O documento discute a situação da economia brasileira em 2010. A economia brasileira se recuperou da crise de 2008, com o PIB crescendo 7,6% em 2010, impulsionado principalmente pelo consumo das famílias. Apesar do forte crescimento da demanda doméstica, a indústria enfrentou dificuldades para acompanhar esse ritmo, em parte devido à valorização cambial. Os setores industriais tiveram recuperações heterogêneas da crise, com alguns ainda não tendo retornado aos níveis pré
Apresentação | Propostas da Indústria para as Eleições 2014
Balanço da economia brasileira em 2010: demanda doméstica impulsiona crescimento do PIB
1. ECONOMIA BRASILEIRA
ISSN 1676-5486
Edição Especial do Informe Conjuntural Ano 26 Número 04 dezembro de 2010 www.cni.org.br
Restrições à competitividade TEMA ESPECIAL 4
limitam crescimento da indústria A indústria dois anos após a crise:
Situação é heterogênea entre os
setores industriais
O Brasil retomou o ciclo de expansão O balanço da manufatura nos dois anos
interrompido com a crise internacional. O pós-crise mostra que os segmentos
crescimento de 7,6% do PIB em 2010 é, sujeitos à competição internacional, tanto ECONOMIA
inclusive, o mais expressivo da década. nos mercados globais como no mercado
A indústria mostra o melhor desempenho doméstico, seguem em dificuldades. As
BRASILEIRA EM 2010
entre os setores de atividade. perdas são concentradas na indústria, o
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que torna sua percepção pela sociedade
Ainda assim, há descompasso entre a evolu- mais difícil. A continuidade desse processo
ção da demanda doméstica e da produção.
atividade econômica
terá como conseqüência uma indústria PIB tem o maior crescimento
O forte ritmo de expansão do investimento e menor e menos diversificada. da década
do consumo não tem alcançado na mesma
intensidade a produção da indústria de Essas dificuldades refletem não apenas
transformação. Essa avaliação fica nítida no uma situação conjuntural mundial desfa-
segundo semestre, quando o crescimento
da indústria se reduziu.
vorável, mas também o pouco avanço na
agenda da competitividade, que foi esque-
emprego e salário
Mercado de trabalho em seu
13
cida no ciclo de expansão anterior à crise.
A valorização cambial está na raiz desse melhor momento
A retomada dessa agenda é crucial na
problema. Reverter esse processo não estratégia de longo prazo para consolidar
16
é trivial. O câmbio valorizado tem suas uma indústria de alto valor agregado, diver-
funções na economia. De um lado, sificada e integrada ao mercado global. inflação, juros e
favorece o controle da inflação e o
O desafio da política econômica é compa- crédito
acesso a bens e insumos importados. De
tibilizar essa estratégia com as ações de Preços dos alimentos ditam a
outro, viabiliza a absorção de poupança
curto prazo necessárias para assegurar o inflação de 2010
externa em uma economia de baixa taxa
de poupança. crescimento. É indispensável rever o tripé
Essa situação é uma ameaça ao processo
macroeconômico (meta de inflação, câmbio
flutuante e metas fiscais) com a adoção de política fiscal
Forte aumento dos gastos
20
de crescimento sustentado. A provável metas fiscais críveis e ambiciosas, para mi-
alta dos juros, em resposta à aceleração nimizar o esforço da política monetária. Essa públicos impõe maior custo à
da inflação, irá criar maior pressão sobe o nova calibragem exige firmeza na execução política monetária
câmbio, exacerbando as dificuldades de do orçamento federal de 2011, com maior
competição dos produtos brasileiros. contigenciamento de despesas correntes.
setor externo 24
7
Comércio exterior
PERSPECTIVAS 2011 brasileiro recupera níveis
Crescimento do PIB em 2011 será menor que em 2010 pré-crise
2. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
balanço 2010
Demanda doméstica impulsiona PIB de 2010
Após queda de 0,6% do PIB em à competição internacional –, o Os segmentos onde as importações
2009, a economia brasileira deverá crescimento acentuado da demanda cresceram mais intensamente são
crescer 7,6% em 2010. O motor dessa foi atendido, de forma crescente, pelas Confecção de artigos de vestuário e
superação foi a demanda doméstica. importações. acessórios, Veículos automotores,
reboques e carrocerias, Produtos
O intenso aumento da demanda Dos 26 setores da indústria pesquisados minerais não-metálicos, Máquinas,
foi motivado por políticas de pela PIM-PF/IBGE, 12 ainda não aparelhos e materiais elétricos, Móveis
transferência de renda, aumento do conseguiram registrar crescimento da e indústrias diversas e Produtos têxteis.
