1) O documento discute o fraco desempenho da economia e da indústria brasileira no primeiro trimestre de 2012.
2) A produção industrial recuou 0,5% no período, enquanto a utilização da capacidade industrial está abaixo do usual.
3) A previsão é de que a economia cresça 3% em 2012, mas a indústria terá crescimento menor, de apenas 1,5%.
Apresentação | Propostas da Indústria para as Eleições 2014
Informe conjuntural jan mar 2012
1. INFORME CONJUNTURAL
Informativo da Confederação Nacional da Indústria Ano 28 Número 01 janeiro/março de 2012 www.cni.org.br
A economia
Questões estruturais condicionam o brasileira no primeiro
fraco desempenho da indústria trimestre de 2012
Outro ano de baixo
O ritmo de expansão da economia brasileira se perpetuam – como os encargos sobre energia crescimento da indústria
voltou a cair em 2011, situando-se em apenas elétrica – e da ausência de mudanças estruturais Pág. 2
2,7%. A indústria praticamente ficou estagnada. que ajustem a economia brasileira aos padrões
internacionais de produtividade e eficiência
O menor ritmo de crescimento da economia produtiva – são exemplos a tributação, logística, Mercado de trabalho continua
brasileira reflete as dificuldades do setor custo do capital, custos do trabalho, etc. favorável mesmo com menor
manufatureiro. No período 2004/2008, quando o crescimento do emprego
PIB cresceu a uma taxa média anual de 4,8%, a As medidas adicionais do Plano Brasil Maior Pág. 4
indústria de transformação cresceu a 3,8%. No respondem em parte a esses problemas. São
período pós-crise mundial (2009/2011) a média medidas emergenciais e necessárias para
caiu para 3,3% para o PIB e apenas 0,2% para a enfrentar o ambiente hostil produzido pela crise Queda da inflação contribui
indústria de transformação. mundial, mas precisam estar em sintonia com para menor Selic
uma estratégia de longo prazo. É necessário Pág. 6
O quadro para 2012 pouco muda: nossa previsão simultaneamente construir mecanismos de
de crescimento é de 3% para o PIB, mas o resposta ao desafio da inserção competitiva da Despesas crescem menos
setor manufatureiro crescerá apenas 1,5%. A indústria brasileira no mercado mundial, que que o esperado no primeiro
expansão do consumo das famílias, estimada em exige ações de natureza ampla e estrutural. bimestre
4%, não alcança na mesma intensidade o setor
Pág. 8
industrial. Sem alterações dessa ordem, e na expectativa de
um longo período de baixo crescimento das eco-
O problema da indústria não é de caráter nomias maduras, as dificuldades de competição Preços determinarão
conjuntural. Tem características estruturais que da indústria brasileira permanecerão limitando a saldo comercial no ano
refletem tanto alterações na ordem econômica expansão da indústria e da economia. Pág. 10
mundial, com a transferência do eixo dinâmico
em direção à Ásia, como as dificuldades da
economia brasileira em elevar sua competitivida- PIB e PIB da indústria de transformação
de. Há dimensões macro e microeconômicas em Variação anual (%)
ambos os casos que limitam a competitividade
Indústria de transformação dita o ciclo da economia
dos produtos brasileiros.
10,1
A valorização do real é uma dessas dimensões.
Exacerbada pela crise mundial, a tendência 8,5
de valorização vem desde meados da década, 5,7 6,1
5,2
fundamentada não apenas nas taxas de juros 4,0 7,5
3,2
elevadas, mas também no baixo nível de 2,7
1,9
5,7 5,6 2,7 3,0
4,3 1,3
poupança doméstica e na necessidade de 3,0
2,4 1,3 1,5
atrair capitais para financiar o déficit em conta 1,1 1,0
0,7 0,1
corrente. O crescimento do consumo doméstico -0,3
acima do PIB é a expressão desse quadro.
No aspecto micro, a contínua elevação dos
custos domésticos acima do aumento da
produtividade reduz a competitividade dos -8,7
nossos produtos, especialmente dos que sofrem 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
concorrência com estrangeiros (os tradables). A PIB PIB da indústria de transformação
alta dos custos se deve a ações conjunturais que fonte: IBGE - * Estimativa CNI
2. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
atividade econômica
Outro ano de baixo crescimento da indústria
Economia crescerá apenas 3,0% em 2012
A economia brasileira iniciou o das famílias e do investimento é Industriais/CNI), que vinha mostrando
ano de 2012 sem qualquer sinal direcionada para as importações. expansão ao longo de 2011, mesmo
de recuperação da estagnação do com estagnação da produção,
segundo semestre de 2011. O PIB O papel da indústria no PIB é interrompeu o dinamismo dos últimos
da indústria de transformação variou muito importante para alavancar o meses. Esse indicador caiu 2,5% na
apenas 0,1% no ano passado. Os crescimento econômico. Nos últimos média dos dois primeiros meses de
primeiros números de 2012 apontam oito anos, apenas em 2004 e em 2012 na comparação com o quarto
para a continuação de um crescimento 2010 a indústria liderou o crescimento trimestre do ano passado.
