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ANEXO I
RESENHA
FERREIRO, E; TEBEROKY, A. Psicogênese da língua escrita. São Paulo: Artmed, 1999.
Cíntia de Souza Adelino - UEM1
Simoni de Souza Adelino Jorge - UEM2
O livro Psicogênese da Língua Escrita trata de uma pesquisa desenvolvida pelas
autoras Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi e Ana Teberosky. Ambas adotam a teoria
piagetiana, e a partir de 1974, na Universidade de Buenos Aires, desenvolveram uma série de
atividades com crianças que deu origem a obra em questão, que foi publicada em 1984,
originalmente em espanhol, com o título Los sistemas em el desarrollo del niño.
A presente resenha foi elaborada a partir da edição comemorativa dos vinte anos de
publicação, no qual se tornou um grande clássico da psicologia e da pedagogia. A obra
apresenta os processos de aprendizagem das crianças, chegando a conclusões que puseram em
questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita. De acordo com as autoras,
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: cintia-
adelino@hotmail.com.
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
simoni.souza_65@hotmail.com.
2
[...] objetivo deste livro é mostrar que existe uma nova maneira de considerar
esse problema. Pretendemos demostrar que a aprendizagem da leitura,
entendida como o questionamento a respeito da natureza, da função e do valor
do objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que a escola
imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Pretende-se ainda
demonstrar que além dos métodos, dos manuais, dos recursos didáticos, existe
um sujeito buscando a aquisição de conhecimento; sujeito esse que se propõe
problemas e trata de soluciona-los seguindo sua própria metodologia.
Essa é uma obra da psicologia e contribui muito para pesquisadores que possuem
objetivos semelhantes ao das autoras, ou seja, mostrar a interação do sujeito com a escrita. A
partir de seus estudos as autoras buscaram responder alguns questionamentos a cerca da
aquisição da técnica de leitura e escrita, já que mesmo que inconsciente o homem faz uso do
alfabeto para se comunicar através da fala. Porém, confronta as diferentes situações sociais entre
crianças de Classe Baixa (CB) e crianças de Classe Média (CM) e parte desse pressuposto para
analisar o fracasso escolar nas series iniciais e a alta taxa de evasão escolar.
As pesquisadoras destacam logo no início do livro que a atividade de ensinar a ler e a
escrever continuava sendo, assim como ainda hoje, uma das tarefas mais especificamente
escolares. Elas chamam a atenção para o fato de que, à época, um número muito significativo de
crianças fracassava nos primeiros anos da alfabetização. Mobilizadas por essa situação, as
pesquisadoras escreveram o livro, com o objetivo de mostrar que existia uma nova maneira de
considerar tal fato. Tinham a intenção de explicar que a aprendizagem da leitura, compreendida
como o questionamento a respeito da natureza, função e valor desse objeto cultural que é a
escrita, começa antes do que a escola concebia, ocorrendo por insuspeitados caminhos.
A pesquisa chama a atenção para a existência de um sujeito-criança que busca a
aquisição de conhecimento (língua escrita), que se propõe problemas e trata de os solucionar,
seguindo sua própria metodologia. A partir dos resultados da investigação, foi possível às
pesquisadoras constatar que o processo de aprendizagem das crianças pode ir por vias
insuspeitadas para o docente. A pesquisa foi realizada com crianças da cidade de Buenos Aires
com idades entre 4, 5 e 6 anos na primeira parte da pesquisa foram entrevistadas 108 crianças já
na segunda parte entrevistaram mais de 800 crianças. Dessa forma propuseram também a
mostrar que a criança por mais simples que seja ao chegar às instituições de ensino já carregam
alguns conhecimentos de leitura e escrita no qual inda não possuem consciência do uso cultural
e sua real significação social, pois já são capazes de reconhecer alguns símbolos, cartazes e ate
3
mesmo rótulos e embalagens. Outro fator muito importante que as autoras levam em
consideração são os diferentes momentos na aprendizagem da lecto-escrita, a mesma coloca se
em níveis diferentes. Diante desse fato as autoras ainda apontam os problemas de metodologia
de ensino e as disputas entre métodos de ensino existentes.
Ferreiro e Teberosky afirmam que os métodos de ensino de leitura e escrita confrontam
se em disputas constantemente na briga para provar qual o melhor método alfabetizador o
sintético, analítico ou o fonético, porem dessa forma o que se constatou foi que sempre acabava
por privilegiar uma habilidade em particular e deixando de lado as outras funções, ignorando a
competência linguística e as capacidades cognitivas das crianças na qual fazem relações com a
teoria de inteligência de Piaget. Assim seguiram a pesquisa pautada no método clinico
desenvolvido por Piaget no qual apresentavam figuras as crianças e pediam para identificar e
posteriormente pediam que escrevessem, as crianças passavam por processos de percepção,
identificação, classificação e interpretação.
No decorrer da pesquisa observou crianças em vários níveis o que possibilitou a
percepção da dificuldade da criança nesse momento de aquisição de leitura e escrita. O processo
de diferenciação entre desenhos e letras, posteriormente a diferenciação entre as próprias letras,
Ferreiro e Teberosky denomina esse momento de pré-silábico, passando para o silábico
alfabético ate chegar de fato ao alfabético.
Este livro foi dividido em oito capítulos para que de fato as autoras pudessem relatar a
experiência vivenciada por elas e pelas crianças. No primeiro capítulo elas relatam um
panorama geral da educação na América latina, apresentando os métodos tradicionais do ensino
de leitura e escrita, e ainda frisa a importância da teoria de Piaget nessa busca de compreensão
desses processos levando em conta a psicolinguística contemporânea.
No segundo capítulo demonstram os aspectos formais do grafismo, observando as
características formais que deve possuir um texto para permitir a leitura, respeitando os
principais mecanismos sendo eles: letras, números e os sinais de pontuação. Devendo sempre se
organizar em variação e quantidade de caracteres, estabelecer relação entre números letras e
reconhecer uma a uma de maneira individual, criando e estabelecendo distinção entre letras e
sinais de pontuação adotando critérios de orientação espacial da leitura.
O terceiro capítulo aborda sobre a leitura como imagem, ou seja, apresentando a escrita
como objeto substituto, mostrando que no inicio as crianças não conseguem definir de fato as
4
diferenças entre desenho e escrita, acreditando na possibilidade da escrita como rótulo do
desenho nos quais as propriedades dos textos fornecem indicadores que possibilitam a sustentar
a antecipação feita a partir da imagem, propiciando mais tarde a leitura de orações através da
diferenciação entre desenho e escrita e propriedades gráficas. Dentro desse capítulo ainda
buscam responder a busca de correspondência termo a termo entre os fragmentos gráficos e as
suas segmentações sonoras, ou seja, segmentos silábicos e gráficos, assim também estabelece a
busca pela progressão evolutiva das crianças e analisam a leitura de palavras e orações.
O quarto capítulo contempla a leitura sem imagem e a interpretação dos fragmentos dos
textos priorizando as separações entre as palavras da nossa escrita e ainda coloca o ponto de
vista da criança e suas superações a partir da leitura de uma oração e a distribuição e elaboração
de respostas. Já no quinto capítulo as autoras apresentam os atos de leitura à interpretação da
leitura silenciosa, em voz alta e a contextualização entre o começo de diferenciação entre a
língua oral e a língua escrita.
O sexto capítulo fala da evolução da escrita, e a distribuição dos níveis de escrita por
idade e procedência social e as transformações de nomes e faz um comparativo de como as
crianças escrevem sem a ajuda escolar, os próprios nomes e como essas mesas crianças
escrevem os nomes com ajuda escolar. O sétimo capítulo contempla e demostra a ideologia e o
dialeto que estão embutidos dentro da leitura.
O oitavo capítulo contextualiza toda trajetória percorrida durante a pesquisa e faz
conclusões a cerca dos problemas que as crianças colocam; fala da necessidade de entender que
todo trajeto de leitura como decifrado, copia e coloca ainda progressos da lectoescrita com
avanços no decifrado e na exatidão da copia gráfica. Mostra também as consequências
pedagógicas e as soluções históricas dadas ao problema da escrita e suas implicações.
Considerando o percurso realizado pelas autoras, o tempo em que se dedicaram a obra,
vimos a contribuição importante para o professor e para o psicólogo no que diz respeito
formação da linguagem de uma criança dentro de uma abordagem piagetiana. Contribui
trazendo novas questões evolutivas aos contextos das diferentes histórias porém a criança que
esta lá é a mesma criança ao qual Piaget sempre se reportou, as autoras replicam assim a ideia
de Piaget.
ANEXO II
RESENHA
SMOLKA, A. L. B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo
discursivo. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
Glaysi Kelly dos Santos - UEM1
Este trabalho visa apresentar a obra da autora onde ela realizou o trabalho, na rede oficial
de ensino de Campinas, contou nos anos de 1983, 1984 e 1985, com o auxílio financiado do
INEP, SESU e FLE, como “Projeto de Incentivo à Leitura: Subsídios Metodológicos para
professores da Primeira Série do Primeiro Grau”.
Este livro foi escrito em sua primeira edição no ano 1988. A obra está estruturada em
cinco partes com subtítulos, a qual começa partindo, de alguns pontos de partida para discursão
do assunto, fazendo um percurso no trabalho, das relações entre salas de aula e ensino,
discutindo também alguns pontos de vista da emergência do discurso na escritura inicial e as
interlocuções.
A primeira parte do livro segundo Smolka, o processo de alfabetização tem se mostrado
uma das questões sociais mais fundamentais por suas implicações políticos e econômicos
evidenciados instrumento e vínculo com as políticas educacionais com uma ideologia que
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: glay.si@hotmai.com
6
democratizou a alfabetização em nossa sociedade que se criou uma ilusão de vagas para todos,
ou seja, alfabetização pela escolarização no processo de produção em massa as práticas
pedagógicas. Ou seja, se criou uma ilusão que há vagas para todos no sistema de ensino que
todos são ensinados e alfabetizados.
Neste cenário Smolka, com sua pesquisa sobre linguagem escrita e alfabetização e
leitura como processo discursivo trata da seguinte questão da alfabetização de dar condições de
se comunicar, interagir saber se colocar tem em situação e condições de falante e ouvinte,
souber ler e interpretar um texto e escrito, visto que estas condições só se tomam possível, por
meio da alfabetização e o ensino da linguagem escrita.
Smolka não aponta um caminho como modelo pronto de se alfabetizar as crianças ao
contrário nos aponta caminhos para chegar até um caminho, mas eficaz. Desta feita o processo
discursivo que e saber fazer uso da comunicação é um processo de interlocução que dar
condições para o sujeito se interagir por meio da fala e da escrita.
As dimensões do discurso vão além da própria comunicação e da fala partem de outros
discursos como: o discurso interior que é a alfabetização antes da escrita, ou seja, são
concepções antônimas adquiridas pela criança pelo meio sócia- cultura construída fora do
espaço escolar, que não deixam de ser conhecimento, este discurso interior parte da própria
criança, e já o discurso escrito que e a comunicação já representada pela escrita, e onde a
criança já produziu seu discurso interior sistematizou a fala em sua mente e com o discurso
escrito ela representa o que até então era só pra si em sua mente.
Na segunda parte a autora tratou da questão das salas de aula e ralações com o ensino,
para ela a alfabetização implica leitura e escrita como momentos discursivos do próprio
processo de aquisição também vão se dando numa sucessão de momentos discursivos de
interlocuções, de interação.
A questão apontada pela autora é que as escolas desde muito tempo vêm desenvolvendo
um processo de alfabetização com moldes tradicionais e convencionais como, por exemplo, em
grande parte sem generalizar as escolas, elas alfabetizam por meio da silabação que é pela
sílaba a alfabetização e pela palavração que é pela palavra a alfabetização.
Para Smolka, estes métodos de se alfabetizar precisam ser repensados e analisado para se
tornar eficaz o ensino, porque a alfabetização não se baseia simplesmente ensinar a ler e
7
escrever, mas sim ensinar conteúdos relevantes para a formação da criança e não só ler e
escrever como formação fundamental.
Neste contexto, as políticas públicas decorrentes as necessidades de ser ter um modelo a
seguir como guia para o educador (as) como manual que auxiliaria as práticas pedagógicas do
educador (a) e que facilitaria a aprendizagem do aluno e que surge neste debate o livro didático
para ampliar o ensino nas escolas.
Como já dito, o livro didático entra em ação para facilitar o trabalho do educador e para
as crianças em especial uma fonte de conhecimento de mundo. Porém segundo a autora será
mesmo que o livro apresentado para as crianças alunos e alunas como fonte de conhecimento de
mundo tem realmente funcionamento, conteúdo vinculados para suprir as necessidades do
apender.
Já na terceira parte a autora discute pontos de vista, Smolka se apresenta nestas
perspectivas considerando a linguagem escrita mais que um instrumento, mais sim uma fase de
interação e interlocução. No movimento das interações sociais e nos momentos das
interlocuções, a linguagem escrita ela se cria, transforma, constrói, como conhecimento
humano.
Sendo assim, Smolka, quando apresenta a alfabetização como processo discursivo, ela
trata da questão que a alfabetização não tem um modelo único, porém, por meio da
alfabetização que aprendemos a se comunicação sendo pela linguagem falada ou escrita.
Entretanto as instâncias das dimensões interdiscursivas, a emergência da escritura como
prática discursiva faz com que a criança elabore a escrita como forma de diálogo possibilitando
momentos do discurso da linguagem escrita.
Outro apontamento que a autora levantou foi na quarta e quinta parte do texto onde ela
demostra sua preocupação com a emergência do discurso na escrita inicial.
A autora parte dos pressupostos teóricos de Vygotsky, onde ele contextualiza que o
sujeito é um ser social que depende do meio para se desenvolver que o mesmo acredita que a
figura do adulto para criança ou seu papel com mediador é imprescindível na relação da
formação, criação e desenvolvimento humano da criança.
Vygotsky analisa então a escrita com a forma de linguagem levando em conta a
dimensão discursiva da escrita, sendo assim a linguagem não pode ser vista como um processo
8
mecânico, mas um processo social. A alfabetização também não deve ser entendida como
aprendizagem de escrita, leitura, palavras e orações somente.
O processo de alfabetização impõe necessidades de uma nova relação e visão de ensino,
segundo a outrora a alfabetização e pautada na prática discursiva da escrita.
Smolka propõe em sua obra por meio de sua pesquisa realizada com crianças, entender
como são colocados os procedimentos do ensino e da leitura nas escolas, e como os educadores
desenvolver o trabalho em sala de aula.
O grande erro das escolas e dos educadores (as) eles esperam que as crianças já cheguem
à escola sabendo tudo, em uma entrevista com cada criança os primeiros meses de cada revelou
que: todos tinham experiências com a escrita, porém não esclarecimento, mas queriam aprender.
Mas para aprenderem é preciso estimular as crianças dar oportunidades para mostrarem
que são capazes de aprender a ler e escrever. Smolka como já dito não traz um modelo pronto
para seguimos, mas em especial apontou sua preocupação com o ensino em especial nas séries
inicias que é o primeiro contato da criança com o ensino sistematizado.
Para a autora na fase inicial e onde a criança começa a entender que tudo que elas sabem
falar tem uma palavra que representa sua fala. Portanto a questão da relação pedagógica e dos
procedimentos da escola e que tem se ensinado para as crianças a escrever, e não fazer menção
a dizer – e sim, repetir – palavras e frases pela escritura. Porém a escola não percebe que este
procedimento faz com que crianças que não conseguem aprender com esta metodologia sejam
banidas e rotuladas como crianças problemas.
As escolas jugam e culpa as crianças de não estarem aprendendo por falta de
incompetência, défice de atenção falta de comportamento entre outros, mas nunca param para
pensar se de fato a culpa de não aprender e somente da criança ou da escola.
A escola é um espaço entendido pela sociedade com espaço de transmitir conhecimento
de mundo para as crianças e formar um sujeito com capacidades para poder viver em igualdade,
sendo assim a escola não dever se remeter só no ensinar a ler a escrever, esperando que os
mesmos se tornem leitores e escritores.
A escola deve então proporcionar um espaço de descobertas para as crianças ensina uma
leitura eficaz e não de memorização, afinal existem várias e inúmeras formas de se trabalhar
para se desenvolver aprendizagem da leitura e alfabetizar criança independente de seu contexto
social e econômico.
9
Desta forma a autora explica em sua a pesquisa com a escrita e leitura como um projeto
de incentivo para professores nas séries iniciais em linguagem e escrita no ensino para as
crianças.
A autora nos traz informações a respeito da importância de se ter um cuidado em se
ensinar as crianças a obra de Smolka, é um livro que nos amplia o horizonte nas práticas
pedagógicas. Portanto para ela os educadores (as) em especial de séries iniciais devem rever
suas práticas de ensino de como estão estabelecendo a relação de alfabetizar e ensinar se estão
realmente sendo satisfatório o ensino para a formatação da criança.
Smolka chegou a uma conclusão que se falta muito para mudar e transformar o ensino,
ela considera que a alfabetização deve ser repensada analisada, e que as escolas também devem
rever suas práticas de como se alfabetizar e direcionar este processo durante a vida escolar.
Contudo ela acredita que a alfabetização seja possível e viável e que e preciso na prática
pedagógica ser reavaliada.
Portanto, esta pesquisa de alfabetização com crianças de diferentes contextos sociais,
considera que a escrita está inserida em diversos âmbitos, desta feita, a leitura de livros, a
prática de alfabetizar, a escrita e a escolarização devem fazer parte da formação da criança
independente se seu contexto social.
ANEXO III
RESENHA
KLEIN, L. R. Alfabetização: quem tem medo de ensinar? 5 ed. São Paulo: Cortez; Campo
Grande: Editora da Universidade Federal de Mato Grasso do Sul, 2008.
Glazieli Melo Alves - UEM1
Natália Carolina Português - UEM2
Lígia Regina Klein aprendeu com sua mãe, Dona Ondina, professora de Didática na
Escola Normal, no interior do Paraná, a arte difícil e apaixonante do magistério. Nunca mais
desaprendeu e atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal do Paraná. Foi autora das propostas de alfabetização dos Estados do
Paraná e Santa Catarina e tem inúmeros artigos publicados na área de alfabetização e educação
de adultos.
Em março de 1992 ela escreve seu livro Alfabetização: quem tem medo de ensinar? Pois
naquela época tem se um grande número de analfabetismo e um grande fracasso escolar nos
últimos anos. Temos a presença de alunos desinteressados e sem vontade de aprender, então se
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
glazielimeloalves2014@gmail.com
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
natalia.portuga@hotmail.com
11
percebe um método que não está dando certo naquela época, o método tradicional, onde a autora
deste livro faz críticas ao mesmo, e propõe o uso de novas metodologias de ensino o
Construtivismo proposto Jean Piaget e o modelo de Escola Nova. As novas propostas
pedagógicas se importam com que a criança pensa, onde cabe ao professor desenvolver projetos
que estimulem esses alunos a buscar o conhecimento. A literatura é uma forma interessante de
despertar um interesse novo no aluno, onde é possível encontrar um conhecimento libertado.
A autora aborda neste livro três capítulos no primeiro capítulo a autora aborda a crise da
educação brasileira, presente na literatura pedagógica essa crise configura-se no fracasso na
aprovação e permanência dos alunos oriundos, predominantemente, das classes trabalhadoras e
esse fracasso se manifesta de maneira significativa nas séries iniciais, sendo assim um grande
fracasso na alfabetização. No segundo capítulo ela aborda as propostas de mudanças na prática
pedagógica na tentativa de superação do fracasso escolar. No terceiro e último capítulo a autora
aborda as considerações teóricas, bem como as propostas de encaminhamento metodológico e a
aquisição da escrita.
A formação dada aos professores é direcionada para trabalhar com alunos de classes
mais altas, ou um aluno com um perfil diferente do que se chega à escola pública. A escola não
está preparada (não da maneira como está formulada), para trabalhar com as características
socioculturais destes alunos.
Dada à evasão escolar e o fracasso escolar que pode ser dito como fracasso da
alfabetização, é devido a um método tradicional que já não dá conta de ensinar. É proposto desta
forma um método novo, totalmente oposto ao antigo. Se um preza a memorização, o outro presa
a espontaneidade, um se centra no professor o outro no aluno, um tem muito autoritarismo o
outro prevê a liberdade total.
Esse novo método proposto tem embasamento em Jean Piaget e defende que a criança
pode aprender de forma espontânea, ou seja, o professor vira somente um facilitador, prepara o
meio para que através deste a própria criança possa criar mecanismos de aprendizagem, o que
de acordo com a nova teoria, é possível após algum tempo de interação com o ambiente.
Esta nova proposta é imposta aos professores de cima para baixo, sem muitas
explicações e capacitações, com o objetivo de resolver o problema da alfabetização e a
incapacidade da escola em ensinar. Muitos professores já acostumados à antiga proposta
12
tradicional, não aceitam esse novo método. Mas a grande pergunta é: não aceitam ou não
entendem?
A resposta a pergunta é simples, muitos deles não compreendem o novo papel do
professor, qual o significado da palavra ensinar. O professor para de ser transmissor do
conhecimento e passa a ser um facilitador, mas o método muitas vezes não explica como se dá
este processo. Sendo assim muitos educadores mais tradicionais encontram dificuldades de
aplicar a nova teoria em suas salas de aulas, e pedem desta forma um “guia”, algo que lhes diga
o que fazer, e como fazer. Muitos dizem que este novo método priva o professor de usar sua
criatividade, pois a tira de seu papel central de ensinar o aluno.
A ideia sempre existe primeiro na matéria, ou seja, a ideia surge de algum
comportamento humano, são duas coisas diretamente vinculadas. Este conceito está presente na
teoria Marxista e Hegeliana, onde sempre frisam que a vida determina a consciência. Sendo
assim as palavras, sempre utilizadas por autores nos textos, são carregadas, impregnadas de toda
uma construção histórica nelas embutidas, trazem em si significados que foram sendo
construídos durante séculos, são componentes históricos, culturais e de várias divergências no
decorrer dos anos.
