Este documento descreve a revista "Ciranda" produzida por alunos do Centro de Cultura Digital Praça do Conhecimento em Nova Brasília, Complexo do Alemão. A revista contém relatos e memórias dos alunos sobre suas infâncias vividas na região, incluindo brincadeiras, jogos, desafios e a forma como a comunidade era no passado.
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
CIRANDA: A Infância na História dos Moradores da Serra da Misericordia e Arredores
1. Ciranda
A Infância na História dos Moradores da Serra da Misericórdia e arredores
Esta revista foi pensada, conversada, escrita, pesquisada, revisada, desenhada, colorida durante os encontros da Oficina da Palavra no
Centro de Cultura Digital Praça do Conhecimento em Nova Brasília, no Complexo do Alemão, no primeiro semestre de 2012
L
embro-me de várias brincadeiras, desenhos, amigos de colégio...
Soltava pipa, pulando a casa dos vizinhos, jogando bola no beco,
jogava fliper.
Quando ia pra escola, minha mãe sempre ia comigo, para eu não fugir.
Quando chegava da escola, eu nem trocava de roupa, logo meus amigos iam na
minha casa me chamar para brincar na rua.
Brincávamos de pique pega, polícia e ladrão, pique esconde, bolinha de gude...
Minha infância foi muito feliz, aproveitei tudo que uma criança merece.
EDIÇÃO ÚNICA - Rio de Janeiro – JULHO/2012
2. sobre a OFICINA DA PALAVRA
Todos os alunos do Centro de Cultura Digital
Esta é uma públicação dos alunos do Centro de Cultura Digital Praça do Conhecimento, em Nova Brasília, participam
Praça do Conhecimento - Nova Brasília. dos encontros semanais na Oficina da Palavra. São oito
turmas que se reúnem 50 minutos por semana para
Coordenação Geral: Dinah Frotte dialogar; produzir textos com palavras e imagens; trocar
Coordenação de Projetos; Claudia Ceccon informação, vivências e conhecimento. A interação se dá
Coordenação Centro de Cultura Digital: Nailton de Agostinho Maia com dinâmicas de estimulo a criatividade, a reflexão e a
Supervisão Administrativa: Maria Beatriz Carvalho de Araujo expressão de ideias e a produção de textos.
Supervisão Financeira: Walmir de Araújo Machado
Supervisão Pedagógica: Maria de Lourdes Rezende Para esta edição única da revista-jornal Ciranda, todos
contaram um pouco da sua infância. Os sonhos, a
A Praça do Conhecimento é um espaço público de Educação, Comu- realidade, as brincadeiras, os jogos, os desenhos, as
nicação, Cultura e Tecnologia situada na Praça do Terço, em Nova Brasília, músicas, os programas de TV, os personagens, as piadas,
no Complexo do Alemão. as traquinagens, as histórias dos pais, dos filhos...
Inaugurada em 23 de dezembro de 2011 pela Secretaria Municipal
de Habitação (SMH) e com gestão do Centro de Comunicação e Imagem Nos encontros, várias gerações. Gente de 14 a 76 anos. A
Popular (CECIP), a Praça do Conhecimento promove atividades culturais e maioria nascido e criado no Complexo do Alemão, outros
artísticas para públicos de todas as idades e formação técnica e profissional vieram do interior e criaram raízes na Serra da Misericórdia,
em novas tecnologias da informação e comunicação para jovens e adultos. na zona da Leopoldina, no suburbio carioca.
As ações desenvolvidas na Praça do Conhecimento têm como enfo-
ques o olhar para a realidade, o pensar e o agir críticos, a promoção e valo- São histórias, casos, relatos, desabafos de pais, avós e
rização do ser humano e do território urbano das comunidades do Complexo filhos registradas nas lembranças de quando todos eram
do Alemão e da Serra da Misericórdia. crianças. Ainda tem mais jogos e brincadeiras!
Participam desta edição:
Adriel de Almeida Silva, 20 anos. Lucas Barreto de Oliveira, 17 anos Boa leitura.
Aline Ribeiro, 15 anos. Lucas Barreto, 16 anos. Ilustração: Tainara
Allison Felipe Paulino de Melo, 16 anos. Lucas Delfino Tomé, 14 anos.
Ana Paula Vasconcelos, 37 anos. Lucas Ferreira da Silva, 16 anos.
André Valle, 28 anos. Lucas Holanda de Souza, 16 anos.
Andrielle Freitas, 18 anos. Lucas Severo, 16 anos.
Angel Lee, 16 anos. Luiz Alberto Dias, 41 anos.
Anna Mello, 15 anos. Luiz Carlos, 31 anos.
Ariane Cabral, 14 anos. Luiz Fernando Nunes, 55 anos.
Beatriz Medeiros, 14 anos. Marcos Victor Fernandes, 17 anos.
Bianca Costa, 16 anos. Maria Lucia Holanda, 46 anos.
Bianca Leão, 22 anos. Marinete Lima, 50 anos.
Bruno Araújo, 20 anos. Mário Alves Filho, 55 anos.
Bruno Delfino, 15 anos. Marlon Nascimento, 15 anos.