econômico baixo e desbalanceado, da economia. Nos demais anos, o
com avanço do setor serviços e resultado do PIB industrial tem sido Os estoques de produtos industriais
indústria fraca. Mesmo considerando sistematicamente inferior ao do PIB continuaram acima do planejado
que a taxa de expansão do PIB total. Por isso o fraco desempenho da em janeiro e fevereiro (Sondagem
total se intensifique nos próximos economia e da perda de participação Industrial/CNI). O indicador de nível
trimestres, são poucas as chances de da indústria no PIB. de estoques efetivo em relação ao
um resultado acima de 3,0% em 2012 planejado ficou acima de 50 pontos
(projeção da CNI). Atividade industrial ficará (o que indica estoques indesejados)
perto da estabilidade no em 19 dos 28 setores da indústria
O avanço da demanda interna mantém de transformação em fevereiro de
primeiro trimestre do ano
o setor serviços em crescimento, mas 2012. A indústria está em processo
não garante o bom desempenho do O faturamento dessazonalizado da de ajustamento de estoques desde o
setor industrial. Parte do consumo indústria de transformação (Indicadores início do ano passado.
Produção industrial A combinação de estoques
indesejados e de faturamento em
Índice 2002 = 100 - dessazonalizado
baixa resulta na estagnação da
Dificuldade de competitividade: produção está no mesmo produção. A utilização da capacidade
nível de dois anos atrás da indústria está abaixo do usual. O
indicador de UCI efetiva em relação
132
ao usual (Sondagem Industrial/CNI)
131 tem ficado abaixo de 50 pontos –
que significa ociosidade do parque
130
industrial – desde dezembro de 2010.
129
A produção industrial dessazonalizada
128 (PIM-PF/IBGE) na média de janeiro
e fevereiro de 2012 recuou 0,5% na
127
comparação com o último trimestre
126 de 2011. Esse resultado praticamente
Dificuldade de reação: produção está no mesmo nível de dois anos atrás sinaliza novo trimestre de desempenho
125 negativo para o setor. A indústria
124 terá que aumentar sua produção em
fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 1,0% em março frente a fevereiro
para registrar estabilidade no primeiro
Fonte: IBGE
2
3. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
trimestre do ano, ou seja, crescimento Consumo das famílias crescimento do crédito, o aumento
nulo frente ao trimestre anterior. continua sendo o do salário mínimo real em um cenário
propulsor do PIB de menores taxas de juros em 2012
O baixo crescimento desestimula a
– como as divulgadas em abril pelos
recuperação dos investimentos. A Do lado da demanda, os investimentos bancos com grande participação
produção de bens de capital (PIM-PF/ deverão se recuperar com mais fôlego
do governo – trará um impulso a
IBGE) – setor que produz bens para no segundo semestre. Grande parte
mais ao consumo. O problema,
fins de investimentos – recuou 11,1% desse aumento estará ancorado nos
novamente, se refere ao destino de
no primeiro bimestre de 2012, na investimentos em infraestrutura na
parte desse consumo e da compra de
comparação com o último trimestre de queda da taxa de juros Selic e pelas
2011 – dados dessazonalizados. máquinas e equipamentos para fins
novas medidas do Plano Brasil Maior.
de investimento, que acabam sendo
As crescentes dificuldades para o se- O consumo das famílias continua direcionados para as importações.
tor industrial deterioram a percepção sendo o maior responsável pelo
do empresário quanto ao cenário atual crescimento do PIB e a CNI estima O aumento das importações (no
da economia brasileira. O indicador uma expansão de 4,0% desse conceito das Contas Nacionais
de confiança do empresário industrial componente em 2012. O crescimento do IBGE) será o triplo (7,6%) do
(ICEI/CNI), que mede essa percepção, do consumo das famílias está que o das exportações (2,5%).
ficou abaixo de 50 pontos em março ancorado no aumento do emprego O crescimento mais intenso das
em 23 dos 28 setores da indústria formal, expansão do crédito e das importações ocorre de forma contínua
de transformação considerados pela medidas do governo de redução de nos últimos cinco anos. Com a
pesquisa da CNI – valores abaixo de IPI em alguns setores – o que causa estimativa da CNI para o resultado
50 pontos indicam percepção negativa adiantamento de consumo. das importações e exportações de
quanto ao cenário atual da economia 2012, o setor externo contribuirá
brasileira. Cabe ressaltar que mesmo com negativamente com 0,7 ponto
ligeira desaceleração da taxa de percentual no crescimento do PIB.