Esclareceremos agora o conflito entre a escola tradicional e a nova proposta pedagógica,
a Escola Nova. Realizaremos este esclarecimento com base em quatro afirmações. Primeiro que
escola tradicional se direciona a um aluno abstrato, de classe dominante e, não para as classes
populares, que é a clientela que mais procura a escola pública. Segundo a escola tradicional
prima por um saber fragmentado, ensinando aspectos isolados, em cima disto é proposto à busca
da totalidade. Em terceiro o tradicionalismo preza um saber pronto e acabado, formando alunos
ingênuos, já a nova proposta busca formar alunos críticos. Em quarto o antigo modelo incube
somente o professor de uma ação pedagógica, excluindo o saber do aluno, contra isso se propõe
que o aluno seja agente de sua própria história. A nova proposta vem baseada no Marxismo,
pois utiliza termos como, história, luta de classes, totalidade. Vejamos quais como são propostas
as novas mudanças.
Passa-se a buscar o aluno concreto, ou seja, buscar a realidade do aluno, para que a partir
dela possam ser desenvolvidas as atividades pedagógicas e assim a escola se torne mais efetiva
no seu papel de ensinar. O problema é que muitas vezes esse termo de realidade do aluno é mal
compreendido, leva-se em conta somente a cotidiano imediato, onde ele vive qual sua classe
13
social, sua rotina e seus problemas corriqueiros e, esquece-se no fim, que todos fazem parte de
uma mesma sociedade.
Não devemos particularizar cada caso da educação, em cada lugar, de acordo com suas
especificidades, mas sim, encontrar em meio às lutas e os problemas a essência que os tornam
iguais, pois desta forma seria possível realmente chegar ao aluno concreto, que faz parte de uma
sociedade capitalista presente em todo território nacional.
O novo modelo pedagógico propõe a busca pela totalidade, tanto do aluno quanto do
conteúdo. Entende-se por totalidade do aluno, que o mesmo já é total, o indivíduo em si é um
ser total e não fragmentado. Desta nova perspectiva que nasce a ideia de respeitar as
individualidades de cada um, respeitar seu ritmo, e o conhecimento que cada um já traz consigo
mesmo. Assim a totalidade do aluno é levar em conta seu caráter emocional, afetivo, biológico e
cultural.
Mas quando tratamos da totalidade de conteúdo tão buscada, temos algumas
complicações, a sugestão que se dá para alcançar a totalidade de conteúdo seria um currículo
interdisciplinar, onde um conteúdo de matemática estaria ligado ao que é trabalhado em língua
portuguesa, levando sempre em consideração a realidade do aluno. De certa forma, isso pode
sim tornar a escola mais interessante, e uma matéria estando conectada a outra, fazer com que, o
aluno aprenda melhor o conteúdo. Mas a grande questão ai passa a ser, o questionamento de por
que tantas matérias, e tantas disciplinas. Desta maneira, a busca pela totalidade do conteúdo
ainda é um desafio enfrentado pelas escolas e educadores.
Outra crítica feita pela nova proposta à antiga é a de que o professor transmitia um saber
pronto e acabado, e isso faz com que o aluno perca sua capacidade de criação e indagação,
assim como a ideia de que os conhecimentos são coisas estáveis e imutáveis. A nova proposta é
que o professor não deve transmitir nenhum conhecimento, mas fazer com que o aluno chegue a
certas conclusões por ele mesmo.
Cabe ao professor criar mecanismos que façam o aluno discutir, indagar, aprender a
partir das experiências e observações, a criar conhecimento a partir dele próprio. Pois, de acordo
com a escola nova, o conhecimento transmitido pelo professor, já vem embutido de ideias
burguesas que fazem com que o aluno, tenha certa alienação, e não aprenda a ser crítico.
O saber na verdade é algo em constante mudança, e jamais algo pronto, pois é social e
cultural. A sociedade assim como a ciência e o conhecimento mudam de acordo com as relações
14
que os homens possuem com as mesmas. Sendo assim, o saber nunca acaba, mas está em
constante movimento. O aluno precisa ter possibilidades de chegar a esse saber e entender que
ele jamais estará acabado, mas em constante mudança. O professor neste novo contexto
começa-se a se questionar sobre seu papel e a buscar alternativas do que fazer em sala de aula.
Uma saída vista pelos professores citada pela autora foi o de trazer a culinária para a
escola, pois por meio das receitas, os professores faziam com que os alunos experimentassem e
observassem o que acontecia, propiciando assim, que os estudantes pudessem tirar suas
conclusões sobre o conteúdo, através de perguntas e discussões com todos em sala de aula.
No terceiro capítulo a autora coloca a construção de conhecimento que tem como matriz
teórica, a psicologia genética de Jean Piaget a ideia de interação está em que o professor vai
desempenhar um papel menos relevante do que destinava no ensino tradicional, uma vez que
não lhe cabe mais ensinar, mas criar um ambiente alfabetizador.
Esse princípio para chegar ao objeto é necessário à relação do sujeito e objeto, de fato para
chegar ao objeto, é necessário que o sujeito entre em relação com os outros sujeitos que estão
pela função social que lhe atribuem, constituindo esse objeto enquanto tal. Nesse sentido, é
preciso esclarecer que não opomos a afirmação de que o aprendiz é o sujeito de conhecimento.
No entanto a atividade do sujeito-aprendiz e seu conato com o objeto por mais rico que sejam
não garantem a sua aprendizagem, pelo fato de sua inserção real, afetiva, no conjunto de
relações humanas outros sujeitos.
Podemos perceber isso como primeiro passo na função social da escrita, pois a sociedade
utiliza a escrita por que precisa dela, porém, em nenhuma sociedade constata-se o exercício da
escrita como uma necessidade de todos os homens enquanto indivíduos.
No cotidiano das pessoas, inúmeras situações que exigiam a escrita passaram a ser resolvidas
pelo uso de outros meios, tão eficazes: o telefone, a televisão, o fax, etc. Por isso é necessário
que explique a criança a serventia da escrita e nesse sentido que o professor deve levar em
consideração a realidade do aluno. Ler e escrever são uma exigência natural.
A natureza da língua escrita na alfabetização ocorre, também, com outros conhecimentos
cujo uso social não se realiza em todos os homens. Parece existir a exigência de que essa relação
ensino e aprendizagem não sejam meramente imitativas, mas se processe um esforço de
sistematização que propicie a compreensão da relação entre dois códigos de natureza diferentes,
produzidos, todavia, em relação com o outro.
15
Ensino e aprendizagem estão em relação, constituem uma relação necessariamente
articulada, é necessário compreender como se aprende, como se ensina e como se configura o
objeto que se pretende ensinar, o que é mais importante à forma como os homens produzem e
utilizam o objeto.
O professor deve respeitar as características individuais, mas é preciso não confundir o
atendimento individual, ás vezes necessário, às vezes único possível com aprendizado
individual com respeito às características do indivíduo, ou seja, estar respeitando as
características individuais e limites de seu aluno.
O professor deve respeitar o erro dos alunos, porque construtivo antes de apontar o erro e
encaminhar soluções, cabe ao professor colocar o aluno em situação de desiquilíbrio, ou seja, de
conflito cognitivo, para que ele mesmo, constatando a ineficiência de sua solução, se mobilize
na busca de outras possibilidades. Lembrando que a „‟ criatividade‟‟, em sendo humana, é,
também ela, produzida, decorrente, portanto, de uma intervenção da sociedade o indivíduo se
humaniza.
O aprendizado da língua escrita implica o domínio de fatos do código que ocorrem
sempre como resposta à necessidade de clareza que o texto deve ter, e que são ou explicados por
sua relação coma oralidade, ou pela própria natureza escrita.
A questão metodológica deve conter dois aspectos constitutivos da língua: código e
significado é evidente que se deve admitir tentativas de escrita que poderão resultar em formas
que não necessariamente corresponderam à forma correta, no entanto, é preciso ter claro que
essa tentativa, uma vez realizada, deverá ser imediatamente corrigida no sentido de se
explicitarem, para o aluno, as implicações que o problema formal trará ao conteúdo para que o
aluno se aproprie da compreensão de que embora a língua possibilite várias formas de relação
letra e fonema, no entanto, exige, para cada palavra, o uso de uma única relação.
Ressalva-se que essa correção não é sinônima de constatação de punição ou de erro. O
procedimento, no ato de correção, deverá implicar, primeiro, a consolidação daquilo que, na
tentativa do aluno, configura acerto e num segundo momento, numa reflexão sobre as
possibilidades genéricas da língua e a exigência especifica no caso da palavra, frase ou texto
corrigido isso sem ter atitudes grosseiras, desagradáveis, colocando o aluno em posição
humilhante, é essa atitude na correção que deve ser condenada.
16
Sendo assim, este texto nos traz uma reflexão predominantemente no quadro da educação
brasileira, onde é necessário o respeito e o limite do aluno, deixar as repetições exaustivas e
muitas vezes não fundamentadas na autoridade do professor, trocando para as novas
metodologias em uma proposta voltada para o aluno, no ensino aprendizagem, na construção de
conhecimento dos alunos e fundamentada.
O presente livro atinge o seu o seu objetivo, o qual é mostrar como são feitas a propostas
metodológicas e como elas chegam a sala de aula. Importantes reflexões são apontadas pela
autora que através de um contexto histórico e das entrevistas com os professores, nos mostra
como às vezes a teoria se transforma até atingir a prática, e que muitas vezes existe uma falha na
comunicação entre a metodologia e sua execução.
É importante destacar como o livro nos mostra que muitas vezes os métodos sendo
impostos aos professores, de cima para baixo, ao invés de ajudar simplesmente só causa mais
caos no cenário atual da alfabetização brasileiro. Muitas vezes as teorias e propostas
educacionais são sim muito bem elaboradas, como a Escola Nova ou até mesmo o
Construtivismo de Emília Ferreiro, com base em Jean Piaget, mas no momento em que devem
ser aplicadas na educação, como forma de resolver o analfabetismo e a evasão escolar,
simplesmente falham. Por que?
Alguns apontamentos que encontramos é o de que muitas vezes o professor não entende
seu novo papel em cada uma das propostas, qual o seu dever ou como ensinar. Confunde-se o
papel do aluno e do professor, muitas vezes causando uma grande confusão na cabeça dos
educadores que não tem clareza de qual caminho devem seguir. Mais importante ainda é que o
problema da evasão escolar e da repetência, todavia ainda não foram resolvidos.
As novas propostas pedagógicas criticam que a pedagogia tradicional se focava no
professor, no conhecimento acabado, no livro, e que ao contrário de se importar em como se
ensina, deve-se focar em como se aprende, pregando que o aluno é construtor de seu próprio
conhecimento.
Sendo assim ao professor cabe achar seu lugar neste largo contexto da educação
brasileira, procurar um equilíbrio e entre tantas propostas edificar suas aulas sobre uma delas, o
importante é que cada educador possua clareza do que está fazendo e porque está seguindo
aquele caminho, talvez seja possível alcançar algum êxito no seu papel de ensinar e do seu
aluno de aprender.
ANEXO IV
RESENHA
MORTATTI, M. R. L. Educação e letramento. São Paulo: UNESP, 2004.
Grazielly Rodrigues Garcia - UEM1
Mariana dos Santos - UEM2
Laryane Serafim Teodoro - UEM3
O livro Educação e Letramento (2004), com autoria de Maria do Rosário Longo Mortatti
(2004), professora titular da UNESP, licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de Araraquara-SP, mestre e doutora em Educação pela Unicamp, já publicou vários
livros no campo das ciências da educação e da linguagem, tem como objetivo discutir sobre a
relação entre educação e letramento no Brasil. No ano em que o livro foi publicado, a autora era
professora da Pós-graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília –
UNESP e livre-docente pela UNESP.
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
grazielly_garcia_2011@hotmail.com
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: mariana-
biasotto@hotmail.com
3
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
laryane.2008@hotmail.com
18
O livro está em sua 1ª edição (2004), publicado pela Editora UNESP com o apoio
Projeto Pedagogia Cidadã, incluído na Coleção Paradidáticos, está sendo criada pela Editora
UNESP com a finalidade de tornar acessível obras de pesquisadores acadêmicos brasileiros para
o público em geral, apresentando temas científicos e culturais significativos e conhecimentos
socialmente relevantes, incentivando as novas gerações à pesquisa. A coleção é voltada para
autores que aceitam discorrer sobre assuntos complexos presentes nos debates científicos e
culturais vigentes.
A obra estudada discute a relação entre educação e letramento no âmbito do
analfabetismo no Brasil, já que em 2003 o então ministro de Estado da Educação, Cristovam
Buarque, divulgou um artigo onde evidenciava que ainda havia cerca de vinte milhões de
analfabetos no Brasil, mesmo sendo um dever do Estado proporcionar aos indivíduos as
condições necessárias, através da educação, para o acesso à cultura elaborada e inclusão social e
política, com o objetivo da democracia, que teria como premissa a aquisição da leitura e da
escrita. Levando como ponto de partida a análise de termos relacionados: “alfabetização” e
“analfabetismo” (mais antigos), “letramento” e “iletrado” (atuais), construídos no decorrer do
processo histórico, passando por conflitos e busca de soluções para um problema há muito
tempo presente na realidade brasileira: o analfabetismo, sua relação com a escolarização e a
educação, a alfabetização e o significado do termo atualmente usado: letramento. O objetivo da
autora é lançar considerações para o leitor ter um ponto de partida para uma pesquisa,
dependendo de sua necessidade.
O livro é dividido em cinco capítulos, de forma a explicar toda a problemática envolvida
nas questões da educação e do letramento, termo cunhado no âmbito brasileiro em meados dos
anos de 1980, o porquê do surgimento dessa palavra e sua relação com a alfabetização e a
escolarização, em simultaneidade com as transformações das relações políticas, sociais,
econômicas, culturais da sociedade brasileira desde o Brasil colônia, fazendo um retrospecto
histórico, em síntese.
A autora propõe abordar no primeiro capítulo as relações existentes entre o
analfabetismo, alfabetização, educação e escola, lançando dados estatísticos da permanência do
analfabetismo no percurso histórico do Brasil; no segundo capítulo analisa os termos:
alfabetização, alfabetismo, alfabetizar, alfabetizado, analfabeto, analfabetismo, letramento,
iletrado e letrado, no contexto de três dicionários da língua portuguesa nos séculos XIX e XX e
19
três dicionários técnicos de alfabetização e linguística mais recentes; no terceiro capítulo, ainda
levando em consideração os termos analisados no capítulo anterior, a autora remonta o percurso
histórico da alfabetização e da educação, desde a colonização do Brasil até os dias mais atuais;
no quarto capítulo, tomando como base o termo letramento, a autora analisa seu uso em textos
acadêmicos, a partir dos anos de 1980, de pesquisadores brasileiros; e no quinto capítulo, é
abordado mais sobre o letramento, e sua relação com a alfabetização, a escolarização e a
educação.
O primeiro capítulo: “Analfabetismo, alfabetização, escola e educação”, traz a discussão,
entre qual seria o dever do Estado no que cerne à educação e alfabetização dos indivíduos nos
moldes da sociedade atual, a relação com o analfabetismo há muito presente na sociedade
brasileira, e o papel da escolarização nesses termos.
A autora introduz o capítulo indicando que, de acordo com Cristovam Buarque, ministro
de Estado da Educação, em 2003, o Brasil possui cerca de vinte milhões de analfabetos, devido
aos quinhentos anos de governo das elites.
Desde o período colonial no Brasil existiam muitas pessoas que não tinha acesso à
leitura e a escrita. Essa situação se evidenciou como analfabetismo, devido a política no final do
período imperial, com a proibição do voto dos analfabetos (Lei da Câmara dos Deputados de
1881/ lei Saraiva, de 1882), que ganhou força através dos ideais do liberalismo e pela taxa de
analfabetismo publicado pelo censo de 1980.
O analfabetismo se destacou no decorrer do século XX, como um problema político,
social, econômico e cultural, enfatizando a marginalização e a discriminação social.
A autora utiliza de dados informativos dos censos da época para ilustrar o problema do
analfabetismo e a forma como era visto. De modo geral, cabia aos censos pesquisar a
quantidade de pessoas que não sabia ler ou escrever. Essa avaliação até 1940 era baseada na
própria declaração da pessoa em relação a sua capacidade de leitura e escrita. No entanto, esse
processo sofreu mudanças de critérios no decorrer do tempo, a partir de 1950, para ser
considerada alfabetizada a pessoa tinha que saber ler e escrever um bilhete simples no idioma
que conhecesse, no censo de 2000 a pessoa tinha que saber ler e escrever um bilhete simples no
idioma que conhecesse, no entanto, aquela pessoa que aprendeu a ler e a escrever mas esqueceu
e sabia apenas assinar o nome eram consideradas analfabetas.
20
De acordo com a Unesco, comparado a outros países em desenvolvimento, o Brasil tem
um dos maiores índices de analfabetismo dos indivíduos com mais de quinze anos. Dessa forma,
pode-se dizer que o analfabetismo está comprometendo o futuro do país, contribuindo para o
crescente número da marginalização.
O processo de analfabetismo no Brasil decorre de um processo histórico, herdado do
passado, onde o Estado não consegue garantir que a educação escolar consiga superar esse
problema de forma totalmente eficaz.
A autora caracteriza o termo educação como uma atividade específica humana, que tem
por objetivo formar o indivíduo, para que ele desenvolva características tipicamente humanas e
seja capaz de aprender, como também de ensinar, em diferentes contextos.
Assim, a autora faz uma pequena análise da influência da educação e o processo de
alfabetização. Na Europa, principalmente a partir do século XVI, passou-se a depositar muitas
expectativas na educação, como forma de transformação racional da sociedade, sobretudo na
educação escolar transmitida de forma sistemática. Essas expectativas estão ligadas ao conceito
de infância, que foi se transformando a partir do século XVIII, relacionado ao sentimento da
classe social.
No século XIX, a educação foi ganhando força no mundo ocidental, onde aos pouco
houve a transição do modo de ensino com sentido religioso para um sentido “moderno”. A
escola passou a assumir a importante função como instrumento de progressão e de
transformação da nação.
No entanto, desse conceito surgiu à problemática de conciliar escola, ensino e
aprendizagem iniciais da leitura e da escrita: a alfabetização. Deu-se então início a uma série de
debates entre políticos sobre a universalização da instrução elementar, criando assim, leis
escolares de 1980. Essas leis estabeleciam a obrigatoriedade, a gratuidade, e a laicização da
educação, se tornado instrumento de transformação aos iletrados e fator de integração social. A
partir dessa lei, ensinar ler e escrever se tornou papel fundamental da escola obrigatória, gratuita
e laica, nos moldes ocidentais, onde para poderem ser ensináveis, a escrita e a leitura passaram e
serem organizadas sistematicamente e metodicamente, necessitando assim, de profissionais
especializados.
De acordo com a autora, saber ler e escrever e usar a escrita em diferentes contextos
cotidianos são necessidades fundamentais para o exercício da cidadania e para o progresso de
21
uma nação. Sendo o termo alfabetização bastante conhecido e utilizado, porém o termo
letramento foi introduzido recentemente em nossa língua e está ligado a novos fenômenos de
ordem social, política, econômica e cultural.
O segundo capítulo, “De “analfabeto” a “letramento””, tem como objetivo explicar os
termos relacionados à alfabetização, tendo como base três importantes dicionários da língua
portuguesa como: Dicionário de língua portuguesa, de Antonio de Moraes Silva, Novo
Dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque e Dicionário Houaiss da língua
portuguesa.
Em primeiro lugar a autora aborda o termo "analfabeto", o mais antigo, surgido em
meados do século XVIII, seu significado permanece até os dias atuais, sendo considerado
analfabeto o indivíduo que seja ignorante das letras do alfabeto, que não consiga ler e nem
escrever, ou seja, não possua instrução primária e não tenha conhecimento sobre determinado
assunto. Com base no termo "analfabeto", ao final do século XIX surge então uma nova palavra
relacionada ao assunto: o "analfabetismo", para explicar o problema existente na sociedade, em
seguida a palavra que passou a ser utilizada no final do século XIX é "iletrado" que em primeiro
lugar se remete a negação, mais possui o mesmo significado que o "analfabeto".
O antônimo desses termos surge na língua portuguesa no século XVIII, o termo
"letrado", que não possui relação direta com o termo "analfabeto". "Letrado" remete-se a
condição de quem sabe ler e escrever claramente.
De acordo com a análise de Mortatti, quando dizemos que alguém está "alfabetizado" o
indivíduo está instruído, isto é, ele sai do estágio de "analfabeto", e com a instrução,
"alfabetização" e o "alfabetismo", busca-se encontrar a extinção do "analfabetismo".
Mortatti elabora seus estudos baseada também em dicionários técnicos de alfabetização e
linguística: Dicionário de alfabetização: vocabulário de leitura e escrita, organizado por
Theodore L. Harris e Richard E. Hodges, o Dicionário de linguagem e linguística, de R. L.
Trask, e o Dicionário de análise do discurso, de Patrick Charraudeau e Dominique Mainguenau,
abordando os mesmos termos já citados, e acrescentando novas palavras, decorrente da
construção do processo histórico das discussões sobre a alfabetização e o letramento, tendo
como base Emília Ferreiro, a qual explica o termo "lectoescrita" constituindo a
indissociabilidade da leitura e escrita em torno do processo de alfabetização, com base no
processo construtivista.
22
Contudo, de acordo com a autora, os termos já discutidos anteriormente e comparando
com o dicionário técnico, os significados estão muito próximos, principalmente no que se refere
à relação do saber ou não a ler e escrever e a não instrução primária, o que leva a uma confusão
de significações.
