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“A versatilidade e o génio imaginativo dos ilustradores ultrapassam qualquer
crença. Linhas divergem e convergem em sucessões infinitas, e as mais belas e
luxuosas figuras e ornamentos são combinados e entrançados num desenho
harmonioso. Não existem palavras que descrevam a beleza e o extremo esplendor
das maiúsculas ricamente coloridas, que estão mais profusas no Livro de Kells do
que em qualquer outro manuscrito.”
In Enciclopédia Católica
Página | 2
ÍNDICE:
 Introdução...............................................................................................................................................................................Pág. 3
 Contextualização Histórica e Geográfica ................................................................................................................................Pág. 3
 Entrando no Livro de Kells......................................................................................................................................................Pág. 4
 Ficha Técnica do Livro de Kells ..............................................................................................................................................Pág. 6
 Análise ao Fólio 34 do Livro de Kells ......................................................................................................................................Pág. 6
 Referências Bibliográficas.......................................................................................................................................................Pág. 8
 Anexos....................................................................................................................................................................................Pág. 9
 Anexo I – Imagens de Fólios do Livro de Kells.......................................................................................................Pág. 9
Página | 3
INTRODUÇÃO:
O livro de Kells apresenta-se como uma obra-prima da arte céltica, inigualável pela qualidade aprimorada da sua decoração, pelos seus trabalhados desenhos
e o seu conceito visionário. É visto como uma das maiores iluminuras da sua época com decorações tão surpreendentes e extravagantes que se pensou serem
obra de anjos. Este livro acolhe os quatro evangelhos do Novo Testamento, que conta a história da vida de Cristo.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA:
O Livro de Kells vê-se envolvido por mistério e maravilha. Ninguém tem a absoluta certeza de quando e
onde foi escrito; isto, porque as páginas finais do livro, que deveriam indicar os autores e o local de
escrita, estão perdidas. A teoria mais aceite defende que o livro data de 800 d.C. e que a sua escrita
começou num mosteiro fundado por S. Columba, na ilha escocesa de Iona (ilha localizada entre a Grã
Bretanha e a Irlanda). Os factos apontam para que o mosteiro em questão se tornou num centro de
aprendizagem e de cultura e que teve uma grande influência na difusão da palavra de Deus.
Infelizmente, o facto de a ilha ser muito exposta rendeu-lhe o estatuto de “presa fácil” e quando os
viquingues vieram saquear a ilha por volta de 806 d.C, os monges do mosteiro de S. Columba tiveram
de se refugiar na Abadia de Kells, na Irlanda. Terá sido, então na abadia a que deve o seu nome – na
Abadia de Kells – que o manuscrito terá sido terminado.
Ilha Iona
Fig. 1 Localização da Ilha Iona
Página | 4
Durante o século X, Kells foi repetidamente pilhada por viquingues dinamarqueses e noruegueses. Pensa-se que os monges da abadia tenham tido
esconderijos para o Livro de Kells dentro das paredes espessas de pedra do mosteiro. Em 1007, o manuscrito foi roubado, mas rapidamente encontrado alguns
meses depois, enterrado no solo. Durante esse último furto, a capa de ouro adornada com pedras preciosas do livro fora arrancada e, ainda hoje, o seu
paradeiro resta desconhecido.
O manuscrito permaneceu em Kells até 1654, ano em que o governador inglês Cromwell e a sua cavalaria tornaram Kells como o seu quartel. Assim, o
governador decidiu por bem enviar o Livro de Kells para Dublin onde estaria mais protegido. Apesar de tudo, o Livro de Kells apenas perdeu 60 páginas das
suas 780 originais, tendo em conta os males que o têm assolado. O manuscrito tem estado em exposição na Biblioteca Velha do Trinity College, em Dublin
desde 1840, sendo que em 1953 foi-lhe posta uma nova capa e viu-se dividido em quatro volumes, sendo que apenas dois estão em exposição ao público.
