1. SALVADOR DOMINGO 6/10/2013 OPINIÃO A3
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BRUNO AZIZ
O
Estatuto do Idoso completou dez anos.
Algo a comemorar? Muito pouco. Ser
idoso neste País significa, em geral, ter
baixa renda, que não dá para comprar re-
médios indispensáveis ao prolongamento da
vida. Significa também exclusão do ambiente
familiar, exílio, abandono.
A velhice é digna apenas para as apo-
sentadorias e pensões ricas. Para os que
puderam amealhar – e raramente entra nis-
so o mérito do trabalho árduo e honesto. A
existência de castas oriundas da má dis-
tribuição de riqueza e pressão do poder
econômico opõe nobres e vassalos.
Um flagrante desrespeito, que assume a
forma da desatenção, pune em cheio o ido-
so. Como e de onde tirar alegria, em época
marcada pela dependência, pelos cuidados
diários, se por toda parte o idoso brasileiro
é considerado um vulto, quase um espectro
para o qual não se olha duas vezes?
O Estatuto do Idoso é por enquanto mais uma
lei de fachada. Serve para gerar miúdos gestos
de cortesia aqui e ali, praticados por pessoas de
fato educadas. Se não evita o desconforto, corre
o risco de engrossar o elenco de ações hipócritas
que caracteriza nossa cultura.
Somos mesmo um bando de hipócritas. De
fingidores, de dissimuladores, dos que arvoram
falsa virtude e em proveito do seu bem-estar
atraem para si uma aura de santidade. O resto
– todos os indesejáveis e injustiçados – que se
arranje como melhor lhe aprouver.
Um país que remenda tanto a Consti-
tuição e insiste em negar seus preceitos
básicos, na prática desafiadora da politi-
cagem, da corrupção, tem longa estrada a
percorrer. Em que geração obteremos fi-
nalmente a consciência dos direitos hu-
manos, da justiça social aplicada?
O Dia do Idoso foi marcado em Salvador por
uma marcha de senhoras e senhores da cha-
mada terceira idade, que alguns idosos tolos
consideram “a melhor idade”. Ainda bem que
o desejo de protesto, de cobranças públicas
começa a arder, apesar do spray de pimenta e
das bombas de gás que a hipocrisia rotula “de
efeito moral”.
HÉLIO PÓLVORA ESCREVE AOS DOMINGOS
Hélio Pólvora
Escritor, membro da Academia de Letras da
Bahia
hpolvora@gmail.com
O
desânimo e a tristeza se abateram
sobre aqueles dois discípulos que
voltavam de Jerusalém para Emaús.
Eles haviam seguido Jesus de Nazaré e pos-
to nele sua esperança, mas estavam de-
cepcionados, porque tudo terminara de for-
ma rápida, inesperada e frustrante. Con-
denado, Jesus não reagiu; castigado, não se
defendeu; ironizado pelos soldados, não
desceu da Cruz para mostrar o seu poder.
Onde ficaram suas palavras, seus milagres
e as multidões que o haviam seguido? O
que restava de suas promessas e da es-
perança que havia despertado em tantos
corações? Para os dois discípulos, só havia
uma saída: deixar Jerusalém e voltar para
a sua aldeia. Estavam voltando, na verdade,
para sua vida antiga, sem perspectivas e
sem esperança. Foi quando um desconhe-
cido pediu para acompanhá-los e quis co-
nhecer o motivo de sua tristeza. Tendo ou-
vido sua história marcada por decepções,
passou a demonstrar-lhes que conhecia as
promessas feitas pelos profetas, que a Cruz
e a morte no Calvário, longe de terem sido
o final de tudo, eram um novo caminho que
se abria para eles. Suas palavras eram uma
luz para aqueles corações envolvidos por
nuvens escuras.
Tendo chegado a Emaús, vendo que o
desconhecido ia adiante, os dois discípulos
lhe fizeram um convite: “Fica conosco, Se-
nhor” (Lc 24,29). Convite feito, convite acei-
to. Quando o companheiro de caminhada
sentou-se à mesa com eles e partiu o pão,
perceberam que ele era Jesus. “Neste mo-
mento, seus olhos se abriram, e eles o re-
conheceram. Ele, porém, desapareceu da
vista deles” (Lc 24,31).
A explicação das Escrituras, na viagem com
o desconhecido, não havia sido suficiente para
abrir os olhos dos discípulos de Emaús. Seus
corações arderam, é verdade, mas o gesto es-
sencial para reconhecerem o Ressuscitado foi o
pão partido e repartido. Foi nessa hora que
Cristo revelou sua identidade. Ao participarem
desse gesto de partilha, reconheceram aquele
que durante sua vida sempre se doara aos
outros – doação que teve seu ponto máximo no
Calvário.
