1) Viriato era um chefe lusitano que liderou a resistência contra os romanos na Península Ibérica no século II a.C.
2) Ele salvou um grupo de 10 mil lusitanos cercados pelos romanos usando táticas de guerrilha e astúcia para romper o cerco.
3) Apesar de sua invencibilidade em batalha aberta, Viriato foi assassinado por traição por três homens da sua própria tribo que foram subornados pelos romanos.
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
Viriato, o chefe invencível dos Lusitanos
1. Viriato, um chefe invencível<br />Ninguém sabe ao certo quando nasceu Viriato nem a que família pertencia. Segundo a tradição, durante a juventude terá sido pastor nos Montes Hermínios, que hoje se chamam Serra da Estrela (1).<br />Há quem diga que Viriato participou desde muito novo em assaltos-relâmpago às povoações dominadas por romanos. E que já então se distinguia pela agilidade, pela força e pela inteligência guerreira.No entanto, foi um dos homens que acreditaram nas promessas de Galba e desceram à planície na intenção de se instalar e viver em paz numa terra fértil. Assistiu ao ataque traiçoeiro; não pôde lutar porque não tinha armas, mas conseguiu fugir.<br />Depois do massacre, todos os lusitanos sobreviventes regressaram aos seus castros nas montanhas. A pouco e pouco reorganizaram-se, fabricaram armas e prepararam o contra-ataque. <br />No ano 147 a.C. dez mil lusitanos em fúria avançaram para sul e dirigiram-se a uma zona dominada pelos Romanos. Queriam saquear as povoações e vingar a morte dos companheiros, mas quando menos esperavam perceberam que estavam cercados à distância por um anel de soldados inimigos. Que fazer?<br />Os chefes, para evitarem nova carnificina, propuseram-se ir negociar a rendição. Viriato opôs-se com veemência. Erguendo a voz, lembrou:<br />- Os Romanos não respeitam promessas. Enganaram-me uma vez, não me tornam a enganar. Comigo não contem para negociações. Prefiro lutar ou morrer.<br />O discurso e a firmeza impressionaram toda a gente, sobretudo os outros chefes. E Viriato continuou:<br />- Se não podemos vencê-los pela força, vencê-los-emos pela astúcia. Ora oiçam o meu plano.<br />Propôs-lhes então o seguinte: os homens que combatiam a pé deviam formar grupos e a um sinal combinado disparar em todas as direcções e romper a barreira que os cercava sem dar tempo aos inimigos de se organizarem.<br />- Enquanto vocês fogem, eu e os outros cavaleiros caímos sobre eles ora de um lado ora de outro, de forma a derrotá-los e a proteger a vossa fuga.<br />O plano foi aceite; faltava combinar o sinal.<br />- Fiquem atentos. Quando eu montar a cavalo, já sabem... é ordem para arrancar.<br />Pouco depois ecoavam gritos de guerra pelos campos, zuniam setas e lanças, por toda a parte se ouvia o tinir das espadas. Os romanos não estavam à espera daquela táctica-relâmpago e, tal como Viriato previra, desnortearam-se. Muitos grupos de peões romperam o cerco e desapareceram, enquanto os bravos cavaleiros lusitanos, apesar de estarem em minoria e de possuírem armas mais fracas, lutavam sem cessar.<br />O campo de batalha ficou juncado de mortos, o próprio general romano perdeu a vida, mas não se pode falar de vitória ou derrota. Neste confronto, Viriato, mais do que vencer os Romanos, salvou os Lusitanos. A partir de então foi reconhecido e amado como chefe máximo por todas as tribos.<br />As mulheres sonhavam com ele, os homens admiravam-no, acatavam as suas ordens e seguiam-no com tanto entusiasmo e convicção que durante anos lançaram o terror entre as hostes inimigas. Viriato parecia invencível. E, de facto, em guerra aberta ninguém o derrubou.<br />No ano de 139 a.C. Viriato foi assassinado à traição, quando dormia na tenda, por três homens da sua tribo que os Romanos tinham aliciado e subornado. Os Lusitanos choraram longamente a perda daquele chefe querido e ficaram muito enfraquecidos. Quanto aos assassinos, parece que não chegaram a obter nenhuma recompensa pelo crime. Segundo consta, foram recebidos com desprezo pelo chefe romano, que lhes terá dito «Roma não paga a traidores».<br />É engraçado que tudo o que sabemos a respeito deste homem que os Portugueses consideram como o primeiro dos seus heróis foi escrito por autores romanos. Impressionados pela personalidade forte, austera e recta do chefe lusitano, impressionados também pelo imenso valor que demonstrava na guerra, escreveram vários textos elogiosos sobre ele. Apesar de serem adversários, foram os Romanos que deram a conhecer ao mundo a figura de Viriato.(1) Os historiadores actuais consideram que a ideia de Viriato ter sido pastor nos Montes Hermínios é lendária.<br />in Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Portugal - História e Lendas, ed. Caminho<br />