1. A(s) crise(s) Demográfica(s) e os Territórios de Baixa
Densidade
Jorge Malheiros
(jmalheiros@campus.ul.pt)
Centro de Estudos Geográficos
IGOT – Universidade de Lisboa
Conferências de Aljustrel
Cidadania, Inovação e Território
Aljustrel, 4 e 5 de Abril de 2014
2. Objectivos e questões
•
Situar a crise demográfica (a 6ª crise?) no
contexto das “crises” por que passa Portugal;
•
Há uma crise demográfica em Portugal? Como a
identificamos?
•
A crise demográfica é mais intensa nas regiões
de Baixa Densidade? E no Alentejo?
•
Quais são as tendências existentes? O que se
está a fazer para as alterar?
3. 1. As seis crises do presente… e as suas
duas fases?
•
Crise financeira A (dos “mercados”);
•
Crise financeira B (dos Estados; vulgo “dívida
soberana”);
•
Crise económica (desempenho económico);
•
Crise social (desemprego, empobrecimento);
•
Crise política (subversão da “validade” dos
mecanismos democráticos; a democracia em risco?);
•
Crise demográfica (muito baixa fecundidade, saldos
migratórios negativos, rápido envelhecimento,
regressão populacional)
4. 2. A demografia portuguesa
contemporânea – evidências de crise(s)?
6. Evolução dos nados-vivos e dos óbitos
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Fonte: INE, Estatísticas Demográficas 2012 – N.vivos: 898 41
Óbitos: 107 612
Saldo Natural: - 17 771
Evolução da natalidade: estruturas societais,
economia e “capital de esperança”
7. Um país a envelhecer rapidamente (e muito envelhecido
no contexto Europeu e Mundial)
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Evolução do Índice sintético de Fecundidade em
Portugal – evolução 1970 - 2011
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ISF, Países da Europa
Estudo Divisão de População – ONU (2010)
8º mais envelhecido do mundo – 23,3%
pop. > 60 anos
15ª mediana de idades – 40,6 anos
13. Densidade populacional – 1981 e 2011
Desequilíbrios demográficos I
A tendência para a redução das densidades; o Alentejo como Região de
densidades particularmente baixas
Fonte: INE, Censos (base PORDATA).
14. Densidade populacional - 2011
Desequilíbrios demográficos I – uma leitura
a) Um país, duas bossas – O Portugal-camelo e o seu complemento;
b) O Alentejo “linear”
Fonte: INE, Censos (base PORDATA).
15. 38 municípios (25 no Alentejo) < 15hab,/km2 18 municípios (16 no Alentejo) < 15hab,/km2
12,4% municípios portugueses < 15hab./km2 5,9% municípios portugueses < 15hab./km2
53,2% municípios alentejanos < 15 hab./km2 34,0% municípios alentejanos < 15 hab./km2
84 municípios (38 Alentejo)< 30hab,/km2 65 municípios (35 Alentejo)< 30hab,/km2
27,3% municípios portugueses < 30hab./km2 21,3% municípios portugueses < 30hab./km2
80,9% municípios alentejanos < 30 hab./km2 74,5% municípios alentejanos < 30 hab./km2
Baixo Alentejo - 14,8 hab./km2 Baixo Alentejo - 18,6 hab./km2
Alentejo Litoral - 18,4hab./km.2 Alentejo Litoral - 19,4hab./km.2
Alto Alentejo - 18,9 hab./km2 Alto Alentejo - 22,8 hab./km2
Alentejo Central - 23,1 hab./km2 Alentejo Central - 25,0 hab./km2
PORTUGAL - 114,5 hab./km2 PORTUGAL - 106,7 hab./km2
2011 1981
ALENTEJO E, SOBRETUDO, BAIXO ALENTEJO – BAIXÍSSIMAS DENSIDADES
POPULACIONAIS… A INTENSIFICAREM-SE!
Fonte: INE, Censos de 1981 e 2011.
16. Pop. Lugares <2000
hab.
Pop. Lugares <2000
hab.
