PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
A Criação do Museu da República
1. A criação do Museu da República
O sucessor de Getúlio Vargas, o mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, foi
o primeiro presidente a residir no palácio Laranjeiras, localizado no Parque
Guinle, no bairro carioca das Laranjeiras. Dinâmico e empreendedor, JK,
como ficou conhecido, elegeu como lema de seu governo "50 anos em 5",
prometendo realizar durante seu mandato tudo que a república deixara para
trás em seus setenta anos de existência.
A construção de Brasília foi o símbolo da
obstinação do "presidente bossa-nova". Ao instalar
em pleno planalto central uma cidade que se
tornaria um marco arquitetônico mundial, JK
inaugurou um movimento irreversível em direção
ao interior do país, com o deslocamento do centro
do poder federal para Brasília.
Retrato de Afonso Pena
pintado
por
Rodolfo
Amoedo, pertencente ao
acervo do Museu da
República, antigo palácio
do Catete
No dia 8 de março de 1960, o presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira assinou o Decreto 47.883,
criando no palácio do Catete - que por 63 anos
sediara a presidência da República - o Museu da
República, inaugurado em 15 de novembro daquele
mesmo ano.
A partir daí, o Museu da República vem se dedicando a rememorar junto ao
público visitante um período de grande importância para a história de nosso
país. Apesar de não mais abrigar o poder, o Museu da República apresenta-se
ao seu público como um espaço permanente de reflexão em torno da nossa
história política, social, econômica e cultural, com vistas à formação do
verdadeiro cidadão, consciente e engajado nas principais questões nacionais e
nos destinos do nosso país.
Visitando o Museu
Com suas paredes revestidas de granito e mármore rosa e as portadas em
mármore branco, o prédio do Palácio do Catete tem uma posição inusitada em
relação às grandes residências burguesas da época, visto a sua colocação na
rua, integrado no burburinho urbano, fazendo, assim, do parque não um
espaço de acesso, mas um ambiente de tranqüilidade e. As águias de bronze
que guarnecem a frontaria da cimalha e as faces laterais do prédio - e que o
alcunharam como palácio das Águias - foram ali colocadas em 1910. No seu
interior, todas as salas têm assoalhos em marchetaria. A decoração
"especializada" de seus salões faz do palácio do Catete um prédio singular e o
acervo mais importante do Museu da República.
2. O parque, hoje aberto a todo o público, estende-se da rua do Catete à praia do
Flamengo, paralelamente à rua Silveira Martins, ocupando uma área de
24.000m2. Enquanto o palácio pertenceu a particulares, esse jardim foi
bastante movimentado pelos parentes e amigos dos proprietários,
especialmente à época do conselheiro Mayrink que, em 1890, construiu em
frente ao portão dos fundos um embarcadouro. O jardim, no seu traçado
inicial, era todo plantado com árvores de grande altura, sendo que a aléia de
palmeiras já existia neste terreno, anteriormente ocupado por outra edificação.
Hoje, o parque tem basicamente o mesmo desenho que foi concebido pelo
arquiteto Paul Villon, contratado quando das reformas que prepararam o
palácio do Catete para a instalação da presidência da república, em 1896.
Nessa ocasião, os jardins receberam canteiros altos, um rio artificial com
capacidade para 2.000m3 de água, três pontes rústicas, uma grande cascata
com lago, um quiosque para apresentações musicais, bancos sobre rochedos
artificiais e luz elétrica, cinco estatuetas de bronze, vindas da França, uma
estátua de Cristóvão Colombo. Ainda hoje podemos ver, adornando o jardim,
duas estátuas de terracota, das quais não se conhece a origem. O grande
chafariz, acrescido da estátua do "Nascimento de Vênus", foi transferido do
antigo largo do Valdetaro, à frente do palácio, onde estava desde 1854.
Enriquecem o jardim árvores frutíferas como mangueiras, jambeiros,
caramboleiras, tamarineiras, abacateiros, cajazeiros, goiabeiras, coqueiros,
além de várias espécies ornamentais como palmeiras imperiais, e um
exemplar de pau-brasil, árvore símbolo da nossa terra.
