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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UFRO)
      CENTRO DE HERMENÊUTICA DO PRESENTE                      PRIMEIRA VERSÃO
                                                               ISSN 1517-5421      lathé biosa   2
          PRIMEIRA VERSÃO
        ANO I, Nº02 MAIO - PORTO VELHO, 2001
                         Volume I

                       ISSN 1517-5421


                         EDITOR
                   NILSON SANTOS


                 CONSELHO EDITORIAL
            ALBERTO LINS CALDAS - História
             ARNEIDE CEMIN - Antropologia
            FABÍOLA LINS CALDAS - História
         JOSÉ JANUÁRIO DO AMARAL - Geografia
                MIGUEL NENEVÉ - Letras
            VALDEMIR MIOTELLO - Filosofia

Os textos de até 5 laudas, tamanho de folha A4, fonte Times
New Roman 11, espaço 1.5, formatados em “Word for Windows”
           deverão ser encaminhados para e-mail:

                     nilson@unir.br
                                                                        EM BUSCA DO SUJEITO
                                                                         A SER CONSTRUÍDO
                     CAIXA POSTAL 775
                     CEP: 78.900-970
                      PORTO VELHO-RO
                                                                                  VALDEMIR MIOTELLO
                TIRAGEM 150 EXEMPLARES

      EDITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA                                  αΩ
Caro Leitor


        O Centro de Hermenêutica do Presente tem a satisfação de apresentar sua
mais recente publicação: PRIMEIRA VERSÃO .
        Trata-se de produção indexada destinada a divulgar ensaios breves na área
de Ciências Humanas.
        Esta publicação prioriza:
        - resultados iniciais de pesquisas, dada a importância de seu registro;
        - discussões setorizados como temas de aulas, seminários e palestras.
        - reflexões em torno de obras recém lançadas no mercado editorial.
        - considerações teóricas de temas polêmicos da vida universitária.
        A tiragem de cada edição será de 150 exemplares, distribuídos na própria
universidade e encontrados também no Centro de Hermenêutica do Presente.
        Por dedicar cada número a um único trabalho, sua elaboração, impressão e
caráter gráfico têm uma dinâmica diferente dos periódicos da universidade. Desta

forma, a   PRIMEIRA VERSÃO pretende ser presença efervescente no quotidiano da
universidade.
        Além do ensaio, a publicação terá uma seção final chamada VITRINE com
avisos de lançamentos de livros, informes sobre pesquisas, links importantes para
consulta na internet e outros assuntos de interesse acadêmico.
        As contribuições de ensaios e comunicações para a VITRINE devem ser
encaminhadas por e-mail, diretamente para o editor, ou para o Conselho Editorial.

        Primeira versão    é uma publicação de distribuição gratuita e pode ser
encontrada no hall de entrada da biblioteca do campus.

                                    NILSON SANTOS
                                       EDITOR



                                                            ISSN 1517 - 5421        2
Valdemir Miotello                                                                                                              EM BUSCA DO SUJEITO
       Professor de Filosofia e Doutor em Linguística                                                                                 A SER CONSTRUÍDO
       miotello@unir.br




