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A PAZ DO SENHOR JESUS SEJA CONVOSCO
Estamos vivendo tempos de sede espiritual, onde heresias têm procurado se
instalar no meio da Igreja. Não basta apenas termos talentos naturais ou
compreensão das conseqüências das crises que o mundo atravessa.
Precisamos, exercer influências com nosso testemunho perante os que
dispomos a ensinar a Palavra de Deus. Esse treinamento compacto e objetivo
da Teologia Sistemática é muito importante porque nos dará ampla visão da
teologia Divina, atrairá futuros líderes ao aprendizado e criará um ambiente mais
espiritual na nossa Igreja (Koinonia). Aprendizados errados geram desastres e
resistência à Obra de Deus.
Somente o correto de forma correta leva ao sucesso, na consciência e
submissão ao Espírito Santo que rege a Igreja. Temos que combinar estratégias
de ensino com o nosso caráter revelado em nossas vidas; devemos incentivar a
confiança dos alunos na Escritura, com coerência e potencial.
Temos capacidade, em Deus, de mudarmos o mundo, começando do mundo
interior das consciências humanas dos alunos, que se tornarão futuros
evangelizadores capacitados na Palavra de Deus.
Não preguemos a verdade para ferirmos os outros ou para destruir, mas para
ajudar e corrigir as almas, com amor, esperando que Deus lhes conceda o
entendimento do Reino dos Céus.
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DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM RESPONSABILIDADE
DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ORAÇÃO.
A Palavra de Deus é discernida espiritualmente. Por isso, devemos orar pedindo
a Deus que abra os nossos olhos para podermos ver as maravilhas de sua lei (1
Co 2.14; Sl 119.18). Entender a Bíblia é uma virtude espiritual que somente
Deus pode nos dar (Ef 1.17-19). A qualidade de nosso estudo teológico passa
pela qualidade de nossa espiritualidade, que se manifesta numa vida de
dependência de Deus pela oração.
DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM HUMILDADE.
A Bíblia diz que ―Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos
humildes‖ (1 Pe 5.5). À medida que aprendemos das Escrituras, devemos ter o
cuidado de não nos orgulharmos, assumindo assim uma atitude de
superioridade em relação àqueles que não conhecem o que temos estudado.
Para evitar o orgulho, devemos associar o conhecimento ao amor (1 Co 8.1).
DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A RAZÃO.
Podemos e devemos usar nossa razão para estudar e tirar conclusões do
estudo das Escrituras Sagradas, mas nunca fazer deduções que contradiga o
que a própria Bíblia diz. Nossas conclusões lógicas podem muitas vezes ser
errôneas, pois os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos
pensamentos (Isaias 55.8-9). A Bíblia é a essência da verdade, e todo o seu
conteúdo é justo e permanente (Salmos 119.160). Toda conclusão lógica que
5
tivermos ao estudar teologia, deve estar em harmonia com toda a Bíblia. Caso
contrário, nossa lógica está enganada, pois a Bíblia não se contradiz jamais.
DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A AJUDA DE OUTROS.
Deus estabeleceu mestres na igreja e seminários de teologia (1 Co 12.28). Isso
significa que devemos ler livros escritos por teólogos e seminários preparados
como o Seminário Gospel. Conversar com outros cristãos sobre teologia é
também uma excelente maneira de conhecer mais sobre Deus.
DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COMPILANDO PASSAGENS BÍBLICAS.
O uso de uma boa concordância bíblica nos ajudará a procurar palavras-chave
sobre determinado assunto. Resumir versículos relevantes e estudar passagens
difíceis também ajuda. É grande a alegria ao descobrir temas bíblicos. É a
recompensa do próprio estudo.
DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ALEGRIA.
Não podemos estudar teologia de forma fria, pois ela trata do Deus vivo e de
suas maravilhas. O estudo da Bíblia é uma maneira de amar a Deus de todo o
coração (Dt 6.5), pois seus ensinamentos ―dão alegria ao coração‖, são grandes
riquezas (Sl 19.8; 119.14). No estudo da teologia somos levados a dizer: ―Ó
profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão
insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem
conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Quem primeiro lhe
6
deu, para que ele o recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as
coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém‖ (Rm 11.33-36).
CURIOSIDADES BÍBLICAS:
A palavra Bíblia vem do grego, através do latim, e significa: livros.
Os primeiros materiais utilizados para as escrituras foram: a pedra, usada por
Moisés para receber os dez mandamentos (Êxodo 24:12 e 34:1); o papiro,
material extraído de uma planta aquática desse mesmo nome (Jó 8:11; Isaías
18:2); de papiro deriva o termo papel (II João 12) e o pergaminho, pele de
animais, curtida e preparada para escrita, usado a partir do início do século i, na
Ásia menor (II Timóteo 4:13).
A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos.
A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo após a invenção do prelo, em
1452 em Mainz, Alemanha.
A primeira Bíblia em português foi impressa em 1748, a tradução foi feita a partir
da vulgata latina e iniciou-se com d. diniz (1279-1325).
A divisão em capítulos foi introduzida pelo professor universitário parisiense
Stephen langton, em 1227, que viria a ser eleito bispo de cantuária pouco tempo
depois.
7
A divisão em versículos foi introduzida em 1551, pelo impressor parisiense
Robert Stephanus. Ambas as divisões tinham por objetivo facilitar a consulta e
as citações bíblicas, e foi aceita por todos, incluindo os judeus;
O versículo central da Bíblia é o Salmo 118:8, o qual divide a mesma ao meio.
Os livros de Ester e cantares de Salomão não possuem a palavra ―Deus‖.
A frase ―não temas‖, ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada
dia do ano!
Há 3573 promessas na Bíblia.
O antigo testamento encerra citando a palavra ―maldição‖, o novo testamento
encerra citando ―a graça de nosso Senhor Jesus Cristo‖.
A Bíblia completa pode ser lida em 70 horas e 40 minutos, na cadência de leitura
de púlpito. O antigo testamento leva 52 horas e 20 minutos. O novo testamento,
18 horas e 20 minutos. Para ler a Bíblia toda em um ano basta ler 5 capítulos
aos domingos e 3 nos demais dias da semana.
8
COMO PODEMOS SABER SE A BÍBLIA É INFALÍVEL?
A PRÓPRIA BÍBLIA O AFIRMA:
A Bíblia afirma em várias passagens acerca de si mesma que ela é a palavra de
Deus e não contem erros (II Timóteo 3:16-17; II Pedro 1:20-21; Mateus 24:35)
A expressão "assim diz o senhor" e equivalentes encontram-se cerca de 3.800
vezes na Bíblia.
Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como
tradução mal feita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de
quem estuda, falsa aplicação quanto aos sentidos do texto, etc. saibamos refletir
como Agostinho, que disse: ―num caso desse, deve haver erro do copista, que
não consigo entender...‖
A BÍBLIA FAZ REFERÊNCIA A FATOS ATUAIS:
A primeira citação da redondeza da terra é feita na Bíblia, e não por Galileu
Galileu (Isaías 40: 22).
O trânsito pesado e veloz, os cruzamentos e os faróis acesos aparecem
descritos exatamente como são hoje (Naum 2:4).
A mensagem através de "out-doors" é uma citação bíblica
detalhada (Habacuque 2: 2).
9
A primeira referência a impressões digitais aparece no livro mais antigo da
Bíblia (Jó 37:7).
A UNIDADE DA BÍBLIA É UM MILAGRE:
Unidade da Bíblia só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros,
escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses
homens tinham diferentes atividades e escreveram sob diferentes situações.
Na maior parte dos casos não se conhecem e nada sabiam sobre o que já havia
sido escrito pelos outros. Tudo isto somando num livro puramente humano daria
uma babel indecifrável!
A BÍBLIA TEM UM ÚNICO TEMA CENTRAL:
É o Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo declara em Lucas 24: 27, 44 e João 5:39.
Considerando Cristo como o tema central da Bíblia, os 66 livros apontam para
Ele:
Gênesis: Jesus é o descendente da mulher (3:15)
Êxodo: é o cordeiro pascal (12:5-13)
Levíticos: é o sacrifício expiatório (4:14,21)
Números: é a rocha ferida (20:7-13)
Deuteronômio: é o profeta (18:15)
Josué: é o príncipe dos exércitos do senhor (5:14)
Juízes: é o libertador (3:9)
Rute: é o parente divino (3:12)
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Reis e Crônicas: é o rei prometido (I Reis 4:34)
Ester: é a providência divina (4:14)
Jó: é o nosso redentor (19:25)
Salmos: é o nosso socorro e alegria (46:1)
Provérbios: é a sabedoria de Deus (8:22-36)
Cantares: é o nosso amado (2:8)
Eclesiastes: é o pregador perfeito (12:10)
Profetas: é o messias prometido (Mateus 2:6)
Evangelhos: é o salvador do mundo (João 3)
Atos: é o cristo ressurgido (2:24)
Epístolas: é a cabeça da igreja (Efésios 4:14)
Apocalipse: é o alfa e o ômega (22:13)
Podemos afirmar que a Bíblia é a palavra de Deus, nossa única regra de fé e
prática e infalível, nenhuma de suas promessas jamais falhou e seguir suas
orientações é garantia de sucesso em todas as áreas da vida.
11
PRIMEIRO MÓDULO
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA
A Teologia Sistemática é uma importante ferramenta em nos ajudar a
compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada.
DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA
A palavra ―teologia‖ é derivada dos termos gregos theos, que significa ―Deus‖
e iogos, que significa ―palavra‖, ―discurso‖, ―tratado‖ ou ―estudo‖. A Teologia
pode então ser conceituada, do modo mais simples, como ―a ciência do estudo
de Deus‖. O seu campo é estendido não apenas à pessoa de Deus, mas
também às Suas obras, de forma que ela tem sido chamada de ―o estudo de
Deus e de sua relação para com o Universo‖,―Sistematizar‖, por sua vez, é
―reduzir diversos elementos a um sistema‖ ou ―agrupar em um corpo de
doutrina‖. Sistemático, portanto, é aquilo que segue um sistema, uma
ordenação, um método.
Quando se aplica o adjetivo a essa disciplina da enciclopédia teológica não se
quer dizer que outras disciplinas (como a exegese ou a teologia bíblica) não
seguem qualquer sistema, mas que é a Teologia Sistemática que procura
oferecer a verdade acerca de Deus e sua obra, apresentada na Bíblia, como um
todo, como um sistema unificado.
Teologia Sistemática é qualquer estudo que responda à pergunta: ―O que a
Bíblia toda nos ensina hoje?‖ sobre qualquer assunto. (John Frame,
12
Westminister Seminary, Escondido, Califórnia – EUA). Essa definição índica que
Teologia Sistemática envolve coletar e compreender todas as passagens
relevantes na Bíblia sobre vários assuntos e então resumir seus ensinos
claramente de modo que conheçamos aquilo que cremos sobre cada assunto.
OUTRAS DEFINIÇÕES DE TEOLOGIA
ALEXANDER:
A ciência de Deus. Um resumo da verdade religiosa cientificamente arranjada,
ou uma coleção filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay
Alexander).
CHAFER:
Teologia sistemática pode ser definida como a coleção, cientificamente
arrumada, comparada, exibida e defendida de todos os fatos de toda e qualquer
fonte referentes a Deus e às Suas obras. Ela é temática porque segue uma
forma de tese humanamente idealizada, e apresenta e verifica a verdade como
verdade (Lewis Sperry Chafer).
HODGE:
A teologia sistemática tem por objetivo sistematizar os fatos da Bíblia, e
averiguar os princípios ou verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles
Hodge).
13
THOMAS:
A ciência é a expressão técnica das leis da natureza; a teologia é a expressão
técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos
espirituais da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de
ensinamentos. A doutrina, assim, corresponde às generalizações da ciência (W.
H. Griffith Thomas)
STRONG:
A ciência de Deus e dos relacionamentos de Deus com o universo (A. H.
Strong).
SHEDD:
Uma ciência que se preocupa com o infinito e o finito, com Deus e o universo. O
material, portanto, que abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência.
Também é a mais necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd).
DEFINIÇÕES ERRADAS:
Para definir teologia foram empregados alguns termos enganadores e
injustificados. Já se declarou que ela é "a ciência da religião"; mas o termo
religião de maneira nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a
Sua obra. Da mesma forma já se disse que ela é "o tratamento científico
daquelas verdades que se encontram na Bíblia; mas esta ciência, embora extrai
porção maior do seu material das Escrituras, extrai também o seu material de
toda e qualquer fonte. A teologia sistemática também tem sido definida como o
14
arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o cristianismo representa apenas
uma simples fração de todo o campo da verdade relativa à Pessoa de Deus e o
Seu universo, esta definição não é adequada.
OUTRAS AREAS DA TEOLOGIA ABORDADAS EM CURSOS DE
BACHAREIS EM TEOLOGIA DO SEMINÁRIOGOSPEL.COM
TEOLOGIA BÍBLICA:
Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento
divinamente ordenado e no seu ambiente histórico conforme nos apresentados
diversos livros da Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo doutrinário
e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada. A teologia bíblica extrai o seu
material exclusivamente da Bíblia, seu período compreende somente até o final
da era apostólica.
TEOLOGIA DOGMÁTICA:
É a sistematização e defesa das doutrinas expressas nos símbolos da Igreja.
Assim temos "Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma exposição e
defesa da doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por Wm. G. T. Shedd, como
uma exposição da Confissão de Westminster e de outros símbolos
presbiterianos; e "Teologia Sistemática", por Louis Berkhof, como uma
exposição da teologia reformada.
15
TEOLOGIA EXEGÉTICA:
Estuda o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo das
línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da teologia
bíblica.
TEOLOGIA HISTÓRICA:
Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também investiga as
variações sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história bíblica, história
da igreja, história das missões, história da doutrina e história dos credos e
confissões. A teologia histórica tem seu período compreendido desde a era
apostólica até os dias atuais.
TEOLOGIA NATURAL:
Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra revelado na
natureza.
TEOLOGIA PRÁTICA:
Trata da aplicação da verdade aos corações dos homens trazidas pelos outros
ramos da teologia, sobretudo a sistemática. Ela busca aplicar à vida prática os
ensinamentos das outras teologias, para edificação, educação, e aprimoramento
do serviço dos homens. Ela abrange os cursos de homilética, administração da
igreja, liderança liturgia, educação cristã e missões.
16
OBJETIVO DA TEOLOGIA
―A coleção, o arranjo lógico, a comparação, a exposição e a defesa de todos os
fatos de todas as fontes com respeito a Deus e Suas relações com o Universo‖
(Paul Davidson, Vol. I, p. 2).
―O papel da Teologia como ciência não é criar fatos, mas descobri-los e
apresentar a relação deles entre si. Os fatos com que lida a Teologia estão na
Bíblia‖ (Paul Davidson, idem).
LIMITAÇÕES AO CONHECIMENTO TEOLÓGICO
Limitações da mente humana (Rm 11:33; 2 Pe 3:16);
Limitações da linguagem humana (2 Co 12:4);
Restrições colocadas pelo próprio Deus (Deuteronômio 29:29; Provérbios 25:2;
Marcos 13:32; Jô 16:12; Atos 1:7).
Para chegarmos à organização que temos hoje, foram necessários anos de
estudos e combate às heresias. Após a era apostólica (morte dos apóstolos)
surgiram figuras de muita importância no cenário cristão, os apologistas,
estudiosos cristãos que defendiam a fé diante das heresias que surgiam em sua
época, como Justino Mártir, Tertuliano, Irineu entre outros (100 – 451 d.c.). Essa
apologética contribuiu em muito para a organização das doutrinas bíblicas como
as temos hoje.
17
A NATUREZA DA DOUTRINA
A Bíblia Sagrada dá grande relevância à doutrina, e afirma fornecer o material
próprio para seu conteúdo. Ela é enfática em sua condenação contra o que é
falso. Adverte contra as "doutrinas dos homens" (Cl. 2.22); contra a "doutrina
dos fariseus" (Mt. 16.12); contra os "ensinos de demônios" (I Tim. 4.1); contra os
que ensinam "doutrinas que são preceitos de homens" (Mc. 7.7); contra os que
"são levados ao redor por todo vento de doutrina" (Ef.4.14).
No entanto, se por um lado a Bíblia condena o falso profeta, por outro exorta e
recomenda a verdadeira doutrina. Entre outras coisas para a doutrina que "da
Escritura é... útil para o ensino" (2 Tim. 3.16). Portanto, nas Escrituras a doutrina
é reputada como "boa" (I Tim. 4.6); "sã" (I Tim. 1.10); "segundo a piedade" (I
Tim. 6.3); "de Deus" (Tt. 2.10), e "de Cristo" (II Jo.9).
Para alguns cristãos, a palavra "doutrina" pode se mostrar um tanto
ameaçadora. Ela evoca visões de crenças muito técnicas, difíceis e abstratas,
talvez apresentadas de forma dogmática. Doutrina, entretanto, não é isso.
A doutrina cristã é apenas a declaração das crenças mais fundamentais do
cristão: crenças sobre a natureza de Deus; sobre sua ação; sobre nós, que
somos suas criaturas; e sobre o que Deus fez para nos trazer à comunhão com
ele.
Longe de serem áridas ou abstratas, são as espécies mais importantes de verdades. São
declarações sobre as questões fundamentais da vida, ou seja, quem sou eu? Qual é o
sentido último do universo? Para onde vou? A doutrina cristã, portanto, constitui-se
18
das respostas que o cristão dá àquelas perguntas que todos os seres humanos
fazem.
A doutrina lida como verdades gerais ou atemporais sobre Deus e sobre o
restante da realidade. Não é apenas um estudo de eventos históricos
específicos tais como o que Deus fez, mas da própria natureza do Deus que
atua na história.
Crenças doutrinárias corretas são essenciais no relacionamento entre o cristão e
Deus. Assim, por exemplo, o autor de Hebreus disse: ―De fato, sem fé é
impossível agradar a Deus, portanto é necessário que aquele que se aproxima
de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb.
11.6).
Também importante para um relacionamento adequado com Deus é a crença na
humanidade de Jesus; João escreveu: " Nisto reconheceis o Espírito de Deus:
todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus" (I Jo 4.2).
Paulo destacou a importância da crença na ressurreição de Cristo: " Se você
confessar com a boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça,
e com a boca se confessa para salvação" (Rom. 10.9,10,NIV).
A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA
É comum em nossas igrejas, principalmente as pentecostais, existir um
sentimento de negativismo em relação à teologia, certa vez ouvi um obreiro
19
dizer o seguinte: “eu não compro uma Bíblia de estudo porque contém teologia de
homens”, Bíblias de estudo à parte, esta opinião equivocada tem contribuído para que o
ensino teológico seja colocado à margem, talvez por um desconhecimento da teologia e
seus efeitos na vida cristã individual e da igreja. A importância da teologia se dá em
alguns aspectos:
SATISFAZ A MENTE HUMANA
Deus quando criou o homem, deu-lhe uma capacidade especial, o intelecto, a
razão, ou raciocínio, é da mente humana querer entender o que está ao seu
redor, o homem não concebe viver sem entender a vida, já dizia o filósofo
Sócrates ―uma vida sem reflexão não merece ser vivida‖. A teologia como
ciência humana, vem para tentar preencher a lacuna do entendimento humano
acerca de Deus, fundamentando-se no que Ele revelou em sua Palavra, a Bíblia,
que é a fonte primária da teologia (Mateus 22.37).
AJUDA NA FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO
A teologia injeta em nosso intelecto um conhecimento sobre Deus que influi no
desenvolvimento do nosso caráter cristão, moldando a nossa mente para tornar-
se parecida com a de Cristo, ter uma mente cristã é ver o mundo com a lente
dos ensinamentos de Cristo.
―Ter a mente cristã é compreender o mundo ao nosso redor, influenciados pela
verdade de Deus, a ponto de, mesmo imperfeitamente, pensarmos os
pensamentos de Deus a respeito de qualquer assunto: desde o salário digno de
uma empregada doméstica que tem duas crianças para cuidar e alimentar até as
implicações éticas da biogenética. Entre outras coisas, ter a mente cristã é
20
também fazer a análise de um filme ou de uma novela, à luz do ensino do evangelho.” (R.
RAMOS, 2003, p. 20)
SERVE PARA PUREZA E DEFESA DO CRISTIANISMO
Ao longo da história da Igreja, surgiram, e ainda surgem muitas teorias,
doutrinas, correntes, heresias e afins. Para que a igreja esteja preparada para
combater isso e manter uma doutrina bíblica pura, sua teologia precisa estar
fundamenta da Bíblia, alguns movimentos religiosos têm sua doutrina
fundamentada em teorias que foram combatidas ainda pelos pais da igreja, a
doutrina da trindade é um exemplo disso.
CONTRIBUI PARA O AVANÇO DO EVANGELHO
A Igreja avança de forma sadia quando compreende o significado do evangelho,
sendo capaz de dar uma explicação inteligível da verdade a outrem. Os líderes
da Igreja têm a responsabilidade de cuidar do desenvolvimento do rebanho (Ef.
4.11-14).
FUNDAMENTA A PRÁTICA CRISTÃ
Para o cristão é imprescindível entender as escrituras para por em prática os
seus mandamentos, a qualidade da nossa espiritualidade é proporcional à
qualidade do nosso entendimento da Bíblia.
21
AS ESCRITURAS
2 Timóteo 3.16,17 ―Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem
de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.‖
O termo ―Escritura‖, conforme se encontra em 2 Timóteo 3.16, refere-se
principalmente aos escritos do Antigo Testamento(3.15). Há evidências, porém,
de que escritos do Novo Testamento já eram considerados Escritura
divinamente inspirada por volta do período em que Paulo escreveu 2 Timóteo
(1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós, hoje, a Escritura refere-se aos
escritos divinamente inspirados tanto do Antigo Testamento quanto do Novo
Testamento. São (os escritos) a mensagem original de Deus para a
humanidade, e o único testemunho infalível da graça salvífica de Deus para
todas as pessoas.
Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por Deus. A palavra ―inspirada‖ (gr.
theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que significa ―Deus‖, e
pneuo, que significa ―respirar‖. Sendo assim, ―inspirado‖ significa ―respirado por
Deus‖. Toda a Escritura, portanto, é respirada por Deus; é a própria vida e
Palavra de Deus. A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não
contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta
verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação,
dos valores éticos e da moral, como também está isenta de erro em tudo aquilo
22
que ela trata, inclusive a história e o cosmos cf. 2Pe 1.20,21; veja também a
atitude do salmista para com as Escrituras no Salmos 119).
Os escritores do Antigo Testamento estavam conscientes de que o que
disseram ao povo e o que escreveram é a Palavra de Deus (ver Dt 18.18; 2Sm
23.2). Repetidamente os profetas iniciavam suas mensagens com a expressão:
―Assim diz o Senhor‖.
Jesus também ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de Deus até em
seus mínimos detalhes (Mateus 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele
disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26). Ele
falou da revelação divina ainda futura (a verdade revelada do restante do Novo
Testamento), da parte do Espírito Santo através dos apóstolos (Jo 16.13; cf.
14.16,17; 15.26,27).
Negar a inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o
testemunho fundamental de Jesus Cristo (Mateus 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25-
27, 44,45; Jo 10.35), do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13; 1Tm 4.1)
e dos apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar a sua
inerrância é depreciar sua autoridade divina.
Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu Espírito, Deus, sem violar a
personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (3.16;
2Pe 1.20,21; ver 1Co 2.12,13 notas).
23
A inspirada Palavra de Deus é a expressão da sabedoria e do caráter de Deus e
pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em Cristo
(Mateus 4.4; Jo 6.63; 2 Timóteo 3.15; 1Pe 2.2).
As Sagradas Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de Deus, na sua
atividade salvífica a favor da humanidade, em Cristo Jesus. Por isso, as
Escrituras são incomparáveis, eternamente completas e incomparavelmente
obrigatórias. Nenhuma palavra de homens ou declarações de instituições
religiosas igualam-se à autoridade delas.
Qualquer doutrina, comentário, interpretação, explicação e tradição deve ser
julgado e validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt
13.3).
As Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus devem ser recebidas, cridas e
obedecidas como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida
e à piedade (Mateus 5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2 Timóteo 3.15,16; ver Êx 20.3).
Na Igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino,
de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2 Timóteo
3.16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso
a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37).
Só podemos entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o
Espírito Santo. É Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu
sentido, e quem dá testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co
2.12).
24
Devemos nos firmar na inspirada Palavra de Deus para vencer o poder do
pecado, de Satanás e do mundo em nossas vidas (Mateus 4.4; Ef 6.12,17; Tg
1.21).
Todos devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as
como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo. Devemos
manter puras as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos,
proclamando a sua mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e
defendendo-as contra todos que procuram destruir ou distorcer suas verdades
eternas (ver Fp 1.16; 2 Timóteo 1.13,14 notas; 2.2; Jd 3). Ninguém tem
autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer coisa da Escritura (ver Dt 4.2
nota; Apocalipse 22.19 nota).
Um fato final a ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente
no texto original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos
nas Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o
escritor daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três
possibilidades no tocante a um tal suposto problema:
(a) as cópias existentes do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão;
(b) as traduções atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem
conter falhas; ou
(c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou
incorreta.
25
A DOUTRINA DE DEUS
DEFINIÇÕES BÍBLICAS:
As expressões "Deus é Espírito" (Jo. 4: 24) e "Deus é Luz " ( I Jo.1:5), são
expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é
amor" ( I Jo. 4:7) é expressão de Sua personalidade. ( I Tm.6:16)
DEFINIÇÃO CRISTÃ DO BREVE CATECISMO:
Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade.
DEFINIÇÃO FILOSÓFICA DE PLATÃO:
Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão
suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente,
onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o
absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e
justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o
bem.
DEFINIÇÃO COMBINADA: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas
as coisas têm sua origem, sustentação e fim (Jo. 4:24; Ne. 9:6; Apocalipse l:8;
Is. 48:12; Apocalipse 1:17).
26
A EXISTÊNCIA DE DEUS
TEORIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS:
ATEÍSMO: Nega a existência teórica e prática de Deus.
DEÍSMO: Deus criou, mas se retirou e deixa a criação à sua própria sorte. Não
interfere.
PANTEÍSMO: Deus é uma força impessoal que está presente em tudo.
TEÍSMO: Existe um Deus, vivo e pessoal, que criou e governa todas as coisas.
Não se pode duvidar da existência de ateus práticos, visto que tanto a Escritura
como a experiência a atestam. A respeito dos ímpios o Salmo 14.1 declara: ―Diz
o insensato no seu coração: não há Deus‖ (Salmos 10.4b). E Paulo lembra aos
Efésios que eles tinham estado anteriormente ―sem Deus no mundo‖, Efésios
2.12. A experiência também dá abundante testemunho da presença deles no
mundo. Eles não são necessariamente ímpios notórios aos olhos dos homens,
mas podem pertencer aos assim chamados ―homens decentes do mundo‖,
embora consideravelmente indiferentes para com as coisas espirituais.
Tais pessoas muitas vezes têm a consciência do fato de que estão em
desarmonia com Deus, tremem ao pensar em defrontá-lo e procuram esquecê-
lo. Parecem Ter um secreto prazer em exibir o seu ateísmo quando tudo vai
bem, mas é sabido que dobram os seus joelhos em oração quando sua vida
entra repentinamente em perigo. Na época presente, milhares desses ateus
práticos pertencem à Associação Americana para o Progresso do Ateísmo.
27
Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da teologia. Não há
sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não se admite que Deus
existe. A pressuposição da teologia cristã é um tipo muito definido. A suposição
não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal, algum poder ou
tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que há
um ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as
coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em
cada parte da criação.
Pode-se levantar a questão se esta suposição é razoável, questão que pode ser
respondida na afirmativa. Não significa, contudo, que a existência de Deus é
passível de uma demonstração lógica que não deixa lugar nenhum para dúvida;
mas significa, sim, que, embora verdade da existência de Deus seja aceita pela
fé, esta fé, se baseia numa informação confiável.
Embora a teologia reformada considere a existência de Deus como
pressuposição inteiramente razoável, não se arroga a capacidade de demonstrar
isto por meio de uma argumentação racional.
Dr. Kuyper fala como segue da tentativa de fazê-lo: ―A tentativa de provar a
existência de Deus ou é inútil ou é um fracasso. É inútil se o pesquisador
acredita que Deus recompensa aqueles que O procuram. É um fracasso se, se
trata de uma tentativa de forçar, mediante argumentação, ao reconhecimento,
num sentido lógico, uma pessoa que não tem esta pistis‖
28
ACEITAR A EXISTENCIA DE DEUS PELA FÉ
O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é
uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente,
na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na
revelação de Deus na natureza. A prova bíblica sobre este ponto não nos vem
na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um
argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus.
O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em
Hebreus 11:6 ―… é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que
Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam‖. A Bíblia pressupõe a
existência de Deus em sua declaração inicial, ―No principio criou Deus os céus e
a terra‖. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas,
mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o
Governador de indivíduos e nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas
as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa
realização do Seu grandioso propósito de redenção.
O preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel
na velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação
inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do
Novo testamento. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada
em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a
base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável.
29
Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que aceitamos a revelação de
Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. Disse Jesus, ―Se
alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é
de Deus ou se eu falo por mim mesmo‖, João 7.17. É este conhecimento
intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, que Oséias tem em mente
quando diz, ―Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor‖, Oséias 6.3.
O incrédulo não tem nenhuma real compreensão da palavra de Deus. As
palavras de Paulo são pertinentes nesta conexão: ―Onde está o sábio? Onde o
escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a
sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o
conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela
loucura da pregação‖, 1 Coríntios 1.20, 21.
PROVAS RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS.
No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da
existência de Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela
influência de Wolff. Alguns deles já tinham sido sugeridos, em essência, por
Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por
estudiosos da filosofia da religião. Somente os mais comuns podem ser
apresentados aqui.
O ARGUMENTO ONTOLÓGICO.
30
Este argumento foi apresentado em várias formas por Anselmo, Descartes,
Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por
Anselmo. Este argumenta que o homem tem a idéia de um ser absolutamente
perfeito; que a existência é atributo de perfeição; e que, portanto, um ser
absolutamente perfeito tem que existir. Mas é evidente que não podemos tirar
uma conclusão quanto à existência real partindo de um pensamento abstrato.
O fato de que temos uma idéia de Deus ainda não prova a Sua existência
objetiva. Além disto, este argumento pressupõe tacitamente como já existente
na mente humana o próprio conhecimento da existência de Deus que teria que
derivar de uma demonstração lógica. Kant declarou, com ênfase, insustentável
este argumento, mas Hegel o aclamou como um grande argumento em favor da
existência de Deus. Alguns idealistas modernos sugeriram que ele poderia ser
proposto de forma um tanto diferente, como a que Hocking chamou, ―O registro
da experiência‖. Em virtude podemos dizer: ―Tenho idéia de Deus: portanto,
tenho experiência de Deus‖.
O ARGUMENTO COSMOLÓGICO.
Este argumento tem aparecido em diversas formas. Em geral se apresenta
como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada;
sendo assim, o universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma
causa indefinidamente grande. Contudo, o argumento não produz convicção, em
geral. Hume questionou a própria lei de causa e efeito, e Kant assinalou que, se
tudo que existe tem uma causa adequada, isto se aplica também a Deus, e,
assim, somos suposição de que o cosmo teve uma causa única, uma causa
pessoal e absoluta, e, portanto, não prova a existência de Deus. Esta dificuldade
31
levou a uma construção ligeiramente diversa do argumento como, por exemplo,
a que B.P.Bowne fez.
O universo material aparece como sistema interativo e, portanto, como uma
unidade que consiste de várias partes. Daí, deve haver um Agente Integrante
que veicule a interação das várias partes ou constitua a base dinâmica da
existência delas.
O ARGUMENTO TELEOLÓGICO.
Este argumento também é causal e, na verdade, é apenas uma extensão do
imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte o
mundo revela inteligência, ordem, harmonia e propósito, e assim implica a
existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de
um mundo como este. Kant considera este argumento o melhor dos três que
mencionamos, mas alega que ele não prova a existência de Deus, nem de um
criador, mas somente a de um grande arquiteto que modelou o mundo.
É superior ao argumento cosmológico no sentido de que explicita aquilo que não
é firmado no anterior, a saber, que o mundo contém evidências de inteligência e
propósito. Não se segue necessariamente que este ser é o Criador do mundo.
―A prova teológica‖. Diz Wright. ―indica apenas a provável existência de uma
mente que, ao menos em considerável medida, controla o processo do mundo,
suficiente para explicar a quantidade de teleologia que nele transparece‖. Hegel
considerava este argumento válido, mas o tratava como um argumento
subordinado. Os teólogos sociais dos nossos dias rejeitam-no, juntamente com
todos os outros argumentos, como puro refugo, mas os neoteístas o aceitam.
32
O ARGUMENTO MORAL.
Como os outros argumentos, este também assumiu diferentes formas. Kant
tomou seu ponto de partida no imperativo categórico, e deste deferiu a
existência de alguém que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de
dominar o homem. Em sua opinião, este argumento é muito superior a qualquer
dos outros. É o argumento em que se apóia principalmente, em sua tentativa de
provar a existência de Deus.
Esta pode ser uma das razões pelas quais este argumento é mais geralmente
reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a mesma
formulação. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes
observada entre a conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam
na vida presente, e acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por
sua vez, exige um árbitro justo. A teologia moderna também o usa amplamente,
em especial na forma de que o reconhecimento que o homem tem do Sumo
Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existência de um
ser santo e justo, não torna obrigatória a crença em um Deus, em um Criador ou
em um Ser de infinitas perfeições.
O ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO.
Em geral este argumento toma a seguinte forma: Entre todos os povos e tribos
da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto que
o fenômeno é universal, deve pertencer à própria natureza do homem. E se a
natureza do homem naturalmente leva ao culto religioso, isto só pode achar sua
explicação num ser superior que constituiu o homem um ser religioso. Todavia,
33
em resposta a este argumento, pode-se dizer que este fenômeno universal pode
ter-se originado num erro ou numa compreensão errônea de um dos primitivos
progenitores da raça humana, e que o culto religioso referido aparece com mais
vigor entre as raças primitivas e desaparece à medida que elas se tornam
civilizadas.
Ao avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os
crentes não precisam deles. Sua convicção a respeito da existência de Deus
não depende deles, mas, sim, da confiante aceitação da auto-revelação de Deus
na Escritura. Se muitos em nossos dias estão querendo firmar sua fé na
existência de Deus nesses argumentos racionais, isto se deve em grande
medida ao fato de que eles se negam a aceitar o testemunho da palavra de
Deus. Além disso, ao usar estes argumentos na tentativa de convencer pessoas
incrédulas, será bom ter em mente que de nenhum que nenhum deles se pode
dizer que transmite convicção absoluta.
Ninguém fez mais para desacreditá-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos
filósofos e teólogos os têm descartado como completamente inúteis, mas hoje
os referidos argumentos estão recuperando apoio e o seu número está
crescendo. E o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicações
satisfatórias da existência de Deus, parece indicar que eles não são inteiramente
vazios de valor. Têm algum valor para os próprios crentes, mas devem ser
denominados testimonia, e não argumentos.
Eles são importantes como interpretações da revelação geral de Deus e como
elementos que demonstram o caráter razoável da fé em um ser divino. Além
disso. Podem prestar algum serviço na confrontação com os adversários.
34
Embora não provem a existência de Deus além da possibilidade de dúvida e a
ponto de obrigar o assentimento, podem ser elaborados de maneira que
estabeleçam uma forte probabilidade e, por isso, poderão silenciar muitos
incrédulos.
CONCLUSÃO:
Nada podemos saber de Deus, se Ele mesmo não quiser revelar. Todo nosso
conhecimento de Deus é derivado de sua auto-revelação na natureza e nas
escrituras sagradas, precisamos de um relacionamento pessoal intimo com ELE.
ESSÊNCIA, NATUREZA DE DEUS:
Quando falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que é
essencial ao Seu Ser como Deus, isto é, substância e atributos.
SUBSTÂNCIA DE DEUS:
Há duas substâncias: matéria e espírito.
Deus é uma substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem
mistura com a matéria (Jo.4:24).
ATRIBUTOS DE DEUS:
Sua substância é Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades
dessa substância. Atributos é a manifestação do Ser de Deus.
35
CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS:
NATURAIS E MORAIS:
Também chamados de "intransitivos e transitivos", "incomunicáveis e
comunicáveis", "absolutos e relativos", "negativos e positivos" ou "imanentes e
emanentes".
ATRIBUTOS NATURAIS:
VIDA:
Deus tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo.10:10;
Salmos94:9,l0; IICr.16:9; At.14:15; ITs.1:9). Quando a Bíblia fala do olho, do
ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de
antropomorfismo. Deus é vida (Jo.5:26; 14:26) e o princípio de vida
(At.17:25,28).
ESPIRITUALIDADE:
Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem
partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais
(Jo.4:24; Dt.4:15-19,23; Hb.12:9; Is.40:25; Lc.24:39; Cl.1:15; ITm.1:17; IICo.3:17)
36
PERSONALIDADE:
Existência dotada de auto-consciência e auto-determinação (Ex.3:14; Is.46:11).
a) Volição ou vontade = querer (Is.46:10; Ap. 4:11).
b) Razão ou intelecto = pensar (Is.14:24; Salmos92:5; Is.55:8).
c) Emoção ou sensibilidade = sentir (Gêneses 6:6, IRs.11:9, Dt.6:15; Provérbios
.6:16; Tg.4:5)
TRI-UNIDADE:
UNIDADE DE SER:
Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua natureza
constitucional. A palavra hebraica que significa um no sentido absoluto é
yacheed (Gêneses 22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa palavra
não é empregada para expressar a unidade da divindade. A unidade da
divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30).
Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito.
(Jo.17:11,21-23, IJo.5:7)
TRINDADE DE PERSONALIDADE:
Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A palavra
hebraica que significa um no sentido de único é echad que se refere a uma
unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a unidade da
divindade. Esta palavra é usada em Dt.6:4; Gêneses 2:24 e Zc.14:9 (Veja
37
também Dt.4:35;32:39; ICr.29:1; Is.43:10;44:6;45:5; IRs.8:60; Mc.10:9;12:29;
ICo.8:5,6; ITm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6).
ELOHIM:
Este nome está no plural e não concorda com o verbo no singular quando
designativo de Deus (Gêneses 1:26;3:22; 11:6,7;20:13;48:15; Is.6:8)
HÁ DISTINÇÃO DE PESSOAS NA DIVINDADE:
Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se referindo à outra
(Gêneses 19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; IITm.1:18; Salmos110:1; Hb.1:9).
AUTO EXISTÊNCIA
Jerônimo disse: Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua própria
substância. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de existência,
pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por Si mesmo;
Ele nunca teve início.
Ele é o Eterno EU SOU (Ex.3:14), portanto Deus é absolutamente independente
de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu Ser. Deus
é a razão de sua própria existência (Jo.5:26; At.17:24-28; ITm.6:15,16).
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INFINIDADE OU PERFEIÇÃO
É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e
em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt.5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o
mundo finito em sua relação tempo-espaço.
ETERNIDADE
A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é
Eterno (Salmos 90:2; 102:12,24-27; Salmos 93:2; Ap.1:8; Dt.33:27; Hb.1:12). A
eternidade de Deus não significa apenas duração prolongada, para frente e para
traz, mas sim que Deus transcende a todas as limitações temporais (IIPe.3:8)
existentes em sucessões de tempo. Deus preenche o tempo. Nossa vida se
divide em passado, presente e futuro. mas não há essa divisão na vida de Deus.
Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima de todos os limites temporais e
de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade de sua existência num
único presente indivisível (Is.57:15).
IMENSIDÃO
A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou
imensidade. Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó.36:5,26; Jó.37:22,23;
Jr.22:18; Salmos145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele
transcende (ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente
em todos os pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é
panteísmo).
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A imensidão de Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão
ilimitada no espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente
no espaço (intramundano ou imanente = dentro do mundo – Salmos 139:7-12;
Jr.23:23,24) e fora do espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano
= além do mundo; emanente = fora do mundo - IRs.8:27; Is.57:15).
ONIPRESENÇA:
É quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no
espaço enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é
imanente em todas as Suas criaturas e em toda a criação. A imanência não
deve ser confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo que
ensina que Deus está presente no mundo apenas com seu poder (per
portentiam) e não com a essência e natureza de ser Ser (per essentiam et
naturam) e que age sobre o mundo à distância.
Deus ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o espaço e não está
ausente em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa parte
que noutra (Salmos 139:11,12). Deus ocupa o espaço variavelmente porque Ele
não habita na terra do mesmo modo que habita no céu, nem nos animais como
habita nos homens, nem nos ímpios como habita nos piedosos, nem na igreja
como habita em Cristo (Is.66:1; At.17:27,28; Compare Ef.1:23 com Cl.2:9).
IMUTABILIDADE:
É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua
natureza, em seus atributos e em seu conselho.
40
A "BASE" PARA A IMUTABILIDADE DE DEUS:
É Sua simplicidade, eternidade, auto-existência e perfeição. Simplicidade porque
sendo Deus uma substância simples, indivisível, sem mistura, não está sujeito a
variação (Tg.1:17). Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e
circunstâncias do tempo, por isso Ele não muda (Salmos 102:26,27; Hb.1:12 e
13:8). Auto-existência porque uma vez que Deus não é causado, mas existe em
Si mesmo, então Ele tem que existir da forma como existe, portanto sempre o
mesmo (Ex.3:14). E perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou
pior e sendo Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais
santo, mais justo, mais misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável
como a rocha (Dt.32:4).
IMUTABILIDADE NÃO SIGNIFICA IMOBILIDADE:
Nosso Deus é um Deus de ação (Is.43:13).
IMUTABILIDADE IMPLICA EM NÃO ARREPENDIMENTO:
Alguns versículos falam de Deus como se Ele se arrependesse (Ex.32:14,
IISm.24:16, Jr.18:8; Jl.2:13). Trata-se de antropomorfismo (Nm.23:19; Rm.11:29;
ISm.15:29; Salmos110:4).
IMUTABILIDADE DE DEUS EM SUA NATUREZA:
Deus é perfeito em sua natureza por isso não muda nem para melhor nem para
pior (Ml.3:6).
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IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEUS ATRIBUTOS:
Deus é imutável em suas promessas (IRs.8:56; IICo.1:20); em sua misericórdia
(Salmos103:17; Is.54:10); em sua justiça (Ez.8:18); em seu amor (Gêneses
18:25,26).
IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEU CONSELHO:
Deus planejou os fatos conforme a sua vontade e decretou que este plano seja
concretizado. Nada poderá se opor à sua vontade. O próprio Deus jamais
mudará de opinião, mas fará conforme seu plano predeterminado (Is.46:9,10;
Salmos33:11; Hb.6:17).
ONISCIÊNCIA
Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio
e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. O
conhecimento de Deus tem suas características:
É ARQUÉTIPO:
Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria idéia anterior à sua
existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não
é obtido de fora, como o nosso (Rm.11:33,34).
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É INATO E IMEDIATO:
Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó.37:16)
É SIMULTÂNEO:
Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e
não de forma fragmentada uma após outra (Is. 40:28).
É COMPLETO:
Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Salmos
147:5).
CONHECIMENTO NECESSÁRIO:
Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas possíveis, um
conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É chamado
necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina.
Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque
não é da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Hc.1:13) Deus não
pode nem quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma
ação de Sua vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto
divino (veja II Co.5:21 onde o termo grego ginosko é usado).
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CONHECIMENTO LIVRE:
É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que existiram
no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também chamado
visionis, isto é, conhecimento de vista.
PRESCIÊNCIA:
Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode
conhecer previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as
coisas, e as decretou com suas causas e condições na exata ordem em que
ocorrem, portanto sua presciência de coisas contingentes (ISm.23:12;
IIRs.13:19; Jr.38:17-20; Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia-se em seu decreto.
Deus não originou o mal mas o conheceu nas ações livres do homem
(conhecimento necessário), o decretou e preconheceu os homens. Portanto a
ordem é: conhecimento necessário, decreto, presciência. A presciência de Deus
é muito mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é
empregado como na LXX que inclui Sua escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6;
Am.3:2).
Veja Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como se processou o conhecimento necessário
de Deus nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as decretasse? A
liberdade humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que
pende numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias
considerações intelectuais e caráter (lubentia rationalis = auto-determinação
44
racional). Liberdade não é arbitrariedade e em toda ação racional há um porquê,
uma razão que decide a ação.
Portanto o homem verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível,
mas o homem seguro. A liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente
Onisciente sabe quais são (Jo.2:24,25). Em resumo, a presciência é um
conhecimento livre (scientia libera) e, logicamente procede do decreto,
"...segundo o decreto sua vontade" (Ef.1:11).
SABEDORIA:
A sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de
meios e fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios
possíveis para a consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria
de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados
possíveis com os melhores meios possíveis.
Uma definição ainda melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a
perfeição de Deus pela qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos
seus fins de um modo que o glorifica o máximo (Rm.ll:33-36; Ef.1:11,12;
Cl.1:16). Encontramos a sabedoria de Deus na criação (Salmos19:1-7;
Salmos104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) . A sabedoria é personificada na
Pessoa do Senhor Jesus ( Provérbios .8 e ICo.1:30; Jó.9:4; veja também Jó
12:13,16).
45
ONIPOTÊNCIA
É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer
qualquer coisa que Ele queira.
A onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é
incoerente com a natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do
passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta
do que uma reta. Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição
infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O poder de Deus é
distinguido de duas maneiras:
Potentia Dei absoluta = absoluto poder de Deus
Potentia Dei ordinata = poder ordenado de Deus.
- HODGE E SHEDD
Definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina, exercida sem a
intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de
Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.
- CHANOCK
Define o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele
não fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o
poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou
46
marcou para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas
um e o mesmo poder.
O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse
poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo o
que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como a
perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode
realizar tudo quanto está presente em Sua vontade ou conselho.
E' óbvio, porém, que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou
realizar (Gêneses 18:14; Jr.32:27; Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53). Entretanto há
muitas coisas que Deus não pode realizar: Ele não pode mentir, pecar, mudar ou
negar-se a Si mesmo (Nm.23:19; ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17;
Hb.1:13; Tt.1:3), isto porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua
perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas
contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que quer fazer
(Salmos115:3; Salmos135:6).
EL-SHADDAI:
A onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por
Todo-Poderoso (Gêneses 17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc).
EM TODAS AS COISAS:
A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12), o domínio sobre a
natureza (Salmos107:25-29; Na.1:5,6; Salmos33:6-9; Is.40:26; Mt.8:27; Jr.32:17;
47
Rm.1:20), o domínio sobre a experiência humana (Salmos91:1; Dn.4:19-37;
Ex.7:1-5; Tg.4:12-15; Provérbios .21:1; Jó.9:12; Mt.19:26; Lc.1:37), o domínio
sobre as regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6).
NA CRIAÇÃO, NA PROVIDÊNCIA E NA REDENÇÃO:
Deus manifestou o seu poder na criação (Rm.4:17; Is.44:24), nas obras da
providência (ICr.29:11,12) e na redenção (Rm.1:16; ICo.1:24).
SOBERANIA OU SUPREMACIA
Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as coisas
criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gêneses 14:19; Ne.9:6; Ex.18:11;
Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Salmos22:28;
47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap.19:6).
VONTADE OU AUTO-DETERMINAÇÃO:
A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente simples, dirige-se à Si
mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às Suas
criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14; Ez.20:9,14,22,44; Ez.36:21-23).
A vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas
diferentes palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule,
thelema).
VONTADE PRECEPTIVA:
48
Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas criaturas
racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência (At.13:22;
IJo.2:17; Dt.8:20).
VONTADE DECRETÓRIA:
Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer pretenda
realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio da livre
ação de suas criaturas (At.2:23; Is.46:9-11). A vontade decretória é sempre
obedecida. A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao
propósito em realizar algo.
VONTADE DE EUDOKIA:
Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo de ver
alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito de
fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo que
será realizado com certeza, tal como acontece com a vontade decretória
(Salmos115:3; Is.44:28; Is.55:11).
VONTADE DE EURESTIA:
Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la cumprida por Suas criaturas. Esta
vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas façam, mas que
pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade preceptiva (Is.65:12).
A VONTADE DE EUDOKIA:
49
Não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o elemento de
deleite (Mt.11:26). A vontade de eudokia e a vontade de eurestia relacionam-se
ao prazer em realizar algo.
VONTADE DE BENEPLACITUM:
Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho secreto e oculto
de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se na Vontade do
Signum ou Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a
vontade de signum encontra-se em Deuteronomio.29:29.
A VONTADE SECRETA:
É mencionada em Salmos 115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19; Rm.11:33,34;
Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt.7:21;
Mt.12:50; Jo.4:34; Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de nós
(Dt.30:14; Rm.10:8). A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que
Ele quer efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo
portanto, absolutamente fixa e irrevogável.
LIBERDADE:
A perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e
livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há
também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera =
vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão,
50
mas age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si
próprio e quer a Sua natureza santa.
Deus necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições. As Suas criaturas
são objetos de Sua vontade livre, pois Deus determina voluntariamente o que e
quem Ele criará; e os tempos, lugares e circunstâncias de suas vidas. Ele traça
as veredas de todas as Suas criaturas, determina o seu destino e as utiliza para
Seus propósitos (Jó.ll:10; Jó.23:13,14; Jó.33:13. Provérbios .16:4; Provérbios
.21:1; Is.10:15; Is.29:16; Is.45:9; Mt.20:15; Ap.4:11;Rm.9:15-22; ICo.12:11).
ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS
SANTIDADE:
É a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e
mantém a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em
suas criaturas. Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar ou
separar. Neste sentido também o Novo testamento utiliza as palavras gregas
hagiazo e hagios. A santidade de Deus possui dois diferentes aspectos,
podendo ser positiva ou negativa (Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9).
SANTIDADE POSITIVA:
Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é absolutamente perfeito, puro e
íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5; Is.57:15; IPe.1:15,16; Hc.1:13).
A santidade positiva é amor ao bem.
51
SANTIDADE NEGATIVA:
Significa que Deus é inteiramente separado de tudo quanto é mal e de tudo
quanto o aborrece (Lv.11:43-45; Dt.23:14; Jó.34:10; Provérbios .15:9,26;
Is.59:1,2; Lc.20:26; Hc. 1:13; Provérbios .6:16-19; Dt.25:16; Salmos5:4-6). A
santidade negativa é ódio ao mal. Além de possuir dois aspectos a santidade de
Deus possui também duas maneiras diferentes de manifestar-se:
RETIDÃO:
Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em virtude da
qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa).
Salmos145:17; Jr.12:1; Jo.17:25; Salmos116:5; Ed.9:15.
JUSTIÇA:
Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a expressão da
justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade transitiva. A
retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça é a demonstração de Sua
santidade.
A justiça de Deus pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se
divide em punitiva e corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os
pecadores pela transgressão de Suas leis. Esta justiça de Deus exige a
execução das penalidades impostas por Suas leis (Salmos 3:5;11:4-7 Dt.32:4;
52
Dn.9:12,14; Ex.9:23-27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus "pune"
Seus filhos para corrigi-los (Hb.12:6,7).
Aqueles que não são Seus filhos, Deus pune como um Juiz Severo (Rm.11:22;
Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus "pune" (corrige) como um Pai Amoroso
(Jr.10:24;30:11;46:28; Salmos89:30-33; ICr.21:13) A justiça remunerativa é
aquela pela qual Deus recompensa, com Suas bênçãos, aos homens pela
obediência de Suas leis (Hb.6:10; IITm.4:8; ICo.4:5;3:11-15; Rm.2:6-10; IIJo.8)
IRA:
Esta deve ser considerada como um aspecto negativo da santidade de Deus,
pois em Sua ira Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua
santidade (Dt.32:39-41; Rm.11:22; Salmos95:11; Dt.1:34-37; Salmos95:11).
Podemos, então, dizer que a ira é a manifestação da santidade negativa de
Deus (Rm.1:18; IITs.1:5-10; Rm.5:9 etc). A ira é também designada de
severidade (Rm.11:22).
BONDADE:
É uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de
acordo com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade perfeita
em Si mesmo (Mc.10:18; Lc.18:18,19; Salmos33:5; Salmos119:68;
Salmos107:8; Na.1:7).
A BONDADE IMPLICA NA DISPOSIÇÃO DE TRANSMITIR FELICIDADE.
53
BENEVOLÊNCIA:
É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a perfeição de Deus
que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas
(Salmos145:9,15,16; Salmos36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17).
THIESSEN
Define benevolência como a afeição que Deus sente e manifesta para com Suas
criaturas sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de que a criatura é obra Sua;
Ele não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas apenas àquilo
que foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29).
BENEFICÊNCIA:
Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada em sua
intenção ou disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando seus
atributos são conferidos.
COMPLACÊNCIA:
É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus que aprova
todas as Suas próprias perfeições como também aquilo que se conforma com
Ele (Salmos35:27; Salmos51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16).
LONGANIMIDADE OU PACIÊNCIA:
54
O hebraico emprega a palavra erek'aph que significa grande de rosto e daí
também lento para a ira. O grego emprega makrothymia que significa ira longe.
Portanto longanimidade é o aspecto da bondade de Deus em virtude do qual Ele
tolera os pecadores, a despeito de sua prolongada desobediência. A
longanimidade revela-se no adiamento do merecido julgamento (Ex.34:6;
Salmos86:15; Rm.2:4; Rm.9:22; IPe.3:20; IIPe.3:15)
MISERICÓRDIA:
Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade, piedade,
benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa-se as palavras
chesed e racham e no grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada para
com os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus
méritos (Dt.5:10; Salmos57:10; Salmos86:5; ICr.16:34; IICr.7:6; Salmos116:5;
Salmos136; Ed.3:11; Salmos145:9; Ez.18:23,32; Ex.33:11; Lc.6:35;
Salmos143:12; Jó 6:14).
A paciência difere da misericórdia apenas na consideração formal do objeto,
pois a misericórdia considera a criatura como infeliz, a paciência considera a
criatura como criminosa; a misericórdia tem pena do ser humano em sua
infelicidade, a paciência tolera o pecado que gerou a infelicidade. A infelicidade
e sofrimento deriva-se de um justo desagrado divino, portanto exercer
misericórdia é o ato divino de livrar o pecador do sofrimento pelo qual ele
justamente e merecidamente deveria passar, como conseqüência do desagrado
divino.
55
GRAÇA:
É a bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto graça é o
ato divino de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual ele não
merece receber (Ex.33:19). Na misericórdia Deus suspende o sofrimento
merecido, na graça Deus concede bênçãos não merecidas. Todo pecador
merece ir para o inferno; assim Deus exerce Sua misericórdia livrando o pecador
da condenação.
Nenhum pecador merece ir para o paraíso; assim Deus exerce a Sua graça
doando ao pecador o privilégio de ir gratuitamente para o paraíso. Essa
diferença entre misericórdia e graça é notada em relação aos anjos que não
caíram. Deus nunca exerceu misericórdia para com eles, posto que jamais
tiveram necessidade dela, pois não pecaram, nem ficaram debaixo dos efeitos
da maldição. Todavia eles são objetos da livre e soberana graça de Deus pela
qual foram eleitos (ITm.5:21) e preservados eternamente de pecado e colocados
em posição de honra (Dn.7:10; IPe.3:22).
AMOR:
A perfeição da natureza divina pela qual Ele é continuamente impelido a se
comunicar. É, entretanto, não apenas um impulso emocional, mas uma afeição
racional e voluntária, sendo fundamentada na verdade e santidade e no
exercício da livre escolha. Este amor encontra seus objetos primários nas
diversas Pessoas da Trindade. Assim, o universo e o homem são
desnecessários para o exercício do amor de Deus. Amor é, portanto, a perfeição
56
de Deus pela qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele
ama a Si mesmo, Suas virtudes, Sua obra e Seus dons.
VERDADE:
É a consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa que fez a
asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente divino, pois
com freqüência os homens erram nos testemunhos que prestam, simplesmente
por estarem equivocados a respeito dos fatos, ou então por pura incapacidade
fracassam em promessas que fizeram com honestas intenções. Mas a
onisciência de Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer equívoco, e a
Sua onipotência e imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções
(Dt.32:4; Salmos119:142; Jo.8:26; Rm.3:4; Tt.1:2; Nm.23:19; Hb.6:18; Ap.3:7;
Jo.17:3; IJo.5:20; Jr.10:10; Jo.3:33; ITs.1:9; Ap.6:10; Salmos31:5; Jr.5:3;
Is.25:1). Ao exercê-la para com a criatura, a verdade de Deus é conhecida como
sua veracidade e fidelidade.
VERACIDADE:
Consiste nas declarações que Deus faz a respeito das coisas, conforme elas
são, e se relaciona com o que Ele revelou sobre Si mesmo. A veracidade
fundamenta-se na onisciência de Deus.
FIDELIDADE:
Consiste no exato cumprimento de Suas promessas ou ameaças. A fidelidade
fundamenta-se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt.7:9; Salmos36:5;
57
ICo.1:9; Hb.10:23; Dt.4:24; IITm.2:13; Salmos89:8; Lm.3:23; Salmos 119:138;
Salmos119:75; Salmos89:32,33; ITs.5:24; IPe.4:19; Hb.10:23).
NOMES DE DEUS
Este é o chamado Tetragrama Sagrado ((‫יהוה‬ YHVH ou YHWH (transliteração
mais adotada pelos estudiosos), é literalmente O Nome de Deus, na grafia
original, refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada
(substituição dos símbolos gráficos hebraicos por letras do alfabeto ocidental
atual – A, B, C...); etimologicamente tetragrama é uma palavra de origem grega
que significa quatro letras (Tetra = quatro / gramma = letra). Esta forma de
escrita (e leitura) é feita de trás para frente em relação às formas de escritas
ocidentais. Originariamente, em aramaico (hebraico), as palavras são escritas e
lidas horizontalmente, da direita para esquerda; ou seja, HVHY. Formado por
quatro consoantes hebraicas — Yud ( ( ‫י‬ Hêi (‫)ה‬ Vav (‫)ו‬ Hêi (‫)ה‬ ; o Tetragrama
YHVH tem sido latinizado para JHVH já por muitos séculos.
A forma da expressão ao declarar o nome de Deus YHVH (ou JHVH na forma
latinizada) deixou de ser utilizada há milhares de anos na pronúncia correta do
hebraico original (que é declarada como uma língua quase que completamente
extinta).
58
Os homens deixaram de pronunciar O Nome de Deus por medo de pecar por
pronunciar O Nome de Deus em vão - "Não tomarás o nome de YHWH, teu
Deus, em vão, pois YHWH não considerará impune aquele que tomar seu nome
em vão." ( Êxodo 20:7) - e com isso perderam a capacidade de pronunciar de
forma satisfatória e correta, pois a língua (que quem pronunciava O Nome de
Deus no idioma original) precisaria se curvar (dobrar dentro da boca) de uma
forma muito difícil, para muitos impossível de ser pronunciada corretamente.
Para alguns eruditos a o nome YHVH pode se identificar mais com as
palavras: YaHVeH (vertido em português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em
português para Jeová). Essas palavras são transliterações possíveis nas línguas
portuguesas e espanholas; já outros eruditos a forma mais correta de escrever O
Nome de Deus seria Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes
estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seria a
mais a forma mais correta de pronunciar O Nome de Deus, sendo este o
pensamento mais aceito pelos teólogos da atualidade.
Contudo o significado exato do Tetragrama YHVH ainda é objeto de controvérsia
entre os especialistas. Em Êxodo 3:14, YHVH disse a Moises: ―Ehiéh ashér
ehiéh.‖ Segundo muitas traduções da Bíblia, esta expressão, encontrada no
texto hebraico significa: ―EU SOU O QUE SOU‖ . E disse mais: "Assim dirás aos
filhos de Israel: 'EU SOU' me enviou até vós.".
Esta expressão ―EU SOU O QUE SOU‖ é usada como título para Deus, para
indicar que Ele realmente existe antes que houvesse dia (Isaias 48. 17); isso
59
corresponde às expressões: "Eu sou aquele que é", "Eu sou o existente". YHVH
assim confirma a Sua própria existência.
O Tetragrama YHWH na maioria das versões bíblicas utilizadas no século XX e
XXI foi substituído pela palavra SENHOR com todas as letras maiúsculas, para
evitar erros e problemas gramaticais.
O certo mesmo é que a pronúncia verdadeiramente correta dO Nome de Deus
(YHVH) se perdeu no tempo e hoje nenhum ser humano sabe exatamente como
pronunciar este Nome. Mesmo assim os nomes Javé e Jeová são formas que os
homens encontraram para tentar pronunciar e invocar O Nome de Deus Pai.
Devemos também considerar que quando uma criança de 04 (quatro) anos se
dirige a seu pai terreno, ela não o chama pelo nome e por sua vez o genitor
dessa criança não vai deixar de dar-lhe atenção porque ela não sabe pronunciar
o seu nome. Deste modo, é importante dizer que sabendo ou não pronunciar
corretamente O Nome dEle, todas as pessoas que se dirigirem a Deus, com um
espírito quebrantado e um coração contrito, chamando-O de PAI, serão ouvidas
por Ele, porque independente do Seu Nome, ELE gosta de Ser Chamado assim.
Alguns dos nomes de Deus dizem respeito a Ele como sujeito: Jeová, Senhor,
Deus; outros são atribuídos como predicados que falam dEle ou a Ele, como:
Santo, justo, bom, etc. Alguns nomes expressam a relação entre Deus e as
criaturas: Criador, Sustentador, Governador, etc. Alguns nomes são comuns às
três pessoas, como; Jeová, Deus, Pai, Espírito. E outros são nomes próprios
usados para expressarem Sua obra e Seu caráter.
60
O nome de Deus é o que Ele é: representação do Seu caráter. Mas o Criador é
tão grande que nome algum jamais será adequado à Sua grandeza. Se o céu
dos céus não O pode conter, como pode um nome descrever o Criador?
Portanto, a Bíblia contém vários nomes de Deus que O revelam em diferentes
aspectos de Sua maravilhosa personalidade.
ELOÌM
Este é o primeiro nome de Deus encontrado nas Escrituras (Gênesis 1:1), e aqui
o nome encontra-se em sua forma plural, mas o verbo continua no singular,
indicando a pluralidade das pessoas na unidade do Ser. Este nome denota a
grandeza e o poder de Deus. Este nome encontra-se somente no relato da
criação (Gênesis 1:1-2:4); é o Seu nome de criação. Eloím é sempre traduzido
no português, como Deus em nossa Bíblia. De acordo com a opinião mais
ponderada entre os estudiosos, esta palavra é derivada duma raiz na língua
árabe que significa "adorar".
Esta opinião é fortalecida quando observamos que a mesma palavra é usada
inapropriadamente para anjos, dos homens, e falsas divindades. No Salmo 8:5 a
palavra anjos é eloím no texto original, e vemos que certas vezes os anjos são
impropriamente louvados. No Salmo 82:1,6 eloím é traduzido deuses, e é usado
para homens. Em Jeremias 10:10-12 temos o verdadeiro Deus (eloím)
contrastado com os "deuses" (eloím) que não fizeram os céus nem a terra,
implicando assim que ninguém, não ser Deus, é objeto próprio de adoração.
EL-SHADAI
Este nome composto é traduzido "Deus o Todo poderoso" (El é Deus e Shadai é
Todo poderoso). O título El é Deus no singular, e significa forte ou poderoso. El
61
é traduzido 250 vezes no Velho Testamento como Deus. Este título é
geralmente associado com algum atributo ou perfeição de Deus, como; Deus
Todo poderoso (Gênesis 17:3); Deus Eterno (Gênesis. 21:33); Deus zeloso
(Êxodo 20:5); Deus vivo (Josué 3:10).
Shadai, sempre traduzido Todo-poderoso, significa suficiente ou rico em
recursos. Pensa-se que a palavra é derivada duma outra que significa seios. A
palavra seio nas Escrituras simboliza bênção e nutrição. Na pronúncia da última
bênção de Jacó sobre José quando morria, entre outras coisas disse: "Pelo
Deus (El) de teu pai o qual te ajudará, e pelo Todo-poderoso (Shadai), o qual te
abençoará com bênçãos dos céus de cima, com bênçãos do abismo que está
debaixo, com bênçãos dos peitos e da madre". Gênesis 49:25.
Isaías, ao descrever a excelência futura e as bênçãos de Israel, diz: "E mamarás
o leite das nações, e te alimentarás dos peitos dos reis; e saberás que eu sou o
Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Possante de Jacó". Isaías 60:16. O
povo de Deus será sustentado pelos recursos das nações e dos reis porque seu
Deus é El-Shadai - O poderoso para abençoar.
Satanás tenta competir com Deus e é um falsificador de Suas obras. Portanto,
podemos esperar encontrar nas religiões pagãs imitações de Deus em vários
aspectos de seu caráter e governo. Este fato é bem demonstrado na seguinte
citação tirada do livro de Nathan J. Stone concernente aos nomes de Deus no
Velho Testamento.
