva de reflexão, busca polifônica pelo mundo, pela cultura e pelos outros. Ser professor de uma Universidade é enfrentar todas as conseqüências da criação do conhecimento desde a sala de aula (momento de criação do saber e não da tola transmissão de informações, como se a Universidade fosse um lugar de vendas de um produto, a informação, e sua grande função não fosse precisamente desmantelar o mundo da informação) até dedicar a vida inteira a essa criação. E se não vivemos essa tormenta de busca e criação constantes, devíamos ter, pelo menos, vergonha e começar a desconfiar da nossa atuação como professores. Essa falta de desconfiança sobre nossa atuação, essa falta absoluta de crítica e auto crítica, pode caracterizar tudo, menos o professor de Universidade. "Quem não percebeu a invasão dos idiotas não entenderá, jamais, o Brasil dos nossos dias." E nem tampouco a universidade ou a nossa educação. Para o "homem comum", aquele que acredita no Estado, na Igreja e no sentido, apesar de tudo, a Universidade seria o berçário das inteligências, o clube dos sábios, a academia dos melhores. Mesmo com toda a desmoralização da educação ainda se acredita nisso. Pois é exatamente o contrário. Todos os idiotas procuram a Universidade, para serem professores ou para administrá-la (adestrá-la?/amestrá-la? Mamá-la?), os que adoram e dedicam a vida, como se gerissem um banco, uma loja, um estábulo, seja para serem alunos. Temos somente o falso inteligente, o enrolão, aquele que vive de pose, que mesmo sem falar é aluno ou professor da universidade, como se isso o mudasse, ou o tornasse diferente, quando todos sabem que seus trabalhos são escritos por outros (quando não, é tão inútil quanto se fosse), desde a magra monografia até a gorda tese de doutorado; quando todos sabem que nunca leu um livro ou um livro que preste na vida: quando todos sabem que suas aulas não passam de borrões; todos sabem que é somente um saco vazio flutuando no ex-paço. E tudo isso como conseqüência do monstruoso processo de massificação. Já não temos aquele que sabe mas aquele que finge saber. E onde mais se finge é na universidade, verdadeiro teatro do absurdo. O sujeito aproveita todo o imaginário que sempre rondou a Universidade e se coloca dentro ISSN 1517 - 5421 3
  • 4. dele como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Ele se vê e age como se fosse A Universidade. No entanto jamais pesquisou (diz que pesquisa e todos acreditam), jamais escreveu (usa pedaços dos trabalhos obrigatórios como publicação), jamais criou uma idéia sequer, ou deu um passo a mais do que aprendeu. Mas precisamos compreender melhor os atores deste teatro ridículo. Nosso primeiro tipo é o professor de sala de aula, aquele que somente e porcamente ensina. Esse tipo não consegue entender a necessária criação do conhecimento sequer na sala de aula: sem isso não há Universidade, que não é somente transmissão de conhecimento, coisa que, necessariamente, se faz ao ir se criando tanto o conhecimento quanto a própria didática e o diálogo que os criam. Ser professor da Universidade, não de uma universidade, deveria ser produzir em diálogo o conhecimento e os novos aprendizes do diálogo, pondo em xeque esse próprio diálogo, o que é o mesmo que entender como destruir os monólogos do Poder e dos poderes. Mas o nosso professor, compatível com o mundo em que vive, só transmite conhecimento de livros sem profundidade. O nosso segundo tipo é o professor burocrata (sempre um covarde de meia pataca), aquele que além de dar as aulas do anterior, ou não (por poder a nossa Anta, no mercado burocrático da universidade sem dar aula, pesquisar ou publicar), vive e somente viverá dentro dos poderes da universidade, não conseguindo respirar sem um cargo que lhe dê razão de viver e poder de maltratar (quando sai da burocracia tenta por todos os meios voltar, mesmo que para isso tenha que vender a mãe, prostituir a mulher ou trair o amigo). Somente quem vive e convive com esse tipo de burocrata pode saber a capacidade para distorcer, para mal servir àqueles que criam e pesquisam numa universidade. Sua vida é, obscuramente e com segurança para si mesmo, fazer a vida do outro mais difícil, mais angustiada, mais ainda sem saída. E sai sempre vitorioso: sabem por que? Porque são a imensa maioria. É a unanimidade física da universidade. Praticamente todos os professores do primeiro tipo são potencialmente parte do segundo tipo. E tudo pela Universidade. E voltam sempre: são como ratos, piolhos, gripes e burrice: são recorrentes e inescapáveis. E se "qualificam", e "pesquisam", e "publicam" somente para voltar, pois agora têm que ser doutor para ocupar cargos. Nosso terceiro tipo é o professor rapinante. É um perigo: só pensa em dinheiro. No entanto diz exatamente o contrário. Se cria um curso, cobra caro gritando a deus e ao mundo que está fazendo o bem, que essa é uma grande coisa: "para o bem da sociedade" eles escrevem em seus projetos imorais. Vivem ensinando em colégios, em faculdadezinhas, em cursinhos, em qualquer lugar: dia e noite - noite e dia: a desculpa? é porque "o governo não paga bem", "a vida está difícil", "quem tem família não vive com esse salário": frases típicas de um "professor de segundo grau". Um "professor de primeiro grau", aquele que vive realizando seu sonho e sua criação conseguirá viver daquilo que o apaixona, sem se vender como uma prostituta sem saída. ISSN 1517 - 5421 4