       Gosto de Alvin Toffler quando ele estabelece os processos civilizatórios como se fossem ondas que, partindo de um ponto central atingem todas as
sociedades mundiais. Ele identifica até agora, na história da humanidade, apenas três grandes ondas: a primeira onda é o agriculturismo, que produziu mudanças
incríveis na forma de vida dos grupos nômades, permitindo a eles resolver o grave problema da alimentação, ampliar seu grupo, mudar a concepção de família,
instalar novas formas de poder, construir pequenas cidades; essa onda principiou em meados do ano 8.000 a.C. nas margens do Mediterrâneo e foi se espalhando
até atingir praticamente todos os povos. A segunda grande onda é bem mais recente e é o industrialismo, instalado em meados do século XVIII na Inglaterra,
França e Bélgica, e que permitiu produzir excedentes inimagináveis tanto de produtos industrializados quanto na agricultura ao levar para esta suas máquinas
fantásticas, substituindo a força humana milhares de vezes; esta onda permitiu também resolver o grave problema de produção de bens, instalou nova concepção
de família, construiu novas formas de comunicação e transporte, implantou escolas, mudou o Estado, constituiu as classes sociais e já atingiu praticamente todas as
sociedades humanas. A terceira grande Onda está começando a espalhar suas marolas em velocidade vertiginosa desde a década de 60 deste nosso século, e é o
Informacionismo, com suas estruturas eletrônicas se multiplicando qual tentáculos de polvo na velocidade do pensamento e rapidamente atingindo e mudando a
vida de praticamente toda a humanidade; esta onda também vai mudar tudo: concepção de governo, educação, família, comunicação etc.
       Claro que poder-se-ia apresentar uma série de problematizações a esta proposta de análise da história da humanidade, e principalmente acusar cada
processo desse de ser centrista, permitindo que apenas um conjunto de tecnologias se instale enquanto hegemônico para toda a humanidade, e também que ele se
constitui em processo que produz exclusão em larga escala. Tudo isso é verdade. Além disso, ele modeliza um processo avassalador, sem concorrências, que
constitui sujeitos à sua imagem e semelhança, qual criatura bíblica arrancada do barro e soprada pelo criador. Sendo que no processo civilizatório a criatura
também constitui seu criador, soprando-lhe ar renovado de volta, que atualiza e pereniza a força ondulatória. Se na onda agricultora o sujeito se constituiu na
relação com o mundo e a natureza, subsidiado pelos mitos, pela filosofia clássica e pela religião, na onda industrial ele se constituiu na relação com o mundo e as
máquinas, com apoio da filosofia racionalista, da ciência e da educação escolar. E nesta nova e derradeira onda informacional, como o sujeito vai se constituir e
quais serão e quem colocará as bases ideológicas?
       Sem entendermos o sujeito como se constituindo de fora para dentro, de modo que o que ele é é resultado de sua inserção no meio mais próximo e mais
distante, e se entendermos o sujeito como se constituindo a partir de signos, que, sendo parte da realidade, tanto revelam quanto escondem o real, e se



                                                                                                                                           ISSN 1517 - 5421       3
entendermos o mundo sígnico como sendo o mundo ideológico, uma vez que tudo o que é signo é ideológico, então podemos pensar um pouco mais sobre como o
sujeito vai se constituir nesta terceira Onda. Afinal, cada sociedade, em cada tempo histórico, cria e constitui o sujeito de que necessita, ao mesmo tempo em que é
constituída pelos sujeitos históricos, existentes então. Se tal grupo social optar por ser constituída de guerreiros, formará guerreiros; se decidir ter sujeitos letrados,
investirá todas as suas ações para constituir sujeitos letrados.
        Ao aceitarmos que esta Onda é Informacional devemos colocar no centro do seu desenvolvimento o que comanda a informação - os meios de comunicação
de massa. E a televisão ocupa o lugar central entre as mídia, por sua capacidade de amplificar sua mensagem, pelo volume de aparelhos atingidos por seu sinal,
pela dominação estabelecida pelos monopólios, pela palavra monossêmica da classe dominante disseminada por seu intermédio, pela capacidade de repetir
exaustivamente os mesmos símbolos de forma atraente e contínua. A comunicação de massa não é a única forma de comunicação e nem de disseminação de
informação, pois ela concorre com milhares de outros meios de comunicação, como rádio, jornal, outdoor, folhetos, livros, revistas, e modernamente a internet.
Enquanto a comunicação de massa trabalha os símbolos já estabelecidos, que poderíamos chamar de símbolos oficiais e estabilizados na prática social, os demais
meios de comunicação trabalham, em escala crescente, os símbolos não oficiais, os símbolos do cotidiano, ainda instabilizados e, portanto, em choque permanente.
Estes dois grandes conjuntos de signos dialogam entre si e se mudam constantemente. Além disso, cada conjunto desses ainda carrega dentro de si uma disputa
interna acirrada, resultado da luta das classes, na tentativa de impor seu conjunto ideológico e sua visão de mundo. Quanto mais alto na escala, mais o signo já
está estabilizado, e decidida está sua representação ideológica, o que não impede que ele interaja com a ideologia fluídica e volúvel e em permanente construção
no dia a dia.
        Que sujeito os aparelhos midiáticos de massa constituem? Se entendermos que os instrumentos de comunicação de massa são propriedade privada de
pessoas e grupos da classe dominante, então não custa aceitar que eles estão a serviço destas pessoas e destes grupos que buscam perpetuar-se nesta posição
social e econômica, fincando suas garrras no Estado, enquanto propriedade pura. Para que eles consigam manter esta sociedade desta forma, com esta
constituição, eles precisam convencer a todos que o mundo e a sociedade é desse jeito deste todo o sempre. Ao naturalizar o que é criação social e cultural, os
dominantes garantem a manutenção de seu status. Mas além de significar um modelo de sociedade, a classe dominante usa dos meios de informação de massa
para constituir o sujeito que vai habitar este mundo; e o constitui enquanto sujeito trabalhador, como alguém que sente necessidade do trabalho, ao mesmo tempo
em que o constitui como sujeito consumidor, como alguém que sente necessidade do que é produzido.
        Como este sujeito é constituído? É constituído na disseminação do sistema ideológico dominante, e pela utilização de signos de todas as espécies, como
qualquer palavra, gesto, som, imagem ou objeto que esteja indicando ou representando outra coisa. Já vimos que este processo não é tranqüilo, visto que as
ideologias produzidas no dia a dia, também pelas classes trabalhadoras, interagem constantemente com as ideologias já assumidas enquanto dominantes por
aquela sociedade. Isso significa que o sujeito é constituído no embate dos signos, e que a classe dominante não descuida de estabelecer sua visão de mundo,



