O documento discute a doutrina do pecado (hamartiologia), apresentando: 1) Conceitos históricos e teorias sobre a origem do pecado, desde Irineu até Orígenes e os pais da Igreja; 2) O conceito de pecado no Antigo e Novo Testamento; 3) Teorias sobre pecado como a pelagiana, católica, evolucionista e determinista.
1. HAMARTIOLOGIA - DOUTRINA DO PECADO
LIÇÃO 10 - HAMARTIOLOGIA - DOUTRINA DO
PECADO
LIÇÃO 10 - HAMARTIOLOGIA – DOUTRINA DO
PECADO
Hamartiologia (do gregotransliterado hamartia =
erro, pecado + logós = estudo), como sugere o
próprio nome, é a ciência que estuda o pecado, ou,
se preferível, o estudo sistematizado daquele tema
(pecado).
Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do
pecado, procurando compreendê-la mesmo à luz das
Escrituras, inevitavelmente há de se defrontar com a
seguinte indagação: Qual a origem do pecado?
1) CONCEITOS HISTÓRICOS E TEORIAS SOBRE A
ORIGEM DO PECADO
São os mais diversos os conceitos que ao longo da
história surgiram acerca do pecado. Irineu, bispo de
2. Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.), foi, talvez, o
primeiro dos pais da Igreja Antiga, a assegurar que o
pecado no mundo se originou na transgressão
voluntária do homem no Éden.
O conceito de Irineu logo tomou conta do
pensamento e da teologia da Igreja, especialmente
como arma no combate ao gnosticismo, pois este
ensinava que o mal é inerente à matéria.
2) DO GNOSTICISMO A ORÍGENES
O gnosticismo ensinava que o contato da alma
humana com a matéria era que a tornava
imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente
despojou o pecado do seu caráter voluntário como é
apresentado na Bíblia. Orígenes (185-254 d.C.)
sustentou este mesmo ponto de vista por meio de
sua teoria chamada “preexistencismo”. Segundo ele,
as almas dos homens pecaram voluntariamente em
existência prévia, e, portanto, todas entraram no
mundo numa condição pecaminosa. Este conceito
de Orígenes sofreu forte oposição mesmo nos seus
dias.
3. 3) OS PAIS DA IGREJA GREGA
Em geral os pais da Igreja Grega dos séculos III e IV
se mostraram inclinados a negar a relação direta
entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em
contraposição, os pais da Igreja Latina ensinaram
com bastante clareza que a presente condição
pecaminosa do homem encontra sua explicação na
primeira transgressão de Adão no Éden.
4) DE AGOSTINHO À REFORMA
O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do
pecado teve seu ponto mais elevado na pessoa de
Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em Adão
toda a humanidade se acha culpada e maculada. Já
os teólogos semipelagianos admitiam que a mancha
do pecado, e não o pecado mesmo, é que era
causada pelo relacionamento humanidade – Adão.
Durante a Idade Média, o que se cria a respeito do
assunto era uma mistura de agostinismo e
pelagianismo. Os Reformadores, particularmente,
comungaram do ensino de Agostinho.
5) DO RACIONALISMO A KARL BARTH
4. Sob a influência do racionalismo e da teoria
evolucionista, a doutrina da queda do homem e de
seus efeitos fatais sobre a raça humana, foi
descartando-se gradualmente. Começou a se
difundir a idéia de que, se realmente houve o que a
Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi
para o alto. A idéia do pecado odioso, aos olhos
santos de Deus, foi substituída pelo mal, e este mal
se aplicou de diferentes maneiras. Por exemplo,
Emanuel Kant o considerou como parte inseparável
do que há de mais profundo no ser humano, e que
não se pode explicar. O evolucionismo chama esse
“mal” de oposição das baixas inclinações ao
desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl
Barth, teólogo suíço (1886-1968), fala da origem do
pecado como um mistério da predestinação.
Em suma: O que muitas correntes da teologia
racionalista erradamente ensinam é que Adão foi na
verdade o primeiro pecador, porém sua
desobediência não pode ser considerada como
causa do pecado no mundo. O pecado do homem
estaria relacionado alguma forma com a sua
5. condição de criatura. A história do Paraíso nada mais
proporciona ao homem do que a simples informação
de que ele necessariamente não precisa ser pecador.
