2. Flávio Motta (artista plãstico, arte-educador) conta:
˝ Uma ocasião perguntamos a um caipira na cidade
de Jambeiro (Estado de São Paulo), com quem ele
aprendera a fazer ‘figurinhas’ de barro para
presépios, quem lhe dera os modelos, quem lhe
ensinara. Respondeu, diante de uma pequena
escultura: ‘O desenho é meu mesmo’. Os
estudantes que nos acompanhavam, ficaram
surpresos com o sentido do termo. Para a maioria
dos jovens, desenho era apenas registrodesenho era apenas registro
gráfico, expressão em linhas, manifestação degráfico, expressão em linhas, manifestação de
formas em duas dimensões, esboço, traçado.formas em duas dimensões, esboço, traçado.
3. • Os estudantes estavam mais próximos às lições do
Neoclassicismo. Herdeiros dos mestres franceses
que chegaram em 1816, eles estavam perplexos
com o sentido mais amplo de um desenho que se
identificava a concreção do pequeno objeto
elaborado por um caipira˝.
• Nesta observação de Flávio Motta o conceito de
desenho cria novos paradigmas e abre novas
possibilidades de pensar e experimentar o
desenho. Este conceito delineia o conteúdo e a
forma como uma linguagem diferenciada do
desenho.
5. ˝O desenho possui uma natureza
específica, particular em sua forma de
comunicar uma idéia, uma imagem, um
signo, através de determinados suportes:
papel, cartolina, lousa, muro, chão, areia,
madeira, pano, utilizando determinados
instrumentos: lápis, cera, carvão, giz,
pincel, pastel, caneta hidrográfica, bico
de pena, vareta, pontas de toda a
espécie. ˝
7. As manifestações gráficas não se
restringem somente ao uso do lápis
e papel. O desenho, como índice
humano, pode manifestar-se, não só
através das marcas gráficas
depositadas no papel (ponto, linha,
textura, mancha), mas também
através de sinais como um risco no
muro, uma impressão digital, a
impressão da mão numa superfície
mineral, a famosa pegada do homem
na lua.
9. Existem os desenhos criados e projetados
pelo homem, existem os sinais evidenciando a
passagem do homem, mas também existem as
inscrições, desenhos vivos da natureza: a
nervura das plantas, as rugas do rosto, as
configurações das galáxias, a disposição das
conchas na praia. Estes exemplos nos fazem
pensar a respeito das idéias que se tem do
desenho, ampliando suas possibilidades
materiais de realização. As formas pensar e
experimentar o desenho a partir destes
conceitos acima citados é infinito.
11. Desenhar objetos, pessoas
situações, animais, emoções, idéias
são tentativas de aproximação com o
mundo, é conhecer, é apropriar-se.
A linha, elemento essencial da
linguagem gráfica, não se subordina
a uma forma e, permite infindáveis
possibilidades expressivas. A linha
pode ser uniforme, precisa e
instrumentalizada, ágil, densa,
trepidante, redonda, firme, reta,
espessa,fina.