Carlos Augusto Cabral Pontes, 29 anos. Mateus Wesley, 16 anos.
Caroline Dias, 17 anos. Michelle Beff, 28 anos.
Cristiano de Sá, 31 anos. Monique Araújo, 15 anos.
Daniel de Sá, 17 anos. Nara Regina Barreto, 39 anos.
Daniele Correa, 17 anos. Nathali Araújo Souza, 14 anos.
Danielle Andrade, 15 anos. Norma Sueli, 59 anos.
Danilo Nascimento, 16 anos. Patrícia Lima, 17 anos.
Debora Monteiro, 21 anos. Paulo Henrique Paz, 19 anos.
Diogo Ventura, 22 anos. PC Safra, 19 anos.
Edileuza Menezes, 58 anos. Raphael Melo, 28 anos.
Eduardo Ragozo Fernandes, 37 anos. Raphael Silva de Azevedo, 15 anos.
Erivan Lins, 18 anos. Raquel Picculli, 17 anos.
Fabiano de Paula, 32 anos. Ravel, 15 anos.
Filipe Pessoa, 19 anos. Rayan Silva, 19 anos.
Flavio Menezes, 18 anos. Renata Miguel, 27 anos.
Francisco Carlos, 50 anos. Ricardo Santos, 16 anos.
Gabriel Loyola, 18 anos. Rosangela Morgado,43 anos.
Gabriel Romualdo, 62 anos. Rosineia Silva, 37 anos.
George Matias, 17 anos. Sandro Ferreira, 17 anos.
Hallyson Santos, 31 anos. Sergio da Silva, 45 anos.
Igor Morgado, 14 anos. Stephani Ferreira, 16 anos.
Jaíne Alves Martins, 36 anos. Tainara da Silva, 14 anos.
Jessica Santana Alves, 19 anos. Thatiana Vasconcelos, 18 anos.
Juliana Martins, 17 anos. Tiago Cavalcanti Martins, 18 anos.
Juliana Ribeiro, 25 anos. Tuany Pereira de Oliveira, 16 anos.
Juliana Souza de Oliveira, 24 anos. Verônica Menezes, 23 anos.
Karen Melo, 25 anos. Wallace Bueno, 15 anos.
Kleyton de Lima Marinque, 15 anos. Wellerson Souza, 15 anos.
Larissa Alves Felipe, 16 anos. Wesley Alves, 15 anos.
Lenita Rocha, 76 anos Yan da Silva Fernandes, 14 anos.
Leonardo Cristóvão, 14 anos. Yasmim Claudio Teixeira, 14 anos.
Letícia Conceição, 18 anos.
Educadora da Oficina Palavra: Maracy Guimarães
3. INFâNCIA
NA FAVELA
foto: Gabriel Loyola
Há alguns anos...
O
Complexo do Alemão era bem diferente do que podemos ver hoje em dia. As ruas, as casas, o modo como vivíamos o mundo e a forma
que o resto do mundo nos via era diferente. Por isso, a nossa infância não foi a mesma que a das crianças de hoje.
Não que isso seja algo ruim. Na verdade, em certos aspectos, é até melhor que nem tudo seja igual. A violência era muito presente,
porém isso não nos impedia de nos divertir.
Na falta de quadras e parques, as ruas mais largas e terrenos baldios serviam de “áreas de lazer”.
Até porque, definitivamente, não tem nada mais divertido do que brincar com os amigos.
Caroline Dias, Juliana Souza, Rosineia, Juliana Martins
A
nossa comunidade não tinha água nas casas. Então perto
da quadra havia uma bica e muitos moradores carregavam
água. A noite era o horário de mais movimento, os homens
P ique, carniça e até mesmo futebol na rua paralelepípedo
são marcantes. Já que a energia elétrica era um luxo, pois a
comunidades estava ocupando os espaços, quase nnguém
tinha televisão. Os prazeres da eletrônica só vieram depois,
traziam uma madeira com dois ganchos de ferro nas pontas, onde Francisco
penduravam as latas de 20 litros.
As mulheres lavavam as roupas lá mesmo na bica e faziam um
turbante com uma toalha e carregavam balde de alumínio ou lata. “Tenho saudades de quando eu e meus amigos
As mulheres eram guerreiras, pois era muito cansativo. fazíamos favores para os vizinhos em troca de
Nós crianças também carregávamos os nossos baldinhos, mas algumas moedas. Juntávamos para comprar
quando chegávamos em casa eles estavam quase vazios, pois íamos
brincando no caminho. Tinha a bomba d’água e ficávamos virando
casquinha e tomar Ki Suco engarrafado Rosinha
cambalhota nos canos de ferro. no bar do Sr. Abel.”
Nara Regina Magda
4. foto: Gabriel Loyola.Patrícia Lima e Raquel Picculi
foto: Paloma Granjeiro
Por está localizada em um lugar paralelo
Ali cresciam várias crianças,
Longe da tecnologia e sempre brincando...
Barro pisado, pés no chão
Corre-corre, pega-pega, pega.
Jogava bola, de futebol e de gude, rodava pião...