No capítulo três, “Das primeiras letras ao letramento”, a autora aborda o processo
histórico de significação do termo letramento abrangendo as relações de educação e
alfabetização, desde a colonização do Brasil até os dias mais atuais. Inicialmente, apresenta as
ações tomadas pelos padres jesuítas no processo de colonização e catequização do Brasil e seus
nativos, da forma como se encontravam. Os jesuítas tinham como objetivo escolarizar o índio
para assim convertê-lo a religião católica, fazendo-o servir aos interesses da Igreja.
Mortatti discorre sobre o processo que levou a esse fim: primeiramente, houve a criação
de uma escrita alfabética para a língua materna dos índios, o tupi; então o ensino de uma
segunda língua, o português, oral e escrito, impondo-se a transposição de uma cultura centrada
na oralidade, para uma cultura letrada e civilizada, que já possuía um sistema alfabético.
Portanto, antes de aprender as primeiras letras o índio teria que aprender uma nova cultura e
uma nova língua.
A autora pontua a expulsão dos jesuítas em 1759, em consequência das reformas
pombalinas, que inspiradas em ideais iluministas, tinham como objetivo formar o homem para o
Estado português e não mais para a Igreja católica, o que levou a uma nova organização da
instrução pública, através das “aulas régias”.
Com a Proclamação da Independência em 1822, procurou-se instituir, de forma mais
abrangente, uma nova organização para a instrução pública, encaminhando à Constituição
Imperial de 1824 e a regulamentação pela lei de 1827, na gratuidade da instrução pública, o que
foi considerado pela autora, como a primeira tentativa de se organizarem as diretrizes nacionais
para a instrução pública.
Porém, não foi possível concretizar de forma ampla o objetivo proposto, já que havia
deficiências de recursos humanos, físicos e administrativos. Com a libertação dos escravos e a
chegada de imigrantes, alastraram-se as discussões a respeito da educação elementar e da
instrução popular, fazendo surgirem algumas propostas para organizar o ensino.
Diante de todo o esforço, Mortatti coloca que a iniciação nas primeiras letras ainda ficou
impossibilitada para uma parcela da população ou privada ao meio familiar. Ainda comenta
23
sobre o peso da colonização portuguesa no âmbito da instrução primária, que no censo realizado
em 1872, demonstrou que cerca de 85% da população era analfabeta.
Dessa forma, a autora ressalta o destaque que foi dado ao analfabeto e ao analfabetismo
ao final do Império, principalmente com a proibição do voto dos analfabetos, em 1881/1882,
que fez esse problema surgir como algo político.
Em 1889, com a Proclamação da República, a autora destaca a nova necessidade de
institucionalizar a formação do cidadão, por meio da educação e da instrução primária, como
forma de reverter a situação em que a população se encontrava naquele período. Assim, a
escolarização das práticas de leitura e escrita, foi entendida como meio de esclarecer a
população, para que assim os problemas de ordem social, econômica e política chegassem a
uma situação desejada.
Mortatti analisa a influência que essa nova necessidade gerou em São Paulo, que serviu
de modelo para outros estados. Esse modelo foi sintetizado e institucionalizado pela reforma
Caetano Campos de 1892, baseado em novas e modernas soluções, como a criação de escolas
normais, para a formação de professores primários; a introdução de novos métodos para o
ensino, entre outras.
A autora comenta que a relação entre os ideais republicanos, o processo de
sistematização do ensino público e a escolarização e metodização do ensino da leitura e da
escrita, levou a uma gama de novas pesquisas e estudos, tentativas de normatizações e
experiências sobre o ensino da leitura e da escrita, deixando-os em uma posição de destaque,
que, segundo a autora, levou a uma nova forma de compreender a leitura e a escrita.
Mortatti discorre sobre a importância que davam ao ensino da leitura, deixando a escrita
em segundo plano, mesmo com discussões indicando o ensino simultâneo de ambos. A leitura é
entendida como um processo sobre o qual comunicam-se com o pensamento de outra pessoa,
através da escrita, que aqui é entendida como caligrafia, uma qualidade complementar.
A autora coloca que nos anos de 1890, foi combatido o método de silabação e soletração
de ensino da leitura, considerado antigo e deficiente, propondo-se, desde os anos de 1870, o
método analítico como forma de ensino da leitura.
Nesse período, segundo a autora, o analfabeto era considerado o culpado das mazelas
das condições da sociedade, assim, a Constituição republicana de 1891, continua proibindo o
voto dos analfabetos, alegando que essa atitude incentivaria os indivíduos a saírem da
24
ignorância, escapando da responsabilidade de oferecer a instrução pública primária gratuita e
obrigatória. Surgem algumas discussões divergentes dessa visão, considerando os analfabetos
capazes de elegerem um representante, porém a Constituição continua os discriminando.
Ao analisar as duas primeiras décadas do século XX, Mortatti discute o uso mais
frequente de termos relacionados com o ensino da leitura e da escrita: alfabetização,
analfabetismo, analfabeto e alfabetizado. Em relação ao uso dessas palavras, duas figuras se
destacaram no estado de São Paulo: os professores, Oscar Thompson e Antônio de Sampaio
Dória, ambos já tendo participado da administração da instrução pública no estado.
Segundo a autora, Thompson tinha como objetivo implementar uma escola moderna, de
forma a resolver o problema do ensino da leitura e da escrita aos analfabetos, tendo oficializado
o método analítico para o ensino da leitura e escrita nas escolas, em um Relatório de 1918,
utiliza o termo alfabetização para denominar o ensino da leitura e da escrita, oficializando o
termo.
Em uma Carta Circular, de 1918, Thompson pede sugestões para resolver o problema do
analfabetismo, uma das respostas foi de Antônio de Sampaio Dória, que via o analfabetismo
como o mal responsável pelos problemas da nação, que impedia o progresso, e o livre exercício
da cidadania democrática. Propondo assim, uma medida que resolvesse o problema, levando
três conhecimentos ao indivíduo: saber ler, escrever e contar.
Essa proposta de uma alfabetização para todos, sem distinção, foi o pressuposto que
norteou a Reforma de 1920, quando Sampaio Dória foi diretor da Instrução Pública. Na
Reforma, para solucionar a alfabetização da população, o ensino primário reduziu de quatro
para dois anos, estabelecendo a autonomia didática, mas, segundo a autora, o método analítico
continuou sendo considerado o melhor.
Assim, a autora discorre sobre as primeiras décadas do século XX, com os termos
alfabetização, analfabetismo, analfabeto e alfabetizado, sendo amplamente utilizados em novos
sentidos, nas campanhas levantadas contra o analfabetismo, sendo constatado o sucesso da
alfabetização pelas aprovações e número de matrículas.
Aqui, Mortatti discute sobre a influência do ideário escolanovista nas reformas da
instrução pública de outros estados. Agora as discussões não se restringem à alfabetização,
procuram uma função da escola concordante com a sociedade.
25
A autora cita alguns reformadores, cada um em seu estado: Lourenço Filho, no Ceará;
Francisco Campos, em Minas Gerais; e Anísio Teixeira, na Bahia. Todos têm em comum o
objetivo de reformar não somente o que concerne à alfabetização, mas a instrução pública que
forme um indivíduo inserido em uma sociedade, um cidadão.
Com essas discussões, a instrução pública ganha um novo olhar, fazendo em 1930, que a
educação e o ensino tivessem uma unificação dessas experiências estaduais, elaborando
diretrizes federais. Assim, a Constituição de 1934, estabelece a gratuidade e obrigatoriedade do
ensino primário de quatro anos, estendendo aos adultos.
Dessa forma, Mortatti evidencia a disseminação de um lado, a tentativa em inserir a
população nas escolas existentes, e por outro a disseminação dos princípios escolanovistas,
baseados em uma perspectiva psicofisiologica, que demandavam uma nova organização, com o
aluno no centro, os métodos ativos e racionais e os testes de inteligência.
Agora, segundo Mortatti, a escrita é vista como instrumento de comunicação e
linguagem, devendo ter uma intervenção diferenciada; a leitura por sua vez, é vista como um
meio para ampliar as experiências e capacidades mentais.
Diante dessas reformulações, as discussões sobre o ensino da leitura e da escrita se
direcionam ao método misto ou ao método global, dando lugar para os aspectos psicológicos da
aprendizagem da leitura e da escrita, principalmente se voltando a alfabetização de adultos.
Ao analisar os censos, a autora constata que na década de 1950, ainda havia 36% de
analfabetos no Brasil em idade escolar, porém nessa mesma época, o que consideravam como
analfabeto muda de sentido, agora é necessário saber ler e escrever um bilhete simples, para ser
considerado alfabetizado.
Assim, segundo Mortatti, a alfabetização ganha um novo sentido em meio aos ideais
escolanovistas e de democratização da cultura e social. Dessa forma, a palavra alfabetização
ganha o sentido de um processo escolarizado e científico, onde há o ensino simultâneo da leitura
e da escrita, que tem o objetivo de ser um instrumento de adaptação do indivíduo ao meio que se
encontra inserido.
Com um novo sentido dado a alfabetização, muitos discursos, práticas pedagógicas, e
cartilhas de alfabetização foram surgindo na década de 1960, inclusive um movimento social e
político relacionado com a educação popular e alfabetização de adultos, onde Paulo Freire tem
papel destacado. Este educador deu uma nova visão ao que concerne à alfabetização,
26
entendendo-a como uma “leitura de mundo”, de forma à atuação e transformação social e
política.
A autora ainda cita leis importantes para a educação: a primeira Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, nº4024, de 1961, a Constituição de 1967, a Lei 5692, de 1971, que
estenderam o ensino obrigatório e gratuito para a população. Porém, essas leis, propiciaram uma
nova corrente pedagógica a se instalar, o tecnicismo, e com essa ampliação, uma camada social
menos privilegiada entrou na escola, fazendo com que o fracasso escolar aumentasse.
Mortatti esclarece que, a partir de meados de 1980, a alfabetização passou a ser discutida
em outros âmbitos, principalmente pela nova organização política e social, devido a ditadura
militar e a abertura política. Agora, as discussões a respeito da educação se ampliaram para os
âmbitos políticos, econômicos, sociais e pedagógicos, a partir de uma perspectiva teórica
sociológica dialético-marxista, divulgada por pesquisadores acadêmicos de diversas áreas do
conhecimento, principalmente Filosofia, História, Sociologia e Educação.
Dessa forma, a autora discute a mudança que houve na visão das relações entre educação
e sociedade, agora vista como dialética e contraditória, onde as finalidades sociais e políticas da
escola são produzidas histórica e socialmente.
Com o alto índice de fracasso escolar presente, Mortatti discute algumas propostas que
surgiram para tentar resolver o problema, como a educação compensatória. Dessa forma, coloca
que, para alcançar a democratização das oportunidades, a escola deveria irromper como espaço
de transformação social, dando suporte político e cultural para as classes sociais dominadas,
relacionado com a formação da cidadania.
Assim, no que concerne à uma escola democrática, o fracasso escolar passa a ser
considerado responsabilidade da escola e não do indivíduo, a escola deveria oferecer um ensino
de qualidade. O ensino da leitura e da escrita nesse aspecto deveria ser visto como uma questão
política, que auxiliaria na luta contra as desigualdades sociais.
Mortatti pontua, assim, um clima de intensas discussões e proposições de novos modelos
e métodos para uma educação democrática. Nesse ambiente são formuladas a Constituição de
1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394, de 1996, e os Parâmetros
Curriculares Nacionais, articulados com as novas pesquisas sobre alfabetização e educação.
Assim, a autora discute sobre cada uma dessas formulações e as mudanças que trouxeram,
inclusive notando a ampliação do conceito de educação nas normatizações.
27
A autora coloca sobre as diversas iniciativas estaduais e nacionais, nas décadas de 1970
e 1980, que apareceram em relação a essa mudança no conceito de educação, e dos estudos
referente à educação e alfabetização, no meio universitário, de formação continuada de
professores, criação de centros de pesquisa, entre outros, além da implantação do Ciclo Básico
de Alfabetização, pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, em 1983.
Mortatti discorre sobre a nova organização curricular de um ciclo de alfabetização,
destacando a nova orientação didático-pedagógica: o construtivismo. A partir desta teoria a
alfabetização ganha uma nova compreensão. O construtivismo foi disseminado no Brasil em
meados de 1980, resultado das pesquisas de Emília Ferreiro e colaboradores sobre a psicogênese
da língua escrita, baseada na psicologia genética de Jean Piaget, e na psicolinguística de Noam
Chomsky.
Ferreiro propunha um novo olhar no processo de alfabetização, sem se centralizar no
ensino e em métodos até então defendidos, sem propor um método, o construtivismo vem
questionar todas essas questões. A leitura e a escrita deveriam ser ensinadas simultaneamente, o
que foi denominado lectoescrita. Dessa forma, a autora postula os princípios do construtivismo,
demonstrando a mudança de paradigma sobre o processo de alfabetização, onde a criança
poderia se alfabetizar, sendo considerado alfabetizado aquele que compreendeu o sistema
alfabético da escrita.
Postula a expansão da influência dos estudos de Linguística e Psicolinguística no Brasil,
mudando o que se conhecia como alfabetização.
Além do construtivismo, discute a influência de outra corrente, o interacionismo
linguístico, que designa alfabetização o processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita,
voltado para a relação entre professor e aluno na sala de aula. Assim, alfabetizado seria aquele
que sabe ler e escrever textos, com finalidades além da escolar, relacionadas com as práticas
sociais.
A partir das concepções de construtivismo e interacionismo, a autora destaca alguns
aspectos que considera importante, que remete à proposta de ambas de ampliar o conceito de
alfabetização, e a prática no Brasil de utilizar de ambas as concepções nos discursos oficiais,
como nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Além dos aspectos Linguísticos e Psicolinguísticos, a alfabetização ganhou discursos nas
áreas de sociologia e história, em meados dos anos de 1990.
28
Dessa forma, a autora coloca o surgimento do termo letramento, nos discursos
acadêmicos de 1980, com um sentido diferente do que é conhecido como alfabetização. No
começo foi restrito ao meio acadêmico, mas atualmente é possível perceber seu significado
presente nos dicionários de língua portuguesa, em textos de formação continuada, cartilhas,
entre outros.
Mortatti discute que o surgimento da palavra letramento, vem colocar certo esgotamento
teórico e prático do termo alfabetização. Porém, enfatiza que o uso de ambos os termos ainda
não entrou em consenso, muitas vezes havendo certa confusão de significação. No documento
oficial, Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa, de 1997, há o uso desses dois
termos, sendo alfabetização o mais utilizado, com orientação do construtivismo o do
interacionismo linguístico. O termo letramento tem poucas passagens no texto, sendo
relacionado com as práticas sociais que utilizam da escrita.
A autora assim conclui o capítulo, fazendo um esclarecimento sobre o parâmetro
histórico da educação e da alfabetização, em quinhentos anos da história do Brasil, o qual
sintetizou. Coloca então, que o termo letramento surgiu a partir da construção histórica dos
termos alfabetização e analfabetismo.
No capítulo quatro, “De „literacy‟ a „letramento‟”, Mortatti traz a discussão sobre o
termo “letramento”, que começou a ganhar ênfase somente na década de 1980, quando passou a
ser utilizado em estudos e pesquisas acadêmicas sob influência do inglês “literacy” que até
meados de 1990, significava “alfabetização” e recentemente passou a ser designado
“alfabetismo”.
A autora explica que a introdução do termo letramento não ocorreu apenas no Brasil,
mas também em outros países desenvolvidos, quando se aumentou a necessidade de se saber ler
e escrever, e à medida que a questão do analfabetismo foi sendo solucionada se expandiu a
educação básica.
Mortatti relata que mesmo com a ampliação dos conceitos, a palavra alfabetização ainda
continua sendo muito utilizada em nosso país. Com as novas necessidades sociais os termos
“alfabetismo” e “letramento”, ganham destaque sendo possível encontrar seu novo significado
em diversos dicionários de língua portuguesa.
Segundo a autora, o termo letramento possui constantes oscilações, justificados
supostamente por sua recente introdução e pelas diferentes formas de se caracterizar as
29
demandas sociais pelo uso da leitura e da escrita. O letramento está relacionado ao uso social da
leitura e da escrita e com o passar do tempo vem crescendo o número de produções acadêmicas
sobre o tema. São apresentados textos de alguns autores com definições e considerações sobre o
letramento e sua aplicação em diferentes contextos.
No capítulo cinco, “Letramento, alfabetização, escolarização e educação”, Mortatti
desenvolve uma discussão sobre as relações do letramento com a sociedade, a escola, a
educação e a alfabetização. Pontua que o letramento está envolvido totalmente com a língua
escrita, estando relacionado com as sociedades organizadas, em um sistema de escrita, nos
textos, e tem importância fundamental na vida de todos. Isto pode ser entendido como uma
cultura em que os valores, crenças são repassadas através da linguagem escrita, na qual a ênfase
é o saber ler e escrever ainda mais seguro do que falar e ouvir.
Certamente as sociedades letradas atuais estão ainda mais elaboradas do que das décadas
passadas, isto ocorre em decorrência do desenvolvimento cultural, industrial e econômico,
promovendo e aprimorando diversos modos de produção e atingindo também o espaço da
escrita.
A autora postula que, a leitura e escrita fazem parte dos bens culturais, dando acesso à
cultura escrita a todos os indivíduos e grupos sociais efetivos de uma sociedade letrada. O saber
ler e escrever são condições essenciais para transformação tanto para o indivíduo, como para os
grupos sociais. Leitura e escrita são processos diferentes, que possuem habilidades e
conhecimentos distintos, como os processos de ensinos e aprendizagem. O processo de ler e
escrever se encontram em vários estágios intermediários para verificar níveis de habilidade e
conhecimento.
Atualmente o Brasil vem adotando nova perspectivas de abordagem do letramento, esse
modelo se denomina como “modelo autônomo” seu objetivo é evidenciar a dimensão técnica e
individual do letramento, nesta realidade pode-se imaginar o letramento no singular. Já o
modelo anterior “modelo ideológico”, se direciona na dimensão social do letramento, são
consideradas atividades sociais que se habitem no tempo e espaço da sociedade, assim como nos
projetos políticos e culturais.
Mortatti evidencia que, um indivíduo alfabetizado, nem sempre está letrado, o acesso a
tecnologia do ler e escrever não está disponível a todos, assim como os materiais impressos que
dependem da sociedade, do momento histórico e cultural, para que possam ser gerados e
30
utilizados. Os processos de escolarização não se restringem a alfabetização, tanto é que a escola
não é o único lugar em que se pode ocorrer o processo de alfabetização, cada faixa etária
(crianças, jovens e adultos) estabelece um modelo para que possam ser alfabetizados.
Segundo a autora, o ganho da leitura e escrita, não garante um bom nível de letramento,
e nem só a alfabetização está sendo garantida para a população brasileira. No Brasil o
letramento e analfabetismo se resulta na definição por parte do IBGE, no qual se evidencia o
índice de “analfabetismo funcional”.
Atualmente, os livros didáticos vêm promovendo uma interação entre alfabetização e
letramento, em ação de formação continuada de professores da educação básica. Portanto, para a
autora, não se deve separar letramento da alfabetização, da escolarização e muito menos da
educação, pois todos buscam tornar a sociedade melhor e mais culta.
Mortatti em suas considerações finais, constata que não há uma conclusão para o tema
no livro abordado, a relação entre educação e letramento. Seu objetivo era o de dar suporte
teórico para pesquisadores ou acadêmicos que pretendem estudar sobre o tema. Ressalta que,
educação e letramento possuem um inter-relacionamento, ao se ampliar o conceito de educação,
os sentidos de alfabetização também se modificam. Conclui a importância de se discutir sobre
analfabetismo, alfabetização e educação, como meio de superar toda uma dívida com os
excluídos da participação social, cultural e política do país.
Diante de todo o exposto, é possível fazer considerações importantes sobre a obra
resenhada. Por trazer a análise do tema, educação e letramento, abre vários leques para uma
pesquisa acadêmica, sendo esse o objetivo da coleção a qual pertence. Traz profundas
contribuições para discussões a respeito do analfabetismo no Brasil, um tema atualmente
polêmico. Portanto, essa obra traz uma base teórica riquíssima para pedagogos ou pesquisadores
e acadêmicos que têm interesse no tema educação, alfabetização e analfabetismo no Brasil.
ANEXO V
RESENHA
BARBOSA, J. J. Alfabetização e leitura. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1997.
Keila Cristina Barbosa da Silva - UEM1
Fernanda Cristina de Souza – UEM2
José Juvêncio Barbosa, professor Formado pela Universidade de São Paulo, na época
em que o livro foi escrito trabalhava na Fundação para o Desenvolvimento da educação,
coordenando projeto na área de documentação sobre alfabetização. Possui artigos importantes
publicados como, por exemplo, Alfabetização: catalogo da base de dados.
O livro Alfabetização e Leitura teve sua primeira publicação em 1990, posteriormente a
segunda em 1994 e a versão mais recente (terceira edição), sendo publicada em 2013. A obra
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
keila.cris02@hotmail.com
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
fernandamily@outlook.com.
32
objeto dessa resenha foi a segunda edição, da Coleção Magistério 2º grau- Serie formação do
professor. A obra foi escrita no período entre a constituição de 1988 e a elaboração da LDB de
1996, período que trouxe importantes contribuições para a educação brasileira.
Barbosa, faz uma pesquisa historiográfica trazendo os indícios de metodologias para se
alfabetizar encontrados na história, constituindo uma documentação de dados históricos, e
evidenciando os fatos e necessidades que fizeram com que estas metodologias fossem
modificadas e aprimoradas. A obra é dividida em duas partes, onde na primeira estão explicitas
questões relacionadas a alfabetização e leitura. A segunda parte traz questões a serem pensadas
pelo alfabetizador. Aponta de modo geral que não é somente por meio das intervenções de
ensino que a aprendizagem de fato acontecerá, mas também pelas assimilações e
reinterpretações realizadas pelo educando do conteúdo passado por estas intervenções.