6) O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE A ORIGEM DO
PECADO
Na Bíblia, o mau moral que assola o mundo,
normalmente chamado pelos homens de fraqueza,
equívoco, deslize, queda para o alto, se define
claramente como pecado, fracasso, erro, iniqüidade,
transgressão, contravenção e injustiça. A Bíblia
apresenta o homem como transgressor por
natureza. Mas, como adquiriu o homem essa
natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca
disso? Para termos respondidos estas indagações
são interessantes e indispensáveis considerar o
seguinte:
a) Deus Não é o Autor do Pecado
Evidentemente Deus, na sua onisciência, já vira a
entrada do pecado no mundo, bem antes da criação
do homem. Porém, deve-se ter o cuidado para que
6. ao se fazer esta interpretação, não fazer de Deus a
causa ou o autor do pecado. “Longe de Deus o
praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o
cometer injustiça”.(Jó 34:10)
Deus é santo e não há Nele nenhuma injustiça.
“Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por
Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e
ele mesmo a ninguém tenta”. Deus odeia o pecado e
como prova disto enviou a Jesus Cristo como
provisão salvadora para o homem. Assim sendo, as
Escrituras rechaçam todas aquelas idéias
deterministas, segundo as quais Deus é autor e
responsável pela entrada do pecado no mundo.
b) O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico
Se quisermos conhecer a origem do pecado, teremos
de ir além da queda do homem, descrita no capítulo
3 de Gênesis, e por a nossa atenção em algo que
aconteceu no mundo dos anjos.
Deus criou os anjos dotados de perfeição, porém,
Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra Deus,
7. pelo que caíram em terrível condenação. O tempo
exato dessa queda não é dado a conhecer na Bíblia.
Jesus fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida
desde o princípio. O apóstolo João diz que o Diabo
peca desde o princípio. Pouco se diz a respeito do
pecado que ocasionou a queda dos anjos; porém,
quando Paulo adverte a Timóteo no sentido de que
nenhum neófito seja designado bispo sobre a casa
de Deus, diz o apóstolo porque: “...para não suceder
que se ensoberbeça e caia na condenação do
Diabo”. Daí se concluir que o pecado do Diabo foi a
soberba e o desejo de sobrepujar a Deus.
c) Origem do Pecado na Raça Humana
“Portanto, assim como por um só homem entrou no
pecado o mundo, e pelo pecado a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram”. (Romanos 5:12)
7) O CONCEITO DE PECADO NO ANTIGO E NOVO
TESTAMENTO
O Antigo Testamento descreve o pecado nas
8. seguintes esferas:
a) Na Esfera Moral - A palavra mais usada para o
pecado significa “errar o alvo”.
- Errar o alvo: Dá idéia de, como um arqueiro que
atira, mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o
alvo no final da vida.
- Tortuosidade ou perversidade: o contrário da
retidão; errar o caminho, como um viajante que sai
do caminho certo.
- Falta: ser achado em falta ao ser pesado na balança
de Deus.
- Mal: “violência”ou “infração”
b) Na Esfera da Conduta Fraternal
A palavra usada para determinar o pecado nesta
esfera significa, violência ou conduta injuriosa
(Gênesis 6:11; Ezequiel. 7:23; Provérbios 16:29) ao
excluir a restrição da lei, o homem maltrata e oprime
seus semelhantes.
c) Na Esfera da Santidade
As palavras empregadas eram: “profano”, “imundo”,
9. “contaminado” e “transgressor”. Estes termos
empregados nesta esfera implicam que o ofensor já
usufruiu a relação com Deus. Entendemos que os
Israelitas como povo escolhido, deveriam ser santos,
pois pelas leis, em toda as atividades e esferas de
suas vidas, estavam reguladas pela Lei da Santidade.
E que fosse contrário a isso se tornava imundo,
(Levíticos 11:24, 27, 31, 33, 39)
d) Na Esfera da Verdade
“Engano”, “Mentira”. As palavras que descrevem o
pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e
fraudulento elemento do pecado. Os pecadores
falam e tratam falsamente (Salmos 58:3; Isaias
28:15; Êxodo 20:16; Salmos 119:128).
