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INFORME CONJUNTURAL
Informativo da Confederação Nacional da Indústria                                        Ano 28 Número 01 janeiro/março de 2012 www.cni.org.br




                                                                                                                                 A economia
Questões estruturais condicionam o                                                                                     brasileira no primeiro
fraco desempenho da indústria                                                                                             trimestre de 2012
                                                                                                                                      Outro ano de baixo
O ritmo de expansão da economia brasileira          se perpetuam – como os encargos sobre energia                               crescimento da indústria
voltou a cair em 2011, situando-se em apenas        elétrica – e da ausência de mudanças estruturais                                                 Pág. 2
2,7%. A indústria praticamente ficou estagnada.     que ajustem a economia brasileira aos padrões
                                                    internacionais de produtividade e eficiência
O menor ritmo de crescimento da economia            produtiva – são exemplos a tributação, logística,                    Mercado de trabalho continua
brasileira reflete as dificuldades do setor         custo do capital, custos do trabalho, etc.                           favorável mesmo com menor
manufatureiro. No período 2004/2008, quando o                                                                                crescimento do emprego
PIB cresceu a uma taxa média anual de 4,8%, a       As medidas adicionais do Plano Brasil Maior                                                      Pág. 4
indústria de transformação cresceu a 3,8%. No       respondem em parte a esses problemas. São
período pós-crise mundial (2009/2011) a média       medidas emergenciais e necessárias para
caiu para 3,3% para o PIB e apenas 0,2% para a      enfrentar o ambiente hostil produzido pela crise                          Queda da inflação contribui
indústria de transformação.                         mundial, mas precisam estar em sintonia com                                        para menor Selic
                                                    uma estratégia de longo prazo. É necessário                                                      Pág. 6
O quadro para 2012 pouco muda: nossa previsão       simultaneamente construir mecanismos de
de crescimento é de 3% para o PIB, mas o            resposta ao desafio da inserção competitiva da                             Despesas crescem menos
setor manufatureiro crescerá apenas 1,5%. A         indústria brasileira no mercado mundial, que                              que o esperado no primeiro
expansão do consumo das famílias, estimada em       exige ações de natureza ampla e estrutural.                                                bimestre
4%, não alcança na mesma intensidade o setor
                                                                                                                                                     Pág. 8
industrial.                                         Sem alterações dessa ordem, e na expectativa de
                                                    um longo período de baixo crescimento das eco-
O problema da indústria não é de caráter            nomias maduras, as dificuldades de competição                                   Preços determinarão
conjuntural. Tem características estruturais que    da indústria brasileira permanecerão limitando a                              saldo comercial no ano
refletem tanto alterações na ordem econômica        expansão da indústria e da economia.                                                             Pág. 10
mundial, com a transferência do eixo dinâmico
em direção à Ásia, como as dificuldades da
economia brasileira em elevar sua competitivida-    PIB e PIB da indústria de transformação
de. Há dimensões macro e microeconômicas em         Variação anual (%)
ambos os casos que limitam a competitividade
                                                    Indústria de transformação dita o ciclo da economia
dos produtos brasileiros.
                                                                                                                                        10,1
A valorização do real é uma dessas dimensões.
Exacerbada pela crise mundial, a tendência                                             8,5
de valorização vem desde meados da década,             5,7                                                       6,1
                                                                                                                        5,2
fundamentada não apenas nas taxas de juros                                                               4,0                            7,5
                                                                                                   3,2
elevadas, mas também no baixo nível de                                   2,7
                                                                                1,9
                                                                                       5,7                      5,6                            2,7     3,0
                                                       4,3      1,3
poupança doméstica e na necessidade de                                                                                 3,0
                                                                         2,4                       1,3                                                 1,5
atrair capitais para financiar o déficit em conta                                1,1                     1,0
                                                                0,7                                                                            0,1
corrente. O crescimento do consumo doméstico                                                                                    -0,3
acima do PIB é a expressão desse quadro.

No aspecto micro, a contínua elevação dos
custos domésticos acima do aumento da
produtividade reduz a competitividade dos                                                          -8,7
nossos produtos, especialmente dos que sofrem        2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
concorrência com estrangeiros (os tradables). A                                              PIB          PIB da indústria de transformação
alta dos custos se deve a ações conjunturais que    fonte: IBGE - * Estimativa CNI
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




   atividade econômica

Outro ano de baixo crescimento da indústria
Economia crescerá apenas 3,0% em 2012
A economia brasileira iniciou o                      das famílias e do investimento é            Industriais/CNI), que vinha mostrando
ano de 2012 sem qualquer sinal                       direcionada para as importações.            expansão ao longo de 2011, mesmo
de recuperação da estagnação do                                                                  com estagnação da produção,
segundo semestre de 2011. O PIB                      O papel da indústria no PIB é               interrompeu o dinamismo dos últimos
da indústria de transformação variou                 muito importante para alavancar o           meses. Esse indicador caiu 2,5% na
apenas 0,1% no ano passado. Os                       crescimento econômico. Nos últimos          média dos dois primeiros meses de
primeiros números de 2012 apontam                    oito anos, apenas em 2004 e em              2012 na comparação com o quarto
para a continuação de um crescimento                 2010 a indústria liderou o crescimento      trimestre do ano passado.
econômico baixo e desbalanceado,                     da economia. Nos demais anos, o
com avanço do setor serviços e                       resultado do PIB industrial tem sido        Os estoques de produtos industriais
indústria fraca. Mesmo considerando                  sistematicamente inferior ao do PIB         continuaram acima do planejado
que a taxa de expansão do PIB                        total. Por isso o fraco desempenho da       em janeiro e fevereiro (Sondagem
total se intensifique nos próximos                   economia e da perda de participação         Industrial/CNI). O indicador de nível
trimestres, são poucas as chances de                 da indústria no PIB.                        de estoques efetivo em relação ao
um resultado acima de 3,0% em 2012                                                               planejado ficou acima de 50 pontos
(projeção da CNI).                                   Atividade industrial ficará                 (o que indica estoques indesejados)
                                                     perto da estabilidade no                    em 19 dos 28 setores da indústria
O avanço da demanda interna mantém                                                               de transformação em fevereiro de
                                                     primeiro trimestre do ano
o setor serviços em crescimento, mas                                                             2012. A indústria está em processo
não garante o bom desempenho do                      O faturamento dessazonalizado da            de ajustamento de estoques desde o
setor industrial. Parte do consumo                   indústria de transformação (Indicadores     início do ano passado.

Produção industrial                                                                              A combinação de estoques
                                                                                                 indesejados e de faturamento em
Índice 2002 = 100 - dessazonalizado
                                                                                                 baixa resulta na estagnação da
Dificuldade de competitividade: produção está no mesmo                                           produção. A utilização da capacidade
nível de dois anos atrás                                                                         da indústria está abaixo do usual. O
                                                                                                 indicador de UCI efetiva em relação
132
                                                                                                 ao usual (Sondagem Industrial/CNI)
131                                                                                              tem ficado abaixo de 50 pontos –
                                                                                                 que significa ociosidade do parque
130
                                                                                                 industrial – desde dezembro de 2010.
129
                                                                                                 A produção industrial dessazonalizada
128                                                                                              (PIM-PF/IBGE) na média de janeiro
                                                                                                 e fevereiro de 2012 recuou 0,5% na
127
                                                                                                 comparação com o último trimestre
126                                                                                              de 2011. Esse resultado praticamente
               Dificuldade de reação: produção está no mesmo nível de dois anos atrás            sinaliza novo trimestre de desempenho
125                                                                                              negativo para o setor. A indústria
124                                                                                              terá que aumentar sua produção em
      fev/10                  ago/10             fev/11              ago/11             fev/12   1,0% em março frente a fevereiro
                                                                                                 para registrar estabilidade no primeiro
Fonte: IBGE




                                                                            2
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




trimestre do ano, ou seja, crescimento       Consumo das famílias                       crescimento do crédito, o aumento
nulo frente ao trimestre anterior.           continua sendo o                           do salário mínimo real em um cenário
                                             propulsor do PIB                           de menores taxas de juros em 2012
O baixo crescimento desestimula a
                                                                                        – como as divulgadas em abril pelos
recuperação dos investimentos. A             Do lado da demanda, os investimentos       bancos com grande participação
produção de bens de capital (PIM-PF/         deverão se recuperar com mais fôlego
                                                                                        do governo – trará um impulso a
IBGE) – setor que produz bens para           no segundo semestre. Grande parte
                                                                                        mais ao consumo. O problema,
fins de investimentos – recuou 11,1%         desse aumento estará ancorado nos
                                                                                        novamente, se refere ao destino de
no primeiro bimestre de 2012, na             investimentos em infraestrutura na
                                                                                        parte desse consumo e da compra de
comparação com o último trimestre de         queda da taxa de juros Selic e pelas
2011 – dados dessazonalizados.                                                          máquinas e equipamentos para fins
                                             novas medidas do Plano Brasil Maior.
                                                                                        de investimento, que acabam sendo
As crescentes dificuldades para o se-        O consumo das famílias continua            direcionados para as importações.
tor industrial deterioram a percepção        sendo o maior responsável pelo
do empresário quanto ao cenário atual        crescimento do PIB e a CNI estima          O aumento das importações (no
da economia brasileira. O indicador          uma expansão de 4,0% desse                 conceito das Contas Nacionais
de confiança do empresário industrial        componente em 2012. O crescimento          do IBGE) será o triplo (7,6%) do
(ICEI/CNI), que mede essa percepção,         do consumo das famílias está               que o das exportações (2,5%).
ficou abaixo de 50 pontos em março           ancorado no aumento do emprego             O crescimento mais intenso das
em 23 dos 28 setores da indústria            formal, expansão do crédito e das          importações ocorre de forma contínua
de transformação considerados pela           medidas do governo de redução de           nos últimos cinco anos. Com a
pesquisa da CNI – valores abaixo de          IPI em alguns setores – o que causa        estimativa da CNI para o resultado
50 pontos indicam percepção negativa         adiantamento de consumo.                   das importações e exportações de
quanto ao cenário atual da economia                                                     2012, o setor externo contribuirá
brasileira.                                  Cabe ressaltar que mesmo com               negativamente com 0,7 ponto
                                             ligeira desaceleração da taxa de           percentual no crescimento do PIB.
Nesse sentido, a CNI acredita que o
PIB industrial cresça à taxa de 2,0%
em 2012. A indústria de transformação
                                             Estimativa da CNI para o PIB
registrará o menor crescimento
                                             Variação percentual e contribuição dos componentes no PIB
(1,5%) dentre os demais segmentos
industriais. Um resultado que                                                                          2012
representa a metade do crescimento                      Componentes do PIB                   Taxa de          Contribuição
da economia brasileira.                                                                 crescimento (%)          (p,p,)
                                             Ótica da   Consumo das famílias                   4,0                2,4
A Sondagem Indústria da Construção           demanda    Consumo do governo                    2,5                 0,5
(CNI), que registrou atividade abaixo                   FBKF                                  5,6                 1,1
do usual do segmento em todo                            Exportações                           2,5                 0,3
o segundo semestre de 2011, se                          (-) importações                       7,6                 -1,0
aproximou do praticado normalmente
neste início de 2012.                        Ótica da   Agropecuária                          3,0                 0,2
                                             oferta     Indústria                             2,0                 0,6
As obras de infraestrutura, como para
a Copa do mundo, irão trazer maior                         Indústria extrativa                2,2                 0,1
dinamismo ao setor de construção                           Indústria de transformação         1,5                 0,2
nos próximos trimestres, o que                             Construção civil                   3,3                 0,2
deixa otimista as expectativas dos                         SIUP                               2,4                 0,1
empresários.                                            Serviços                              3,4                 2,3
                                                        PIB pm                                3,0