Na primeira parte o autor relata sobre o analfabetismo, a história da escrita e uma breve
história das metodologias. Os anos passam e com eles surgem as modificações necessárias para
acompanhar as demandas de cada época, com a alfabetização não foi diferente, somente em
1789(marco inicial) ainda com a escola republicana vigente, que a alfabetização começa a ser
moldada para o modelo que vemos hoje, antes o processo de escrever era visto separado da
leitura e consistia em uma educação individual, pois somente os pais mais favorecidos podiam
custear os preceptores de ensino para seus filhos. No século XIX essas duas práticas começam a
caminhar juntas, logo em 1815 tem-se a publicação do guia do ensino mutual a fim e orientar
este novo ensino. Começa-se a expandir o ensino para as crianças do povo também, logo os pais
aceitavam por acreditar ser a saída do serviço pesado do campo.
Parte da população possui a capacidade de ler e escrever devidamente, porem muitos
ainda não adquiriu tal processo sendo eles assim analfabetos, logo devido a grande precisão de
Mão de obra qualificada o analfabetismo tem sido um grande problema a ser enfrentado.
Encontra-se também o analfabeto funcional sendo aquele que não domina todo o processo, mas
parte dele. Gera-se a disputa de métodos a fim de encontrar a melhor forma de alfabetizar. Por
muitos anos prevaleceu o método sintético que hora fora julgado um método lento e mecânico.
Mas no início do século XIX este se aperfeiçoa, mudando a ênfase do nome da letra para o som
da letra. Outro importante método fora o analítico- sintético (global) que se concretiza com base
na psicologia da forma ou Gestalt no final do século XIX. Em 1876 surge a importante cartilha
maternal do poeta João de Deus. A partir de 1930 o número de cartilhas cresce bastante, como
33
também os manuais para os professores que subsidiavam o trabalho, mas não dava suporte
algum ao aluno. Segundo Barbosa (1996, p. 56) as cartilhas "Concretizam o modelo idealizado
pelas metodologias tradicionais, tornando o ensino da leitura uniforme, cumulativo e
homogêneo."
Mais adiante surge a psicogênese da língua escrita, onde a base passa a ser na psicologia
genética de Piaget centrando as investigações na assimilação do sujeito, no que ele já sabe e de
acordo com a sua capacidade de aprendizagem. No Brasil Lourenço Filho traz os testes ABC,
avaliando aptidões e habilidades precisas para que a criança possa ser devidamente alfabetizada.
A partir dos anos 50 acontece a fusão entre Psicologia e linguística, gerando a Psicolinguística
que se preocupa com as relações entre linguagem e pensamento, logo Barbosa (1994, p. 88)
evidencia suas bases " De início, esses estudos tiveram por base os postulados neobehavioristas,
que já concebiam uma mediação interna entre o estimulo e resposta dos behavioristas."
Na segunda parte, Barbosa aponta sobre fatores que vem influenciar na leitura. Até o
final do século XVIII, os leitores tinham um prazer por ler que não se restringia apenas à leitura
mais a todo conteúdo que o livro trazia inclusive a parte estética. “Até o final do século XVIII,
os livros eram muito diferentes do que são hoje, e o prazer do leitor não se limitava apenas no
texto: havia um prazer estético, ligado a aspectos gráficos” (BARBOSA, 1992, p.96). A leitura
era algo restrito e era encontrada apenas em livros, diferente dos dias atuais, que são
encontradas em diversos lugares com cartazes, placas de transito, nos alimentos, afinal em
diversos luares do cotidiano.
Na antiguidade, os textos eram transmitidos de forma oral, por que assim os filósofos
acreditavam que tinha uma maior compreensão. “O diálogo, estratégia básica de transmissão e
avanço do saber “[...] O escrito era visto como sucedâneo do oral e, assim, pouco valorizado”
(BARBOSA, 1992, p.97). Um exemplo é Sócrates que nada escreveu, assim como Buda. Na
idade média, a escrita desaparece, um motivo é o monopólio da igreja católica. “É bastante
severa a censura estabelecida pela Igreja, seja através das obras selecionadas pela transmissão
no pergaminho, seja através da prática usual do raspar manuscritos antigos para neles fazer
novos escritos" segundo Bárbara Giovannini apud (BARBOSA, 1992, p. 98). Nesse período
ensinava-se para as crianças em Latim, e para aprender elas tinham que decorar o conteúdo.
Os textos eram lidos em voz alta por acreditar que para ler precisava ouvir o som das
palavras, existia um local reservado para a leitura, onde poderia ler em voz alta o que foi
34
captado pelos olhos. Isto até Santo Agostinho começar a analisar os costumes de Santo
Ambrósio que lia apenas com os olhos, uma leitura silenciosa. “Uma nova concepção de leitura
despontava: a leitura silenciosa, onde o sentido do texto é produzido sem o intermédio do som.”
(BARBOSA, 1992, p.100). Surge então um novo tipo de letra, a Carolina, junto com ela os
espaços em branco entre as palavras, a introdução de sinais de pontuação e a ortografia da
língua latina, foi levada a cabo pelos gramáticos de Carlos Magno, esses reduziram os
obstáculos para a leitura.
No século XVIII os escritores não tinham grande importância, e geralmente não
sobreviviam de suas obras, eles vendiam as obras por um preço estipulado e a editoras que
lucravam mais com as obras. Não se dava muito valor aos romances, pois eles não eram vistos
com bons olhos.
Em 1761, porém, Rousseau publica o romance La Nouvelle Héloise, talvez o maior
Best-seller do século XVIII, que provocou a primeira epidemia de emoção da história da
literatura. A procura de exemplares ultrapassou o fornecimento dos livreiros chegara a alugar o
livro por dia e até por hora. A partir de Rousseau, cria-se o novo mito do culto do escritor. No
campo recém-surgido da história da leitura, esse fato marca uma revolução da leitura, ocorrido
na Europa quase no fim do século XVIII. (BARBOSA, 1992, p. 105) Neste século, os livros
começam a tocar sentimento das pessoas, é quando surge e expressão: ler chorando.
Nos dias em que se passa o período do livro, o autor mostra que a escrita está presente
em nossa vida no dia a dia, em todos os momentos. Existem diversos tipos de textos e formas de
leituras, por isso não podemos adotar um padrão para todas as leituras. É importante que o leitor
saiba interpretar o texto e não apenas decodificar os códigos, isso é importante tanto para ler um
livro de poesias quanto uma bula de remédio, por que não basta saber ler se não souber receber
a mensagem que texto traz.
Durante muito tempo acreditava-se que para aprender a criança precisava apenas de
repetição, e não se levava em conta a interpretação. “No caso do ensino da leitura, essa
concepção levava a crer que era suficiente o professor mostrar a palavra escrita (mesa, por
exemplo) para a criança perceber e reproduzir o estimulo (mesa)” (BARBOSA,1992, p.128).
Muitas crianças não querem aprender a ler
Um dos motivos que pode levar a criança a não querer aprender a ler é o risco que toda
aprendizagem supõe. O medo de enfrentar uma situação desconhecida, o receio de não ser
35
capaz, “[...] tudo isso pode desenvolver na criança um bloqueio que dificulte a aprendizagem”.
(BARBOSA, 1992, p. 135)
Assim, para se ensinar uma criança o processo da leitura é preciso mostrar à ela a
importância de saber ler para assim ir despertando o interesse dela, para que ela não veja isso
apenas como uma imposição.
Durante o momento de aprendizagem da leitura devem ser valorizados na criança os
diversos tipos de texto que ela tem contando explorando se ela consegue interpretar que
mensagem está sendo passada ali. O professor nesse momento deixa de ser apenas um
transmissor de conhecimentos e passa a ser aquele que vai estimular e orientar na aprendizagem.
“O professor deixa de ser um mero transmissor de conteúdos e técnicas e assume o papel de
orientador, de facilitador da aprendizagem.” (BARBOSA, 1992, p.137). Não se pode dizer que
existe um método para se ensinar a leitura, “Não devemos imaginar que seja possível a
existência de uma metodologia de ensino perfeita [...] “(BARBOSA, 1992, p. 139), como
estamos discutindo sobre o assunto, existem vários fatores que influenciam nesse momento de
aprendizagem.
A Coleção Magistério 2º grau - Serie formação do professor, tem como objetivo orientar
professores da formação de docentes, dando um suporte para o estudo. O livro traz um
conhecimento geral sobre a área de alfabetização e leitura sendo assim uma base para os estudos
da área. No final de cada tópico tem atividades complementares, sugestões de leituras para um
aprofundamento em cada assunto. O livro tem uma linguagem acessível, sendo de fácil
entendimento.
ANEXO VI
RESENHA
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 8 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
Mariana Silveira Araujo - UEM1
Thais Goerll - UEM2
Este trabalho tem como base a análise a obra Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a
teoria e a prática, livro que traz relatos de experiências em alfabetização e letramento, como o
próprio nome já diz. Escrito pela Autora Marlene Carvalho, a qual lecionou durante mais de dez
anos em escolas municipais enfrentando as dificuldades que aborda no livro. A mesma é
formada em pedagogia pela UFRJ, onde fez seu Mestrado em Educação, concluiu seu
Doutorado na Bélgica onde escreveu uma tese sobre alfabetização. No momento é professora do
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
mariana.silveira@hotmail.com
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
thaisgoerll@hotmail.com
37
mestrado em Educação da UCP e assessora pedagógica do Programa de Alfabetização de jovens
e adultos pela UFRJ.
O livro traz uma literatura que relata experiências gostosas de serem lidas e analisadas, a
autora ainda cita grandes autores, um deles é Graciliano Ramos em relatos de experiência de
leitura e não compreensão de palavras como “terteão”, o que seria isso na visão de uma criança?
Era necessário que os preceptores ou professores, estivessem mais preparados para essa
“empreitada” de ensino aprendizagem. Carvalho traz conhecimentos acerca da alfabetização e
seus métodos, teorias e experiências de funcionamento dos mesmos, e também revela
conhecimentos relacionados ao letramento, como a apropriação da leitura, quais a séries se
enquadram na mesma, como o professor deve trabalhar em relação à aplicação desse letramento
e o uso de auxílios como a contação de histórias, poesias, cartas, entre outros meios que levarão
a futura alfabetização.
Na primeira parte do livro a autora traz alguns relatos angustiantes, onde observamos
que os métodos de ensino a leitura e escrita estão ligados a forma com que são ensinados,
compreendem-se que os mesmos dever ser ensinados com cautela, e não como uma obrigação.
Se o tutor ensinar com paciência o aluno aprenderá com mais facilidade, se não a dificuldade já
começará ai. Já se tratando da teoria, ela traz três teorias que tentam explicar como a criança
aprende: por meio de estimulo e resposta (associação), a ação do sujeito sobre o objeto
(construtivismo, proposto por Piaget) e pelo sóciointeracionismo (ação do sujeito sobre o objeto,
vista pelo aprendiz e compreendida pelo mesmo). Temos ainda neste início algumas situações
que dificultam todo o processo de ensino, como as condições inadequadas das escolas com
turmas muito numerosas, materiais didáticos e equipe pedagógica sem muito preparo e
estruturas precárias de salas auxiliares. Se tratando do ambiente não escolar as dificuldades
também existiam, pois, as famílias muitas vezes eram iletradas, a iniciação do aluno era tardia
no âmbito escolar, faltava acesso aos materiais, pois em sua maioria isso acontecia com famílias
de baixíssima renda. Porem a autora ressalta que estes não eram motivos que justificavam o
“fracasso escolar”, pois cada caso e um caso.
A educação se transforma conforme a necessidade da sociedade. Observamos isso em
nossos estudos cotidianos, e em relação à obra temos o exemplo do voto, apenas o saber
escrever o nome já dava ao cidadão o direito a voto, porém o mesmo escreve seu nome, mas não
deve compreender as letras. Temos ainda a falha do sistema educacional, pois as pessoas tinham
38
o conhecimento das letras à medida que fosse necessário assinar um nome, ou passar um recado,
aqui então à autora mostra a necessidade da escola pública, pois a mesma leva as pessoas a
conhecerem e compreenderem melhor letramento e alfabetização, para que pudessem
desenvolver funções maiores. Mas não eram apenas os alunos que passavam por desigualdade,
os professores, também sofriam com isso, como até hoje existe essa diferença, um exemplo é a
sala de aula cheia de alunos, para um único profissional dar conta. É necessário que o mesmo
esteja ciente de um método de aplicação, ainda que o método não seja o centro, ele é importante.
Quando estudado o construtivismo de Piaget, haveria maior compreensão, sendo assim método
e prática poderiam caminhar juntos, mas a autora nos traz que faltava tempo para a realização
dos estudos no momento. Não ignorando o método já citado acima, ela ainda s traz o sintético
(letra-som, ou silaba-palavra) e o analítico (contação, oração ou frase), é necessário ainda a
quem vai ensinar, compreender o porquê escolheu o método que vai trabalhar, a fundamentação
teórica do mesmo, observar o material que será usado se é de fácil acesso entre outros.
Depois de citados os métodos, Carvalho leva-nos a entender um pouco melhor a
silabação, que se trata da separação das letras e silabas, baseia-se inicialmente em compreender
as letras, para depois unificá-las e formar as palavras. A silabação era aplicada através de
cartilhas, porém não foi muito eficaz pelo fato de não trazer o real aprendizado, o uso das
cartilhas era de certo modo rigoroso e perdurou por um bom tempo. A cartilha é usada até os
dias de hoje por alguns professores, muitas delas nem constava o nome do autor, o método
ensinava combinações entre letras e sons, o ensino das letras e palavras aconteciam muitas
vezes, ainda que não compreendido o significado, mas por meio da memorização, entretanto a
leitura propriamente dita ficava para uma segunda etapa, onde o aprendiz já consegue associar
palavras a objetos, ou entender a palavra ou texto por inteiro, pelo fato de o mesmo possuir um
contexto e não estar embasado na cartilha.
Temos também o método fônico, tem o objetivo de fazer com que a criança se volte para
a sonoridade das palavras e em seus fonemas, aqui a autora traz que a criança consegue
compreender frases, pois não acontece à memorização, onde ao compreender os sons, o aluno
vai entendendo a palavra e o seu significado. No Método da abelhinha de Alzira S Brasil da
Silva; Lúcia Marques Pinheiro e Risoleta Ferreira Cardoso, primeiro é necessário a sintetização
dos sons, conforme a união das palavras e depois a análise delas pela separação dos sons das
mesmas, esse é conhecido como método Misto sintético-analitico, e segundo as escritoras não
39
devemos confundi-lo com soletração/silabação. A casinha Feliz de Iracema Meireles, método
que se relaciona a uma forma mais lúdica do aprendizado, onde teatros são usados para ensinar
a ler e escrever, o qual demorou um pouco para achar uma forma de seu funcionamento, mas
teve um resultado positivo e fez até que houvesse a introdução do mesmo em uma escola
pública da época. Para a aplicação de ambos é necessário que o professor esteja preparado com
uma fala eloquente, onde não exista uma dificuldade de entendimento das palavras, havendo
também diferentes formas de se caracterizar palavras e sons por exemplo.
Ao contrário dos métodos fônicos que partem da palavra curta até a simples, temos os
globais, onde o apego não está no “pequeno” e sim parte da visão geral para a particular,
primeiro é necessário que o todo seja compreendido, e depois os detalhes. Nesta metodização é
feito o uso de contos, do ideovisual de Declory, Natural de Freinet, onde a criança aprenderá por
textos que as interessem e estejam relacionados às suas experiências, Marlene ainda nos traz
métodos como o de Paulo Freire, o natural, entre outros.
Ainda na fase da alfabetização esse capítulo nos traz o uso de textos para a alfabetização,
sendo o mesmo um campo muito amplo a ser explorado e trabalhado. Esses textos podem ser
trabalhados de várias maneiras, de forma escrita, através de histórias narradas, poesias cantadas,
interpretação da história contada, feita pelo aluno, ou seja, releitura da história na visão dos
alfabetizando, entre outros. É importante aqui que a criança compreenda que a maneira que a
história será contada não pode ser a mesma que ela será escrita, pois para escrevê-la é
necessário “seguir as regras” da língua portuguesa. Carvalho traz dicas de como trabalhar os
textos, como decidir qual será o assunto trabalhado, trazendo ainda opções de atividades para
serem aplicadas em sala.
Na segunda parte do livro Marlene Carvalho traz um maior entendimento acerca do
letramento, ainda que para muitas suas funções aparentemente estejam relacionadas, alfabetizar
e letrar possuem uma grande diferença de conceito. Carvalho relata que, alfabetizar é ensinar o
código alfabético e letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e
escrita, sendo assim ela nos traz que ser uma pessoa alfabetizada, é ser alguém que sabe
identificar os códigos das letras e palavras, sabem formar algumas frases e até textos simples,
todavia ser alguém letrado é ter um maior conhecimento das palavras, onde textos de conteúdos
mais complexos são compreendidos quando lidos, o que mostra que o indivíduo em questão é
40
alguém que teve uma boa apropriação da escrita e da leitura, podendo se utilizar das palavras,
frases e textos para exercer uma função social.
Neste momento ainda é abordado o analfabetismo no Brasil, as causas que o cercam
como o desemprego das famílias impossibilitando as crianças a terem acesso a escola, e até
mesmo os adultos que não tem o conhecimento. Porém em países onde o analfabetismo já está
superado, o objetivo da escola é formar o indivíduo, um indivíduo letrado. Para formar um
indivíduo letrado é necessário um trabalho gradativo da escola, sendo o mesmo não rigoroso.
O letramento traz um maior entendimento para leituras, existem vários tipos de leituras,
mas o gosto pela mesma nem sempre existe, uns gostam por verem seus familiares lendo, outros
por simplesmente gostar e outros precisam desenvolver esse gosto literário, nem sempre é fácil
mais é possível. Vale ressaltar aqui que o professor se bem preparado é o mais apto a
desenvolver esse gosto na fase da alfabetização, depois de concretizado esse processo o
letramento fará uma diferença enorme para a vida pessoal, profissional e cultural do aluno em
questão. Para haver o letramento é necessário um trabalho bem desenvolvido, e o entendimento
de que muitos alunos têm dificuldade de aprendizagem, às vezes por mera insegurança, então
não basta apenas conhecer o conteúdo a ser aplicado, é necessário reconhecer que cada um tem
seu ritmo e respeitar isso.
Para alfabetizar letrando é preciso que haja um trabalho intencional de sensibilização,
através de atividades de comunicação. A criança deve ser mediada pelo professor de modo a
entenderas variações de escritas, de acordo com cada gênero textual e com os objetivos do autor
para cada texto. Tendo isto em vista, Carvalho mostra diferentes tipos de textos que devem ser
trabalhados ao decorrer Ensino Fundamental, como por exemplo: As narrativas, listas, poemas,
receitas de cozinha, quadrinhos, bilhetes, convites, cartazes, diários, textos didáticos,
reportagens, relatórios, bulas e instruções. Tento em vista observar como cada texto tem sua
função social, o local que será encontrado, como e a quem deverá se destinar e a “silhueta” do
texto, ou sejas, as formas gráficas, o autor do texto, os objetivos deste autor, o assunto a ser
abordado, o título e o gênero textual do qual o texto se trata.
Em seu último capítulo, Carvalho ressalta que os três campos de conhecimento que
produzem maior parte dos trabalhos científicos relacionados com a alfabetização e a formação
de profissionais desta área é o campo da linguística, da pedagogia e da psicologia. Ela apresenta
depoimentos de alunas que participam das pesquisas práticas de leituras e escritas do Ensino
41
fundamental, onde podemos notar muitas ideias distintas em relação à alfabetização, em que as
próprias professoras precisavam naquele momento de respostas para questões que nem elas
conseguiam resolver no âmbito de sala de aula. Notamos também no relato das educadoras que
a posição da alfabetização é um tanto quanto delicada, pois as mesmas mudavam seus
procedimentos pedagógicos conforme mudava o governo e a equipe da escola. Ao final das
entrevistas, após relacioná-las com a teoria vista no conteúdo do livro dos capítulos um e dois,
podemos perceber que encontramos ecos de construtivismo Piagetiano, quanto às práticas de
alfabetização. Notamos também que o método fônico e a palavração são as bases dos trabalhos
das educadoras da entrevista, pode se dizer também que as mesmas aplicam métodos mistos.
Carvalho nos coloca essas pesquisas, a fim de que possamos nos questionar e argumentar sobre
as metodologias utilizadas pelas educadoras.
Ao final de seu livro, Carvalho nos traz uma incrível exposição abordando como nós
professores devemos nos posicionar diante da alfabetização, ela nos expõe uma crítica aos
professores que utilizam de receitas para alfabetizar, acreditando que todos os alunos devem ser
tratados da mesma maneira e que todos têm o mesmo ritmo de aprendizado. Ela propõe que o
correto é deixar o aluno expor seus conhecimentos e que nos professores devemos fazer troca de
ideias com nossa turma, fazer leituras em voz alta, mostrar coisas escritas que as crianças não
têm contato ou não conhecem, deixar que eles ajudem uns aos outros e por fim nos coloca algo
que é muito interessante, que o professor tem que estudar também junto com seus alunos e
também nos diz que podemos criar, inovar, e que isso dará uma forma muito mais gratificante
de trabalho.
Ao estudarmos a obra de Marlene Carvalho, foi possível abrangermos conhecimentos
mais profundos, como a significativa diferença entre alfabetizar e letrar, assim como o uso de
relatos de experiências pessoais e até mesmo o de outros autores, acabou por ampliar a nossa
visão em relação a erros frequentes e nem sempre notáveis, na aplicação de conteúdo, na forma
de tratamento do aluno por preceptores, ou cuidadores responsáveis pelo ensino das letras, entre
outros. As atividades trazidas pela escritora ainda nos ensinaram muito, pois, as mesmas nos
trouxeram uma base teórica acompanhada de grande teor de conhecimento, principalmente no
que se relaciona a alfabetização. A leitura da obra de Carvalho foi de grande aprendizado para
nós.