                                                                                                                                                  ISSN 1517 - 5421        4
utilizando-se para tanto de instrumentos poderosos e sofisticados. E nos últimos séculos já se serviu da Igreja, da escola e agora serve-se dos meios de
comunicação de massa, que invadem a casa das pessoas intensivamente, compondo sua visão de mundo e construindo também suas utopias e mexendo em seus
desejos, até os mais secretos. E isso se dá de acordo com cada cultura e com o momento histórico vivido por aquele povo, grupo ou classe social. Podemos pensar
em como é modelizada a visão estética de um determinado grupo - comida, roupa, tipo de cabelo, tipo corporal preferido; ou a visão ética - noção do belo, do
justo, do errado; ou a sensibilidade - que sentimentos são cultivados naquele momento histórico e naquele lugar; ou as necessidades - o que se precisa ter,
específico para cada sociedade, seja no Brasil, seja na Suíça ou na África; e até mesmo como são modelizados os imaginários, a visão de futuro, a idéia de povo, de
sociedade, as esperanças e as utopias. E aqui é preciso que se diga que nesse processo de constituição do sujeito ele, para se individuar, vai assumindo os jogos
estabelecidos pela linguagem, pelos códigos e pelos símbolos daquela determinada sociedade histórico-cultural, o que produz uma alternância de determinação e
escolhas. Se somos determinados pela sociedade em todo o processo de construção da subjetividade, também interferimos em todo esse processo, modificando
continuamente esta mesma sociedade que nos constrói. Provavelmente os imaginários sociais impingem maior mudança que as transformações econômicas.
       Até aqui busco o sujeito se constituindo. Nesta Onda Informacional as pessoas se ocuparão com o trabalho de plantar e colher, talvez apenas de 5 a 7%
delas, com o trabalho de produzir produtos industrializados, talvez apenas de 15 a 18% delas, e o restante das pessoas, um montante imenso de gente, na ordem
de 75 a 80%, estará ocupada em fazer nada produtivo ou trabalhando na prestação de serviços, e de forma bem personalizada. As imensas construções das
fábricas deixarão de estar na paisagem, e o lugar de trabalho provavelmente retornará para dentro da própria casa. Tudo isso implica em mudanças fantásticas. Ter
ou não acesso à informação será fundamental nessa sociedade; ser detentor e dominar a produção e distribuição de informações é mais fundamental ainda. Ficarão
para trás categorias como patrão/empregado, trabalhador ativo/desempregado, e precisaremos construir um sujeito enquanto empreendedor, inserido no coletivo.
As riquezas se construirão em novas bases.
       Se um mundo novo está se dando, que se construa também um novo homem e uma nova mulher; enfim, que se constitua um NOVO SUJEITO.