"Tal conceito de um deus ou divindade não era estranha nem incomum aos
antigos. Os ídolos dos antigos pagãos são às vezes chamados por nomes que
indicam seu poder em suprir as necessidades dos seus adoradores. Sem
dúvida, porque eram considerados como grandes agentes da natureza ou dos
62
céus, dando chuva, fazendo com que da terra brotassem águas, para trazer
abundância e frutos para manter e nutrir a vida.
Havia muitos ídolos com peitos, adorados entre os pagãos. Um historiador
mostra que o corpo inteiro da deusa egípcia, Isis, era coberto de peitos, porque
todas as coisas são sustentadas e nutridas pela terra ou natureza. O mesmo se
vê com a deusa Diana dos efésios no capítulo 19 de Atos, pois Diana
simbolizava a natureza e todo o mundo, com todos os seus produtos.
Este nome de Deus primeiramente aparece em conexão com Abrão. Gênesis
17:1-2. Anos antes e em diferentes ocasiões, Deus prometera a Abraão que
faria dele uma grande nação e uma numerosa descendência. Os anos se
passaram e o filho prometido a Sara e Abrão não vinha.
Foi então que ele recorreu aquele expediente carnal que trouxe Ismael e o
Islamismo ao mundo. E a promessa de Deus ainda não havia se cumprido. E
agora, de acordo com as leis da natureza, era muito tarde: Abrão contava com
99 anos de idade e Sara com 90. A esta altura é que Deus lhe aparece como o
Deus Todo-poderoso (El-Shadai) e repete Sua promessa.
E aqui é que seu nome foi mudado de Abrão a Abraão, que significa "pai de
muitas nações". Aqui temos uma promessa desconcertante, mas Abraão não
vacilou, pois ele "era forte na fé, dando glória a Deus". Romanos 4:20. A fé forte
de Abraão era baseada sobre esta nova revelação de Deus como Deus Todo-
poderoso (El-Shadai). "Ele não considerou mais seu corpo como morto... nem a
madre de Sara como infrutífera"; pois seus pensamentos estavam sobre um
Deus Todo-suficiente. Esta é uma bela ilustração da diferença entre a lei da
natureza e o Deus da natureza. As leis da natureza não podiam produzir um
63
Isaque, mas isto não era problema para o Deus da natureza. Não importa, se
todas as coisas forem contra Deus; Ele é Todo-suficiente nele mesmo.
ADONAI
Este nome de Deus está no plural, denotando assim a pluralidade das pessoas
na Divindade. É traduzido como Senhor em nossa Bíblia e denota uma relação
de Senhor e escravo. Quando usado no possessivo, indica a posse e autoridade
de Deus. A escravidão é uma bênção quando Deus é o Dono e Senhor. Nos
dias de Abraão, a escravidão era uma relação entre homem e homem e não era
um mal implacável. O escravo comprado tinha a proteção e os privilégios não
gozados pelos empregados assalariados. O escravo comprado devia ser
circuncidado e tinha permissão de participar da Páscoa. Êxodo 12:44.
Esta palavra no singular (Adon) refere-se a homem mais de duzentas vezes no
Velho Testamento e é traduzida várias vezes como; Senhor, Mestre, Dono. Este
nome de Deus é usado pela primeira vez no Velho Testamento em conexão com
Abraão. Abraão foi o primeiro a chamar Deus de Adonai.
Abraão como dono de escravos reconhecia Deus como seu mestre e
proprietário. Quando Abraão retorna da sua vitória sobre os reis, depois de ter
libertado Ló, o rei de Sodoma queria gratificá-lo, mas ele recusou recompensas.
E "depois destas coisas veio a palavra do Senhor (Jeová) a Abraão dizendo:
"Não temas, Abraão, Eu sou teu escudo e tua grande recompensa, e Abraão
disse: Senhor Deus" (Adonai Jeová). Ele que possuía escravos reconhecia a si
próprio como escravo de Deus.
64
JEOVÁ
Este é o mais famoso dentre os nomes de Deus e é predicado dele como um
Ser necessário e auto-existente. O significado é: AQUELE QUE SEMPRE FOI,
SEMPRE É E SEMPRE SERÁ. Temos assim traduzido em Apocalipse 1:4:
"Daquele que é, e que era, e que há de vir".
Jeová é o nome pessoal, próprio e incomunicável de Deus. No Salmo 83:18
lemos: "Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome Jeová, és o
Altíssimo sobre toda a terra". Os outros nomes de Deus são às vezes
empregados a criaturas, mas o nome Jeová é usado exclusivamente para o
Deus vivo e verdadeiro.
Os judeus tinham uma reverência supersticiosa por este nome e não o
pronunciavam quando na leitura, antes o substituíam por Adonai ou Eloím. Este
é o nome de Deus no concerto com o homem. Este nome aparece
aproximadamente sete mil vezes e na maioria é traduzido como "Senhor". Como
já dissemos ele inclui todos os tempos; passado, presente e futuro. O nome vem
de uma raiz que significa "Ser."
A. W. Pink tem comentários esclarecedores sobre a relação entre Eloim e Jeová
em seu livro: A Inspiração Divina da Bíblia, e citamos: "Os nomes Eloim e Jeová
são encontrados nas páginas do Velho Testamento diversas mil vezes, mas
nunca são usados de modo negligente nem alternadamente.
Cada um destes nomes tem um propósito e significado definido, e se os
substituirmos um pelo outro a beleza e a perfeição de muitas passagens seriam
destruídas. Como ilustração: A palavra "Deus" aparece em todo o capítulo de
Gênesis 1, mas "Senhor Deus" no capítulo 2. Se nestas duas passagens os
65
nomes fossem invertidos; falha e defeito seriam o resultado. "Deus" é o título de
criação, enquanto que "Senhor" implica relação de concerto e mostra Deus
tratando com Seu povo.
Portanto, em Gênesis 1, "Deus" é usado, no capítulo 2 "Senhor Deus" é
empregado e através do resto do Velho Testamento estes dois nomes são
usados discriminadamente e em harmonia com seus significados neste dois
primeiros capítulos da Bíblia.
Um ou dois exemplos serão o suficiente. "E entraram para Noé na arca, dois a
dois de toda carne que havia espírito de vida. E os que entraram, macho e
fêmea de toda carne entraram, como Deus (Eloím, C. D. Cole) lhe tinha
ordenado; "Deus", porque era o Criador exigindo o respeito de Suas criaturas;
mas no restante do mesmo versículo, lemos: "e o Senhor (Jeová, C. D. C.)
fechou-a por fora, (Gênesis 7:15-16) isto porque a ação de Deus para com Noé
estava baseado na relação de concerto.
Quando saiu para enfrentar Golias, Davi disse: "Neste dia o Senhor (Jeová) te
entregará na minha mão (porque Davi tinha um concerto com Deus) e ferir-te-ei,
e te tirarei a cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às
aves dos céus e às bestas da terra; e toda a terra saberá que há Deus (Eloím)
em Israel; E saberá toda esta congregação (que estava em relação de concerto
com Ele) que o Senhor (Jeová) salva não com espada nem com lança". 1
Samuel 17:46-47. Mais uma vez: "Sucedeu pois que, vendo as capitães dos
carros a Josafá disseram: É o rei de Israel e o cercaram para pelejarem, porém
Josafá clamou, e o Senhor (Jeová) o ajudou. E Deus (Eloim) os desviou dele". 2
Crônicas 18:31. E assim temos exemplos através todo o Velho Testamento.
66
OS TÍTULOS DE JEOVÁ
O nome Jeová é muitas vezes usado de modo composto com outros nomes
para apresentar o verdadeiro Deus em algum aspecto de Seu caráter,
satisfazendo certas necessidades de Seu povo. Existem quatorze destes títulos
de Jeová no Velho Testamento, mas neste volume não há espaço para se tratar
de cada um separadamente. Teremos que nos satisfazer com uma
apresentação dos títulos e algumas referências onde são usados:
JEOVÁ-HOSENU, "Jeová nosso criador". Salmo 95:6.
JEOVÁ-JIRÉ, "Jeová proverá". Gênesis 22:14.
JEOVÁ-RAFÁ, "Jeová que te cura". Êxodo 15:26.
JEOVÁ-NISSI, "Jeová, minha bandeira". Êxodo 17:15.
JEOVÁ-M?KADDÉS, "Jeová que te santifica". Levítico 20:8.
JEOVÁ-ELOENU, "Jeová nosso Deus". Salmo 99:5 e 8.
JEOVÁ-ELOEKA, "Jeová teu Deus". Êxodo 20:2,5,7.
JEOVÁ-ELOAI, "Jeová meu Deus". Zacarias 14:5.
JEOVÁ-SHALOM, "Jeová envia paz". Juízes 6:24.
JEOVÁ-TSEBAOTE, "Jeová das hostes". 1 Samuel 1:3.
JEOVÁ-ROÍ, "Jeová é meu pastor". Salmo 23:1.
JEOVÁ-HELEIÓN, "Jeová o altíssimo". Salmo 7:17; 47:2.
67
JEOVÁ-TSIDKENU, "Jeová nossa justiça". Jeremias 23:6.
JEOVÁ-SHAMÁ, "Jeová está lá". Ezequiel 48:35.
OS NOMES DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO
TEOS.
No Novo Testamento grego este é geralmente o nome de Deus, e corresponde a
Eloim no Velho Testamento hebraico. É usado para todas as três pessoas da
Trindade, mas especialmente para Deus, o Pai.
PATER.
Este nome corresponde ao Jeová do V. T., e denota a relação que temos com
Deus através de Cristo. É usado para Deus duzentas e sessenta e cinco vezes e
é sempre traduzido como Pai.
DÉSPOTES.
(Déspota no português). Este título denota Deus em Sua soberania absoluta, e é
semelhante a Adonai do V. T. Encontramos este nome apenas cinco vezes no
N. T., Lucas 2:29; Atos 4:24; 2 Pedro 2:1; Judas 4; Apocalipse 6:10.
KÚRIOS.
Este nome é encontrado centenas de vezes e traduzido como; Senhor
(referendo a Jesus), senhor (referendo ao homem), Mestre (referendo a Jesus),
68
mestre (referendo ao homem) e dono. Em citações do hebraico usa-se muitas
vezes em lugar de Jeová. É um título do Senhor Jesus como mestre e dono.
CHRISTUS.
Esta palavra significa o Ungido e é traduzida Cristo. Deriva-se da palavra "chrio"
que significa ungir. É o nome oficial do Messias ou Salvador que era por muito
tempo esperado. O N. T. utiliza este nome exclusivamente referindo-se a Jesus
de Nazaré.
Destes nomes todos do Ser Supremo, aprendemos que Ele é o Ser eterno,
imutável, auto-existente, auto-suficiente, todo-suficiente e é o supremo objeto de
temor, confiança, adoração e obediência.
AS OBRAS DE DEUS
O DECRETO DE DEUS
É o eterno propósito de Deus, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual,
para a sua própria glória, ele determinou tudo o que acontece.
O DECRETO DE DEUS É SOMENTE UM:
Embora muitas vezes usemos esse termo no plural, em sua própria natureza o
decreto é somente um único ato de Deus. Esse ato é imediato e simultâneo, não
sucessivo como o nosso, e a sua compreensão é sempre completa. Não
existem, pois, uma série de decretos de Deus, mas somente um plano que
abrange tudo o que se passa.
69
A RELAÇÃO DO DECRETO COM O CONHECIMENTO DE DEUS:
O decreto de Deus tem a mais estreita relação com o seu conhecimento. o
decreto de Deus não refere-se ao ser essencial de Deus, nem às suas
atividades imanentes dentro do ser divino. Deus não decretou ser santo e justo,
nem existir como três pessoas numa essência, nem gerar o filho. Essas coisas
são como são necessariamente e não dependem da vontade optativa de Deus.
Aquilo que é essencial ao ser divino não pode fazer parte do conteúdo do
decreto. O decreto não se limita aos atos realizados pessoalmente por Deus,
mas abrange também as ações das suas criaturas livres. Algumas coisas Deus
faz pessoalmente, outras ele faz com que aconteçam por meios secundários, os
quais ele vitaliza e sustenta pelo seu poder.
O DECRETO NÃO É O ATO PROPRIAMENTE DITO:
Deve-se fazer distinção entre o decreto e sua execução. O decreto para criar
não é a criação em si, nem o decreto para justificar é a justificação em si.
Ordenar Deus o universo de tal modo que o homem seguirá certo curso de ação,
também é bem diferente de ordenar-lhe que aja desse modo. O decreto não é
dirigido ao homem e não é de natureza estatutária, tampouco impõe compulsão
ou obrigação à livre vontade do homem.
70
AS CARACTERÍSTICAS DO DECRETO DIVINO:
TEM SEU FUNDAMENTO NA SABEDORIA DIVINA
(Efésios. 3:10,11, Salmos. 104:24, Provérbios 3:19, jr. 10:12, 51:15, Salmos.
33:11, Provérbios . 19:21.)
É ETERNO
( Atos. 15:18, Efésios. 1:4, ii tm. 1:9.)
É EFICAZ
( Salmos. 33:11, is. 46:10.)
É IMUTÁVEL
( jó 23:13,14, lc. 22:22, at. 2:23.)
É UNIVERSAL E TOTALMENTE ABRANGENTE
(Efésios. 1:11, Efésios. 2:10, Provérbios . 16:4, at. 4:27,28,Gêneses 45:8, 50:20,
Salmos. 119:89-91, ii ts. 2:13, Efésios. 1:4, jó 14:5, Salmos. 39:4, at. 17:26)
OBJEÇÕES À DOUTRINA DO DECRETO:
É INCOERENTE COM A LIBERDADE MORAL DO HOMEM
A Bíblia revela que Deus decretou a liberdade do homem e este, no pleno uso
de sua liberdade sempre leva a efeito o decreto absoluto de Deus. ex.: foi
decretado que Jesus seria crucificado, todavia os homens foram perfeitamente
livres em seu procedimento e responsabilizados por este crime.
71
Ademais, o decreto divino só dá certeza aos eventos, mas não implica que Deus
os realizará ativamente. A questão é: a certeza prévia de Deus se coaduna com
a livre ação. o fato de se estar razoavelmente certos quanto ao curso de ação
que alguém que conhecemos seguirá não implica em infringir sua liberdade.
O DECRETO ELIMINA A TODOS OS MOTIVOS PARA ESFORÇO
O decreto divino não é dirigido para o homem como uma regra de ação, visto
que o conteúdo dele só se torna conhecido pela sua concretização, e depois
desta. há porém uma regra de ação incorporada na lei e no evangelho e essa
sim, deve ser seguida à risca. o decreto não inclui somente os diversos fatos da
vida humana, mas também as livres ações humanas, logicamente anteriores aos
resultados e destinadas a produzi-lo. em at. 27 era absolutamente certo que
todos os que estavam no navio com Paulo seriam salvos, mas era igualmente
certo que, para assegurar este fim, os marinheiros tinham que permanecer a
bordo.
O DECRETO FAZ DE DEUS O AUTOR DO PECADO
Esta se fosse verdadeira, seria uma objeção insuperável, pois Deus não pode
ser o autor do pecado. Isto está claro na lei de Deus. (Salmos. 92:15, ec. 7:29,
tg. 1:13, i jo. 1:5). O decreto faz de Deus simplesmente o autor de seres morais
livres, eles próprios os autores do pecado. Deus decreta sustentar a livre
agência deles, regular as circunstâncias da sua vida, e permitir que a livre
escolha deles seja exercida numa multidão de atos, dos quais alguns são
pecaminosos.
72
Por boas e santas razões, ele dá como certo que esses atos acontecerão, mas
não decreta acionar efetivamente esses maus desejos ou más escolhas nos
homens. O problema da relação de Deus com o pecado continua sendo um
mistério ainda não resolvido por nós. O decreto de Deus apenas permitiu a
entrada do pecado no mundo. Não significa que tem prazer nele.
5. A CRIAÇÃO
O estudo do decreto nos leva naturalmente à consideração da sua execução, e
esta começa com a obra da criação. O conhecimento desta doutrina só se aceita
pela fé. (hb. 11:3).
Em distinção à geração do filho, que foi um ato necessário do pai, a criação do
mundo foi um ato livre do Deus triúno. A criação esteve eternamente na vontade
de Deus e, portanto, não produziu mudança nele.
Antes da criação o tempo não existia, dado que o mundo foi trazido à existência
juntamente ―com o‖ tempo, antes que ―no‖ tempo. a igreja, de um modo geral,
sustenta que o mundo foi criado em seis dias comuns, no entanto alguns vultos
da história da igreja, como Agostinho, afirmavam que os dias seriam dias
eternos, já que ―para o Senhor um dia é como mil anos‖.
Alguns também sugerem que transcorreu um longo período de tempo entre a
criação primária de Gêneses 1:1,2 e a criação secundária dos versículos
subseqüentes. A Bíblia está repleta de provas sobre a criação do mundo por
parte de Deus:
73
Passagens que salientam a onipotência de Deus na obra da criação.
(is. 40:26,28, am. 4:13)
Passagens que indicam sua exaltação acima da natureza.
(Salmos. 90:2, 102:26,27, at. 17:24)
Passagens que se referem à sabedoria de Deus na obra da criação.
(is. 40:12-14, jr. 10:12-16, jo. 1:3)
Passagens que vêem a criação do ponto de vista da soberania e do propósito de
Deus.
(is. 43:7, rm. 1:25)
Passagens que falam da criação como a obra fundamental de Deus.
(i co. 11:9, cl. 1:16)
Passagens que revelam explicitamente Deus como o criador.
(ne. 9:6, is. 42:5, 45:18, Apocalipse 4:11, 10:6)
A crença da Igreja na criação do mundo vem expressa já no primeiro artigo
confissão de fé apostólica: ―creio em Deus pai, todo-poderoso, criador dos céus
e da terra‖.
A Igreja primitiva entendia o verbo ―criar‖ no sentido estrito de ―produzir do nada
alguma coisa‖. No entanto deve-se notar que nem sempre a escritura usa a
palavra hebráica ―bará‖ e o termo grego ―ktizein‖ nesse sentido absoluto.
74
Também emprega esses termos para denotar uma criação secundária, na qual
Deus fez uso de material já existente, mas que não podia causar por si mesmo o
resultado indicado. (Gêneses 1:21,27, 5:1, is. 45:7,12, 54:16, am. 4:13, i co.
11:9, ap.10:6).
Dois outros termos são utilizados como sinônimos de termo ―criar‖: fazer, do
hebraico ―asah‖ e do grego ―poiein‖ e formar, do hebraico ―yatsar‖ e do grego
―plasso‖.
DEFINIÇÃO:
A criação é o livre ato de Deus pelo qual ele, segundo a sua vontade soberana e
para a sua própria glória, produziu no princípio todo o universo, visível e
invisível, em parte do nada e em parte de material que, por sua natureza, nada
poderia produzir, e assim lhe deu uma existência distinta da sua própria, e, ainda
assim dele dependente.
A CRIAÇÃO É UM ATO DO DEUS TRIÚNO:
Embora o pai esteja em primeiro plano na obra da criação (i co. 8:6), esta é
também reconhecida como obra do filho (jo. 1:3) e do espírito santo (Gêneses
1:2, jó 26:13). Todas as coisas são, de uma só vez, oriundas do pai, por meio do
filho e no espírito santo. Pode-se dizer, de modo geral, que o ser provém do pai,
a idéia provém do filho e a vida provém do espírito santo.
75
A CRIAÇÃO É UM ATO LIVRE DE DEUS:
A Bíblia nos ensina que Deus criou todas as coisas segundo o conselho da sua
vontade. (ef. 1:11, Apocalipse 4:11) e que ele é auto-suficiente e não depende
de suas criaturas, de modo nenhum. (jó 22:2,3, at. 17:25)
A CRIAÇÃO É UM ATO TEMPORAL DE DEUS:
A Bíblia começa com a singela declaração: ―no princípio criou Deus os céus e a
terra‖. (Gêneses 1:1) o termo hebráico ―bereshith‖ (no princípio) é indefinido e,
naturalmente, surge a questão: princípio de quê? parece melhor tomar a
expressão no sentido absoluto, como uma indicação do início de todas as coisas
temporais e do próprio tempo. não é correto presumir que já existia o tempo
quando Deus criou o mundo e que ele, em certo ponto desse tempo existente,
deu ―princípio‖ a produção do universo. está claro na escritura que o mundo teve
começo em passagens como Salmos 90:2, 102:25, mt. 19:4,8, mc. 10:6, jo.
1:1,2, hb. 1:10.
O FIM ÚLTIMO DA CRIAÇÃO:
São duas as teorias sobre qual teria sido a finalidade das coisas criadas:
A FELICIDADE DA HUMANIDADE
Alguns teólogos afirmam que a bondade de Deus o induziu a criar o mundo. Ele
desejava se comunicar com suas criaturas e a felicidade destas era o fim que
ele tinha em vista. No entanto é certo que esse fim ainda não foi alcançado,
76
levando em consideração todos os sofrimentos que há no mundo. Não podemos imaginar
que um Deus sábio e onipotente escolhesse um fim destinado a falhar no todo ou em
parte. (jó 23:13)
A GLÓRIA DECLARATIVA DE DEUS
A Igreja de Jesus Cristo encontrou o verdadeiro fim da criação, não em alguma
coisa que esteja fora de Deus, mas em Deus mesmo. O fim supremo de Deus
na criação é a manifestação de sua glória. (is. 43:7, 60:21, 61:3, lc. 2:14, rm.
9:17, 11:36, i co. 15:2)
A INTERPRETAÇÃO DE GÊNESES 1:1,2:
Alguns interpretam Gênesis 1:1 com um título do restante da criação, não
possuindo um sentido independente, mas isso é objetável por, pelo menos, duas
razões:
1. Porque a narração subsequente está ligada ao primeiro versículo pela
partícula ―e‖ (waw), o que não aconteceria se fosse um título.
