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CONTRAPONTO
AVidadeJurema
Canaldevendas
Brigadetorcida
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PRAÇA DO CONHECIMENTO apresenta:
Magra, antipática, barraqueira e de personalidade forte, Jurema era conhecida por
todos os moradores da Nova Brasília. Por causa de um trauma familiar, Jurema
ficou extremamente desequilibrada (tomava calmantes regularmente) e para se
sustentar criou uma nova profissão. Todas as noites, Jurema dormia na fila do PAM
de Del Castilho para guardar vagas e vender para os moradores do Complexo do
Alemão.
Os pacientes com
consulta marcada
ficavam sentados na
cadeira, ela marcava
com um pedaço de
papel e ninguém
sentava.
A Vida de Jurema
O juiz apita (pipipipi...) começa a partida.
No início do 1° tempo as provocações são imperdoáveis, o
que era para ser uma diversão acaba se tornando um con-
fronto entre as torcidas organizadas, a violência parece evo-
luir com o tempo. Refém do medo, volto para casa antes do
término da partida.
Em casa cansada, ligo a televisão e sem procurar o que ver,
deparo-me com um canal que transmite uma entedian-
te partida de futebol entre times europeus. Detenho-me e
acabo por viajar em meus pensamentos. Lembro-me do dia
em que meu irmão, na época adolescente, levou-me para ver
o seu time de futebol jogar e não faz tanto tempo assim, o
meu irmão torcia pelo time da casa. Diferentemente de hoje,
adentramos o estádio por um único portão e todos dividiam
a mesma arquibancada. Quando uma situação relevante ao
time acontecia, a torcida do mesmo erguia-se e a outra per-
Esta publicação é uma produção coletiva dos alunos dos cursos da Praça do Conhecimento – Nova Brasília.
As histórias foram inspiradas em textos criados por alunos dos cursos de Áudio Digital, Computação Gráfica,
Design Gráfico, Fotografia, Vídeo, Tecnologia da informação e Web Design.
A Vida de Jurema
texto: Saúde
Cenas da história de Jurema. Moradora de Nova Brasília,
falecida há cerca de dois anos, ela ficou conhecida por vender
senhas e lugares na fila do atendimento médico no PAM de
Del Castilho aos moradores do Complexo do Alemão.
Contraponto
texto: Nosso Alemão é mais Complexo
Conversa entre amigos sobre problemas que afetam o cotidiano dos mora-
dores do Complexo do Alemão
Cenas dramatizadas por alunos de Computação Gráfica, Fotografia, Vídeo e
Tecnologia da Informação.
Captação e Edição de imagens: Alunos de Fotografia.
Canal de Vendas
texto: Celular
Comercial do celular do futuro e de suas novas funções.
Um� �ra�é�i� ���n�iad�
SAÚDE!
manecia sentada. Essa era a demonstração de contrariedade
dos times.
Voltei ao momento atual e senti tristeza, pois me lembrei de
um amigo que portava a camisa do seu amado time e, senta-
do no portão de sua casa num bairro do subúrbio, esse rapaz
que curtia a vitória – solitariamente – foi literalmente agre-
dido por um grupo de rapazes inconformados com a derrota
e, covardemente, o colocou em risco de morte, pois o mesmo
tinha certeza que não sairia da situação com vida. Interna-
do, permaneceu no hospital por um longo período, enquanto
os agressores – recalcados – partem para outras desafiado-
ras e assustadoras situações. Tudo isso sem apreensões, sem
punições e pior, sem atendimento adequado para as vítimas
das agressões, muito pelo contrário o agredido foi afrontado
pelos funcionários do hospital que diziam: - Se estivesse em
casa isso não aconteceria, vamos privilegiar outros pacientes.
No passado era bem mais difícil encontrar recursos e hospitais para ser atendido. Não existiam tantos especialistas, porém
um médico era capaz de nos atender e ajudar.
Os hospitais públicos sempre tiveram superlotação, falta de remédios e de médicos.
Hoje em dia, podemos ver que existem muitos especialistas e mais hospitais estão sendo construídos, criando “polos” de
atendimento como UPAs e Clínicas da Família. Porém não há nestes locais atendimento 100% eficaz. Ainda faltam médicos
e profissionais capacitados para realizar exames. Pois do que adianta ter um hospital de primeira categoria e quando um
paciente chega não consegue ser atendido? Do que adianta o médico passar um remédio e na farmácia está sempre em falta?