Adrenalina total
Nada parava, virava á noite
Na rua até altas horas da madrugada
Contando os fatos da favela
Assim era passatempo
Finais de semanas juntavam todos os jovens
Brigávamos entre “si-mesmo”
E depois estávamos um cheirando o suvaco do outro
Como se não tivesse acontecido nada
Pulávamos no quintal do outro.
Roubávamos manga.
foto: Gabriel Loyola.Patrícia Lima e Raquel Picculi
Pegávamos pipa e mexíamos com o dono da casa.
Para ele correr atrás de “nós”
E saÍamos correndo, passando mal de rir
E tudo isso, convivendo com o tráfico.
Ao passar do tempo, começamos a deixar
nossa juventude de lado.
Sabíamos que ser criança era engraçado
e nada de mal nos aconteceria.
Daniel da Silva de Sá
foto: Paloma Granjeiro
M
inha rua é muito boa para brincar.
Uma vez para brincarmos de vôlei, amarramos a corda
entre uma casa e outra.
Nós tínhamos um clubinho debaixo da escada.
O nosso teto era de tábua para não molhar.
A gente marcava de um trazer guaraná e o outro biscoito.
Um dia, fizemos uma música assim:
Meu nome é Rafaela vim lá da galera.
Meu nome é Pedro Henrique entra no meu click.
Meu nome é Camila vim da família.
Meu lema é o seguinte vou dar meu palpite.
Você está ferrado vou dá o meu recado.
Por favor, não se aborreça, não dá muita moleza.
Isso é errado vou dar mais um recado.
Mas se liga no que eu digo, e não se liga no que e falo
Meu rap é assim eu por você por mim.
Se você não se ligou preste muita atenção.
Esse rap é dedicado para mim de coração [...]
Pedro Henrique
M
eu irmão do meio, e eu, estávamos indos para a Capoeira.Ele es-
tava mais ou menos com 8 anos e eu com 11. Nós tínhamos muito
esse desejo de passar por aventuras.
No percurso, havia um valão. Parte era de esgoto a céu aberto e ficava
bem próximo a um muro, deixando apenas uma brecha para passar.
Então, eu andei por esse espaço desafiado por meu irmão.
Mas quando chegou a vez dele, não deu certo! Quando ele estava no meio
do caminho, acabou se desequilibrando e caiu. Plofit!
Água de vala até o queixo e afundando!
Não havia ninguém próximo para ajudar, então me apoiei nas bordas
sem as pernas e o puxei com toda a força que tinha por uma de suas
mãos. À medida que o corpo saia da água, o estrago se revelava. .Quando
já em cima, são e salvo, ele caiu no choro, espanto e nojo de si mesmo.
Eu não me contive e cai na gargalhada!
Evangelista
INFâNCIA NA FAVELA
5. foto: Gabriel Loyola
P
or inúmeras vezes, me pego viajando aos tempos de minha
infância.
Fato que se fortalece muito mais quando vejo as fotos
desta época tão deliciosa.
O passado e o presente unem-se magicamente, em questão de
segundos, divago em um vagão chamado Eu.
Me lembro com muito alegria que embora singela e humilde, a aurora
de minha vida foi muito feliz.
Foi difícil enfrentar as circunstâncias e vir com minha mãe e duas irmãs
morar no Morro da Alvorada no princípio de junho de 1972.
Hoje sou parte das comunidades do atual Complexo do Alemão.
Quando cheguei, cerca de 90% ainda era mato.
Não tinha luz elétrica, água encanada e, nem tão pouco, rede sanitária.
Cozinhávamos a lenha e nosso lar era de compensados coberto com
telhas de zinco.
De onde extraíamos satisfação em meio a tantas adversidades?
A população abria arraiais.
E à noite, os adultos se uniam tocando sanfonas, em volta das fogueiras
ardilosas, contando estórias arrepiantes, enquanto alguém servia
deliciosos quitutes, bolos de fubá, broa de milho, doces, chá e café.
Depois tinha o teste da coragem: sempre um ou dois para ir comprar
alguma coisa em uma barraca distante.
Já fui escolhido alguma vezes.
E confesso que já deixei a desejar.
Bom, ainda me sou um “menino”, apesar de “homem”,
Sou passageiro de mim mesmo.
Constantemente, tenho que enfrentar com bom ânimo o que a vida me
propor.
Alberto Dias
G
ostava das noites frias, principalmente de junho e julho.
Nós sentávamos no quintal e ficávamos observando o céu,
admirando a lua e as estrelas. Meu pai acendia uma fo-
gueira e contava histórias incríveis que eu ficava admirada. Foi
assim que eu conheci o Saci-Pererê, o lobisomem, a Bela Ador-
mecida entre outros. Ficava até tarde admirando a companhia do
meu pai, das minhas irmãs, da minha mãe e vizinhos que tam-
bém foram especiais. Durante estes momentos eu acreditava que
o mundo era mágico e que nada de ruim pudesse acontecer.
Poliane Cristina
foto: Paloma Granjeiro
INFâNCIA NA FAVELA
6. foto: Paloma Granjeiro foto: Gabriel Loyola.Patrícia Lima e Raquel Picculi
foto: Paloma Granjeiro
D
e vez em quando sentávamos e cantávamos
cantigas. Subimos em árvores para pegarmos
frutas. Soltávamos pipa e inventávamos jogos.