2. Nos versículos seguintes não contêm o relato da criação dos céus.
A interpretação mais aceita é que Gêneses 1:1 registra a criação original e
imediata do universo, chamado ―céus e terra‖. Nessa expressão, a palavra céus
refere-se à ordem invisível das coisas, (não deve ser confundido com os céus
cósmicos, como nuvens, astros e estrelas) e a palavra terra refere-se à ordem
77
visível original. Dos que aceitam essa teoria, muitos acham que a terra era um
lugar de habitação de anjos, vindo a se tornar um caos com a rebelião de lúcifer
e a expulsão dos rebeldes (vs. 2). A terra então foi transformada numa habitação
adequada para os homens.
O CONCEITO DE QUE FORAM DIAS LITERAIS:
Apesar de sempre ter havido os defensores de que foram longos períodos de
tempo, a ideia predominante na Igreja sempre foi que os dias de Gêneses
capítulo 1 devem ser entendidos como dias literais, eis as razões:
Em seu significado primário, a palavra ―yom‖ denota um dia natural, e é boa
regra de exegese não abandonar o sentido original de uma palavra.
O autor de gênesis parece ter-nos aprisionado absolutamente na interpretação
literal acrescentando, quanto a cada dia, as palavras: ―houve tarde e manhã‖,
cada dia teve uma tarde e uma manhã, coisa que dificilmente se aplicaria num
período de mil anos.
Se cada dia fosse um longo período de tempo, o que seria da vegetação depois
que esta foi criada?
Em ex. 20:9-11 ordena-se a Israel que trabalhe seis dias e descanse no sétimo,
porque Jeová fez os céus e aterra em seis dias e descansou no sétimo,
presume-se nesse texto que os dias eram da mesma espécie tanto para Deus
como para os homens.
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  • 1. 1
  • 2. 2
  • 3. 3 A PAZ DO SENHOR JESUS SEJA CONVOSCO Estamos vivendo tempos de sede espiritual, onde heresias têm procurado se instalar no meio da Igreja. Não basta apenas termos talentos naturais ou compreensão das conseqüências das crises que o mundo atravessa. Precisamos, exercer influências com nosso testemunho perante os que dispomos a ensinar a Palavra de Deus. Esse treinamento compacto e objetivo da Teologia Sistemática é muito importante porque nos dará ampla visão da teologia Divina, atrairá futuros líderes ao aprendizado e criará um ambiente mais espiritual na nossa Igreja (Koinonia). Aprendizados errados geram desastres e resistência à Obra de Deus. Somente o correto de forma correta leva ao sucesso, na consciência e submissão ao Espírito Santo que rege a Igreja. Temos que combinar estratégias de ensino com o nosso caráter revelado em nossas vidas; devemos incentivar a confiança dos alunos na Escritura, com coerência e potencial. Temos capacidade, em Deus, de mudarmos o mundo, começando do mundo interior das consciências humanas dos alunos, que se tornarão futuros evangelizadores capacitados na Palavra de Deus. Não preguemos a verdade para ferirmos os outros ou para destruir, mas para ajudar e corrigir as almas, com amor, esperando que Deus lhes conceda o entendimento do Reino dos Céus.
  • 4. 4 DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM RESPONSABILIDADE DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ORAÇÃO. A Palavra de Deus é discernida espiritualmente. Por isso, devemos orar pedindo a Deus que abra os nossos olhos para podermos ver as maravilhas de sua lei (1 Co 2.14; Sl 119.18). Entender a Bíblia é uma virtude espiritual que somente Deus pode nos dar (Ef 1.17-19). A qualidade de nosso estudo teológico passa pela qualidade de nossa espiritualidade, que se manifesta numa vida de dependência de Deus pela oração. DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM HUMILDADE. A Bíblia diz que ―Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes‖ (1 Pe 5.5). À medida que aprendemos das Escrituras, devemos ter o cuidado de não nos orgulharmos, assumindo assim uma atitude de superioridade em relação àqueles que não conhecem o que temos estudado. Para evitar o orgulho, devemos associar o conhecimento ao amor (1 Co 8.1). DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A RAZÃO. Podemos e devemos usar nossa razão para estudar e tirar conclusões do estudo das Escrituras Sagradas, mas nunca fazer deduções que contradiga o que a própria Bíblia diz. Nossas conclusões lógicas podem muitas vezes ser errôneas, pois os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos pensamentos (Isaias 55.8-9). A Bíblia é a essência da verdade, e todo o seu conteúdo é justo e permanente (Salmos 119.160). Toda conclusão lógica que
  • 5. 5 tivermos ao estudar teologia, deve estar em harmonia com toda a Bíblia. Caso contrário, nossa lógica está enganada, pois a Bíblia não se contradiz jamais. DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A AJUDA DE OUTROS. Deus estabeleceu mestres na igreja e seminários de teologia (1 Co 12.28). Isso significa que devemos ler livros escritos por teólogos e seminários preparados como o Seminário Gospel. Conversar com outros cristãos sobre teologia é também uma excelente maneira de conhecer mais sobre Deus. DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COMPILANDO PASSAGENS BÍBLICAS. O uso de uma boa concordância bíblica nos ajudará a procurar palavras-chave sobre determinado assunto. Resumir versículos relevantes e estudar passagens difíceis também ajuda. É grande a alegria ao descobrir temas bíblicos. É a recompensa do próprio estudo. DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ALEGRIA. Não podemos estudar teologia de forma fria, pois ela trata do Deus vivo e de suas maravilhas. O estudo da Bíblia é uma maneira de amar a Deus de todo o coração (Dt 6.5), pois seus ensinamentos ―dão alegria ao coração‖, são grandes riquezas (Sl 19.8; 119.14). No estudo da teologia somos levados a dizer: ―Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Quem primeiro lhe
  • 6. 6 deu, para que ele o recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém‖ (Rm 11.33-36). CURIOSIDADES BÍBLICAS: A palavra Bíblia vem do grego, através do latim, e significa: livros. Os primeiros materiais utilizados para as escrituras foram: a pedra, usada por Moisés para receber os dez mandamentos (Êxodo 24:12 e 34:1); o papiro, material extraído de uma planta aquática desse mesmo nome (Jó 8:11; Isaías 18:2); de papiro deriva o termo papel (II João 12) e o pergaminho, pele de animais, curtida e preparada para escrita, usado a partir do início do século i, na Ásia menor (II Timóteo 4:13). A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos. A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo após a invenção do prelo, em 1452 em Mainz, Alemanha. A primeira Bíblia em português foi impressa em 1748, a tradução foi feita a partir da vulgata latina e iniciou-se com d. diniz (1279-1325). A divisão em capítulos foi introduzida pelo professor universitário parisiense Stephen langton, em 1227, que viria a ser eleito bispo de cantuária pouco tempo depois.
  • 7. 7 A divisão em versículos foi introduzida em 1551, pelo impressor parisiense Robert Stephanus. Ambas as divisões tinham por objetivo facilitar a consulta e as citações bíblicas, e foi aceita por todos, incluindo os judeus; O versículo central da Bíblia é o Salmo 118:8, o qual divide a mesma ao meio. Os livros de Ester e cantares de Salomão não possuem a palavra ―Deus‖. A frase ―não temas‖, ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano! Há 3573 promessas na Bíblia. O antigo testamento encerra citando a palavra ―maldição‖, o novo testamento encerra citando ―a graça de nosso Senhor Jesus Cristo‖. A Bíblia completa pode ser lida em 70 horas e 40 minutos, na cadência de leitura de púlpito. O antigo testamento leva 52 horas e 20 minutos. O novo testamento, 18 horas e 20 minutos. Para ler a Bíblia toda em um ano basta ler 5 capítulos aos domingos e 3 nos demais dias da semana.
  • 8. 8 COMO PODEMOS SABER SE A BÍBLIA É INFALÍVEL? A PRÓPRIA BÍBLIA O AFIRMA: A Bíblia afirma em várias passagens acerca de si mesma que ela é a palavra de Deus e não contem erros (II Timóteo 3:16-17; II Pedro 1:20-21; Mateus 24:35) A expressão "assim diz o senhor" e equivalentes encontram-se cerca de 3.800 vezes na Bíblia. Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como tradução mal feita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda, falsa aplicação quanto aos sentidos do texto, etc. saibamos refletir como Agostinho, que disse: ―num caso desse, deve haver erro do copista, que não consigo entender...‖ A BÍBLIA FAZ REFERÊNCIA A FATOS ATUAIS: A primeira citação da redondeza da terra é feita na Bíblia, e não por Galileu Galileu (Isaías 40: 22). O trânsito pesado e veloz, os cruzamentos e os faróis acesos aparecem descritos exatamente como são hoje (Naum 2:4). A mensagem através de "out-doors" é uma citação bíblica detalhada (Habacuque 2: 2).
  • 9. 9 A primeira referência a impressões digitais aparece no livro mais antigo da Bíblia (Jó 37:7). A UNIDADE DA BÍBLIA É UM MILAGRE: Unidade da Bíblia só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses homens tinham diferentes atividades e escreveram sob diferentes situações. Na maior parte dos casos não se conhecem e nada sabiam sobre o que já havia sido escrito pelos outros. Tudo isto somando num livro puramente humano daria uma babel indecifrável! A BÍBLIA TEM UM ÚNICO TEMA CENTRAL: É o Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo declara em Lucas 24: 27, 44 e João 5:39. Considerando Cristo como o tema central da Bíblia, os 66 livros apontam para Ele: Gênesis: Jesus é o descendente da mulher (3:15) Êxodo: é o cordeiro pascal (12:5-13) Levíticos: é o sacrifício expiatório (4:14,21) Números: é a rocha ferida (20:7-13) Deuteronômio: é o profeta (18:15) Josué: é o príncipe dos exércitos do senhor (5:14) Juízes: é o libertador (3:9) Rute: é o parente divino (3:12)
  • 10. 10 Reis e Crônicas: é o rei prometido (I Reis 4:34) Ester: é a providência divina (4:14) Jó: é o nosso redentor (19:25) Salmos: é o nosso socorro e alegria (46:1) Provérbios: é a sabedoria de Deus (8:22-36) Cantares: é o nosso amado (2:8) Eclesiastes: é o pregador perfeito (12:10) Profetas: é o messias prometido (Mateus 2:6) Evangelhos: é o salvador do mundo (João 3) Atos: é o cristo ressurgido (2:24) Epístolas: é a cabeça da igreja (Efésios 4:14) Apocalipse: é o alfa e o ômega (22:13) Podemos afirmar que a Bíblia é a palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática e infalível, nenhuma de suas promessas jamais falhou e seguir suas orientações é garantia de sucesso em todas as áreas da vida.
  • 11. 11 PRIMEIRO MÓDULO INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA A Teologia Sistemática é uma importante ferramenta em nos ajudar a compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada. DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA A palavra ―teologia‖ é derivada dos termos gregos theos, que significa ―Deus‖ e iogos, que significa ―palavra‖, ―discurso‖, ―tratado‖ ou ―estudo‖. A Teologia pode então ser conceituada, do modo mais simples, como ―a ciência do estudo de Deus‖. O seu campo é estendido não apenas à pessoa de Deus, mas também às Suas obras, de forma que ela tem sido chamada de ―o estudo de Deus e de sua relação para com o Universo‖,―Sistematizar‖, por sua vez, é ―reduzir diversos elementos a um sistema‖ ou ―agrupar em um corpo de doutrina‖. Sistemático, portanto, é aquilo que segue um sistema, uma ordenação, um método. Quando se aplica o adjetivo a essa disciplina da enciclopédia teológica não se quer dizer que outras disciplinas (como a exegese ou a teologia bíblica) não seguem qualquer sistema, mas que é a Teologia Sistemática que procura oferecer a verdade acerca de Deus e sua obra, apresentada na Bíblia, como um todo, como um sistema unificado. Teologia Sistemática é qualquer estudo que responda à pergunta: ―O que a Bíblia toda nos ensina hoje?‖ sobre qualquer assunto. (John Frame,
  • 12. 12 Westminister Seminary, Escondido, Califórnia – EUA). Essa definição índica que Teologia Sistemática envolve coletar e compreender todas as passagens relevantes na Bíblia sobre vários assuntos e então resumir seus ensinos claramente de modo que conheçamos aquilo que cremos sobre cada assunto. OUTRAS DEFINIÇÕES DE TEOLOGIA ALEXANDER: A ciência de Deus. Um resumo da verdade religiosa cientificamente arranjada, ou uma coleção filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay Alexander). CHAFER: Teologia sistemática pode ser definida como a coleção, cientificamente arrumada, comparada, exibida e defendida de todos os fatos de toda e qualquer fonte referentes a Deus e às Suas obras. Ela é temática porque segue uma forma de tese humanamente idealizada, e apresenta e verifica a verdade como verdade (Lewis Sperry Chafer). HODGE: A teologia sistemática tem por objetivo sistematizar os fatos da Bíblia, e averiguar os princípios ou verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles Hodge).
  • 13. 13 THOMAS: A ciência é a expressão técnica das leis da natureza; a teologia é a expressão técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos espirituais da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de ensinamentos. A doutrina, assim, corresponde às generalizações da ciência (W. H. Griffith Thomas) STRONG: A ciência de Deus e dos relacionamentos de Deus com o universo (A. H. Strong). SHEDD: Uma ciência que se preocupa com o infinito e o finito, com Deus e o universo. O material, portanto, que abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência. Também é a mais necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd). DEFINIÇÕES ERRADAS: Para definir teologia foram empregados alguns termos enganadores e injustificados. Já se declarou que ela é "a ciência da religião"; mas o termo religião de maneira nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a Sua obra. Da mesma forma já se disse que ela é "o tratamento científico daquelas verdades que se encontram na Bíblia; mas esta ciência, embora extrai porção maior do seu material das Escrituras, extrai também o seu material de toda e qualquer fonte. A teologia sistemática também tem sido definida como o
  • 14. 14 arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o cristianismo representa apenas uma simples fração de todo o campo da verdade relativa à Pessoa de Deus e o Seu universo, esta definição não é adequada. OUTRAS AREAS DA TEOLOGIA ABORDADAS EM CURSOS DE BACHAREIS EM TEOLOGIA DO SEMINÁRIOGOSPEL.COM TEOLOGIA BÍBLICA: Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento divinamente ordenado e no seu ambiente histórico conforme nos apresentados diversos livros da Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo doutrinário e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada. A teologia bíblica extrai o seu material exclusivamente da Bíblia, seu período compreende somente até o final da era apostólica. TEOLOGIA DOGMÁTICA: É a sistematização e defesa das doutrinas expressas nos símbolos da Igreja. Assim temos "Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma exposição e defesa da doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por Wm. G. T. Shedd, como uma exposição da Confissão de Westminster e de outros símbolos presbiterianos; e "Teologia Sistemática", por Louis Berkhof, como uma exposição da teologia reformada.
  • 15. 15 TEOLOGIA EXEGÉTICA: Estuda o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo das línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da teologia bíblica. TEOLOGIA HISTÓRICA: Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também investiga as variações sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história bíblica, história da igreja, história das missões, história da doutrina e história dos credos e confissões. A teologia histórica tem seu período compreendido desde a era apostólica até os dias atuais. TEOLOGIA NATURAL: Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra revelado na natureza. TEOLOGIA PRÁTICA: Trata da aplicação da verdade aos corações dos homens trazidas pelos outros ramos da teologia, sobretudo a sistemática. Ela busca aplicar à vida prática os ensinamentos das outras teologias, para edificação, educação, e aprimoramento do serviço dos homens. Ela abrange os cursos de homilética, administração da igreja, liderança liturgia, educação cristã e missões.
  • 16. 16 OBJETIVO DA TEOLOGIA ―A coleção, o arranjo lógico, a comparação, a exposição e a defesa de todos os fatos de todas as fontes com respeito a Deus e Suas relações com o Universo‖ (Paul Davidson, Vol. I, p. 2). ―O papel da Teologia como ciência não é criar fatos, mas descobri-los e apresentar a relação deles entre si. Os fatos com que lida a Teologia estão na Bíblia‖ (Paul Davidson, idem). LIMITAÇÕES AO CONHECIMENTO TEOLÓGICO Limitações da mente humana (Rm 11:33; 2 Pe 3:16); Limitações da linguagem humana (2 Co 12:4); Restrições colocadas pelo próprio Deus (Deuteronômio 29:29; Provérbios 25:2; Marcos 13:32; Jô 16:12; Atos 1:7). Para chegarmos à organização que temos hoje, foram necessários anos de estudos e combate às heresias. Após a era apostólica (morte dos apóstolos) surgiram figuras de muita importância no cenário cristão, os apologistas, estudiosos cristãos que defendiam a fé diante das heresias que surgiam em sua época, como Justino Mártir, Tertuliano, Irineu entre outros (100 – 451 d.c.). Essa apologética contribuiu em muito para a organização das doutrinas bíblicas como as temos hoje.
  • 17. 17 A NATUREZA DA DOUTRINA A Bíblia Sagrada dá grande relevância à doutrina, e afirma fornecer o material próprio para seu conteúdo. Ela é enfática em sua condenação contra o que é falso. Adverte contra as "doutrinas dos homens" (Cl. 2.22); contra a "doutrina dos fariseus" (Mt. 16.12); contra os "ensinos de demônios" (I Tim. 4.1); contra os que ensinam "doutrinas que são preceitos de homens" (Mc. 7.7); contra os que "são levados ao redor por todo vento de doutrina" (Ef.4.14). No entanto, se por um lado a Bíblia condena o falso profeta, por outro exorta e recomenda a verdadeira doutrina. Entre outras coisas para a doutrina que "da Escritura é... útil para o ensino" (2 Tim. 3.16). Portanto, nas Escrituras a doutrina é reputada como "boa" (I Tim. 4.6); "sã" (I Tim. 1.10); "segundo a piedade" (I Tim. 6.3); "de Deus" (Tt. 2.10), e "de Cristo" (II Jo.9). Para alguns cristãos, a palavra "doutrina" pode se mostrar um tanto ameaçadora. Ela evoca visões de crenças muito técnicas, difíceis e abstratas, talvez apresentadas de forma dogmática. Doutrina, entretanto, não é isso. A doutrina cristã é apenas a declaração das crenças mais fundamentais do cristão: crenças sobre a natureza de Deus; sobre sua ação; sobre nós, que somos suas criaturas; e sobre o que Deus fez para nos trazer à comunhão com ele. Longe de serem áridas ou abstratas, são as espécies mais importantes de verdades. São declarações sobre as questões fundamentais da vida, ou seja, quem sou eu? Qual é o sentido último do universo? Para onde vou? A doutrina cristã, portanto, constitui-se
  • 18. 18 das respostas que o cristão dá àquelas perguntas que todos os seres humanos fazem. A doutrina lida como verdades gerais ou atemporais sobre Deus e sobre o restante da realidade. Não é apenas um estudo de eventos históricos específicos tais como o que Deus fez, mas da própria natureza do Deus que atua na história. Crenças doutrinárias corretas são essenciais no relacionamento entre o cristão e Deus. Assim, por exemplo, o autor de Hebreus disse: ―De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, portanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb. 11.6). Também importante para um relacionamento adequado com Deus é a crença na humanidade de Jesus; João escreveu: " Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus" (I Jo 4.2). Paulo destacou a importância da crença na ressurreição de Cristo: " Se você confessar com a boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação" (Rom. 10.9,10,NIV). A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA É comum em nossas igrejas, principalmente as pentecostais, existir um sentimento de negativismo em relação à teologia, certa vez ouvi um obreiro
  • 19. 19 dizer o seguinte: “eu não compro uma Bíblia de estudo porque contém teologia de homens”, Bíblias de estudo à parte, esta opinião equivocada tem contribuído para que o ensino teológico seja colocado à margem, talvez por um desconhecimento da teologia e seus efeitos na vida cristã individual e da igreja. A importância da teologia se dá em alguns aspectos: SATISFAZ A MENTE HUMANA Deus quando criou o homem, deu-lhe uma capacidade especial, o intelecto, a razão, ou raciocínio, é da mente humana querer entender o que está ao seu redor, o homem não concebe viver sem entender a vida, já dizia o filósofo Sócrates ―uma vida sem reflexão não merece ser vivida‖. A teologia como ciência humana, vem para tentar preencher a lacuna do entendimento humano acerca de Deus, fundamentando-se no que Ele revelou em sua Palavra, a Bíblia, que é a fonte primária da teologia (Mateus 22.37). AJUDA NA FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO A teologia injeta em nosso intelecto um conhecimento sobre Deus que influi no desenvolvimento do nosso caráter cristão, moldando a nossa mente para tornar- se parecida com a de Cristo, ter uma mente cristã é ver o mundo com a lente dos ensinamentos de Cristo. ―Ter a mente cristã é compreender o mundo ao nosso redor, influenciados pela verdade de Deus, a ponto de, mesmo imperfeitamente, pensarmos os pensamentos de Deus a respeito de qualquer assunto: desde o salário digno de uma empregada doméstica que tem duas crianças para cuidar e alimentar até as implicações éticas da biogenética. Entre outras coisas, ter a mente cristã é
  • 20. 20 também fazer a análise de um filme ou de uma novela, à luz do ensino do evangelho.” (R. RAMOS, 2003, p. 20) SERVE PARA PUREZA E DEFESA DO CRISTIANISMO Ao longo da história da Igreja, surgiram, e ainda surgem muitas teorias, doutrinas, correntes, heresias e afins. Para que a igreja esteja preparada para combater isso e manter uma doutrina bíblica pura, sua teologia precisa estar fundamenta da Bíblia, alguns movimentos religiosos têm sua doutrina fundamentada em teorias que foram combatidas ainda pelos pais da igreja, a doutrina da trindade é um exemplo disso. CONTRIBUI PARA O AVANÇO DO EVANGELHO A Igreja avança de forma sadia quando compreende o significado do evangelho, sendo capaz de dar uma explicação inteligível da verdade a outrem. Os líderes da Igreja têm a responsabilidade de cuidar do desenvolvimento do rebanho (Ef. 4.11-14). FUNDAMENTA A PRÁTICA CRISTÃ Para o cristão é imprescindível entender as escrituras para por em prática os seus mandamentos, a qualidade da nossa espiritualidade é proporcional à qualidade do nosso entendimento da Bíblia.