salário mínimo, aumento do emprego produção industrial na comparação
formal, crescimento da massa salarial entre 2010 e o período anterior à crise. Apesar da desaceleração observada
e do crédito pessoa física. Todos Entre os mais afetados, destacam-se os nos últimos meses, a indústria registrou
esses indicadores se encontram em setores Material eletrônico, aparelhos níveis históricos de crescimento,
patamares superiores ao pré-crise. e equipamentos de comunicação, chegando a alcançar uma variação de
Madeira e Metalurgia básica. 10,9% no PIB em 2010.
Impulsionado por esses fatores, o
consumo das famílias, que alcançará O mesmo não se viu com o setor de
Fluxo comercial
expansão de 7,9% em 2010, responde serviços. Nesse a demanda mais forte
pela maior parte do crescimento do PIB implicou necessariamente no aumento brasileiro atinge níveis
em 2010. Outro fator determinante para da atividade. históricos
o aumento da demanda foi o desempe-
nho dos investimentos ao longo do ano. Verificamos assim que o país não O valor das exportações cresceu em
aproveitou plenamente o intenso torno de 30% em 2010. O ganho nas
Nesse sentido, a CNI estima que aquecimento da demanda doméstica, receitas de exportação foi gerado
a formação bruta de capital fixo que cresceu de forma mais acentuada principalmente pelo aumento dos preços
cresça 24,5% no ano e o peso dos no primeiro trimestre deste ano. internacionais das commodities.
investimentos no PIB seja de 19,6%,
o que cria a expectativa de um ciclo A apreciação da moeda doméstica A quantidade exportada cresceu apenas
virtuoso de crescimento para o país. não permitiu uma resposta mais 8%, sendo que grande parte desse
intensa da indústria que perdeu crescimento concentrou-se em produtos
A expansão da demanda doméstica participação no mercado para básicos. Nesse sentido, é importante
beneficiou todos os setores da produtos importados. Esse fato é destacar a inversão na pauta de
economia. Entretanto, para a verificado no crescimento de 35,6% exportação. Pela primeira vez em mais
indústria, em especial a indústria das importações em 2010, pela de 30 anos, as exportações de produtos
de transformação – mais sujeita metodologia das Contas Nacionais. básicos irá superar a de manufaturados.
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Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
A questão cambial tem uma importante
influência para esse resultado. A eleva- Exportação brasileira por categoria de produto
da entrada de dólares continua apre- Participação sobre o total (%)
ciando o real de forma gradativa, o que Exportações de produtos básicos superam as de
representa uma forte ameaça à indústria manufaturados em 2010
nacional. A apreciação acumulada des- 90
de o final de 2008 abriu espaço para um 80
forte ingresso de produtos importados 70
(bens intermediários, de capital e finais). 60
50
Se, por um lado, esse movimento traz
40
um visível benefício para o consumidor
30
nacional – além de facilitar o controle
20
inflacionário –, por outro, os prejuízos à
produção industrial são marcantes. 10
0
1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010*
A recuperação da economia também Básicos Semimanufaturados Manufaturados
pode ser observada pelo bom momento Fonte: MDIC/SECEX
do mercado de trabalho. No acumulado * Estimativa CNI
de janeiro a outubro de 2010 foram
criados 2,4 milhões de empregos com
carteira assinada, o que representa o contrapartida, a volatilidade dos preços cresceram 11,4% entre janeiro e
dobro do fluxo registrado no mesmo dos grupos administrados, industriais e outubro de 2010, com relação ao
período em 2009. serviços se mantiveram relativamente mesmo período do ano anterior. Esse
estáveis. Assim, a previsão é de que o crescimento foi ainda mais significativo
O emprego na indústria cresce a despei-
IPCA feche o ano em 5,8%, acima do tendo em vista a política fiscal
to da moderação da atividade industrial
centro da meta de 4,5% para 2010. expansionista de 2009, que foi usada
no segundo trimestre de 2010. Esse
como medida de contenção da crise.