                                                                                                                                           ISSN 1517 - 5421       5
VITRINE
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                           Filosofia do Gosto                                      http://www.cbfc.com.br

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                               MICHEL ONFRAY                                       www.istec.org
                                   Rocco
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                                                                                   www.fastweb.com
RESUMO: O paladar e o olfato são, entre os cinco sentidos, os que
usufruem de pior reputação já que são generosos em mostrar o quanto o              Línguas
homem que pensa e medita é ao mesmo tempo um animal que sente cheiro               www.weblinguas.com
e saboreia. Daí o descrédito lançado a todas as atividades estéticas que
fazem apelo aos sabores e aos odores, assim, como às artes da cozinha e da         downloads
                                                                                   www.downloads.com
bebida.Este livro quer atribuir a dignidade filosófica que falta aos domínios da
mesa e a responder afirmativamente a quesltão de Nietzsche: existirá uma
filosofia da nutrição?                                                             www.superdowloads.com.br

                                                                                   www.tucows.com

SUMÁRIO: Pequena Teoria das Bolhas; Polidez Gulosa e Cena                          www.zdnet.com/downloads
Gastronômica; Vias de Acesso aos Intestinos; O Útero, a Trufa, e o Filósofo;
Breve Mitologia das Religiões excitantes; O Império dos Signos Culinários;         Arte
Celebração da Parte dos Anjos; Estética do Efêmero; Por uma Filosofia              www.mundodaarte.com.br
Estendida ao Corpo.
                                                                                   Picasso
                                                                                   www.clubinternet.com/picasso
Áreas de interesse: Filosofia, Gastronomia, Hedonismo.
                                                                                   Literatura de Cordel
                                                                                   www.ssac.unicamp.br/suarq/cedae/cedae-flc-varal.html
Palavras-chave: Filosofia , Culinária, nutrição, Comportamento Humana




                                                                                                                                     ISSN 1517 - 5421   6

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A constituição do sujeito na era da informação