O primeiro pecador foi um mentiroso (João 8.44); o
primeiro pecado começou com uma mentira
(Gênesis 3:4); e todo o pecado contém o elemento
do engano (Hebreus 3:13).
e) Na Esfera da Sabedoria
Os homens se portam impiamente porque não
pensam ou não querem pensar corretamente; não
10. dirigem suas vidas de acordo com a vontade de
Deus, seja por descuido ou por deliberada
ignorância. O homem precisa crescer na sabedoria
para firmeza e fundamento moral, o que de palavras
de sabedoria, ensino, exortação, fora escrito para ele
não esquecer; para não ser facilmente conduzido ao
pecado. (Mateus 7:26; Provérbios 7:7; 9:4)
8) NO NOVO TESTAMENTO
Palavras que expressam o Pecado no Antigo e Novo
Testamento:
a) Errar o alvo i) Fermento
b) Tortuosidade j) Desordem
c) Perversidade k) Iniqüidade
d) Lepra l) Desobediência
e) Violência m) Queda
f) Profano n) Derrota
g) Imundo o) Impiedade
h) Transgressor p) Erro
11. . Errar o Alvo - que expressa a mesma idéia que a
conhecida palavra do Antigo Testamento.
. Dívida (Mateus 6:12) - O homem deve a Deus a
guarda dos seus mandamentos; todo pecado
cometido é contração de uma dívida. Incapaz de
pagá-la, a única Esperança do homem é ser
perdoado, ou obter remissão da dívida.
. Desordem - O pecado é iniqüidade (I João 3:4), o
homem escolheu a sua própria vontade, isto é
rebeldia.
. Transgressão - literalmente “ir além do limite”
(Romanos 4:15). Os mandamentos de Deus são
cercas, por assim dizer, que impedem ao homem
entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer
o prejuízo para sua alma.
. Queda - Cair para um lado, (Efésios 1:7). Pecar é
cair de um padrão de conduta.
. Derrota - é o significado literal da palavra “queda”
em Romanos 11:12. Ao rejeitar a Cristo, a nação
judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de
Deus.
12. . Impiedade - de uma palavra, sem adoração ou
reverência, (Romanos 1:18; II Timóteo 2:16). O
homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma
importância a Deus e as coisas sagradas, pois não há
temor ou reverência, porque está sem Deus e não
quer saber de Deus.
. Erro (Hebreus 9:7) - Descreve aqueles pecados
cometidos como fruto da ignorância, e dessa
maneira diferenciam daqueles pecados cometidos
presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O
homem que desafiadoramente decide fazer o mal
incorre em maior grau de culpa do que aquele que
apanhado em falta, a que foi levado por sua
debilidade.
O pecado tanto no Antigo Testamento como no
Novo Testamento é considerado uma “brecha” ou
“rompimento” de relações entre o pecador e o Deus
pessoal. É o desvio do pecado da vontade de Jeová,
ou seja, a quebra da lei, sendo que Jeová é a própria
lei.
9) TEORIAS ACERCA DO PECADO
13. a) A Teoria Pelagiana do Pecado
O “Pelagianismo’’ (do latim: “pelagianismus”), é a
Doutrina fomentada por Pelágio, clérigo britânico do
século IV. Entre outras coisas, ele negava o livre-
arbítrio e a influência da graça divina. É semelhante
ao “Determinismo”, que nega o livre-arbítrio e que o
pecado é algo natural do homem.
b) A Teoria Católica Romana do Pecado
Pecado Capital - expressão com que a Igreja Católica
romana designa diversos pecados: orgulho, ódio,
inveja, impureza, gula, preguiça e a avareza.
c) A Teoria Evolucionista do Pecado
Baseada e fundamentada na Teoria de Darwin, o
Evolucionismo considera o pecado como herança do
animalismo primitivo do homem, ou seja, na fase
evolutiva do homem, erros e falhas são comuns, até
que um dia o homem chegará a ponto de perfeição.
d) O Ateísmo
Nega a Deus, nega também o pecado, porque
14. estritamente falando, todo pecado é contra Deus, e
se não há Deus, não há pecado.
e) O Determinismo
Essa teoria filosófica afirma ser o livre-arbítrio uma
ilusão, e não uma realidade. Uma conseqüência
prática do Determinismo é tratar o pecado como se
fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador
merece pena, compaixão ou misericórdia (dó), ao
invés de ser castigado.
f) O Hedonismo
O Hedonismo (do grego: “hedoné”e do latim:
“hedonismus”; prazer), é a teoria que sustenta que o
melhor ou mais proveitoso que existe na vida é a
conquista do prazer e a fuga a dor. Eles desculpam o
pecado com expressões como estas: “Errar é
humano”; “o que é natural é belo e o que é belo é
direito”.