Nesse sentido, a CNI acredita que o
PIB industrial cresça à taxa de 2,0%
em 2012. A indústria de transformação
Estimativa da CNI para o PIB
registrará o menor crescimento
Variação percentual e contribuição dos componentes no PIB
(1,5%) dentre os demais segmentos
industriais. Um resultado que 2012
representa a metade do crescimento Componentes do PIB Taxa de Contribuição
da economia brasileira. crescimento (%) (p,p,)
Ótica da Consumo das famílias 4,0 2,4
A Sondagem Indústria da Construção demanda Consumo do governo 2,5 0,5
(CNI), que registrou atividade abaixo FBKF 5,6 1,1
do usual do segmento em todo Exportações 2,5 0,3
o segundo semestre de 2011, se (-) importações 7,6 -1,0
aproximou do praticado normalmente
neste início de 2012. Ótica da Agropecuária 3,0 0,2
oferta Indústria 2,0 0,6
As obras de infraestrutura, como para
a Copa do mundo, irão trazer maior Indústria extrativa 2,2 0,1
dinamismo ao setor de construção Indústria de transformação 1,5 0,2
nos próximos trimestres, o que Construção civil 3,3 0,2
deixa otimista as expectativas dos SIUP 2,4 0,1
empresários. Serviços 3,4 2,3
PIB pm 3,0
3
4. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
emprego e renda
Mercado de trabalho continua favorável mesmo com
menor crescimento do emprego
Ritmo de crescimento do emprego também afeta a modalidade formal
O crescimento quase nulo do PIB ao a crescer em ritmo um pouco maior Esse desempenho é bastante inferior
longo de todo o segundo semestre (2,0% e 1,9% frente aos mesmos meses ao dos serviços (+4,6%), comércio
de 2011 trouxe impactos no ritmo de do ano anterior), porém mantendo (+2,1%) e administração pública
crescimento de postos de trabalho. O desempenho abaixo da média. (+3,7%). O mercado de trabalho da
emprego metropolitano (PME/IBGE) indústria continua sendo o mais afetado
cresceu em ritmo cada vez menor no Indústria foi o setor que da economia.
ano passado. Em dezembro a criação mais perdeu empregos
de vagas desacelerou para 1,3% na O emprego formal, medido pelo
nos últimos 12 meses Cadastro Geral de Empregados e
comparação com o mesmo mês do
ano anterior, o que representa metade As indústrias extrativa, de Desempregados (CAGED/MTE), segue
da variação média anual de 2,7% dos transformação e de produção e tendência semelhante de menor
últimos oito anos. distribuição de eletricidade, gás e crescimento. Nos últimos 12 meses até
água, reduziram em 55 mil postos de fevereiro, o fluxo líquido de novas vagas
Nos dois primeiros meses de 2012, trabalho metropolitanos nos últimos formais foi de 1,4 milhão, o menor ritmo
mesmo com a continuidade da fraca 12 meses findos em fevereiro, o de criação de empregos desde janeiro
atividade econômica, o emprego voltou que representa uma queda de 1,5%. de 2010.
Mesmo considerando que o PIB cresça
em aceleração nos próximos trimestres,
Emprego e população economicamente ativa (PEA) o mercado de trabalho não irá absorver
Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%) mão de obra com a mesma velocidade
Emprego cresce continuamente mais do que a força do que nos dois últimos anos. Ou seja,
de trabalho são quase nulas as chances de um
eventual superaquecimento do mercado
5 de trabalho em 2012.
4
Formalização da mão de
3
obra ainda em curso
2 Apesar de o emprego formal estar
1 perdendo ritmo de crescimento,
o emprego informal continua
0 caindo nas seis maiores regiões
metropolitanas brasileiras (PME/
-1
IBGE). Comparativamente ao mesmo
-2 mês do ano anterior, o emprego com
carteira do setor privado expandiu
-3
5,4% em fevereiro. Já o emprego
fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12
sem carteira recuou 7,7% na
mesma base de comparação. Essa
Emprego PEA
modalidade de emprego diminui na
Fonte: IBGE
4
5. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
comparação anual há 18 meses Rendimento médio real
seguidos. A ocupação por conta
Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%)
própria também recuou em fevereiro
(-0,3%) frente a fevereiro de 2011. Rendimentos voltar a crescer em aceleração nos dois
primeiros meses de 2012
Com isso, a participação do emprego
formal (empregos com carteira, 7
militares e de regime jurídico único) no
6
total da ocupação continuou crescendo
e atingiu 61,8% em fevereiro – essa é a 5
maior participação do emprego formal
4
desde o início da série histórica da
PME, em março de 2002. 3
Taxa de desemprego 2
média anual continua 1
em queda
0
Em condições normais, ou seja,
sem choques na economia, a força -1
de trabalho (PEA) tende a seguir o fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12
crescimento populacional (PIA), que na
Fonte: IBGE
PME/IBGE é composto pelas pessoas
com 10 anos ou mais de idade.
Atualmente, ambos indicadores estão
crescendo em desaceleração. ponto percentual na comparação com expansão da renda real foi influenciado
janeiro é sazonal. Entretanto, a taxa de também pelo aumento do salário mínimo,
No caso da PIA, a taxa de natalidade
desemprego de fevereiro de 2012 foi que é também usado como base de
está caindo desde a década de 70.
a menor quando comparada com os comparação nas negociações salariais de
No caso da PEA, a própria menor
mesmos meses de anos anteriores. ocupações informais e nos serviços.