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UFRO) CENTRO DE HERMENÊUTICA DO PRESENTE PRIMEIRA VERSÃO ISSN 1517-5421 lathé biosa 2 PRIMEIRA VERSÃO ANO I, Nº02 MAIO - PORTO VELHO, 2001 Volume I ISSN 1517-5421 EDITOR NILSON SANTOS CONSELHO EDITORIAL ALBERTO LINS CALDAS - História ARNEIDE CEMIN - Antropologia FABÍOLA LINS CALDAS - História JOSÉ JANUÁRIO DO AMARAL - Geografia MIGUEL NENEVÉ - Letras VALDEMIR MIOTELLO - Filosofia Os textos de até 5 laudas, tamanho de folha A4, fonte Times New Roman 11, espaço 1.5, formatados em “Word for Windows” deverão ser encaminhados para e-mail: nilson@unir.br EM BUSCA DO SUJEITO A SER CONSTRUÍDO CAIXA POSTAL 775 CEP: 78.900-970 PORTO VELHO-RO VALDEMIR MIOTELLO TIRAGEM 150 EXEMPLARES EDITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA αΩ
  • 2. Caro Leitor O Centro de Hermenêutica do Presente tem a satisfação de apresentar sua mais recente publicação: PRIMEIRA VERSÃO . Trata-se de produção indexada destinada a divulgar ensaios breves na área de Ciências Humanas. Esta publicação prioriza: - resultados iniciais de pesquisas, dada a importância de seu registro; - discussões setorizados como temas de aulas, seminários e palestras. - reflexões em torno de obras recém lançadas no mercado editorial. - considerações teóricas de temas polêmicos da vida universitária. A tiragem de cada edição será de 150 exemplares, distribuídos na própria universidade e encontrados também no Centro de Hermenêutica do Presente. Por dedicar cada número a um único trabalho, sua elaboração, impressão e caráter gráfico têm uma dinâmica diferente dos periódicos da universidade. Desta forma, a PRIMEIRA VERSÃO pretende ser presença efervescente no quotidiano da universidade. Além do ensaio, a publicação terá uma seção final chamada VITRINE com avisos de lançamentos de livros, informes sobre pesquisas, links importantes para consulta na internet e outros assuntos de interesse acadêmico. As contribuições de ensaios e comunicações para a VITRINE devem ser encaminhadas por e-mail, diretamente para o editor, ou para o Conselho Editorial. Primeira versão é uma publicação de distribuição gratuita e pode ser encontrada no hall de entrada da biblioteca do campus. NILSON SANTOS EDITOR ISSN 1517 - 5421 2
  • 3. Valdemir Miotello EM BUSCA DO SUJEITO Professor de Filosofia e Doutor em Linguística A SER CONSTRUÍDO miotello@unir.br Gosto de Alvin Toffler quando ele estabelece os processos civilizatórios como se fossem ondas que, partindo de um ponto central atingem todas as sociedades mundiais. Ele identifica até agora, na história da humanidade, apenas três grandes ondas: a primeira onda é o agriculturismo, que produziu mudanças incríveis na forma de vida dos grupos nômades, permitindo a eles resolver o grave problema da alimentação, ampliar seu grupo, mudar a concepção de família, instalar novas formas de poder, construir pequenas cidades; essa onda principiou em meados do ano 8.000 a.C. nas margens do Mediterrâneo e foi se espalhando até atingir praticamente todos os povos. A segunda grande onda é bem mais recente e é o industrialismo, instalado em meados do século XVIII na Inglaterra, França e Bélgica, e que permitiu produzir excedentes inimagináveis tanto de produtos industrializados quanto na agricultura ao levar para esta suas máquinas fantásticas, substituindo a força humana milhares de vezes; esta onda permitiu também resolver o grave problema de produção de bens, instalou nova concepção de família, construiu novas formas de comunicação e transporte, implantou escolas, mudou o Estado, constituiu as classes sociais e já atingiu praticamente todas as sociedades humanas. A terceira grande Onda está começando a espalhar suas marolas em velocidade vertiginosa desde a década de 60 deste nosso século, e é o Informacionismo, com suas estruturas eletrônicas se multiplicando qual tentáculos de polvo na velocidade do pensamento e rapidamente atingindo e mudando a vida de praticamente toda a humanidade; esta onda também vai mudar tudo: concepção de governo, educação, família, comunicação etc. Claro que poder-se-ia apresentar uma série de problematizações a esta proposta de análise da história da humanidade, e principalmente acusar cada processo desse de ser centrista, permitindo que apenas um conjunto de tecnologias se instale enquanto hegemônico para toda a humanidade, e também que ele se constitui em processo que produz exclusão em larga escala. Tudo isso é verdade. Além disso, ele modeliza um processo avassalador, sem