A consciência testifica inequivocadamente da
15. realidade do pecado. Todos sabem que são
pecadores. Ninguém, que tenha idade de
responsabilidade, tem vivido livre do senso de culpa
pessoal e contaminação moral. O remorso da
consciência, por causa do mal praticado, persegue a
todos os filhos e filhas de Adão, ao passo que as
conseqüências entristecedoras e terríveis do pecado
são vistas através da deterioração e degeneração
física, mental e moral da raça.
10) A ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO
MAL
A árvore proibida ou a “árvore do conhecimento do
bem e do mal”, foi colocada no jardim para prover
um teste pela qual o homem pudesse, amorosa e
livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira
desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o
homem teria sido meramente uma máquina.
A árvore da ciência do bem e do mal fosse o que
fosse a natureza exata desta árvore, literal, figurada
ou simbólica, o pecado de Adão e Eva, em parte, foi
essencialmente este: a transferência da direção das
16. suas vidas, de Deus para eles mesmos. Deus lhes
dissera em substância, que podiam fazer tudo que
quisessem, EXCETO aquilo só. Foi um teste de
obediência para eles. Para concluir, a “árvore
proibida” era a fonte para o homem ser conhecedor
de todas as coisas, o bem e o mal.
A culpa não tem sido descrita como ponto onde a
religião e a psicologia se encontra com mais
freqüência.
11) ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO
Devemos compreender que o pecado não teve sua
origem aqui na terra. O primeiro pecado foi
cometido no céu. Assim sendo a fim de
compreender sua realidade e natureza, devemos
estudar primeiro seu começo no universo, e depois
seu começo na terra.
Vamos considerar a primeira pessoa responsável
pelo pecado no universo:
12- Filho do homem levanta uma lamentação sobre
o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu
eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e
17. perfeito em formosura.
13- Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de
toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a
crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a
esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus
tambores e os teus pífaros; no dia em que foste
criado foram preparados.
14- Eu te coloquei com o querubim da guarda;
estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no
meio das pedras afogueadas.
15- Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em
que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade.
16- Pela abundância do teu comércio o teu coração
se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei,
profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da
guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas.
17- Elevou-se o teu coração por causa da tua
formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa
do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis
te pus, para que te contemplem. (Ezequiel 28:12-17).
A passagem deixa claro que o profeta está
18. descrevendo um ser sobrenatural. As palavras
poderiam aplicar-se ao rei Tiro, mas elas vão além
desta aplicação e descreve o maior de todos os seres
criados. A quem mais poderiam aplicar-se estas
palavras, do que a Satanás antes da sua queda?
Vamos agora observar o pecado cometido por esse
ser exaltado:
Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da
alva! como foste lançado por terra tu que prostravas
as nações!
E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no
monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do norte;
Subirei acima das alturas das nuvens, e serei
semelhante ao Altíssimo (Isaias 14:12-14).
Cinco vezes Lúcifer opõe sua vontade à vontade de
Deus. Pode ser visto então que o primeiro pecado foi
o de rebelião contra Deus e total independência
Dele.
. "Eu subirei ao céu" - existem três céus: o céu
19. atmosférico, o estrelar ou astronômico, e o mais
alto, ou terceiro céu, onde Deus e santos habitam. (II
Coríntios 12:1-4) onde Paulo descreve sobre Ter sido
arrebatado até o terceiro céu. A esfera dos Anjos é
no segundo céu.
. "Acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono"
— As estrelas de Deus referem-se aos exércitos
angélicos, como em "quando as estrelas da alva
juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos
os filhos de Deus" (Jó 38:7) e "ondas bravias do mar,
que espumam suas próprias sujidades; estrelas
errantes, para as quais tem sido guardada a negridão
das trevas para sempre" (Judas 13). Veja também
(Apocalipse 12:3,4 — 22:16). O desejo de assegurar
o domínio sobre os seres angélicos é assim expresso:
"E no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do Norte" - estas palavras foram tidas
como expressando o desejo de possuir também um
reino terreno. No simbolismo bíblico, uma montanha
significa um reino. "Acontecerá nos últimos dias que
se firmará o monte da casa do Senhor, será
estabelecido como o mais alto dos montes e se
20. elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele
todas as nações". (Isaias 2:2)
. "Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro,
o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como
a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e
não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra,
porém, que feriu a estátua se tornou uma grande
montanha, e encheu toda a terra." (Daniel 2:35)
. "Subirei acima das mais altas nuvens" — A glória de
Deus é muitas vezes simbolizada por nuvens nas
escrituras. Lúcifer queria possuir esta glória.