Tiago Cavalcante Martins
M
e lembro de ser muito feliz, valente, sem medo do
perigo. Só me metia em brigas, mas sempre tive
uns amigos que me ajudavam e me defendiam.
Marlon Nascimento
INFâNCIA NA FAVELA
7. meu pai, minha mãe e eu
A
dorava ir para a igreja.
Adorava ficar na
M
inha mãe nasceu na escolinha da igreja.
metade do século pas- Rezava que chegasse o fim de
sado e contou-me ma- semana para ver meu pai.
ravilhas sobre a sua in- Jéssica Cristina
fância. Naquela época as famílias
eram grandes, minha avó mater-
na teve 4 filhos e minha mãe é a
única menina. Brincavam todos
Q
juntos. Ela brincava com suas uando eu era criança os tempos eram diferentes de hoje.Eu
bonecas de pano e os meninos brincavam de caminhão e pião. Descre- acordava 3 horas da manhã para ir para a escola. Caminhava
veu as cantigas de rodas onde todos participavam, o pique-esconde e todos os dias 4 quilômetros a pé, porque não existia ônibus,
o pique fedorento. Um jogava a bola pro outro e o do meio era o “fe- ficava cansada, mas valia a pena, pois eu gostava de estudar e
dorento”. Imagina! Hoje seria bullyng. Minha mãe aprendeu a beijar a queria realizar o meu sonho um dia e me tornar psicóloga.
mão do avô e da avó, pedir à benção, beijar a mão do padre sem dizer Sempre gostei de gente, então quando ia para a escola conversava mui-
nada e ele também responder em silêncio. to com meus amigos, gostava de escutá-los, para ajudá-los nas suas
Na minha infância menos rigorosa tem histórias que não saem da mi- dificuldades, e desse modo consegui muitas amizades.
nha memória. Nós tínhamos mais divertimento, sem maldades e sem Foi em Santo Antônio de Pádua que cresci com meus 32 irmãos.
drogas. Brincávamos na rua de amarelinha e piques, no verão ficáva- Brincávamos muito de roda, pique-pega, atirar na lata do lixo, pião,
mos até tarde andando de velocípede (muitos, vão rir), de bicicleta, bolinhas de gude, amarelinha, jogo de malha, escolinha e bola.
brincavam de casinha e bonecas. Os meninos gostavam de jogar fute- Mas como em minha casa não existia bola, fazíamos o limão de bola.
bol e bolinhas de gude; como posso esquecer... nós (meninas), querí- Minha mãe brincava conosco e nos divertíamos bastante, mas apenas
amos participar do jogo e como não tínhamos as tais bolinhas. O jogo nos finais de semana, pois o resto da semana, nós estudávamos e
iniciava e as meninas que tinham a tal sandália da “hora’ Melissinha, pas- trabalhávamos. Minha mãe nos ensinava a tricotar, fazer crochê,
seavam com suas filhas (bonecas) e o “guarda chuva” de folha de mamona. bordado, a cozinhar.
Não tínhamos computador nem vídeo game, mais tínhamos a alegria Minha família trabalhava para se sustentar. Tínhamos uma horta
de viver e o respeito pelos mais velhos.Poderia me adentrar na imensa. Plantávamos e nos sustentávamos com os vegetais, frutas e
adolescência e não terminar tão cedo de relatar um passado gostoso leguminosas colhidas e também vendíamos para o mercado.
de relembrar. E assim foi minha vida por muitos anos.
Não posso deixar de relatar a infância dos meus filhos. Hoje, adoles- Até que aos 16 anos vim para o Rio de Janeiro ficar perto de alguns
centes, não puderam brincar tanto na rua por conta da violência, mas irmãos, mas logo voltei. Porém, o destino me reservava algo por aqui.
aproveitaram conforme puderam. Eu brinquei muito de bonecas e ca- Foi aos 18 anos que vim para cá definitivamente cuidar de meus ir-
sinha com minha filha, hoje com 18 anos e com o meu filho de carri- mãos juntamente com minha mãe. Meu pai havia falecido. Até hoje
nhos, sem contar os bichinhos de fazendinha. aqui me encontro, mas precisamente na Nova Brasília.
Mudanças radicais na contemporaneidade. Crianças passam a maior Com 22 anos tive meu primeiro filho e minha mãe, Dona Celuta, ficou
parte do tempo em frente ao computador ou no vídeo game. A maioria muito feliz. Anos se passaram e ao todo tive 10 filhos, e minha mãe
está vivendo sua infância neste mundo tecnológico consumindo muitos conseguiu ver todos eles; foi uma pena que ela não pode ver os seus
produtos. Um novo modelo de celular, de vídeo game, televisão digital. bisnetos. Ela morreu aos 85 anos.
Cultura do consumo através da publicidade. Hoje, poderia ser avó e Meus filhos cresceram aqui e também criaram seus filhos aqui. São
percebo que as crianças têm pais ausentes, televisão como babá, agenda homens de bem e têm profissões; alguns são motoristas, outros traba-
lotada, o amor e o carinho transformados em objeto.Infelizmente nem lham em empresas, outra trabalha no Estado e etc.
todas as crianças podem viver a infância que tivemos. Hoje sou assistente social, cuido de muitas crianças. Minha paixão
sempre foi gente. Fico muito feliz de ver todas as minhas crianças feli-
Rosângela Morgado
zes. Estou com 76 anos e me sinto realizada.