Esperamos que no futuro possamos ver uma melhora na saúde. Que mais profissionais se capacitem e que ao chegar aos
hospitais possamos ter um atendimento digno. Que não passemos sufoco para ter remédio, para fazer um exame. Que nosso
direito a ter uma saúde digna seja realmente feito.
Briga de Torcida: A Lembrança de Pietra
texto: Uma Tragédia Anunciada
Ficção. Jovem lembra-se da morte do irmão em uma disputa de torcidas
no fim do jogo de futebol.
Cenas dramatizadas por alunos de Computação Gráfica, Fotografia, Vídeo e
Tecnologia da Informação.
Captação de Imagens: Alunos de Fotografia
Edição e Finalização: Alunos de Computação Gráfica
Jurema guardava lugar na fila com galhos de árvores
e ninguém tomava!
Na saída, seus clientes pagavam, além do combinado,
café com bolo ou cigarro à varejo.
Ela cobrava de 20 e 50
reais, dependendo da
especialidade.
NOSSO ALEMÃO É
MUITO MAIS COMPLEXO
Ao andar pelas ruas da favela todos os dias nos perguntávamos por que em alguns centros urbanos
poderia haver calçadas pavimentadas? Ruas de asfalto liso? Educação? Cultura? Por que dentro do
“nosso” ambiente não poderia haver uma melhor estrutura?
Uma melhor qualidade de vida?
A tecnologia revolucionou a vida de muitos. Não é possível ser um país desenvolvido,
sem tecnologia.
Tornou-se possível se comunicar de uma maneira mais fácil. Com o surgimento do telefone a
comunicação evoluiu. O celular deixou de ser uma caixa enorme com funções básicas.
Hoje, o celular está cada vez mais acessível e é possível encontrar todos os tipos, modelos e marcas,
com acesso à internet, redes sociais, comando de voz, além de tirar fotos, postar direito nas redes
sociais, enviar e-mail, pagar contas e inúmeros jogos.
Os celulares têm design mais moderno e bonito.
Imaginar o celular do futuro é uma tarefa muito difícil, pois já é bem evoluída a tecnologia. É algo
surreal, mas pode ser que no futuro o celular seja mais barato e com acesso mais rápido à internet.
Se no presente o celular é uma ferramenta com tecnologia surpreendente, imaginarmos como será
no futuro...
“Pode ser a prova d água com sensor para identificar o dono e desbloqueio automático?”
Tecnologia é uma caixinha de surpresa.
CELULAR
Escadas mal acabadas, montanhas de lixo, esgoto à céu
aberto, pessoas vendendo drogas... Pessoas comprando
drogas... Pessoas drogadas... Pessoas ilegalmente
armadas.Tiroteiodemanhã,àtarde,ànoite,madrugada
à dentro.
Putz! Cadê a PAZ? Eram tentativas em vão de acabar
com o “comando”.
Cidadãos com medo, crianças protegidas em casa,
escolas fechadas, postos médicos fechados, comércio
fechado. Era complexo viver no Complexo!
No final de 2010, com a entrada das Forças Armadas
acreditávamos que seria mais uma tentativa em vão.
Bem, estávamos enganados!
Neste mesmo ano, aconteceram as obras do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento). Moradores
do Complexo foram contratados para uma nova
realidade. Casas foram indenizadas e demolidas para
projetos arquitetados. Saem casas e montanhas de
entulho e lixo se aglomeram.
A paisagem já não era a mesma. Olhávamos e a
lembrança era pós-guerra: Iraque!
Escadas em obra, passagens fechadas, obras para
todos os lados, o nosso problema agora se chamava
“paciência”.
O tempo passou as mudanças começaram a aparecer.
O tráfico, já não víamos mais, porém continuava a
existir. As vielas ganharam uma pavimentação.
A praça da Nova Brasília já não lembrava mais aquela
onde era o centro comercial do pó e cia. Agora existe
cultura. Entrou o cinema, a Praça do Conhecimento, a
praça com brinquedos, a quadra para vôlei e futebol da
garotada.
Obras para o teleférico melhoraram a transição para
alguns moradores e a entrada de turistas de toda a
parte do mundo.
Os problemas para alguns passaram, para outros
continuaram...É isso mesmo! Porque com tantas
mudanças ainda existem muitas melhorias a serem
feitas.