Primeiro pavimento
O requinte das pinturas e ornatos e a distribuição e localização dos cômodos
sugerem ter sido este pavimento inicialmente destinado às salas de visita e de
estar, como era o costume à época. A decoração dos tetos afasta a hipótese de
utilização deste piso como área de trabalho, ao tempo do barão de Nova
Friburgo.
Com a instalação da presidência da república, este espaço foi redefinido,
passando a abrigar funções burocráticas como secretaria, biblioteca, gabinetes
de assessores, salas de despachos e de audiências.
Hall principal
Quando os portões alemães em ferro e as imponentes portas se abriam para a
rua do Catete, era dia especial no palácio das Águias. Nas ocasiões solenes e
festivas, o hall principal podia ser apreciado - majestoso com suas colunas de
mármore, sua escada modular em ferro, moldada na Alemanha, e sua intensa
iluminação.
3. A nobreza dos materiais se associa à elegância das grandes esculturas
brasileiras - "Ubirajara" e "Perseu libertando Andrômeda", de autoria de
Francisco Manuel Chaves Pinheiro - e alemãs - "O Pudor", "A Glória", "O
caçador de leões" e "Amazona em luta com um tigre", executadas na segunda
metade do século XIX. Esses e outros elementos de decoração recebiam os
visitantes, para logo os orientarem à grande e imponente escadaria pela qual
subiriam os convidados para festas memoráveis da sociedade imperial.
Conferiam, contudo, simbolismo às solenidades republicanas como as de
posse presidencial, recepções a líderes estrangeiros e ao corpo diplomático,
assinaturas de importantes tratados.
Hall da carruagem
O acesso ao palácio - desde, inclusive, o curto período em que foi habitado
pelo barão de Nova Friburgo - se fazia pela parte lateral, onde os carros
paravam, permitindo, assim, a entrada direta ao prédio, livre das intempéries.
O carro à Daumont, atualmente em exposição neste hall, é um exemplo das
verdadeiras preciosidades produzidas pela indústria de meios de transporte da
época, que eram utilizadas nas cerimônias oficiais.
Cerimônia de posse do
presidente
Juscelino
Kubitschek, criador do
Museu da República no
antigo
palácio
presidencial.
Movidos por duas parelhas de cavalos e conduzidos
por um cocheiro auxiliado por dois lacaios
soberbamente uniformizados, carros como este
transportavam autoridades e celebridades que
visitavam a então capital da república - entre as
quais os presidentes argentinos Julio Roca e Saenz
Peña, o secretário de estado americano Elihu Root e
os soberanos da Bélgica, Alberto e Isabel.
Durante o período em que foi prefeito da então
capital, o engenheiro Pereira Passos - conhecido
pela grande remodelação urbanística que
empreendeu na cidade do Rio de Janeiro -, os
carros à Daumont provocaram verdadeira sensação nos cortejos e desfiles,
como o de inauguração da avenida Central, em 1905, ou em eventos como as
batalhas de flores organizadas pela prefeitura nos principais parques da
cidade.
Salão ministerial
A pintura mitológica presente no teto desta sala, representando Baco, o deus
do vinho, e uma bacante, assim como os estuques de frutos e o festão que
circunda todo o teto, datam da construção do palácio pelo barão de Nova
Friburgo. As portas do salão estabelecem contato com o jardim e o parque,
através de uma varanda. A localização deste cômodo e a decoração do teto
4. sugerem-nos que sua utilização original estava ligada ao estar informal e ao
prazer do chá, dos refrescos e do vinho do porto, durante as conversas amenas
de fim de tarde.
Com a transferência da presidência da república para o palácio do Catete, foi
providenciado para o recinto mobiliário novo. Os lustres franceses a gás foram
adaptados para a iluminação elétrica. Mais tarde, a forração com papel de
parede foi substituída pelos lambris e pinturas de paredes. Destinado então a
salão de despachos e conferências, nele se realizaram reuniões de diversos
gabinetes. Neste salão, Venceslau Brás subscreveu a declaração de guerra à
Alemanha, em 1917; Getúlio Vargas assinou seu primeiro decreto, em 1930; e
Eurico Gaspar Dutra tomou posse como presidente, em 1946.