ANEXO VII
RESENHA
TRINDADE, I. M. F. A Invenção de uma nova ordem para as cartilhas: ser maternal,
nacional e mestra. Queres ler? 2001. 524f. Tese (Doutorado) – Curso de Doutorado em
Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
Caroline Domenech - UEM1
Jéssica de Paiva Gonçalves – UEM2
Iole Maria Faviero Trindade é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, fez mestrado e doutorado em Educação pela mesma universidade. Possui vasta
experiência na área da alfabetização, com ênfase na atuação sob os temas: Alfabetização e
letramente, cartilhas e livros didáticos de alfabetização, discursos entre outros, centrados
principalmente em seu estado natal o Rio Grande do Sul. Na atualidade é professora aposentada
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
carol_domenech@hotmail.com
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico:
jessyca_paiva@hotmail.com
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Anexos relatório pibid pedagogia cianorte 2014

  • 1. ANEXO I RESENHA FERREIRO, E; TEBEROKY, A. Psicogênese da língua escrita. São Paulo: Artmed, 1999. Cíntia de Souza Adelino - UEM1 Simoni de Souza Adelino Jorge - UEM2 O livro Psicogênese da Língua Escrita trata de uma pesquisa desenvolvida pelas autoras Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi e Ana Teberosky. Ambas adotam a teoria piagetiana, e a partir de 1974, na Universidade de Buenos Aires, desenvolveram uma série de atividades com crianças que deu origem a obra em questão, que foi publicada em 1984, originalmente em espanhol, com o título Los sistemas em el desarrollo del niño. A presente resenha foi elaborada a partir da edição comemorativa dos vinte anos de publicação, no qual se tornou um grande clássico da psicologia e da pedagogia. A obra apresenta os processos de aprendizagem das crianças, chegando a conclusões que puseram em questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita. De acordo com as autoras, 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: cintia- adelino@hotmail.com. 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: simoni.souza_65@hotmail.com.
  • 2. 2 [...] objetivo deste livro é mostrar que existe uma nova maneira de considerar esse problema. Pretendemos demostrar que a aprendizagem da leitura, entendida como o questionamento a respeito da natureza, da função e do valor do objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Pretende-se ainda demonstrar que além dos métodos, dos manuais, dos recursos didáticos, existe um sujeito buscando a aquisição de conhecimento; sujeito esse que se propõe problemas e trata de soluciona-los seguindo sua própria metodologia. Essa é uma obra da psicologia e contribui muito para pesquisadores que possuem objetivos semelhantes ao das autoras, ou seja, mostrar a interação do sujeito com a escrita. A partir de seus estudos as autoras buscaram responder alguns questionamentos a cerca da aquisição da técnica de leitura e escrita, já que mesmo que inconsciente o homem faz uso do alfabeto para se comunicar através da fala. Porém, confronta as diferentes situações sociais entre crianças de Classe Baixa (CB) e crianças de Classe Média (CM) e parte desse pressuposto para analisar o fracasso escolar nas series iniciais e a alta taxa de evasão escolar. As pesquisadoras destacam logo no início do livro que a atividade de ensinar a ler e a escrever continuava sendo, assim como ainda hoje, uma das tarefas mais especificamente escolares. Elas chamam a atenção para o fato de que, à época, um número muito significativo de crianças fracassava nos primeiros anos da alfabetização. Mobilizadas por essa situação, as pesquisadoras escreveram o livro, com o objetivo de mostrar que existia uma nova maneira de considerar tal fato. Tinham a intenção de explicar que a aprendizagem da leitura, compreendida como o questionamento a respeito da natureza, função e valor desse objeto cultural que é a escrita, começa antes do que a escola concebia, ocorrendo por insuspeitados caminhos. A pesquisa chama a atenção para a existência de um sujeito-criança que busca a aquisição de conhecimento (língua escrita), que se propõe problemas e trata de os solucionar, seguindo sua própria metodologia. A partir dos resultados da investigação, foi possível às pesquisadoras constatar que o processo de aprendizagem das crianças pode ir por vias insuspeitadas para o docente. A pesquisa foi realizada com crianças da cidade de Buenos Aires com idades entre 4, 5 e 6 anos na primeira parte da pesquisa foram entrevistadas 108 crianças já na segunda parte entrevistaram mais de 800 crianças. Dessa forma propuseram também a mostrar que a criança por mais simples que seja ao chegar às instituições de ensino já carregam alguns conhecimentos de leitura e escrita no qual inda não possuem consciência do uso cultural e sua real significação social, pois já são capazes de reconhecer alguns símbolos, cartazes e ate
  • 3. 3 mesmo rótulos e embalagens. Outro fator muito importante que as autoras levam em consideração são os diferentes momentos na aprendizagem da lecto-escrita, a mesma coloca se em níveis diferentes. Diante desse fato as autoras ainda apontam os problemas de metodologia de ensino e as disputas entre métodos de ensino existentes. Ferreiro e Teberosky afirmam que os métodos de ensino de leitura e escrita confrontam se em disputas constantemente na briga para provar qual o melhor método alfabetizador o sintético, analítico ou o fonético, porem dessa forma o que se constatou foi que sempre acabava por privilegiar uma habilidade em particular e deixando de lado as outras funções, ignorando a competência linguística e as capacidades cognitivas das crianças na qual fazem relações com a teoria de inteligência de Piaget. Assim seguiram a pesquisa pautada no método clinico desenvolvido por Piaget no qual apresentavam figuras as crianças e pediam para identificar e posteriormente pediam que escrevessem, as crianças passavam por processos de percepção, identificação, classificação e interpretação. No decorrer da pesquisa observou crianças em vários níveis o que possibilitou a percepção da dificuldade da criança nesse momento de aquisição de leitura e escrita. O processo de diferenciação entre desenhos e letras, posteriormente a diferenciação entre as próprias letras, Ferreiro e Teberosky denomina esse momento de pré-silábico, passando para o silábico alfabético ate chegar de fato ao alfabético. Este livro foi dividido em oito capítulos para que de fato as autoras pudessem relatar a experiência vivenciada por elas e pelas crianças. No primeiro capítulo elas relatam um panorama geral da educação na América latina, apresentando os métodos tradicionais do ensino de leitura e escrita, e ainda frisa a importância da teoria de Piaget nessa busca de compreensão desses processos levando em conta a psicolinguística contemporânea. No segundo capítulo demonstram os aspectos formais do grafismo, observando as características formais que deve possuir um texto para permitir a leitura, respeitando os principais mecanismos sendo eles: letras, números e os sinais de pontuação. Devendo sempre se organizar em variação e quantidade de caracteres, estabelecer relação entre números letras e reconhecer uma a uma de maneira individual, criando e estabelecendo distinção entre letras e sinais de pontuação adotando critérios de orientação espacial da leitura. O terceiro capítulo aborda sobre a leitura como imagem, ou seja, apresentando a escrita como objeto substituto, mostrando que no inicio as crianças não conseguem definir de fato as
  • 4. 4 diferenças entre desenho e escrita, acreditando na possibilidade da escrita como rótulo do desenho nos quais as propriedades dos textos fornecem indicadores que possibilitam a sustentar a antecipação feita a partir da imagem, propiciando mais tarde a leitura de orações através da diferenciação entre desenho e escrita e propriedades gráficas. Dentro desse capítulo ainda buscam responder a busca de correspondência termo a termo entre os fragmentos gráficos e as suas segmentações sonoras, ou seja, segmentos silábicos e gráficos, assim também estabelece a busca pela progressão evolutiva das crianças e analisam a leitura de palavras e orações. O quarto capítulo contempla a leitura sem imagem e a interpretação dos fragmentos dos textos priorizando as separações entre as palavras da nossa escrita e ainda coloca o ponto de vista da criança e suas superações a partir da leitura de uma oração e a distribuição e elaboração de respostas. Já no quinto capítulo as autoras apresentam os atos de leitura à interpretação da leitura silenciosa, em voz alta e a contextualização entre o começo de diferenciação entre a língua oral e a língua escrita. O sexto capítulo fala da evolução da escrita, e a distribuição dos níveis de escrita por idade e procedência social e as transformações de nomes e faz um comparativo de como as crianças escrevem sem a ajuda escolar, os próprios nomes e como essas mesas crianças escrevem os nomes com ajuda escolar. O sétimo capítulo contempla e demostra a ideologia e o dialeto que estão embutidos dentro da leitura. O oitavo capítulo contextualiza toda trajetória percorrida durante a pesquisa e faz conclusões a cerca dos problemas que as crianças colocam; fala da necessidade de entender que todo trajeto de leitura como decifrado, copia e coloca ainda progressos da lectoescrita com avanços no decifrado e na exatidão da copia gráfica. Mostra também as consequências pedagógicas e as soluções históricas dadas ao problema da escrita e suas implicações. Considerando o percurso realizado pelas autoras, o tempo em que se dedicaram a obra, vimos a contribuição importante para o professor e para o psicólogo no que diz respeito formação da linguagem de uma criança dentro de uma abordagem piagetiana. Contribui trazendo novas questões evolutivas aos contextos das diferentes histórias porém a criança que esta lá é a mesma criança ao qual Piaget sempre se reportou, as autoras replicam assim a ideia de Piaget.
  • 5. ANEXO II RESENHA SMOLKA, A. L. B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2003. Glaysi Kelly dos Santos - UEM1 Este trabalho visa apresentar a obra da autora onde ela realizou o trabalho, na rede oficial de ensino de Campinas, contou nos anos de 1983, 1984 e 1985, com o auxílio financiado do INEP, SESU e FLE, como “Projeto de Incentivo à Leitura: Subsídios Metodológicos para professores da Primeira Série do Primeiro Grau”. Este livro foi escrito em sua primeira edição no ano 1988. A obra está estruturada em cinco partes com subtítulos, a qual começa partindo, de alguns pontos de partida para discursão do assunto, fazendo um percurso no trabalho, das relações entre salas de aula e ensino, discutindo também alguns pontos de vista da emergência do discurso na escritura inicial e as interlocuções. A primeira parte do livro segundo Smolka, o processo de alfabetização tem se mostrado uma das questões sociais mais fundamentais por suas implicações políticos e econômicos evidenciados instrumento e vínculo com as políticas educacionais com uma ideologia que 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: glay.si@hotmai.com
  • 6. 6 democratizou a alfabetização em nossa sociedade que se criou uma ilusão de vagas para todos, ou seja, alfabetização pela escolarização no processo de produção em massa as práticas pedagógicas. Ou seja, se criou uma ilusão que há vagas para todos no sistema de ensino que todos são ensinados e alfabetizados. Neste cenário Smolka, com sua pesquisa sobre linguagem escrita e alfabetização e leitura como processo discursivo trata da seguinte questão da alfabetização de dar condições de se comunicar, interagir saber se colocar tem em situação e condições de falante e ouvinte, souber ler e interpretar um texto e escrito, visto que estas condições só se tomam possível, por meio da alfabetização e o ensino da linguagem escrita. Smolka não aponta um caminho como modelo pronto de se alfabetizar as crianças ao contrário nos aponta caminhos para chegar até um caminho, mas eficaz. Desta feita o processo discursivo que e saber fazer uso da comunicação é um processo de interlocução que dar condições para o sujeito se interagir por meio da fala e da escrita. As dimensões do discurso vão além da própria comunicação e da fala partem de outros discursos como: o discurso interior que é a alfabetização antes da escrita, ou seja, são concepções antônimas adquiridas pela criança pelo meio sócia- cultura construída fora do espaço escolar, que não deixam de ser conhecimento, este discurso interior parte da própria criança, e já o discurso escrito que e a comunicação já representada pela escrita, e onde a criança já produziu seu discurso interior sistematizou a fala em sua mente e com o discurso escrito ela representa o que até então era só pra si em sua mente. Na segunda parte a autora tratou da questão das salas de aula e ralações com o ensino, para ela a alfabetização implica leitura e escrita como momentos discursivos do próprio processo de aquisição também vão se dando numa sucessão de momentos discursivos de interlocuções, de interação. A questão apontada pela autora é que as escolas desde muito tempo vêm desenvolvendo um processo de alfabetização com moldes tradicionais e convencionais como, por exemplo, em grande parte sem generalizar as escolas, elas alfabetizam por meio da silabação que é pela sílaba a alfabetização e pela palavração que é pela palavra a alfabetização. Para Smolka, estes métodos de se alfabetizar precisam ser repensados e analisado para se tornar eficaz o ensino, porque a alfabetização não se baseia simplesmente ensinar a ler e
  • 7. 7 escrever, mas sim ensinar conteúdos relevantes para a formação da criança e não só ler e escrever como formação fundamental. Neste contexto, as políticas públicas decorrentes as necessidades de ser ter um modelo a seguir como guia para o educador (as) como manual que auxiliaria as práticas pedagógicas do educador (a) e que facilitaria a aprendizagem do aluno e que surge neste debate o livro didático para ampliar o ensino nas escolas. Como já dito, o livro didático entra em ação para facilitar o trabalho do educador e para as crianças em especial uma fonte de conhecimento de mundo. Porém segundo a autora será mesmo que o livro apresentado para as crianças alunos e alunas como fonte de conhecimento de mundo tem realmente funcionamento, conteúdo vinculados para suprir as necessidades do apender. Já na terceira parte a autora discute pontos de vista, Smolka se apresenta nestas perspectivas considerando a linguagem escrita mais que um instrumento, mais sim uma fase de interação e interlocução. No movimento das interações sociais e nos momentos das interlocuções, a linguagem escrita ela se cria, transforma, constrói, como conhecimento humano. Sendo assim, Smolka, quando apresenta a alfabetização como processo discursivo, ela trata da questão que a alfabetização não tem um modelo único, porém, por meio da alfabetização que aprendemos a se comunicação sendo pela linguagem falada ou escrita. Entretanto as instâncias das dimensões interdiscursivas, a emergência da escritura como prática discursiva faz com que a criança elabore a escrita como forma de diálogo possibilitando momentos do discurso da linguagem escrita. Outro apontamento que a autora levantou foi na quarta e quinta parte do texto onde ela demostra sua preocupação com a emergência do discurso na escrita inicial. A autora parte dos pressupostos teóricos de Vygotsky, onde ele contextualiza que o sujeito é um ser social que depende do meio para se desenvolver que o mesmo acredita que a figura do adulto para criança ou seu papel com mediador é imprescindível na relação da formação, criação e desenvolvimento humano da criança. Vygotsky analisa então a escrita com a forma de linguagem levando em conta a dimensão discursiva da escrita, sendo assim a linguagem não pode ser vista como um processo
  • 8. 8 mecânico, mas um processo social. A alfabetização também não deve ser entendida como aprendizagem de escrita, leitura, palavras e orações somente. O processo de alfabetização impõe necessidades de uma nova relação e visão de ensino, segundo a outrora a alfabetização e pautada na prática discursiva da escrita. Smolka propõe em sua obra por meio de sua pesquisa realizada com crianças, entender como são colocados os procedimentos do ensino e da leitura nas escolas, e como os educadores desenvolver o trabalho em sala de aula. O grande erro das escolas e dos educadores (as) eles esperam que as crianças já cheguem à escola sabendo tudo, em uma entrevista com cada criança os primeiros meses de cada revelou que: todos tinham experiências com a escrita, porém não esclarecimento, mas queriam aprender. Mas para aprenderem é preciso estimular as crianças dar oportunidades para mostrarem que são capazes de aprender a ler e escrever. Smolka como já dito não traz um modelo pronto para seguimos, mas em especial apontou sua preocupação com o ensino em especial nas séries inicias que é o primeiro contato da criança com o ensino sistematizado. Para a autora na fase inicial e onde a criança começa a entender que tudo que elas sabem falar tem uma palavra que representa sua fala. Portanto a questão da relação pedagógica e dos procedimentos da escola e que tem se ensinado para as crianças a escrever, e não fazer menção a dizer – e sim, repetir – palavras e frases pela escritura. Porém a escola não percebe que este procedimento faz com que crianças que não conseguem aprender com esta metodologia sejam banidas e rotuladas como crianças problemas. As escolas jugam e culpa as crianças de não estarem aprendendo por falta de incompetência, défice de atenção falta de comportamento entre outros, mas nunca param para pensar se de fato a culpa de não aprender e somente da criança ou da escola. A escola é um espaço entendido pela sociedade com espaço de transmitir conhecimento de mundo para as crianças e formar um sujeito com capacidades para poder viver em igualdade, sendo assim a escola não dever se remeter só no ensinar a ler a escrever, esperando que os mesmos se tornem leitores e escritores. A escola deve então proporcionar um espaço de descobertas para as crianças ensina uma leitura eficaz e não de memorização, afinal existem várias e inúmeras formas de se trabalhar para se desenvolver aprendizagem da leitura e alfabetizar criança independente de seu contexto social e econômico.
  • 9. 9 Desta forma a autora explica em sua a pesquisa com a escrita e leitura como um projeto de incentivo para professores nas séries iniciais em linguagem e escrita no ensino para as crianças. A autora nos traz informações a respeito da importância de se ter um cuidado em se ensinar as crianças a obra de Smolka, é um livro que nos amplia o horizonte nas práticas pedagógicas. Portanto para ela os educadores (as) em especial de séries iniciais devem rever suas práticas de ensino de como estão estabelecendo a relação de alfabetizar e ensinar se estão realmente sendo satisfatório o ensino para a formatação da criança. Smolka chegou a uma conclusão que se falta muito para mudar e transformar o ensino, ela considera que a alfabetização deve ser repensada analisada, e que as escolas também devem rever suas práticas de como se alfabetizar e direcionar este processo durante a vida escolar. Contudo ela acredita que a alfabetização seja possível e viável e que e preciso na prática pedagógica ser reavaliada. Portanto, esta pesquisa de alfabetização com crianças de diferentes contextos sociais, considera que a escrita está inserida em diversos âmbitos, desta feita, a leitura de livros, a prática de alfabetizar, a escrita e a escolarização devem fazer parte da formação da criança independente se seu contexto social.