História de Dona Lenita Vieira Rocha, contada por Larissa Cristina
M
eu pai, por ter
vários filhos, tinha
certa dificuldade
na época de Natal. Eram
6 presentes que não
podiam faltar. Contudo,
de forma divertida,
pendurava-os em árvores
para que pudéssemos
achá-los. Certa vez, ficou
maravilhado em ver que
E
nós havíamos abandonado u tinha 8 anos e gostava quando meu pai me visitava.
os brinquedos e nos Quando meu pai chegava, eu ficava muito feliz. O
divertíamos com uma meu pai me adora e eu queria ser igualzinho ao meu
pena de passarinho. pai, mas vou ser mais alto que ele.
Jaíne
Ricardo Ribeiro Vidente
8. AS PIPAS
S
audosismo, vontade de ser criança ou porque era o mundo que não pedia muita responsabili-
dade ou de tudo isso um pouco... As cicatrizes nas minhas pernas. As feridas, as travessuras
feitas para o assombro de meus pais. O Sol à pino, pipa longe, sem querer ser guardada, sem
querer que mamãe me chamasse.
Não agora que peguei outra pipa!
Quando não tinha pipa, eu ia ao bambuzal que rodeava minha casa, não dando passagem ao sol,
e tirava o bambu maduro para fazer as varetas. Minhas pipas quando prontas sempre tombavam
para um lado, não deixando aprumar. Isso exigia um recurso que era logo providenciado: um furo
na lateral _ se a pipa tombava para à direita, o furo era feito do lado esquerdo, dando passagem ao
vento e assim ganhar o céu.
As varetas eram coladas com macarrão, arroz _ que tinham que ser bem cozidinhos, bem moli-
A
nhos para não rasgar o papel de seda muito fino.
Pipa pronta. E hora de fazer o cabresto. Esse regulado de acordo com o vento do momento e o ta- s pipas foram criadas na China
manho da pipa. Feito o cabresto, fazia-se a rabiola e, claro, o cerol para cortar o adversário. Aí era antiga por volta do ano 1200
hora de cantar a cantiga do vento, caso ele ainda não estivesse ali: A.C. Foram utilizadas como
“Vem vento catinguelê, cachorro do mato quer me morder.” dispositivos de sinalização militar. Os
Ai o vento vinha, a pipa subia, os garotos sorriam e o meu pensamento voava junto. movimentos e as cores das pipas eram
Mário Filho
mensagens transmitidas a distância
entre os destacamentos militar.
No século XII, na Europa, as crianças já
brincavam com pipas. Vale à pena notar
também o papel desenhado pela pipa
como aparelho de medição atmosférica.
O político e inventor americano
Não parava em Benjamin Franklin utilizou uma pipa
casa. Meus pais ficavam para investigar e inventar o para-raio.
doidinhos atrás de mim. Hoje a pipa, mantém a sua popularidade
Eu rodava o morro todo Eu ficava admirado com entre as crianças de todas as culturas.
várias cores de pipas que Wesley Alves
só para soltar pipa.
Andava com o dedo havia no céu. As competi-
sempre cortado. Sempre ções aconteciam entre os
que ia comprar linha já colegas que tentavam cor-
comprava o kit linha: tar a pipa dos outros. Essa
cerol e pipas. Até hoje eu brincadeira era tão gostosa
solto pipa. que, às vezes, até esquecia
Brayan a hora de ir para a escola e
ai tomava bronca da minha
C
mãe. erto dia eu estava
Walmir em casa cansado
e entediado,
foi quando meu pai
chegou com uma grande
surpresa! Meu pai tinha
comprado um PS3. Eu
fiquei tão surpreso,
que fiquei sem palavras
Q
uando eu era pequeno todos os garotos corriam atrás de pipas pulando o muro das casas de para descrever o que
alguns. Eu odiava isso e ainda odeio pipas. Os garotos ficavam machucados porque caiam eu estava sentindo no
dos muros. Tenho raiva deles pulando no meu quintal para pegar pipa. momento. Na hora só
Lucas
pensei em agradecer
OS BRINQUEDOS
meu pai por aquela
surpresa maravilhosa.
E esse foi um dos dias
mais legais da minha
vida. Logo depois que
A E
lgo que faz parte u brincava de boneca com minhas agradeci ao meu pai,
das lembranças amigas ou até mesmo sozinha. Às vezes, fui logo jogar. Era tão
muita gente é a sua pedia para minha mãe fazer roupinhas divertido que quando
primeira volta na bicicleta. para minhas bonecas pra eu ficar trocando toda comecei a jogar não
Afinal, depois que se hora. Fazia paredes de papelão para dizer que conseguia mais parar.
aprende a andar nunca eram alguns cômodos da casa. Ele era tão incrível que
mais se esquece. Muitas Fazia penteados novos nas minhas bonecas. Eu além do PS3 veio junto
vezes, temos a ajuda de nossos pais, e/ou o achava que elas ficavam lindas. Também tinha dois controles, uma
apoio das rodinhas. No seu caso, até abandonar um carro rosa, botava as bonecas dentro, fazia guitarra e quatro jogos.
as rodinhas levou um bom tempo e alguns o som do carro e empurrava para simular que Nunca vou esquecer esse
tombos. estava andando... dia por ter sido um dos
Rodrigo de Silva Gomes Tuany Oliveira melhores da minha vida.