Caixa da escada
O arquiteto Gustav Waehneldt, ao projetar o palácio para o barão de Nova
Friburgo, fez da grande escadaria o eixo da construção. A suntuosidade
transmitida pela caixa da escada se deve ao espaço por ela ocupado - central e
de grandes proporções - e à sua decoração. Ladeando a escada, ainda no piso,
encontram-se duas esculturas em bronze de autor ignorado, que datam do
século XIX: "A Leitura" e "A Escrita". Homenageando a própria concepção
do palácio - baseada na integração das diversas artes -encontram-se quatro
painéis murais representando quatro alegorias: a Pintura, o Desenho, a
Arquitetura e a Escultura. Às cenas mitológicas das pinturas do painel central
e dos arcos - cópias dos afrescos pintados pelo artista renascentista Rafael
Sanzio (1483-1520) na Villa Farnesina, em Roma - somam-se as dos vitrais
laterais.
A luz elétrica, instalada no palácio quando da transferência da sede da
presidência da república, em 1897, era um fenômeno recente do progresso.
Esse recurso conferiu novo aspecto à caixa da escada, impressionante para a
época, principalmente pelo efeito obtido pelas 32 lâmpadas colocadas na
clarabóia "que despejam jarros de luzes variadas, dando à noite um aspecto
deslumbrante, que surpreende e emociona", segundo jornal da época.
Segundo pavimento
O segundo pavimento - destinado à representação maior do poderio
econômico e político - é chamado piso nobre. A especialidade dos salões, por
funções e esquemas decorativos, reflete o aparato da grande burguesia, sua
necessidade de demonstração de um poder social que ia se consolidando.
O sagrado da capela e o profano do baile; o espírito, nas conversas e na
música no salão veneziano; o corpo alimentado, no salão de banquete; o vício,
estimulado no salão mourisco; o Ocidente, na tradição de Grécia e Roma e o
5. exotismo árabe encontram-se e dividem o espaço no palácio, casa de senhores
que o regime republicano não desfaz. O baile cede lugar aos passos ensaiados
do protocolo consular; a liturgia deixa o altar e se expressa na ritualística da
recepção ao visitante ilustre; o banquete que recende a dinheiro passa a ser
saboreado através das articulações políticas. A essência permanece.
Galeria dos vitrais
O programa arquitetônico original da residência do barão de Nova Friburgo
dispensou o corredor de qualquer outra função. Antecâmara da Capela e
espaço de ligação com as então existentes escadas íntima e de serviço, a
galeria não foi desprovida de interesse decorativo. Os vitrais, executados na
Alemanha em 1863, apresentam musas e outras figuras mitológicas
relacionadas com as ciências e as artes. A pintura das paredes, acima da linha
das portas e dos vitrais, empresta leveza ao ambiente, pela temática e pelas
cores suaves.
Enquanto palácio presidencial, nenhum espaço podia ser subaproveitado. O
programa palaciano de 1897 transformou a galeria em sala de visitas,
preenchendo-a, na época, com sofás e cadeiras de balanço.
Sala da capela
O estado imperial brasileiro era indissociado da Igreja Católica. O barão de
Nova Friburgo instalou, como era hábito entre a burguesia da época, uma
capela para recolhimento e oração dos moradores do palácio. No teto,
rodeadas por painéis reproduzindo alguns apóstolos, duas telas reproduzem a
obra "A transfiguração", do artista renascentista italiano Rafael Sanzio, e a
"Imaculada Conceição", do artista espanhol barroco Bartolomé Esteban
Murillo (1618-1682). Em 1883, aqui foi celebrado o casamento da filha do
conde São Clemente, que residiu no palácio após a morte de seu pai, o barão
de Nova Friburgo.
Na reforma para a instalação da presidência da república, a decoração das
paredes e do teto não foi modificada, mas a função desta sala alterou-se, pois
passou a ser utilizada como sala de visitas. Isto não impediu que, por vezes, o
cômodo retornasse a sua função primeira como, em 1904, para o casamento da
filha do presidente Rodrigues Alves e, em 1909, para o velório do presidente
Afonso Pena.