  • 5. O professor criador, nossa quarta categoria, é parte da esmagadora minoria é o que garante à universidade sua dignidade. É o mais angustiado, aquele que além de não ser ouvido, todos afirmam que só diz besteira. Esse professor escreve mas não consegue dinheiro ou apoio para suas pesquisas ou publicações e quando publica, os amigos e os colegas fazem para seu trabalho ouvidos de mercador, ficam em silêncio, não dizem absolutamente nada, como se não existisse, como se aquilo não fosse com eles e com ninguém: o silêncio é seu destino; ser chamado de trapaceiro é seu cotidiano. No entanto suas vitórias são as vitórias da Universidade: mas os professores rapinantes e os professores burocratas partem do mesmo princípio para devorarem: dizem que pesquisam, dizem que ensinam, dizem que publicam: disso tudo eles ficam somente com o dinheiro. Mas a grande maioria dos alunos não é diferente dos professores: fingem-se de mortos e continuam com a ignorância inerte dos que escolheram a passividade, a normalidade, o de sempre e o esperado: vocações supremas de um nada que ainda não apreendeu nem a ser humano nem a enfrentar a vida além dos horizontes da novela da oito, das fúteis conversas de fim de expediente e do natural nascimento da prole. Não sabem ouvir, não sabem falar, não sabem e não agüentam a leitura (leitura de nada: de livro, de madeira, de argila, de vento, de comidas: de nada), não sabem se tornar, e o pior, não sabem que não sabem, são arrogantes por essa dupla ignorância, a única verdadeiramente perniciosa. São fascistas por desconhecimento, hedonistas por descaso, cegos e mudos por opção, que ninguém pode alegar inocência, e, acima de tudo, profundamente mal-educados, bárbaros de um tempo reacionário e morto: fuligem de outras ondas, de outros mares destroçados por "golpes de estado" e o estado dos golpes. São mentirosos, fúteis, covardes e, acima de tudo "funcionários públicos", o pior tipo de aluno desta universidade infeliz. Os alunos que carreguem alguma possibilidade fetal de devaneio, de reflexão e de criatividade, os professores, como reprodutores do nada, vão fazer definhar com um tédio mortal, o tédio daquilo que é inútil mas não sabe. Esses professores não destroem os conhecimentos enganosos, não ferem o real desumano e mesquinho, não se arriscam numa guerrilha contra os poderes e os saberes naturalizados nem dispedem um grama de saliva com as injustiças de classe. Eles só destroem o diferente, o que não está embaixo da sua língua e do seu sexo impotente: representam o ensino morto e tudo aquilo que não deixará marca nem lembrança: somente aleijões, e de aleijões esse pobre e tolo país está mais que farto. ISSN 1517 - 5421 5
  • 6. VITRINE SUGESTÃO DE LEITURA LINKS PEDAGOGIA DA INDIGNAÇÃO: Música - Kraftwerk Cartas Pedagógicas e outros Escritos www.tdb.cs.umu.se/~dvlawn/kreftwerk Revista Junguiana PAULO FREIRE www.sbpa.org.br/revista.html Editora Unesp Centro Brasileiro de Filosofia Para Crianças http://www.cbfc.com.br RESUMO: Este é um livro escrito com paixão. Paulo Freire é um pensador Picasso atuante, que fez da educação um instrumento humanizador. Adversário do www.clubinternet.com/picasso pragmatismo, ele via na educação um conjunto de forças cujo alvo é a liberdade e a transformação social. Nesta obra de caráter inquietante, a visão Literatura de Cordel www.ssac.unicamp.br/suarq/cedae/cedae-flc-varal.html de contradição salta aos olhos e torna a educação algo vivo e não mero instrumento pragmatista de interesses pseudo-sociais. Centro de Estudos Rurais e Urbanos http://www.usp.br/prpesq/ceru.htm SUMÁRIO: Do Espírito Deste Livro, Do Direito e do Dever de Mudar o Memorial do Imigrante Mundo; Do Assassinato de Galdino Jesus dos Santos – índio pataxó; http://www.memorialdoimigrante.sp.gov.br/historia.htm Descobrimento da América; Alfabetização e Miséria; Desafios da Educação de Adultos Ante a Nova Reestruturação Tecnológica; A Alfabetização em Portinari Televisão; Educação e Esperança; Denúncia, anúncio, profecia, utopia e www.lids.puc-rio.br/~pp sonho. Egito www.newton.cam.ac.uk:80/egipt Áreas de interesse: Filosofia, Educação, Pedagogia. www.channel11.com/users/manssorm Palavras-chave: Filosofia da Educação, Educação, Crítica, Pedagogia, Política. ISSN 1517 - 5421 6