  • 10. ANEXO III RESENHA KLEIN, L. R. Alfabetização: quem tem medo de ensinar? 5 ed. São Paulo: Cortez; Campo Grande: Editora da Universidade Federal de Mato Grasso do Sul, 2008. Glazieli Melo Alves - UEM1 Natália Carolina Português - UEM2 Lígia Regina Klein aprendeu com sua mãe, Dona Ondina, professora de Didática na Escola Normal, no interior do Paraná, a arte difícil e apaixonante do magistério. Nunca mais desaprendeu e atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. Foi autora das propostas de alfabetização dos Estados do Paraná e Santa Catarina e tem inúmeros artigos publicados na área de alfabetização e educação de adultos. Em março de 1992 ela escreve seu livro Alfabetização: quem tem medo de ensinar? Pois naquela época tem se um grande número de analfabetismo e um grande fracasso escolar nos últimos anos. Temos a presença de alunos desinteressados e sem vontade de aprender, então se 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: glazielimeloalves2014@gmail.com 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: natalia.portuga@hotmail.com
  • 11. 11 percebe um método que não está dando certo naquela época, o método tradicional, onde a autora deste livro faz críticas ao mesmo, e propõe o uso de novas metodologias de ensino o Construtivismo proposto Jean Piaget e o modelo de Escola Nova. As novas propostas pedagógicas se importam com que a criança pensa, onde cabe ao professor desenvolver projetos que estimulem esses alunos a buscar o conhecimento. A literatura é uma forma interessante de despertar um interesse novo no aluno, onde é possível encontrar um conhecimento libertado. A autora aborda neste livro três capítulos no primeiro capítulo a autora aborda a crise da educação brasileira, presente na literatura pedagógica essa crise configura-se no fracasso na aprovação e permanência dos alunos oriundos, predominantemente, das classes trabalhadoras e esse fracasso se manifesta de maneira significativa nas séries iniciais, sendo assim um grande fracasso na alfabetização. No segundo capítulo ela aborda as propostas de mudanças na prática pedagógica na tentativa de superação do fracasso escolar. No terceiro e último capítulo a autora aborda as considerações teóricas, bem como as propostas de encaminhamento metodológico e a aquisição da escrita. A formação dada aos professores é direcionada para trabalhar com alunos de classes mais altas, ou um aluno com um perfil diferente do que se chega à escola pública. A escola não está preparada (não da maneira como está formulada), para trabalhar com as características socioculturais destes alunos. Dada à evasão escolar e o fracasso escolar que pode ser dito como fracasso da alfabetização, é devido a um método tradicional que já não dá conta de ensinar. É proposto desta forma um método novo, totalmente oposto ao antigo. Se um preza a memorização, o outro presa a espontaneidade, um se centra no professor o outro no aluno, um tem muito autoritarismo o outro prevê a liberdade total. Esse novo método proposto tem embasamento em Jean Piaget e defende que a criança pode aprender de forma espontânea, ou seja, o professor vira somente um facilitador, prepara o meio para que através deste a própria criança possa criar mecanismos de aprendizagem, o que de acordo com a nova teoria, é possível após algum tempo de interação com o ambiente. Esta nova proposta é imposta aos professores de cima para baixo, sem muitas explicações e capacitações, com o objetivo de resolver o problema da alfabetização e a incapacidade da escola em ensinar. Muitos professores já acostumados à antiga proposta
  • 12. 12 tradicional, não aceitam esse novo método. Mas a grande pergunta é: não aceitam ou não entendem? A resposta a pergunta é simples, muitos deles não compreendem o novo papel do professor, qual o significado da palavra ensinar. O professor para de ser transmissor do conhecimento e passa a ser um facilitador, mas o método muitas vezes não explica como se dá este processo. Sendo assim muitos educadores mais tradicionais encontram dificuldades de aplicar a nova teoria em suas salas de aulas, e pedem desta forma um “guia”, algo que lhes diga o que fazer, e como fazer. Muitos dizem que este novo método priva o professor de usar sua criatividade, pois a tira de seu papel central de ensinar o aluno. A ideia sempre existe primeiro na matéria, ou seja, a ideia surge de algum comportamento humano, são duas coisas diretamente vinculadas. Este conceito está presente na teoria Marxista e Hegeliana, onde sempre frisam que a vida determina a consciência. Sendo assim as palavras, sempre utilizadas por autores nos textos, são carregadas, impregnadas de toda uma construção histórica nelas embutidas, trazem em si significados que foram sendo construídos durante séculos, são componentes históricos, culturais e de várias divergências no decorrer dos anos. Esclareceremos agora o conflito entre a escola tradicional e a nova proposta pedagógica, a Escola Nova. Realizaremos este esclarecimento com base em quatro afirmações. Primeiro que escola tradicional se direciona a um aluno abstrato, de classe dominante e, não para as classes populares, que é a clientela que mais procura a escola pública. Segundo a escola tradicional prima por um saber fragmentado, ensinando aspectos isolados, em cima disto é proposto à busca da totalidade. Em terceiro o tradicionalismo preza um saber pronto e acabado, formando alunos ingênuos, já a nova proposta busca formar alunos críticos. Em quarto o antigo modelo incube somente o professor de uma ação pedagógica, excluindo o saber do aluno, contra isso se propõe que o aluno seja agente de sua própria história. A nova proposta vem baseada no Marxismo, pois utiliza termos como, história, luta de classes, totalidade. Vejamos quais como são propostas as novas mudanças. Passa-se a buscar o aluno concreto, ou seja, buscar a realidade do aluno, para que a partir dela possam ser desenvolvidas as atividades pedagógicas e assim a escola se torne mais efetiva no seu papel de ensinar. O problema é que muitas vezes esse termo de realidade do aluno é mal compreendido, leva-se em conta somente a cotidiano imediato, onde ele vive qual sua classe
  • 13. 13 social, sua rotina e seus problemas corriqueiros e, esquece-se no fim, que todos fazem parte de uma mesma sociedade. Não devemos particularizar cada caso da educação, em cada lugar, de acordo com suas especificidades, mas sim, encontrar em meio às lutas e os problemas a essência que os tornam iguais, pois desta forma seria possível realmente chegar ao aluno concreto, que faz parte de uma sociedade capitalista presente em todo território nacional. O novo modelo pedagógico propõe a busca pela totalidade, tanto do aluno quanto do conteúdo. Entende-se por totalidade do aluno, que o mesmo já é total, o indivíduo em si é um ser total e não fragmentado. Desta nova perspectiva que nasce a ideia de respeitar as individualidades de cada um, respeitar seu ritmo, e o conhecimento que cada um já traz consigo mesmo. Assim a totalidade do aluno é levar em conta seu caráter emocional, afetivo, biológico e cultural. Mas quando tratamos da totalidade de conteúdo tão buscada, temos algumas complicações, a sugestão que se dá para alcançar a totalidade de conteúdo seria um currículo interdisciplinar, onde um conteúdo de matemática estaria ligado ao que é trabalhado em língua portuguesa, levando sempre em consideração a realidade do aluno. De certa forma, isso pode sim tornar a escola mais interessante, e uma matéria estando conectada a outra, fazer com que, o aluno aprenda melhor o conteúdo. Mas a grande questão ai passa a ser, o questionamento de por que tantas matérias, e tantas disciplinas. Desta maneira, a busca pela totalidade do conteúdo ainda é um desafio enfrentado pelas escolas e educadores. Outra crítica feita pela nova proposta à antiga é a de que o professor transmitia um saber pronto e acabado, e isso faz com que o aluno perca sua capacidade de criação e indagação, assim como a ideia de que os conhecimentos são coisas estáveis e imutáveis. A nova proposta é que o professor não deve transmitir nenhum conhecimento, mas fazer com que o aluno chegue a certas conclusões por ele mesmo. Cabe ao professor criar mecanismos que façam o aluno discutir, indagar, aprender a partir das experiências e observações, a criar conhecimento a partir dele próprio. Pois, de acordo com a escola nova, o conhecimento transmitido pelo professor, já vem embutido de ideias burguesas que fazem com que o aluno, tenha certa alienação, e não aprenda a ser crítico. O saber na verdade é algo em constante mudança, e jamais algo pronto, pois é social e cultural. A sociedade assim como a ciência e o conhecimento mudam de acordo com as relações
  • 14. 14 que os homens possuem com as mesmas. Sendo assim, o saber nunca acaba, mas está em constante movimento. O aluno precisa ter possibilidades de chegar a esse saber e entender que ele jamais estará acabado, mas em constante mudança. O professor neste novo contexto começa-se a se questionar sobre seu papel e a buscar alternativas do que fazer em sala de aula. Uma saída vista pelos professores citada pela autora foi o de trazer a culinária para a escola, pois por meio das receitas, os professores faziam com que os alunos experimentassem e observassem o que acontecia, propiciando assim, que os estudantes pudessem tirar suas conclusões sobre o conteúdo, através de perguntas e discussões com todos em sala de aula. No terceiro capítulo a autora coloca a construção de conhecimento que tem como matriz teórica, a psicologia genética de Jean Piaget a ideia de interação está em que o professor vai desempenhar um papel menos relevante do que destinava no ensino tradicional, uma vez que não lhe cabe mais ensinar, mas criar um ambiente alfabetizador. Esse princípio para chegar ao objeto é necessário à relação do sujeito e objeto, de fato para chegar ao objeto, é necessário que o sujeito entre em relação com os outros sujeitos que estão pela função social que lhe atribuem, constituindo esse objeto enquanto tal. Nesse sentido, é preciso esclarecer que não opomos a afirmação de que o aprendiz é o sujeito de conhecimento. No entanto a atividade do sujeito-aprendiz e seu conato com o objeto por mais rico que sejam não garantem a sua aprendizagem, pelo fato de sua inserção real, afetiva, no conjunto de relações humanas outros sujeitos. Podemos perceber isso como primeiro passo na função social da escrita, pois a sociedade utiliza a escrita por que precisa dela, porém, em nenhuma sociedade constata-se o exercício da escrita como uma necessidade de todos os homens enquanto indivíduos. No cotidiano das pessoas, inúmeras situações que exigiam a escrita passaram a ser resolvidas pelo uso de outros meios, tão eficazes: o telefone, a televisão, o fax, etc. Por isso é necessário que explique a criança a serventia da escrita e nesse sentido que o professor deve levar em consideração a realidade do aluno. Ler e escrever são uma exigência natural. A natureza da língua escrita na alfabetização ocorre, também, com outros conhecimentos cujo uso social não se realiza em todos os homens. Parece existir a exigência de que essa relação ensino e aprendizagem não sejam meramente imitativas, mas se processe um esforço de sistematização que propicie a compreensão da relação entre dois códigos de natureza diferentes, produzidos, todavia, em relação com o outro.
  • 15. 15 Ensino e aprendizagem estão em relação, constituem uma relação necessariamente articulada, é necessário compreender como se aprende, como se ensina e como se configura o objeto que se pretende ensinar, o que é mais importante à forma como os homens produzem e utilizam o objeto. O professor deve respeitar as características individuais, mas é preciso não confundir o atendimento individual, ás vezes necessário, às vezes único possível com aprendizado individual com respeito às características do indivíduo, ou seja, estar respeitando as características individuais e limites de seu aluno. O professor deve respeitar o erro dos alunos, porque construtivo antes de apontar o erro e encaminhar soluções, cabe ao professor colocar o aluno em situação de desiquilíbrio, ou seja, de conflito cognitivo, para que ele mesmo, constatando a ineficiência de sua solução, se mobilize na busca de outras possibilidades. Lembrando que a „‟ criatividade‟‟, em sendo humana, é, também ela, produzida, decorrente, portanto, de uma intervenção da sociedade o indivíduo se humaniza. O aprendizado da língua escrita implica o domínio de fatos do código que ocorrem sempre como resposta à necessidade de clareza que o texto deve ter, e que são ou explicados por sua relação coma oralidade, ou pela própria natureza escrita. A questão metodológica deve conter dois aspectos constitutivos da língua: código e significado é evidente que se deve admitir tentativas de escrita que poderão resultar em formas que não necessariamente corresponderam à forma correta, no entanto, é preciso ter claro que essa tentativa, uma vez realizada, deverá ser imediatamente corrigida no sentido de se explicitarem, para o aluno, as implicações que o problema formal trará ao conteúdo para que o aluno se aproprie da compreensão de que embora a língua possibilite várias formas de relação letra e fonema, no entanto, exige, para cada palavra, o uso de uma única relação. Ressalva-se que essa correção não é sinônima de constatação de punição ou de erro. O procedimento, no ato de correção, deverá implicar, primeiro, a consolidação daquilo que, na tentativa do aluno, configura acerto e num segundo momento, numa reflexão sobre as possibilidades genéricas da língua e a exigência especifica no caso da palavra, frase ou texto corrigido isso sem ter atitudes grosseiras, desagradáveis, colocando o aluno em posição humilhante, é essa atitude na correção que deve ser condenada.
  • 16. 16 Sendo assim, este texto nos traz uma reflexão predominantemente no quadro da educação brasileira, onde é necessário o respeito e o limite do aluno, deixar as repetições exaustivas e muitas vezes não fundamentadas na autoridade do professor, trocando para as novas metodologias em uma proposta voltada para o aluno, no ensino aprendizagem, na construção de conhecimento dos alunos e fundamentada. O presente livro atinge o seu o seu objetivo, o qual é mostrar como são feitas a propostas metodológicas e como elas chegam a sala de aula. Importantes reflexões são apontadas pela autora que através de um contexto histórico e das entrevistas com os professores, nos mostra como às vezes a teoria se transforma até atingir a prática, e que muitas vezes existe uma falha na comunicação entre a metodologia e sua execução. É importante destacar como o livro nos mostra que muitas vezes os métodos sendo impostos aos professores, de cima para baixo, ao invés de ajudar simplesmente só causa mais caos no cenário atual da alfabetização brasileiro. Muitas vezes as teorias e propostas educacionais são sim muito bem elaboradas, como a Escola Nova ou até mesmo o Construtivismo de Emília Ferreiro, com base em Jean Piaget, mas no momento em que devem ser aplicadas na educação, como forma de resolver o analfabetismo e a evasão escolar, simplesmente falham. Por que? Alguns apontamentos que encontramos é o de que muitas vezes o professor não entende seu novo papel em cada uma das propostas, qual o seu dever ou como ensinar. Confunde-se o papel do aluno e do professor, muitas vezes causando uma grande confusão na cabeça dos educadores que não tem clareza de qual caminho devem seguir. Mais importante ainda é que o problema da evasão escolar e da repetência, todavia ainda não foram resolvidos. As novas propostas pedagógicas criticam que a pedagogia tradicional se focava no professor, no conhecimento acabado, no livro, e que ao contrário de se importar em como se ensina, deve-se focar em como se aprende, pregando que o aluno é construtor de seu próprio conhecimento. Sendo assim ao professor cabe achar seu lugar neste largo contexto da educação brasileira, procurar um equilíbrio e entre tantas propostas edificar suas aulas sobre uma delas, o importante é que cada educador possua clareza do que está fazendo e porque está seguindo aquele caminho, talvez seja possível alcançar algum êxito no seu papel de ensinar e do seu aluno de aprender.
  • 17. ANEXO IV RESENHA MORTATTI, M. R. L. Educação e letramento. São Paulo: UNESP, 2004. Grazielly Rodrigues Garcia - UEM1 Mariana dos Santos - UEM2 Laryane Serafim Teodoro - UEM3 O livro Educação e Letramento (2004), com autoria de Maria do Rosário Longo Mortatti (2004), professora titular da UNESP, licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara-SP, mestre e doutora em Educação pela Unicamp, já publicou vários livros no campo das ciências da educação e da linguagem, tem como objetivo discutir sobre a relação entre educação e letramento no Brasil. No ano em que o livro foi publicado, a autora era professora da Pós-graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília – UNESP e livre-docente pela UNESP. 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: grazielly_garcia_2011@hotmail.com 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: mariana- biasotto@hotmail.com 3 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: laryane.2008@hotmail.com
  • 18. 18 O livro está em sua 1ª edição (2004), publicado pela Editora UNESP com o apoio Projeto Pedagogia Cidadã, incluído na Coleção Paradidáticos, está sendo criada pela Editora UNESP com a finalidade de tornar acessível obras de pesquisadores acadêmicos brasileiros para o público em geral, apresentando temas científicos e culturais significativos e conhecimentos socialmente relevantes, incentivando as novas gerações à pesquisa. A coleção é voltada para autores que aceitam discorrer sobre assuntos complexos presentes nos debates científicos e culturais vigentes. A obra estudada discute a relação entre educação e letramento no âmbito do analfabetismo no Brasil, já que em 2003 o então ministro de Estado da Educação, Cristovam Buarque, divulgou um artigo onde evidenciava que ainda havia cerca de vinte milhões de analfabetos no Brasil, mesmo sendo um dever do Estado proporcionar aos indivíduos as condições necessárias, através da educação, para o acesso à cultura elaborada e inclusão social e política, com o objetivo da democracia, que teria como premissa a aquisição da leitura e da escrita. Levando como ponto de partida a análise de termos relacionados: “alfabetização” e “analfabetismo” (mais antigos), “letramento” e “iletrado” (atuais), construídos no decorrer do processo histórico, passando por conflitos e busca de soluções para um problema há muito tempo presente na realidade brasileira: o analfabetismo, sua relação com a escolarização e a educação, a alfabetização e o significado do termo atualmente usado: letramento. O objetivo da autora é lançar considerações para o leitor ter um ponto de partida para uma pesquisa, dependendo de sua necessidade. O livro é dividido em cinco capítulos, de forma a explicar toda a problemática envolvida nas questões da educação e do letramento, termo cunhado no âmbito brasileiro em meados dos anos de 1980, o porquê do surgimento dessa palavra e sua relação com a alfabetização e a escolarização, em simultaneidade com as transformações das relações políticas, sociais, econômicas, culturais da sociedade brasileira desde o Brasil colônia, fazendo um retrospecto histórico, em síntese. A autora propõe abordar no primeiro capítulo as relações existentes entre o analfabetismo, alfabetização, educação e escola, lançando dados estatísticos da permanência do analfabetismo no percurso histórico do Brasil; no segundo capítulo analisa os termos: alfabetização, alfabetismo, alfabetizar, alfabetizado, analfabeto, analfabetismo, letramento, iletrado e letrado, no contexto de três dicionários da língua portuguesa nos séculos XIX e XX e
  • 19. 19 três dicionários técnicos de alfabetização e linguística mais recentes; no terceiro capítulo, ainda levando em consideração os termos analisados no capítulo anterior, a autora remonta o percurso histórico da alfabetização e da educação, desde a colonização do Brasil até os dias mais atuais; no quarto capítulo, tomando como base o termo letramento, a autora analisa seu uso em textos acadêmicos, a partir dos anos de 1980, de pesquisadores brasileiros; e no quinto capítulo, é abordado mais sobre o letramento, e sua relação com a alfabetização, a escolarização e a educação. O primeiro capítulo: “Analfabetismo, alfabetização, escola e educação”, traz a discussão, entre qual seria o dever do Estado no que cerne à educação e alfabetização dos indivíduos nos moldes da sociedade atual, a relação com o analfabetismo há muito presente na sociedade brasileira, e o papel da escolarização nesses termos. A autora introduz o capítulo indicando que, de acordo com Cristovam Buarque, ministro de Estado da Educação, em 2003, o Brasil possui cerca de vinte milhões de analfabetos, devido aos quinhentos anos de governo das elites. Desde o período colonial no Brasil existiam muitas pessoas que não tinha acesso à leitura e a escrita. Essa situação se evidenciou como analfabetismo, devido a política no final do período imperial, com a proibição do voto dos analfabetos (Lei da Câmara dos Deputados de 1881/ lei Saraiva, de 1882), que ganhou força através dos ideais do liberalismo e pela taxa de analfabetismo publicado pelo censo de 1980. O analfabetismo se destacou no decorrer do século XX, como um problema político, social, econômico e cultural, enfatizando a marginalização e a discriminação social. A autora utiliza de dados informativos dos censos da época para ilustrar o problema do analfabetismo e a forma como era visto. De modo geral, cabia aos censos pesquisar a quantidade de pessoas que não sabia ler ou escrever. Essa avaliação até 1940 era baseada na própria declaração da pessoa em relação a sua capacidade de leitura e escrita. No entanto, esse processo sofreu mudanças de critérios no decorrer do tempo, a partir de 1950, para ser considerada alfabetizada a pessoa tinha que saber ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhecesse, no censo de 2000 a pessoa tinha que saber ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhecesse, no entanto, aquela pessoa que aprendeu a ler e a escrever mas esqueceu e sabia apenas assinar o nome eram consideradas analfabetas.
  • 20. 20 De acordo com a Unesco, comparado a outros países em desenvolvimento, o Brasil tem um dos maiores índices de analfabetismo dos indivíduos com mais de quinze anos. Dessa forma, pode-se dizer que o analfabetismo está comprometendo o futuro do país, contribuindo para o crescente número da marginalização. O processo de analfabetismo no Brasil decorre de um processo histórico, herdado do passado, onde o Estado não consegue garantir que a educação escolar consiga superar esse problema de forma totalmente eficaz. A autora caracteriza o termo educação como uma atividade específica humana, que tem por objetivo formar o indivíduo, para que ele desenvolva características tipicamente humanas e seja capaz de aprender, como também de ensinar, em diferentes contextos. Assim, a autora faz uma pequena análise da influência da educação e o processo de alfabetização. Na Europa, principalmente a partir do século XVI, passou-se a depositar muitas expectativas na educação, como forma de transformação racional da sociedade, sobretudo na educação escolar transmitida de forma sistemática. Essas expectativas estão ligadas ao conceito de infância, que foi se transformando a partir do século XVIII, relacionado ao sentimento da classe social. No século XIX, a educação foi ganhando força no mundo ocidental, onde aos pouco houve a transição do modo de ensino com sentido religioso para um sentido “moderno”. A escola passou a assumir a importante função como instrumento de progressão e de transformação da nação. No entanto, desse conceito surgiu à problemática de conciliar escola, ensino e aprendizagem iniciais da leitura e da escrita: a alfabetização. Deu-se então início a uma série de debates entre políticos sobre a universalização da instrução elementar, criando assim, leis escolares de 1980. Essas leis estabeleciam a obrigatoriedade, a gratuidade, e a laicização da educação, se tornado instrumento de transformação aos iletrados e fator de integração social. A partir dessa lei, ensinar ler e escrever se tornou papel fundamental da escola obrigatória, gratuita e laica, nos moldes ocidentais, onde para poderem ser ensináveis, a escrita e a leitura passaram e serem organizadas sistematicamente e metodicamente, necessitando assim, de profissionais especializados. De acordo com a autora, saber ler e escrever e usar a escrita em diferentes contextos cotidianos são necessidades fundamentais para o exercício da cidadania e para o progresso de
  • 21. 21 uma nação. Sendo o termo alfabetização bastante conhecido e utilizado, porém o termo letramento foi introduzido recentemente em nossa língua e está ligado a novos fenômenos de ordem social, política, econômica e cultural. O segundo capítulo, “De “analfabeto” a “letramento””, tem como objetivo explicar os termos relacionados à alfabetização, tendo como base três importantes dicionários da língua portuguesa como: Dicionário de língua portuguesa, de Antonio de Moraes Silva, Novo Dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque e Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Em primeiro lugar a autora aborda o termo "analfabeto", o mais antigo, surgido em meados do século XVIII, seu significado permanece até os dias atuais, sendo considerado analfabeto o indivíduo que seja ignorante das letras do alfabeto, que não consiga ler e nem escrever, ou seja, não possua instrução primária e não tenha conhecimento sobre determinado assunto. Com base no termo "analfabeto", ao final do século XIX surge então uma nova palavra relacionada ao assunto: o "analfabetismo", para explicar o problema existente na sociedade, em seguida a palavra que passou a ser utilizada no final do século XIX é "iletrado" que em primeiro lugar se remete a negação, mais possui o mesmo significado que o "analfabeto". O antônimo desses termos surge na língua portuguesa no século XVIII, o termo "letrado", que não possui relação direta com o termo "analfabeto". "Letrado" remete-se a condição de quem sabe ler e escrever claramente. De acordo com a análise de Mortatti, quando dizemos que alguém está "alfabetizado" o indivíduo está instruído, isto é, ele sai do estágio de "analfabeto", e com a instrução, "alfabetização" e o "alfabetismo", busca-se encontrar a extinção do "analfabetismo". Mortatti elabora seus estudos baseada também em dicionários técnicos de alfabetização e linguística: Dicionário de alfabetização: vocabulário de leitura e escrita, organizado por Theodore L. Harris e Richard E. Hodges, o Dicionário de linguagem e linguística, de R. L. Trask, e o Dicionário de análise do discurso, de Patrick Charraudeau e Dominique Mainguenau, abordando os mesmos termos já citados, e acrescentando novas palavras, decorrente da construção do processo histórico das discussões sobre a alfabetização e o letramento, tendo como base Emília Ferreiro, a qual explica o termo "lectoescrita" constituindo a indissociabilidade da leitura e escrita em torno do processo de alfabetização, com base no processo construtivista.