                                                               3
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




     emprego e renda

Mercado de trabalho continua favorável mesmo com
menor crescimento do emprego
Ritmo de crescimento do emprego também afeta a modalidade formal

O crescimento quase nulo do PIB ao                             a crescer em ritmo um pouco maior              Esse desempenho é bastante inferior
longo de todo o segundo semestre                               (2,0% e 1,9% frente aos mesmos meses           ao dos serviços (+4,6%), comércio
de 2011 trouxe impactos no ritmo de                            do ano anterior), porém mantendo               (+2,1%) e administração pública
crescimento de postos de trabalho. O                           desempenho abaixo da média.                    (+3,7%). O mercado de trabalho da
emprego metropolitano (PME/IBGE)                                                                              indústria continua sendo o mais afetado
cresceu em ritmo cada vez menor no                             Indústria foi o setor que                      da economia.
ano passado. Em dezembro a criação                             mais perdeu empregos
de vagas desacelerou para 1,3% na                                                                             O emprego formal, medido pelo
                                                               nos últimos 12 meses                           Cadastro Geral de Empregados e
comparação com o mesmo mês do
ano anterior, o que representa metade                          As indústrias extrativa, de                    Desempregados (CAGED/MTE), segue
da variação média anual de 2,7% dos                            transformação e de produção e                  tendência semelhante de menor
últimos oito anos.                                             distribuição de eletricidade, gás e            crescimento. Nos últimos 12 meses até
                                                               água, reduziram em 55 mil postos de            fevereiro, o fluxo líquido de novas vagas
Nos dois primeiros meses de 2012,                              trabalho metropolitanos nos últimos            formais foi de 1,4 milhão, o menor ritmo
mesmo com a continuidade da fraca                              12 meses findos em fevereiro, o                de criação de empregos desde janeiro
atividade econômica, o emprego voltou                          que representa uma queda de 1,5%.              de 2010.

                                                                                                              Mesmo considerando que o PIB cresça
                                                                                                              em aceleração nos próximos trimestres,
Emprego e população economicamente ativa (PEA)                                                                o mercado de trabalho não irá absorver
Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%)                                                              mão de obra com a mesma velocidade
Emprego cresce continuamente mais do que a força                                                              do que nos dois últimos anos. Ou seja,
de trabalho                                                                                                   são quase nulas as chances de um
                                                                                                              eventual superaquecimento do mercado
 5                                                                                                            de trabalho em 2012.
 4
                                                                                                              Formalização da mão de
 3
                                                                                                              obra ainda em curso
 2                                                                                                            Apesar de o emprego formal estar
 1                                                                                                            perdendo ritmo de crescimento,
                                                                                                              o emprego informal continua
 0                                                                                                            caindo nas seis maiores regiões
                                                                                                              metropolitanas brasileiras (PME/
-1
                                                                                                              IBGE). Comparativamente ao mesmo
-2                                                                                                            mês do ano anterior, o emprego com
                                                                                                              carteira do setor privado expandiu
-3
                                                                                                              5,4% em fevereiro. Já o emprego
     fev/08       ago/08       fev/09       ago/09      fev/10     ago/10      fev/11       ago/11   fev/12
                                                                                                              sem carteira recuou 7,7% na
                                                                                                              mesma base de comparação. Essa
                                                     Emprego             PEA
                                                                                                              modalidade de emprego diminui na
Fonte: IBGE




                                                                                        4
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




comparação anual há 18 meses                 Rendimento médio real
seguidos. A ocupação por conta
                                             Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%)
própria também recuou em fevereiro
(-0,3%) frente a fevereiro de 2011.          Rendimentos voltar a crescer em aceleração nos dois
                                             primeiros meses de 2012
Com isso, a participação do emprego
formal (empregos com carteira,                7
militares e de regime jurídico único) no
                                              6
total da ocupação continuou crescendo
e atingiu 61,8% em fevereiro – essa é a       5
maior participação do emprego formal
                                              4
desde o início da série histórica da
PME, em março de 2002.                        3

Taxa de desemprego                            2

média anual continua                          1
em queda
                                              0
Em condições normais, ou seja,
sem choques na economia, a força             -1
de trabalho (PEA) tende a seguir o                fev/08   ago/08       fev/09   ago/09   fev/10       ago/10    fev/11   ago/11    fev/12
crescimento populacional (PIA), que na
                                             Fonte: IBGE
PME/IBGE é composto pelas pessoas
com 10 anos ou mais de idade.
Atualmente, ambos indicadores estão
crescendo em desaceleração.                  ponto percentual na comparação com                    expansão da renda real foi influenciado
                                             janeiro é sazonal. Entretanto, a taxa de              também pelo aumento do salário mínimo,
No caso da PIA, a taxa de natalidade
                                             desemprego de fevereiro de 2012 foi                   que é também usado como base de
está caindo desde a década de 70.
                                             a menor quando comparada com os                       comparação nas negociações salariais de
No caso da PEA, a própria menor
                                             mesmos meses de anos anteriores.                      ocupações informais e nos serviços.
expansão da população, o aumento
dos rendimentos reais, a alta cobertura      A CNI trabalha com um cenário de                      Mesmo passada a influência do
de programas assistencialistas do            queda da taxa de desemprego a partir                  aumento do salário mínimo, o avanço
governo e o aumento do emprego               do segundo trimestre, de forma que a                  do emprego formal em velocidade
formal são fatores que podem estar           média anual desse indicador fique ainda               acima do total da criação de empregos
influenciando no menor crescimento da        menor do que a registrada em 2011,                    continuará a pressionar os salários
procura por trabalho.                        atingindo 5,5% em 2012.                               para cima, uma vez que esse tipo de
Em fevereiro, a PEA aumentou 1,3%                                                                  ocupação paga mais do que a média.
na comparação com o mesmo mês                Rendimentos reais do                                  Assim, espera-se que o ritmo de
do ano anterior (abaixo do avanço de         trabalhador crescem mais                              crescimento da renda fique em torno
1,9% do emprego). A variação da PEA          do que o PIB                                          de 4,0% ao ano, em média.
continua sistematicamente abaixo da
                                             Os rendimentos médios reais                           A expansão dos rendimentos e da
expansão do emprego, o que resulta,
                                             habitualmente recebidos (PME/IBGE)                    formalização do mercado de trabalho
diretamente, na queda da taxa de
                                             cresceram em aceleração nos dois                      aumentam a segurança financeira de
desemprego pela própria construção
                                             primeiros meses de 2012. A variação                   um número maior de trabalhadores, o
do indicador.
                                             frente ao mesmo mês do ano anterior                   que traz garantias de continuação do
A taxa de desemprego atingiu 5,7% da         passou de 2,7% em janeiro para 4,4%                   crescimento do consumo das famílias
PEA em fevereiro. O aumento de 0,2           em fevereiro. O aumento do ritmo de                   ao longo de 2012.




                                                                    5
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




     inflação, juros e crédito

Queda da inflação contribui para menor Selic
Todos os componentes do IPCA desaceleram em 2012
O cenário inflacionário mudou no início de             2011. Contudo, os aumentos nos preços              meta desde março de 2010. Em março,
2012. O processo de desaceleração, ob-                 do grupo em novembro e dezembro de                 esse acumulado alcançou 8,2%, uma
servado desde outubro do ano passado,                  2011 foram substancialmente inferiores             queda tímida frente ao nível de 9% do
se intensificou no início do ano. O IPCA               ao ano anterior, reduzindo a taxa acumu-           fim de 2011. A inércia da inflação dos
acumulado em 12 meses, que chegou a                    lada. Esse processo se manteve nos pri-            serviços sustenta o IPCA ainda em alto
7,31% em setembro de 2011, encontra-                   meiros meses de 2012, alcançando 6,3%              patamar. Essa inércia está vinculada,
-se em 5,24% em março.                                 em março. A queda nos preços interna-              sobretudo, à alta indexação dos preços
                                                       cionais das commodities e a desacelera-            do grupo, principalmente ligados ao
A desaceleração dos preços se deu em                   ção da economia em 2011 contribuem                 salário mínimo. A tendência para 2012
todos os quatro grandes grupos do IPCA:                para esse cenário do grupo alimentos.              é de desaceleração, mas dificilmente os
alimentos, serviços, administrados e                   Para o restante do ano, contudo, espera-           preços do grupo irão se situar abaixo do
industriais. A nova ponderação do IPCA,                -se uma leve aceleração, com aumentos              teto da meta de inflação.
que dá mais peso para os produtos                      nos preços superiores ao ano passado.
industriais, também explica parte desse                                                                   Os preços administrados começam a
processo de desaceleração.                             A inflação dos serviços também desa-               mostrar cenário mais positivo que em
                                                       celerou, mas esse é o grupo que mostra             2011. No ano passado, observou-se
Os alimentos passaram a ser o grupo de                 maior resistência. Seu peso no IPCA é              aceleração do grupo, passando de uma
menor peso no IPCA. O acumulado em 12                  de cerca de 23%, e o acumulado em                  média de 4% em 2010 para 5,3%. Em
meses chegou a ultrapassar os 10% em                   12 meses se mantém acima do teto da                março, o acumulado já caiu para 4,6%, e
                                                                                                          essa tendência deve se manter ao longo
                                                                                                          de 2012. A alta em 2011 foi motivada
IPCA por grupos                                                                                           pelos componentes com cláusulas de
Acumulado em 12 meses (%)                                                                                 reajustes em índices de preços, como o
Desaceleração dos preços dos serviços é a menor entre                                                     IGP-M. Como o próprio IGP-M desacele-
                                                                                                          rou no ano passado (de 11,3% em 2010
os grupos
                                                                                                          para 5% em 2011), a expectativa é de
16                                                                                                        reajustes mais contidos em 2012.
14                                                                                                        Os preços dos produtos industriais
12
                                                                                                          ganharam participação na ponderação
                                                                                                          do IPCA a partir de 2012, passando de
10                                                                                                        22,5% para 27%. Como esse vem sendo
                                                                                                          o grupo com inflação mais reduzida, seus
 8
                                                                                                          preços contribuem para um IPCA mais
 6                                                                                                        baixo. Os preços do grupo, que já vinham
                                                                                                          em trajetória de desaceleração desde
 4                                                                                                        setembro (quando atingiu 4,5% em 12
 2                                                                                                        meses), intensificaram esse processo no
                                                                                                          início de 2012. Os três primeiros meses
0                                                                                                         do ano mostraram deflação do grupo, al-
mar/08       set/08       mar/09       set/09     mar/10         set/10   mar/11       set/11    mar/12   cançando taxa acumulada em 12 meses
                      Administrados                Industriais                     Alimentação            de apenas 2,2% em março.
                      Serviços                     IPCA
                                                                                                          Essa queda nos preços ao consumidor
Fonte: IBGE - Elaboração: CNI
                                                                                                          acompanha o já observado pelos preços