. "Serei semelhante ao Altíssimo" — Este é o apogeu
dos outros quatro desejos. Todas essas declarações
expressam independência e oposição a Deus, uma
ambição deliberada contra Ele. Se ficarmos
imaginando como o pecado pode entrar num
ambiente perfeito, a resposta parece ser, no que diz
respeito a Lúcifer e aos anjos que caíram com ele,
que sua queda foi devido a revolta voluntária
autodeterminada, contra Deus.
12) A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA
21. O terceiro capitulo de Gênesis descreve como o
pecado entrou pela primeira vez na raça humana.
Um entendimento completo do que ensina este
capitulo é essencial para compreendermos o que se
segue nas escrituras. A história da queda do homem,
como dada aqui, é uma contradição absoluta a
teoria da evolução, que pretende ensinar que o ser
humano começou bem no inicio da escala moral e
esta agora vagarosamente subindo por ela. Pelo
contrario, este capitulo ensina que o homem
começou bem no alto. À imagem e semelhança de
Deus, e passou a cair cada vez mais baixo.
Gênesis 3 também contradiz a moderna teoria da
hereditariedade e do ambiente. É-nos dito que a
razão do pecado e do mal, se encontram no mundo
e resulta da transmissão corrupta da nossa
hereditariedade. Se nossos ancestrais não tivessem
pecado, não seriamos pecadores. Sabemos que Adão
e Eva não tiveram ancestrais corrompidos, mesmo
assim pecaram. Somos ensinados também que a
causa do mal no coração do homem é resultado do
ambiente perverso que vivemos. Se tão somente
22. pudéssemos purificar a sociedade, os homens não
ficariam mais sujeitos a pecar. Isto mostra-se falso
pelo fato de que nossos primeiros pais (Adão e Eva)
viviam numa condição de perfeição, toda via
pecaram. Assim devemos considerar que o homem
não precisa de um novo berço e sim de um novo
nascimento.
A raça humana foi criada de modo a poder receber o
amor de Deus e corresponder a Ele. Para que o amor
seja real, ele deve ser concedido livremente. O amor
não é amor se for dado por compulsão. Como Deus
saberia se o primeiro homem e mulher o amavam?
Ele lhes deu uma oportunidade de provar seu amor
através de um simples ato de obediência. De fato ele
não era nem mesmo tão difícil quanto se poderia
supor. Tudo que lhes foi pedido era não praticar um
determinado ato — comer do fruto de uma das
muitas árvores do jardim, e demonstrar desse modo
sua dedicação ao Senhor. Deus não estava privando
de nada. Adão e Eva não precisavam do fruto dessa
árvore. Ele não era necessário para felicidade ou
para o bem estar de ambos. Por outro lado, o
23. homem não necessita do pecado. Ele não
acrescentou nem sequer um segundo de prazer
genuíno na vida humana.
Até os que pecam contra outros, desejam ser
tratados com honestidade. O mentiroso quer que
você lhe fale a verdade, o ladrão que rouba seus
bens não quer que você roube os dele.
Não havia veneno ou mal no fruto daquela árvore.
Só era errado porque Deus dissera para não
comerem dele. Na economia moral que Deus estava
estabelecendo aqui na terra, mas não uma
necessidade. Adão e Eva jamais deveriam Ter
convertido essa possibilidade em realidade.
Cercados de tudo para prover cada uma das suas
necessidades, e advertidos por Deus das
conseqüências que adviriam, só podemos concluir
que foram culpados de suas ações "Cada um, porém,
é tentado, quando atraído e engodado pela sua
própria concupiscência" (Tiago 1:14). É muito
importante gravar este fato na mente: Deus não
permitiu que Satanás coagisse Adão e Eva. A
serpente os tentou, mas não os forçou a comer do
24. fruto proibido. A maneira como Satanás agiu foi uma
verdadeira prova, mas não constituiu num ato de
sujeição completa de Adão e Eva. Isto se aplica a
toda tentação. A tentação bem sucedida requer
colaboração do indivíduo tentado. Ele deve ceder
como Adão e Eva cederam. Poderiam Ter acusado
Satanás de Tiago tentado, mas deveriam culpar-se a
si mesmos por ceder a tentação. O pecado deles era
de sua responsabilidade, e assim tiveram de
suportar o castigo.
A diferença entre a queda de Satanás e a queda do
homem é que Satanás caiu sem qualquer tentador
externo. O pecado entre os anjos teve origem em
seu próprio se; o pecado do homem se originou em
resposta a um tentador e à tentação externa. Pois se
homem tivesse caído sem um tentador, ele teria
originado seu próprio pecado, tornando-se ele
mesmo um Satanás.
Entretanto o pecado que habita no homem, não é
dele mesmo, é sim uma intrusão externa que não
nos pertence. O que é original do homem está
declarado em (I Pedro 1:15-16) - "mas, como é santo
25. aquele que vos chamou, sede vós também santos
em todo o vosso procedimento; porquanto está
escrito: Sereis santos, porque Eu sou santo".
13) RESUMO DA DOUTRINA DO PECADO
I) A Origem do Pecado
a) Em Relação a Deus - Deus não pode pecar, e no
entanto o plano de Deus “precisaria” ter incluído a
permissão para a entrada do pecado no mundo, já
que desde a eternidade incluía um Salvador.
b) Em Relação a Satanás - O pecado foi achado em
satanás (Ezequiel 28:15). Esta afirmação é o mais
próximo que a Bíblia chega de uma indicação da
origem do pecado.
c) Em Relação a Anjos - Alguns deles seguiram a
satanás em seu pecado.
d) Em Relação ao Homem - O pecado originou-se no
Éden.
II) A Definição de Pecado
a) O Pecado é uma ilusão: Esta idéia (errônea)
assume várias formas de expressão; nossa falta de
26. conhecimento é a razão pela qual temos a ilusão do
pecado; ou, quando a evolução tiver tido tempo
suficiente para nos ajudar a progredir, a ilusão do
pecado desaparecerá.
b) O Pecado é o eterno princípio do dualismo: Sendo
o Mal uma entidade externa a Deus é independente
dEle.
c) O Pecado é o egoísmo: Esta é a definição ouvida
com maior freqüência. É bíblica, mas incompleta e
insuficiente.
d) O Pecado é a violação da Lei: Esta definição
também é bíblica, mas insuficiente, a não ser que o
conceito de lei seja estendido de modo a
compreender todo o caráter de Deus.
e) O Pecado é qualquer coisa contrária ao Caráter de
Deus.
III) Pecado Pessoal
a) Significado: O pecado é cometido por indivíduos.
Podem ser pecados deliberados ou pecados por
ignorância. Errar o alvo também implica atingir o
27. alvo errado.
b) Penalidade: Perda de comunhão.
c) Remédio: Perdão - Retira a culpa produzida pelo
pecado. Justificação - Declaração da atribuição da
justiça de Cristo ao pecador que crê e é perdoado.
IV) A Natureza Pecaminosa
a) Significado: A Natureza pecaminosa é a
capacidade e inclinação humana para fazer tudo
aquilo que nos torna reprováveis aos olhos de Deus.
b) Passagens Bíblicas relacionadas: II Coríntios 4:4;
Efésios 4:18; Romanos1:18- 3:20
c) Resultado da natureza pecaminosa: Depravação
total (Absoluta falta de mérito do homem perante
Deus) - Morte Espiritual.
d) Transmissão da natureza pecaminosa: Dos pais
para os filhos (Salmos 51:5).
e) Remédio: Redenção, que nos concede nova
natureza (regeneração) e uma nova capacidade de
servir a Cristo. O Poder do Espírito que habita no
28. crente para dar vitória sobre a natureza pecaminosa,
que já foi julgada.
V) Pecado Imputado
a) Significado: O resultado da participação de cada
homem no pecado original de Adão.
b) Texto-chave: Romanos 5:12 -Toda a humanidade
estava em Adão, participando de seu pecado e
assumindo a culpa resultante dele.
c) Transmissão do pecado imputado: Transmitido
diretamente de Adão a cada membro da raça.
d) Penalidade: Morte física.
e) Remédio: A Justiça imputada de Cristo (II Coríntios
5:21).
VI) O Pecado na Vida do Crente
a) O fato do pecado na vida do crente (I João 1:8-10)
b) O padrão para o crente: Andar na Luz (I João 1:7)
c) A prevenção do pecado na vida do crente: Através
da Palavra de Deus (Salmos 119.11); A intercessão
29. de Cristo (João 17.15); O Espírito Santo que habita
nele (João 7:37-39)
d) Penalidades do pecado na vida do crente: Perda
de comunhão (I João 1:6); Exclusão da Instituição
religiosa (I Coríntios 5:4-5); Disciplina de Deus
(Hebreus 12:6); Às vezes morte física (I Coríntios
11:30)
e) O remédio para o pecado na vida do crente:
Confissão (I João 1:9)