Salão azul
A posição deste salão, encravado entre a capela e o salão de baile, parece
representar a transição entre o sagrado e o profano, espaço intermediário de
refúgio e apoio às recepções e festas realizadas no palácio. O estilo Luís XVI
6. está presente nos ornatos do teto, nas molduras dos grandes espelhos e nas
sanefas, no aparador que faz conjunto com a mesa de centro, na mesa de
encostar sob o espelho estreito e no relógio parisiense de Victor Paillard.
Com a instalação da presidência da república, as paredes deste salão
receberam novas pinturas sob a supervisão de Antônio Parreiras (1860-1937),
renomado paisagista e pintor. O toque art-nouveau dessa nova decoração
adaptou-se bem à coloração pastel, cujo predomínio do azul originou o nome
dado à sala. Ao final do século XIX era designada como sala da Liberdade,
com um grande L sobre uma das portas. Era no salão azul que os
embaixadores estrangeiros costumavam aguardar a entrega de suas credenciais
ao presidente, cerimônia normalmente realizada no cômodo contíguo, o salão
nobre.
Salão nobre
O salão nobre documenta a vida social e o luxo que cercavam o palácio de
Nova Friburgo desde a época de sua construção. As pinturas na parte superior
das paredes - acima das portas e espelhos, em formato de semicírculo referem-se à vida de Apolo, deus da música e da
As demais pinturas verticais, sobre fundo dourado, também representam cenas
mitológicas, muitas das quais associadas à música e às artes, marcando a
função do cômodo como salão de baile. Nos ornatos das portas figura a águia,
timbre do baronato de Nova Friburgo.
O conjunto de sofás e banquetas e as jardineiras,
adquiridos pelo barão na França, ajustam-se
perfeitamente aos vãos em que se encontram,
indicando cuidado na composição deste espaço.
A instalação da presidência da república no palácio
do Catete reafirmou a vocação nobre deste espaço,
Fachada do palácio do com a colocação, sobre as portas, das armas da
Catete, atual Museu da república. A iluminação elétrica aumentou o brilho
República.
das festividades, fazendo refletir nos espelhos
bisotados em cristal, emoldurados em dourado, a luz das 192 lâmpadas em
forma de vela. O painel do teto foi substituído em 1938, reproduzindo o
motivo mitológico original - os deuses do Olimpo - e é de autoria de Armando
Viana (1897-1992), pintor acadêmico brasileiro.
Salão pompeano
As muitas salas de um palácio da segunda metade do século XIX superavam
suas necessidades específicas. A exemplo do salão azul, sem acesso
7. independente, a função do salão pompeano era a de apoio aos salões de baile e
veneziano. Este espaço pode ser definido como uma grande moldura estilística
da concepção decorativa de Gustav Waehneldt, elaborada a partir da alusão às
descobertas artísticas das escavações da cidade de Pompéia.
Nas paredes, o intenso vermelho - representativo do vulcão Vesúvio que
soterrou Pompéia - cobrindo grandes vazios, intercalado com figuras e
alegorias sobre fundo branco, além da pintura com temática arquitetural acima
do nível das portas, enquadra o mobiliário aparatoso, composto de sofás e
tamboretes em couro pirografado, também vermelhos, além da jardineira,
encomendados pelo barão de Nova Friburgo em Paris, no ano de 1863.
Adaptado à representação do estado brasileiro republicano o teto foi a única
superfície alterada neste salão. A inclusão das armas nacionais e das datas
históricas - descobrimento, independência, abolição e proclamação da
república - qualifica a nacionalidade e coroa o ambiente. A jardineira foi
coberta por mármore vermelho. O "Crepúsculo", escultura em mármore
branco de autor não identificado, passou a incorporar este espaço nessa
ocasião.
Salão veneziano
O programa arquitetônico do palácio do barão de Nova Friburgo destinava
todo o segundo pavimento às grandes ocasiões sociais. Ligando o salão de
baile ao salão de banquete, o salão veneziano servia como sala de visitas para
tais ocasiões. Seu nome deve-se provavelmente ao estilo do mobiliário conjunto estofado, armários e mesa de centro. Ao interpretar os estilos
franceses, marcadamente o Luís XIV e o Luís XV, os italianos carregavam
nos ornamentos, produzindo móveis pesados e ricamente decorados. Os
candelabros, o relógio francês Victor Paillard & Romain, o lustre central em
bronze e cristal e os grandes espelhos compunham este ambiente.