20112011 (%)
Portugal 4124307 39,0
Alentejo Litoral 50696 51,8
Alto Alentejo 60905 51,4
Alentejo Central 70408 42,2
Baixo Alentejo 61062 48,2
ALENTEJO 243071 47,7
População por classes de lugares – Alentejo, 2011
Fonte: INE, Censos de
2001 e 2011.
Extraído de: CCDRAlentejo
(2011) – Políticas públicas para
territórios de baixa densidade.
ALENTEJO
17. Índice de Envelhecimento -
2011
Desequilíbrios demográficos II
Os “arcos da juventude” grande e pequeno e o país envelhecido
Fonte: INE, Censos (base PORDATA).
18. Índice de Sustentabilidade
Potencial - 2011
OUTRA LEITURA – O regresso ao “Portugal Camelo”
Um país - duas bossas, uma extensão – O Portugal-camelo com um complemento
Fonte: INE, Censos (base PORDATA).
19. Peso relativo da população do Alentejo no país, por grupos etários –
1960, 1981, 2001 e 2011
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Maior contributo para o “país envelhecido”, mas suave tendência para a
estabilização no contributo para jovens e adultos
20. Um retrato do processo
Taxas de crescimento populacional 2001-2011
Taxa de crescimento
efectivo
Taxa de crescimento
natural
Taxa de crescimento
migratório
21. Taxas de saldo natural e migratória em 2001 e 2011
Uma dinâmica recessiva, mas menos negativa do que a observada noutras
regiões portuguesas, sobretudo no que respeita às migrações
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22. Taxas de variação da população – Alentejo e sub-
regiões – 1981-2001 e 2001-2011
Uma região em perda, mas com evidência de reequilíbrio no caso do
Alentejo Central
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24. Projecções –um olhar para o futuro de Portugal
Declínio e envelhecimento
inevitáveis?
INE, 2014 – Destaque 28-03-2014.
25. Projecções –um olhar para o Alentejo no contexto
de Portugal
PORTUGAL 10,5 M. hab. em 2012
9,2 M. hab. em 2060 (cenário alto)
Tx. Variação - -12,1%
ALENTEJO 748 700 hab. em 2012
(c/Lezíria) 579 700 hab. em 2060 (cenário alto)
Tx. Variação - -22,6%
O prolongar de um declínio ainda mais acentuado…
27. Click to edit Master subtitle style
3 destaques….
- Há uma crise demográfica que conjuga duplo declínio (inevitavel
retracção) e rápido envelhecimento, que tenderá a prolongar-se nas
próximas décadas.
-
Temos um “país-camelo”, onde duas “bossas geográficas” (AML
e Norte Litoral) e um complemento (Algarve) concentram a pouca
dinâmica existente. Aos desequilíbrios demográficos
correspondem desequilíbrios sociais.
-
Temos também um “país esvaziado”, onde o despovoamento é
um processo que se prolonga, pelo menos desde há meio século,
continuando a agravar-se, mesmo que o ritmo de divergência
possa estar mais atenuado. Atinge em particular o interior,
emergindo o Alentejo com o espaço privilegiado das baixas e
muito baixas densidades.
28. Click to edit Master subtitle style
… e 4 ideias para uma resposta
- O estímulo à fecundidade e à fixação e atracção migratória passa,
fundamentalmente, por medidas de incentivo à dinamização da economia
e ao estabelecimento de um quadro de relações laborais mais compatível
com a reprodução;
- Supletivamente, os habituais incentivos à fecundidade e natalidade podem
dar contributos (abonos crescentes às crianças, subsídios aos nascimentos,
compensações nas reformas, sistema de creches…)
- Pode-se atenuar o ritmo de envelhecimento; não será possível invertê-lo –
há que aprofundar o processo de ajuste social e económico a sociedades
mais envelhecidas;
- Os desequilíbrios demográficos e a existência de um “país esvaziado” têm
custos que exigem uma intervenção estratégica e efectiva que inclui i)
abertura e interacção das áreas deprimidas com os espaços exteriores (o
combate ao localismo retrógrado); ii) uma revisão da política de
distribuição de equipamentos; iii) a densificação das redes; iv) a valorização
da qualidade de vida do “não urbano” como âncora para a dinamização
económica e a fixação; v) a valorização da população sénior com uma das
âncoras da dinamização (aldeias comunitárias, serviços especializados…)