SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 1
Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa
Frequência (RBF)
A surdez é a consequência mais evidente da exposição ao ruído audível. No entanto, também
a baixa frequência, que raramente é percetível, desenvolve consequências igualmente
nefastas.
Mais de metade dos habitantes da Europa vive em ambientes ruidosos, sendo que um em cada
três sofre de perturbações do sono devido ao ruído.
Atualmente no que diz respeito à medição de ruído ocupacional apenas é avaliado o ruído sonoro
que efetivamente é ouvido e que afeta diretamente os sistemas auditivos sendo ignorados todos
os restantes que afetam outras estruturas mas que não são necessariamente incomodativos à
nossa perceção.
No que diz respeito à promoção da segurança e saúde no trabalho, a legislação nacional, a Lei
n.º102/2009 de 10 de Setembro, alterada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de Janeiro, é
particularmente exigente no que respeita ao dever da empresa informar, formar e assegurar a
vigilância da saúde dos trabalhadores, no âmbito das suas estratégias de prevenção dos riscos
associados ao ruído.
De acordo com o disposto no artigo 5º do Decreto-Lei n.º182/2006, de 6 de Setembro, o
empregador tem o dever de, nas atividades suscetíveis de apresentar riscos de exposição ao
ruído, proceder à avaliação dos riscos tendo em conta, entre outros aspetos, os valores limite de
exposição e os valores de ação indicados no artigo 3.º do mesmo diploma.
SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 2
Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa
Frequência (RBF)
No entanto, a Lei Nacional, apenas foca e caracteriza a exposição ao ruído de média/alta
frequência, enquadrado nas frequências audíveis pelo Homem acima dos 500 Hz, sendo por isso, o
Ruído de Baixa Frequência negligenciado como agente potenciador de doenças profissionais,
passível de ser avaliado e prevenido.
O ruído consiste na propagação aérea de ondas de pressão que ao incidirem sobre o tecido
biológico do ser humano transformam a energia mecânica nelas contidas em energia vibratória.
Quando estas ondas são detetadas pelo ouvido, pelo processo mecânico que as converte em
vibrações, são posteriormente transformadas em sinais elétricos, percecionados pelo cérebro
como sons (esquema 1).
O RBF, abrange a gama das frequências acústicas que o ouvido humano tem mais dificuldade em
percecionar (abaixo dos 500 Hz), incluindo as não audíveis (abaixo dos 20 Hz), figura 1).
SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho
De acordo com estas características, a aplicação do filtro de ponderação A, requerido na
legislação Nacional não é viável, pois este é utilizado para avaliação de ruídos percecionados
pelo ouvido humano (medias/altas frequências), desvalorizando assim fortemente o verdadeiro
conteúdo do RBF. Assim, a sua medição e avaliação deverá ser feita com recurso a um filtro
apropriado ou em de modo linear, sem qualquer filtro aplicado.
Ao contrário do ruído de alta frequência este é muito menos perturbado por obstáculos e
materiais absorventes acústicos, o que lhes permite propagarem-se pela atmosfera com menos
atenuação.
Devido ao comprimento de onda associado ao RBF, ocorre maior número de ressonâncias nas
dimensões correspondentes aos espaços interiores (casas, edifícios, etc.), sendo por isso o seu
controlo bastante dificultado.
Nos anos 80 as alterações provocadas pelo RBF conduziram a definição da Doença Vibroacústica
(DVA), pelo Dr. Nuno Castelo Branco [6], como sendo uma patologia sistémica que envolve todo
o organismo, causada por exposições permanentes ao RBF, caracterizada pela proliferação
anormal de colagénio e elastina na ausência de um processo inflamatório.
Para além das fibroses do pericárdio e válvulas cardíacas, têm vindo a ser descritas alterações
celulares em diferentes órgãos e tecidos, principalmente no que diz respeito ao sistema
respiratório e nervoso.
Os seus portadores são muitas vezes considerados hipocondríacos tendo em conta a grande
diversidade de sintomas que podem não se relacionar uns com os outros, como ocorre na
maioria dos casos identificados, e à ausência de processos físicos que demonstrem a sua
existência.
A “luta” para que seja reconhecida como doença profissional pela OIT (Organização
Internacional do Trabalho), já se prolonga por várias décadas, no entanto, apenas um número
ínfimo de pessoas que se podem contar pelos dedos, foram reconhecidas como sendo
portadoras desta doença e assim lhes concedida doença profissional, sendo que para isso
necessários muitas provas, exames e estudos.
Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa
Frequência (RBF)
3
SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho
A pré disposição para o desenvolvimento da patologia varia de indivíduo para indivíduo assim
como de profissão para profissão no entanto, alguns dos indivíduos mais suscetíveis são os
pilotos e hospedeiras tendo em conta o número continuado de horas que são sujeitos ao
RBF, resultante da vibração e ruído provocado pelo funcionamento dos aviões. No entanto,
muitas outras profissões como camionistas, operadores de ferramentas vibrantes e outros,
promovem o desenvolvimento da DVA nos trabalhadores [6]
Algumas das fontes de RBF identificáveis e que facilmente passam despercebidas no dia-a-
dia são os transportes públicos, o próprio trânsito, as discotecas, os ventiladores, eólicas
(com caixas redutoras), e até os próprios equipamentos de ar condicionado entre outros.
Exposição Ocupacional – Estádios Clínicos da Doença Vibroacústica
A evolução da Doença Vibroacústica (DVA), relacionada com o tempo de exposição
ocupacional foi definida em 1999 [3] pelo Dr. Nuno Castelo Branco, através de um estudo
bastante complexo tendo por base a incidência da patologia, do qual resultou a tabela 1,
alusivo aos sinais e sintomas desenvolvidos por técnicos de aeronáutica, expostos ao RBF
durante o período laboral normal de 8 horas/dia, 5 dias/semana.
Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa
Frequência (RBF)
4
SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho
Patologias Associadas
De acordo com o descrito [9], a exposição prolongada ao RBF provoca um aumento
significativo, quer em humanos quer em animais, da frequência de troca de cromatídios
irmãos (cromossomas idênticos, unidos apenas num ponto), o que demonstra que o RBF é um
agente genotóxico; já em 2003 [7], Ferreira, conjuntamente com a sua equipa identificou
um novo sintoma associado à DVA correspondente a alterações do controlo neurológico da
respiração.
No mesmo ano Dr. Branco, verificou a questão das doenças autoimunes em indivíduos
expostos ao RBF. Uma vez que ao observar fragmentos de pericárdio de doentes com DVA,
verificou morte celular não-apoptótica (não programada), associada a uma força
biomecânica que potenciava o rebentamento das células, com os organelos aparentemente
vivos, fora de qualquer membrana (tabela 1), [2].
Estudos anteriores demonstraram ainda que a exposição ao RBF acelerava o
desenvolvimento de lúpus eritematoso disseminado (LED) em tripulantes de voo [1], e em
famílias inteiras expostas permanentemente ao RBF ambiental [10], bem como o vitiligo
associado a alterações imunológicas dos linfócitos [1].
Meios de Diagnóstico
Tendo em conta o agente da doença (RBF) e as suas consequências, bem como a
particularidade da doença, foram definidos como métodos de diagnóstico não invasivos a
ecografia, para a visualização de estruturas cardíacas espessadas, o índice P0,1 (CO2) para
medir o drive respiratório, drasticamente diminuído, e os potenciais evocados que
revelam alterações topográficas importantes e aumento das latências nas componentes P3 e
N2, que quantificam o decréscimo das capacidades cognitivas, [4].
O RBF não é algo que se possa evitar no entanto se for dada a devida importância as
questões que lhe são referentes e possível prevenir a DVA.
Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa
Frequência (RBF)
5
SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho
Links Externos:
http://bit.ly/1CHpozg – Ruído ocupacional: Baixa Frequência: doença vibroacústica vs. síndrome da turbina eólica
http://bit.ly/1HgV8h0 – A doença vibroacústica : revisão de conceitos
http://bit.ly/1EDjUoi – Contribuição para o conceito dose-resposta em exposições a infrasons e ruído de baixa
frequência
http://bit.ly/19GGl1z – Sobre o impacto de infrasons e ruído de baixa frequência na saúde pública: dois casos de
exposição residencial
http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/2058/670-2408-1-PB.pdf?sequence=1
Referências:
1. Aguas, P., Esaguy, N., et al (1999). Acceleration of lupus erythematous-like processes by low frequency noise in
the hybrid NZB/W mouse model. Aviation Space Environmental Medicine. 70 (3): 132-136; 141-144;
2. Branco N., Pereira, M., et al, (2003). SEM and TEM study of rat respiratory epithelia exposed to low frequency
noise. Em: Science and Technology Education in Microscopy: An Overview, A. Mendez-Vilas (Eds.), Formatex.
Spain: Badajoz. Vol. II, pp. 3-505;
3. Branco, N., (1999). The clinical stages of vibroacustic disease. Aviation, Space and Environmental Medicine. 70
(3): 32-39;
4. Branco, N., Monteiro, E., (2004). Respiratory epithelia in Wistar rats born in low frequency noise plus varying
amount of additional exposure. Revista Portuguesa de Pneumologia. 9 (6): 481-492;
5. Bistafa, Sylvio R. (2006), Acústica Aplicada ao Controle do Ruído.
6. Branco, N., Pereira, M. (2006, Mar/Abr), Doença Vibroacústica. Revista Segurança n.º161, Suplemento Especial;
7. Ferreira, R., Mendes, J., et al (2003). Diagnosis of vibroacoustic disease – preliminary report. Em: Proceeding,
8th International Congress of Noise as a Public Health Problem. Holland: Rotterdam. pp112-114;
8. Mateus, Diogo (2008), Apontamentos de Engenharia Civil – Acústica de Edifícios e Controlo de Ruído, Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra;
9. Silva, J., Dias, A., et al (2002). Low frequency noise and whole-body vibration caused increased levels of sister
chromatid Exchange in splenocytes of exposed mice. Teratogenesis, Carcinogenesis & Mutagenesis, 22 (3): 195-
203;
10. Torres, R., Tirado, G., et al (2001). Vibroacoustic disease induced by long-term exposed to sonic booms.
Internoise 2001, pp.1095:1098;
Tatiana Pardal
Tatiana Pardal, licenciada em Engª Biomédica ramo de Biomecânica e
Mestre em HST. À cerca de 3 anos, iniciou funções como técnica de
HST inicialmente ao nível de auditorias de HST, entre outras atividades
inerentes de encontro às diversas realidades. Mais recentemente
desenvolveu funções como técnica de HST ao nível do
acompanhamento de serviços de descontaminação de solos e limpezas
industriais, inclusive em Refinarias. pt.linkedin.com/pub/tatiana-
pardal/16/4a9/51a/en
http://blog.safemed.pt/consequencias-da-exposicao-ao-ruido-de-baixa-frequencia-rbf/
Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa
Frequência (RBF)
6

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a [Tatiana Pardal] Consequências da exposição ao Ruído de Baixa Frequência (rbf)

Renast 120108125421-phpapp01
Renast 120108125421-phpapp01Renast 120108125421-phpapp01
Renast 120108125421-phpapp01Mairim Nascimento
 
Doenças ocupacionais pneumoatual (1)
Doenças ocupacionais pneumoatual (1)Doenças ocupacionais pneumoatual (1)
Doenças ocupacionais pneumoatual (1)Rose Lima
 
Doenças pulmonares ocupacionais
Doenças pulmonares ocupacionaisDoenças pulmonares ocupacionais
Doenças pulmonares ocupacionaisadrianomedico
 
Riscos ambientais 24_11
Riscos ambientais 24_11Riscos ambientais 24_11
Riscos ambientais 24_11stoc3214
 
Jacob 2002 sist auditivo
Jacob 2002 sist auditivoJacob 2002 sist auditivo
Jacob 2002 sist auditivoAirton Santos
 
Efeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde Humana
Efeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde HumanaEfeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde Humana
Efeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde HumanaRenato Sabbatini
 
aula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.ppt
aula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.pptaula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.ppt
aula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.pptELIZANGELAROMAONACIM
 
Estudo sobre a portaria 453 na área de radiologia
Estudo sobre a portaria 453 na área de radiologiaEstudo sobre a portaria 453 na área de radiologia
Estudo sobre a portaria 453 na área de radiologiadaniloferreira176136
 
Asma ocupacional cap 5
Asma ocupacional   cap 5Asma ocupacional   cap 5
Asma ocupacional cap 5adrianomedico
 
Aula de PPRA Prof. Felipe Voga
Aula de PPRA   Prof. Felipe VogaAula de PPRA   Prof. Felipe Voga
Aula de PPRA Prof. Felipe VogaFelipe Voga
 
Gabriel Gueiros - Artigo Ciências Aeronáuticas
Gabriel Gueiros - Artigo Ciências AeronáuticasGabriel Gueiros - Artigo Ciências Aeronáuticas
Gabriel Gueiros - Artigo Ciências AeronáuticasNRFACIL www.nrfacil.com.br
 
Radioproteção__radiologia__tecnologo.pdf
Radioproteção__radiologia__tecnologo.pdfRadioproteção__radiologia__tecnologo.pdf
Radioproteção__radiologia__tecnologo.pdfPatriciaFarias81
 
Vibração ocupacional – estado da arte
Vibração ocupacional – estado da arteVibração ocupacional – estado da arte
Vibração ocupacional – estado da arteJupira Silva
 
Proteçao radiologica
Proteçao radiologicaProteçao radiologica
Proteçao radiologicaÁlex Jesus
 

Semelhante a [Tatiana Pardal] Consequências da exposição ao Ruído de Baixa Frequência (rbf) (20)

Renast 120108125421-phpapp01
Renast 120108125421-phpapp01Renast 120108125421-phpapp01
Renast 120108125421-phpapp01
 
Doenças ocupacionais pneumoatual (1)
Doenças ocupacionais pneumoatual (1)Doenças ocupacionais pneumoatual (1)
Doenças ocupacionais pneumoatual (1)
 
Doenças pulmonares ocupacionais
Doenças pulmonares ocupacionaisDoenças pulmonares ocupacionais
Doenças pulmonares ocupacionais
 
Renasts
RenastsRenasts
Renasts
 
5555555555555
55555555555555555555555555
5555555555555
 
Riscos ambientais 24_11
Riscos ambientais 24_11Riscos ambientais 24_11
Riscos ambientais 24_11
 
Jacob 2002 sist auditivo
Jacob 2002 sist auditivoJacob 2002 sist auditivo
Jacob 2002 sist auditivo
 
00000401 (1)
00000401 (1)00000401 (1)
00000401 (1)
 
Efeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde Humana
Efeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde HumanaEfeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde Humana
Efeitos de RF de Baixa Intensidade na Saúde Humana
 
Sala326
Sala326Sala326
Sala326
 
aula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.ppt
aula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.pptaula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.ppt
aula4-riscosocupacionais-120514080610-phpapp01.ppt
 
Caderno 7 ruido
Caderno 7 ruidoCaderno 7 ruido
Caderno 7 ruido
 
Estudo sobre a portaria 453 na área de radiologia
Estudo sobre a portaria 453 na área de radiologiaEstudo sobre a portaria 453 na área de radiologia
Estudo sobre a portaria 453 na área de radiologia
 
Asma ocupacional cap 5
Asma ocupacional   cap 5Asma ocupacional   cap 5
Asma ocupacional cap 5
 
Aula de PPRA Prof. Felipe Voga
Aula de PPRA   Prof. Felipe VogaAula de PPRA   Prof. Felipe Voga
Aula de PPRA Prof. Felipe Voga
 
Gabriel Gueiros - Artigo Ciências Aeronáuticas
Gabriel Gueiros - Artigo Ciências AeronáuticasGabriel Gueiros - Artigo Ciências Aeronáuticas
Gabriel Gueiros - Artigo Ciências Aeronáuticas
 
Radioproteção__radiologia__tecnologo.pdf
Radioproteção__radiologia__tecnologo.pdfRadioproteção__radiologia__tecnologo.pdf
Radioproteção__radiologia__tecnologo.pdf
 
Vibração ocupacional – estado da arte
Vibração ocupacional – estado da arteVibração ocupacional – estado da arte
Vibração ocupacional – estado da arte
 
St 03
St 03St 03
St 03
 
Proteçao radiologica
Proteçao radiologicaProteçao radiologica
Proteçao radiologica
 

Mais de Blog Safemed

[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipas
[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipas[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipas
[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipasBlog Safemed
 
[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalar[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalarBlog Safemed
 
[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalar[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalarBlog Safemed
 
[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondido
[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondido[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondido
[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondidoBlog Safemed
 
[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...
[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...
[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...Blog Safemed
 
[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores
[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores
[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadoresBlog Safemed
 
[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de Lisboa
[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de Lisboa[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de Lisboa
[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de LisboaBlog Safemed
 
[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalho
[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalho[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalho
[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalhoBlog Safemed
 
[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...
[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...
[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...Blog Safemed
 
[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mama
[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mama[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mama
[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mamaBlog Safemed
 
[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...
[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...
[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...Blog Safemed
 

Mais de Blog Safemed (11)

[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipas
[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipas[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipas
[Tiago Dias] A liderança em segurança no trabalho e a motivação das equipas
 
[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalar[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Segurança e Saúde dos trabalhadores em meio hospitalar
 
[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalar[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalar
[Pedro Rosa] Prevenção de doenças transmissiveis em meio hospitalar
 
[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondido
[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondido[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondido
[Luis Sousa] Assédio no local de trabalho, um assunto escondido
 
[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...
[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...
[Júlio Santos] O excesso de horas dos profissionais de saúde e agentes da seg...
 
[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores
[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores
[Dina Chagas] O impacto das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores
 
[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de Lisboa
[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de Lisboa[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de Lisboa
[João Calado] Elevados níveis de ruído no metro de Lisboa
 
[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalho
[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalho[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalho
[João Calado] A filosofia lean aplicada à segurança e saúde no trabalho
 
[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...
[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...
[Joana marques] “podemos usar saia como uniformevestuário em empresas de indú...
 
[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mama
[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mama[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mama
[António de Sousa Uva] Saúde Ocupacional sempre (h)á mama
 
[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...
[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...
[António de Sousa uva] A ética e a deontologia no exercício da medicina do tr...
 

Último

Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfMedTechBiz
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...Leila Fortes
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannRegiane Spielmann
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdfENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdfjuliperfumes03
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdfMichele Carvalho
 
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)a099601
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivProfessorThialesDias
 

Último (10)

Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdfENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 

[Tatiana Pardal] Consequências da exposição ao Ruído de Baixa Frequência (rbf)

  • 1. SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 1 Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa Frequência (RBF) A surdez é a consequência mais evidente da exposição ao ruído audível. No entanto, também a baixa frequência, que raramente é percetível, desenvolve consequências igualmente nefastas. Mais de metade dos habitantes da Europa vive em ambientes ruidosos, sendo que um em cada três sofre de perturbações do sono devido ao ruído. Atualmente no que diz respeito à medição de ruído ocupacional apenas é avaliado o ruído sonoro que efetivamente é ouvido e que afeta diretamente os sistemas auditivos sendo ignorados todos os restantes que afetam outras estruturas mas que não são necessariamente incomodativos à nossa perceção. No que diz respeito à promoção da segurança e saúde no trabalho, a legislação nacional, a Lei n.º102/2009 de 10 de Setembro, alterada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de Janeiro, é particularmente exigente no que respeita ao dever da empresa informar, formar e assegurar a vigilância da saúde dos trabalhadores, no âmbito das suas estratégias de prevenção dos riscos associados ao ruído. De acordo com o disposto no artigo 5º do Decreto-Lei n.º182/2006, de 6 de Setembro, o empregador tem o dever de, nas atividades suscetíveis de apresentar riscos de exposição ao ruído, proceder à avaliação dos riscos tendo em conta, entre outros aspetos, os valores limite de exposição e os valores de ação indicados no artigo 3.º do mesmo diploma.
  • 2. SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 2 Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa Frequência (RBF) No entanto, a Lei Nacional, apenas foca e caracteriza a exposição ao ruído de média/alta frequência, enquadrado nas frequências audíveis pelo Homem acima dos 500 Hz, sendo por isso, o Ruído de Baixa Frequência negligenciado como agente potenciador de doenças profissionais, passível de ser avaliado e prevenido. O ruído consiste na propagação aérea de ondas de pressão que ao incidirem sobre o tecido biológico do ser humano transformam a energia mecânica nelas contidas em energia vibratória. Quando estas ondas são detetadas pelo ouvido, pelo processo mecânico que as converte em vibrações, são posteriormente transformadas em sinais elétricos, percecionados pelo cérebro como sons (esquema 1). O RBF, abrange a gama das frequências acústicas que o ouvido humano tem mais dificuldade em percecionar (abaixo dos 500 Hz), incluindo as não audíveis (abaixo dos 20 Hz), figura 1).
  • 3. SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho De acordo com estas características, a aplicação do filtro de ponderação A, requerido na legislação Nacional não é viável, pois este é utilizado para avaliação de ruídos percecionados pelo ouvido humano (medias/altas frequências), desvalorizando assim fortemente o verdadeiro conteúdo do RBF. Assim, a sua medição e avaliação deverá ser feita com recurso a um filtro apropriado ou em de modo linear, sem qualquer filtro aplicado. Ao contrário do ruído de alta frequência este é muito menos perturbado por obstáculos e materiais absorventes acústicos, o que lhes permite propagarem-se pela atmosfera com menos atenuação. Devido ao comprimento de onda associado ao RBF, ocorre maior número de ressonâncias nas dimensões correspondentes aos espaços interiores (casas, edifícios, etc.), sendo por isso o seu controlo bastante dificultado. Nos anos 80 as alterações provocadas pelo RBF conduziram a definição da Doença Vibroacústica (DVA), pelo Dr. Nuno Castelo Branco [6], como sendo uma patologia sistémica que envolve todo o organismo, causada por exposições permanentes ao RBF, caracterizada pela proliferação anormal de colagénio e elastina na ausência de um processo inflamatório. Para além das fibroses do pericárdio e válvulas cardíacas, têm vindo a ser descritas alterações celulares em diferentes órgãos e tecidos, principalmente no que diz respeito ao sistema respiratório e nervoso. Os seus portadores são muitas vezes considerados hipocondríacos tendo em conta a grande diversidade de sintomas que podem não se relacionar uns com os outros, como ocorre na maioria dos casos identificados, e à ausência de processos físicos que demonstrem a sua existência. A “luta” para que seja reconhecida como doença profissional pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), já se prolonga por várias décadas, no entanto, apenas um número ínfimo de pessoas que se podem contar pelos dedos, foram reconhecidas como sendo portadoras desta doença e assim lhes concedida doença profissional, sendo que para isso necessários muitas provas, exames e estudos. Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa Frequência (RBF) 3
  • 4. SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho A pré disposição para o desenvolvimento da patologia varia de indivíduo para indivíduo assim como de profissão para profissão no entanto, alguns dos indivíduos mais suscetíveis são os pilotos e hospedeiras tendo em conta o número continuado de horas que são sujeitos ao RBF, resultante da vibração e ruído provocado pelo funcionamento dos aviões. No entanto, muitas outras profissões como camionistas, operadores de ferramentas vibrantes e outros, promovem o desenvolvimento da DVA nos trabalhadores [6] Algumas das fontes de RBF identificáveis e que facilmente passam despercebidas no dia-a- dia são os transportes públicos, o próprio trânsito, as discotecas, os ventiladores, eólicas (com caixas redutoras), e até os próprios equipamentos de ar condicionado entre outros. Exposição Ocupacional – Estádios Clínicos da Doença Vibroacústica A evolução da Doença Vibroacústica (DVA), relacionada com o tempo de exposição ocupacional foi definida em 1999 [3] pelo Dr. Nuno Castelo Branco, através de um estudo bastante complexo tendo por base a incidência da patologia, do qual resultou a tabela 1, alusivo aos sinais e sintomas desenvolvidos por técnicos de aeronáutica, expostos ao RBF durante o período laboral normal de 8 horas/dia, 5 dias/semana. Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa Frequência (RBF) 4
  • 5. SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho Patologias Associadas De acordo com o descrito [9], a exposição prolongada ao RBF provoca um aumento significativo, quer em humanos quer em animais, da frequência de troca de cromatídios irmãos (cromossomas idênticos, unidos apenas num ponto), o que demonstra que o RBF é um agente genotóxico; já em 2003 [7], Ferreira, conjuntamente com a sua equipa identificou um novo sintoma associado à DVA correspondente a alterações do controlo neurológico da respiração. No mesmo ano Dr. Branco, verificou a questão das doenças autoimunes em indivíduos expostos ao RBF. Uma vez que ao observar fragmentos de pericárdio de doentes com DVA, verificou morte celular não-apoptótica (não programada), associada a uma força biomecânica que potenciava o rebentamento das células, com os organelos aparentemente vivos, fora de qualquer membrana (tabela 1), [2]. Estudos anteriores demonstraram ainda que a exposição ao RBF acelerava o desenvolvimento de lúpus eritematoso disseminado (LED) em tripulantes de voo [1], e em famílias inteiras expostas permanentemente ao RBF ambiental [10], bem como o vitiligo associado a alterações imunológicas dos linfócitos [1]. Meios de Diagnóstico Tendo em conta o agente da doença (RBF) e as suas consequências, bem como a particularidade da doença, foram definidos como métodos de diagnóstico não invasivos a ecografia, para a visualização de estruturas cardíacas espessadas, o índice P0,1 (CO2) para medir o drive respiratório, drasticamente diminuído, e os potenciais evocados que revelam alterações topográficas importantes e aumento das latências nas componentes P3 e N2, que quantificam o decréscimo das capacidades cognitivas, [4]. O RBF não é algo que se possa evitar no entanto se for dada a devida importância as questões que lhe são referentes e possível prevenir a DVA. Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa Frequência (RBF) 5
  • 6. SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho Links Externos: http://bit.ly/1CHpozg – Ruído ocupacional: Baixa Frequência: doença vibroacústica vs. síndrome da turbina eólica http://bit.ly/1HgV8h0 – A doença vibroacústica : revisão de conceitos http://bit.ly/1EDjUoi – Contribuição para o conceito dose-resposta em exposições a infrasons e ruído de baixa frequência http://bit.ly/19GGl1z – Sobre o impacto de infrasons e ruído de baixa frequência na saúde pública: dois casos de exposição residencial http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/2058/670-2408-1-PB.pdf?sequence=1 Referências: 1. Aguas, P., Esaguy, N., et al (1999). Acceleration of lupus erythematous-like processes by low frequency noise in the hybrid NZB/W mouse model. Aviation Space Environmental Medicine. 70 (3): 132-136; 141-144; 2. Branco N., Pereira, M., et al, (2003). SEM and TEM study of rat respiratory epithelia exposed to low frequency noise. Em: Science and Technology Education in Microscopy: An Overview, A. Mendez-Vilas (Eds.), Formatex. Spain: Badajoz. Vol. II, pp. 3-505; 3. Branco, N., (1999). The clinical stages of vibroacustic disease. Aviation, Space and Environmental Medicine. 70 (3): 32-39; 4. Branco, N., Monteiro, E., (2004). Respiratory epithelia in Wistar rats born in low frequency noise plus varying amount of additional exposure. Revista Portuguesa de Pneumologia. 9 (6): 481-492; 5. Bistafa, Sylvio R. (2006), Acústica Aplicada ao Controle do Ruído. 6. Branco, N., Pereira, M. (2006, Mar/Abr), Doença Vibroacústica. Revista Segurança n.º161, Suplemento Especial; 7. Ferreira, R., Mendes, J., et al (2003). Diagnosis of vibroacoustic disease – preliminary report. Em: Proceeding, 8th International Congress of Noise as a Public Health Problem. Holland: Rotterdam. pp112-114; 8. Mateus, Diogo (2008), Apontamentos de Engenharia Civil – Acústica de Edifícios e Controlo de Ruído, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra; 9. Silva, J., Dias, A., et al (2002). Low frequency noise and whole-body vibration caused increased levels of sister chromatid Exchange in splenocytes of exposed mice. Teratogenesis, Carcinogenesis & Mutagenesis, 22 (3): 195- 203; 10. Torres, R., Tirado, G., et al (2001). Vibroacoustic disease induced by long-term exposed to sonic booms. Internoise 2001, pp.1095:1098; Tatiana Pardal Tatiana Pardal, licenciada em Engª Biomédica ramo de Biomecânica e Mestre em HST. À cerca de 3 anos, iniciou funções como técnica de HST inicialmente ao nível de auditorias de HST, entre outras atividades inerentes de encontro às diversas realidades. Mais recentemente desenvolveu funções como técnica de HST ao nível do acompanhamento de serviços de descontaminação de solos e limpezas industriais, inclusive em Refinarias. pt.linkedin.com/pub/tatiana- pardal/16/4a9/51a/en http://blog.safemed.pt/consequencias-da-exposicao-ao-ruido-de-baixa-frequencia-rbf/ Consequências da Exposição ao Ruído de Baixa Frequência (RBF) 6