fato pode ser explicado em um primeiro Por conta desse quadro, o Copom
momento pela redução da ociosidade e, iniciou em abril deste ano um ciclo de Por conta disso, a meta de superávit
em seguinda, pela ampliação do parque altas na taxa básica de juros fazendo a primário só foi cumprida pelo ingresso de
produtivo, visando atender a crescente Selic alcançar 10,75% a.a. em agosto. recursos do processo de capitalização da
demanda interna do país. Somado a isso, medidas de aumento no Petrobras. Dessa forma, o superávit pri-
compulsório dos bancos para reduzir o mário deve atingir 2,30% do PIB em 2010,
Na questão inflacionária, destacamos
excesso de liquidez de crédito também acima da meta ajustada de 2,15% do PIB.
que a maior volatilidade no IPCA se deu
foram empregadas em dezembro.
basicamente por conta da flutuação nos Além de impor dificuldade ao cumpri-
preços dos alimentos. Esse grupo atin- Por fim, o crescimento da demanda mento da meta fiscal, o forte aumento
giu expansão de 9,2% no acumulado de em 2010 contou com forte expansão do gasto público impôs maior custo à
12 meses até novembro de 2010. Em fiscal. Os gastos do Governo Federal política monetária no controle da inflação.
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tema especial: a indústria dois anos após a crise
Situação é heterogênea entre os setores
industriais
A crise internacional, que se instaurou
após setembro de 2008, ocasionou uma Taxa de crescimento da produção dos setores da indústria de
transformação
série de problemas à indústria de trans-
Variação entre jan-set 2010 e jan-set 2008 (%)
formação brasileira. Passados dois anos
Diversos setores ainda não se recuperaram
do início desse período, pode-se avaliar,
totalmente da crise
a partir dos dados relativos à produção,
exportação, importação, faturamento e Bebidas
emprego, como os diversos setores da Farmacêutica
indústria se encontram. Perfum., sabões, deterg. e prod. de limpeza
Outros equip. de transporte
A principal conclusão é a grande hetero- Equip. de instrum. méd.-hospitalar,
ópticos e outros
geneidade de recuperação dos diversos Alimentos
setores da indústria de transformação em Produtos de metal
relação ao período pré-crise (acumulado Minerais não metálicos
de janeiro-setembro de 2008). Constata- Mobiliário
-se que existe espaço para reabilitação Diversos
da produção e das exportações em Celulose, papel e prod. de papel
determinados ramos e uma entrada Outros prod. químicos
considerável de produtos importados em Veículos automotores
diversos segmentos industriais. Máq. para escrit. e equip. de informática
Edição, impr. e reprod. de gravações
Produção setorial se Refino de petróleo e álcool
recupera parcialmente Máquinas e equipamentos
Vestuário e acessórios
da crise Borracha e plástico
Têxtil
Analisando os efeitos da crise em cada Calçados e artig. de couro
setor a partir da produção industrial (PIM- Metalurgia básica
-PF/IBGE), tem-se o seguinte cenário: na Madeira
comparação com o ano de 2009, dos 26 Fumo
setores analisados, 24 apresentam cres- Máq., apar. e materiais elétricos
cimento da produção, com destaque para Material eletr., apar. e equip. de comunicações
Máquinas e equipamentos, Veículos auto- -30 -20 -10 0 10 20 30
motores, Produtos de metal e Metalurgia
Fonte: PIM/IBGE
básica – todos com taxa de crescimento
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superior a 20% na comparação entre realça a perda de mercado externo das
Importações
janeiro e setembro de 2010 e 2009. Os indústrias nacionais, refletindo tanto o
dois primeiros setores receberam fortes câmbio apreciado, como a queda de dina- superaram período
estímulos de políticas públicas no período mismo do comércio internacional. pré-crise na grande
de crise, como redução de impostos
(IPI) e/ou juros mais baixos. Todavia, na Os setores com queda mais expressiva maioria dos setores
comparação entre o período de 2010 e nas exportações (superior a 20,0%)
Nas importações o cenário é de aumento
2008, dos 26 setores, 12 apresentam frente a 2008 são Outros equipamentos
de transporte, Material eletrônico e de do valor importado para todos os setores
taxa negativa, ou seja, não recuperaram o
comunicações, Produtos de madeira, frente a 2009. Em relação ao mesmo
nível de produção do pré-crise.
Confecção de artigos do vestuário e período de 2008, dos 22 setores pesqui-
Os principais ramos industriais com acessórios, Metalurgia básica (um dos sados, 17 cresceram. Esse fato demons-
produção inferior ao período pré-crise são principais setores da pauta de expor- tra o aumento da entrada de produtos im-
Material eletrônico, aparelhos e equipa- tação nacional) e Edição, impressão portados de variados setores da indústria
mentos de comunicações, Máquinas, apa- e reprodução de gravações. Os três de transformação na economia nacional,
relhos e materiais elétricos, Fumo, Madeira setores com crescimento das exporta- que ocorreu em função principalmente
e Metalurgia básica – todos com nível ções em relação a 2008 são Celulose, do câmbio valorizado e do aquecimento
5,0% inferior a 2008. Na mesma base de papel e produtos de papel, Produtos do mercado doméstico. Os setores em
comparação, os setores que melhor se alimentícios e bebidas e Produtos quí- que as importações superaram o período
recuperaram são Bebidas, Farmacêutica, micos – setores com grande participa- pré-crise em mais de 20,0% são Confec-
Perfumaria, sabões, detergentes e produ- ção na pauta de exportação brasileira. ção de artigos do vestuário e acessórios,
tos de limpeza e Outros equipamentos de
transporte – com taxas de crescimento su-
periores a 5,0%. Esses setores (à exceção
Setores com melhor desempenho após a crise
de Outros equipamentos de transporte)
Variação entre jan-set 2010 e jan-set 2008 (%)
estão ligados ao aquecimento da econo-
mia doméstica e ao crescimento do poder
Alguns setores demonstram boa recuperação depois de serem
afetados pela crise
de compra da classe C.
15,9
Exportações estão 8,7
11,4
11,0
10,7
9,4
10,9
7,9 7,2 8,3
abaixo do nível de 2008 1,6
3,9
2,9 2,4
Outro indicador importante da evolução
dos setores da indústria é o valor das
exportações e das importações (SECEX/ -9,7
MDIC). Os dados das exportações no
acumulado janeiro-setembro demonstram -19,4
que, dos 22 setores analisados, apenas Celulose, papel e
Alimentos e bebidas Produtos químicos Produtos de metal
produtos de papel
dois apresentam queda entre 2010 e
2009. Frente ao mesmo período de 2008, Exportação Importação Faturamento Emprego
19 desses 22 setores exibem variação Fonte: SECEX / MDIC e CNI.
Elaboração: CNI
negativa nas exportações. Essa situação
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Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
tema especial: a indústria dois anos após a crise
Veículos automotores, reboques e carroce- mentos de transporte, Couros e calçados com maior contratação são Produtos de
rias, Produtos de minerais não-metálicos, e Vestuário. Os setores que ainda não metal, Alimentos e bebidas, Minerais
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, se recuperaram em relação ao período não-metálicos e Máquinas, aparelhos
Móveis e indústrias diversas e Produtos pré-crise são os de Madeira, Metalurgia e materiais elétricos – todos acima
têxteis. Esses são segmentos da indústria básica, Refino e álcool e Material eletrô- de 5,0%. Esses setores apresentam
que, na sua maioria, estão fortemente liga- nico e de comunicação. Esses são ramos crescimento do faturamento e da
dos ao atendimento do mercado interno. industriais onde a produção e exportação produção (à exceção de Máquinas,
ainda estão abaixo do nível de 2008. aparelhos e materiais elétricos) em
Quanto ao faturamento (Indicadores
relação a 2008. Os segmentos industriais
Industriais - CNI), nota-se que em relação A situação do indicador de emprego
onde o emprego ainda é inferior ao
a 2009, de 19 setores considerados, 17 (Indicadores Industriais - CNI) é diferente:
mesmo período de 2008 são Madeira,
apresentam crescimento. Os setores que 18 dos 19 setores superaram o número
Vestuário, Outros equipamentos de
mais se destacam nessa comparação de empregados em relação a 2009. Os
transporte, Material eletrônico e de
setores que mais se destacam são os de
são Edição e impressão, Máquinas e comunicação e Metalurgia básica.
