2. CONTEXTO HISTÓRICO DO BARROCO NO BRASIL
O Barroco no Brasil é
marcado também pela expulsão
definitiva dos franceses (1615) e
pelas invasões holandesas, na
Bahia (1624) e em Pernambuco
(1630). O Nordeste passa por
rápidas mudanças econômicas,
por meio do contato com os
holandeses, até sua expulsão,
em 1654. Com o declínio da
cana-de-açúcar, a hegemonia
econômica transfere-se para
Minas Gerais, onde há extração
de minérios outra fonte de
riqueza, que contribui para o
desenvolvimento econômico.
3. O Barroco no Brasil foi o movimento artístico mais
importante do período colonial, colocando em ascensão o
catolicismo e a fé. Nasceu da crise de valores renascentistas,
ocasionada pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida
em conseqüência da falência do comércio com o Oriente.
Inicia-se no Brasil em 1601, com a publicação do poema épico
Prosopopéia, de Bento Teixeira. Estende-se por todo o século
XVII e início do XVIII. Seu rebuscamento reflete o conflito
entre o terreno e o celestial, o homem e Deus
(antropocentrismo x teocentrismo), o pecado e o perdão, a
religiosidade medieval e o paganismo renascentista, o
material e o espiritual, que tanto atormenta o homem do
século XVII. Surge uma tendência sensualista, caracterizada
pela busca do detalhe num exagerado rebuscamento formal
4. BIOGRAFIA DE GREGÓRIO DE MATOS:
Gregório de Matos (1636-1696) foi poeta
brasileiro. A figura mais importante da época
colonial. O maior poeta do barroco brasileiro.
Por suas críticas à sociedade baiana, recebeu o
apelido de "Boca do Inferno".
Gregório de Matos (1636-1696) nasceu em
Salvador, Bahia, no dia 23 de dezembro de
1636. Filho de pai português e mãe baiana,
frequentou o Colégio da Companhia de Jesus.
Foi estudar na Universidade de Coimbra. Em
1661 já está casado e formado em Direito.
Neste mesmo ano, é nomeado juiz em Alcácer
do Sal, no Alentejo. Volta à Salvador, nomeado
procurador da cidade, junto a corte
portuguesa. Fica viúvo e casa-se novamente.
5. BIOGRAFIA DO PADRE ANTÓNIO VIEIRA
António Vieira (1608-1697) foi um religioso,
escritor e orador português. Lutou contra a
escravidão dos índios, numa época em que era
normal ter escravos. Defendeu a liberdade
religiosa, num tempo em que os suspeitos de
heresia eram condenados pela inquisição. Entrou
para a Companhia de Jesus e ainda noviço foi
indicado para redigir a carta,com os relatos das
atividades dos jesuítas, enviada anualmente a seus
superiores em Lisboa.
António Vieira (1608-1697) nasceu em Lisboa,
na rua do Cônego, próximo a Sé, no dia 6 de
fevereiro de 1608. Filho de Cristóvão Vieira
Ravasco e Maria de Azevedo. Seu pai era escrivão
da inquisição e foi nomeado para o cargo de
escrivão em Salvador e só em 1614 sua família veio
para o Brasil. António Viera tinha 6 anos na época.
6. Cultismo Conceptismo
Caracterizado pela
linguagem rebuscada,
culta, extravagante; a
valorização do detalhe
mediante jogo de palavras.
Tem forte influência do
espanhol Luís de Gôngora;
no Brasil podem ser
citados: Gregório de Matos
Guerra e Bento Teixeira.
Marcada pelo jogo de
idéias, de conceitos,
seguindo um raciocínio
lógico, racionalista, usando
uma retórica aprimorada.
O espanhol Quevedo foi um
dos principais nomes desse
estilo; no Brasil, tem-se
como exemplo o Padre
Antônio Vieira.
7. O poeta :
Religioso Satírico
Soneto a Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei
pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.
Se basta a voz irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Triste Bahia
Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
A ti tricou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem
entrado,
A mim foi-me trocando e, tem
trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
8. O poeta :
Lírico Erótico
À mesma d. Ângela
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama fluorescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Necessidades Forçosas da Natureza
Humana
Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.
Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com
chalupa.
Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
E na hora de ver repleta a tripa,
Darei por quem mo vase toda Europa?
Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da mão sua cachopa.