O lixo é uma delas. Em muitos pontos da favela, onde
deveriam ter caçambas e coleta de lixo, simplesmente
não existem! Alguns acessos dentro das comunidades
continuam “na mesma”, e alguns em piores condições
devido ao tempo e ao abandono!
A segurança para andar dentro do Complexo parece
uma utopia, porque policiais andando em patrulha
com armamento em punho não nos traz PAZ! Não nos
traz essa sensação que buscamos tanto. Não nos traz
segurança.
Existe uma melhoria sim, que é visível. Mas existe
também um submundo a ser descoberto pela mídia,
por pessoas interessadas em ajudar e trazer melhorias
para todo o Complexo!
E que Deus nos abençoe!
_ Ei cara vão aumentar o teleférico
para 5 reais!
_ É mano, porém os moradores tem
como continuar pagando
1 real. É só se cadastrar!
TORCIDA 02
Joselito e Garibaldi são moradores do Complexo do Alemão.
Os dois sempre se encontram no fim de semana para colocar
os assuntos em dia e conversar sobre os problemas do bairro.
_ Aí está o problema, nem todos são
cadastrados e vão ter que se cadastrar.
E como ficam os parentes daqueles que
moram aqui, vão ter que pagar 5 reais?
_ Você está reclamando de quê? O
teleférico não está ajudando o Turismo?
_ Pra quem vem de fora está uma maravilha,
mas ainda precisa de muitas melhorias.
_ Temos que mudar de cara, senão
sempre vai continuar do mesmo jeito.
Temos que falar, de protestar.
_ Mas será que só denunciar irá mudar?
Por que toda esta realidade já é de
conhecimento do povo daqui. Acho que
precisamos de uma revolução cultural.
Fomentar a produção cultural
na comunidade.
Mas quem vai propor isso?
_ Bem, acho que nós já temos pelo
menos alguns dispostos a isso aqui!
_ E o PAC,? Ficou um bando de
terreno não acabado com esse lixo
todo a céu aberto,. Uma lástima!
_ Sem falar nos espaços não
utilizados, onde poderiam ser
construídos lugares destinados a
Cultura e a Saúde e que viraram
justamente depósito de lixo.
_ Estou aqui pensando... Por
que o PAC não melhorou minha
vida? Ruas mal conservadas, sem
calçadas e esgoto à céu aberto...
_ Mas não é isso que eu vejo na TV!
_ É claro! A TV não mostra o que
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  • 2. Magra, antipática, barraqueira e de personalidade forte, Jurema era conhecida por todos os moradores da Nova Brasília. Por causa de um trauma familiar, Jurema ficou extremamente desequilibrada (tomava calmantes regularmente) e para se sustentar criou uma nova profissão. Todas as noites, Jurema dormia na fila do PAM de Del Castilho para guardar vagas e vender para os moradores do Complexo do Alemão. Os pacientes com consulta marcada ficavam sentados na cadeira, ela marcava com um pedaço de papel e ninguém sentava. A Vida de Jurema O juiz apita (pipipipi...) começa a partida. No início do 1° tempo as provocações são imperdoáveis, o que era para ser uma diversão acaba se tornando um con- fronto entre as torcidas organizadas, a violência parece evo- luir com o tempo. Refém do medo, volto para casa antes do término da partida. Em casa cansada, ligo a televisão e sem procurar o que ver, deparo-me com um canal que transmite uma entedian- te partida de futebol entre times europeus. Detenho-me e acabo por viajar em meus pensamentos. Lembro-me do dia em que meu irmão, na época adolescente, levou-me para ver o seu time de futebol jogar e não faz tanto tempo assim, o meu irmão torcia pelo time da casa. Diferentemente de hoje, adentramos o estádio por um único portão e todos dividiam a mesma arquibancada. Quando uma situação relevante ao time acontecia, a torcida do mesmo erguia-se e a outra per- Esta publicação é uma produção coletiva dos alunos dos cursos da Praça do Conhecimento – Nova Brasília. As histórias foram inspiradas em textos criados por alunos dos cursos de Áudio Digital, Computação Gráfica, Design Gráfico, Fotografia, Vídeo, Tecnologia da informação e Web Design. A Vida de Jurema texto: Saúde Cenas da história de Jurema. Moradora de Nova Brasília, falecida há cerca de dois anos, ela ficou conhecida por vender senhas e lugares na fila do atendimento