Yan Fernandes
Q
uando meu filho fez 5 anos, ele ganhou uma coleção do Power Ranger com 5 heróis. Porém
não faziam os vilões. Eu recortei na parte de trás da caixa, o vilão e colei em uma garrafa pet.
O vilão de papel e pet foi o mais usado.
Cristiano Sá
9. Dias inesquecíveis...
N
o meu primeiro dia de escola, achei
que todos eram estranhos.
Eu via as crianças chorando desespera-
das e não achei que seria tão ruim porque eu
queria muito estudar. Minha professora era
legal. Mas eu amava quando chegava à porta
para esperar a entrada.
Tinha uma padaria e minha mãe comprava
um bolinho de chocolate só para eu ir para a
escola.
E eu, claro, só ia à escola na condição dela
comprar o bolinho.
Raquel Picculli
M
inha mãe costumava me acordar um
pouco mais cedo para almoçar antes
de ir para a escola e nisso minha mãe
sempre vinha com aquela velha preocupação
da boa alimentação que no caso seria legu-
Q
uando eu tinha 9 anos, fiz minha primeira viagem sozinha mes, frutas e verduras. E era a alimentação
para a casa da minha irmã em Fortaleza. Meu pai recomendou que mais odiava na infância sempre preferia
muito ao motorista para deixar no ponto onde eu sabia chegar a tal batata frita. Enfim toda vez que era legu-
na casa da minha irmã. O barato foi que o motorista ficou com medo mes eu pegava uma folha de caderno e botava
e levou-me até a casa de minha irmã. todos os legumes e jogava debaixo da cama.
Foi muito legal e a cena do ônibus chegando e parando em frente a Lá também ficavam todas as frutas e todo o
casa da minha irmã e buzinando foi inesquecível. tipo de legume que não gostava. Mas certo
Maria Lucia Holanda de Souza
dia, esqueci de tirar debaixo da cama e acon-
teceu que quando minha mãe foi limpar lá...
Caramba! Achou tudo e quando cheguei da
escola minha mãe perguntou: E ai filha almo-
U
m dia eu estava em casa com minha babá e resolvi sair pra dar çou hoje? Comeu tudo? E eu respondi: _ Claro
um passeio sem avisar a ela. Abri a porta e saí. Perto de casa que sim!
tinha um grande shopping e resolvi entrar pra ver uns brinque- Quando cheguei no quarto estava lá tudo o
dos. Fiquei ali na loja de brinquedos me divertindo por horas. Até que que joguei fora. E pra resumi: tive que comer
alguém me viu e chamou a segurança do shopping que depois de muito um prato de legumes e verduras e de sobre-
chamar meus pais pelo alto falante resolveu chamar a polícia. Então os mesa: fruta, só para aprender a não fazer mais
policiais ficaram conversando comigo, me levaram para o Mc Donalds isso. Nossa demorei quase uma hora só pra
e me deram lanche e conversando começaram a tentar fazer com que comer e também minha mãedo meu ladinho
eu descrevesse o local onde morava. me olhando com uma “cara”. Pudera, é?
Com muito sacrifício eles conseguiram que eu explicasse onde morava
(era bem do lado) e me levaram lá. Quando minha mãe viu a viatura de Bianca Leão
polícia chegando (ela não me viu dentro) desmaiou!
A essa altura, todo estava lá em baixo, até vários vizinhos. O meu pai já
havia chamado a polícia! Quando eu saí do carro e todo mundo bateu
palmas.
D
Eu tinha 4 anos, e me lembro de tudo isso. urante a quarta série, eu falsifiquei a
assinatura da minha mãe nos bilhetes
Yan Carlos que recebia da professora por não fa-
zer os trabalhos de casa. Consegui me safar
umas duas vezes, mas na última vez, a profes-
sora desconfiou das assinaturas e chamou a
minha mãe para discutir a minha conduta. Só
N
as férias, eu e meus irmãos viajamos pra casa da minha tia, que nenhuma das duas sabia o que eu estava
que fica lá no Espírito Santo e era uma fazenda de café. Ela, fazendo. Logo depois de uma breve conversa
seu esposo e 14 filhos cuidavam da fazenda. Eu e meus irmãos, descobriram a minha “brincadeira” e minha
crianças da cidade, não sabíamos fazer nada, mas mesmo assim aju- mãe me “jurou” que quando chegássemos em
dávamos. Depois, brincávamos pela fazenda, subindo em árvore, an- casa íamos ter, como dizem os adultos, uma
dando a cavalo. À noite, fazíamos fogueira e comíamos milho assado, “conversa”.
banana e batata doce. Foram as melhores férias da minha vida. Maycon Vandré
Magda Rejane Pinto de Oliveira
E
ra um dia ensolarado quando eu e minha turma fomos ao Planetário da Gávea. Logo na entrada vimos vários planetas. Fomos a diversas
e vimos muitas coisas interessantes. Adorei tudo o que eu vi e aposto que as outras turmas também gostaram, principalmente uma sala
com forma de nave espacial. Lá podíamos ver nosso peso em cada planeta.