                                                                                   6
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




ao produtor. O Índice de Preços ao Pro-        Atraso maior do que 90 dias – pessoas físicas
dutor (IPP), calculado pelo IBGE, também       Percentual do total (%)
se encontra em desaceleração. O índice         Inadimplência aumenta entre pessoas físicas
apresenta taxa acumulada em 12 meses
de 0,77% em fevereiro, mostrando desa-         9,0
celeração desde março de 2011, quando
                                               8,5
alcançou 6,82% de acumulado em 12
meses. Dos 19 setores industriais, sete        8,0
apresentam variação acumulada negativa
em 12 meses.                                   7,5

Dessa forma, a inflação em 2012 será           7,0
menor do que em 2011. Esse cená-
rio abriu espaço para as reduções na           6,5
Selic praticadas nas últimas reuniões do
Copom, o que deve evitar queda mais            6,0
expressiva no acumulado do IPCA. Assim,
a CNI prevê inflação em 2012 de 5,0%,          5,5
                                                  fev/09            ago/09             fev/10     ago/10       fev/11       ago/11       fev/12
dentro da meta, mas ainda acima do
centro de 4,5%.                                Fonte: Banco Central do Brasil - Elaboração: CNI




Selic a um dígito até o fim                    patamar dos 9% não representa apenas                   O crédito à pessoa jurídica também mos-
do ano                                         a “taxa neutra” esperada pelo Copom,                   tra desaceleração, mas esse processo
O Copom manteve no início do ano sua           que balanceie o atendimento da meta                    se iniciou nos últimos meses de 2011:
política de redução na taxa básica de juros    de inflação e o estímulo à economia. É                 acumulado anual de 6,6% em fevereiro,
– Selic. Em 2012 já foram dois cortes,         também o piso institucional da Selic, uma              contra 9,1% em agosto de 2011.
que recolocaram a Selic em um dígito,          vez que taxas inferiores tendem a tornar
                                               os títulos públicos menos atrativos que                Um dos motivos dessa desaceleração é o
alcançando 9,75% a.a.. O processo de
                                               os depósitos na poupança, dificultando a               aumento nos índices de inadimplência. O
continuidade da queda na taxa (que se
                                               capacidade do Governo de se financiar.                 indicador de atraso maior do que 90 dias
iniciou em agosto de 2011) se baseou em
                                                                                                      das pessoas físicas, que era de 5,7% em
três pontos: a piora no quadro internacional
                                               Assim, com Selic a 9% até o fim do ano                 dezembro de 2010, alcançou 7,6% em
desde meados de 2011, a menor expansão
                                               e inflação esperada de 5%, a taxa real de              fevereiro de 2012. O atraso maior do que
da economia brasileira (principalmente na
                                               juros média do ano cairá dos 4,8% a.a. de              90 dias das pessoas jurídicas mantém-se
indústria) e a desaceleração da inflação.
                                               2011 para 4,0% a.a..                                   elevado, e começou a aumentar durante
Os novos efeitos da crise são percebidos                                                              o ano de 2011 e início de 2012, alcançan-
na economia. A indústria mostra dificulda-     Concessão de crédito                                   do 4,1% em fevereiro.
des para crescer e a inflação será menor       desacelera com aumento na                              Aliado ao aumento da inadimplência, o
que em 2011. Contudo, o centro da              inadimplência                                          desaquecimento da economia também
meta de 4,5% não deverá ser alcançado,
                                               A concessão de crédito livre de dire-                  contribui para a menor concessão. Do
exigindo esforços do ponto de vista fiscal
                                               cionamento, tanto para pessoas físicas                 ponto de vista das pessoas físicas, o
para evitar prejuízos futuros em termos
                                               como jurídicas, mostra desaceleração nos               aumento no comprometimento de renda
da trajetória de inflação.
                                               últimos meses. A desaceleração é mais                  (que passou de 19,9% em fevereiro de
Para os próximos meses, A CNI espera           forte na concessão às pessoas físicas,                 2011 para 22,2% em fevereiro de 2012) e
mais um corte na Selic, alcançando os          e ocorreu desde 2011. Em fevereiro de                  a desaceleração do consumo das famílias
9% a.a., e se mantendo assim até o             2011 a concessão à pessoa física acumu-                moderaram a demanda por crédito. Quanto
fim do ano, como sinalizado pela Ata           lava alta anual de 22%; em fevereiro de                às pessoas jurídicas, o fraco desempenho
do Copom. É importante atentar que o           2012 essa taxa caiu a 10,4%.                           da indústria contribui para esse cenário.




                                                                        7
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




      política fiscal

Despesas crescem menos que o esperado no primeiro bimestre
Crescimento deve acelerar até o fim do ano

A expectativa de uma política fiscal                             SIAFI) e a redução de 1,5% nas despesas       foi impulsionado pelo incremento de
fortemente expansionista, como resposta                          com pessoal. Por outro lado, as despesas      33,7% nas receitas não administradas
ao baixo crescimento econômico, ainda                            impactadas pelo aumento do salário            pela Receita Federal, determinado por
não se confirmou nos primeiros meses                             mínimo mostraram forte crescimento:           dividendos e compensações financeiras.
de 2012. No Governo Federal o ritmo de                           previdência (6,5%) e benefícios               As receitas administradas cresceram
expansão dos gastos praticamente não                             assistenciais (11,2%). As despesas            5,1%. Nos estados e municípios, o ritmo
se alterou em relação ao do final de 2011.                       dos estados e municípios diminuíram           de crescimento das receitas até fevereiro
Já nos governos regionais o crescimento                          seu ritmo de expansão para 2,4% no            foi de 2,7%, na comparação com o
das despesas foi significativamente                              primeiro bimestre de 2012, contra 5,8%        mesmo período de 2011.
menor. No entanto, em ambos os                                   acumulados até dezembro de 2011
casos as despesas devem apresentar                                                                             Dados esses comportamentos de receita
aceleração nos próximos meses.                                                                                 e de despesa, o resultado primário do
                                                                 Crescimento das                               governo federal, que estava em 2,25%
Entre os meses de janeiro e fevereiro, o                         receitas é impulsionado                       do PIB no acumulado em 12 meses
gasto público federal teve aumento real                          por dividendos e                              até dezembro de 2011, passou para
de 3,2% na comparação com o mesmo                                compensações financeiras                      2,45% até fevereiro de 2012. No caso
período de 2011. Merecem destaque                                Até fevereiro, a receita líquida do governo   dos estados e municípios, o resultado
no primeiro bimestre a forte queda de                            federal teve aumento real de 9,1% na          primário manteve-se estável em 0,85%
27,3% nos investimentos (dados do                                comparação com 2011. Esse resultado           do PIB. Dessa forma, o superávit primário
                                                                                                               do setor público consolidado subiu de
                                                                                                               3,1%, em dezembro de 2011, para 3,3%
Crescimento real das despesas do Governo Federal e do PIB                                                      do PIB no acumulado dos últimos 12
Taxa de crescimento real (%)                                                                                   meses encerrados em fevereiro de 2012.
Despesas do Governo Federal deverá crescer mais que o PIB
                                                                                                               O aumento do superávit primário, e uma
em 2012                                                                                                        ligeira queda nas despesas com juros,
12                                                                                                             proporcionaram uma queda do déficit
                                                                                                               nominal de 2,6%, em dezembro de
10                                                                                                             2011, para 2,3% do PIB, em fevereiro de
                                                                                                               2012. Apesar disso, houve aumento da
  8                                                                                                            relação Dívida Líquida/PIB, que passou
                                                                                                               de 36,4%, em dezembro de 2011, para
  6
                                                                                                               37,5% do PIB, em fevereiro de 2012.
                                                                                                               Esse crescimento foi determinado pela
  4
                                                                                                               desvalorização cambial verificada nos
  2                                                                                                            dois primeiros meses do ano.