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil
sec.arcebispo@arquidiocesesalvador.org.br
EDITORIAL
Arrecadação
e gastos
AcapacidadedeinvestimentodaPrefeitura
de Salvador foi praticamente nula neste
ano: apenas 0,5% do orçamento, segundo
números apresentados pelo secretário da
Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Foi resul-
tado do profundo desequilíbrio entre re-
ceita e despesa no município. Para o ano
que vem, a intenção é ampliar esse per-
centual, passando para 16%.
Faz-se urgente retomar a capacidade de
investimento, ancorada na redução dos
gastos e, ao mesmo tempo, na ampliação
da receita. A expectativa da Fazenda é de
que esta aumente 56% em 2014.
Deve-se, no entanto, ter o cuidado de
construir esse crescimento ancorado na re-
dução da inadimplência ou no combate à
sonegação,emvezdeàcustadapopulação
que já arca com o pagamento dos diversos
impostos.Outrocaminhoaserperseguidoé
o que dá acesso às verbas federais, dis-
poníveis via apresentação de projetos. E há,
ainda, a possibilidade de empréstimos na-
cionais ou do exterior.
O atual nível de atividade econômica em
Salvador,paralisadaempartepeloimpasse
jurídico com o PDDU (Plano Diretor de De-
senvolvimento Urbano) e a Louos (Lei de
Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo), é
incompatível com previsões muito otimis-
tas quanto ao aumento da arrecadação.
Mas,umavezampliada,seriainaceitável
ver todo o esforço escoar em direção do
custeio da máquina pública (hoje mais da
metade dos recursos próprios está com-
prometida com o pagamento da folha de
salário dos servidores municipais).
Salvador é uma cidade-dormitório, sem
indústrias,dependentedosetordeserviçose
do turismo, e nos últimos anos tem perdido
visitantesporcontadadegradaçãodaorla,
do abandono a que foi relegado o Centro
Histórico,docaosinstaladonotrânsitoedo
aumento da violência.
A utilização racional dos recursos, por-
tanto, é tão imprescindível quanto o au-
mento dos investimentos em obras de in-
fraestrutura, de ampliação da mobilidade
urbanaedemelhoriadaqualidadedevida
dos moradores.
“O País não valoriza o conhecimento, apenas o título.
O aluno quer terminar o curso sem se preocupar se
realmente aprendeu” PRISCILA FONSECA DA CRUZ, diretora do movimento Todos pela Educação
Os idosos
são espectros
Fica conosco,
Senhor!
Os discípulos de Emaús e os primeiros
cristãos compreenderam muito bem a im-
portância das lições deixadas por Jesus;
tanto, que se tornaram “perseverantes em
ouvir o ensinamento dos apóstolos, na co-
munhão fraterna, na fração do pão e nas
orações” (At 2,42). Na “fração do pão”, fa-
ziam memória da vida, morte e ressur-
reição de Jesus. A instituição da Eucaristia,
na noite da Quinta-feira Santa, havia an-
tecipado, sacramentalmente, o dom que
Cristo faria de si mesmo ao Pai, no Calvário.
Agora, em cada fração do pão, essa me-
mória seria perpetuada pelos séculos afora.
A Igreja passaria a viver de Jesus euca-
rístico, por ele seria nutrida e por ele seria
iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e,
ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempre
que a Igreja a celebra, podemos reviver a
experiência dos dois discípulos de Emaús:
“Seus olhos se abriram, e eles o reconhe-
ceram” (cf. EE, 3 e 6).
Os discípulos de Emaús, tendo reconhecido
o Mestre, partiram com alegria para a missão.
Deixaram sua aldeia e voltaram a Jerusalém,
para se encontrarem com os outros discípulos,
pois queriam comunicar-lhes a experiência
que tinham tido com o Senhor. Tornaram-se,
assim, testemunhas do Ressuscitado. É isso que
Jesus continua realizando em cada Missa. Ele
transforma seus discípulos em alegres mis-
sionários, anunciadores da certeza que nos dei-
xou: “Eis que estarei convosco todos os dias, até
o fim dos tempos” (Mt 28,20). Como preci-
samos dessa presença! “Sem Cristo não há luz,
não há esperança, não há amor, não há futuro”
(Bento XVI, 13.05.07).
Aproximar-se da Eucaristia é fazer nosso o
pedido dos discípulos de Emaús: “Fica conosco,
Senhor!” Como em Emaús, Jesus se senta co-
nosco, toma o pão, pronuncia a bênção, parte
o pão e o distribui. Assim, terminada a ce-
lebração, quando ouvimos: “Ide em paz, o Se-
nhor os acompanhe!”, somos convidados e nos
levantar e a voltar para a nossa Jerusalém,
testemunhando a todos o nosso encontro com
o Ressuscitado e enfrentando, com renovada
alegria, nossa missão.
D. MURILO KRIEGER ESCREVE AOS DOMINGOS