  • 22. 22 Contudo, de acordo com a autora, os termos já discutidos anteriormente e comparando com o dicionário técnico, os significados estão muito próximos, principalmente no que se refere à relação do saber ou não a ler e escrever e a não instrução primária, o que leva a uma confusão de significações. No capítulo três, “Das primeiras letras ao letramento”, a autora aborda o processo histórico de significação do termo letramento abrangendo as relações de educação e alfabetização, desde a colonização do Brasil até os dias mais atuais. Inicialmente, apresenta as ações tomadas pelos padres jesuítas no processo de colonização e catequização do Brasil e seus nativos, da forma como se encontravam. Os jesuítas tinham como objetivo escolarizar o índio para assim convertê-lo a religião católica, fazendo-o servir aos interesses da Igreja. Mortatti discorre sobre o processo que levou a esse fim: primeiramente, houve a criação de uma escrita alfabética para a língua materna dos índios, o tupi; então o ensino de uma segunda língua, o português, oral e escrito, impondo-se a transposição de uma cultura centrada na oralidade, para uma cultura letrada e civilizada, que já possuía um sistema alfabético. Portanto, antes de aprender as primeiras letras o índio teria que aprender uma nova cultura e uma nova língua. A autora pontua a expulsão dos jesuítas em 1759, em consequência das reformas pombalinas, que inspiradas em ideais iluministas, tinham como objetivo formar o homem para o Estado português e não mais para a Igreja católica, o que levou a uma nova organização da instrução pública, através das “aulas régias”. Com a Proclamação da Independência em 1822, procurou-se instituir, de forma mais abrangente, uma nova organização para a instrução pública, encaminhando à Constituição Imperial de 1824 e a regulamentação pela lei de 1827, na gratuidade da instrução pública, o que foi considerado pela autora, como a primeira tentativa de se organizarem as diretrizes nacionais para a instrução pública. Porém, não foi possível concretizar de forma ampla o objetivo proposto, já que havia deficiências de recursos humanos, físicos e administrativos. Com a libertação dos escravos e a chegada de imigrantes, alastraram-se as discussões a respeito da educação elementar e da instrução popular, fazendo surgirem algumas propostas para organizar o ensino. Diante de todo o esforço, Mortatti coloca que a iniciação nas primeiras letras ainda ficou impossibilitada para uma parcela da população ou privada ao meio familiar. Ainda comenta
  • 23. 23 sobre o peso da colonização portuguesa no âmbito da instrução primária, que no censo realizado em 1872, demonstrou que cerca de 85% da população era analfabeta. Dessa forma, a autora ressalta o destaque que foi dado ao analfabeto e ao analfabetismo ao final do Império, principalmente com a proibição do voto dos analfabetos, em 1881/1882, que fez esse problema surgir como algo político. Em 1889, com a Proclamação da República, a autora destaca a nova necessidade de institucionalizar a formação do cidadão, por meio da educação e da instrução primária, como forma de reverter a situação em que a população se encontrava naquele período. Assim, a escolarização das práticas de leitura e escrita, foi entendida como meio de esclarecer a população, para que assim os problemas de ordem social, econômica e política chegassem a uma situação desejada. Mortatti analisa a influência que essa nova necessidade gerou em São Paulo, que serviu de modelo para outros estados. Esse modelo foi sintetizado e institucionalizado pela reforma Caetano Campos de 1892, baseado em novas e modernas soluções, como a criação de escolas normais, para a formação de professores primários; a introdução de novos métodos para o ensino, entre outras. A autora comenta que a relação entre os ideais republicanos, o processo de sistematização do ensino público e a escolarização e metodização do ensino da leitura e da escrita, levou a uma gama de novas pesquisas e estudos, tentativas de normatizações e experiências sobre o ensino da leitura e da escrita, deixando-os em uma posição de destaque, que, segundo a autora, levou a uma nova forma de compreender a leitura e a escrita. Mortatti discorre sobre a importância que davam ao ensino da leitura, deixando a escrita em segundo plano, mesmo com discussões indicando o ensino simultâneo de ambos. A leitura é entendida como um processo sobre o qual comunicam-se com o pensamento de outra pessoa, através da escrita, que aqui é entendida como caligrafia, uma qualidade complementar. A autora coloca que nos anos de 1890, foi combatido o método de silabação e soletração de ensino da leitura, considerado antigo e deficiente, propondo-se, desde os anos de 1870, o método analítico como forma de ensino da leitura. Nesse período, segundo a autora, o analfabeto era considerado o culpado das mazelas das condições da sociedade, assim, a Constituição republicana de 1891, continua proibindo o voto dos analfabetos, alegando que essa atitude incentivaria os indivíduos a saírem da
  • 24. 24 ignorância, escapando da responsabilidade de oferecer a instrução pública primária gratuita e obrigatória. Surgem algumas discussões divergentes dessa visão, considerando os analfabetos capazes de elegerem um representante, porém a Constituição continua os discriminando. Ao analisar as duas primeiras décadas do século XX, Mortatti discute o uso mais frequente de termos relacionados com o ensino da leitura e da escrita: alfabetização, analfabetismo, analfabeto e alfabetizado. Em relação ao uso dessas palavras, duas figuras se destacaram no estado de São Paulo: os professores, Oscar Thompson e Antônio de Sampaio Dória, ambos já tendo participado da administração da instrução pública no estado. Segundo a autora, Thompson tinha como objetivo implementar uma escola moderna, de forma a resolver o problema do ensino da leitura e da escrita aos analfabetos, tendo oficializado o método analítico para o ensino da leitura e escrita nas escolas, em um Relatório de 1918, utiliza o termo alfabetização para denominar o ensino da leitura e da escrita, oficializando o termo. Em uma Carta Circular, de 1918, Thompson pede sugestões para resolver o problema do analfabetismo, uma das respostas foi de Antônio de Sampaio Dória, que via o analfabetismo como o mal responsável pelos problemas da nação, que impedia o progresso, e o livre exercício da cidadania democrática. Propondo assim, uma medida que resolvesse o problema, levando três conhecimentos ao indivíduo: saber ler, escrever e contar. Essa proposta de uma alfabetização para todos, sem distinção, foi o pressuposto que norteou a Reforma de 1920, quando Sampaio Dória foi diretor da Instrução Pública. Na Reforma, para solucionar a alfabetização da população, o ensino primário reduziu de quatro para dois anos, estabelecendo a autonomia didática, mas, segundo a autora, o método analítico continuou sendo considerado o melhor. Assim, a autora discorre sobre as primeiras décadas do século XX, com os termos alfabetização, analfabetismo, analfabeto e alfabetizado, sendo amplamente utilizados em novos sentidos, nas campanhas levantadas contra o analfabetismo, sendo constatado o sucesso da alfabetização pelas aprovações e número de matrículas. Aqui, Mortatti discute sobre a influência do ideário escolanovista nas reformas da instrução pública de outros estados. Agora as discussões não se restringem à alfabetização, procuram uma função da escola concordante com a sociedade.
  • 25. 25 A autora cita alguns reformadores, cada um em seu estado: Lourenço Filho, no Ceará; Francisco Campos, em Minas Gerais; e Anísio Teixeira, na Bahia. Todos têm em comum o objetivo de reformar não somente o que concerne à alfabetização, mas a instrução pública que forme um indivíduo inserido em uma sociedade, um cidadão. Com essas discussões, a instrução pública ganha um novo olhar, fazendo em 1930, que a educação e o ensino tivessem uma unificação dessas experiências estaduais, elaborando diretrizes federais. Assim, a Constituição de 1934, estabelece a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário de quatro anos, estendendo aos adultos. Dessa forma, Mortatti evidencia a disseminação de um lado, a tentativa em inserir a população nas escolas existentes, e por outro a disseminação dos princípios escolanovistas, baseados em uma perspectiva psicofisiologica, que demandavam uma nova organização, com o aluno no centro, os métodos ativos e racionais e os testes de inteligência. Agora, segundo Mortatti, a escrita é vista como instrumento de comunicação e linguagem, devendo ter uma intervenção diferenciada; a leitura por sua vez, é vista como um meio para ampliar as experiências e capacidades mentais. Diante dessas reformulações, as discussões sobre o ensino da leitura e da escrita se direcionam ao método misto ou ao método global, dando lugar para os aspectos psicológicos da aprendizagem da leitura e da escrita, principalmente se voltando a alfabetização de adultos. Ao analisar os censos, a autora constata que na década de 1950, ainda havia 36% de analfabetos no Brasil em idade escolar, porém nessa mesma época, o que consideravam como analfabeto muda de sentido, agora é necessário saber ler e escrever um bilhete simples, para ser considerado alfabetizado. Assim, segundo Mortatti, a alfabetização ganha um novo sentido em meio aos ideais escolanovistas e de democratização da cultura e social. Dessa forma, a palavra alfabetização ganha o sentido de um processo escolarizado e científico, onde há o ensino simultâneo da leitura e da escrita, que tem o objetivo de ser um instrumento de adaptação do indivíduo ao meio que se encontra inserido. Com um novo sentido dado a alfabetização, muitos discursos, práticas pedagógicas, e cartilhas de alfabetização foram surgindo na década de 1960, inclusive um movimento social e político relacionado com a educação popular e alfabetização de adultos, onde Paulo Freire tem papel destacado. Este educador deu uma nova visão ao que concerne à alfabetização,
  • 26. 26 entendendo-a como uma “leitura de mundo”, de forma à atuação e transformação social e política. A autora ainda cita leis importantes para a educação: a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº4024, de 1961, a Constituição de 1967, a Lei 5692, de 1971, que estenderam o ensino obrigatório e gratuito para a população. Porém, essas leis, propiciaram uma nova corrente pedagógica a se instalar, o tecnicismo, e com essa ampliação, uma camada social menos privilegiada entrou na escola, fazendo com que o fracasso escolar aumentasse. Mortatti esclarece que, a partir de meados de 1980, a alfabetização passou a ser discutida em outros âmbitos, principalmente pela nova organização política e social, devido a ditadura militar e a abertura política. Agora, as discussões a respeito da educação se ampliaram para os âmbitos políticos, econômicos, sociais e pedagógicos, a partir de uma perspectiva teórica sociológica dialético-marxista, divulgada por pesquisadores acadêmicos de diversas áreas do conhecimento, principalmente Filosofia, História, Sociologia e Educação. Dessa forma, a autora discute a mudança que houve na visão das relações entre educação e sociedade, agora vista como dialética e contraditória, onde as finalidades sociais e políticas da escola são produzidas histórica e socialmente. Com o alto índice de fracasso escolar presente, Mortatti discute algumas propostas que surgiram para tentar resolver o problema, como a educação compensatória. Dessa forma, coloca que, para alcançar a democratização das oportunidades, a escola deveria irromper como espaço de transformação social, dando suporte político e cultural para as classes sociais dominadas, relacionado com a formação da cidadania. Assim, no que concerne à uma escola democrática, o fracasso escolar passa a ser considerado responsabilidade da escola e não do indivíduo, a escola deveria oferecer um ensino de qualidade. O ensino da leitura e da escrita nesse aspecto deveria ser visto como uma questão política, que auxiliaria na luta contra as desigualdades sociais. Mortatti pontua, assim, um clima de intensas discussões e proposições de novos modelos e métodos para uma educação democrática. Nesse ambiente são formuladas a Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394, de 1996, e os Parâmetros Curriculares Nacionais, articulados com as novas pesquisas sobre alfabetização e educação. Assim, a autora discute sobre cada uma dessas formulações e as mudanças que trouxeram, inclusive notando a ampliação do conceito de educação nas normatizações.
  • 27. 27 A autora coloca sobre as diversas iniciativas estaduais e nacionais, nas décadas de 1970 e 1980, que apareceram em relação a essa mudança no conceito de educação, e dos estudos referente à educação e alfabetização, no meio universitário, de formação continuada de professores, criação de centros de pesquisa, entre outros, além da implantação do Ciclo Básico de Alfabetização, pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, em 1983. Mortatti discorre sobre a nova organização curricular de um ciclo de alfabetização, destacando a nova orientação didático-pedagógica: o construtivismo. A partir desta teoria a alfabetização ganha uma nova compreensão. O construtivismo foi disseminado no Brasil em meados de 1980, resultado das pesquisas de Emília Ferreiro e colaboradores sobre a psicogênese da língua escrita, baseada na psicologia genética de Jean Piaget, e na psicolinguística de Noam Chomsky. Ferreiro propunha um novo olhar no processo de alfabetização, sem se centralizar no ensino e em métodos até então defendidos, sem propor um método, o construtivismo vem questionar todas essas questões. A leitura e a escrita deveriam ser ensinadas simultaneamente, o que foi denominado lectoescrita. Dessa forma, a autora postula os princípios do construtivismo, demonstrando a mudança de paradigma sobre o processo de alfabetização, onde a criança poderia se alfabetizar, sendo considerado alfabetizado aquele que compreendeu o sistema alfabético da escrita. Postula a expansão da influência dos estudos de Linguística e Psicolinguística no Brasil, mudando o que se conhecia como alfabetização. Além do construtivismo, discute a influência de outra corrente, o interacionismo linguístico, que designa alfabetização o processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, voltado para a relação entre professor e aluno na sala de aula. Assim, alfabetizado seria aquele que sabe ler e escrever textos, com finalidades além da escolar, relacionadas com as práticas sociais. A partir das concepções de construtivismo e interacionismo, a autora destaca alguns aspectos que considera importante, que remete à proposta de ambas de ampliar o conceito de alfabetização, e a prática no Brasil de utilizar de ambas as concepções nos discursos oficiais, como nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Além dos aspectos Linguísticos e Psicolinguísticos, a alfabetização ganhou discursos nas áreas de sociologia e história, em meados dos anos de 1990.
  • 28. 28 Dessa forma, a autora coloca o surgimento do termo letramento, nos discursos acadêmicos de 1980, com um sentido diferente do que é conhecido como alfabetização. No começo foi restrito ao meio acadêmico, mas atualmente é possível perceber seu significado presente nos dicionários de língua portuguesa, em textos de formação continuada, cartilhas, entre outros. Mortatti discute que o surgimento da palavra letramento, vem colocar certo esgotamento teórico e prático do termo alfabetização. Porém, enfatiza que o uso de ambos os termos ainda não entrou em consenso, muitas vezes havendo certa confusão de significação. No documento oficial, Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa, de 1997, há o uso desses dois termos, sendo alfabetização o mais utilizado, com orientação do construtivismo o do interacionismo linguístico. O termo letramento tem poucas passagens no texto, sendo relacionado com as práticas sociais que utilizam da escrita. A autora assim conclui o capítulo, fazendo um esclarecimento sobre o parâmetro histórico da educação e da alfabetização, em quinhentos anos da história do Brasil, o qual sintetizou. Coloca então, que o termo letramento surgiu a partir da construção histórica dos termos alfabetização e analfabetismo. No capítulo quatro, “De „literacy‟ a „letramento‟”, Mortatti traz a discussão sobre o termo “letramento”, que começou a ganhar ênfase somente na década de 1980, quando passou a ser utilizado em estudos e pesquisas acadêmicas sob influência do inglês “literacy” que até meados de 1990, significava “alfabetização” e recentemente passou a ser designado “alfabetismo”. A autora explica que a introdução do termo letramento não ocorreu apenas no Brasil, mas também em outros países desenvolvidos, quando se aumentou a necessidade de se saber ler e escrever, e à medida que a questão do analfabetismo foi sendo solucionada se expandiu a educação básica. Mortatti relata que mesmo com a ampliação dos conceitos, a palavra alfabetização ainda continua sendo muito utilizada em nosso país. Com as novas necessidades sociais os termos “alfabetismo” e “letramento”, ganham destaque sendo possível encontrar seu novo significado em diversos dicionários de língua portuguesa. Segundo a autora, o termo letramento possui constantes oscilações, justificados supostamente por sua recente introdução e pelas diferentes formas de se caracterizar as
  • 29. 29 demandas sociais pelo uso da leitura e da escrita. O letramento está relacionado ao uso social da leitura e da escrita e com o passar do tempo vem crescendo o número de produções acadêmicas sobre o tema. São apresentados textos de alguns autores com definições e considerações sobre o letramento e sua aplicação em diferentes contextos. No capítulo cinco, “Letramento, alfabetização, escolarização e educação”, Mortatti desenvolve uma discussão sobre as relações do letramento com a sociedade, a escola, a educação e a alfabetização. Pontua que o letramento está envolvido totalmente com a língua escrita, estando relacionado com as sociedades organizadas, em um sistema de escrita, nos textos, e tem importância fundamental na vida de todos. Isto pode ser entendido como uma cultura em que os valores, crenças são repassadas através da linguagem escrita, na qual a ênfase é o saber ler e escrever ainda mais seguro do que falar e ouvir. Certamente as sociedades letradas atuais estão ainda mais elaboradas do que das décadas passadas, isto ocorre em decorrência do desenvolvimento cultural, industrial e econômico, promovendo e aprimorando diversos modos de produção e atingindo também o espaço da escrita. A autora postula que, a leitura e escrita fazem parte dos bens culturais, dando acesso à cultura escrita a todos os indivíduos e grupos sociais efetivos de uma sociedade letrada. O saber ler e escrever são condições essenciais para transformação tanto para o indivíduo, como para os grupos sociais. Leitura e escrita são processos diferentes, que possuem habilidades e conhecimentos distintos, como os processos de ensinos e aprendizagem. O processo de ler e escrever se encontram em vários estágios intermediários para verificar níveis de habilidade e conhecimento. Atualmente o Brasil vem adotando nova perspectivas de abordagem do letramento, esse modelo se denomina como “modelo autônomo” seu objetivo é evidenciar a dimensão técnica e individual do letramento, nesta realidade pode-se imaginar o letramento no singular. Já o modelo anterior “modelo ideológico”, se direciona na dimensão social do letramento, são consideradas atividades sociais que se habitem no tempo e espaço da sociedade, assim como nos projetos políticos e culturais. Mortatti evidencia que, um indivíduo alfabetizado, nem sempre está letrado, o acesso a tecnologia do ler e escrever não está disponível a todos, assim como os materiais impressos que dependem da sociedade, do momento histórico e cultural, para que possam ser gerados e
  • 30. 30 utilizados. Os processos de escolarização não se restringem a alfabetização, tanto é que a escola não é o único lugar em que se pode ocorrer o processo de alfabetização, cada faixa etária (crianças, jovens e adultos) estabelece um modelo para que possam ser alfabetizados. Segundo a autora, o ganho da leitura e escrita, não garante um bom nível de letramento, e nem só a alfabetização está sendo garantida para a população brasileira. No Brasil o letramento e analfabetismo se resulta na definição por parte do IBGE, no qual se evidencia o índice de “analfabetismo funcional”. Atualmente, os livros didáticos vêm promovendo uma interação entre alfabetização e letramento, em ação de formação continuada de professores da educação básica. Portanto, para a autora, não se deve separar letramento da alfabetização, da escolarização e muito menos da educação, pois todos buscam tornar a sociedade melhor e mais culta. Mortatti em suas considerações finais, constata que não há uma conclusão para o tema no livro abordado, a relação entre educação e letramento. Seu objetivo era o de dar suporte teórico para pesquisadores ou acadêmicos que pretendem estudar sobre o tema. Ressalta que, educação e letramento possuem um inter-relacionamento, ao se ampliar o conceito de educação, os sentidos de alfabetização também se modificam. Conclui a importância de se discutir sobre analfabetismo, alfabetização e educação, como meio de superar toda uma dívida com os excluídos da participação social, cultural e política do país. Diante de todo o exposto, é possível fazer considerações importantes sobre a obra resenhada. Por trazer a análise do tema, educação e letramento, abre vários leques para uma pesquisa acadêmica, sendo esse o objetivo da coleção a qual pertence. Traz profundas contribuições para discussões a respeito do analfabetismo no Brasil, um tema atualmente polêmico. Portanto, essa obra traz uma base teórica riquíssima para pedagogos ou pesquisadores e acadêmicos que têm interesse no tema educação, alfabetização e analfabetismo no Brasil.
  • 31. ANEXO V RESENHA BARBOSA, J. J. Alfabetização e leitura. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1997. Keila Cristina Barbosa da Silva - UEM1 Fernanda Cristina de Souza – UEM2 José Juvêncio Barbosa, professor Formado pela Universidade de São Paulo, na época em que o livro foi escrito trabalhava na Fundação para o Desenvolvimento da educação, coordenando projeto na área de documentação sobre alfabetização. Possui artigos importantes publicados como, por exemplo, Alfabetização: catalogo da base de dados. O livro Alfabetização e Leitura teve sua primeira publicação em 1990, posteriormente a segunda em 1994 e a versão mais recente (terceira edição), sendo publicada em 2013. A obra 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: keila.cris02@hotmail.com 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: fernandamily@outlook.com.