  0                                                                                                            Governo Federal deve
                                                                                                               elevar ritmo de crescimento
 -2
          2006             2007            2008            2009              2010         2011    2012*        das despesas
                                  Despesas primárias do Governo Federal             PIB
                                                                                                               Nos próximos meses a tendência é que
Fonte: Tesouro Nacional, IBGE e Banco Central do Brasil - * Estimativa CNI                                     o ritmo de crescimento das despesas




                                                                                           8
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




do Governo Federal se acentue e a             Evolução da Dívida Líquida do Setor Público
política fiscal tenha maior contribuição      Em relação ao PIB (%)
no crescimento da demanda. Esse
                                              Após dois anos de queda forte, endividamento público com relação
aumento de gastos deve se concentrar
nos investimentos, que observaram
                                              ao PIB deve cair apenas 0,4 ponto percentual em 2012
uma queda expressiva no primeiro              50
bimestre e para os quais se espera um
crescimento próximo a 10,0% em 2012.
Dessa forma, projetamos crescimento
real de 4,9% para os gastos federais em
2012, na comparação com o mesmo
período de 2011.                              40
No que se refere à receita líquida do
Governo Federal, a expectativa é de
queda acentuada no ritmo de expansão
até o final de 2012. Dois fatores devem
contribuir decisivamente para esse
comportamento. O primeiro são as              30
desonerações tributárias anunciadas                     2006            2007             2008     2009       2010        2011       2012*
pelo Governo Federal no âmbito das            Fonte: Banco Central do Brasil - * Estimativa CNI

novas medidas do Plano Brasil Maior,
que devem atingir cerca de R$ 5,0
bilhões até o fim do ano. O segundo           Nos governos regionais, tanto despesas                 primário e a expectativa é que o déficit
fator é a não reedição do volume de           como receitas devem ampliar o ritmo de                 público nominal – resultado total do
receitas extraordinárias obtido em            crescimento até o fim do ano. Assim,                   setor público – se reduza de 2,6%, em
2011. Estimamos em cerca de R$ 16,0           não esperamos grande alteração no                      2011, para 2,45% do PIB, em 2012.
bilhões o montante de recursos que não        resultado primário observado nos últimos
                                              12 meses e projetamos superávit                        A relação Dívida Líquida/PIB deverá
deve se repetir em 2012. Com isso, o
                                              primário de R$ 38,0 bilhões (0,85% do                  manter a tendência de queda
crescimento real da receita líquida deve                                                             observada desde 2010. Entretanto,
ser de apenas 2,9%. Na ausência desses        PIB) para esses entes governamentais.
                                              Assim, o superávit primário projetado                  apesar da redução do déficit nominal,
dois fatores, a receita líquida cresceria                                                            o endividamento público em relação
5,5% em termos reais.                         para o setor público consolidado em
                                              2012 é de R$ 123,0 bilhões (2,75% do                   ao PIB deve cair menos que nos
Nesse cenário, o superávit primário           PIB), abaixo da meta cheia de R$ 139,8                 anos anteriores devido ao menor
estimado para o Governo Federal e             bilhões (3,1% do PIB).                                 crescimento do PIB nominal e ao ajuste
suas estatais em 2012 é de R$ 85,0                                                                   cambial. No caso do crescimento do
                                              O resultado esperado para o superávit                  PIB nominal, a redução do deflator
bilhões (1,9% do PIB estimado pela CNI).
                                              primário em 2012 representa uma                        implícito, determinada pela menor
Para atingir a meta cheia do resultado
                                              queda em relação ao observado em                       taxa de inflação em 2012, não será
primário – sem descontos das despesas
                                              2011 (3,1% do PIB). Entretanto, as                     compensada pelo maior crescimento
do PAC – o Governo Federal deveria
                                              despesas com juros devem ter uma                       real. Já o ajuste cambial, que em 2011
promover contingenciamento adicional
                                              redução substancial em relação ao                      teve impacto negativo na relação Dívida
de R$ 12,0 bilhões. Porém, dados o
                                              observado em 2011 devido à diminuição                  Líquida/PIB, em 2012 deve pressionar
contingenciamento inicial de R$ 35,0
                                              da taxa Selic. Estimamos que o                         para cima a relação devido à taxa de
bilhões e a intenção de utilizar a política
                                              pagamento de juros caia de 5,7% do                     câmbio média mais alta que a de 2011.
fiscal para aumentar o crescimento            PIB, em 2011, para 5,2%, em 2012.                      Dessa forma, a relação Dívida Líquida/
econômico, dificilmente nova contenção        A menor despesa com juros mais que                     PIB deve cair de 36,4%, no fim de 2011,
de despesas será anunciada.                   compensará a queda do superávit                        para 36,0%, em dezembro de 2012.




                                                                        9
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




   setor externo e câmbio

Preços determinarão saldo comercial no ano
Câmbio inicia ano com desvalorização

O real inicia o ano de 2012 com des-                     Do lado externo, as perspectivas para        longos períodos fora da faixa entre R$ 1,85/
valorização. Frente ao dólar, a taxa de                  os EUA sugerem, a princípio, que o           US$ e R$ 1,75/US$ ao longo do ano. A
câmbio média do primeiro trimestre do                    longo período de enfraquecimento do          média anual deverá ser próxima a R$ 1,80/
ano encontra-se 6,0% acima da média                      dólar – um dos fatores que estimulam         US$. Esse é um patamar semelhante ao
registrada em 2011. Excetuando-se 2009,                  a valorização da moeda brasileira –          observado no fim de 2008.
desde 2004 o ano se iniciou com valori-                  poderia estar chegando ao fim. Há uma
zação do real frente ao dólar. A taxa de                 sinalização de que não serão necessários     Desempenho das
câmbio real, deflacionada pelo IPA, mostra               novos afrouxamentos monetários e a           exportações dependerá da
desvalorização de 6,2%, comparando os                    atividade econômica do país mostra           evolução dos preços
primeiros bimestres de 2011 e 2010.                      melhora. Não há, contudo, perspectivas
                                                                                                      As exportações alcançaram US$ 55,0
                                                         de que haverá uma reversão rápida ou
O principal fator para essa evolução é de                                                             bilhões no acumulado até março de 2012,
                                                         intensa para o fortalecimento da moeda
origem doméstica, com a queda dos juros                                                               um crescimento de 7,5% na comparação
                                                         americana: os juros no país continuarão
e as elevações da tributação sobre entrada                                                            com o primeiro trimestre de 2011. Ao
                                                         muito baixos e o déficit em conta
de capitais no Brasil. A continuidade da                                                              analisar os produtos exportados por fator
                                                         corrente do país continua elevado.
queda e as indicações governamentais                                                                  agregado, nota-se que os semimanufa-
de que há disposição para adotar novas                   Dessa forma, salvo mudanças bruscas          turados registraram a menor expansão
medidas de controle caso se mostrem                      no cenário mundial, esperamos a relativa     nessa comparação (4,0%), enquanto
necessárias, devem sustentar o câmbio                    estabilidade do dólar no patamar atual. A    básicos e manufaturados registraram
em um patamar desvalorizado.                             taxa de câmbio não deverá se situar por      variação um pouco maior (7,6% e 7,7%,
                                                                                                      respectivamente).

Evolução da taxa de câmbio real / dólar                                                               O volume exportado total cresceu no
                                                                                                      primeiro trimestre 5,5% na comparação
Cotações de fechamento PTAX (R$/US$)
                                                                                                      com igual período de 2011. O crescimento
Real interrompe trajetória de valorização                                                             é mais forte entre os básicos (9,9%), ante
                                                                                                      uma expansão de somente 2,3% dos
2,40                                                                                                  produtos semimanufaturados e 1,9% dos
2,30                                                                                                  manufaturados.
2,20                                                                                                  Quanto aos preços, a tendência recente é
2,10                                                                                                  de redução. O índice de preço da Funcex
                                                                                                      atingiu seu pico histórico em agosto de
2,00
                                                                                                      2011, mas apresenta queda de 7,5% nessa
1,90                                                                                                  comparação. O recuo é intenso especial-
1,80                                                                                                  mente nos produtos básicos – influencia-
                                                                                                      dos principalmente pelo minério de ferro.
1,70
                                                                                                      Os básicos registram queda de 12,6% nos
1,60                                                                                                  preços desde o pico em agosto de 2011.
1,50
                                                                                                      O desempenho das exportações em
   mar/08      jul/08   nov/08     mar/09       jul/09   nov/09   mar/10   jul/10   nov/10   mar/11
                                                                                                      2012 será determinado, principalmente,
Fonte: BACEN




                                                                               10
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




pela trajetória dos preços, uma vez que
                                             Índice de quantum das importações
o crescimento do volume exportado
                                             Variação da média em 12 meses ante os 12 meses anteriores
não será muito diferente do observado
em 2011. O cenário dos preços das            Ritmo de expansão do volume importado está
commodities apresenta grande incerteza,      desacelerando
caracterizado por fortes variações
principalmente entre as agrícolas.           40,0
                                                        36,7
Supondo crescimento moderado dos             35,0
preços em 2012, as exportações devem
fechar o ano em torno de US$ 275             30,0
bilhões – crescimento de 7,4% em             25,0
relação a 2011.
                                             20,0
Importações crescem mais                     15,0
que exportações
                                             10,0
As importações totalizaram US$ 52,6                                                                                               6,7
bilhões em 2012 até março, valor 9,5%         5,0
superior ao registrado em 2011, com
                                                0
destaque para o crescimento de bens de              jan/11     mar/11   mai/11    jul/11     set/11     nov/11      jan/12      mar/12
consumo não-duráveis (22,1%) e combus-
                                             Fonte: Funcex
tíveis (16,8%).

Os preços de importação em geral estão
6,3% maiores em relação ao início de         O ritmo de crescimento das importações        Déficit em transações
2011. Combustíveis e bens de consumo         em 2012 deverá ser menor que em 2011,         correntes em trajetória de
duráveis lideram o crescimento:              mas continuará superior à expansão            crescimento moderado
expansões de 17,2% e 10,8%,                  das vendas externas. A taxa de câmbio
                                                                                           Em 12 meses findos em fevereiro de 2012,
respectivamente.                             e as condições da demanda brasileira
                                                                                           o déficit em transações correntes alcançou
                                             continuarão a estimular a importação
                                                                                           US$ 52,4 bilhões, o equivalente a 2,09%
O ritmo de expansão do volume importado      de bens de consumo. As compras de
                                                                                           do PIB. O déficit acumulado no ano é US$
está desacelerando. O volume das com-        insumos deverão refletir a atividade          8,8 bilhões, 2,4% menor que em 2011.
pras externas cresceu 3,0% na compa-         industrial mais fraca, mas mostrarão
ração com o primeiro trimestre de 2011,      algum crescimento. Os preços de               Os saldos de lucros e dividendos, viagens
enquanto em 12 meses o crescimento           importação dos produtos industriais           e transportes deverão manter-se relati-
alcança 12,9%. Ressalte-se a perda de        deverão manter-se moderados, devido           vamente constantes, reagindo ao câmbio
ritmo nas compras de bens de consumo,        ao baixo crescimento da demanda nos           mais desvalorizado que em 2011 e à
que mostram estabilidade nos últimos         países desenvolvidos. Por outro lado,         demanda doméstica mais fraca. Assim,
meses, após registrarem expressivas altas    os preços de combustíveis deverão             o déficit em transações correntes deverá
ao longo de 2011.                            manter-se mais altos, especialmente           aumentar moderadamente ao longo do
                                             na comparação com a média de 2011.            ano, por conta do menor saldo comercial.
As compras de intermediários refletem o                                                    Espera-se déficit em transações correntes
                                             Assim, as importações deverão totalizar
mau momento da indústria e mantêm-se                                                       de US$ 58 bilhões, cerca de 2,32% do
                                             US$ 255 bilhões – crescimento de 12%
estáveis. Contudo, a participação de im-                                                   PIB – alta de 0,2 pontos percentuais em
                                             em relação a 2011.
portados nos insumos industriais cresceu                                                   relação a 2011. Já com relação ao inves-
em 2011, alcançando 21,7%, ante 19,1%        Com isso, o saldo comercial será menor        timento estrangeiro direto, a tendência é
no ano anterior, segundo levantamento da     que em 2011: US$ 20,8 bilhões, contra         de que esse permaneça contribuindo para
CNI em parceria com a Funcex.                US$ 29,8 bilhões no ano passado.              financiar o déficit em transações correntes.