  • 21. 21 AS ESCRITURAS 2 Timóteo 3.16,17 ―Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.‖ O termo ―Escritura‖, conforme se encontra em 2 Timóteo 3.16, refere-se principalmente aos escritos do Antigo Testamento(3.15). Há evidências, porém, de que escritos do Novo Testamento já eram considerados Escritura divinamente inspirada por volta do período em que Paulo escreveu 2 Timóteo (1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós, hoje, a Escritura refere-se aos escritos divinamente inspirados tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento. São (os escritos) a mensagem original de Deus para a humanidade, e o único testemunho infalível da graça salvífica de Deus para todas as pessoas. Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por Deus. A palavra ―inspirada‖ (gr. theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que significa ―Deus‖, e pneuo, que significa ―respirar‖. Sendo assim, ―inspirado‖ significa ―respirado por Deus‖. Toda a Escritura, portanto, é respirada por Deus; é a própria vida e Palavra de Deus. A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação, dos valores éticos e da moral, como também está isenta de erro em tudo aquilo
  • 22. 22 que ela trata, inclusive a história e o cosmos cf. 2Pe 1.20,21; veja também a atitude do salmista para com as Escrituras no Salmos 119). Os escritores do Antigo Testamento estavam conscientes de que o que disseram ao povo e o que escreveram é a Palavra de Deus (ver Dt 18.18; 2Sm 23.2). Repetidamente os profetas iniciavam suas mensagens com a expressão: ―Assim diz o Senhor‖. Jesus também ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de Deus até em seus mínimos detalhes (Mateus 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26). Ele falou da revelação divina ainda futura (a verdade revelada do restante do Novo Testamento), da parte do Espírito Santo através dos apóstolos (Jo 16.13; cf. 14.16,17; 15.26,27). Negar a inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o testemunho fundamental de Jesus Cristo (Mateus 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25- 27, 44,45; Jo 10.35), do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13; 1Tm 4.1) e dos apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar a sua inerrância é depreciar sua autoridade divina. Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu Espírito, Deus, sem violar a personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (3.16; 2Pe 1.20,21; ver 1Co 2.12,13 notas).
  • 23. 23 A inspirada Palavra de Deus é a expressão da sabedoria e do caráter de Deus e pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em Cristo (Mateus 4.4; Jo 6.63; 2 Timóteo 3.15; 1Pe 2.2). As Sagradas Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de Deus, na sua atividade salvífica a favor da humanidade, em Cristo Jesus. Por isso, as Escrituras são incomparáveis, eternamente completas e incomparavelmente obrigatórias. Nenhuma palavra de homens ou declarações de instituições religiosas igualam-se à autoridade delas. Qualquer doutrina, comentário, interpretação, explicação e tradição deve ser julgado e validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt 13.3). As Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus devem ser recebidas, cridas e obedecidas como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mateus 5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2 Timóteo 3.15,16; ver Êx 20.3). Na Igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2 Timóteo 3.16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37). Só podemos entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o Espírito Santo. É Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu sentido, e quem dá testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co 2.12).
  • 24. 24 Devemos nos firmar na inspirada Palavra de Deus para vencer o poder do pecado, de Satanás e do mundo em nossas vidas (Mateus 4.4; Ef 6.12,17; Tg 1.21). Todos devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo. Devemos manter puras as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos, proclamando a sua mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e defendendo-as contra todos que procuram destruir ou distorcer suas verdades eternas (ver Fp 1.16; 2 Timóteo 1.13,14 notas; 2.2; Jd 3). Ninguém tem autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer coisa da Escritura (ver Dt 4.2 nota; Apocalipse 22.19 nota). Um fato final a ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente no texto original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos nas Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o escritor daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três possibilidades no tocante a um tal suposto problema: (a) as cópias existentes do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão; (b) as traduções atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem conter falhas; ou (c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou incorreta.
  • 25. 25 A DOUTRINA DE DEUS DEFINIÇÕES BÍBLICAS: As expressões "Deus é Espírito" (Jo. 4: 24) e "Deus é Luz " ( I Jo.1:5), são expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é amor" ( I Jo. 4:7) é expressão de Sua personalidade. ( I Tm.6:16) DEFINIÇÃO CRISTÃ DO BREVE CATECISMO: Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. DEFINIÇÃO FILOSÓFICA DE PLATÃO: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem. DEFINIÇÃO COMBINADA: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas têm sua origem, sustentação e fim (Jo. 4:24; Ne. 9:6; Apocalipse l:8; Is. 48:12; Apocalipse 1:17).
  • 26. 26 A EXISTÊNCIA DE DEUS TEORIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS: ATEÍSMO: Nega a existência teórica e prática de Deus. DEÍSMO: Deus criou, mas se retirou e deixa a criação à sua própria sorte. Não interfere. PANTEÍSMO: Deus é uma força impessoal que está presente em tudo. TEÍSMO: Existe um Deus, vivo e pessoal, que criou e governa todas as coisas. Não se pode duvidar da existência de ateus práticos, visto que tanto a Escritura como a experiência a atestam. A respeito dos ímpios o Salmo 14.1 declara: ―Diz o insensato no seu coração: não há Deus‖ (Salmos 10.4b). E Paulo lembra aos Efésios que eles tinham estado anteriormente ―sem Deus no mundo‖, Efésios 2.12. A experiência também dá abundante testemunho da presença deles no mundo. Eles não são necessariamente ímpios notórios aos olhos dos homens, mas podem pertencer aos assim chamados ―homens decentes do mundo‖, embora consideravelmente indiferentes para com as coisas espirituais. Tais pessoas muitas vezes têm a consciência do fato de que estão em desarmonia com Deus, tremem ao pensar em defrontá-lo e procuram esquecê- lo. Parecem Ter um secreto prazer em exibir o seu ateísmo quando tudo vai bem, mas é sabido que dobram os seus joelhos em oração quando sua vida entra repentinamente em perigo. Na época presente, milhares desses ateus práticos pertencem à Associação Americana para o Progresso do Ateísmo.
  • 27. 27 Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da teologia. Não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não se admite que Deus existe. A pressuposição da teologia cristã é um tipo muito definido. A suposição não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal, algum poder ou tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que há um ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte da criação. Pode-se levantar a questão se esta suposição é razoável, questão que pode ser respondida na afirmativa. Não significa, contudo, que a existência de Deus é passível de uma demonstração lógica que não deixa lugar nenhum para dúvida; mas significa, sim, que, embora verdade da existência de Deus seja aceita pela fé, esta fé, se baseia numa informação confiável. Embora a teologia reformada considere a existência de Deus como pressuposição inteiramente razoável, não se arroga a capacidade de demonstrar isto por meio de uma argumentação racional. Dr. Kuyper fala como segue da tentativa de fazê-lo: ―A tentativa de provar a existência de Deus ou é inútil ou é um fracasso. É inútil se o pesquisador acredita que Deus recompensa aqueles que O procuram. É um fracasso se, se trata de uma tentativa de forçar, mediante argumentação, ao reconhecimento, num sentido lógico, uma pessoa que não tem esta pistis‖
  • 28. 28 ACEITAR A EXISTENCIA DE DEUS PELA FÉ O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus. O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 ―… é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam‖. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, ―No principio criou Deus os céus e a terra‖. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivíduos e nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso propósito de redenção. O preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel na velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do Novo testamento. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável.
  • 29. 29 Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. Disse Jesus, ―Se alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo‖, João 7.17. É este conhecimento intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, que Oséias tem em mente quando diz, ―Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor‖, Oséias 6.3. O incrédulo não tem nenhuma real compreensão da palavra de Deus. As palavras de Paulo são pertinentes nesta conexão: ―Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação‖, 1 Coríntios 1.20, 21. PROVAS RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS. No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existência de Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela influência de Wolff. Alguns deles já tinham sido sugeridos, em essência, por Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por estudiosos da filosofia da religião. Somente os mais comuns podem ser apresentados aqui. O ARGUMENTO ONTOLÓGICO.
  • 30. 30 Este argumento foi apresentado em várias formas por Anselmo, Descartes, Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por Anselmo. Este argumenta que o homem tem a idéia de um ser absolutamente perfeito; que a existência é atributo de perfeição; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir. Mas é evidente que não podemos tirar uma conclusão quanto à existência real partindo de um pensamento abstrato. O fato de que temos uma idéia de Deus ainda não prova a Sua existência objetiva. Além disto, este argumento pressupõe tacitamente como já existente na mente humana o próprio conhecimento da existência de Deus que teria que derivar de uma demonstração lógica. Kant declarou, com ênfase, insustentável este argumento, mas Hegel o aclamou como um grande argumento em favor da existência de Deus. Alguns idealistas modernos sugeriram que ele poderia ser proposto de forma um tanto diferente, como a que Hocking chamou, ―O registro da experiência‖. Em virtude podemos dizer: ―Tenho idéia de Deus: portanto, tenho experiência de Deus‖. O ARGUMENTO COSMOLÓGICO. Este argumento tem aparecido em diversas formas. Em geral se apresenta como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada; sendo assim, o universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa indefinidamente grande. Contudo, o argumento não produz convicção, em geral. Hume questionou a própria lei de causa e efeito, e Kant assinalou que, se tudo que existe tem uma causa adequada, isto se aplica também a Deus, e, assim, somos suposição de que o cosmo teve uma causa única, uma causa pessoal e absoluta, e, portanto, não prova a existência de Deus. Esta dificuldade
  • 31. 31 levou a uma construção ligeiramente diversa do argumento como, por exemplo, a que B.P.Bowne fez. O universo material aparece como sistema interativo e, portanto, como uma unidade que consiste de várias partes. Daí, deve haver um Agente Integrante que veicule a interação das várias partes ou constitua a base dinâmica da existência delas. O ARGUMENTO TELEOLÓGICO. Este argumento também é causal e, na verdade, é apenas uma extensão do imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte o mundo revela inteligência, ordem, harmonia e propósito, e assim implica a existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este. Kant considera este argumento o melhor dos três que mencionamos, mas alega que ele não prova a existência de Deus, nem de um criador, mas somente a de um grande arquiteto que modelou o mundo. É superior ao argumento cosmológico no sentido de que explicita aquilo que não é firmado no anterior, a saber, que o mundo contém evidências de inteligência e propósito. Não se segue necessariamente que este ser é o Criador do mundo. ―A prova teológica‖. Diz Wright. ―indica apenas a provável existência de uma mente que, ao menos em considerável medida, controla o processo do mundo, suficiente para explicar a quantidade de teleologia que nele transparece‖. Hegel considerava este argumento válido, mas o tratava como um argumento subordinado. Os teólogos sociais dos nossos dias rejeitam-no, juntamente com todos os outros argumentos, como puro refugo, mas os neoteístas o aceitam.
  • 32. 32 O ARGUMENTO MORAL. Como os outros argumentos, este também assumiu diferentes formas. Kant tomou seu ponto de partida no imperativo categórico, e deste deferiu a existência de alguém que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem. Em sua opinião, este argumento é muito superior a qualquer dos outros. É o argumento em que se apóia principalmente, em sua tentativa de provar a existência de Deus. Esta pode ser uma das razões pelas quais este argumento é mais geralmente reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a mesma formulação. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes observada entre a conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam na vida presente, e acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por sua vez, exige um árbitro justo. A teologia moderna também o usa amplamente, em especial na forma de que o reconhecimento que o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existência de um ser santo e justo, não torna obrigatória a crença em um Deus, em um Criador ou em um Ser de infinitas perfeições. O ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO. Em geral este argumento toma a seguinte forma: Entre todos os povos e tribos da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto que o fenômeno é universal, deve pertencer à própria natureza do homem. E se a natureza do homem naturalmente leva ao culto religioso, isto só pode achar sua explicação num ser superior que constituiu o homem um ser religioso. Todavia,
  • 33. 33 em resposta a este argumento, pode-se dizer que este fenômeno universal pode ter-se originado num erro ou numa compreensão errônea de um dos primitivos progenitores da raça humana, e que o culto religioso referido aparece com mais vigor entre as raças primitivas e desaparece à medida que elas se tornam civilizadas. Ao avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os crentes não precisam deles. Sua convicção a respeito da existência de Deus não depende deles, mas, sim, da confiante aceitação da auto-revelação de Deus na Escritura. Se muitos em nossos dias estão querendo firmar sua fé na existência de Deus nesses argumentos racionais, isto se deve em grande medida ao fato de que eles se negam a aceitar o testemunho da palavra de Deus. Além disso, ao usar estes argumentos na tentativa de convencer pessoas incrédulas, será bom ter em mente que de nenhum que nenhum deles se pode dizer que transmite convicção absoluta. Ninguém fez mais para desacreditá-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos filósofos e teólogos os têm descartado como completamente inúteis, mas hoje os referidos argumentos estão recuperando apoio e o seu número está crescendo. E o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicações satisfatórias da existência de Deus, parece indicar que eles não são inteiramente vazios de valor. Têm algum valor para os próprios crentes, mas devem ser denominados testimonia, e não argumentos. Eles são importantes como interpretações da revelação geral de Deus e como elementos que demonstram o caráter razoável da fé em um ser divino. Além disso. Podem prestar algum serviço na confrontação com os adversários.
  • 34. 34 Embora não provem a existência de Deus além da possibilidade de dúvida e a ponto de obrigar o assentimento, podem ser elaborados de maneira que estabeleçam uma forte probabilidade e, por isso, poderão silenciar muitos incrédulos. CONCLUSÃO: Nada podemos saber de Deus, se Ele mesmo não quiser revelar. Todo nosso conhecimento de Deus é derivado de sua auto-revelação na natureza e nas escrituras sagradas, precisamos de um relacionamento pessoal intimo com ELE. ESSÊNCIA, NATUREZA DE DEUS: Quando falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que é essencial ao Seu Ser como Deus, isto é, substância e atributos. SUBSTÂNCIA DE DEUS: Há duas substâncias: matéria e espírito. Deus é uma substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem mistura com a matéria (Jo.4:24). ATRIBUTOS DE DEUS: Sua substância é Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades dessa substância. Atributos é a manifestação do Ser de Deus.
  • 35. 35 CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS: NATURAIS E MORAIS: Também chamados de "intransitivos e transitivos", "incomunicáveis e comunicáveis", "absolutos e relativos", "negativos e positivos" ou "imanentes e emanentes". ATRIBUTOS NATURAIS: VIDA: Deus tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo.10:10; Salmos94:9,l0; IICr.16:9; At.14:15; ITs.1:9). Quando a Bíblia fala do olho, do ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de antropomorfismo. Deus é vida (Jo.5:26; 14:26) e o princípio de vida (At.17:25,28). ESPIRITUALIDADE: Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais (Jo.4:24; Dt.4:15-19,23; Hb.12:9; Is.40:25; Lc.24:39; Cl.1:15; ITm.1:17; IICo.3:17)
  • 36. 36 PERSONALIDADE: Existência dotada de auto-consciência e auto-determinação (Ex.3:14; Is.46:11). a) Volição ou vontade = querer (Is.46:10; Ap. 4:11). b) Razão ou intelecto = pensar (Is.14:24; Salmos92:5; Is.55:8). c) Emoção ou sensibilidade = sentir (Gêneses 6:6, IRs.11:9, Dt.6:15; Provérbios .6:16; Tg.4:5) TRI-UNIDADE: UNIDADE DE SER: Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua natureza constitucional. A palavra hebraica que significa um no sentido absoluto é yacheed (Gêneses 22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa palavra não é empregada para expressar a unidade da divindade. A unidade da divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30). Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito. (Jo.17:11,21-23, IJo.5:7) TRINDADE DE PERSONALIDADE: Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A palavra hebraica que significa um no sentido de único é echad que se refere a uma unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a unidade da divindade. Esta palavra é usada em Dt.6:4; Gêneses 2:24 e Zc.14:9 (Veja
  • 37. 37 também Dt.4:35;32:39; ICr.29:1; Is.43:10;44:6;45:5; IRs.8:60; Mc.10:9;12:29; ICo.8:5,6; ITm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6). ELOHIM: Este nome está no plural e não concorda com o verbo no singular quando designativo de Deus (Gêneses 1:26;3:22; 11:6,7;20:13;48:15; Is.6:8) HÁ DISTINÇÃO DE PESSOAS NA DIVINDADE: Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se referindo à outra (Gêneses 19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; IITm.1:18; Salmos110:1; Hb.1:9). AUTO EXISTÊNCIA Jerônimo disse: Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua própria substância. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de existência, pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por Si mesmo; Ele nunca teve início. Ele é o Eterno EU SOU (Ex.3:14), portanto Deus é absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu Ser. Deus é a razão de sua própria existência (Jo.5:26; At.17:24-28; ITm.6:15,16).
  • 38. 38 INFINIDADE OU PERFEIÇÃO É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt.5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o mundo finito em sua relação tempo-espaço. ETERNIDADE A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno (Salmos 90:2; 102:12,24-27; Salmos 93:2; Ap.1:8; Dt.33:27; Hb.1:12). A eternidade de Deus não significa apenas duração prolongada, para frente e para traz, mas sim que Deus transcende a todas as limitações temporais (IIPe.3:8) existentes em sucessões de tempo. Deus preenche o tempo. Nossa vida se divide em passado, presente e futuro. mas não há essa divisão na vida de Deus. Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima de todos os limites temporais e de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade de sua existência num único presente indivisível (Is.57:15). IMENSIDÃO A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou imensidade. Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó.36:5,26; Jó.37:22,23; Jr.22:18; Salmos145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende (ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente em todos os pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é panteísmo).
  • 39. 39 A imensidão de Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão ilimitada no espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente no espaço (intramundano ou imanente = dentro do mundo – Salmos 139:7-12; Jr.23:23,24) e fora do espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano = além do mundo; emanente = fora do mundo - IRs.8:27; Is.57:15). ONIPRESENÇA: É quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no espaço enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é imanente em todas as Suas criaturas e em toda a criação. A imanência não deve ser confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo que ensina que Deus está presente no mundo apenas com seu poder (per portentiam) e não com a essência e natureza de ser Ser (per essentiam et naturam) e que age sobre o mundo à distância. Deus ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o espaço e não está ausente em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa parte que noutra (Salmos 139:11,12). Deus ocupa o espaço variavelmente porque Ele não habita na terra do mesmo modo que habita no céu, nem nos animais como habita nos homens, nem nos ímpios como habita nos piedosos, nem na igreja como habita em Cristo (Is.66:1; At.17:27,28; Compare Ef.1:23 com Cl.2:9). IMUTABILIDADE: É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua natureza, em seus atributos e em seu conselho.
  • 40. 40 A "BASE" PARA A IMUTABILIDADE DE DEUS: É Sua simplicidade, eternidade, auto-existência e perfeição. Simplicidade porque sendo Deus uma substância simples, indivisível, sem mistura, não está sujeito a variação (Tg.1:17). Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e circunstâncias do tempo, por isso Ele não muda (Salmos 102:26,27; Hb.1:12 e 13:8). Auto-existência porque uma vez que Deus não é causado, mas existe em Si mesmo, então Ele tem que existir da forma como existe, portanto sempre o mesmo (Ex.3:14). E perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável como a rocha (Dt.32:4). IMUTABILIDADE NÃO SIGNIFICA IMOBILIDADE: Nosso Deus é um Deus de ação (Is.43:13). IMUTABILIDADE IMPLICA EM NÃO ARREPENDIMENTO: Alguns versículos falam de Deus como se Ele se arrependesse (Ex.32:14, IISm.24:16, Jr.18:8; Jl.2:13). Trata-se de antropomorfismo (Nm.23:19; Rm.11:29; ISm.15:29; Salmos110:4). IMUTABILIDADE DE DEUS EM SUA NATUREZA: Deus é perfeito em sua natureza por isso não muda nem para melhor nem para pior (Ml.3:6).
  • 41. 41 IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEUS ATRIBUTOS: Deus é imutável em suas promessas (IRs.8:56; IICo.1:20); em sua misericórdia (Salmos103:17; Is.54:10); em sua justiça (Ez.8:18); em seu amor (Gêneses 18:25,26). IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEU CONSELHO: Deus planejou os fatos conforme a sua vontade e decretou que este plano seja concretizado. Nada poderá se opor à sua vontade. O próprio Deus jamais mudará de opinião, mas fará conforme seu plano predeterminado (Is.46:9,10; Salmos33:11; Hb.6:17). ONISCIÊNCIA Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. O conhecimento de Deus tem suas características: É ARQUÉTIPO: Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria idéia anterior à sua existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não é obtido de fora, como o nosso (Rm.11:33,34).
  • 42. 42 É INATO E IMEDIATO: Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó.37:16) É SIMULTÂNEO: Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e não de forma fragmentada uma após outra (Is. 40:28). É COMPLETO: Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Salmos 147:5). CONHECIMENTO NECESSÁRIO: Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É chamado necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina. Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque não é da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Hc.1:13) Deus não pode nem quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma ação de Sua vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto divino (veja II Co.5:21 onde o termo grego ginosko é usado).