concorrências, que constitui sujeitos à sua imagem e semelhança, qual criatura bíblica arrancada do barro e soprada pelo criador. Sendo que no processo civilizatório a criatura também constitui seu criador, soprando-lhe ar renovado de volta, que atualiza e pereniza a força ondulatória. Se na onda agricultora o sujeito se constituiu na relação com o mundo e a natureza, subsidiado pelos mitos, pela filosofia clássica e pela religião, na onda industrial ele se constituiu na relação com o mundo e as máquinas, com apoio da filosofia racionalista, da ciência e da educação escolar. E nesta nova e derradeira onda informacional, como o sujeito vai se constituir e quais serão e quem colocará as bases ideológicas? Sem entendermos o sujeito como se constituindo de fora para dentro, de modo que o que ele é é resultado de sua inserção no meio mais próximo e mais distante, e se entendermos o sujeito como se constituindo a partir de signos, que, sendo parte da realidade, tanto revelam quanto escondem o real, e se ISSN 1517 - 5421 3
  • 4. entendermos o mundo sígnico como sendo o mundo ideológico, uma vez que tudo o que é signo é ideológico, então podemos pensar um pouco mais sobre como o sujeito vai se constituir nesta terceira Onda. Afinal, cada sociedade, em cada tempo histórico, cria e constitui o sujeito de que necessita, ao mesmo tempo em que é constituída pelos sujeitos históricos, existentes então. Se tal grupo social optar por ser constituída de guerreiros, formará guerreiros; se decidir ter sujeitos letrados, investirá todas as suas ações para constituir sujeitos letrados. Ao aceitarmos que esta Onda é Informacional devemos colocar no centro do seu desenvolvimento o que comanda a informação - os meios de comunicação de massa. E a televisão ocupa o lugar central entre as mídia, por sua capacidade de amplificar sua mensagem, pelo volume de aparelhos atingidos por seu sinal, pela dominação estabelecida pelos monopólios, pela palavra monossêmica da classe dominante disseminada por seu intermédio, pela capacidade de repetir exaustivamente os mesmos símbolos de forma atraente e contínua. A comunicação de massa não é a única forma de comunicação e nem de disseminação de informação, pois ela concorre com milhares de outros meios de comunicação, como rádio, jornal, outdoor, folhetos, livros, revistas, e modernamente a internet. Enquanto a comunicação de massa trabalha os símbolos já estabelecidos, que poderíamos chamar de símbolos oficiais e estabilizados na prática social, os demais meios de comunicação trabalham, em escala crescente, os símbolos não oficiais, os símbolos do cotidiano, ainda instabilizados e, portanto, em choque permanente. Estes dois grandes conjuntos de signos dialogam entre si e se mudam constantemente. Além disso, cada conjunto desses ainda carrega dentro de si uma disputa interna acirrada, resultado da luta das classes, na tentativa de impor seu conjunto ideológico e sua visão de mundo. Quanto mais alto na escala, mais o signo já está estabilizado, e decidida está sua representação ideológica, o que não impede que ele interaja com a ideologia fluídica e volúvel e em permanente construção no dia a dia. Que sujeito os aparelhos midiáticos de massa constituem? Se entendermos que os instrumentos de comunicação de massa são propriedade privada de pessoas e grupos da classe dominante, então não custa aceitar que eles estão a serviço destas pessoas e destes grupos que buscam perpetuar-se nesta posição social e econômica, fincando suas garrras no Estado, enquanto propriedade pura. Para que eles consigam manter esta sociedade desta forma, com esta constituição, eles precisam convencer a todos que o mundo e a sociedade é desse jeito deste todo o sempre. Ao naturalizar o que é criação social e cultural, os dominantes garantem a manutenção de seu status. Mas além de significar um modelo de sociedade, a classe dominante usa dos meios de informação de massa para constituir o sujeito que vai habitar este mundo; e o constitui enquanto sujeito trabalhador, como alguém que sente necessidade do trabalho, ao mesmo tempo em que o constitui como sujeito consumidor, como alguém que sente necessidade do que é produzido. Como este sujeito é constituído? É constituído na disseminação do sistema ideológico dominante, e pela utilização de signos de todas as espécies, como qualquer palavra, gesto, som, imagem ou objeto que esteja indicando ou representando outra coisa. Já vimos que este processo não é tranqüilo, visto que as ideologias produzidas no dia a dia, também pelas classes trabalhadoras, interagem constantemente com as ideologias já assumidas enquanto dominantes por aquela sociedade. Isso significa que o sujeito é constituído no embate dos signos, e que a classe dominante não descuida de estabelecer sua visão de mundo, ISSN 1517 - 5421 4