expansão da população, o aumento
dos rendimentos reais, a alta cobertura A CNI trabalha com um cenário de Mesmo passada a influência do
de programas assistencialistas do queda da taxa de desemprego a partir aumento do salário mínimo, o avanço
governo e o aumento do emprego do segundo trimestre, de forma que a do emprego formal em velocidade
formal são fatores que podem estar média anual desse indicador fique ainda acima do total da criação de empregos
influenciando no menor crescimento da menor do que a registrada em 2011, continuará a pressionar os salários
procura por trabalho. atingindo 5,5% em 2012. para cima, uma vez que esse tipo de
Em fevereiro, a PEA aumentou 1,3% ocupação paga mais do que a média.
na comparação com o mesmo mês Rendimentos reais do Assim, espera-se que o ritmo de
do ano anterior (abaixo do avanço de trabalhador crescem mais crescimento da renda fique em torno
1,9% do emprego). A variação da PEA do que o PIB de 4,0% ao ano, em média.
continua sistematicamente abaixo da
Os rendimentos médios reais A expansão dos rendimentos e da
expansão do emprego, o que resulta,
habitualmente recebidos (PME/IBGE) formalização do mercado de trabalho
diretamente, na queda da taxa de
cresceram em aceleração nos dois aumentam a segurança financeira de
desemprego pela própria construção
primeiros meses de 2012. A variação um número maior de trabalhadores, o
do indicador.
frente ao mesmo mês do ano anterior que traz garantias de continuação do
A taxa de desemprego atingiu 5,7% da passou de 2,7% em janeiro para 4,4% crescimento do consumo das famílias
PEA em fevereiro. O aumento de 0,2 em fevereiro. O aumento do ritmo de ao longo de 2012.
5
6. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
inflação, juros e crédito
Queda da inflação contribui para menor Selic
Todos os componentes do IPCA desaceleram em 2012
O cenário inflacionário mudou no início de 2011. Contudo, os aumentos nos preços meta desde março de 2010. Em março,
2012. O processo de desaceleração, ob- do grupo em novembro e dezembro de esse acumulado alcançou 8,2%, uma
servado desde outubro do ano passado, 2011 foram substancialmente inferiores queda tímida frente ao nível de 9% do
se intensificou no início do ano. O IPCA ao ano anterior, reduzindo a taxa acumu- fim de 2011. A inércia da inflação dos
acumulado em 12 meses, que chegou a lada. Esse processo se manteve nos pri- serviços sustenta o IPCA ainda em alto
7,31% em setembro de 2011, encontra- meiros meses de 2012, alcançando 6,3% patamar. Essa inércia está vinculada,
-se em 5,24% em março. em março. A queda nos preços interna- sobretudo, à alta indexação dos preços
cionais das commodities e a desacelera- do grupo, principalmente ligados ao
A desaceleração dos preços se deu em ção da economia em 2011 contribuem salário mínimo. A tendência para 2012
todos os quatro grandes grupos do IPCA: para esse cenário do grupo alimentos. é de desaceleração, mas dificilmente os
alimentos, serviços, administrados e Para o restante do ano, contudo, espera- preços do grupo irão se situar abaixo do
industriais. A nova ponderação do IPCA, -se uma leve aceleração, com aumentos teto da meta de inflação.
que dá mais peso para os produtos nos preços superiores ao ano passado.
industriais, também explica parte desse Os preços administrados começam a
processo de desaceleração. A inflação dos serviços também desa- mostrar cenário mais positivo que em
celerou, mas esse é o grupo que mostra 2011. No ano passado, observou-se
Os alimentos passaram a ser o grupo de maior resistência. Seu peso no IPCA é aceleração do grupo, passando de uma
menor peso no IPCA. O acumulado em 12 de cerca de 23%, e o acumulado em média de 4% em 2010 para 5,3%. Em
meses chegou a ultrapassar os 10% em 12 meses se mantém acima do teto da março, o acumulado já caiu para 4,6%, e
essa tendência deve se manter ao longo
de 2012. A alta em 2011 foi motivada
IPCA por grupos pelos componentes com cláusulas de
Acumulado em 12 meses (%) reajustes em índices de preços, como o
Desaceleração dos preços dos serviços é a menor entre IGP-M. Como o próprio IGP-M desacele-
rou no ano passado (de 11,3% em 2010
os grupos
para 5% em 2011), a expectativa é de
16 reajustes mais contidos em 2012.
14 Os preços dos produtos industriais
12
ganharam participação na ponderação
do IPCA a partir de 2012, passando de
10 22,5% para 27%. Como esse vem sendo
o grupo com inflação mais reduzida, seus
8
preços contribuem para um IPCA mais
6 baixo. Os preços do grupo, que já vinham
em trajetória de desaceleração desde
4 setembro (quando atingiu 4,5% em 12
2 meses), intensificaram esse processo no
início de 2012. Os três primeiros meses
0 do ano mostraram deflação do grupo, al-
mar/08 set/08 mar/09 set/09 mar/10 set/10 mar/11 set/11 mar/12 cançando taxa acumulada em 12 meses
Administrados Industriais Alimentação de apenas 2,2% em março.