Na república, este salão transformou-se em sala de música, acrescentando à
vida palaciana uma nota de descontração. O painel executado pelos pintores
Antônio Parreiras e Décio Vilares, representando uma cena galante, substituiu
o grande espelho existente à época do barão de Nova Friburgo.
Salão mourisco
O projeto arquitetônico de Gustav Waehneldt para o barão de Nova Friburgo
registrava o fascínio do século XIX por estilos variados, entre os quais
destacava-se o mourisco. Espaço essencialmente masculino, usado como sala
de jogos e de fumar, o salão mourisco reúne duas características centrais da
arquitetura oitocentista brasileira: a diversidade estilística e a especialização
funcional dos espaços. O lustre de bronze dourado e cristal rubi, o mobiliário
8. em madeira, marfim e palhinha, as pequenas esculturas dos "Musicistas
árabes", o cinzeiro em forma de crocodilo compõem este ambiente tão
peculiar.
Por ocasião da instalação da presidência da república no palácio, foi
acrescentada ao salão mourisco a escultura "A africana", em bronze.
Comprada pelo importador Carlos Leite Ribeiro, em Paris, foi oferecida em
1890 ao presidente Deodoro da Fonseca por ocasião das comemorações do 13
de maio. O ar pitoresco da sala limitava sua utilização em ocasiões solenes,
embora ao fim da revolução de 1930, na posse da junta governativa liderada
por Getúlio Vargas, tenha servido à reunião dos representantes da Polícia e do
Corpo de Bombeiros.
Salão de banquetes
Coerente com a concepção arquitetônica que norteou a construção do palácio,
o salão de banquetes traz também as marcas de sua função na própria
decoração. No teto, destacam-se os estuques com frutos, as pinturas de
naturezas-mortas nos arcos e o painel central - cópia adaptada da obra "Diana,
a caçadora" do artista italiano Domenichino (1581-1641). Dois aparadores e o
relógio-armário - encomendados em 1863 a uma firma parisiense acompanham o espírito da decoração deste salão.
As pinturas das paredes datam da reforma executada no palácio para sediar a
presidência - que manteve a temática original, fazendo figurar ali, em tons
pastéis, pescados e caças.
Nem sempre esse ambiente destinado aos prazeres do paladar assistiu a cenas
saborosas. Foi neste salão que, em 1954, às vésperas de seu suicídio, Getúlio
Vargas reuniu pela última vez o seu ministério.
Hall do elevador
À época da construção do palácio do barão de Nova Friburgo, existia neste
local uma escada em caracol que, ligando os três pavimentos, permitia a
circulação dos serviçais. Era também neste ponto que se fazia a passagem para
o outro corpo da edificação, onde se localizavam os serviços, a copa, a
cozinha, a cocheira, os quartos dos empregados.
Com a transferência da presidência para o palácio, este espaço adquiriu novas
funções, passando também a abrigar uma área íntima e privada para os
presidentes, e permitindo o acesso aos aposentos e às salas reservadas às suas
famílias. Com a instalação do elevador privativo, este ambiente transformouse em hall.
9. Terceiro pavimento
Refúgio da representação constante a que se impunham as classes altas, o
último andar do palácio era reservado ao espaço privado e íntimo da família,
tanto no tempo do barão quanto no período em que abrigou a presidência da
república. O mobiliário e a decoração desses aposentos foram sendo alterados
de acordo com os desejos e necessidades de cada novo ocupante do palácio.
Com a instalação da presidência, novos móveis e objetos funcionais e de
decoração foram encomendados. Alguns exemplos deste mobiliário estão
integrados ao circuito histórico, atualmente em exposição neste pavimento.
Hoje, o terceiro andar do Museu mostra, em dez salas, objetos do acervo que
evocam a história e a memória republicana desde os seus primórdios. Esta
exposição culmina com o ascético quarto onde o presidente Getúlio Vargas
suicidou-se, na madrugada de 24 de agosto de 1954, e que o vinculou
definitivamente, no imaginário popular, ao antigo palácio do Catete.
Museu da República: guia do visitante. Rio de Janeiro, Museu da República, 1994,
pp.24-43.