ENTRANDO NO LIVRO DE KELLS:
O Livro de Kells contém os quarto evangelhos de S. Mateus, S. Marco, S. Lucas e S. João. Os prefácios existentes no livro incluem a Breves Causae (Sumários
dos evangelhos) e o Argumenta (pequenas biografias dos evangelistas). Os quatro evangelhos do Novo Testamento são baseados na Vulgate (versão latina da
Bíblia supervisionada por S. Jerônimo no século IV d.C. e utilizada como a versão autorizada pela Igreja Católica Romana); no entanto não contém uma réplica
exata da Vulgata – existem acrescentos e substituições ao texto original. O texto do manuscrito foi escrito com maiúsculas insulares (sistema de escrita
medieval próprio da Irlanda) e acompanhado por elaboradas ilustrações. O livro é composto por 340 fólios, que fazem parte de uma folha maior – bifólio – que,
quando dobrada a meio forma dois fólios. O manuscrito foi concebido para que cada um dos quatro evangelhos tivesse um fólio introdutório adornado de
belíssimas iluminuras. Por outro lado, as palavras que introduzem cada evangelho estão de tal forma elaboradas que se tornam quase inteligíveis. As bordas
das páginas, assim como as próprias letras eram adornadas com espirais elaboradas e figuras zoomórficas. Uma particularidade do Livro de Kells é a sua vasta
gama de cores que passam pelo lilás, o roxo, o vermelho, o cor-de-rosa, o verde e o amarelo e é de realçar que todos os pigmentos eram naturais: por
exemplo, o amarelo era obtido de um mineral do solo irlandês e o vermelho a partir de um inseto.
Página | 5
Duas das mais célebres ilustrações do Livro de Kells
são a ilustração Chi-Rho (fólio 34) e a imagem da
Virgem e Cristo bebé (fólio 7). Acredita-se que a
ilustração da Virgem terá sido a primeira ilustração
em manuscritos ocidentais.
As iluminuras detalhadas do Livro de Kells vestem
todas as páginas deste tesouro à exceção de duas.
O texto é todo ele ornamentado com iniciais
desenhadas e pequenos animais e formas humanas
retorcidas espelhando um trabalho delicado e muito
técnico.
. Fig. 2 Fólio 34 recto do Livro de Kells
Chi-Rho
Fig. 3 Fólio 7 verso do Livro de Kells
A Virgem e Cristo Bebé
Página | 6
FICHA TÉCNICA DO LIVRO DE KELLS:
O Livro de Kells está escrito em folhas de velino (couro de bezerro) na proporção de 35cm x 25cm e terão sido necessários 185 bezerros para produzir um livro
com tal magnificência. A sua capa era originalmente feita de ouro e acabada com pedras preciosas. O livro é composto por 340 fólios dos quais apenas dois
não contêm ilustrações.
ANÁLISE AO FÓLIO 34 RECTO DO LIVRO DE KELLS:
A página Chi-Rho (fólio 34 recto) não é exclusiva do Livro de Kells; na verdade muitos evangelhos insulares iluminados possuíam essa mesma página, mas
nenhuma comparável ao magnífico caos que aqui se encontra. Esse monograma de Cristo introduz o Evangelho de São Mateus que principia por expor a
genealogia de Jesus.
É composto por duas letras gregas, χ (chi) e ρ (rho) – “Cristo” em grego. O monograma de Cristo, no Livro de Kells, é decorado com muitos ornamentos
retirados de um repertório de origem celta, algumas vezes abstratos, outras, figurativos, que resultaram numa profusão labiríntica de formas que escondem, às
vezes, minúsculas figuras de gatos, ratos, peixes, borboletas, anjos, pavões, figuras humanas, a Hóstia Sagrada e também a face de Cristo. O ícone bizantino,
no Livro de Kells, esconde-se nas vísceras das letras.
Página | 7
Destacam-se quatro detalhes do fólio 34 do Livro de Kells:
1. Borboletas e Crisálidas: perto do topo da página encontram-se duas mariposas, ao lado de uma
crisálida. Estes são considerados símbolos religiosos pouco convencionais e referem-se ao tema do
nascimento e da renovação. A palavra generatio no pé da página significa “o nascimento”.