                                                                 11
Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012




                perspectivas da economia brasileira

                                                                                                           2012              2012
                                                                     2010               2011          projeção anterior      projeção
                                                                                                        dezembro/12
                                                              Atividade econômica
             PIB
                                                                     7,5%               2,7%               3,0%               3,0%
             (variação anual)
             PIB industrial
                                                                     10,4%              1,6%               2,3%               2,0%
             (variação anual)
             Consumo das famílias
                                                                     6,9%               4,1%               4,0%               4,0%
             (variação anual)
             Formação bruta de capital fixo
                                                                     21,3%              4,7%               5,0%               5,6%
             (variação anual)
             Taxa de Desemprego                                      6,7%               5,9%               5,8%               5,5%
             (média anual - % da PEA)
                                                                      Inflação
             Inflação
                                                                     5,9%               6,5%               5,2%               5,0%
             (IPCA - variação anual)
                                                                   Taxa de juros
             Taxa nominal de juros
             (taxa média do ano)                                     9,90%             11,76%             10,12%             9,39%
             (fim do ano)                                           10,75%             11,00%             10,00%             9,00%
             Taxa real de juros                                      4,6%               4,8%               4,4%               4,0%
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                                                                 Contas públicas
             Déficit público nominal
                                                                     2,55%             2,61%              2,60%              2,45%
             (% do PIB)
             Superávit público primário
                                                                     2,77%             3,10%              3,00%              2,75%
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INFORME CONJUNTURAL | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Política Econômica | Gerente executivo:
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ICEI | Agosto 2014 | Divulgação 18/08/2014
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Sondagem Especial Terceirização | Julho de 2014 | Divulgação 14/08/2014
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Coeficientes de Abertura Comercial | Abril/ Junho 2014 | Divulgação 14/08/2014
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Indicadores Industriais | Junho 2014 | Divulgação 05/08/2014
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INEC | Julho 2014 | Divulgação 31/07/2014
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Apresentação | Propostas da Indústria para as Eleições 2014
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Informe conjuntural jan mar 2012