médico no PAM de Del Castilho aos moradores do Complexo do Alemão. Contraponto texto: Nosso Alemão é mais Complexo Conversa entre amigos sobre problemas que afetam o cotidiano dos mora- dores do Complexo do Alemão Cenas dramatizadas por alunos de Computação Gráfica, Fotografia, Vídeo e Tecnologia da Informação. Captação e Edição de imagens: Alunos de Fotografia. Canal de Vendas texto: Celular Comercial do celular do futuro e de suas novas funções. Um� �ra�é�i� ���n�iad� SAÚDE! manecia sentada. Essa era a demonstração de contrariedade dos times. Voltei ao momento atual e senti tristeza, pois me lembrei de um amigo que portava a camisa do seu amado time e, senta- do no portão de sua casa num bairro do subúrbio, esse rapaz que curtia a vitória – solitariamente – foi literalmente agre- dido por um grupo de rapazes inconformados com a derrota e, covardemente, o colocou em risco de morte, pois o mesmo tinha certeza que não sairia da situação com vida. Interna- do, permaneceu no hospital por um longo período, enquanto os agressores – recalcados – partem para outras desafiado- ras e assustadoras situações. Tudo isso sem apreensões, sem punições e pior, sem atendimento adequado para as vítimas das agressões, muito pelo contrário o agredido foi afrontado pelos funcionários do hospital que diziam: - Se estivesse em casa isso não aconteceria, vamos privilegiar outros pacientes. No passado era bem mais difícil encontrar recursos e hospitais para ser atendido. Não existiam tantos especialistas, porém um médico era capaz de nos atender e ajudar. Os hospitais públicos sempre tiveram superlotação, falta de remédios e de médicos. Hoje em dia, podemos ver que existem muitos especialistas e mais hospitais estão sendo construídos, criando “polos” de atendimento como UPAs e Clínicas da Família. Porém não há nestes locais atendimento 100% eficaz. Ainda faltam médicos e profissionais capacitados para realizar exames. Pois do que adianta ter um hospital de primeira categoria e quando um paciente chega não consegue ser atendido? Do que adianta o médico passar um remédio e na farmácia está sempre em falta? Esperamos que no futuro possamos ver uma melhora na saúde. Que mais profissionais se capacitem e que ao chegar aos hospitais possamos ter um atendimento digno. Que não passemos sufoco para ter remédio, para fazer um exame. Que nosso direito a ter uma saúde digna seja realmente feito. Briga de Torcida: A Lembrança de Pietra texto: Uma Tragédia Anunciada Ficção. Jovem lembra-se da morte do irmão em uma disputa de torcidas no fim do jogo de futebol. Cenas dramatizadas por alunos de Computação Gráfica, Fotografia, Vídeo e Tecnologia da Informação. Captação de Imagens: Alunos de Fotografia Edição e Finalização: Alunos de Computação Gráfica
  • 3. Jurema guardava lugar na fila com galhos de árvores e ninguém tomava! Na saída, seus clientes pagavam, além do combinado, café com bolo ou cigarro à varejo. Ela cobrava de 20 e 50 reais, dependendo da especialidade. NOSSO ALEMÃO É MUITO MAIS COMPLEXO Ao andar pelas ruas da favela todos os dias nos perguntávamos por que em alguns centros urbanos poderia haver calçadas pavimentadas? Ruas de asfalto liso? Educação? Cultura? Por que dentro do “nosso” ambiente não poderia haver uma melhor estrutura? Uma melhor qualidade de vida? A tecnologia revolucionou a vida de muitos. Não é possível ser um país desenvolvido, sem tecnologia. Tornou-se possível se comunicar de uma maneira mais fácil. Com o surgimento do telefone a comunicação evoluiu. O celular deixou de ser uma caixa enorme com funções básicas. Hoje, o celular está cada vez mais acessível e é possível encontrar todos os tipos, modelos e marcas, com acesso à internet, redes sociais, comando de voz, além de tirar fotos, postar direito nas redes sociais, enviar e-mail, pagar contas e inúmeros jogos. Os celulares têm design mais moderno e bonito. Imaginar o celular do futuro é uma tarefa muito difícil, pois já é bem evoluída a tecnologia. É algo surreal, mas pode ser que no futuro o celular seja mais barato e com acesso