2. Três anjos: ao lado direito do monograma aparecem três anjos. A dupla que se encontra abaixo
posa longitudinalmente, enquanto o terceiro deles segura dois instrumentos usados para afastar
insetos da Eucaristia e do Sacerdote.
3. Cabeça de homem: cabeças humanas estilizadas eram geralmente usadas por artesãos celtas
para decorar objetos preciosos. Algumas teorias sugerem que a cabeça mostrada na obra é uma
referência a Cristo.
4. Gatos e ratos: dois gatos agarram os rabos de dois roedores que roubam a hóstia. Os felinos
também têm as orelhas mordiscadas por um par de ratos. Os desenhos podem ser alguns dos
símbolos da eucaristia espalhados pelo mundo ou apenas um exemplo do bom humor pelo qual a
arte insular é conhecida.
Fig. 2 Fólio 34 recto do Livro de Kells
Chi-Rho
Página | 8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
 http://tesourobibliografico.wordpress.com/2012/05/10/livro-de-kells/
 http://tipografos.net/livros-antigos/kells.html
 http://angels.about.com/od/MiraclesReligiousTexts/a/Learning-Triumphs-The-Miraculous-Story-Of-The-Book-Of-Kells.htm
 http://www.myguideireland.com/book-of-kells
 http://encyclopedia2.thefreedictionary.com/The+Book+of+Kells
 http://cheeseweb.eu/2011/10/visiting-book-kells-trinity-college-library-dublin/
 http://faerytalebook.blogspot.pt/2012/11/inside-book-of-kells.html
 http://www.tcd.ie/Library/manuscripts/book-of-kells.php
 DE PAULA, Marcus Vinicius, A luz e a sombra da iluminura [PDF]
Página | 9
ANEXO I – IMAGENS DE FÓLIOS DO LIVRO DE KELLS:
Página | 10
ANEXO I – IMAGENS DE FÓLIOS DO LIVRO DE KELLS:

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Livro de Kells análise

  • 2. Página | 1 “A versatilidade e o génio imaginativo dos ilustradores ultrapassam qualquer crença. Linhas divergem e convergem em sucessões infinitas, e as mais belas e luxuosas figuras e ornamentos são combinados e entrançados num desenho harmonioso. Não existem palavras que descrevam a beleza e o extremo esplendor das maiúsculas ricamente coloridas, que estão mais profusas no Livro de Kells do que em qualquer outro manuscrito.” In Enciclopédia Católica
  • 3. Página | 2 ÍNDICE:  Introdução...............................................................................................................................................................................Pág. 3  Contextualização Histórica e Geográfica ................................................................................................................................Pág. 3  Entrando no Livro de Kells......................................................................................................................................................Pág. 4  Ficha Técnica do Livro de Kells ..............................................................................................................................................Pág. 6  Análise ao Fólio 34 do Livro de Kells ......................................................................................................................................Pág. 6  Referências Bibliográficas.......................................................................................................................................................Pág. 8  Anexos....................................................................................................................................................................................Pág. 9  Anexo I – Imagens de Fólios do Livro de Kells.......................................................................................................Pág. 9
