2. Chama-se anarquismo o movimento político que defende a
anarquia, ou seja, a supressão de todas as formas de
dominação e opressão vigentes na sociedade moderna, dando
lugar a uma comunidade mais fraterna e igualitária, fruto de um
esforço individual a partir de um árduo trabalho de
conscientização. O anarquismo é frequentemente apontado
como uma ideologia negadora dos valores sociais e políticos
prevalecentes no mundo moderno como o estado laico, a lei, a
ordem, a religião e a propriedade privada. A palavra anarquismo
é adaptada do grego ánarkhos, cujo significado é,
aproximadamente, "sem governo". No Brasil, a ideologia foi
introduzida no final do século XIX pelos imigrantes
europeus, principalmente os italianos e espanhóis, e foi
influente até o final da Segunda Guerra Mundial.
ANARQUISMO
4. As origens do movimento derivam da concepção individualista
dos direitos naturais, defendida por John Locke. Para o
filósofo inglês, haveria um contrato voluntário acordado entre
indivíduos iguais em direito e em deveres. Os anarquistas e
os liberais foram os primeiros a extrair das ideias de John
Locke profundas implicações políticas, isso no final do século
XVIII, quando surge um movimento anarquista
estruturado,como uma corrente política autônoma e com
seguidores em todo mundo. Entre os seus teóricos contam-se
pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836),
P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunin (1814-1870), Kropotkin
(1842-1921) ou o português Silva Mendes.
7. Os anarquistas se caracterizaram pela pouca inclinação à
constituição de grandes organizações, formando grupos
dispersos, porém, lutando basicamente em torno de seis ideias:
direitos fundamentais dos indivíduos, cujo conceito se traduz na
ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Todo o
indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que
não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade
que exista ou venha a ser criada.
ação direta, conceito que rejeita o sistema de representação,
ressaltando o valor da ação direta do indivíduo na realidade
social. Alguns anarquistas, no final do século XIX e princípios
do século XX, cometiam assassinatos de figuras políticas
baseados neste conceito, entendendo que tais líderes
simbolizarem tudo aquilo que reprovavam.
8. crítica aos preconceitos ideológicos e morais. Os anarquistas
entendiam que era imprescindível destruir todas as
condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser
livre e de se assumir como tal.
educação libertária. A educação é um processo de
emancipação dos indivíduos, e por esta via podiam lançar as
bases de um nova sociedade.
auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a
maioria dos anarquistas estabelecem organizações próprias,
que devem, contudo, ser resultado de uma ação consciente e
voluntária dos seus membros, mantendo uma total igualdade de
forma a impedir a formação de relações de poder
(dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc).
sociedade global. Um dos grandes ideais anarquistas é a
constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre
circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países.
9. SOCIALISMO UTÓPICO
Socialismo Utópico é a primeira corrente do moderno pensamento
filosófico socialista, surgida no primeiro quartel do século XIX e que
desenvolvia conceitos e ideias definidas como utópicas para os
pensadores socialistas que surgiriam posteriormente. Estes primeiros
pensadores do moderno socialismo não reconheciam autoridade
externa, além de subordinar a religião, a ciência, sociedade e
instituições políticas a uma drástica e permanente crítica. Tudo o que
era produzido pela humanidade deve justificar sua existência, ou
seja, demonstrar sua utilidade ou então ser combatida até que
deixasse de existir. A razão era a medida de todas as coisas. À toda
forma de tradição, sociedade, governo, costume ou similar existente,
toda velha noção tradicional deveria ser considerada irracional e
combatida.
O cenário de nascimento do socialismo utópico, a França do início do
século XIX, abundavam as crises provocadas pelo avanço do sistema
liberal, que produzia miséria em série, proporcionando precárias
condições de vida aos cidadãos que então chegavam recentemente
do meio rural. A jornada de trabalho absurda e o uso de mão de obra
infantil completavam o cenário de horror que a Revolução Industrial
criou inadvertidamente.
11. Nesse ambiente onde as promessas da Revolução Francesa
acabaram de certo modo por não se concretizar, onde a única
liberdade existente era a de mercado, com o capitalista tendo
passe livre para realizar a exploração do trabalhador comum.
De tal decepção e frente à uma realidade desesperadora,
surgem os questionamentos por parte dos intelectuais. De uma
dessas correntes de questionamentos temos a origem do
socialismo utópico. O termo "utopia" é um resgate literário do
título do livro de Thomas Morus, de 1516, e tal expressão passa
assim a designar toda filosofia defensora da igualdade social,
onde era pregado um modelo idealizado, mas a "receita" para
se atingir tal caminho não era discutida.
13. Autores como Marx mais tarde iriam distanciar-se de certo
modo de tais fórmulas, rotulando-a de burguesas, assim como
fariam outros pensadores de esquerda contemporâneos a ele,
pois os pensadores do socialismo utópico tinham como
expectativa a "iluminação" ou súbita consciência dos indivíduos
das classes dominantes de, um determinado dia, esclarecidos
da desigualdade e falibilidade do sistema em voga, fariam
então as reformas que dariam igualdade social a todos os
cidadãos. Marx e os socialistas modernos obviamente não viam
desse modo a composição e funcionamento da sociedade em
geral, e muito menos esperavam pela benesse das classes
dominantes em um dia distribuir igualdades às suas respectivas
populações.