  • 5. utilizando-se para tanto de instrumentos poderosos e sofisticados. E nos últimos séculos já se serviu da Igreja, da escola e agora serve-se dos meios de comunicação de massa, que invadem a casa das pessoas intensivamente, compondo sua visão de mundo e construindo também suas utopias e mexendo em seus desejos, até os mais secretos. E isso se dá de acordo com cada cultura e com o momento histórico vivido por aquele povo, grupo ou classe social. Podemos pensar em como é modelizada a visão estética de um determinado grupo - comida, roupa, tipo de cabelo, tipo corporal preferido; ou a visão ética - noção do belo, do justo, do errado; ou a sensibilidade - que sentimentos são cultivados naquele momento histórico e naquele lugar; ou as necessidades - o que se precisa ter, específico para cada sociedade, seja no Brasil, seja na Suíça ou na África; e até mesmo como são modelizados os imaginários, a visão de futuro, a idéia de povo, de sociedade, as esperanças e as utopias. E aqui é preciso que se diga que nesse processo de constituição do sujeito ele, para se individuar, vai assumindo os jogos estabelecidos pela linguagem, pelos códigos e pelos símbolos daquela determinada sociedade histórico-cultural, o que produz uma alternância de determinação e escolhas. Se somos determinados pela sociedade em todo o processo de construção da subjetividade, também interferimos em todo esse processo, modificando continuamente esta mesma sociedade que nos constrói. Provavelmente os imaginários sociais impingem maior mudança que as transformações econômicas. Até aqui busco o sujeito se constituindo. Nesta Onda Informacional as pessoas se ocuparão com o trabalho de plantar e colher, talvez apenas de 5 a 7% delas, com o trabalho de produzir produtos industrializados, talvez apenas de 15 a 18% delas, e o restante das pessoas, um montante imenso de gente, na ordem de 75 a 80%, estará ocupada em fazer nada produtivo ou trabalhando na prestação de serviços, e de forma bem personalizada. As imensas construções das fábricas deixarão de estar na paisagem, e o lugar de trabalho provavelmente retornará para dentro da própria casa. Tudo isso implica em mudanças fantásticas. Ter ou não acesso à informação será fundamental nessa sociedade; ser detentor e dominar a produção e distribuição de informações é mais fundamental ainda. Ficarão para trás categorias como patrão/empregado, trabalhador ativo/desempregado, e precisaremos construir um sujeito enquanto empreendedor, inserido no coletivo. As riquezas se construirão em novas bases. Se um mundo novo está se dando, que se construa também um novo homem e uma nova mulher; enfim, que se constitua um NOVO SUJEITO. ISSN 1517 - 5421 5
  • 6. VITRINE SUGESTÃO DE LEITURA LINKS A RAZÃO GULOSA: Centro Brasileiro de Filosofia Para Crianças Filosofia do Gosto http://www.cbfc.com.br Ibero-american Science& Technology Consortium MICHEL ONFRAY www.istec.org Rocco Educação no exterior www.fastweb.com RESUMO: O paladar e o olfato são, entre os cinco sentidos, os que usufruem de pior reputação já que são generosos em mostrar o quanto o Línguas homem que pensa e medita é ao mesmo tempo um animal que sente cheiro www.weblinguas.com e saboreia. Daí o descrédito lançado a todas as atividades estéticas que fazem apelo aos sabores e aos odores, assim, como às artes da cozinha e da downloads www.downloads.com bebida.Este livro quer atribuir a dignidade filosófica que falta aos domínios da mesa e a responder afirmativamente a quesltão de Nietzsche: existirá uma filosofia da nutrição? www.superdowloads.com.br www.tucows.com SUMÁRIO: Pequena Teoria das Bolhas; Polidez Gulosa e Cena www.zdnet.com/downloads Gastronômica; Vias de Acesso aos Intestinos; O Útero, a Trufa, e o Filósofo; Breve Mitologia das Religiões excitantes; O Império dos Signos Culinários; Arte Celebração da Parte dos Anjos; Estética do Efêmero; Por uma Filosofia www.mundodaarte.com.br Estendida ao Corpo. Picasso www.clubinternet.com/picasso Áreas de interesse: Filosofia, Gastronomia, Hedonismo. Literatura de Cordel www.ssac.unicamp.br/suarq/cedae/cedae-flc-varal.html Palavras-chave: Filosofia , Culinária, nutrição, Comportamento Humana ISSN 1517 - 5421 6