Muitas pessoas adoraram e eu também. O nosso passeio ao Planetário foi maravilhoso.
Yasmim Mimsay
10. Superar e CRESCER
S
ou brasileiro do subúr-
bio do Rio de Janeiro,
morador de Realengo.
Nasci em 1957 às 4 ho-
ras da manhã na maternidade
Casa da Mãe Pobre no Ria-
chuelo. Minha família de ori-
gem humilde foi instruída no
Candomblé, onde aos 7 dias de
nascido, me consagram. Tive
uma infância muito conturba-
da. Levado, costumava chegar em casa as tantas da madrugada.
Isso com 6 e 7 anos, causando grande preocupação a minha avó que
me criava.
Minha querida vovó trabalhava na casa de um juiz como faxineira e
pediu conselhos ao referido magistrado que a orientou a me colocar
num colégio interno por se muito levado.
Conseguiram um internato fora do estado do Rio de Janeiro, assim fui
para São Paulo, na cidade de Sorocaba, a noção da minha infância deu-
se nesse colégio.Lembro-me que eram muito rigorosos em se tratando
de disciplina, pois havia horário pra tudo: estudar, trabalhar, brincar e
assistir televisão. O que eu mais gostava era de cuidar dos animais e da
plantação, capinar a terra para o plantio, para depois colher.
Foram anos difíceis longe da família. Chorava de saudades. Uma vez
por ano vinha ao Rio visitá-los.
O mais difícil era voltar, chorava demais, pois queria ficar. Foram lon-
gos 7 anos retornei quando tinha 14 anos.
O SONHADOR Minha querida avó e minha mãe já são falecidas, porém sinto saudade
delas. Gostaria muito que elas estivessem vivas para verem no que deu
Pardal no campo
o levado de Realengo que em São Paulo tem apelido de “carioca pre-
to”. Sou bacharel em teologia, pós-graduado em ciência da Religião e
pastor evangélico.
Luis Fernando
E
ssa história se passa entorno de um menino franzino
e pobre, chamado Carlinhos, vulgo Pardal. Ele mora-
Q
va perto de um rio e tinha um extraordinário talento uando eu era criança
para o futebol. Nas circunstâncias econômicas que Brincadeiras eram muitas
Mas eu brinquei pouco.
E
Carlinhos se encontrava, não possuía quaisquer con-
dições de dispor dos materiais esportivos necessários a prática Não tenho saudade da minha u vivia nas ruas, moran-
do futebol. infância do com os meus pais.
Certo dia, em uma tarde ensolarada, quando chegava da escola, Tenho lembrança Teve um dia que não
Carlinhos encontrou uma bola de futebol no leito do rio, estava Mas não reclamo não teve nada para comer ai meus
suja, mas em boas condições de uso. Chegou em casa igual a um Apesar de tudo pais me pediram para ir ao
“foguete” para lavar a bola e imediatamente saiu para jogar com Somando pros e contras restaurante e pedir comida.
seus amigos, sequer retirou o uniforme de escola. Na conta, o saldo é favorável. Meus pais também bebiam
Carlinhos reuniu os amigos para jogar no “campo”, um lugar com Gabriel Romualdo muito e brigavam demais.
partes gramadas e outras de terra batida, com bois e cavalos pas- Certo dia, eu nunca mais vi
tando por perto. Logo dividiram os times da “pelada”. Cinco na meu pai.
linha e um no gol. Três gols cada partida. O vencedor continua Nesse dia, eu nunca mais os vi.
jogando. O perdedor dá lugar para o próximo time. Se a bola cair Carlos Augusto
no rio, o time de fora deve ir pegá-la de volta. Essas eram algumas
regras do jogo.
Começa a partida e já se vê o talento do menino com a bola. Um
pouco “fominha” e parecendo um Pardalzinho pulando com a
T
bola nos pés de um lado para o outro. A diversão da garotada na- inha 5 anos de idade, era a minha primeira formatura, tinha aca-
quela tarde estava garantida, muitos de seus amigos ao passarem bado de completar o Jardim 3. Minha turminha estava chaman-
perto do campo “mataram aula” para ficarem jogando futebol e do um por um. Logo percebi que junto com o aluno chamavam
zoando com os demais. também os pais para subir no palco. Logo bateu o nervosismo, porque
Durante as idas e vindas dos times, pessoas se aglomeravam em dali de cima eu procurava, procurava e não achava a minha mãe de
alguns troncos cortados que serviam de cadeiras de uma impro- jeito nenhum. Foi quando a professora chamou meu nome, insegura e
visada arquibancada. Com isso a “molecada” estava envolvida tímida por minha mãe não estar lá, me levantei fui caminhando lenta-
numa fantasia de jogarem no Maracanã ali mesmo. Isso quase mente até a professora.
sempre acontecia. Um espectador em particular estava um tanto Minha irmã na época tinha apenas 9 anos, disse que minha mãe tinha
surpreso com a dinâmica dos torcedores e, sobretudo, com al- sumido.
guns “peladeiros”. Eu nem estava prestando atenção nela, pois minha professora tinha
No começo da noite, a “pelada” já dava sinais de encerramento, acabado de me dar um anel de plástico que para mim parecia um bri-
pois a “molecada” encontrava-se com fome, sede, e as mães cha- lhante. Fui descendo, fui olhando para o anel como se o mundo não
mavam-lhes para suas respectivas moradias. existisse.