  • 1. INFORME CONJUNTURAL Informativo da Confederação Nacional da Indústria Ano 28 Número 01 janeiro/março de 2012 www.cni.org.br A economia Questões estruturais condicionam o brasileira no primeiro fraco desempenho da indústria trimestre de 2012 Outro ano de baixo O ritmo de expansão da economia brasileira se perpetuam – como os encargos sobre energia crescimento da indústria voltou a cair em 2011, situando-se em apenas elétrica – e da ausência de mudanças estruturais Pág. 2 2,7%. A indústria praticamente ficou estagnada. que ajustem a economia brasileira aos padrões internacionais de produtividade e eficiência O menor ritmo de crescimento da economia produtiva – são exemplos a tributação, logística, Mercado de trabalho continua brasileira reflete as dificuldades do setor custo do capital, custos do trabalho, etc. favorável mesmo com menor manufatureiro. No período 2004/2008, quando o crescimento do emprego PIB cresceu a uma taxa média anual de 4,8%, a As medidas adicionais do Plano Brasil Maior Pág. 4 indústria de transformação cresceu a 3,8%. No respondem em parte a esses problemas. São período pós-crise mundial (2009/2011) a média medidas emergenciais e necessárias para caiu para 3,3% para o PIB e apenas 0,2% para a enfrentar o ambiente hostil produzido pela crise Queda da inflação contribui indústria de transformação. mundial, mas precisam estar em sintonia com para menor Selic uma estratégia de longo prazo. É necessário Pág. 6 O quadro para 2012 pouco muda: nossa previsão simultaneamente construir mecanismos de de crescimento é de 3% para o PIB, mas o resposta ao desafio da inserção competitiva da Despesas crescem menos setor manufatureiro crescerá apenas 1,5%. A indústria brasileira no mercado mundial, que que o esperado no primeiro expansão do consumo das famílias, estimada em exige ações de natureza ampla e estrutural. bimestre 4%, não alcança na mesma intensidade o setor Pág. 8 industrial. Sem alterações dessa ordem, e na expectativa de um longo período de baixo crescimento das eco- O problema da indústria não é de caráter nomias maduras, as dificuldades de competição Preços determinarão conjuntural. Tem características estruturais que da indústria brasileira permanecerão limitando a saldo comercial no ano refletem tanto alterações na ordem econômica expansão da indústria e da economia. Pág. 10 mundial, com a transferência do eixo dinâmico em direção à Ásia, como as dificuldades da economia brasileira em elevar sua competitivida- PIB e PIB da indústria de transformação de. Há dimensões macro e microeconômicas em Variação anual (%) ambos os casos que limitam a competitividade Indústria de transformação dita o ciclo da economia dos produtos brasileiros. 10,1 A valorização do real é uma dessas dimensões. Exacerbada pela crise mundial, a tendência 8,5 de valorização vem desde meados da década, 5,7 6,1 5,2 fundamentada não apenas nas taxas de juros 4,0 7,5 3,2 elevadas, mas também no baixo nível de 2,7 1,9 5,7 5,6 2,7 3,0 4,3 1,3 poupança doméstica e na necessidade de 3,0 2,4 1,3 1,5 atrair capitais para financiar o déficit em conta 1,1 1,0 0,7 0,1 corrente. O crescimento do consumo doméstico -0,3 acima do PIB é a expressão desse quadro. No aspecto micro, a contínua elevação dos custos domésticos acima do aumento da produtividade reduz a competitividade dos -8,7 nossos produtos, especialmente dos que sofrem 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* concorrência com estrangeiros (os tradables). A PIB PIB da indústria de transformação alta dos custos se deve a ações conjunturais que fonte: IBGE - * Estimativa CNI
  • 2. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 atividade econômica Outro ano de baixo crescimento da indústria Economia crescerá apenas 3,0% em 2012 A economia brasileira iniciou o das famílias e do investimento é Industriais/CNI), que vinha mostrando ano de 2012 sem qualquer sinal direcionada para as importações. expansão ao longo de 2011, mesmo de recuperação da estagnação do com estagnação da produção, segundo semestre de 2011. O PIB O papel da indústria no PIB é interrompeu o dinamismo dos últimos da indústria de transformação variou muito importante para alavancar o meses. Esse indicador caiu 2,5% na apenas 0,1% no ano passado. Os crescimento econômico. Nos últimos média dos dois primeiros meses de primeiros números de 2012 apontam oito anos, apenas em 2004 e em 2012 na comparação com o quarto para a continuação de um crescimento 2010 a indústria liderou o crescimento trimestre do ano passado. econômico baixo e desbalanceado, da economia. Nos demais anos, o com avanço do setor serviços e resultado do PIB industrial tem sido Os estoques de produtos industriais indústria fraca. Mesmo considerando sistematicamente inferior ao do PIB continuaram acima do planejado que a taxa de expansão do PIB total. Por isso o fraco desempenho da em janeiro e fevereiro (Sondagem total se intensifique nos próximos economia e da perda de participação Industrial/CNI). O indicador de nível trimestres, são poucas as chances de da indústria no PIB. de estoques efetivo em relação ao um resultado acima de 3,0% em 2012 planejado ficou acima de 50 pontos (projeção da CNI). Atividade industrial ficará (o que indica estoques indesejados) perto da estabilidade no em 19 dos 28 setores da indústria O avanço da demanda interna mantém de transformação em fevereiro de primeiro trimestre do ano o setor serviços em crescimento, mas 2012. A indústria está em processo não garante o bom desempenho do O faturamento dessazonalizado da de ajustamento de estoques desde o setor industrial. Parte do consumo indústria de transformação (Indicadores início do ano passado. Produção industrial A combinação de estoques indesejados e de faturamento em Índice 2002 = 100 - dessazonalizado baixa resulta na estagnação da Dificuldade de competitividade: produção está no mesmo produção. A utilização da capacidade nível de dois anos atrás da indústria está abaixo do usual. O indicador de UCI efetiva em relação 132 ao usual (Sondagem Industrial/CNI) 131 tem ficado abaixo de 50 pontos – que significa ociosidade do parque 130 industrial – desde dezembro de 2010. 129 A produção industrial dessazonalizada 128 (PIM-PF/IBGE) na média de janeiro e fevereiro de 2012 recuou 0,5% na 127 comparação com o último trimestre 126 de 2011. Esse resultado praticamente Dificuldade de reação: produção está no mesmo nível de dois anos atrás sinaliza novo trimestre de desempenho 125 negativo para o setor. A indústria 124 terá que aumentar sua produção em fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 1,0% em março frente a fevereiro para registrar estabilidade no primeiro Fonte: IBGE 2
  • 3. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 trimestre do ano, ou seja, crescimento Consumo das famílias crescimento do crédito, o aumento nulo frente ao trimestre anterior. continua sendo o do salário mínimo real em um cenário propulsor do PIB de menores taxas de juros em 2012 O baixo crescimento desestimula a – como as divulgadas em abril pelos recuperação dos investimentos. A Do lado da demanda, os investimentos bancos com grande participação produção de bens de capital (PIM-PF/ deverão se recuperar com mais fôlego do governo – trará um impulso a IBGE) – setor que produz bens para no segundo semestre. Grande parte mais ao consumo. O problema, fins de investimentos – recuou 11,1% desse aumento estará ancorado nos novamente, se refere ao destino de no primeiro bimestre de 2012, na investimentos em infraestrutura na parte desse consumo e da compra de comparação com o último trimestre de queda da taxa de juros Selic e pelas 2011 – dados dessazonalizados. máquinas e equipamentos para fins novas medidas do Plano Brasil Maior. de investimento, que acabam sendo As crescentes dificuldades para o se- O consumo das famílias continua direcionados para as importações. tor industrial deterioram a percepção sendo o maior responsável pelo do empresário quanto ao cenário atual crescimento do PIB e a CNI estima O aumento das importações (no da economia brasileira. O indicador uma expansão de 4,0% desse conceito das Contas Nacionais de confiança do empresário industrial componente em 2012. O crescimento do IBGE) será o triplo (7,6%) do (ICEI/CNI), que mede essa percepção, do consumo das famílias está que o das exportações (2,5%). ficou abaixo de 50 pontos em março ancorado no aumento do emprego O crescimento mais intenso das em 23 dos 28 setores da indústria formal, expansão do crédito e das importações ocorre de forma contínua de transformação considerados pela medidas do governo de redução de nos últimos cinco anos. Com a pesquisa da CNI – valores abaixo de IPI em alguns setores – o que causa estimativa da CNI para o resultado 50 pontos indicam percepção negativa adiantamento de consumo. das importações e exportações de quanto ao cenário atual da economia 2012, o setor externo contribuirá brasileira. Cabe ressaltar que mesmo com negativamente com 0,7 ponto ligeira desaceleração da taxa de percentual no crescimento do PIB. Nesse sentido, a CNI acredita que o PIB industrial cresça à taxa de 2,0% em 2012. A indústria de transformação Estimativa da CNI para o PIB registrará o menor crescimento Variação percentual e contribuição dos componentes no PIB (1,5%) dentre os demais segmentos industriais. Um resultado que 2012 representa a metade do crescimento Componentes do PIB Taxa de Contribuição da economia brasileira. crescimento (%) (p,p,) Ótica da Consumo das famílias 4,0 2,4 A Sondagem Indústria da Construção demanda Consumo do governo 2,5 0,5 (CNI), que registrou atividade abaixo FBKF 5,6 1,1 do usual do segmento em todo Exportações 2,5 0,3 o segundo semestre de 2011, se (-) importações 7,6 -1,0 aproximou do praticado normalmente neste início de 2012. Ótica da Agropecuária 3,0 0,2 oferta Indústria 2,0 0,6 As obras de infraestrutura, como para a Copa do mundo, irão trazer maior Indústria extrativa 2,2 0,1 dinamismo ao setor de construção Indústria de transformação 1,5 0,2 nos próximos trimestres, o que Construção civil 3,3 0,2 deixa otimista as expectativas dos SIUP 2,4 0,1 empresários. Serviços 3,4 2,3 PIB pm 3,0 3
  • 4. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 emprego e renda Mercado de trabalho continua favorável mesmo com menor crescimento do emprego Ritmo de crescimento do emprego também afeta a modalidade formal O crescimento quase nulo do PIB ao a crescer em ritmo um pouco maior Esse desempenho é bastante inferior longo de todo o segundo semestre (2,0% e 1,9% frente aos mesmos meses ao dos serviços (+4,6%), comércio de 2011 trouxe impactos no ritmo de do ano anterior), porém mantendo (+2,1%) e administração pública crescimento de postos de trabalho. O desempenho abaixo da média. (+3,7%). O mercado de trabalho da emprego metropolitano (PME/IBGE) indústria continua sendo o mais afetado cresceu em ritmo cada vez menor no Indústria foi o setor que da economia. ano passado. Em dezembro a criação mais perdeu empregos de vagas desacelerou para 1,3% na O emprego formal, medido pelo nos últimos 12 meses Cadastro Geral de Empregados e comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que representa metade As indústrias extrativa, de Desempregados (CAGED/MTE), segue da variação média anual de 2,7% dos transformação e de produção e tendência semelhante de menor últimos oito anos. distribuição de eletricidade, gás e crescimento. Nos últimos 12 meses até água, reduziram em 55 mil postos de fevereiro, o fluxo líquido de novas vagas Nos dois primeiros meses de 2012, trabalho metropolitanos nos últimos formais foi de 1,4 milhão, o menor ritmo mesmo com a continuidade da fraca 12 meses findos em fevereiro, o de criação de empregos desde janeiro atividade econômica, o emprego voltou que representa uma queda de 1,5%. de 2010. Mesmo considerando que o PIB cresça em aceleração nos próximos trimestres, Emprego e população economicamente ativa (PEA) o mercado de trabalho não irá absorver Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%) mão de obra com a mesma velocidade Emprego cresce continuamente mais do que a força do que nos dois últimos anos. Ou seja, de trabalho são quase nulas as chances de um eventual superaquecimento do mercado 5 de trabalho em 2012. 4 Formalização da mão de 3 obra ainda em curso 2 Apesar de o emprego formal estar 1 perdendo ritmo de crescimento, o emprego informal continua 0 caindo nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras (PME/ -1 IBGE). Comparativamente ao mesmo -2 mês do ano anterior, o emprego com carteira do setor privado expandiu -3 5,4% em fevereiro. Já o emprego fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 sem carteira recuou 7,7% na mesma base de comparação. Essa Emprego PEA modalidade de emprego diminui na Fonte: IBGE 4
  • 5. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 comparação anual há 18 meses Rendimento médio real seguidos. A ocupação por conta Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%) própria também recuou em fevereiro (-0,3%) frente a fevereiro de 2011. Rendimentos voltar a crescer em aceleração nos dois primeiros meses de 2012 Com isso, a participação do emprego formal (empregos com carteira, 7 militares e de regime jurídico único) no 6 total da ocupação continuou crescendo e atingiu 61,8% em fevereiro – essa é a 5 maior participação do emprego formal 4 desde o início da série histórica da PME, em março de 2002. 3 Taxa de desemprego 2 média anual continua 1 em queda 0 Em condições normais, ou seja, sem choques na economia, a força -1 de trabalho (PEA) tende a seguir o fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 crescimento populacional (PIA), que na Fonte: IBGE PME/IBGE é composto pelas pessoas com 10 anos ou mais de idade. Atualmente, ambos indicadores estão crescendo em desaceleração. ponto percentual na comparação com expansão da renda real foi influenciado janeiro é sazonal. Entretanto, a taxa de também pelo aumento do salário mínimo, No caso da PIA, a taxa de natalidade desemprego de fevereiro de 2012 foi que é também usado como base de está caindo desde a década de 70. a menor quando comparada com os comparação nas negociações salariais de No caso da PEA, a própria menor mesmos meses de anos anteriores. ocupações informais e nos serviços. expansão da população, o aumento dos rendimentos reais, a alta cobertura A CNI trabalha com um cenário de Mesmo passada a influência do de programas assistencialistas do queda da taxa de desemprego a partir aumento do salário mínimo, o avanço governo e o aumento do emprego do segundo trimestre, de forma que a do emprego formal em velocidade formal são fatores que podem estar média anual desse indicador fique ainda acima do total da criação de empregos influenciando no menor crescimento da menor do que a registrada em 2011, continuará a pressionar os salários procura por trabalho. atingindo 5,5% em 2012. para cima, uma vez que esse tipo de Em fevereiro, a PEA aumentou 1,3% ocupação paga mais do que a média. na comparação com o mesmo mês Rendimentos reais do Assim, espera-se que o ritmo de do ano anterior (abaixo do avanço de trabalhador crescem mais crescimento da renda fique em torno 1,9% do emprego). A variação da PEA do que o PIB de 4,0% ao ano, em média. continua sistematicamente abaixo da Os rendimentos médios reais A expansão dos rendimentos e da expansão do emprego, o que resulta, habitualmente recebidos (PME/IBGE) formalização do mercado de trabalho diretamente, na queda da taxa de cresceram em aceleração nos dois aumentam a segurança financeira de desemprego pela própria construção primeiros meses de 2012. A variação um número maior de trabalhadores, o do indicador. frente ao mesmo mês do ano anterior que traz garantias de continuação do A taxa de desemprego atingiu 5,7% da passou de 2,7% em janeiro para 4,4% crescimento do consumo das famílias PEA em fevereiro. O aumento de 0,2 em fevereiro. O aumento do ritmo de ao longo de 2012. 5
  • 6. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 inflação, juros e crédito Queda da inflação contribui para menor Selic Todos os componentes do IPCA desaceleram em 2012 O cenário inflacionário mudou no início de 2011. Contudo, os aumentos nos preços meta desde março de 2010. Em março, 2012. O processo de desaceleração, ob- do grupo em novembro e dezembro de esse acumulado alcançou 8,2%, uma servado desde outubro do ano passado, 2011 foram substancialmente inferiores queda tímida frente ao nível de 9% do se intensificou no início do ano. O IPCA ao ano anterior, reduzindo a taxa acumu- fim de 2011. A inércia da inflação dos acumulado em 12 meses, que chegou a lada. Esse processo se manteve nos pri- serviços sustenta o IPCA ainda em alto 7,31% em setembro de 2011, encontra- meiros meses de 2012, alcançando 6,3% patamar. Essa inércia está vinculada, -se em 5,24% em março. em março. A queda nos preços interna- sobretudo, à alta indexação dos preços cionais das commodities e a desacelera- do grupo, principalmente ligados ao A desaceleração dos preços se deu em ção da economia em 2011 contribuem salário mínimo. A tendência para 2012 todos os quatro grandes grupos do IPCA: para esse cenário do grupo alimentos. é de desaceleração, mas dificilmente os alimentos, serviços, administrados e Para o restante do ano, contudo, espera- preços do grupo irão se situar abaixo do industriais. A nova ponderação do IPCA, -se uma leve aceleração, com aumentos teto da meta de inflação. que dá mais peso para os produtos nos preços superiores ao ano passado. industriais, também explica parte desse Os preços administrados começam a processo de desaceleração. A inflação dos serviços também desa- mostrar cenário mais positivo que em celerou, mas esse é o grupo que mostra 2011. No ano passado, observou-se Os alimentos passaram a ser o grupo de maior resistência. Seu peso no IPCA é aceleração do grupo, passando de uma menor peso no IPCA. O acumulado em 12 de cerca de 23%, e o acumulado em média de 4% em 2010 para 5,3%. Em meses chegou a ultrapassar os 10% em 12 meses se mantém acima do teto da março, o acumulado já caiu para 4,6%, e essa tendência deve se manter ao longo de 2012. A alta em 2011 foi motivada IPCA por grupos pelos componentes com cláusulas de Acumulado em 12 meses (%) reajustes em índices de preços, como o Desaceleração dos preços dos serviços é a menor entre IGP-M. Como o próprio IGP-M desacele- rou no ano passado (de 11,3% em 2010 os grupos para 5% em 2011), a expectativa é de 16 reajustes mais contidos em 2012. 14 Os preços dos produtos industriais 12 ganharam participação na ponderação do IPCA a partir de 2012, passando de 10 22,5% para 27%. Como esse vem sendo o grupo com inflação mais reduzida, seus 8 preços contribuem para um IPCA mais 6 baixo. Os preços do grupo, que já vinham em trajetória de desaceleração desde 4 setembro (quando atingiu 4,5% em 12 2 meses), intensificaram esse processo no início de 2012. Os três primeiros meses 0 do ano mostraram deflação do grupo, al- mar/08 set/08 mar/09 set/09 mar/10 set/10 mar/11 set/11 mar/12 cançando taxa acumulada em 12 meses Administrados Industriais Alimentação de apenas 2,2% em março. Serviços IPCA Essa queda nos preços ao consumidor Fonte: IBGE - Elaboração: CNI acompanha o já observado pelos preços 6
  • 7. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 ao produtor. O Índice de Preços ao Pro- Atraso maior do que 90 dias – pessoas físicas dutor (IPP), calculado pelo IBGE, também Percentual do total (%) se encontra em desaceleração. O índice Inadimplência aumenta entre pessoas físicas apresenta taxa acumulada em 12 meses de 0,77% em fevereiro, mostrando desa- 9,0 celeração desde março de 2011, quando 8,5 alcançou 6,82% de acumulado em 12 meses. Dos 19 setores industriais, sete 8,0 apresentam variação acumulada negativa em 12 meses. 7,5 Dessa forma, a inflação em 2012 será 7,0 menor do que em 2011. Esse cená- rio abriu espaço para as reduções na 6,5 Selic praticadas nas últimas reuniões do Copom, o que deve evitar queda mais 6,0 expressiva no acumulado do IPCA. Assim, a CNI prevê inflação em 2012 de 5,0%, 5,5 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 dentro da meta, mas ainda acima do centro de 4,5%. Fonte: Banco Central do Brasil - Elaboração: CNI Selic a um dígito até o fim patamar dos 9% não representa apenas O crédito à pessoa jurídica também mos- do ano a “taxa neutra” esperada pelo Copom, tra desaceleração, mas esse processo O Copom manteve no início do ano sua que balanceie o atendimento da meta se iniciou nos últimos meses de 2011: política de redução na taxa básica de juros de inflação e o estímulo à economia. É acumulado anual de 6,6% em fevereiro, – Selic. Em 2012 já foram dois cortes, também o piso institucional da Selic, uma contra 9,1% em agosto de 2011. que recolocaram a Selic em um dígito, vez que taxas inferiores tendem a tornar os títulos públicos menos atrativos que Um dos motivos dessa desaceleração é o alcançando 9,75% a.a.. O processo de os depósitos na poupança, dificultando a aumento nos índices de inadimplência. O continuidade da queda na taxa (que se capacidade do Governo de se financiar. indicador de atraso maior do que 90 dias iniciou em agosto de 2011) se baseou em das pessoas físicas, que era de 5,7% em três pontos: a piora no quadro internacional Assim, com Selic a 9% até o fim do ano dezembro de 2010, alcançou 7,6% em desde meados de 2011, a menor expansão e inflação esperada de 5%, a taxa real de fevereiro de 2012. O atraso maior do que da economia brasileira (principalmente na juros média do ano cairá dos 4,8% a.a. de 90 dias das pessoas jurídicas mantém-se indústria) e a desaceleração da inflação. 2011 para 4,0% a.a.. elevado, e começou a aumentar durante Os novos efeitos da crise são percebidos o ano de 2011 e início de 2012, alcançan- na economia. A indústria mostra dificulda- Concessão de crédito do 4,1% em fevereiro. des para crescer e a inflação será menor desacelera com aumento na Aliado ao aumento da inadimplência, o que em 2011. Contudo, o centro da inadimplência desaquecimento da economia também meta de 4,5% não deverá ser alcançado, A concessão de crédito livre de dire- contribui para a menor concessão. Do exigindo esforços do ponto de vista fiscal cionamento, tanto para pessoas físicas ponto de vista das pessoas físicas, o para evitar prejuízos futuros em termos como jurídicas, mostra desaceleração nos aumento no comprometimento de renda da trajetória de inflação. últimos meses. A desaceleração é mais (que passou de 19,9% em fevereiro de Para os próximos meses, A CNI espera forte na concessão às pessoas físicas, 2011 para 22,2% em fevereiro de 2012) e mais um corte na Selic, alcançando os e ocorreu desde 2011. Em fevereiro de a desaceleração do consumo das famílias 9% a.a., e se mantendo assim até o 2011 a concessão à pessoa física acumu- moderaram a demanda por crédito. Quanto fim do ano, como sinalizado pela Ata lava alta anual de 22%; em fevereiro de às pessoas jurídicas, o fraco desempenho do Copom. É importante atentar que o 2012 essa taxa caiu a 10,4%. da indústria contribui para esse cenário. 7
  • 8. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 política fiscal Despesas crescem menos que o esperado no primeiro bimestre Crescimento deve acelerar até o fim do ano A expectativa de uma política fiscal SIAFI) e a redução de 1,5% nas despesas foi impulsionado pelo incremento de fortemente expansionista, como resposta com pessoal. Por outro lado, as despesas 33,7% nas receitas não administradas ao baixo crescimento econômico, ainda impactadas pelo aumento do salário pela Receita Federal, determinado por não se confirmou nos primeiros meses mínimo mostraram forte crescimento: dividendos e compensações financeiras. de 2012. No Governo Federal o ritmo de previdência (6,5%) e benefícios As receitas administradas cresceram expansão dos gastos praticamente não assistenciais (11,2%). As despesas 5,1%. Nos estados e municípios, o ritmo se alterou em relação ao do final de 2011. dos estados e municípios diminuíram de crescimento das receitas até fevereiro Já nos governos regionais o crescimento seu ritmo de expansão para 2,4% no foi de 2,7%, na comparação com o das despesas foi significativamente primeiro bimestre de 2012, contra 5,8% mesmo período de 2011. menor. No entanto, em ambos os acumulados até dezembro de 2011 casos as despesas devem apresentar Dados esses comportamentos de receita aceleração nos próximos meses. e de despesa, o resultado primário do Crescimento das governo federal, que estava em 2,25% Entre os meses de janeiro e fevereiro, o receitas é impulsionado do PIB no acumulado em 12 meses gasto público federal teve aumento real por dividendos e até dezembro de 2011, passou para de 3,2% na comparação com o mesmo compensações financeiras 2,45% até fevereiro de 2012. No caso período de 2011. Merecem destaque Até fevereiro, a receita líquida do governo dos estados e municípios, o resultado no primeiro bimestre a forte queda de federal teve aumento real de 9,1% na primário manteve-se estável em 0,85% 27,3% nos investimentos (dados do comparação com 2011. Esse resultado do PIB. Dessa forma, o superávit primário do setor público consolidado subiu de 3,1%, em dezembro de 2011, para 3,3% Crescimento real das despesas do Governo Federal e do PIB do PIB no acumulado dos últimos 12 Taxa de crescimento real (%) meses encerrados em fevereiro de 2012. Despesas do Governo Federal deverá crescer mais que o PIB O aumento do superávit primário, e uma em 2012 ligeira queda nas despesas com juros, 12 proporcionaram uma queda do déficit nominal de 2,6%, em dezembro de 10 2011, para 2,3% do PIB, em fevereiro de 2012. Apesar disso, houve aumento da 8 relação Dívida Líquida/PIB, que passou de 36,4%, em dezembro de 2011, para 6 37,5% do PIB, em fevereiro de 2012. Esse crescimento foi determinado pela 4 desvalorização cambial verificada nos 2 dois primeiros meses do ano. 0 Governo Federal deve elevar ritmo de crescimento -2 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* das despesas Despesas primárias do Governo Federal PIB Nos próximos meses a tendência é que Fonte: Tesouro Nacional, IBGE e Banco Central do Brasil - * Estimativa CNI o ritmo de crescimento das despesas 8