  • 4. Página | 3 INTRODUÇÃO: O livro de Kells apresenta-se como uma obra-prima da arte céltica, inigualável pela qualidade aprimorada da sua decoração, pelos seus trabalhados desenhos e o seu conceito visionário. É visto como uma das maiores iluminuras da sua época com decorações tão surpreendentes e extravagantes que se pensou serem obra de anjos. Este livro acolhe os quatro evangelhos do Novo Testamento, que conta a história da vida de Cristo. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA: O Livro de Kells vê-se envolvido por mistério e maravilha. Ninguém tem a absoluta certeza de quando e onde foi escrito; isto, porque as páginas finais do livro, que deveriam indicar os autores e o local de escrita, estão perdidas. A teoria mais aceite defende que o livro data de 800 d.C. e que a sua escrita começou num mosteiro fundado por S. Columba, na ilha escocesa de Iona (ilha localizada entre a Grã Bretanha e a Irlanda). Os factos apontam para que o mosteiro em questão se tornou num centro de aprendizagem e de cultura e que teve uma grande influência na difusão da palavra de Deus. Infelizmente, o facto de a ilha ser muito exposta rendeu-lhe o estatuto de “presa fácil” e quando os viquingues vieram saquear a ilha por volta de 806 d.C, os monges do mosteiro de S. Columba tiveram de se refugiar na Abadia de Kells, na Irlanda. Terá sido, então na abadia a que deve o seu nome – na Abadia de Kells – que o manuscrito terá sido terminado. Ilha Iona Fig. 1 Localização da Ilha Iona
  • 5. Página | 4 Durante o século X, Kells foi repetidamente pilhada por viquingues dinamarqueses e noruegueses. Pensa-se que os monges da abadia tenham tido esconderijos para o Livro de Kells dentro das paredes espessas de pedra do mosteiro. Em 1007, o manuscrito foi roubado, mas rapidamente encontrado alguns meses depois, enterrado no solo. Durante esse último furto, a capa de ouro adornada com pedras preciosas do livro fora arrancada e, ainda hoje, o seu paradeiro resta desconhecido. O manuscrito permaneceu em Kells até 1654, ano em que o governador inglês Cromwell e a sua cavalaria tornaram Kells como o seu quartel. Assim, o governador decidiu por bem enviar o Livro de Kells para Dublin onde estaria mais protegido. Apesar de tudo, o Livro de Kells apenas perdeu 60 páginas das suas 780 originais, tendo em conta os males que o têm assolado. O manuscrito tem estado em exposição na Biblioteca Velha do Trinity College, em Dublin desde 1840, sendo que em 1953 foi-lhe posta uma nova capa e viu-se dividido em quatro volumes, sendo que apenas dois estão em exposição ao público. ENTRANDO NO LIVRO DE KELLS: O Livro de Kells contém os quarto evangelhos de S. Mateus, S. Marco, S. Lucas e S. João. Os prefácios existentes no livro incluem a Breves Causae (Sumários dos evangelhos) e o Argumenta (pequenas biografias dos evangelistas). Os quatro evangelhos do Novo Testamento são baseados na Vulgate (versão latina da Bíblia supervisionada por S. Jerônimo no século IV d.C. e utilizada como a versão autorizada pela Igreja Católica Romana); no entanto não contém uma réplica exata da Vulgata – existem acrescentos e substituições ao texto original. O texto do manuscrito foi escrito com maiúsculas insulares (sistema de escrita medieval próprio da Irlanda) e acompanhado por elaboradas ilustrações. O livro é composto por 340 fólios, que fazem parte de uma folha maior – bifólio – que, quando dobrada a meio forma dois fólios. O manuscrito foi concebido para que cada um dos quatro evangelhos tivesse um fólio introdutório adornado de belíssimas iluminuras. Por outro lado, as palavras que introduzem cada evangelho estão de tal forma elaboradas que se tornam quase inteligíveis. As bordas das páginas, assim como as próprias letras eram adornadas com espirais elaboradas e figuras zoomórficas. Uma particularidade do Livro de Kells é a sua vasta gama de cores que passam pelo lilás, o roxo, o vermelho, o cor-de-rosa, o verde e o amarelo e é de realçar que todos os pigmentos eram naturais: por exemplo, o amarelo era obtido de um mineral do solo irlandês e o vermelho a partir de um inseto.