Fabio, Maycon e Carlos Paloma Nepomuceno
11. Amigos de infância
N
ão me lembro de muitos amigos na minha infância, pois eu
L
não podia sair de casa. Eram só amigos na escola e, em casa, embro de uma amiga. Nós éramos muito unidas. Uma
brincava com meus primos e minha melhor amiga, que é ia à casa da outra. Brincávamos o tempo todo, principal-
minha vizinha. Lembro-me de filmes de princesas, um sonho de ser mente na escola. Éramos da mesma turma. Isso tudo no
professora e excesso de proteção da minha mãe. Também me lembro Jardim de Infância.
de ter sido muito mimada e de ter recebido muito amor e carinho da Isso acabou, trocamos de escola e paramos de nos ver. Eu sen-
minha família. tia falta dela, mas segui em frente com amizades diferentes.
Julia Boudinho Fabiana José Marinho
C
orria muito com os meus primos. Pulava muro dos outros. Sem-
A
pre queria uma Barbie nova para brincar. Como eu era menina
os 4 anos conheci o meu primo Welerson.
e mais nova, fui um pouco mimada. Meus primos iam todos lá
Ele era filho da namorada do meu irmão.
pra casa. Era uma bagunça. Eu também não podia brincar das mesmas
Sempre nos finais de semana, quando
coisas que os meninos, mas eu perturbava e sempre brincava.
ele ia lá em casa, nós brincávamos o dia inteiro.
Juliana Barbosa
Jogávamos videogame, bolinha de gude, corría-
mos que nem uns loucos pela casa e minha mãe
sempre reclamava.
Depois de muito brincar, sempre tomávamos
E
u sempre fui a única criança no meu quintal e a Nescau e comíamos pão fresquinho da padaria
única menina, mas quando meus primos iam pra perto da minha casa. Sempre ficávamos prestan-
lá... do atenção na conversa dos mais velhos e sem-
A gente quebrava as coisas. Brincávamos de todos os pre ríamos das coisas confusas que eles falavam.
piques possíveis. Guerrinha de lama e água. Minha avó Antes de ir embora, sempre íamos pra minha
tinha um salão de festas então nós enchíamos as bolas de laje e conversávamos sobre nossos desenhos pre-
água e tacávamos uns contra os outros e nos outros tam- feridos: Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z,
bém. Jogávamos por cima do muro até o dia que acerta- Digimon... Quando ele ia embora eu ficava triste,
mos um homem. Deu uma confusão! porque ele era meu melhor amigo.
Ana Mello
Caroline Ivo Rubins
Q
uando meu irmão, meu primo e eu saíamos para andar de bici-
cleta nas ruas a gente fazia cada loucura. Apostávamos corrida.
Um dia que a gente apostou corrida foi tão engraçado. Meu ir-
mão bateu em um carro e quebrou a bicicleta do meu primo toda. Eu
quase atropelei uma velhinha. Para não matar a velhinha, eu me joguei
em cima de uma casa. E quando chegou a noite, eu, meu irmão e meu
primo morremos de tanto rir com tudo que aconteceu naquele dia.
Luiz Eduardo R. Lima
CRIANÇA merece carinho!!!
T
rabalho em uma creche municipal e venho observando o cui- A criança tem que ser vestida adequadamente, de forma bem confor-
dado que os responsáveis têm com seus filhos. tável. Ter higiene diária: banho, escovação de dentes, corte de unhas,
Alguns deixam muito a desejar e mandam as crianças com rou- roupas limpas e etc.
pas sujas, sem banho, com unhas grandes e etc. Todas as crianças devem ser vacinadas.
Este tema me incomoda muito porque sei que criança merece ser cui- No dia-a-dia das crianças todos esses cuidados devem ser tomados
dada, amada e acolhida e tem que ter os seus direitos garantidos como para que elas sejam felizes.
qualquer outro cidadão. Mas o cuidado maior é a atenção dedicada a elas.
A interação social é o ponto básico no desenvolvimento dos pequenos. Tratem seus filhos com amor e carinho.
A importância da presença e do cuidado dos pais e daqueles que fazem Brinquem, incentivem sua imaginação e o diálogo.
parte de seu dia-a-dia é essencial para que elas cresçam saudáveis. Deixe a criança ser criança! È bom demais!
Crianças têm algumas necessidades básicas que devem ser atendidas Nutrir a criança? Sim.
sempre, principalmente, alimentação. Mas não só com leite e pão.
Lamentável saber que muitas crianças passam necessidades e que É preciso acariciá-la, embalá-la, massageá-la, abraçá-la, amá-la...
algumas até morrem de fome.
Poliane Cristina