  • 43. 43 CONHECIMENTO LIVRE: É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que existiram no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também chamado visionis, isto é, conhecimento de vista. PRESCIÊNCIA: Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode conhecer previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as coisas, e as decretou com suas causas e condições na exata ordem em que ocorrem, portanto sua presciência de coisas contingentes (ISm.23:12; IIRs.13:19; Jr.38:17-20; Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia-se em seu decreto. Deus não originou o mal mas o conheceu nas ações livres do homem (conhecimento necessário), o decretou e preconheceu os homens. Portanto a ordem é: conhecimento necessário, decreto, presciência. A presciência de Deus é muito mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é empregado como na LXX que inclui Sua escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6; Am.3:2). Veja Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como se processou o conhecimento necessário de Deus nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as decretasse? A liberdade humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que pende numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias considerações intelectuais e caráter (lubentia rationalis = auto-determinação
  • 44. 44 racional). Liberdade não é arbitrariedade e em toda ação racional há um porquê, uma razão que decide a ação. Portanto o homem verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível, mas o homem seguro. A liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente Onisciente sabe quais são (Jo.2:24,25). Em resumo, a presciência é um conhecimento livre (scientia libera) e, logicamente procede do decreto, "...segundo o decreto sua vontade" (Ef.1:11). SABEDORIA: A sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de meios e fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios possíveis para a consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados possíveis com os melhores meios possíveis. Uma definição ainda melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a perfeição de Deus pela qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos seus fins de um modo que o glorifica o máximo (Rm.ll:33-36; Ef.1:11,12; Cl.1:16). Encontramos a sabedoria de Deus na criação (Salmos19:1-7; Salmos104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) . A sabedoria é personificada na Pessoa do Senhor Jesus ( Provérbios .8 e ICo.1:30; Jó.9:4; veja também Jó 12:13,16).
  • 45. 45 ONIPOTÊNCIA É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer coisa que Ele queira. A onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta do que uma reta. Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O poder de Deus é distinguido de duas maneiras: Potentia Dei absoluta = absoluto poder de Deus Potentia Dei ordinata = poder ordenado de Deus. - HODGE E SHEDD Definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina, exercida sem a intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias. - CHANOCK Define o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele não fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou
  • 46. 46 marcou para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas um e o mesmo poder. O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo o que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como a perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode realizar tudo quanto está presente em Sua vontade ou conselho. E' óbvio, porém, que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou realizar (Gêneses 18:14; Jr.32:27; Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53). Entretanto há muitas coisas que Deus não pode realizar: Ele não pode mentir, pecar, mudar ou negar-se a Si mesmo (Nm.23:19; ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17; Hb.1:13; Tt.1:3), isto porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que quer fazer (Salmos115:3; Salmos135:6). EL-SHADDAI: A onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por Todo-Poderoso (Gêneses 17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc). EM TODAS AS COISAS: A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12), o domínio sobre a natureza (Salmos107:25-29; Na.1:5,6; Salmos33:6-9; Is.40:26; Mt.8:27; Jr.32:17;
  • 47. 47 Rm.1:20), o domínio sobre a experiência humana (Salmos91:1; Dn.4:19-37; Ex.7:1-5; Tg.4:12-15; Provérbios .21:1; Jó.9:12; Mt.19:26; Lc.1:37), o domínio sobre as regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6). NA CRIAÇÃO, NA PROVIDÊNCIA E NA REDENÇÃO: Deus manifestou o seu poder na criação (Rm.4:17; Is.44:24), nas obras da providência (ICr.29:11,12) e na redenção (Rm.1:16; ICo.1:24). SOBERANIA OU SUPREMACIA Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gêneses 14:19; Ne.9:6; Ex.18:11; Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Salmos22:28; 47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap.19:6). VONTADE OU AUTO-DETERMINAÇÃO: A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente simples, dirige-se à Si mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às Suas criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14; Ez.20:9,14,22,44; Ez.36:21-23). A vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas diferentes palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule, thelema). VONTADE PRECEPTIVA:
  • 48. 48 Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas criaturas racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência (At.13:22; IJo.2:17; Dt.8:20). VONTADE DECRETÓRIA: Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer pretenda realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio da livre ação de suas criaturas (At.2:23; Is.46:9-11). A vontade decretória é sempre obedecida. A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao propósito em realizar algo. VONTADE DE EUDOKIA: Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo de ver alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito de fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo que será realizado com certeza, tal como acontece com a vontade decretória (Salmos115:3; Is.44:28; Is.55:11). VONTADE DE EURESTIA: Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la cumprida por Suas criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas façam, mas que pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade preceptiva (Is.65:12). A VONTADE DE EUDOKIA:
  • 49. 49 Não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o elemento de deleite (Mt.11:26). A vontade de eudokia e a vontade de eurestia relacionam-se ao prazer em realizar algo. VONTADE DE BENEPLACITUM: Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho secreto e oculto de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se na Vontade do Signum ou Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a vontade de signum encontra-se em Deuteronomio.29:29. A VONTADE SECRETA: É mencionada em Salmos 115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19; Rm.11:33,34; Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt.7:21; Mt.12:50; Jo.4:34; Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de nós (Dt.30:14; Rm.10:8). A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que Ele quer efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo portanto, absolutamente fixa e irrevogável. LIBERDADE: A perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera = vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão,
  • 50. 50 mas age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si próprio e quer a Sua natureza santa. Deus necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições. As Suas criaturas são objetos de Sua vontade livre, pois Deus determina voluntariamente o que e quem Ele criará; e os tempos, lugares e circunstâncias de suas vidas. Ele traça as veredas de todas as Suas criaturas, determina o seu destino e as utiliza para Seus propósitos (Jó.ll:10; Jó.23:13,14; Jó.33:13. Provérbios .16:4; Provérbios .21:1; Is.10:15; Is.29:16; Is.45:9; Mt.20:15; Ap.4:11;Rm.9:15-22; ICo.12:11). ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS SANTIDADE: É a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas criaturas. Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar ou separar. Neste sentido também o Novo testamento utiliza as palavras gregas hagiazo e hagios. A santidade de Deus possui dois diferentes aspectos, podendo ser positiva ou negativa (Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9). SANTIDADE POSITIVA: Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é absolutamente perfeito, puro e íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5; Is.57:15; IPe.1:15,16; Hc.1:13). A santidade positiva é amor ao bem.
  • 51. 51 SANTIDADE NEGATIVA: Significa que Deus é inteiramente separado de tudo quanto é mal e de tudo quanto o aborrece (Lv.11:43-45; Dt.23:14; Jó.34:10; Provérbios .15:9,26; Is.59:1,2; Lc.20:26; Hc. 1:13; Provérbios .6:16-19; Dt.25:16; Salmos5:4-6). A santidade negativa é ódio ao mal. Além de possuir dois aspectos a santidade de Deus possui também duas maneiras diferentes de manifestar-se: RETIDÃO: Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em virtude da qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa). Salmos145:17; Jr.12:1; Jo.17:25; Salmos116:5; Ed.9:15. JUSTIÇA: Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a expressão da justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade transitiva. A retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça é a demonstração de Sua santidade. A justiça de Deus pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se divide em punitiva e corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os pecadores pela transgressão de Suas leis. Esta justiça de Deus exige a execução das penalidades impostas por Suas leis (Salmos 3:5;11:4-7 Dt.32:4;
  • 52. 52 Dn.9:12,14; Ex.9:23-27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus "pune" Seus filhos para corrigi-los (Hb.12:6,7). Aqueles que não são Seus filhos, Deus pune como um Juiz Severo (Rm.11:22; Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus "pune" (corrige) como um Pai Amoroso (Jr.10:24;30:11;46:28; Salmos89:30-33; ICr.21:13) A justiça remunerativa é aquela pela qual Deus recompensa, com Suas bênçãos, aos homens pela obediência de Suas leis (Hb.6:10; IITm.4:8; ICo.4:5;3:11-15; Rm.2:6-10; IIJo.8) IRA: Esta deve ser considerada como um aspecto negativo da santidade de Deus, pois em Sua ira Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua santidade (Dt.32:39-41; Rm.11:22; Salmos95:11; Dt.1:34-37; Salmos95:11). Podemos, então, dizer que a ira é a manifestação da santidade negativa de Deus (Rm.1:18; IITs.1:5-10; Rm.5:9 etc). A ira é também designada de severidade (Rm.11:22). BONDADE: É uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de acordo com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade perfeita em Si mesmo (Mc.10:18; Lc.18:18,19; Salmos33:5; Salmos119:68; Salmos107:8; Na.1:7). A BONDADE IMPLICA NA DISPOSIÇÃO DE TRANSMITIR FELICIDADE.
  • 53. 53 BENEVOLÊNCIA: É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a perfeição de Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas (Salmos145:9,15,16; Salmos36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17). THIESSEN Define benevolência como a afeição que Deus sente e manifesta para com Suas criaturas sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de que a criatura é obra Sua; Ele não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas apenas àquilo que foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29). BENEFICÊNCIA: Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada em sua intenção ou disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando seus atributos são conferidos. COMPLACÊNCIA: É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus que aprova todas as Suas próprias perfeições como também aquilo que se conforma com Ele (Salmos35:27; Salmos51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16). LONGANIMIDADE OU PACIÊNCIA:
  • 54. 54 O hebraico emprega a palavra erek'aph que significa grande de rosto e daí também lento para a ira. O grego emprega makrothymia que significa ira longe. Portanto longanimidade é o aspecto da bondade de Deus em virtude do qual Ele tolera os pecadores, a despeito de sua prolongada desobediência. A longanimidade revela-se no adiamento do merecido julgamento (Ex.34:6; Salmos86:15; Rm.2:4; Rm.9:22; IPe.3:20; IIPe.3:15) MISERICÓRDIA: Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade, piedade, benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa-se as palavras chesed e racham e no grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada para com os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos (Dt.5:10; Salmos57:10; Salmos86:5; ICr.16:34; IICr.7:6; Salmos116:5; Salmos136; Ed.3:11; Salmos145:9; Ez.18:23,32; Ex.33:11; Lc.6:35; Salmos143:12; Jó 6:14). A paciência difere da misericórdia apenas na consideração formal do objeto, pois a misericórdia considera a criatura como infeliz, a paciência considera a criatura como criminosa; a misericórdia tem pena do ser humano em sua infelicidade, a paciência tolera o pecado que gerou a infelicidade. A infelicidade e sofrimento deriva-se de um justo desagrado divino, portanto exercer misericórdia é o ato divino de livrar o pecador do sofrimento pelo qual ele justamente e merecidamente deveria passar, como conseqüência do desagrado divino.
  • 55. 55 GRAÇA: É a bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto graça é o ato divino de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual ele não merece receber (Ex.33:19). Na misericórdia Deus suspende o sofrimento merecido, na graça Deus concede bênçãos não merecidas. Todo pecador merece ir para o inferno; assim Deus exerce Sua misericórdia livrando o pecador da condenação. Nenhum pecador merece ir para o paraíso; assim Deus exerce a Sua graça doando ao pecador o privilégio de ir gratuitamente para o paraíso. Essa diferença entre misericórdia e graça é notada em relação aos anjos que não caíram. Deus nunca exerceu misericórdia para com eles, posto que jamais tiveram necessidade dela, pois não pecaram, nem ficaram debaixo dos efeitos da maldição. Todavia eles são objetos da livre e soberana graça de Deus pela qual foram eleitos (ITm.5:21) e preservados eternamente de pecado e colocados em posição de honra (Dn.7:10; IPe.3:22). AMOR: A perfeição da natureza divina pela qual Ele é continuamente impelido a se comunicar. É, entretanto, não apenas um impulso emocional, mas uma afeição racional e voluntária, sendo fundamentada na verdade e santidade e no exercício da livre escolha. Este amor encontra seus objetos primários nas diversas Pessoas da Trindade. Assim, o universo e o homem são desnecessários para o exercício do amor de Deus. Amor é, portanto, a perfeição
  • 56. 56 de Deus pela qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele ama a Si mesmo, Suas virtudes, Sua obra e Seus dons. VERDADE: É a consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa que fez a asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente divino, pois com freqüência os homens erram nos testemunhos que prestam, simplesmente por estarem equivocados a respeito dos fatos, ou então por pura incapacidade fracassam em promessas que fizeram com honestas intenções. Mas a onisciência de Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer equívoco, e a Sua onipotência e imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções (Dt.32:4; Salmos119:142; Jo.8:26; Rm.3:4; Tt.1:2; Nm.23:19; Hb.6:18; Ap.3:7; Jo.17:3; IJo.5:20; Jr.10:10; Jo.3:33; ITs.1:9; Ap.6:10; Salmos31:5; Jr.5:3; Is.25:1). Ao exercê-la para com a criatura, a verdade de Deus é conhecida como sua veracidade e fidelidade. VERACIDADE: Consiste nas declarações que Deus faz a respeito das coisas, conforme elas são, e se relaciona com o que Ele revelou sobre Si mesmo. A veracidade fundamenta-se na onisciência de Deus. FIDELIDADE: Consiste no exato cumprimento de Suas promessas ou ameaças. A fidelidade fundamenta-se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt.7:9; Salmos36:5;
  • 57. 57 ICo.1:9; Hb.10:23; Dt.4:24; IITm.2:13; Salmos89:8; Lm.3:23; Salmos 119:138; Salmos119:75; Salmos89:32,33; ITs.5:24; IPe.4:19; Hb.10:23). NOMES DE DEUS Este é o chamado Tetragrama Sagrado ((‫יהוה‬ YHVH ou YHWH (transliteração mais adotada pelos estudiosos), é literalmente O Nome de Deus, na grafia original, refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada (substituição dos símbolos gráficos hebraicos por letras do alfabeto ocidental atual – A, B, C...); etimologicamente tetragrama é uma palavra de origem grega que significa quatro letras (Tetra = quatro / gramma = letra). Esta forma de escrita (e leitura) é feita de trás para frente em relação às formas de escritas ocidentais. Originariamente, em aramaico (hebraico), as palavras são escritas e lidas horizontalmente, da direita para esquerda; ou seja, HVHY. Formado por quatro consoantes hebraicas — Yud ( ( ‫י‬ Hêi (‫)ה‬ Vav (‫)ו‬ Hêi (‫)ה‬ ; o Tetragrama YHVH tem sido latinizado para JHVH já por muitos séculos. A forma da expressão ao declarar o nome de Deus YHVH (ou JHVH na forma latinizada) deixou de ser utilizada há milhares de anos na pronúncia correta do hebraico original (que é declarada como uma língua quase que completamente extinta).
  • 58. 58 Os homens deixaram de pronunciar O Nome de Deus por medo de pecar por pronunciar O Nome de Deus em vão - "Não tomarás o nome de YHWH, teu Deus, em vão, pois YHWH não considerará impune aquele que tomar seu nome em vão." ( Êxodo 20:7) - e com isso perderam a capacidade de pronunciar de forma satisfatória e correta, pois a língua (que quem pronunciava O Nome de Deus no idioma original) precisaria se curvar (dobrar dentro da boca) de uma forma muito difícil, para muitos impossível de ser pronunciada corretamente. Para alguns eruditos a o nome YHVH pode se identificar mais com as palavras: YaHVeH (vertido em português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em português para Jeová). Essas palavras são transliterações possíveis nas línguas portuguesas e espanholas; já outros eruditos a forma mais correta de escrever O Nome de Deus seria Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seria a mais a forma mais correta de pronunciar O Nome de Deus, sendo este o pensamento mais aceito pelos teólogos da atualidade. Contudo o significado exato do Tetragrama YHVH ainda é objeto de controvérsia entre os especialistas. Em Êxodo 3:14, YHVH disse a Moises: ―Ehiéh ashér ehiéh.‖ Segundo muitas traduções da Bíblia, esta expressão, encontrada no texto hebraico significa: ―EU SOU O QUE SOU‖ . E disse mais: "Assim dirás aos filhos de Israel: 'EU SOU' me enviou até vós.". Esta expressão ―EU SOU O QUE SOU‖ é usada como título para Deus, para indicar que Ele realmente existe antes que houvesse dia (Isaias 48. 17); isso
  • 59. 59 corresponde às expressões: "Eu sou aquele que é", "Eu sou o existente". YHVH assim confirma a Sua própria existência. O Tetragrama YHWH na maioria das versões bíblicas utilizadas no século XX e XXI foi substituído pela palavra SENHOR com todas as letras maiúsculas, para evitar erros e problemas gramaticais. O certo mesmo é que a pronúncia verdadeiramente correta dO Nome de Deus (YHVH) se perdeu no tempo e hoje nenhum ser humano sabe exatamente como pronunciar este Nome. Mesmo assim os nomes Javé e Jeová são formas que os homens encontraram para tentar pronunciar e invocar O Nome de Deus Pai. Devemos também considerar que quando uma criança de 04 (quatro) anos se dirige a seu pai terreno, ela não o chama pelo nome e por sua vez o genitor dessa criança não vai deixar de dar-lhe atenção porque ela não sabe pronunciar o seu nome. Deste modo, é importante dizer que sabendo ou não pronunciar corretamente O Nome dEle, todas as pessoas que se dirigirem a Deus, com um espírito quebrantado e um coração contrito, chamando-O de PAI, serão ouvidas por Ele, porque independente do Seu Nome, ELE gosta de Ser Chamado assim. Alguns dos nomes de Deus dizem respeito a Ele como sujeito: Jeová, Senhor, Deus; outros são atribuídos como predicados que falam dEle ou a Ele, como: Santo, justo, bom, etc. Alguns nomes expressam a relação entre Deus e as criaturas: Criador, Sustentador, Governador, etc. Alguns nomes são comuns às três pessoas, como; Jeová, Deus, Pai, Espírito. E outros são nomes próprios usados para expressarem Sua obra e Seu caráter.
  • 60. 60 O nome de Deus é o que Ele é: representação do Seu caráter. Mas o Criador é tão grande que nome algum jamais será adequado à Sua grandeza. Se o céu dos céus não O pode conter, como pode um nome descrever o Criador? Portanto, a Bíblia contém vários nomes de Deus que O revelam em diferentes aspectos de Sua maravilhosa personalidade. ELOÌM Este é o primeiro nome de Deus encontrado nas Escrituras (Gênesis 1:1), e aqui o nome encontra-se em sua forma plural, mas o verbo continua no singular, indicando a pluralidade das pessoas na unidade do Ser. Este nome denota a grandeza e o poder de Deus. Este nome encontra-se somente no relato da criação (Gênesis 1:1-2:4); é o Seu nome de criação. Eloím é sempre traduzido no português, como Deus em nossa Bíblia. De acordo com a opinião mais ponderada entre os estudiosos, esta palavra é derivada duma raiz na língua árabe que significa "adorar". Esta opinião é fortalecida quando observamos que a mesma palavra é usada inapropriadamente para anjos, dos homens, e falsas divindades. No Salmo 8:5 a palavra anjos é eloím no texto original, e vemos que certas vezes os anjos são impropriamente louvados. No Salmo 82:1,6 eloím é traduzido deuses, e é usado para homens. Em Jeremias 10:10-12 temos o verdadeiro Deus (eloím) contrastado com os "deuses" (eloím) que não fizeram os céus nem a terra, implicando assim que ninguém, não ser Deus, é objeto próprio de adoração. EL-SHADAI Este nome composto é traduzido "Deus o Todo poderoso" (El é Deus e Shadai é Todo poderoso). O título El é Deus no singular, e significa forte ou poderoso. El
  • 61. 61 é traduzido 250 vezes no Velho Testamento como Deus. Este título é geralmente associado com algum atributo ou perfeição de Deus, como; Deus Todo poderoso (Gênesis 17:3); Deus Eterno (Gênesis. 21:33); Deus zeloso (Êxodo 20:5); Deus vivo (Josué 3:10). Shadai, sempre traduzido Todo-poderoso, significa suficiente ou rico em recursos. Pensa-se que a palavra é derivada duma outra que significa seios. A palavra seio nas Escrituras simboliza bênção e nutrição. Na pronúncia da última bênção de Jacó sobre José quando morria, entre outras coisas disse: "Pelo Deus (El) de teu pai o qual te ajudará, e pelo Todo-poderoso (Shadai), o qual te abençoará com bênçãos dos céus de cima, com bênçãos do abismo que está debaixo, com bênçãos dos peitos e da madre". Gênesis 49:25. Isaías, ao descrever a excelência futura e as bênçãos de Israel, diz: "E mamarás o leite das nações, e te alimentarás dos peitos dos reis; e saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Possante de Jacó". Isaías 60:16. O povo de Deus será sustentado pelos recursos das nações e dos reis porque seu Deus é El-Shadai - O poderoso para abençoar. Satanás tenta competir com Deus e é um falsificador de Suas obras. Portanto, podemos esperar encontrar nas religiões pagãs imitações de Deus em vários aspectos de seu caráter e governo. Este fato é bem demonstrado na seguinte citação tirada do livro de Nathan J. Stone concernente aos nomes de Deus no Velho Testamento. "Tal conceito de um deus ou divindade não era estranha nem incomum aos antigos. Os ídolos dos antigos pagãos são às vezes chamados por nomes que indicam seu poder em suprir as necessidades dos seus adoradores. Sem dúvida, porque eram considerados como grandes agentes da natureza ou dos
  • 62. 62 céus, dando chuva, fazendo com que da terra brotassem águas, para trazer abundância e frutos para manter e nutrir a vida. Havia muitos ídolos com peitos, adorados entre os pagãos. Um historiador mostra que o corpo inteiro da deusa egípcia, Isis, era coberto de peitos, porque todas as coisas são sustentadas e nutridas pela terra ou natureza. O mesmo se vê com a deusa Diana dos efésios no capítulo 19 de Atos, pois Diana simbolizava a natureza e todo o mundo, com todos os seus produtos. Este nome de Deus primeiramente aparece em conexão com Abrão. Gênesis 17:1-2. Anos antes e em diferentes ocasiões, Deus prometera a Abraão que faria dele uma grande nação e uma numerosa descendência. Os anos se passaram e o filho prometido a Sara e Abrão não vinha. Foi então que ele recorreu aquele expediente carnal que trouxe Ismael e o Islamismo ao mundo. E a promessa de Deus ainda não havia se cumprido. E agora, de acordo com as leis da natureza, era muito tarde: Abrão contava com 99 anos de idade e Sara com 90. A esta altura é que Deus lhe aparece como o Deus Todo-poderoso (El-Shadai) e repete Sua promessa. E aqui é que seu nome foi mudado de Abrão a Abraão, que significa "pai de muitas nações". Aqui temos uma promessa desconcertante, mas Abraão não vacilou, pois ele "era forte na fé, dando glória a Deus". Romanos 4:20. A fé forte de Abraão era baseada sobre esta nova revelação de Deus como Deus Todo- poderoso (El-Shadai). "Ele não considerou mais seu corpo como morto... nem a madre de Sara como infrutífera"; pois seus pensamentos estavam sobre um Deus Todo-suficiente. Esta é uma bela ilustração da diferença entre a lei da natureza e o Deus da natureza. As leis da natureza não podiam produzir um
  • 63. 63 Isaque, mas isto não era problema para o Deus da natureza. Não importa, se todas as coisas forem contra Deus; Ele é Todo-suficiente nele mesmo. ADONAI Este nome de Deus está no plural, denotando assim a pluralidade das pessoas na Divindade. É traduzido como Senhor em nossa Bíblia e denota uma relação de Senhor e escravo. Quando usado no possessivo, indica a posse e autoridade de Deus. A escravidão é uma bênção quando Deus é o Dono e Senhor. Nos dias de Abraão, a escravidão era uma relação entre homem e homem e não era um mal implacável. O escravo comprado tinha a proteção e os privilégios não gozados pelos empregados assalariados. O escravo comprado devia ser circuncidado e tinha permissão de participar da Páscoa. Êxodo 12:44. Esta palavra no singular (Adon) refere-se a homem mais de duzentas vezes no Velho Testamento e é traduzida várias vezes como; Senhor, Mestre, Dono. Este nome de Deus é usado pela primeira vez no Velho Testamento em conexão com Abraão. Abraão foi o primeiro a chamar Deus de Adonai. Abraão como dono de escravos reconhecia Deus como seu mestre e proprietário. Quando Abraão retorna da sua vitória sobre os reis, depois de ter libertado Ló, o rei de Sodoma queria gratificá-lo, mas ele recusou recompensas. E "depois destas coisas veio a palavra do Senhor (Jeová) a Abraão dizendo: "Não temas, Abraão, Eu sou teu escudo e tua grande recompensa, e Abraão disse: Senhor Deus" (Adonai Jeová). Ele que possuía escravos reconhecia a si próprio como escravo de Deus.