  • 9. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 do Governo Federal se acentue e a Evolução da Dívida Líquida do Setor Público política fiscal tenha maior contribuição Em relação ao PIB (%) no crescimento da demanda. Esse Após dois anos de queda forte, endividamento público com relação aumento de gastos deve se concentrar nos investimentos, que observaram ao PIB deve cair apenas 0,4 ponto percentual em 2012 uma queda expressiva no primeiro 50 bimestre e para os quais se espera um crescimento próximo a 10,0% em 2012. Dessa forma, projetamos crescimento real de 4,9% para os gastos federais em 2012, na comparação com o mesmo período de 2011. 40 No que se refere à receita líquida do Governo Federal, a expectativa é de queda acentuada no ritmo de expansão até o final de 2012. Dois fatores devem contribuir decisivamente para esse comportamento. O primeiro são as 30 desonerações tributárias anunciadas 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* pelo Governo Federal no âmbito das Fonte: Banco Central do Brasil - * Estimativa CNI novas medidas do Plano Brasil Maior, que devem atingir cerca de R$ 5,0 bilhões até o fim do ano. O segundo Nos governos regionais, tanto despesas primário e a expectativa é que o déficit fator é a não reedição do volume de como receitas devem ampliar o ritmo de público nominal – resultado total do receitas extraordinárias obtido em crescimento até o fim do ano. Assim, setor público – se reduza de 2,6%, em 2011. Estimamos em cerca de R$ 16,0 não esperamos grande alteração no 2011, para 2,45% do PIB, em 2012. bilhões o montante de recursos que não resultado primário observado nos últimos 12 meses e projetamos superávit A relação Dívida Líquida/PIB deverá deve se repetir em 2012. Com isso, o primário de R$ 38,0 bilhões (0,85% do manter a tendência de queda crescimento real da receita líquida deve observada desde 2010. Entretanto, ser de apenas 2,9%. Na ausência desses PIB) para esses entes governamentais. Assim, o superávit primário projetado apesar da redução do déficit nominal, dois fatores, a receita líquida cresceria o endividamento público em relação 5,5% em termos reais. para o setor público consolidado em 2012 é de R$ 123,0 bilhões (2,75% do ao PIB deve cair menos que nos Nesse cenário, o superávit primário PIB), abaixo da meta cheia de R$ 139,8 anos anteriores devido ao menor estimado para o Governo Federal e bilhões (3,1% do PIB). crescimento do PIB nominal e ao ajuste suas estatais em 2012 é de R$ 85,0 cambial. No caso do crescimento do O resultado esperado para o superávit PIB nominal, a redução do deflator bilhões (1,9% do PIB estimado pela CNI). primário em 2012 representa uma implícito, determinada pela menor Para atingir a meta cheia do resultado queda em relação ao observado em taxa de inflação em 2012, não será primário – sem descontos das despesas 2011 (3,1% do PIB). Entretanto, as compensada pelo maior crescimento do PAC – o Governo Federal deveria despesas com juros devem ter uma real. Já o ajuste cambial, que em 2011 promover contingenciamento adicional redução substancial em relação ao teve impacto negativo na relação Dívida de R$ 12,0 bilhões. Porém, dados o observado em 2011 devido à diminuição Líquida/PIB, em 2012 deve pressionar contingenciamento inicial de R$ 35,0 da taxa Selic. Estimamos que o para cima a relação devido à taxa de bilhões e a intenção de utilizar a política pagamento de juros caia de 5,7% do câmbio média mais alta que a de 2011. fiscal para aumentar o crescimento PIB, em 2011, para 5,2%, em 2012. Dessa forma, a relação Dívida Líquida/ econômico, dificilmente nova contenção A menor despesa com juros mais que PIB deve cair de 36,4%, no fim de 2011, de despesas será anunciada. compensará a queda do superávit para 36,0%, em dezembro de 2012. 9
  • 10. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 setor externo e câmbio Preços determinarão saldo comercial no ano Câmbio inicia ano com desvalorização O real inicia o ano de 2012 com des- Do lado externo, as perspectivas para longos períodos fora da faixa entre R$ 1,85/ valorização. Frente ao dólar, a taxa de os EUA sugerem, a princípio, que o US$ e R$ 1,75/US$ ao longo do ano. A câmbio média do primeiro trimestre do longo período de enfraquecimento do média anual deverá ser próxima a R$ 1,80/ ano encontra-se 6,0% acima da média dólar – um dos fatores que estimulam US$. Esse é um patamar semelhante ao registrada em 2011. Excetuando-se 2009, a valorização da moeda brasileira – observado no fim de 2008. desde 2004 o ano se iniciou com valori- poderia estar chegando ao fim. Há uma zação do real frente ao dólar. A taxa de sinalização de que não serão necessários Desempenho das câmbio real, deflacionada pelo IPA, mostra novos afrouxamentos monetários e a exportações dependerá da desvalorização de 6,2%, comparando os atividade econômica do país mostra evolução dos preços primeiros bimestres de 2011 e 2010. melhora. Não há, contudo, perspectivas As exportações alcançaram US$ 55,0 de que haverá uma reversão rápida ou O principal fator para essa evolução é de bilhões no acumulado até março de 2012, intensa para o fortalecimento da moeda origem doméstica, com a queda dos juros um crescimento de 7,5% na comparação americana: os juros no país continuarão e as elevações da tributação sobre entrada com o primeiro trimestre de 2011. Ao muito baixos e o déficit em conta de capitais no Brasil. A continuidade da analisar os produtos exportados por fator corrente do país continua elevado. queda e as indicações governamentais agregado, nota-se que os semimanufa- de que há disposição para adotar novas Dessa forma, salvo mudanças bruscas turados registraram a menor expansão medidas de controle caso se mostrem no cenário mundial, esperamos a relativa nessa comparação (4,0%), enquanto necessárias, devem sustentar o câmbio estabilidade do dólar no patamar atual. A básicos e manufaturados registraram em um patamar desvalorizado. taxa de câmbio não deverá se situar por variação um pouco maior (7,6% e 7,7%, respectivamente). Evolução da taxa de câmbio real / dólar O volume exportado total cresceu no primeiro trimestre 5,5% na comparação Cotações de fechamento PTAX (R$/US$) com igual período de 2011. O crescimento Real interrompe trajetória de valorização é mais forte entre os básicos (9,9%), ante uma expansão de somente 2,3% dos 2,40 produtos semimanufaturados e 1,9% dos 2,30 manufaturados. 2,20 Quanto aos preços, a tendência recente é 2,10 de redução. O índice de preço da Funcex atingiu seu pico histórico em agosto de 2,00 2011, mas apresenta queda de 7,5% nessa 1,90 comparação. O recuo é intenso especial- 1,80 mente nos produtos básicos – influencia- dos principalmente pelo minério de ferro. 1,70 Os básicos registram queda de 12,6% nos 1,60 preços desde o pico em agosto de 2011. 1,50 O desempenho das exportações em mar/08 jul/08 nov/08 mar/09 jul/09 nov/09 mar/10 jul/10 nov/10 mar/11 2012 será determinado, principalmente, Fonte: BACEN 10
  • 11. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 pela trajetória dos preços, uma vez que Índice de quantum das importações o crescimento do volume exportado Variação da média em 12 meses ante os 12 meses anteriores não será muito diferente do observado em 2011. O cenário dos preços das Ritmo de expansão do volume importado está commodities apresenta grande incerteza, desacelerando caracterizado por fortes variações principalmente entre as agrícolas. 40,0 36,7 Supondo crescimento moderado dos 35,0 preços em 2012, as exportações devem fechar o ano em torno de US$ 275 30,0 bilhões – crescimento de 7,4% em 25,0 relação a 2011. 20,0 Importações crescem mais 15,0 que exportações 10,0 As importações totalizaram US$ 52,6 6,7 bilhões em 2012 até março, valor 9,5% 5,0 superior ao registrado em 2011, com 0 destaque para o crescimento de bens de jan/11 mar/11 mai/11 jul/11 set/11 nov/11 jan/12 mar/12 consumo não-duráveis (22,1%) e combus- Fonte: Funcex tíveis (16,8%). Os preços de importação em geral estão 6,3% maiores em relação ao início de O ritmo de crescimento das importações Déficit em transações 2011. Combustíveis e bens de consumo em 2012 deverá ser menor que em 2011, correntes em trajetória de duráveis lideram o crescimento: mas continuará superior à expansão crescimento moderado expansões de 17,2% e 10,8%, das vendas externas. A taxa de câmbio Em 12 meses findos em fevereiro de 2012, respectivamente. e as condições da demanda brasileira o déficit em transações correntes alcançou continuarão a estimular a importação US$ 52,4 bilhões, o equivalente a 2,09% O ritmo de expansão do volume importado de bens de consumo. As compras de do PIB. O déficit acumulado no ano é US$ está desacelerando. O volume das com- insumos deverão refletir a atividade 8,8 bilhões, 2,4% menor que em 2011. pras externas cresceu 3,0% na compa- industrial mais fraca, mas mostrarão ração com o primeiro trimestre de 2011, algum crescimento. Os preços de Os saldos de lucros e dividendos, viagens enquanto em 12 meses o crescimento importação dos produtos industriais e transportes deverão manter-se relati- alcança 12,9%. Ressalte-se a perda de deverão manter-se moderados, devido vamente constantes, reagindo ao câmbio ritmo nas compras de bens de consumo, ao baixo crescimento da demanda nos mais desvalorizado que em 2011 e à que mostram estabilidade nos últimos países desenvolvidos. Por outro lado, demanda doméstica mais fraca. Assim, meses, após registrarem expressivas altas os preços de combustíveis deverão o déficit em transações correntes deverá ao longo de 2011. manter-se mais altos, especialmente aumentar moderadamente ao longo do na comparação com a média de 2011. ano, por conta do menor saldo comercial. As compras de intermediários refletem o Espera-se déficit em transações correntes Assim, as importações deverão totalizar mau momento da indústria e mantêm-se de US$ 58 bilhões, cerca de 2,32% do US$ 255 bilhões – crescimento de 12% estáveis. Contudo, a participação de im- PIB – alta de 0,2 pontos percentuais em em relação a 2011. portados nos insumos industriais cresceu relação a 2011. Já com relação ao inves- em 2011, alcançando 21,7%, ante 19,1% Com isso, o saldo comercial será menor timento estrangeiro direto, a tendência é no ano anterior, segundo levantamento da que em 2011: US$ 20,8 bilhões, contra de que esse permaneça contribuindo para CNI em parceria com a Funcex. US$ 29,8 bilhões no ano passado. financiar o déficit em transações correntes. 11
  • 12. Ano 28, n. 01, janeiro/março de 2012 perspectivas da economia brasileira 2012 2012 2010 2011 projeção anterior projeção dezembro/12 Atividade econômica PIB 7,5% 2,7% 3,0% 3,0% (variação anual) PIB industrial 10,4% 1,6% 2,3% 2,0% (variação anual) Consumo das famílias 6,9% 4,1% 4,0% 4,0% (variação anual) Formação bruta de capital fixo 21,3% 4,7% 5,0% 5,6% (variação anual) Taxa de Desemprego 6,7% 5,9% 5,8% 5,5% (média anual - % da PEA) Inflação Inflação 5,9% 6,5% 5,2% 5,0% (IPCA - variação anual) Taxa de juros Taxa nominal de juros (taxa média do ano) 9,90% 11,76% 10,12% 9,39% (fim do ano) 10,75% 11,00% 10,00% 9,00% Taxa real de juros 4,6% 4,8% 4,4% 4,0% (taxa média anual e defl: IPCA) Contas públicas Déficit público nominal 2,55% 2,61% 2,60% 2,45% (% do PIB) Superávit público primário 2,77% 3,10% 3,00% 2,75% (% do PIB) Dívida pública líquida 40,2% 36,4% 38,6% 36,0% (% do PIB) Taxa de câmbio Taxa nominal de câmbio - R$/US$ (média de dezembro) 1,69 1,83 1,80 1,80 (média do ano) 1,76 1,67 1,80 1,80 Setor externo Exportações 201,9 256,0 275,4 275,4 (US$ bilhões) Importações 181,6 226,2 254,6 254,6 (US$ bilhões) Saldo comercial 20,3 29,8 20,8 20,8 (US$ bilhões) Saldo em conta corrente -47,5 -52,9 -56,0 -58,0 (US$ bilhões) INFORME CONJUNTURAL | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Política Econômica | Gerente executivo: Flávio Castelo Branco | Equipe técnica: Danilo César Cascaldi Garcia, Fábio Bandeira Guerra, Isabel Mendes de Faria Marques, Marcelo de Ávila, Marcelo Souza Azevedo e Mário Sérgio Carraro Telles | Informações técnicas: (61) 3317-9468 | Supervisão gráfica: DIRCOM | Impressão e acabamento: Reprografia Sistema Indústria | Normalização bibliográfica: ASCORP/GEDIN | Assinaturas: Serviço de Atentimento ao Cliente SAC: (61) 3317-9989 - sac@cni.org.br SBN Quadra 01 Bloco C Ed. Roberto Simonsen Brasília, DF - CEP: 70040-903 www.cni.org.br. | Autorizada a reprodução desde que citada a fonte. Documento elaborado em 11 de abril de 2012. 12