mais rápido à internet. Se no presente o celular é uma ferramenta com tecnologia surpreendente, imaginarmos como será no futuro... “Pode ser a prova d água com sensor para identificar o dono e desbloqueio automático?” Tecnologia é uma caixinha de surpresa. CELULAR Escadas mal acabadas, montanhas de lixo, esgoto à céu aberto, pessoas vendendo drogas... Pessoas comprando drogas... Pessoas drogadas... Pessoas ilegalmente armadas.Tiroteiodemanhã,àtarde,ànoite,madrugada à dentro. Putz! Cadê a PAZ? Eram tentativas em vão de acabar com o “comando”. Cidadãos com medo, crianças protegidas em casa, escolas fechadas, postos médicos fechados, comércio fechado. Era complexo viver no Complexo! No final de 2010, com a entrada das Forças Armadas acreditávamos que seria mais uma tentativa em vão. Bem, estávamos enganados! Neste mesmo ano, aconteceram as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Moradores do Complexo foram contratados para uma nova realidade. Casas foram indenizadas e demolidas para projetos arquitetados. Saem casas e montanhas de entulho e lixo se aglomeram. A paisagem já não era a mesma. Olhávamos e a lembrança era pós-guerra: Iraque! Escadas em obra, passagens fechadas, obras para todos os lados, o nosso problema agora se chamava “paciência”. O tempo passou as mudanças começaram a aparecer. O tráfico, já não víamos mais, porém continuava a existir. As vielas ganharam uma pavimentação. A praça da Nova Brasília já não lembrava mais aquela onde era o centro comercial do pó e cia. Agora existe cultura. Entrou o cinema, a Praça do Conhecimento, a praça com brinquedos, a quadra para vôlei e futebol da garotada. Obras para o teleférico melhoraram a transição para alguns moradores e a entrada de turistas de toda a parte do mundo. Os problemas para alguns passaram, para outros continuaram...É isso mesmo! Porque com tantas mudanças ainda existem muitas melhorias a serem feitas. O lixo é uma delas. Em muitos pontos da favela, onde deveriam ter caçambas e coleta de lixo, simplesmente não existem! Alguns acessos dentro das comunidades continuam “na mesma”, e alguns em piores condições devido ao tempo e ao abandono! A segurança para andar dentro do Complexo parece uma utopia, porque policiais andando em patrulha com armamento em punho não nos traz PAZ! Não nos traz essa sensação que buscamos tanto. Não nos traz segurança. Existe uma melhoria sim, que é visível. Mas existe também um submundo a ser descoberto pela mídia, por pessoas interessadas em ajudar e trazer melhorias para todo o Complexo! E que Deus nos abençoe!
  • 4. _ Ei cara vão aumentar o teleférico para 5 reais! _ É mano, porém os moradores tem como continuar pagando 1 real. É só se cadastrar! TORCIDA 02 Joselito e Garibaldi são moradores do Complexo do Alemão. Os dois sempre se encontram no fim de semana para colocar os assuntos em dia e conversar sobre os problemas do bairro. _ Aí está o problema, nem todos são cadastrados e vão ter que se cadastrar. E como ficam os parentes daqueles que moram aqui, vão ter que pagar 5 reais? _ Você está reclamando de quê? O teleférico não está ajudando o Turismo? _ Pra quem vem de fora está uma maravilha, mas ainda precisa de muitas melhorias.
  • 5. _ Temos que mudar de cara, senão sempre vai continuar do mesmo jeito. Temos que falar, de protestar. _ Mas será que só denunciar irá mudar? Por que toda esta realidade já é de conhecimento do povo daqui. Acho que precisamos de uma revolução cultural. Fomentar a produção cultural na comunidade. Mas quem vai propor isso? _ Bem, acho que nós já temos pelo menos alguns dispostos a isso aqui! _ E o PAC,? Ficou um bando de terreno não acabado com esse lixo todo a céu aberto,. Uma lástima! _ Sem falar nos espaços não utilizados, onde poderiam ser construídos lugares destinados a Cultura e a Saúde e que viraram justamente depósito de lixo. _ Estou aqui pensando... Por que o PAC não melhorou minha vida? Ruas mal conservadas, sem calçadas e esgoto à céu aberto... _ Mas não é isso que eu vejo na TV! _ É claro! A TV não mostra o que não dá audiência!