Serviços IPCA
Essa queda nos preços ao consumidor
Fonte: IBGE - Elaboração: CNI
acompanha o já observado pelos preços
6
7. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
ao produtor. O Índice de Preços ao Pro- Atraso maior do que 90 dias – pessoas físicas
dutor (IPP), calculado pelo IBGE, também Percentual do total (%)
se encontra em desaceleração. O índice Inadimplência aumenta entre pessoas físicas
apresenta taxa acumulada em 12 meses
de 0,77% em fevereiro, mostrando desa- 9,0
celeração desde março de 2011, quando
8,5
alcançou 6,82% de acumulado em 12
meses. Dos 19 setores industriais, sete 8,0
apresentam variação acumulada negativa
em 12 meses. 7,5
Dessa forma, a inflação em 2012 será 7,0
menor do que em 2011. Esse cená-
rio abriu espaço para as reduções na 6,5
Selic praticadas nas últimas reuniões do
Copom, o que deve evitar queda mais 6,0
expressiva no acumulado do IPCA. Assim,
a CNI prevê inflação em 2012 de 5,0%, 5,5
fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12
dentro da meta, mas ainda acima do
centro de 4,5%. Fonte: Banco Central do Brasil - Elaboração: CNI
Selic a um dígito até o fim patamar dos 9% não representa apenas O crédito à pessoa jurídica também mos-
do ano a “taxa neutra” esperada pelo Copom, tra desaceleração, mas esse processo
O Copom manteve no início do ano sua que balanceie o atendimento da meta se iniciou nos últimos meses de 2011:
política de redução na taxa básica de juros de inflação e o estímulo à economia. É acumulado anual de 6,6% em fevereiro,
– Selic. Em 2012 já foram dois cortes, também o piso institucional da Selic, uma contra 9,1% em agosto de 2011.
que recolocaram a Selic em um dígito, vez que taxas inferiores tendem a tornar
os títulos públicos menos atrativos que Um dos motivos dessa desaceleração é o
alcançando 9,75% a.a.. O processo de
os depósitos na poupança, dificultando a aumento nos índices de inadimplência. O
continuidade da queda na taxa (que se
capacidade do Governo de se financiar. indicador de atraso maior do que 90 dias
iniciou em agosto de 2011) se baseou em
das pessoas físicas, que era de 5,7% em
três pontos: a piora no quadro internacional
Assim, com Selic a 9% até o fim do ano dezembro de 2010, alcançou 7,6% em
desde meados de 2011, a menor expansão
e inflação esperada de 5%, a taxa real de fevereiro de 2012. O atraso maior do que
da economia brasileira (principalmente na
juros média do ano cairá dos 4,8% a.a. de 90 dias das pessoas jurídicas mantém-se
indústria) e a desaceleração da inflação.
2011 para 4,0% a.a.. elevado, e começou a aumentar durante
Os novos efeitos da crise são percebidos o ano de 2011 e início de 2012, alcançan-
na economia. A indústria mostra dificulda- Concessão de crédito do 4,1% em fevereiro.
des para crescer e a inflação será menor desacelera com aumento na Aliado ao aumento da inadimplência, o
que em 2011. Contudo, o centro da inadimplência desaquecimento da economia também
meta de 4,5% não deverá ser alcançado,
A concessão de crédito livre de dire- contribui para a menor concessão. Do
exigindo esforços do ponto de vista fiscal
cionamento, tanto para pessoas físicas ponto de vista das pessoas físicas, o
para evitar prejuízos futuros em termos
como jurídicas, mostra desaceleração nos aumento no comprometimento de renda
da trajetória de inflação.
últimos meses. A desaceleração é mais (que passou de 19,9% em fevereiro de
Para os próximos meses, A CNI espera forte na concessão às pessoas físicas, 2011 para 22,2% em fevereiro de 2012) e
mais um corte na Selic, alcançando os e ocorreu desde 2011. Em fevereiro de a desaceleração do consumo das famílias
9% a.a., e se mantendo assim até o 2011 a concessão à pessoa física acumu- moderaram a demanda por crédito. Quanto
fim do ano, como sinalizado pela Ata lava alta anual de 22%; em fevereiro de às pessoas jurídicas, o fraco desempenho
do Copom. É importante atentar que o 2012 essa taxa caiu a 10,4%. da indústria contribui para esse cenário.
7
8. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
política fiscal
Despesas crescem menos que o esperado no primeiro bimestre
Crescimento deve acelerar até o fim do ano
A expectativa de uma política fiscal SIAFI) e a redução de 1,5% nas despesas foi impulsionado pelo incremento de
fortemente expansionista, como resposta com pessoal. Por outro lado, as despesas 33,7% nas receitas não administradas
ao baixo crescimento econômico, ainda impactadas pelo aumento do salário pela Receita Federal, determinado por
não se confirmou nos primeiros meses mínimo mostraram forte crescimento: dividendos e compensações financeiras.
de 2012. No Governo Federal o ritmo de previdência (6,5%) e benefícios As receitas administradas cresceram
expansão dos gastos praticamente não assistenciais (11,2%). As despesas 5,1%. Nos estados e municípios, o ritmo
se alterou em relação ao do final de 2011. dos estados e municípios diminuíram de crescimento das receitas até fevereiro
Já nos governos regionais o crescimento seu ritmo de expansão para 2,4% no foi de 2,7%, na comparação com o
das despesas foi significativamente primeiro bimestre de 2012, contra 5,8% mesmo período de 2011.
