A exposição "Sentidos do Nascer" tem como objetivo sensibilizar o público sobre a banalização da cesariana desnecessária no Brasil e promover uma mudança cultural valorizando o parto normal. A exposição é interativa e imersiva, levando o visitante por diferentes seções que simulam a experiência da gestação e do parto normal. Pretende desmistificar percepções e incentivar boas práticas no momento do parto e nascimento.
2. Apresentação da exposição
Sentidos do Nascer é uma exposição imersiva e interativa que visa sensibilizar
o grande púbico, gerando emoções através da arte, instigando o visitante de
forma lúdica, provocando o desejo de conhecer e o pensamento crítico sobre a
banalização da cesariana e a postura consumista que vem ganhando terreno
sobre diversas dimensões da existência humana.
A exposição tem como perspectiva a “implicação dos sujeitos”, para além da
mera transmissão de informação e da argumentação racional. Para tanto,
conjuga diferentes linguagens (arte-digital com técnicas teatrais) e suportes
(vídeos e fotografias, cenários, painéis com textos) de forma a despertar
diferentes sensações nos visitantes.
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4. Como está estruturada?
A exposição é estruturada em cinco seções que levam o visitante a desenvolver
uma percepção mais profunda sobre o processo que vai da gestação ao
nascimento.
O primeiro contato acontece quando o visitante, independente do sexo ou
idade, se torna grávido. Em seguida, é exposto à exploração do parto como
negócio e sofre a influência de opiniões controversas e palpites de diversas
pessoas sobre a melhor forma de nascer. É então acolhido no útero, passa pelo
canal do parto e vivencia o nascimento. Por fim, na área de conversas, onde
textos, vídeos, encontros e trocas de experiência acontecem, tem a
oportunidade de aprofundar sua própria experiência e visão sobre o tema. Ao
longo do percurso, a exposição vai revelando temas delicados, polêmicos e
emocionantes.
12. O que se pretende com a exposição?
A exposição Sentidos do Nascer é uma proposta de ampliação e
fortalecimento do debate sobre o parto e nascimento no Brasil. Lança um
olhar crítico ao cenário da hipermedicalização do parto e nascimento, da
perda do protagonismo da mulher e da exploração do parto como um
negócio.
Pretende contribuir para a mudança da percepção sobre o nascimento
valorizando o parto normal, para a redução da cesariana desnecessária e da
prematuridade iatrogênica, ou seja, provocada pela interrrupção da gravidez
sem uma real indicação.
13. O que se pretende com a exposição ?
Pretende expor ao público boas experiências do parto e nascimento, desmitificar
percepções sustentadas pelo senso comum, contribuindo para reverter práticas
inadequadas hoje reconhecidas como violência obstétrica.
É um incentivo para que aconteça uma mudança cultural que garanta o bem-
estar e os direitos da mulher e da criança no momento do parto e nascimento. É
o desejo que um bom começo se estenda pela vida.
As ações culturais aqui propostas têm como horizonte a superação deste
problema social, a promoção da cidadania e da equidade, a promoção dos
direitos e da saúde, em especial da mulher e da criança, de mudanças na
prática do cuidado à saúde e da educação como possibilidade de autonomia e
desenvolvimento humano.
15. O contexto
O Brasil é campeão mundial de cesarianas e de cesarianas desnecessárias, o que
vem repercutindo com o aumento dos índices de prematuridade além dos diversos
efeitos colaterais de cirurgias injustificáveis e da separação mãe e bebê com
prejuízo do vínculo, do afeto e do aleitamento materno, protetor da saúde infantil.
Além de interesses comerciais de setores do sistema privado de saúde, estas
práticas são reforçadas pela cultura do consumo e da praticidade, que faz com que
muitas gestantes “optem” ou se deixem levar para a cirurgia, desnecessária na
maior parte dos casos. Aliado a isso está o fato de a assistência ao parto ter se
tornado altamente invasiva e agressiva, com procedimentos frequentes e sem
embasamento científico, como o corte da vagina (episiotomia), a ocitocina artificial
que aumenta as contrações para acelerar o parto e manobras dolorosas para
empurrar o bebê, que transformam o cenário do parto e nascimento em um
momento de sofrimento e horror, reforçando representações sociais do nascimento
como uma doença.
16. O Contexto
Uma série de iniciativas de políticas públicas (Política Nacional de
Humanização, a Rede Cegonha) e da sociedade civil organizada vem buscando
reverter este quadro desolador, com campanhas de informação e de
mobilização para a humanização do parto e nascimento, que já tem provocado
algumas mudanças.
Ainda assim predomina o nascimento cirúrgico: 56,7% dos nascimentos no
Brasil em 2013 ocorreram por meio de cesariana. Pressupondo que a arte é
capaz de provocar outro tipo de experiência e reflexão, a exposição Sentidos do
Nascer pretende contribuir para a mudança cultural.
18. Origem do projeto
O projeto nasceu de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2017 pela
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, o movimento - “BH pelo Parto
Normal”. Inspirado no Caminhão- exposição “Sentimentos da Terra”,
nos encantamos com a possibilidade de uma intervenção cultural sobre o parto e
o nascimento.
A chance veio com um edital público de pesquisa sobre prematuridade no Brasil,
financiado pelo Ministério da Saúde, CNPQ e Fundação Bill e Melinda Gates. O
projeto “Efeitos de uma exposição interativa na transformação da percepção
sobre o parto e nascimento – mobilização comunitária para redução do excesso
de cesariana e da prematuridade iatrogênica no Brasil”, fruto de uma parceria da
PBH e UFMG, foi um dos selecionados.
19. Desdobramentos
Bolado por uma equipe multidisciplinar, a exposição -”laboratório”, foi montada no
final de 2014 e início de 2015. Nas cidades em que percorreu nesse primeiro ano
- Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Niterói e Brasília – contou também com o apoio
do Ministério da Saúde e dos governos locais por meio de suas Secretarias de
Saúde.
Como um projeto de extensão de uma universidade pública que visa a promoção
da saúde pública, as montagens são sempre gratuitas. Mas as montagens e
manutenção são dispendiosas e, assim, a equipe está sempre procurando novas
parcerias que possibilitem levar a exposição por todo o Brasil ou construir
réplicas em alguns locais, como a que está sendo montada no Centro Cultural do
Ministério da Saúde, na Praça XV, no Rio de Janeiro em parceria com
a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. No vídeo a seguir você verá
em um minuto o trabalho de horas de montagem.