  • 64. 64 JEOVÁ Este é o mais famoso dentre os nomes de Deus e é predicado dele como um Ser necessário e auto-existente. O significado é: AQUELE QUE SEMPRE FOI, SEMPRE É E SEMPRE SERÁ. Temos assim traduzido em Apocalipse 1:4: "Daquele que é, e que era, e que há de vir". Jeová é o nome pessoal, próprio e incomunicável de Deus. No Salmo 83:18 lemos: "Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome Jeová, és o Altíssimo sobre toda a terra". Os outros nomes de Deus são às vezes empregados a criaturas, mas o nome Jeová é usado exclusivamente para o Deus vivo e verdadeiro. Os judeus tinham uma reverência supersticiosa por este nome e não o pronunciavam quando na leitura, antes o substituíam por Adonai ou Eloím. Este é o nome de Deus no concerto com o homem. Este nome aparece aproximadamente sete mil vezes e na maioria é traduzido como "Senhor". Como já dissemos ele inclui todos os tempos; passado, presente e futuro. O nome vem de uma raiz que significa "Ser." A. W. Pink tem comentários esclarecedores sobre a relação entre Eloim e Jeová em seu livro: A Inspiração Divina da Bíblia, e citamos: "Os nomes Eloim e Jeová são encontrados nas páginas do Velho Testamento diversas mil vezes, mas nunca são usados de modo negligente nem alternadamente. Cada um destes nomes tem um propósito e significado definido, e se os substituirmos um pelo outro a beleza e a perfeição de muitas passagens seriam destruídas. Como ilustração: A palavra "Deus" aparece em todo o capítulo de Gênesis 1, mas "Senhor Deus" no capítulo 2. Se nestas duas passagens os
  • 65. 65 nomes fossem invertidos; falha e defeito seriam o resultado. "Deus" é o título de criação, enquanto que "Senhor" implica relação de concerto e mostra Deus tratando com Seu povo. Portanto, em Gênesis 1, "Deus" é usado, no capítulo 2 "Senhor Deus" é empregado e através do resto do Velho Testamento estes dois nomes são usados discriminadamente e em harmonia com seus significados neste dois primeiros capítulos da Bíblia. Um ou dois exemplos serão o suficiente. "E entraram para Noé na arca, dois a dois de toda carne que havia espírito de vida. E os que entraram, macho e fêmea de toda carne entraram, como Deus (Eloím, C. D. Cole) lhe tinha ordenado; "Deus", porque era o Criador exigindo o respeito de Suas criaturas; mas no restante do mesmo versículo, lemos: "e o Senhor (Jeová, C. D. C.) fechou-a por fora, (Gênesis 7:15-16) isto porque a ação de Deus para com Noé estava baseado na relação de concerto. Quando saiu para enfrentar Golias, Davi disse: "Neste dia o Senhor (Jeová) te entregará na minha mão (porque Davi tinha um concerto com Deus) e ferir-te-ei, e te tirarei a cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves dos céus e às bestas da terra; e toda a terra saberá que há Deus (Eloím) em Israel; E saberá toda esta congregação (que estava em relação de concerto com Ele) que o Senhor (Jeová) salva não com espada nem com lança". 1 Samuel 17:46-47. Mais uma vez: "Sucedeu pois que, vendo as capitães dos carros a Josafá disseram: É o rei de Israel e o cercaram para pelejarem, porém Josafá clamou, e o Senhor (Jeová) o ajudou. E Deus (Eloim) os desviou dele". 2 Crônicas 18:31. E assim temos exemplos através todo o Velho Testamento.
  • 66. 66 OS TÍTULOS DE JEOVÁ O nome Jeová é muitas vezes usado de modo composto com outros nomes para apresentar o verdadeiro Deus em algum aspecto de Seu caráter, satisfazendo certas necessidades de Seu povo. Existem quatorze destes títulos de Jeová no Velho Testamento, mas neste volume não há espaço para se tratar de cada um separadamente. Teremos que nos satisfazer com uma apresentação dos títulos e algumas referências onde são usados: JEOVÁ-HOSENU, "Jeová nosso criador". Salmo 95:6. JEOVÁ-JIRÉ, "Jeová proverá". Gênesis 22:14. JEOVÁ-RAFÁ, "Jeová que te cura". Êxodo 15:26. JEOVÁ-NISSI, "Jeová, minha bandeira". Êxodo 17:15. JEOVÁ-M?KADDÉS, "Jeová que te santifica". Levítico 20:8. JEOVÁ-ELOENU, "Jeová nosso Deus". Salmo 99:5 e 8. JEOVÁ-ELOEKA, "Jeová teu Deus". Êxodo 20:2,5,7. JEOVÁ-ELOAI, "Jeová meu Deus". Zacarias 14:5. JEOVÁ-SHALOM, "Jeová envia paz". Juízes 6:24. JEOVÁ-TSEBAOTE, "Jeová das hostes". 1 Samuel 1:3. JEOVÁ-ROÍ, "Jeová é meu pastor". Salmo 23:1. JEOVÁ-HELEIÓN, "Jeová o altíssimo". Salmo 7:17; 47:2.
  • 67. 67 JEOVÁ-TSIDKENU, "Jeová nossa justiça". Jeremias 23:6. JEOVÁ-SHAMÁ, "Jeová está lá". Ezequiel 48:35. OS NOMES DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO TEOS. No Novo Testamento grego este é geralmente o nome de Deus, e corresponde a Eloim no Velho Testamento hebraico. É usado para todas as três pessoas da Trindade, mas especialmente para Deus, o Pai. PATER. Este nome corresponde ao Jeová do V. T., e denota a relação que temos com Deus através de Cristo. É usado para Deus duzentas e sessenta e cinco vezes e é sempre traduzido como Pai. DÉSPOTES. (Déspota no português). Este título denota Deus em Sua soberania absoluta, e é semelhante a Adonai do V. T. Encontramos este nome apenas cinco vezes no N. T., Lucas 2:29; Atos 4:24; 2 Pedro 2:1; Judas 4; Apocalipse 6:10. KÚRIOS. Este nome é encontrado centenas de vezes e traduzido como; Senhor (referendo a Jesus), senhor (referendo ao homem), Mestre (referendo a Jesus),
  • 68. 68 mestre (referendo ao homem) e dono. Em citações do hebraico usa-se muitas vezes em lugar de Jeová. É um título do Senhor Jesus como mestre e dono. CHRISTUS. Esta palavra significa o Ungido e é traduzida Cristo. Deriva-se da palavra "chrio" que significa ungir. É o nome oficial do Messias ou Salvador que era por muito tempo esperado. O N. T. utiliza este nome exclusivamente referindo-se a Jesus de Nazaré. Destes nomes todos do Ser Supremo, aprendemos que Ele é o Ser eterno, imutável, auto-existente, auto-suficiente, todo-suficiente e é o supremo objeto de temor, confiança, adoração e obediência. AS OBRAS DE DEUS O DECRETO DE DEUS É o eterno propósito de Deus, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele determinou tudo o que acontece. O DECRETO DE DEUS É SOMENTE UM: Embora muitas vezes usemos esse termo no plural, em sua própria natureza o decreto é somente um único ato de Deus. Esse ato é imediato e simultâneo, não sucessivo como o nosso, e a sua compreensão é sempre completa. Não existem, pois, uma série de decretos de Deus, mas somente um plano que abrange tudo o que se passa.
  • 69. 69 A RELAÇÃO DO DECRETO COM O CONHECIMENTO DE DEUS: O decreto de Deus tem a mais estreita relação com o seu conhecimento. o decreto de Deus não refere-se ao ser essencial de Deus, nem às suas atividades imanentes dentro do ser divino. Deus não decretou ser santo e justo, nem existir como três pessoas numa essência, nem gerar o filho. Essas coisas são como são necessariamente e não dependem da vontade optativa de Deus. Aquilo que é essencial ao ser divino não pode fazer parte do conteúdo do decreto. O decreto não se limita aos atos realizados pessoalmente por Deus, mas abrange também as ações das suas criaturas livres. Algumas coisas Deus faz pessoalmente, outras ele faz com que aconteçam por meios secundários, os quais ele vitaliza e sustenta pelo seu poder. O DECRETO NÃO É O ATO PROPRIAMENTE DITO: Deve-se fazer distinção entre o decreto e sua execução. O decreto para criar não é a criação em si, nem o decreto para justificar é a justificação em si. Ordenar Deus o universo de tal modo que o homem seguirá certo curso de ação, também é bem diferente de ordenar-lhe que aja desse modo. O decreto não é dirigido ao homem e não é de natureza estatutária, tampouco impõe compulsão ou obrigação à livre vontade do homem.
  • 70. 70 AS CARACTERÍSTICAS DO DECRETO DIVINO: TEM SEU FUNDAMENTO NA SABEDORIA DIVINA (Efésios. 3:10,11, Salmos. 104:24, Provérbios 3:19, jr. 10:12, 51:15, Salmos. 33:11, Provérbios . 19:21.) É ETERNO ( Atos. 15:18, Efésios. 1:4, ii tm. 1:9.) É EFICAZ ( Salmos. 33:11, is. 46:10.) É IMUTÁVEL ( jó 23:13,14, lc. 22:22, at. 2:23.) É UNIVERSAL E TOTALMENTE ABRANGENTE (Efésios. 1:11, Efésios. 2:10, Provérbios . 16:4, at. 4:27,28,Gêneses 45:8, 50:20, Salmos. 119:89-91, ii ts. 2:13, Efésios. 1:4, jó 14:5, Salmos. 39:4, at. 17:26) OBJEÇÕES À DOUTRINA DO DECRETO: É INCOERENTE COM A LIBERDADE MORAL DO HOMEM A Bíblia revela que Deus decretou a liberdade do homem e este, no pleno uso de sua liberdade sempre leva a efeito o decreto absoluto de Deus. ex.: foi decretado que Jesus seria crucificado, todavia os homens foram perfeitamente livres em seu procedimento e responsabilizados por este crime.
  • 71. 71 Ademais, o decreto divino só dá certeza aos eventos, mas não implica que Deus os realizará ativamente. A questão é: a certeza prévia de Deus se coaduna com a livre ação. o fato de se estar razoavelmente certos quanto ao curso de ação que alguém que conhecemos seguirá não implica em infringir sua liberdade. O DECRETO ELIMINA A TODOS OS MOTIVOS PARA ESFORÇO O decreto divino não é dirigido para o homem como uma regra de ação, visto que o conteúdo dele só se torna conhecido pela sua concretização, e depois desta. há porém uma regra de ação incorporada na lei e no evangelho e essa sim, deve ser seguida à risca. o decreto não inclui somente os diversos fatos da vida humana, mas também as livres ações humanas, logicamente anteriores aos resultados e destinadas a produzi-lo. em at. 27 era absolutamente certo que todos os que estavam no navio com Paulo seriam salvos, mas era igualmente certo que, para assegurar este fim, os marinheiros tinham que permanecer a bordo. O DECRETO FAZ DE DEUS O AUTOR DO PECADO Esta se fosse verdadeira, seria uma objeção insuperável, pois Deus não pode ser o autor do pecado. Isto está claro na lei de Deus. (Salmos. 92:15, ec. 7:29, tg. 1:13, i jo. 1:5). O decreto faz de Deus simplesmente o autor de seres morais livres, eles próprios os autores do pecado. Deus decreta sustentar a livre agência deles, regular as circunstâncias da sua vida, e permitir que a livre escolha deles seja exercida numa multidão de atos, dos quais alguns são pecaminosos.
  • 72. 72 Por boas e santas razões, ele dá como certo que esses atos acontecerão, mas não decreta acionar efetivamente esses maus desejos ou más escolhas nos homens. O problema da relação de Deus com o pecado continua sendo um mistério ainda não resolvido por nós. O decreto de Deus apenas permitiu a entrada do pecado no mundo. Não significa que tem prazer nele. 5. A CRIAÇÃO O estudo do decreto nos leva naturalmente à consideração da sua execução, e esta começa com a obra da criação. O conhecimento desta doutrina só se aceita pela fé. (hb. 11:3). Em distinção à geração do filho, que foi um ato necessário do pai, a criação do mundo foi um ato livre do Deus triúno. A criação esteve eternamente na vontade de Deus e, portanto, não produziu mudança nele. Antes da criação o tempo não existia, dado que o mundo foi trazido à existência juntamente ―com o‖ tempo, antes que ―no‖ tempo. a igreja, de um modo geral, sustenta que o mundo foi criado em seis dias comuns, no entanto alguns vultos da história da igreja, como Agostinho, afirmavam que os dias seriam dias eternos, já que ―para o Senhor um dia é como mil anos‖. Alguns também sugerem que transcorreu um longo período de tempo entre a criação primária de Gêneses 1:1,2 e a criação secundária dos versículos subseqüentes. A Bíblia está repleta de provas sobre a criação do mundo por parte de Deus:
  • 73. 73 Passagens que salientam a onipotência de Deus na obra da criação. (is. 40:26,28, am. 4:13) Passagens que indicam sua exaltação acima da natureza. (Salmos. 90:2, 102:26,27, at. 17:24) Passagens que se referem à sabedoria de Deus na obra da criação. (is. 40:12-14, jr. 10:12-16, jo. 1:3) Passagens que vêem a criação do ponto de vista da soberania e do propósito de Deus. (is. 43:7, rm. 1:25) Passagens que falam da criação como a obra fundamental de Deus. (i co. 11:9, cl. 1:16) Passagens que revelam explicitamente Deus como o criador. (ne. 9:6, is. 42:5, 45:18, Apocalipse 4:11, 10:6) A crença da Igreja na criação do mundo vem expressa já no primeiro artigo confissão de fé apostólica: ―creio em Deus pai, todo-poderoso, criador dos céus e da terra‖. A Igreja primitiva entendia o verbo ―criar‖ no sentido estrito de ―produzir do nada alguma coisa‖. No entanto deve-se notar que nem sempre a escritura usa a palavra hebráica ―bará‖ e o termo grego ―ktizein‖ nesse sentido absoluto.
  • 74. 74 Também emprega esses termos para denotar uma criação secundária, na qual Deus fez uso de material já existente, mas que não podia causar por si mesmo o resultado indicado. (Gêneses 1:21,27, 5:1, is. 45:7,12, 54:16, am. 4:13, i co. 11:9, ap.10:6). Dois outros termos são utilizados como sinônimos de termo ―criar‖: fazer, do hebraico ―asah‖ e do grego ―poiein‖ e formar, do hebraico ―yatsar‖ e do grego ―plasso‖. DEFINIÇÃO: A criação é o livre ato de Deus pelo qual ele, segundo a sua vontade soberana e para a sua própria glória, produziu no princípio todo o universo, visível e invisível, em parte do nada e em parte de material que, por sua natureza, nada poderia produzir, e assim lhe deu uma existência distinta da sua própria, e, ainda assim dele dependente. A CRIAÇÃO É UM ATO DO DEUS TRIÚNO: Embora o pai esteja em primeiro plano na obra da criação (i co. 8:6), esta é também reconhecida como obra do filho (jo. 1:3) e do espírito santo (Gêneses 1:2, jó 26:13). Todas as coisas são, de uma só vez, oriundas do pai, por meio do filho e no espírito santo. Pode-se dizer, de modo geral, que o ser provém do pai, a idéia provém do filho e a vida provém do espírito santo.
  • 75. 75 A CRIAÇÃO É UM ATO LIVRE DE DEUS: A Bíblia nos ensina que Deus criou todas as coisas segundo o conselho da sua vontade. (ef. 1:11, Apocalipse 4:11) e que ele é auto-suficiente e não depende de suas criaturas, de modo nenhum. (jó 22:2,3, at. 17:25) A CRIAÇÃO É UM ATO TEMPORAL DE DEUS: A Bíblia começa com a singela declaração: ―no princípio criou Deus os céus e a terra‖. (Gêneses 1:1) o termo hebráico ―bereshith‖ (no princípio) é indefinido e, naturalmente, surge a questão: princípio de quê? parece melhor tomar a expressão no sentido absoluto, como uma indicação do início de todas as coisas temporais e do próprio tempo. não é correto presumir que já existia o tempo quando Deus criou o mundo e que ele, em certo ponto desse tempo existente, deu ―princípio‖ a produção do universo. está claro na escritura que o mundo teve começo em passagens como Salmos 90:2, 102:25, mt. 19:4,8, mc. 10:6, jo. 1:1,2, hb. 1:10. O FIM ÚLTIMO DA CRIAÇÃO: São duas as teorias sobre qual teria sido a finalidade das coisas criadas: A FELICIDADE DA HUMANIDADE Alguns teólogos afirmam que a bondade de Deus o induziu a criar o mundo. Ele desejava se comunicar com suas criaturas e a felicidade destas era o fim que ele tinha em vista. No entanto é certo que esse fim ainda não foi alcançado,
  • 76. 76 levando em consideração todos os sofrimentos que há no mundo. Não podemos imaginar que um Deus sábio e onipotente escolhesse um fim destinado a falhar no todo ou em parte. (jó 23:13) A GLÓRIA DECLARATIVA DE DEUS A Igreja de Jesus Cristo encontrou o verdadeiro fim da criação, não em alguma coisa que esteja fora de Deus, mas em Deus mesmo. O fim supremo de Deus na criação é a manifestação de sua glória. (is. 43:7, 60:21, 61:3, lc. 2:14, rm. 9:17, 11:36, i co. 15:2) A INTERPRETAÇÃO DE GÊNESES 1:1,2: Alguns interpretam Gênesis 1:1 com um título do restante da criação, não possuindo um sentido independente, mas isso é objetável por, pelo menos, duas razões: 1. Porque a narração subsequente está ligada ao primeiro versículo pela partícula ―e‖ (waw), o que não aconteceria se fosse um título. 2. Nos versículos seguintes não contêm o relato da criação dos céus. A interpretação mais aceita é que Gêneses 1:1 registra a criação original e imediata do universo, chamado ―céus e terra‖. Nessa expressão, a palavra céus refere-se à ordem invisível das coisas, (não deve ser confundido com os céus cósmicos, como nuvens, astros e estrelas) e a palavra terra refere-se à ordem
  • 77. 77 visível original. Dos que aceitam essa teoria, muitos acham que a terra era um lugar de habitação de anjos, vindo a se tornar um caos com a rebelião de lúcifer e a expulsão dos rebeldes (vs. 2). A terra então foi transformada numa habitação adequada para os homens. O CONCEITO DE QUE FORAM DIAS LITERAIS: Apesar de sempre ter havido os defensores de que foram longos períodos de tempo, a ideia predominante na Igreja sempre foi que os dias de Gêneses capítulo 1 devem ser entendidos como dias literais, eis as razões: Em seu significado primário, a palavra ―yom‖ denota um dia natural, e é boa regra de exegese não abandonar o sentido original de uma palavra. O autor de gênesis parece ter-nos aprisionado absolutamente na interpretação literal acrescentando, quanto a cada dia, as palavras: ―houve tarde e manhã‖, cada dia teve uma tarde e uma manhã, coisa que dificilmente se aplicaria num período de mil anos. Se cada dia fosse um longo período de tempo, o que seria da vegetação depois que esta foi criada? Em ex. 20:9-11 ordena-se a Israel que trabalhe seis dias e descanse no sétimo, porque Jeová fez os céus e aterra em seis dias e descansou no sétimo, presume-se nesse texto que os dias eram da mesma espécie tanto para Deus como para os homens.