menor. No entanto, em ambos os acumulados até dezembro de 2011
casos as despesas devem apresentar Dados esses comportamentos de receita
aceleração nos próximos meses. e de despesa, o resultado primário do
Crescimento das governo federal, que estava em 2,25%
Entre os meses de janeiro e fevereiro, o receitas é impulsionado do PIB no acumulado em 12 meses
gasto público federal teve aumento real por dividendos e até dezembro de 2011, passou para
de 3,2% na comparação com o mesmo compensações financeiras 2,45% até fevereiro de 2012. No caso
período de 2011. Merecem destaque Até fevereiro, a receita líquida do governo dos estados e municípios, o resultado
no primeiro bimestre a forte queda de federal teve aumento real de 9,1% na primário manteve-se estável em 0,85%
27,3% nos investimentos (dados do comparação com 2011. Esse resultado do PIB. Dessa forma, o superávit primário
do setor público consolidado subiu de
3,1%, em dezembro de 2011, para 3,3%
Crescimento real das despesas do Governo Federal e do PIB do PIB no acumulado dos últimos 12
Taxa de crescimento real (%) meses encerrados em fevereiro de 2012.
Despesas do Governo Federal deverá crescer mais que o PIB
O aumento do superávit primário, e uma
em 2012 ligeira queda nas despesas com juros,
12 proporcionaram uma queda do déficit
nominal de 2,6%, em dezembro de
10 2011, para 2,3% do PIB, em fevereiro de
2012. Apesar disso, houve aumento da
8 relação Dívida Líquida/PIB, que passou
de 36,4%, em dezembro de 2011, para
6
37,5% do PIB, em fevereiro de 2012.
Esse crescimento foi determinado pela
4
desvalorização cambial verificada nos
2 dois primeiros meses do ano.
0 Governo Federal deve
elevar ritmo de crescimento
-2
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* das despesas
Despesas primárias do Governo Federal PIB
Nos próximos meses a tendência é que
Fonte: Tesouro Nacional, IBGE e Banco Central do Brasil - * Estimativa CNI o ritmo de crescimento das despesas
8
9. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
do Governo Federal se acentue e a Evolução da Dívida Líquida do Setor Público
política fiscal tenha maior contribuição Em relação ao PIB (%)
no crescimento da demanda. Esse
Após dois anos de queda forte, endividamento público com relação
aumento de gastos deve se concentrar
nos investimentos, que observaram
ao PIB deve cair apenas 0,4 ponto percentual em 2012
uma queda expressiva no primeiro 50
bimestre e para os quais se espera um
crescimento próximo a 10,0% em 2012.
Dessa forma, projetamos crescimento
real de 4,9% para os gastos federais em
2012, na comparação com o mesmo
período de 2011. 40
No que se refere à receita líquida do
Governo Federal, a expectativa é de
queda acentuada no ritmo de expansão
até o final de 2012. Dois fatores devem
contribuir decisivamente para esse
comportamento. O primeiro são as 30
desonerações tributárias anunciadas 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
pelo Governo Federal no âmbito das Fonte: Banco Central do Brasil - * Estimativa CNI
novas medidas do Plano Brasil Maior,
que devem atingir cerca de R$ 5,0
bilhões até o fim do ano. O segundo Nos governos regionais, tanto despesas primário e a expectativa é que o déficit
fator é a não reedição do volume de como receitas devem ampliar o ritmo de público nominal – resultado total do
receitas extraordinárias obtido em crescimento até o fim do ano. Assim, setor público – se reduza de 2,6%, em
2011. Estimamos em cerca de R$ 16,0 não esperamos grande alteração no 2011, para 2,45% do PIB, em 2012.
bilhões o montante de recursos que não resultado primário observado nos últimos
12 meses e projetamos superávit A relação Dívida Líquida/PIB deverá
deve se repetir em 2012. Com isso, o
primário de R$ 38,0 bilhões (0,85% do manter a tendência de queda
crescimento real da receita líquida deve observada desde 2010. Entretanto,
ser de apenas 2,9%. Na ausência desses PIB) para esses entes governamentais.
Assim, o superávit primário projetado apesar da redução do déficit nominal,
dois fatores, a receita líquida cresceria o endividamento público em relação
5,5% em termos reais. para o setor público consolidado em
2012 é de R$ 123,0 bilhões (2,75% do ao PIB deve cair menos que nos
Nesse cenário, o superávit primário PIB), abaixo da meta cheia de R$ 139,8 anos anteriores devido ao menor
estimado para o Governo Federal e bilhões (3,1% do PIB). crescimento do PIB nominal e ao ajuste
suas estatais em 2012 é de R$ 85,0 cambial. No caso do crescimento do
O resultado esperado para o superávit PIB nominal, a redução do deflator
bilhões (1,9% do PIB estimado pela CNI).
primário em 2012 representa uma implícito, determinada pela menor
Para atingir a meta cheia do resultado
queda em relação ao observado em taxa de inflação em 2012, não será
primário – sem descontos das despesas
2011 (3,1% do PIB). Entretanto, as compensada pelo maior crescimento
do PAC – o Governo Federal deveria
despesas com juros devem ter uma real. Já o ajuste cambial, que em 2011
promover contingenciamento adicional
redução substancial em relação ao teve impacto negativo na relação Dívida
de R$ 12,0 bilhões. Porém, dados o
observado em 2011 devido à diminuição Líquida/PIB, em 2012 deve pressionar
contingenciamento inicial de R$ 35,0
da taxa Selic. Estimamos que o para cima a relação devido à taxa de
bilhões e a intenção de utilizar a política
pagamento de juros caia de 5,7% do câmbio média mais alta que a de 2011.
fiscal para aumentar o crescimento PIB, em 2011, para 5,2%, em 2012. Dessa forma, a relação Dívida Líquida/
econômico, dificilmente nova contenção A menor despesa com juros mais que PIB deve cair de 36,4%, no fim de 2011,
de despesas será anunciada. compensará a queda do superávit para 36,0%, em dezembro de 2012.
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10. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
setor externo e câmbio
Preços determinarão saldo comercial no ano
Câmbio inicia ano com desvalorização
O real inicia o ano de 2012 com des- Do lado externo, as perspectivas para longos períodos fora da faixa entre R$ 1,85/
valorização. Frente ao dólar, a taxa de os EUA sugerem, a princípio, que o US$ e R$ 1,75/US$ ao longo do ano. A
câmbio média do primeiro trimestre do longo período de enfraquecimento do média anual deverá ser próxima a R$ 1,80/
ano encontra-se 6,0% acima da média dólar – um dos fatores que estimulam US$. Esse é um patamar semelhante ao
registrada em 2011. Excetuando-se 2009, a valorização da moeda brasileira – observado no fim de 2008.
desde 2004 o ano se iniciou com valori- poderia estar chegando ao fim. Há uma
zação do real frente ao dólar. A taxa de sinalização de que não serão necessários Desempenho das
câmbio real, deflacionada pelo IPA, mostra novos afrouxamentos monetários e a exportações dependerá da
desvalorização de 6,2%, comparando os atividade econômica do país mostra evolução dos preços
primeiros bimestres de 2011 e 2010. melhora. Não há, contudo, perspectivas
As exportações alcançaram US$ 55,0
de que haverá uma reversão rápida ou
O principal fator para essa evolução é de bilhões no acumulado até março de 2012,
intensa para o fortalecimento da moeda
origem doméstica, com a queda dos juros um crescimento de 7,5% na comparação
americana: os juros no país continuarão
e as elevações da tributação sobre entrada com o primeiro trimestre de 2011. Ao
muito baixos e o déficit em conta
de capitais no Brasil. A continuidade da analisar os produtos exportados por fator
corrente do país continua elevado.
queda e as indicações governamentais agregado, nota-se que os semimanufa-
de que há disposição para adotar novas Dessa forma, salvo mudanças bruscas turados registraram a menor expansão
medidas de controle caso se mostrem no cenário mundial, esperamos a relativa nessa comparação (4,0%), enquanto
necessárias, devem sustentar o câmbio estabilidade do dólar no patamar atual. A básicos e manufaturados registraram
em um patamar desvalorizado. taxa de câmbio não deverá se situar por variação um pouco maior (7,6% e 7,7%,
respectivamente).
Evolução da taxa de câmbio real / dólar O volume exportado total cresceu no
primeiro trimestre 5,5% na comparação
Cotações de fechamento PTAX (R$/US$)
com igual período de 2011. O crescimento
Real interrompe trajetória de valorização é mais forte entre os básicos (9,9%), ante
uma expansão de somente 2,3% dos
2,40 produtos semimanufaturados e 1,9% dos
2,30 manufaturados.
2,20 Quanto aos preços, a tendência recente é
2,10 de redução. O índice de preço da Funcex
atingiu seu pico histórico em agosto de
2,00
2011, mas apresenta queda de 7,5% nessa
1,90 comparação. O recuo é intenso especial-
1,80 mente nos produtos básicos – influencia-
dos principalmente pelo minério de ferro.
1,70
Os básicos registram queda de 12,6% nos
1,60 preços desde o pico em agosto de 2011.
1,50
O desempenho das exportações em
mar/08 jul/08 nov/08 mar/09 jul/09 nov/09 mar/10 jul/10 nov/10 mar/11
2012 será determinado, principalmente,
Fonte: BACEN
10
11. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
pela trajetória dos preços, uma vez que
Índice de quantum das importações
o crescimento do volume exportado
Variação da média em 12 meses ante os 12 meses anteriores
não será muito diferente do observado
em 2011. O cenário dos preços das Ritmo de expansão do volume importado está
commodities apresenta grande incerteza, desacelerando
caracterizado por fortes variações
principalmente entre as agrícolas. 40,0
36,7
Supondo crescimento moderado dos 35,0
preços em 2012, as exportações devem
fechar o ano em torno de US$ 275 30,0
bilhões – crescimento de 7,4% em 25,0
relação a 2011.
20,0
Importações crescem mais 15,0
que exportações
10,0
As importações totalizaram US$ 52,6 6,7
bilhões em 2012 até março, valor 9,5% 5,0
superior ao registrado em 2011, com
0
destaque para o crescimento de bens de jan/11 mar/11 mai/11 jul/11 set/11 nov/11 jan/12 mar/12
consumo não-duráveis (22,1%) e combus-
Fonte: Funcex
tíveis (16,8%).
Os preços de importação em geral estão
6,3% maiores em relação ao início de O ritmo de crescimento das importações Déficit em transações
2011. Combustíveis e bens de consumo em 2012 deverá ser menor que em 2011, correntes em trajetória de
duráveis lideram o crescimento: mas continuará superior à expansão crescimento moderado
expansões de 17,2% e 10,8%, das vendas externas. A taxa de câmbio
Em 12 meses findos em fevereiro de 2012,
respectivamente. e as condições da demanda brasileira
o déficit em transações correntes alcançou
continuarão a estimular a importação
US$ 52,4 bilhões, o equivalente a 2,09%
O ritmo de expansão do volume importado de bens de consumo. As compras de
do PIB. O déficit acumulado no ano é US$
está desacelerando. O volume das com- insumos deverão refletir a atividade 8,8 bilhões, 2,4% menor que em 2011.
pras externas cresceu 3,0% na compa- industrial mais fraca, mas mostrarão
ração com o primeiro trimestre de 2011, algum crescimento. Os preços de Os saldos de lucros e dividendos, viagens
enquanto em 12 meses o crescimento importação dos produtos industriais e transportes deverão manter-se relati-
alcança 12,9%. Ressalte-se a perda de deverão manter-se moderados, devido vamente constantes, reagindo ao câmbio
ritmo nas compras de bens de consumo, ao baixo crescimento da demanda nos mais desvalorizado que em 2011 e à
que mostram estabilidade nos últimos países desenvolvidos. Por outro lado, demanda doméstica mais fraca. Assim,
meses, após registrarem expressivas altas os preços de combustíveis deverão o déficit em transações correntes deverá
ao longo de 2011. manter-se mais altos, especialmente aumentar moderadamente ao longo do
na comparação com a média de 2011. ano, por conta do menor saldo comercial.
As compras de intermediários refletem o Espera-se déficit em transações correntes
Assim, as importações deverão totalizar
mau momento da indústria e mantêm-se de US$ 58 bilhões, cerca de 2,32% do
US$ 255 bilhões – crescimento de 12%
estáveis. Contudo, a participação de im- PIB – alta de 0,2 pontos percentuais em
em relação a 2011.
portados nos insumos industriais cresceu relação a 2011. Já com relação ao inves-
em 2011, alcançando 21,7%, ante 19,1% Com isso, o saldo comercial será menor timento estrangeiro direto, a tendência é
no ano anterior, segundo levantamento da que em 2011: US$ 20,8 bilhões, contra de que esse permaneça contribuindo para
CNI em parceria com a Funcex. US$ 29,8 bilhões no ano passado. financiar o déficit em transações correntes.
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12. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012
perspectivas da economia brasileira
2012 2012
2010 2011 projeção anterior projeção
dezembro/12
Atividade econômica
PIB
7,5% 2,7% 3,0% 3,0%
(variação anual)
PIB industrial
10,4% 1,6% 2,3% 2,0%
(variação anual)
Consumo das famílias
6,9% 4,1% 4,0% 4,0%
(variação anual)
Formação bruta de capital fixo
21,3% 4,7% 5,0% 5,6%
(variação anual)
Taxa de Desemprego 6,7% 5,9% 5,8% 5,5%
(média anual - % da PEA)
Inflação
Inflação
5,9% 6,5% 5,2% 5,0%
(IPCA - variação anual)
Taxa de juros
Taxa nominal de juros
(taxa média do ano) 9,90% 11,76% 10,12% 9,39%
(fim do ano) 10,75% 11,00% 10,00% 9,00%
Taxa real de juros 4,6% 4,8% 4,4% 4,0%
(taxa média anual e defl: IPCA)
Contas públicas
Déficit público nominal
2,55% 2,61% 2,60% 2,45%
(% do PIB)
Superávit público primário
2,77% 3,10% 3,00% 2,75%
(% do PIB)
Dívida pública líquida 40,2% 36,4% 38,6% 36,0%
(% do PIB)
Taxa de câmbio
Taxa nominal de câmbio - R$/US$
(média de dezembro) 1,69 1,83 1,80 1,80
(média do ano) 1,76 1,67 1,80 1,80
Setor externo
Exportações
201,9 256,0 275,4 275,4
(US$ bilhões)
Importações
181,6 226,2 254,6 254,6
(US$ bilhões)
Saldo comercial
20,3 29,8 20,8 20,8
(US$ bilhões)
Saldo em conta corrente -47,5 -52,9 -56,0 -58,0
(US$ bilhões)
INFORME CONJUNTURAL | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Política Econômica | Gerente executivo:
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Documento elaborado em 11 de abril de 2012.
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