  • 6. Página | 5 Duas das mais célebres ilustrações do Livro de Kells são a ilustração Chi-Rho (fólio 34) e a imagem da Virgem e Cristo bebé (fólio 7). Acredita-se que a ilustração da Virgem terá sido a primeira ilustração em manuscritos ocidentais. As iluminuras detalhadas do Livro de Kells vestem todas as páginas deste tesouro à exceção de duas. O texto é todo ele ornamentado com iniciais desenhadas e pequenos animais e formas humanas retorcidas espelhando um trabalho delicado e muito técnico. . Fig. 2 Fólio 34 recto do Livro de Kells Chi-Rho Fig. 3 Fólio 7 verso do Livro de Kells A Virgem e Cristo Bebé
  • 7. Página | 6 FICHA TÉCNICA DO LIVRO DE KELLS: O Livro de Kells está escrito em folhas de velino (couro de bezerro) na proporção de 35cm x 25cm e terão sido necessários 185 bezerros para produzir um livro com tal magnificência. A sua capa era originalmente feita de ouro e acabada com pedras preciosas. O livro é composto por 340 fólios dos quais apenas dois não contêm ilustrações. ANÁLISE AO FÓLIO 34 RECTO DO LIVRO DE KELLS: A página Chi-Rho (fólio 34 recto) não é exclusiva do Livro de Kells; na verdade muitos evangelhos insulares iluminados possuíam essa mesma página, mas nenhuma comparável ao magnífico caos que aqui se encontra. Esse monograma de Cristo introduz o Evangelho de São Mateus que principia por expor a genealogia de Jesus. É composto por duas letras gregas, χ (chi) e ρ (rho) – “Cristo” em grego. O monograma de Cristo, no Livro de Kells, é decorado com muitos ornamentos retirados de um repertório de origem celta, algumas vezes abstratos, outras, figurativos, que resultaram numa profusão labiríntica de formas que escondem, às vezes, minúsculas figuras de gatos, ratos, peixes, borboletas, anjos, pavões, figuras humanas, a Hóstia Sagrada e também a face de Cristo. O ícone bizantino, no Livro de Kells, esconde-se nas vísceras das letras.
  • 8. Página | 7 Destacam-se quatro detalhes do fólio 34 do Livro de Kells: 1. Borboletas e Crisálidas: perto do topo da página encontram-se duas mariposas, ao lado de uma crisálida. Estes são considerados símbolos religiosos pouco convencionais e referem-se ao tema do nascimento e da renovação. A palavra generatio no pé da página significa “o nascimento”. 2. Três anjos: ao lado direito do monograma aparecem três anjos. A dupla que se encontra abaixo posa longitudinalmente, enquanto o terceiro deles segura dois instrumentos usados para afastar insetos da Eucaristia e do Sacerdote. 3. Cabeça de homem: cabeças humanas estilizadas eram geralmente usadas por artesãos celtas para decorar objetos preciosos. Algumas teorias sugerem que a cabeça mostrada na obra é uma referência a Cristo. 4. Gatos e ratos: dois gatos agarram os rabos de dois roedores que roubam a hóstia. Os felinos também têm as orelhas mordiscadas por um par de ratos. Os desenhos podem ser alguns dos símbolos da eucaristia espalhados pelo mundo ou apenas um exemplo do bom humor pelo qual a arte insular é conhecida. Fig. 2 Fólio 34 recto do Livro de Kells Chi-Rho
  • 9. Página | 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:  http://tesourobibliografico.wordpress.com/2012/05/10/livro-de-kells/  http://tipografos.net/livros-antigos/kells.html  http://angels.about.com/od/MiraclesReligiousTexts/a/Learning-Triumphs-The-Miraculous-Story-Of-The-Book-Of-Kells.htm  http://www.myguideireland.com/book-of-kells  http://encyclopedia2.thefreedictionary.com/The+Book+of+Kells  http://cheeseweb.eu/2011/10/visiting-book-kells-trinity-college-library-dublin/  http://faerytalebook.blogspot.pt/2012/11/inside-book-of-kells.html  http://www.tcd.ie/Library/manuscripts/book-of-kells.php  DE PAULA, Marcus Vinicius, A luz e a sombra da iluminura [PDF]
  • 10. Página | 9 ANEXO I – IMAGENS DE FÓLIOS DO LIVRO DE KELLS:
  • 11. Página | 10 ANEXO I – IMAGENS DE FÓLIOS DO LIVRO DE KELLS: