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Jornal



   O Bandeirante
           Ano XXI - no 240 - novembro de 2012
           Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP




                       Quando a vocação deita
                         o talento nas linhas
Josyanne Rita de Arruda Franco
Médica Pediatra
Presidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012



   Sempre que alguém sabe que                        missão e a modéstia da condição                             do trabalho árduo, das ausências
existe uma Sociedade Brasileira                      humana.                                                     constantes a qualquer hora e de
de Médicos Escritores salta aos                          Na literatura, ao contrário,                            qualquer lugar. O repouso é mo-
olhos uma interjeição de surpre-                     o médico é livre; deixa o sisu-                             mento sagrado quando não há
sa e novidade: como pode haver                       do ar que sulca de vincos a fi-                             chamados, quando dormir horas
médicos afeitos à literatura e seus                  sionomia circunspecta alçando                               corridas é possível.
entremeios?                                          voos de grandes altitudes com                                   Médicos escrevem? E como,
   Claro que muitos têm conhe-                       o pensamento, a emoção e a                                  senhores. Escrevem em prontuá-
cimento de que a literatura bra-                     simbolização: arte que dá asas!                             rios, em receitas, preparam aulas,
sileira possui grandes e notá-                       Pode inventar amores que não                                conferências, palestras, artigos.
veis escritores que são ou foram                     viveu, sofrer de dores que não                              Escrevem prosas porque vivem
médicos. Mas saber que existe                        sentiu, recordar afetos que per-                            poesia: a de viver cada dia com
uma agremiação de médicos                            deu, chorar momentos que se fo-                             esperança e determinação, per-
poetas e prosadores realmente                        ram... Escreve, lê, rasga, faz de                           severando no cuidado que ampa-
causa espanto, mais ainda ao                         novo. E começa o dia com novo                               ra e muitas vezes cura, acolhen-
saber que existe uma Academia                        vigor, vestindo o jaleco branco                             do e atenuando sofrimentos para
com tal finalidade. Um ou ou-                        bordado com seu nome. Coleta                                minorar a tristeza da enfermida-
tro médico que se destaque com                       informações de vida e anúncios                              de. E quando podem, deitam nas
tal talento é até compreensível,                     de morte. Solidariza-se com pes-                            linhas os melhores pensamentos:
mas tantos assim e juntos numa                       soas que mal conhece, parentes                              escrevem conteúdos de beleza
confraria?                                           de pacientes, doentes que não                               que sublimam dores.
   Quando se decide pela me-                         esquece. Amplia seu horizonte                                   E ainda tem quem se surpre-
dicina, o repertório foi vasto de                    de experiências.                                            enda com a existência de médicos
igual maneira para as renúncias.                         E mais à noite com a famí-                              escritores. Estamos aí, no cotidia-
Sabe-se que dedicação e empe-                        lia, satisfeito com o conforto                              no da sociedade, nos corredores
nho serão companheiros perma-                        que oferece aos que ama, sorri                              de clínicas e hospitais, ambulató-
nentes no cuidar de outras vidas:                    o riso desbotado pelo cansaço,                              rios e centros cirúrgicos, apren-
responsabilidade, compaixão e                        anima-se com os feitos da prole,                            dendo com gente a ser cada vez
humildade deverão estar sempre                       preocupa-se com os projetos em                              mais gente... e também poetas e
presentes. Qualquer profissão re-                    andamento, faz contas e reconta                             prosadores que se reúnem uma
quer tais predicados, mas ser mé-                    os passos para avançar mais um                              vez por mês nos afetuosos encon-
dico implica aceitar a constante                     pouco, para compartilhar com                                tros literários da Sociedade Bra-
dicotomia entre a grandeza da                        seu amor o resultado do esforço,                            sileira de Médicos Escritores.
2     O BANDEIRANTE - Novembro de 2012


    EXPEDIENTE                                                                                      Os inesquecíveis
Jornal O Bandeirante
ANO XXI - no 240 - Novembro 2012


Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
                                                                                             No domingo mais próximo de 11 de novembro é
- Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP Sede: Rua
                                                  .
Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo
                                                                                          celebrada, nas igrejas das comunidades inglesas de
- SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores: Josyanne                               todo o mundo, uma missa em memória aos tombados
Rita de Arruda Franco e Carlos Augusto Ferreira Galvão.
Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto                                nas duas grandes guerras do século XX. É conhecido
(MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua Francisco
Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201-                              como o “Dia da Papoula” devido a um famoso poema
100 – Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com Tels.: (11)
4521-6484 Celular (11) 9937-6342. Colaboradores desta edição:                             escrito em 1915 sobre os campos de papoulas de Flan-
Alitta Guimarães Costa Reis, Evandro Guimarães de Sousa,
Josyanne Rita de Arruda Franco, Márcia Etelli Coelho, Sônia
                                                                                          dres. As batalhas travadas na região de Flandres, uma
Regina Andruskevicius de Castro, Walter W. Harris.                                        planície subdividida entre Bélgica, França e Holanda,
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de
                                                                  foram verdadeiras carnificinas. O armistício da Primeira Guerra Mundial
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.                         foi assinado em Compiègne naquele dia, em 1918. Este ano estivemos na
Diretoria - Gestão 2011/2012 - Presidente: Josyanne Rita
de Arruda Franco. Vice-Presidente: Luiz Jorge Ferreira.
                                                                  missa realizada na Catedral Anglicana de São Paulo. Além do mais, dia 2 de
Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo-               novembro foi Dia de Finados. Este mês é, portanto, e sem dúvida, propício
Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-
Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida         para rememorar.
Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:
Hélio Begliomini, Carlos Augusto Ferreira Galvão e Roberto            Esta breve introdução me faz lembrar dos nossos queridos sobramistas de
Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara
Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mário Marco Napoli.               São Paulo que não estão mais entre nós, porém suas almas continuam aqui,
      Matérias assinadas são de responsabilidade de seus          pelas lembranças que deixaram e, também, pelas suas obras literárias.
    autores e não representam, necessariamente, a opinião
                       da Sobrames-SP
                                                                      Portanto, minha homenagem a estes ilustres: Aldo Miletto, Aziz Ansarah
                                                                  Rizek, Bernardo de Oliveira Martins, Durval Rosa Borges, Hallim Féres, José
                  Editores de O Bandeirante                       Odilon Homem de Mello, Luiz Cocozza Sobrinho, Madalena J.G. Musetti
Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992                         Nebó, Mario de Mello Faro, Matinas Suzuki, Miguel Falci, Milton Maretti,
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994
Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996        Nelson A.M. Garrafa, Olindo de Luca, Orlando Lodovici, Patrícia César
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000                   Victorino, Ricardo Veronesi, Rosário Marino Netto, Salomão Azar Chaib e
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009
Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009                        Samuel Reibscheid.
Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - 2010
Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão - janeiro 2011
                                                                      Na missa acima referida, após a leitura dos nomes dos que partiram, são
                                                                  ditas as seguintes palavras: “Ao pôr do Sol e pela manhã, não nos esquecere-
                 Presidentes da Sobrames – SP
                                                                  mos deles”. Nunca uma verdade foi tão verdadeira!
1º. Flerts Nebó (1988-1990)
2º. Flerts Nebó (1990-1992)
3º. Helio Begliomini (1992-1994)                                                                                  Walter W. Harris
4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)
5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)
6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)
7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
8º. Luiz Giovani (2003-2004)
9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)
10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006)
                                                                  O Malho
11º. Helio Begliomini (2007-2008)
12º. Helio Begliomini (2009-2010)                                      Pouca gente, desta vez, mas nada cansativo, bocejante... Parece que enten-
13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012)
                                                                  deram que é chato ouvir textos longos e blá-blá-blá antes da apresentação.
     Editores: Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão
     Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto                             Gente querida marcou ausência, mas quem apareceu brilhou e fez bonito!
     Diagramação: Mateus Marins Cardoso
     Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica             Sem tédio.

                       CUPOM DE ASSINATURAS*
         Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00

                                                                                                                    Aniversário
       Nome:___________________________________________________________

       End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________
                                                                                                                      novembro: nesta data
       ________________________________ nº. _______ complemento _________                                             querida, nossos parabéns!

       Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________
                                                                                                                  Alcione Alcântara Gonçalves-----------------14/11

         Grátis:   Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante
                                                                                                                  Maria de Fátima Barros Calife Batista----- 07/11
         receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF)

                             *Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP
                                                                                                                  Sergio Pelegrini Marun- ----------------------06/11
                                                                                                                                        -
     Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO
    “O Bandeirante” R. Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A - V. Municipal - CEP 13201-100 - Jundiaí - SP   Sonia Regina Andruskevicius de Castro--- 25/11
          Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                          O BANDEIRANTE - Novembro de 2012   3
                                   Fatos e olhares
Márcia Etelli Coelho



Lançamento Coletânea 2012
   No dia 7 de novembro, a Pinacoteca da Associação Paulista de Medicina
acolheu sobramistas e amigos para o lançamento da Coletânea “A Pizza
Literária – Décima Segunda Fornada”. Em meio às telas de Tarsila do Amaral,
Anita Malfatti e Di Cavalcanti, o livro foi apresentado com visual lindíssimo.
Destaque para a capa (reprodução fotográfica de um quadro do ilustre membro
Flerts Nebó) e a criativa distribuição dos textos em que 28 autores registraram
seus pensamentos e emoções em prosas e versos. Um breve sarau abrilhantou
a noite, quando os convidados tiveram o encantamento de ouvir um texto na
voz do próprio autor. Entre os presentes, destaque para o Dr. Ruy Yukimatsu
Tanigawa, primeiro secretário da APM e um dos conselheiros do CREMESP,
um dos apoiadores do evento na belíssima Pinacoteca.
   Parabéns, Marcos Gimenes Salun, pela excelente editoração. E um
agradecimento especial a Elza Yoshie Otomo pela prestimosa colaboração
em mais este memorável acontecimento da Sobrames São Paulo.



Premiação
   Márcia Etelli Coelho recebeu, no dia 10 de novembro, o Troféu Menção
Honrosa do XXII Prêmio Moutonnée de Poesia em uma lindíssima cerimônia
no Centro de Educação e Cultura Anselmo Duarte (Salto – SP). O Prêmio tem
como um dos objetivos divulgar a rocha Moutonnée, uma raridade geológica
com idade estimada de mais de 500 milhões de anos. Vale a pena visitar!



Pizza Literária de novembro
   Lançamentos de livros marcaram a Pizza Literária: Rodolpho Civile
(“Momentos que o Tempo Levou”), José Jucovsky (“A Dama de Branco”)
e Helio Begliomini (“7 de Março”). Este último, em parceria com Affonso
Renato Meira e Guido Arturo Palomba, constitui um importante resgate
histórico da Academia de Medicina de São Paulo.



Ação de graças
   Por se comemorar em 22 de novembro o dia de Ação de Graças, também se
destacou a apresentação da crônica “Gratidão – Essa Palavra Tudo” de Márcia
Etelli Coelho, que conquistou Menção Honrosa no “II Concurso Nacional
ALACE Valoriza a Cultura” promovido pela Academia de Letras do Ceará.



Resultado...
  Todos esses êxitos comprovam que a Sobrames São Paulo continua com
uma excelente produção literária, diversificada e criativa. Parabéns!
4   O BANDEIRANTE - Novembro de 2012
                                                                                       SUPLEMENTO LITERÁRIO




Perfil 2012 Sobrames-SP
Roberto Caetano Miraglia
Atuação:Advogado atuante na área cível
Cidade de nascimento: São Paulo, Capital
Comida preferida: Espaguete al dente com molho de tomates fres-
cos, manjericão e queijo parmesão
Esporte: Futebol e Vôlei
Livro de cabeceira atual: Além da Bíblia, “Paulo e Estevão” de
Emmanuel (psicografado por Chico Xavier)
Filme: “Testemunha de Acusação” (1957), “O Código Da Vinci”,
“Intocáveis”, “Sob o sol da Toscana”, “Cartas para Julieta”, “Os
Fantasmas de Scrooge” (pela apurada técnica de animação)
Fim de semana: Caminhada, shopping, passeios, família, uma bela
pizza no sábado e a indispensável macarronada no domingo
Viagem inesquecível: Leste Europeu, a Velha Quebec no Canadá e a Disney em Orlando
Sonho: Não ver criança alguma com fome, sem educação e sem futuro, assim como nenhum idoso aban-
donado e esquecido pela família, pela sociedade e pelo Estado
Intolerância: Falsidade, mentira, injustiça, descaso, prepotência, negligência
Características pessoais: Lutador, sonhador, trabalhador, leal, realizador, amigo fiel e torcedor do Palmeiras
(em qualquer situação)
Projeto futuro: Terminar a 2a edição do Dicionário Jurídico, mudar de residência e adquirir um aparta-
mento com vista para o mar
Filosofia de vida: Amar a Deus acima de todas as coisas; respeitar para ser respeitado; conquistar pelo
esforço, com honestidade, dedicação e trabalho; fazer prevalecer sempre a justiça, a paz, o amor e a com-
preensão; praticar a caridade com humildade; viver com sabedoria; partilhar; ser solidário!
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                         O BANDEIRANTE - Novembro de 2012      5
                                                 Mistério
Alitta Guimarães Costa Reis




    Uma jovem senhora contou-me que sempre teve horror
a ratos. E como moram a meio caminho da zona rural, pró-
ximo a um brejinho, ratos é que não faltam. A situação se
complicou há semanas com uma das piores enchentes que
a região já sofreu. Ela verificou, com horror crescente, que
ratos podem nadar. Em sua casa, na porta de seu quarto,
colocou papelões dobrados para impedir que passassem
por baixo da porta.
    O problema é que o estratagema pensado não foi suficien-
te.Uma noite ela encontrou um rato dormindo placidamente
no cobertor, fez um escândalo, deu toda a roupa de cama
para outra senhora, que filosoficamente comentou que não
se importava tanto assim com ratos, “fazer o quê”?
    Ela comprou tudo novo, lençóis, fronhas, travesseiros, co-
bertor, camisola, reforçou os papelões na soleira da porta.
    Teve paz por uns tempos, até que acordou de noite com
um rato passeando no seu braço. Acordou todo mundo com o barulho. O irmão descobriu que o intruso estava mo-
rando no sofá da sala, pelos excrementos, e o perseguiu por toda a casa madrugada adentro, sem sucesso. Ela não
conseguiu dormir, atenta a qualquer barulhinho.
    Quando o dia clareou, veio a surpresa: o rato havia corrido para o quarto do pai dela, gerando mais um mistério:
se o bicho sabia nadar, como é que ele se afogou no conteúdo do penico?
    As explicações para o fato (rato exausto, urina venenosa, remédios que o pai tomava) fizeram a família transformá-
lo numa lenda semiurbana, e dar boas risadas!




                                           Tricô da vovó
Sônia Regina Andruskevicius de Castro



   E pega o ponto
   E laça o ponto
   E tira o ponto
   	              E puxa a linha.
   	              E muda o ponto
   	              E torce o ponto
   		                             E cruza o ponto
   		                             E puxa a linha
   		                             Da cestinha.
   			                                            E olha o ponto
   			                                            Aperta o ponto
   			                                            E tece o ponto
   				                                                                                   E puxa a linha
   				                                                                                   Da cestinha
   				                                                                                   E caladinha
   				                                                                                   Arremata o ponto.
6    O BANDEIRANTE - Novembro de 2012
                                                                                               SUPLEMENTO LITERÁRIO




                                               O acidente
Walter Whitton Harris


    O congresso fora um sucesso. Foram três dias de atividades intensas. Além da parte científica, houve várias festas
de confraternização, desde os almoços no próprio centro de convenções, até o tradicional jantar de encerramento
no sábado. O presidente do congresso, nativo da cidade, ofereceu um almoço no domingo para uns vinte colegas e
acompanhantes, e eu fui um dos convidados. Havia ido ao congresso sozinho. Não me senti solitário, pois conhecia
a maioria e as conversas foram animadas. Do congresso ao futebol era só um passo. Farto almoço, regado a vinho e
cerveja. Como gostava dos dois, tomei um pouco de cada. Sabia que estaria dirigindo e calculei que pararia de beber
pelo menos duas horas antes de ir embora, dando tempo para metabolizar o álcool.
    Não sei se nosso anfitrião tinha algum compromisso, ou se estava apenas cansado, depois de todo o estresse que
seguramente o congresso lhe causara, mas lá pelas tantas, todos estavam se despedindo, após receberem várias indiretas
que estava na hora de encerrar aquele almoço. Serviu-se o cafezinho, um biscoitinho para acompanhar e... Tchau!
    Era uma viagem de cerca de duas horas de volta à Capital, e eu já estava com as malas no carro, pronto para a
partida. Sentia-me um pouco sonolento, mas nada como lavar a cara num lavabo na casa do presidente, para me
deixar desperto e esperto.
    Pus-me atrás do volante, despedi-me com um aceno e, após contornar várias praças e seguir as placas, atingi a
estrada vicinal que me levaria à autopista para a capital. A cidade onde fora o congresso não era grande e se localizava
no interior do Estado, num local de difícil acesso, justamente para que ficasse isolada do resto do mundo. Quando
o colega fora convidado para presidir o congresso, a condição que impôs foi de que fosse realizado na cidade onde
morava. Apesar da distância, foi aceita, contanto que se fretasse um número de ônibus necessário para quem não
quisesse ir de automóvel. Não era o meu caso. Gostava de guiar.
    A estrada vicinal era uma reta só que não acabava mais. Por isso, raramente os veículos respeitavam a velocidade
marcada nas placas a cada quilômetro. Macaco velho, e com receio da Polícia Rodoviária, procurava me manter dentro
dos limites de velocidade.
    Bocejava sem parar. Sentia as pálpebras pesadas. Opa, quase fui para o acostamento! Imagine se tivesse sido um
precipício. Dei uma risadinha, endireitei a direção e prossegui. Ouvi uma buzinada e senti o carro balançar, quando
um caminhão passou raspando na direção contrária. Achei que tinha exagerado quando quis me manter afastado
do acostamento. Será que estava andando muito junto às faixas que separavam as duas faixas de rolamento? Com as
pálpebras pesadas, semiabertas, procurei enxergar as faixas amarelas no asfalto e vi que estava longe delas. Bocejei
de novo.
    Mas foi inevitável. Arregalei os olhos em tempo de ver um outro automóvel vindo em minha direção. Ele estava
na contramão! Ou era eu? Tentei desviar, tentei buzinar, não sei o que fiz primeiro. Só sei que não foi possível evitar
uma colisão quase frontal. Ouvi uma série de batidas e, depois... escuridão total.
    Quando me dei conta, estava deitado numa cama, num leito hospitalar, com as pernas engessadas, com gesso num
dos membros superiores também e com a cabeça enfaixada. Como doía o pescoço e a testa! Minha primeira reação foi
dar graças a Deus por estar vivo, pois o acidente deve ter sido bem feio. O que será que aconteceu com o motorista do
outro automóvel? Ou foi um caminhão? Um ônibus? Dei novo bocejo. Como estava cansado! Olhei ao meu redor, mas
não havia ninguém no quarto. Se eu tivesse uma parada, não haveria ninguém para me socorrer. Quando entrassem
no recinto, já me encontrariam morto.
    Ainda com esses pensamentos macabros, esquecendo-me de ter dado graças a Deus por estar vivo, comecei a sentir
um calor insuportável. Olhei pela janela e vi labaredas. Barbaridade! O hospital estava pegando fogo e não havia
ninguém aqui para me acudir. Comecei a me movimentar e a gritar por socorro.
    Abri os olhos. Meu pescoço doía mesmo. A minha testa também. Pudera! Estava com a cabeça encostada no
volante do meu carro, com todas as janelas fechadas e um calor sufocante, batia pleno sol sobre ele, pois não havia
sombra onde tinha parado. Bocejei de novo. Estava estacionado num posto de abastecimento da estrada. Não tenho
consciência de como fui parar ali.
    Saí do veículo, meio cambaleante e dirigi-me ao toalete. De lá, fui à loja de conveniência, sentei-me em uma das
mesas e pedi um café bem forte. Fiquei pensando no pesadelo que tivera e de como parei para tirar um cochilo.
    Jurei, lá mesmo, que nunca mais tomaria bebidas alcoólicas no dia que planejava pegar uma estrada. Dá de bater
o carro de verdade e não apenas sonhar que isso tivesse acontecido... Imagine!
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                           O BANDEIRANTE - Novembro de 2012      7
                 Viagens aéreas: mais uma aventura
Evandro Guimarães de Sousa



    Fui convidado para conhecer uma faculdade localizada na região Norte deste país. Portanto, embarquei em Con-
gonhas com destino a Brasília, de onde deveria ser transportado por outra companhia aérea. Lá chegando, procurei
logo o balcão da SETE Linhas Aéreas. Estava curioso em descobrir o porquê desse nome, pois sete é considerado um
número cabalístico.
    O número 7 aparece várias vezes em nossas vidas. Por exemplo: os 7 dias da semana, as 7 cores do arco-íris, as
7 notas musicais, as 7 maravilhas do mundo antigo, os 7 pecados capitais. Além de várias citações deste número na
Bíblia, tais como, os 7 anos que Jacó serviu a Labão quando pediu Raquel em casamento. Ainda pode-se acrescentar
as 7 cidades sagradas do Sul de Minas Gerais, o gato que possui 7 vidas, Branca de Neve e os 7 anões, pintar o 7 etc.
Lembrei-me até da primeira estrofe da moda da Mula Preta de autoria de Raul Torres interpretada por Luiz Gonzaga,
pela dupla Tonico e Tinoco, dentre outros: “Eu tenho uma mula preta com sete palmos de altura”...
    Seriam então sete aeronaves? Sete rotas aéreas? Pagamento das passagens em sete vezes? Nada disso. A sigla SETE
significa: Serviços Especiais de Transportes Executivos, companhia aérea fundada em 1976 pelo Comandante Rolim
na cidade de Goiânia. Entretanto, quando fui embarcar com destino ao Norte, havia sete funcionários próximos à
aeronave, incluídos o Piloto e Copiloto. Coincidência? Não sei. Porém pareceu-me um bom presságio para a viagem,
que transcorreu sem nenhum problema. No retorno, enquanto esperava o embarque no aeroporto da cidade nortista,
escutei o barulho do motor do avião e não o encontrei na pista. Perguntei para o funcionário onde estava a aeronave,
ao que ele, prontamente, respondeu: “Atrás da moita!” Realmente, uma pequena árvore impedia a minha visão, pois
se tratava de um Cessna 208 Caravan, um monomotor que transporta nove passageiros. Logo que decolou, a aeronave
balançava tanto que era impossível beber água dos copos plásticos oferecidos. Reparei que o passageiro ao meu lado
estava muito aflito e suava às bicas. Eu tentei tranquilizá-lo afirmando que a instabilidade era decorrente do ar quente,
ventos e que chegaríamos bem ao destino. Mais calmo, ele afirmou: “Deve estar tudo bem, porque o Piloto está lendo
uma revista.” Aí, tive a infelicidade de afirmar: “Verifique se ele está lendo de cabeça para baixo. Se estiver, então a
coisa está preta!” Ele me fuzilou com o olhar, não disse mais nada e passou o resto da viagem rezando.
    Chegamos bem. Porém, durante a troca de aeronave na escala prevista, aconteceu um fato curioso. O funcionário
da outra companhia aérea anunciou o meu voo, com destino a Congonhas, desta maneira: “Senhores passageiros,
de acordo com a orientação da ANAC, favor apresentar o cartão de embarque e o cartão de crédito! Meu Deus, logo
pensei! Será que acrescentaram uma taxa extra para embarque? Felizmente, apenas um engano do funcionário que
devia ser um novato nesta atividade. O que ele queria avisar era a necessidade de o passageiro apresentar a cédula
de identidade ou outro documento com foto ao embarcar. Acomodei-me na poltrona do corredor da última fileira e
verifiquei que a do meio estava vaga. Maior conforto durante a viagem, pensei. Eis que entra no avião uma senhora,
                                                                             carregando vários pacotes e comendo bola-

                Cirandinha
                                                                             chas. Adivinhem onde ela se assentou? Exa-
                                                                             tamente, ao meu lado, espalhando pacotes
                                                                             e pedaços de bolacha para todos os lados.
                                                                             Tentei me concentrar nas palavras cruzadas,
 Josyanne Rita de Arruda Franco                                              porém ela logo me interrompeu: “O que o
                                                                             Sr. está fazendo?” Tive ímpetos de respon-
                                                                             der que estava aguardando o ônibus. Mas ela
                                                                             perguntou de novo: “É muito difícil?” E, em
    Horas cinzas                                                             seguida: “O que significa sufixo nominal de
    Horas longas                                                             miopia?” Depois passou a tagarelar com o
    Roupas leves                                                             outro passageiro, sentado próximo à janela,
    Ondas tontas                                                             que não tinha como escapar. Felizmente,
    Leve torpor a vir                                                        depois de comer o lanche oferecido, ela
    Dançam frenéticas horas                                                  dormiu e tive um pouco de sossego, apesar
    Corridas em breves demoras                                               da intensidade dos seus roncos.
    Até que eu chegasse aqui                                                     Desembarquei e me dirigi para a fila de
    Não tinha versos guardados                                               táxi quando um simpático funcionário abriu
    Nem cor do inverno passado                                               a porta do automóvel e me disse: “E aí, Pa-
    Sou flores no azul cristal                                               trão? “Vai na frente ou atrás?” Para evitar
    Begônias ou margaridas                                                   um mal-entendido, logo respondi: “Vou me
    Trevos de sorte dorida                                                   assentar no banco de trás!” Sei lá o que as
    Camafeu de ouro astral...                                                outras pessoas poderiam pensar de mim?
8     O BANDEIRANTE - Novembro de 2012
                                                                                                              SUPLEMENTO LITERÁRIO




                                                   Quem é? Quem é?
                                                     (Resposta da edição de outubro)

                                                              Maria do Céu,
                                                   confreira admirável, colaboradora atuante,

                                                   amiga querida, escritora talentosa e esposa

                                                      amável de nosso querido Dr. Louzã.




Lembretes e notas de rodapé
   Nossas Pizzas Literárias: terceiras 5as feiras do mês, Rua Oscar Freire, 1.597, piso superior da Pizzaria Bonde
Paulista, a partir das 19h30.
   Nosso blog: http://sobramespaulista.blogspot.com
   Nosso e-mail: escritoressobramespaulista@gmail.com
   Endereços eletrônicos da diretoria: josyannerita@gmail.com (presidente).
   	                                     marciaetelli@ig.com.br (secretária).
   	                                     jafmvieira@hotmail.com (tesoureiro).




Eventos da Sociedade no calendário 2012
   •	Próxima Pizza Literária: dia 13 de Dezembro.
   •	Coletânea SOBRAMES-SP (Décima Segunda Fornada): 07 de novembro (APM)
   •	Posse da nova diretoria SOBRAMES-SP: 13 de dezembro (Pizza de Natal)




 Dr. Carlos Augusto Galvão
 Psiquiatria e Psicoterapia                            REVISÃO                                      Anuncie Aqui
                                                                                                 Para anunciar em nosso Boletim Literário
 Rua Maestro Cardim, 517                               de textos em geral                        O Bandeirante, entre em contato conosco.
 Paraíso – Tel: 3541-2593                               Ligia Pezzuto
                                                        Especialista em Língua Portuguesa
                                                                                                 Terminou de
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O Bandeirante - Outubro 2014
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Quando a vocação deita o talento nas linhas

  • 1. Jornal O Bandeirante Ano XXI - no 240 - novembro de 2012 Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP Quando a vocação deita o talento nas linhas Josyanne Rita de Arruda Franco Médica Pediatra Presidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012 Sempre que alguém sabe que missão e a modéstia da condição do trabalho árduo, das ausências existe uma Sociedade Brasileira humana. constantes a qualquer hora e de de Médicos Escritores salta aos Na literatura, ao contrário, qualquer lugar. O repouso é mo- olhos uma interjeição de surpre- o médico é livre; deixa o sisu- mento sagrado quando não há sa e novidade: como pode haver do ar que sulca de vincos a fi- chamados, quando dormir horas médicos afeitos à literatura e seus sionomia circunspecta alçando corridas é possível. entremeios? voos de grandes altitudes com Médicos escrevem? E como, Claro que muitos têm conhe- o pensamento, a emoção e a senhores. Escrevem em prontuá- cimento de que a literatura bra- simbolização: arte que dá asas! rios, em receitas, preparam aulas, sileira possui grandes e notá- Pode inventar amores que não conferências, palestras, artigos. veis escritores que são ou foram viveu, sofrer de dores que não Escrevem prosas porque vivem médicos. Mas saber que existe sentiu, recordar afetos que per- poesia: a de viver cada dia com uma agremiação de médicos deu, chorar momentos que se fo- esperança e determinação, per- poetas e prosadores realmente ram... Escreve, lê, rasga, faz de severando no cuidado que ampa- causa espanto, mais ainda ao novo. E começa o dia com novo ra e muitas vezes cura, acolhen- saber que existe uma Academia vigor, vestindo o jaleco branco do e atenuando sofrimentos para com tal finalidade. Um ou ou- bordado com seu nome. Coleta minorar a tristeza da enfermida- tro médico que se destaque com informações de vida e anúncios de. E quando podem, deitam nas tal talento é até compreensível, de morte. Solidariza-se com pes- linhas os melhores pensamentos: mas tantos assim e juntos numa soas que mal conhece, parentes escrevem conteúdos de beleza confraria? de pacientes, doentes que não que sublimam dores. Quando se decide pela me- esquece. Amplia seu horizonte E ainda tem quem se surpre- dicina, o repertório foi vasto de de experiências. enda com a existência de médicos igual maneira para as renúncias. E mais à noite com a famí- escritores. Estamos aí, no cotidia- Sabe-se que dedicação e empe- lia, satisfeito com o conforto no da sociedade, nos corredores nho serão companheiros perma- que oferece aos que ama, sorri de clínicas e hospitais, ambulató- nentes no cuidar de outras vidas: o riso desbotado pelo cansaço, rios e centros cirúrgicos, apren- responsabilidade, compaixão e anima-se com os feitos da prole, dendo com gente a ser cada vez humildade deverão estar sempre preocupa-se com os projetos em mais gente... e também poetas e presentes. Qualquer profissão re- andamento, faz contas e reconta prosadores que se reúnem uma quer tais predicados, mas ser mé- os passos para avançar mais um vez por mês nos afetuosos encon- dico implica aceitar a constante pouco, para compartilhar com tros literários da Sociedade Bra- dicotomia entre a grandeza da seu amor o resultado do esforço, sileira de Médicos Escritores.
  • 2. 2 O BANDEIRANTE - Novembro de 2012 EXPEDIENTE Os inesquecíveis Jornal O Bandeirante ANO XXI - no 240 - Novembro 2012 Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores No domingo mais próximo de 11 de novembro é - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP Sede: Rua . Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo celebrada, nas igrejas das comunidades inglesas de - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores: Josyanne todo o mundo, uma missa em memória aos tombados Rita de Arruda Franco e Carlos Augusto Ferreira Galvão. Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto nas duas grandes guerras do século XX. É conhecido (MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201- como o “Dia da Papoula” devido a um famoso poema 100 – Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com Tels.: (11) 4521-6484 Celular (11) 9937-6342. Colaboradores desta edição: escrito em 1915 sobre os campos de papoulas de Flan- Alitta Guimarães Costa Reis, Evandro Guimarães de Sousa, Josyanne Rita de Arruda Franco, Márcia Etelli Coelho, Sônia dres. As batalhas travadas na região de Flandres, uma Regina Andruskevicius de Castro, Walter W. Harris. planície subdividida entre Bélgica, França e Holanda, Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de foram verdadeiras carnificinas. O armistício da Primeira Guerra Mundial 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail. foi assinado em Compiègne naquele dia, em 1918. Este ano estivemos na Diretoria - Gestão 2011/2012 - Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco. Vice-Presidente: Luiz Jorge Ferreira. missa realizada na Catedral Anglicana de São Paulo. Além do mais, dia 2 de Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo- novembro foi Dia de Finados. Este mês é, portanto, e sem dúvida, propício Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro- Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida para rememorar. Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos: Hélio Begliomini, Carlos Augusto Ferreira Galvão e Roberto Esta breve introdução me faz lembrar dos nossos queridos sobramistas de Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mário Marco Napoli. São Paulo que não estão mais entre nós, porém suas almas continuam aqui, Matérias assinadas são de responsabilidade de seus pelas lembranças que deixaram e, também, pelas suas obras literárias. autores e não representam, necessariamente, a opinião da Sobrames-SP Portanto, minha homenagem a estes ilustres: Aldo Miletto, Aziz Ansarah Rizek, Bernardo de Oliveira Martins, Durval Rosa Borges, Hallim Féres, José Editores de O Bandeirante Odilon Homem de Mello, Luiz Cocozza Sobrinho, Madalena J.G. Musetti Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992 Nebó, Mario de Mello Faro, Matinas Suzuki, Miguel Falci, Milton Maretti, Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994 Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996 Nelson A.M. Garrafa, Olindo de Luca, Orlando Lodovici, Patrícia César Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000 Victorino, Ricardo Veronesi, Rosário Marino Netto, Salomão Azar Chaib e Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009 Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009 Samuel Reibscheid. Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - 2010 Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão - janeiro 2011 Na missa acima referida, após a leitura dos nomes dos que partiram, são ditas as seguintes palavras: “Ao pôr do Sol e pela manhã, não nos esquecere- Presidentes da Sobrames – SP mos deles”. Nunca uma verdade foi tão verdadeira! 1º. Flerts Nebó (1988-1990) 2º. Flerts Nebó (1990-1992) 3º. Helio Begliomini (1992-1994) Walter W. Harris 4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996) 5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998) 6º. Walter Whitton Harris (1999-2000) 7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002) 8º. Luiz Giovani (2003-2004) 9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005) 10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006) O Malho 11º. Helio Begliomini (2007-2008) 12º. Helio Begliomini (2009-2010) Pouca gente, desta vez, mas nada cansativo, bocejante... Parece que enten- 13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012) deram que é chato ouvir textos longos e blá-blá-blá antes da apresentação. Editores: Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto Gente querida marcou ausência, mas quem apareceu brilhou e fez bonito! Diagramação: Mateus Marins Cardoso Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Sem tédio.  CUPOM DE ASSINATURAS* Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00 Aniversário Nome:___________________________________________________________ End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________ novembro: nesta data ________________________________ nº. _______ complemento _________ querida, nossos parabéns! Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________ Alcione Alcântara Gonçalves-----------------14/11 Grátis: Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante Maria de Fátima Barros Calife Batista----- 07/11 receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF) *Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP Sergio Pelegrini Marun- ----------------------06/11 - Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO “O Bandeirante” R. Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A - V. Municipal - CEP 13201-100 - Jundiaí - SP Sonia Regina Andruskevicius de Castro--- 25/11 Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega
  • 3. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Novembro de 2012 3 Fatos e olhares Márcia Etelli Coelho Lançamento Coletânea 2012 No dia 7 de novembro, a Pinacoteca da Associação Paulista de Medicina acolheu sobramistas e amigos para o lançamento da Coletânea “A Pizza Literária – Décima Segunda Fornada”. Em meio às telas de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti, o livro foi apresentado com visual lindíssimo. Destaque para a capa (reprodução fotográfica de um quadro do ilustre membro Flerts Nebó) e a criativa distribuição dos textos em que 28 autores registraram seus pensamentos e emoções em prosas e versos. Um breve sarau abrilhantou a noite, quando os convidados tiveram o encantamento de ouvir um texto na voz do próprio autor. Entre os presentes, destaque para o Dr. Ruy Yukimatsu Tanigawa, primeiro secretário da APM e um dos conselheiros do CREMESP, um dos apoiadores do evento na belíssima Pinacoteca. Parabéns, Marcos Gimenes Salun, pela excelente editoração. E um agradecimento especial a Elza Yoshie Otomo pela prestimosa colaboração em mais este memorável acontecimento da Sobrames São Paulo. Premiação Márcia Etelli Coelho recebeu, no dia 10 de novembro, o Troféu Menção Honrosa do XXII Prêmio Moutonnée de Poesia em uma lindíssima cerimônia no Centro de Educação e Cultura Anselmo Duarte (Salto – SP). O Prêmio tem como um dos objetivos divulgar a rocha Moutonnée, uma raridade geológica com idade estimada de mais de 500 milhões de anos. Vale a pena visitar! Pizza Literária de novembro Lançamentos de livros marcaram a Pizza Literária: Rodolpho Civile (“Momentos que o Tempo Levou”), José Jucovsky (“A Dama de Branco”) e Helio Begliomini (“7 de Março”). Este último, em parceria com Affonso Renato Meira e Guido Arturo Palomba, constitui um importante resgate histórico da Academia de Medicina de São Paulo. Ação de graças Por se comemorar em 22 de novembro o dia de Ação de Graças, também se destacou a apresentação da crônica “Gratidão – Essa Palavra Tudo” de Márcia Etelli Coelho, que conquistou Menção Honrosa no “II Concurso Nacional ALACE Valoriza a Cultura” promovido pela Academia de Letras do Ceará. Resultado... Todos esses êxitos comprovam que a Sobrames São Paulo continua com uma excelente produção literária, diversificada e criativa. Parabéns!
  • 4. 4 O BANDEIRANTE - Novembro de 2012 SUPLEMENTO LITERÁRIO Perfil 2012 Sobrames-SP Roberto Caetano Miraglia Atuação:Advogado atuante na área cível Cidade de nascimento: São Paulo, Capital Comida preferida: Espaguete al dente com molho de tomates fres- cos, manjericão e queijo parmesão Esporte: Futebol e Vôlei Livro de cabeceira atual: Além da Bíblia, “Paulo e Estevão” de Emmanuel (psicografado por Chico Xavier) Filme: “Testemunha de Acusação” (1957), “O Código Da Vinci”, “Intocáveis”, “Sob o sol da Toscana”, “Cartas para Julieta”, “Os Fantasmas de Scrooge” (pela apurada técnica de animação) Fim de semana: Caminhada, shopping, passeios, família, uma bela pizza no sábado e a indispensável macarronada no domingo Viagem inesquecível: Leste Europeu, a Velha Quebec no Canadá e a Disney em Orlando Sonho: Não ver criança alguma com fome, sem educação e sem futuro, assim como nenhum idoso aban- donado e esquecido pela família, pela sociedade e pelo Estado Intolerância: Falsidade, mentira, injustiça, descaso, prepotência, negligência Características pessoais: Lutador, sonhador, trabalhador, leal, realizador, amigo fiel e torcedor do Palmeiras (em qualquer situação) Projeto futuro: Terminar a 2a edição do Dicionário Jurídico, mudar de residência e adquirir um aparta- mento com vista para o mar Filosofia de vida: Amar a Deus acima de todas as coisas; respeitar para ser respeitado; conquistar pelo esforço, com honestidade, dedicação e trabalho; fazer prevalecer sempre a justiça, a paz, o amor e a com- preensão; praticar a caridade com humildade; viver com sabedoria; partilhar; ser solidário!
  • 5. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Novembro de 2012 5 Mistério Alitta Guimarães Costa Reis Uma jovem senhora contou-me que sempre teve horror a ratos. E como moram a meio caminho da zona rural, pró- ximo a um brejinho, ratos é que não faltam. A situação se complicou há semanas com uma das piores enchentes que a região já sofreu. Ela verificou, com horror crescente, que ratos podem nadar. Em sua casa, na porta de seu quarto, colocou papelões dobrados para impedir que passassem por baixo da porta. O problema é que o estratagema pensado não foi suficien- te.Uma noite ela encontrou um rato dormindo placidamente no cobertor, fez um escândalo, deu toda a roupa de cama para outra senhora, que filosoficamente comentou que não se importava tanto assim com ratos, “fazer o quê”? Ela comprou tudo novo, lençóis, fronhas, travesseiros, co- bertor, camisola, reforçou os papelões na soleira da porta. Teve paz por uns tempos, até que acordou de noite com um rato passeando no seu braço. Acordou todo mundo com o barulho. O irmão descobriu que o intruso estava mo- rando no sofá da sala, pelos excrementos, e o perseguiu por toda a casa madrugada adentro, sem sucesso. Ela não conseguiu dormir, atenta a qualquer barulhinho. Quando o dia clareou, veio a surpresa: o rato havia corrido para o quarto do pai dela, gerando mais um mistério: se o bicho sabia nadar, como é que ele se afogou no conteúdo do penico? As explicações para o fato (rato exausto, urina venenosa, remédios que o pai tomava) fizeram a família transformá- lo numa lenda semiurbana, e dar boas risadas! Tricô da vovó Sônia Regina Andruskevicius de Castro E pega o ponto E laça o ponto E tira o ponto E puxa a linha. E muda o ponto E torce o ponto E cruza o ponto E puxa a linha Da cestinha. E olha o ponto Aperta o ponto E tece o ponto E puxa a linha Da cestinha E caladinha Arremata o ponto.
  • 6. 6 O BANDEIRANTE - Novembro de 2012 SUPLEMENTO LITERÁRIO O acidente Walter Whitton Harris O congresso fora um sucesso. Foram três dias de atividades intensas. Além da parte científica, houve várias festas de confraternização, desde os almoços no próprio centro de convenções, até o tradicional jantar de encerramento no sábado. O presidente do congresso, nativo da cidade, ofereceu um almoço no domingo para uns vinte colegas e acompanhantes, e eu fui um dos convidados. Havia ido ao congresso sozinho. Não me senti solitário, pois conhecia a maioria e as conversas foram animadas. Do congresso ao futebol era só um passo. Farto almoço, regado a vinho e cerveja. Como gostava dos dois, tomei um pouco de cada. Sabia que estaria dirigindo e calculei que pararia de beber pelo menos duas horas antes de ir embora, dando tempo para metabolizar o álcool. Não sei se nosso anfitrião tinha algum compromisso, ou se estava apenas cansado, depois de todo o estresse que seguramente o congresso lhe causara, mas lá pelas tantas, todos estavam se despedindo, após receberem várias indiretas que estava na hora de encerrar aquele almoço. Serviu-se o cafezinho, um biscoitinho para acompanhar e... Tchau! Era uma viagem de cerca de duas horas de volta à Capital, e eu já estava com as malas no carro, pronto para a partida. Sentia-me um pouco sonolento, mas nada como lavar a cara num lavabo na casa do presidente, para me deixar desperto e esperto. Pus-me atrás do volante, despedi-me com um aceno e, após contornar várias praças e seguir as placas, atingi a estrada vicinal que me levaria à autopista para a capital. A cidade onde fora o congresso não era grande e se localizava no interior do Estado, num local de difícil acesso, justamente para que ficasse isolada do resto do mundo. Quando o colega fora convidado para presidir o congresso, a condição que impôs foi de que fosse realizado na cidade onde morava. Apesar da distância, foi aceita, contanto que se fretasse um número de ônibus necessário para quem não quisesse ir de automóvel. Não era o meu caso. Gostava de guiar. A estrada vicinal era uma reta só que não acabava mais. Por isso, raramente os veículos respeitavam a velocidade marcada nas placas a cada quilômetro. Macaco velho, e com receio da Polícia Rodoviária, procurava me manter dentro dos limites de velocidade. Bocejava sem parar. Sentia as pálpebras pesadas. Opa, quase fui para o acostamento! Imagine se tivesse sido um precipício. Dei uma risadinha, endireitei a direção e prossegui. Ouvi uma buzinada e senti o carro balançar, quando um caminhão passou raspando na direção contrária. Achei que tinha exagerado quando quis me manter afastado do acostamento. Será que estava andando muito junto às faixas que separavam as duas faixas de rolamento? Com as pálpebras pesadas, semiabertas, procurei enxergar as faixas amarelas no asfalto e vi que estava longe delas. Bocejei de novo. Mas foi inevitável. Arregalei os olhos em tempo de ver um outro automóvel vindo em minha direção. Ele estava na contramão! Ou era eu? Tentei desviar, tentei buzinar, não sei o que fiz primeiro. Só sei que não foi possível evitar uma colisão quase frontal. Ouvi uma série de batidas e, depois... escuridão total. Quando me dei conta, estava deitado numa cama, num leito hospitalar, com as pernas engessadas, com gesso num dos membros superiores também e com a cabeça enfaixada. Como doía o pescoço e a testa! Minha primeira reação foi dar graças a Deus por estar vivo, pois o acidente deve ter sido bem feio. O que será que aconteceu com o motorista do outro automóvel? Ou foi um caminhão? Um ônibus? Dei novo bocejo. Como estava cansado! Olhei ao meu redor, mas não havia ninguém no quarto. Se eu tivesse uma parada, não haveria ninguém para me socorrer. Quando entrassem no recinto, já me encontrariam morto. Ainda com esses pensamentos macabros, esquecendo-me de ter dado graças a Deus por estar vivo, comecei a sentir um calor insuportável. Olhei pela janela e vi labaredas. Barbaridade! O hospital estava pegando fogo e não havia ninguém aqui para me acudir. Comecei a me movimentar e a gritar por socorro. Abri os olhos. Meu pescoço doía mesmo. A minha testa também. Pudera! Estava com a cabeça encostada no volante do meu carro, com todas as janelas fechadas e um calor sufocante, batia pleno sol sobre ele, pois não havia sombra onde tinha parado. Bocejei de novo. Estava estacionado num posto de abastecimento da estrada. Não tenho consciência de como fui parar ali. Saí do veículo, meio cambaleante e dirigi-me ao toalete. De lá, fui à loja de conveniência, sentei-me em uma das mesas e pedi um café bem forte. Fiquei pensando no pesadelo que tivera e de como parei para tirar um cochilo. Jurei, lá mesmo, que nunca mais tomaria bebidas alcoólicas no dia que planejava pegar uma estrada. Dá de bater o carro de verdade e não apenas sonhar que isso tivesse acontecido... Imagine!