  • 32. 32 objeto dessa resenha foi a segunda edição, da Coleção Magistério 2º grau- Serie formação do professor. A obra foi escrita no período entre a constituição de 1988 e a elaboração da LDB de 1996, período que trouxe importantes contribuições para a educação brasileira. Barbosa, faz uma pesquisa historiográfica trazendo os indícios de metodologias para se alfabetizar encontrados na história, constituindo uma documentação de dados históricos, e evidenciando os fatos e necessidades que fizeram com que estas metodologias fossem modificadas e aprimoradas. A obra é dividida em duas partes, onde na primeira estão explicitas questões relacionadas a alfabetização e leitura. A segunda parte traz questões a serem pensadas pelo alfabetizador. Aponta de modo geral que não é somente por meio das intervenções de ensino que a aprendizagem de fato acontecerá, mas também pelas assimilações e reinterpretações realizadas pelo educando do conteúdo passado por estas intervenções. Na primeira parte o autor relata sobre o analfabetismo, a história da escrita e uma breve história das metodologias. Os anos passam e com eles surgem as modificações necessárias para acompanhar as demandas de cada época, com a alfabetização não foi diferente, somente em 1789(marco inicial) ainda com a escola republicana vigente, que a alfabetização começa a ser moldada para o modelo que vemos hoje, antes o processo de escrever era visto separado da leitura e consistia em uma educação individual, pois somente os pais mais favorecidos podiam custear os preceptores de ensino para seus filhos. No século XIX essas duas práticas começam a caminhar juntas, logo em 1815 tem-se a publicação do guia do ensino mutual a fim e orientar este novo ensino. Começa-se a expandir o ensino para as crianças do povo também, logo os pais aceitavam por acreditar ser a saída do serviço pesado do campo. Parte da população possui a capacidade de ler e escrever devidamente, porem muitos ainda não adquiriu tal processo sendo eles assim analfabetos, logo devido a grande precisão de Mão de obra qualificada o analfabetismo tem sido um grande problema a ser enfrentado. Encontra-se também o analfabeto funcional sendo aquele que não domina todo o processo, mas parte dele. Gera-se a disputa de métodos a fim de encontrar a melhor forma de alfabetizar. Por muitos anos prevaleceu o método sintético que hora fora julgado um método lento e mecânico. Mas no início do século XIX este se aperfeiçoa, mudando a ênfase do nome da letra para o som da letra. Outro importante método fora o analítico- sintético (global) que se concretiza com base na psicologia da forma ou Gestalt no final do século XIX. Em 1876 surge a importante cartilha maternal do poeta João de Deus. A partir de 1930 o número de cartilhas cresce bastante, como
  • 33. 33 também os manuais para os professores que subsidiavam o trabalho, mas não dava suporte algum ao aluno. Segundo Barbosa (1996, p. 56) as cartilhas "Concretizam o modelo idealizado pelas metodologias tradicionais, tornando o ensino da leitura uniforme, cumulativo e homogêneo." Mais adiante surge a psicogênese da língua escrita, onde a base passa a ser na psicologia genética de Piaget centrando as investigações na assimilação do sujeito, no que ele já sabe e de acordo com a sua capacidade de aprendizagem. No Brasil Lourenço Filho traz os testes ABC, avaliando aptidões e habilidades precisas para que a criança possa ser devidamente alfabetizada. A partir dos anos 50 acontece a fusão entre Psicologia e linguística, gerando a Psicolinguística que se preocupa com as relações entre linguagem e pensamento, logo Barbosa (1994, p. 88) evidencia suas bases " De início, esses estudos tiveram por base os postulados neobehavioristas, que já concebiam uma mediação interna entre o estimulo e resposta dos behavioristas." Na segunda parte, Barbosa aponta sobre fatores que vem influenciar na leitura. Até o final do século XVIII, os leitores tinham um prazer por ler que não se restringia apenas à leitura mais a todo conteúdo que o livro trazia inclusive a parte estética. “Até o final do século XVIII, os livros eram muito diferentes do que são hoje, e o prazer do leitor não se limitava apenas no texto: havia um prazer estético, ligado a aspectos gráficos” (BARBOSA, 1992, p.96). A leitura era algo restrito e era encontrada apenas em livros, diferente dos dias atuais, que são encontradas em diversos lugares com cartazes, placas de transito, nos alimentos, afinal em diversos luares do cotidiano. Na antiguidade, os textos eram transmitidos de forma oral, por que assim os filósofos acreditavam que tinha uma maior compreensão. “O diálogo, estratégia básica de transmissão e avanço do saber “[...] O escrito era visto como sucedâneo do oral e, assim, pouco valorizado” (BARBOSA, 1992, p.97). Um exemplo é Sócrates que nada escreveu, assim como Buda. Na idade média, a escrita desaparece, um motivo é o monopólio da igreja católica. “É bastante severa a censura estabelecida pela Igreja, seja através das obras selecionadas pela transmissão no pergaminho, seja através da prática usual do raspar manuscritos antigos para neles fazer novos escritos" segundo Bárbara Giovannini apud (BARBOSA, 1992, p. 98). Nesse período ensinava-se para as crianças em Latim, e para aprender elas tinham que decorar o conteúdo. Os textos eram lidos em voz alta por acreditar que para ler precisava ouvir o som das palavras, existia um local reservado para a leitura, onde poderia ler em voz alta o que foi
  • 34. 34 captado pelos olhos. Isto até Santo Agostinho começar a analisar os costumes de Santo Ambrósio que lia apenas com os olhos, uma leitura silenciosa. “Uma nova concepção de leitura despontava: a leitura silenciosa, onde o sentido do texto é produzido sem o intermédio do som.” (BARBOSA, 1992, p.100). Surge então um novo tipo de letra, a Carolina, junto com ela os espaços em branco entre as palavras, a introdução de sinais de pontuação e a ortografia da língua latina, foi levada a cabo pelos gramáticos de Carlos Magno, esses reduziram os obstáculos para a leitura. No século XVIII os escritores não tinham grande importância, e geralmente não sobreviviam de suas obras, eles vendiam as obras por um preço estipulado e a editoras que lucravam mais com as obras. Não se dava muito valor aos romances, pois eles não eram vistos com bons olhos. Em 1761, porém, Rousseau publica o romance La Nouvelle Héloise, talvez o maior Best-seller do século XVIII, que provocou a primeira epidemia de emoção da história da literatura. A procura de exemplares ultrapassou o fornecimento dos livreiros chegara a alugar o livro por dia e até por hora. A partir de Rousseau, cria-se o novo mito do culto do escritor. No campo recém-surgido da história da leitura, esse fato marca uma revolução da leitura, ocorrido na Europa quase no fim do século XVIII. (BARBOSA, 1992, p. 105) Neste século, os livros começam a tocar sentimento das pessoas, é quando surge e expressão: ler chorando. Nos dias em que se passa o período do livro, o autor mostra que a escrita está presente em nossa vida no dia a dia, em todos os momentos. Existem diversos tipos de textos e formas de leituras, por isso não podemos adotar um padrão para todas as leituras. É importante que o leitor saiba interpretar o texto e não apenas decodificar os códigos, isso é importante tanto para ler um livro de poesias quanto uma bula de remédio, por que não basta saber ler se não souber receber a mensagem que texto traz. Durante muito tempo acreditava-se que para aprender a criança precisava apenas de repetição, e não se levava em conta a interpretação. “No caso do ensino da leitura, essa concepção levava a crer que era suficiente o professor mostrar a palavra escrita (mesa, por exemplo) para a criança perceber e reproduzir o estimulo (mesa)” (BARBOSA,1992, p.128). Muitas crianças não querem aprender a ler Um dos motivos que pode levar a criança a não querer aprender a ler é o risco que toda aprendizagem supõe. O medo de enfrentar uma situação desconhecida, o receio de não ser
  • 35. 35 capaz, “[...] tudo isso pode desenvolver na criança um bloqueio que dificulte a aprendizagem”. (BARBOSA, 1992, p. 135) Assim, para se ensinar uma criança o processo da leitura é preciso mostrar à ela a importância de saber ler para assim ir despertando o interesse dela, para que ela não veja isso apenas como uma imposição. Durante o momento de aprendizagem da leitura devem ser valorizados na criança os diversos tipos de texto que ela tem contando explorando se ela consegue interpretar que mensagem está sendo passada ali. O professor nesse momento deixa de ser apenas um transmissor de conhecimentos e passa a ser aquele que vai estimular e orientar na aprendizagem. “O professor deixa de ser um mero transmissor de conteúdos e técnicas e assume o papel de orientador, de facilitador da aprendizagem.” (BARBOSA, 1992, p.137). Não se pode dizer que existe um método para se ensinar a leitura, “Não devemos imaginar que seja possível a existência de uma metodologia de ensino perfeita [...] “(BARBOSA, 1992, p. 139), como estamos discutindo sobre o assunto, existem vários fatores que influenciam nesse momento de aprendizagem. A Coleção Magistério 2º grau - Serie formação do professor, tem como objetivo orientar professores da formação de docentes, dando um suporte para o estudo. O livro traz um conhecimento geral sobre a área de alfabetização e leitura sendo assim uma base para os estudos da área. No final de cada tópico tem atividades complementares, sugestões de leituras para um aprofundamento em cada assunto. O livro tem uma linguagem acessível, sendo de fácil entendimento.
  • 36. ANEXO VI RESENHA CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 8 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. Mariana Silveira Araujo - UEM1 Thais Goerll - UEM2 Este trabalho tem como base a análise a obra Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática, livro que traz relatos de experiências em alfabetização e letramento, como o próprio nome já diz. Escrito pela Autora Marlene Carvalho, a qual lecionou durante mais de dez anos em escolas municipais enfrentando as dificuldades que aborda no livro. A mesma é formada em pedagogia pela UFRJ, onde fez seu Mestrado em Educação, concluiu seu Doutorado na Bélgica onde escreveu uma tese sobre alfabetização. No momento é professora do 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: mariana.silveira@hotmail.com 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: thaisgoerll@hotmail.com
  • 37. 37 mestrado em Educação da UCP e assessora pedagógica do Programa de Alfabetização de jovens e adultos pela UFRJ. O livro traz uma literatura que relata experiências gostosas de serem lidas e analisadas, a autora ainda cita grandes autores, um deles é Graciliano Ramos em relatos de experiência de leitura e não compreensão de palavras como “terteão”, o que seria isso na visão de uma criança? Era necessário que os preceptores ou professores, estivessem mais preparados para essa “empreitada” de ensino aprendizagem. Carvalho traz conhecimentos acerca da alfabetização e seus métodos, teorias e experiências de funcionamento dos mesmos, e também revela conhecimentos relacionados ao letramento, como a apropriação da leitura, quais a séries se enquadram na mesma, como o professor deve trabalhar em relação à aplicação desse letramento e o uso de auxílios como a contação de histórias, poesias, cartas, entre outros meios que levarão a futura alfabetização. Na primeira parte do livro a autora traz alguns relatos angustiantes, onde observamos que os métodos de ensino a leitura e escrita estão ligados a forma com que são ensinados, compreendem-se que os mesmos dever ser ensinados com cautela, e não como uma obrigação. Se o tutor ensinar com paciência o aluno aprenderá com mais facilidade, se não a dificuldade já começará ai. Já se tratando da teoria, ela traz três teorias que tentam explicar como a criança aprende: por meio de estimulo e resposta (associação), a ação do sujeito sobre o objeto (construtivismo, proposto por Piaget) e pelo sóciointeracionismo (ação do sujeito sobre o objeto, vista pelo aprendiz e compreendida pelo mesmo). Temos ainda neste início algumas situações que dificultam todo o processo de ensino, como as condições inadequadas das escolas com turmas muito numerosas, materiais didáticos e equipe pedagógica sem muito preparo e estruturas precárias de salas auxiliares. Se tratando do ambiente não escolar as dificuldades também existiam, pois, as famílias muitas vezes eram iletradas, a iniciação do aluno era tardia no âmbito escolar, faltava acesso aos materiais, pois em sua maioria isso acontecia com famílias de baixíssima renda. Porem a autora ressalta que estes não eram motivos que justificavam o “fracasso escolar”, pois cada caso e um caso. A educação se transforma conforme a necessidade da sociedade. Observamos isso em nossos estudos cotidianos, e em relação à obra temos o exemplo do voto, apenas o saber escrever o nome já dava ao cidadão o direito a voto, porém o mesmo escreve seu nome, mas não deve compreender as letras. Temos ainda a falha do sistema educacional, pois as pessoas tinham
  • 38. 38 o conhecimento das letras à medida que fosse necessário assinar um nome, ou passar um recado, aqui então à autora mostra a necessidade da escola pública, pois a mesma leva as pessoas a conhecerem e compreenderem melhor letramento e alfabetização, para que pudessem desenvolver funções maiores. Mas não eram apenas os alunos que passavam por desigualdade, os professores, também sofriam com isso, como até hoje existe essa diferença, um exemplo é a sala de aula cheia de alunos, para um único profissional dar conta. É necessário que o mesmo esteja ciente de um método de aplicação, ainda que o método não seja o centro, ele é importante. Quando estudado o construtivismo de Piaget, haveria maior compreensão, sendo assim método e prática poderiam caminhar juntos, mas a autora nos traz que faltava tempo para a realização dos estudos no momento. Não ignorando o método já citado acima, ela ainda s traz o sintético (letra-som, ou silaba-palavra) e o analítico (contação, oração ou frase), é necessário ainda a quem vai ensinar, compreender o porquê escolheu o método que vai trabalhar, a fundamentação teórica do mesmo, observar o material que será usado se é de fácil acesso entre outros. Depois de citados os métodos, Carvalho leva-nos a entender um pouco melhor a silabação, que se trata da separação das letras e silabas, baseia-se inicialmente em compreender as letras, para depois unificá-las e formar as palavras. A silabação era aplicada através de cartilhas, porém não foi muito eficaz pelo fato de não trazer o real aprendizado, o uso das cartilhas era de certo modo rigoroso e perdurou por um bom tempo. A cartilha é usada até os dias de hoje por alguns professores, muitas delas nem constava o nome do autor, o método ensinava combinações entre letras e sons, o ensino das letras e palavras aconteciam muitas vezes, ainda que não compreendido o significado, mas por meio da memorização, entretanto a leitura propriamente dita ficava para uma segunda etapa, onde o aprendiz já consegue associar palavras a objetos, ou entender a palavra ou texto por inteiro, pelo fato de o mesmo possuir um contexto e não estar embasado na cartilha. Temos também o método fônico, tem o objetivo de fazer com que a criança se volte para a sonoridade das palavras e em seus fonemas, aqui a autora traz que a criança consegue compreender frases, pois não acontece à memorização, onde ao compreender os sons, o aluno vai entendendo a palavra e o seu significado. No Método da abelhinha de Alzira S Brasil da Silva; Lúcia Marques Pinheiro e Risoleta Ferreira Cardoso, primeiro é necessário a sintetização dos sons, conforme a união das palavras e depois a análise delas pela separação dos sons das mesmas, esse é conhecido como método Misto sintético-analitico, e segundo as escritoras não
  • 39. 39 devemos confundi-lo com soletração/silabação. A casinha Feliz de Iracema Meireles, método que se relaciona a uma forma mais lúdica do aprendizado, onde teatros são usados para ensinar a ler e escrever, o qual demorou um pouco para achar uma forma de seu funcionamento, mas teve um resultado positivo e fez até que houvesse a introdução do mesmo em uma escola pública da época. Para a aplicação de ambos é necessário que o professor esteja preparado com uma fala eloquente, onde não exista uma dificuldade de entendimento das palavras, havendo também diferentes formas de se caracterizar palavras e sons por exemplo. Ao contrário dos métodos fônicos que partem da palavra curta até a simples, temos os globais, onde o apego não está no “pequeno” e sim parte da visão geral para a particular, primeiro é necessário que o todo seja compreendido, e depois os detalhes. Nesta metodização é feito o uso de contos, do ideovisual de Declory, Natural de Freinet, onde a criança aprenderá por textos que as interessem e estejam relacionados às suas experiências, Marlene ainda nos traz métodos como o de Paulo Freire, o natural, entre outros. Ainda na fase da alfabetização esse capítulo nos traz o uso de textos para a alfabetização, sendo o mesmo um campo muito amplo a ser explorado e trabalhado. Esses textos podem ser trabalhados de várias maneiras, de forma escrita, através de histórias narradas, poesias cantadas, interpretação da história contada, feita pelo aluno, ou seja, releitura da história na visão dos alfabetizando, entre outros. É importante aqui que a criança compreenda que a maneira que a história será contada não pode ser a mesma que ela será escrita, pois para escrevê-la é necessário “seguir as regras” da língua portuguesa. Carvalho traz dicas de como trabalhar os textos, como decidir qual será o assunto trabalhado, trazendo ainda opções de atividades para serem aplicadas em sala. Na segunda parte do livro Marlene Carvalho traz um maior entendimento acerca do letramento, ainda que para muitas suas funções aparentemente estejam relacionadas, alfabetizar e letrar possuem uma grande diferença de conceito. Carvalho relata que, alfabetizar é ensinar o código alfabético e letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e escrita, sendo assim ela nos traz que ser uma pessoa alfabetizada, é ser alguém que sabe identificar os códigos das letras e palavras, sabem formar algumas frases e até textos simples, todavia ser alguém letrado é ter um maior conhecimento das palavras, onde textos de conteúdos mais complexos são compreendidos quando lidos, o que mostra que o indivíduo em questão é
  • 40. 40 alguém que teve uma boa apropriação da escrita e da leitura, podendo se utilizar das palavras, frases e textos para exercer uma função social. Neste momento ainda é abordado o analfabetismo no Brasil, as causas que o cercam como o desemprego das famílias impossibilitando as crianças a terem acesso a escola, e até mesmo os adultos que não tem o conhecimento. Porém em países onde o analfabetismo já está superado, o objetivo da escola é formar o indivíduo, um indivíduo letrado. Para formar um indivíduo letrado é necessário um trabalho gradativo da escola, sendo o mesmo não rigoroso. O letramento traz um maior entendimento para leituras, existem vários tipos de leituras, mas o gosto pela mesma nem sempre existe, uns gostam por verem seus familiares lendo, outros por simplesmente gostar e outros precisam desenvolver esse gosto literário, nem sempre é fácil mais é possível. Vale ressaltar aqui que o professor se bem preparado é o mais apto a desenvolver esse gosto na fase da alfabetização, depois de concretizado esse processo o letramento fará uma diferença enorme para a vida pessoal, profissional e cultural do aluno em questão. Para haver o letramento é necessário um trabalho bem desenvolvido, e o entendimento de que muitos alunos têm dificuldade de aprendizagem, às vezes por mera insegurança, então não basta apenas conhecer o conteúdo a ser aplicado, é necessário reconhecer que cada um tem seu ritmo e respeitar isso. Para alfabetizar letrando é preciso que haja um trabalho intencional de sensibilização, através de atividades de comunicação. A criança deve ser mediada pelo professor de modo a entenderas variações de escritas, de acordo com cada gênero textual e com os objetivos do autor para cada texto. Tendo isto em vista, Carvalho mostra diferentes tipos de textos que devem ser trabalhados ao decorrer Ensino Fundamental, como por exemplo: As narrativas, listas, poemas, receitas de cozinha, quadrinhos, bilhetes, convites, cartazes, diários, textos didáticos, reportagens, relatórios, bulas e instruções. Tento em vista observar como cada texto tem sua função social, o local que será encontrado, como e a quem deverá se destinar e a “silhueta” do texto, ou sejas, as formas gráficas, o autor do texto, os objetivos deste autor, o assunto a ser abordado, o título e o gênero textual do qual o texto se trata. Em seu último capítulo, Carvalho ressalta que os três campos de conhecimento que produzem maior parte dos trabalhos científicos relacionados com a alfabetização e a formação de profissionais desta área é o campo da linguística, da pedagogia e da psicologia. Ela apresenta depoimentos de alunas que participam das pesquisas práticas de leituras e escritas do Ensino
  • 41. 41 fundamental, onde podemos notar muitas ideias distintas em relação à alfabetização, em que as próprias professoras precisavam naquele momento de respostas para questões que nem elas conseguiam resolver no âmbito de sala de aula. Notamos também no relato das educadoras que a posição da alfabetização é um tanto quanto delicada, pois as mesmas mudavam seus procedimentos pedagógicos conforme mudava o governo e a equipe da escola. Ao final das entrevistas, após relacioná-las com a teoria vista no conteúdo do livro dos capítulos um e dois, podemos perceber que encontramos ecos de construtivismo Piagetiano, quanto às práticas de alfabetização. Notamos também que o método fônico e a palavração são as bases dos trabalhos das educadoras da entrevista, pode se dizer também que as mesmas aplicam métodos mistos. Carvalho nos coloca essas pesquisas, a fim de que possamos nos questionar e argumentar sobre as metodologias utilizadas pelas educadoras. Ao final de seu livro, Carvalho nos traz uma incrível exposição abordando como nós professores devemos nos posicionar diante da alfabetização, ela nos expõe uma crítica aos professores que utilizam de receitas para alfabetizar, acreditando que todos os alunos devem ser tratados da mesma maneira e que todos têm o mesmo ritmo de aprendizado. Ela propõe que o correto é deixar o aluno expor seus conhecimentos e que nos professores devemos fazer troca de ideias com nossa turma, fazer leituras em voz alta, mostrar coisas escritas que as crianças não têm contato ou não conhecem, deixar que eles ajudem uns aos outros e por fim nos coloca algo que é muito interessante, que o professor tem que estudar também junto com seus alunos e também nos diz que podemos criar, inovar, e que isso dará uma forma muito mais gratificante de trabalho. Ao estudarmos a obra de Marlene Carvalho, foi possível abrangermos conhecimentos mais profundos, como a significativa diferença entre alfabetizar e letrar, assim como o uso de relatos de experiências pessoais e até mesmo o de outros autores, acabou por ampliar a nossa visão em relação a erros frequentes e nem sempre notáveis, na aplicação de conteúdo, na forma de tratamento do aluno por preceptores, ou cuidadores responsáveis pelo ensino das letras, entre outros. As atividades trazidas pela escritora ainda nos ensinaram muito, pois, as mesmas nos trouxeram uma base teórica acompanhada de grande teor de conhecimento, principalmente no que se relaciona a alfabetização. A leitura da obra de Carvalho foi de grande aprendizado para nós.
  • 42. ANEXO VII RESENHA TRINDADE, I. M. F. A Invenção de uma nova ordem para as cartilhas: ser maternal, nacional e mestra. Queres ler? 2001. 524f. Tese (Doutorado) – Curso de Doutorado em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. Caroline Domenech - UEM1 Jéssica de Paiva Gonçalves – UEM2 Iole Maria Faviero Trindade é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fez mestrado e doutorado em Educação pela mesma universidade. Possui vasta experiência na área da alfabetização, com ênfase na atuação sob os temas: Alfabetização e letramente, cartilhas e livros didáticos de alfabetização, discursos entre outros, centrados principalmente em seu estado natal o Rio Grande do Sul. Na atualidade é professora aposentada 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: carol_domenech@hotmail.com 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cianorte, da Universidade Estadual de Maringá e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UEM. Endereço eletrônico: jessyca_paiva@hotmail.com