  • 7. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Novembro de 2012 7 Viagens aéreas: mais uma aventura Evandro Guimarães de Sousa Fui convidado para conhecer uma faculdade localizada na região Norte deste país. Portanto, embarquei em Con- gonhas com destino a Brasília, de onde deveria ser transportado por outra companhia aérea. Lá chegando, procurei logo o balcão da SETE Linhas Aéreas. Estava curioso em descobrir o porquê desse nome, pois sete é considerado um número cabalístico. O número 7 aparece várias vezes em nossas vidas. Por exemplo: os 7 dias da semana, as 7 cores do arco-íris, as 7 notas musicais, as 7 maravilhas do mundo antigo, os 7 pecados capitais. Além de várias citações deste número na Bíblia, tais como, os 7 anos que Jacó serviu a Labão quando pediu Raquel em casamento. Ainda pode-se acrescentar as 7 cidades sagradas do Sul de Minas Gerais, o gato que possui 7 vidas, Branca de Neve e os 7 anões, pintar o 7 etc. Lembrei-me até da primeira estrofe da moda da Mula Preta de autoria de Raul Torres interpretada por Luiz Gonzaga, pela dupla Tonico e Tinoco, dentre outros: “Eu tenho uma mula preta com sete palmos de altura”... Seriam então sete aeronaves? Sete rotas aéreas? Pagamento das passagens em sete vezes? Nada disso. A sigla SETE significa: Serviços Especiais de Transportes Executivos, companhia aérea fundada em 1976 pelo Comandante Rolim na cidade de Goiânia. Entretanto, quando fui embarcar com destino ao Norte, havia sete funcionários próximos à aeronave, incluídos o Piloto e Copiloto. Coincidência? Não sei. Porém pareceu-me um bom presságio para a viagem, que transcorreu sem nenhum problema. No retorno, enquanto esperava o embarque no aeroporto da cidade nortista, escutei o barulho do motor do avião e não o encontrei na pista. Perguntei para o funcionário onde estava a aeronave, ao que ele, prontamente, respondeu: “Atrás da moita!” Realmente, uma pequena árvore impedia a minha visão, pois se tratava de um Cessna 208 Caravan, um monomotor que transporta nove passageiros. Logo que decolou, a aeronave balançava tanto que era impossível beber água dos copos plásticos oferecidos. Reparei que o passageiro ao meu lado estava muito aflito e suava às bicas. Eu tentei tranquilizá-lo afirmando que a instabilidade era decorrente do ar quente, ventos e que chegaríamos bem ao destino. Mais calmo, ele afirmou: “Deve estar tudo bem, porque o Piloto está lendo uma revista.” Aí, tive a infelicidade de afirmar: “Verifique se ele está lendo de cabeça para baixo. Se estiver, então a coisa está preta!” Ele me fuzilou com o olhar, não disse mais nada e passou o resto da viagem rezando. Chegamos bem. Porém, durante a troca de aeronave na escala prevista, aconteceu um fato curioso. O funcionário da outra companhia aérea anunciou o meu voo, com destino a Congonhas, desta maneira: “Senhores passageiros, de acordo com a orientação da ANAC, favor apresentar o cartão de embarque e o cartão de crédito! Meu Deus, logo pensei! Será que acrescentaram uma taxa extra para embarque? Felizmente, apenas um engano do funcionário que devia ser um novato nesta atividade. O que ele queria avisar era a necessidade de o passageiro apresentar a cédula de identidade ou outro documento com foto ao embarcar. Acomodei-me na poltrona do corredor da última fileira e verifiquei que a do meio estava vaga. Maior conforto durante a viagem, pensei. Eis que entra no avião uma senhora, carregando vários pacotes e comendo bola- Cirandinha chas. Adivinhem onde ela se assentou? Exa- tamente, ao meu lado, espalhando pacotes e pedaços de bolacha para todos os lados. Tentei me concentrar nas palavras cruzadas, Josyanne Rita de Arruda Franco porém ela logo me interrompeu: “O que o Sr. está fazendo?” Tive ímpetos de respon- der que estava aguardando o ônibus. Mas ela perguntou de novo: “É muito difícil?” E, em Horas cinzas seguida: “O que significa sufixo nominal de Horas longas miopia?” Depois passou a tagarelar com o Roupas leves outro passageiro, sentado próximo à janela, Ondas tontas que não tinha como escapar. Felizmente, Leve torpor a vir depois de comer o lanche oferecido, ela Dançam frenéticas horas dormiu e tive um pouco de sossego, apesar Corridas em breves demoras da intensidade dos seus roncos. Até que eu chegasse aqui Desembarquei e me dirigi para a fila de Não tinha versos guardados táxi quando um simpático funcionário abriu Nem cor do inverno passado a porta do automóvel e me disse: “E aí, Pa- Sou flores no azul cristal trão? “Vai na frente ou atrás?” Para evitar Begônias ou margaridas um mal-entendido, logo respondi: “Vou me Trevos de sorte dorida assentar no banco de trás!” Sei lá o que as Camafeu de ouro astral... outras pessoas poderiam pensar de mim?
  • 8. 8 O BANDEIRANTE - Novembro de 2012 SUPLEMENTO LITERÁRIO Quem é? Quem é? (Resposta da edição de outubro) Maria do Céu, confreira admirável, colaboradora atuante, amiga querida, escritora talentosa e esposa amável de nosso querido Dr. Louzã. Lembretes e notas de rodapé Nossas Pizzas Literárias: terceiras 5as feiras do mês, Rua Oscar Freire, 1.597, piso superior da Pizzaria Bonde Paulista, a partir das 19h30. Nosso blog: http://sobramespaulista.blogspot.com Nosso e-mail: escritoressobramespaulista@gmail.com Endereços eletrônicos da diretoria: josyannerita@gmail.com (presidente). marciaetelli@ig.com.br (secretária). jafmvieira@hotmail.com (tesoureiro). Eventos da Sociedade no calendário 2012 • Próxima Pizza Literária: dia 13 de Dezembro. • Coletânea SOBRAMES-SP (Décima Segunda Fornada): 07 de novembro (APM) • Posse da nova diretoria SOBRAMES-SP: 13 de dezembro (Pizza de Natal) Dr. Carlos Augusto Galvão Psiquiatria e Psicoterapia REVISÃO Anuncie Aqui Para anunciar em nosso Boletim Literário Rua Maestro Cardim, 517 de textos em geral O Bandeirante, entre em contato conosco. Paraíso – Tel: 3541-2593 Ligia Pezzuto Especialista em Língua Portuguesa Terminou de longevità (11) 3864-4494 ou 8546-1725 escrever seu (11) 3531-6675 Estética facial, corporal e odontológica * livro? Então Massagem * Drenagem * Bronze Spray * PUBLICIDADE publique! Nutricionista * RPG Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar TABELA DE PREÇOS 2009 (valor do anúncio por edição) Nesta hora importante, não deixe de 1 módulo horizontal R$ 30,00 consultar a RUMO EDITORIAL. 2 módulos horizontais R$ 60,00 Walter Whitton Harris 3 módulos horizontais R$ 90,00 Publicações com qualidade impecável, dedicação, cuidado artesanal e preço Cirurgia do Pé e Tornozelo 2 módulos verticais R$ 60,00 Ortopedia e Traumatologia Geral justo. Você não tem mais desculpas 4 módulos R$ 120,00 CRM 18317 para deixar seu talento na gaveta. 6 módulos R$ 180,00 Av. Pacaembu, 1.024 Outros tamanhos sob consulta rumoeditorial@uol.com.br 01234-000 - São Paulo - SP Tel.: 3825-8699 josyannerita@gmail.com (11) 9182-4815 Cel.: 9932-5098