Produtos de metal, Material eletrônico
equipamentos e Veículos automotores. Já
e de comunicação, Couros e calçados e
com relação a 2008, são 14 setores com
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Setores com forte
crescimento do indicador. Os mais ex-
pressivos (crescimento superior a 15,0%) Na comparação com 2008, 11 setores participação na
são Edição e impressão, Outros equipa- exibiram variação positiva. Os setores produção tem melhor
desempenho
Setores que não se recuperaram totalmente da crise A partir da análise dos diversos indicado-
Variação entre jan-set 2010 e jan-set 2008 (%) res acima, os setores com situação mais
Alguns setores tem exibido maior dificuldade de se recuperar favorável em relação ao período pré-crise
dos efeitos da crise são Alimentos e bebidas, Produtos quími-
24,4
cos, Produtos de metal e Celulose, papel e
17,2
13,1 produtos de papel. Esses são setores com
forte participação na produção e exporta-
2,6 3,8
0,1
ção (à exceção de Produtos de metal) na
-1,3
-4,8 -4,0 -4,6
-2,0 economia nacional. Nos dados analisados
-7,5
-10,5 verificou-se que esses ramos exibiram
-17,5 crescimento em relação a janeiro-setem-
-20,5
-23,8 -23,4 bro de 2008 tanto em produção como em
-29,6
-35,4 exportação. Outros ramos da indústria
-39,4
ainda não conseguiram se recuperar
Material eletr.,
Madeira
Borracha e Metalurgia
apar. e equip. de Têxtil
totalmente do período de crise: Madeira,
plástico básica
comunicações Material eletrônico, aparelhos e equipa-
Exportação Importação Faturamento Emprego
mentos de comunicações, Metalurgia
Fonte: SECEX / MDIC e CNI.
Elaboração: CNI básica, Têxtil e Borracha e plástico.
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7. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
P E R S P E C T I V A S 2011
Crescimento do PIB em 2011 será
menor que em 2010
Passada a crise financeira e a euforia industriais para o próximo ano, iii. Setor externo: é esperada a
da recuperação vista no início do ano, o que contribuiria de forma continuação do efeito adverso do
a economia brasileira caminha em significativa para a ampliação da vazamento da demanda doméstica
uma trajetória de convergência ao seu capacidade produtiva em 2011. Por para fora do país. O crescimento
potencial de crescimento. conta disso, a atividade industrial das importações acima do da
deverá crescer um pouco acima produção industrial levará à perda
A estimativa da CNI para a expansão de 1,0% em média por trimestre de participação da indústria no
da economia é de 4,5% em 2011. ao longo de 2011, de forma a mercado doméstico. Além disso,
Três fatores explicam esse ritmo de registrar uma expansão do PIB a menor reação das exportações
crescimento: industrial de 4,5%. reduz o saldo da balança comercial.
i. Consumo das famílias: o
forte aumento da demanda PIB e PIB industrial
interna continuará sustentando Variação frente ao ano anterior (%)
o crescimento, dada a Taxas de crescimento do PIB total e da indústria
expectativa de continuidade coincidem em 2011
de expansão do mercado de 12
trabalho. Com isso, o consumo 10
das famílias continuará 8
expandindo ancorado também 6
no crescimento do crédito e 4
nos programas de transferência 2
de renda. 0
-2
ii. Investimentos: esse componente -4
do PIB não deverá crescer da -6
mesma forma que em 2010, -8
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011*
mas há grande expectativa em
PIB PIB industrial
relação a novos investimentos
Fonte: IBGE
por parte das empresas * Estimativas CNI
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8. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
perspectivas 2011
Para 2011, a CNI estima menor O governo continuará insistindo em A redução do caráter expansionista
crescimento das importações (de medidas de contenção de curto prazo da política fiscal deverá requerer
35,6% em 2010 para 23,3% em 2011). para impedir a valorização do real em menor elevação na taxa básica de
Já as exportações deverão crescer em 2011, como acúmulo de reservas e juros. A previsão da CNI é que a Selic
ritmo muito próximo ao de 2010. aumento de tributação sobre aplicações encerre 2011 em 12,00 % a.a..
em carteira no Brasil.
Esses movimentos farão com que a Gastos deverão
contribuição do setor externo para a Para conter essa tendência, o Governo
variação do PIB passe de -2,7 pontos poderia focar em medidas de longo ser revistos para
percentuais (p.p.) em 2010 para em prazo para aumentar a poupança 2011
-2,0 p.p. em 2011. interna, começando pela contenção do
crescimento de gastos correntes do Caso não haja alterações na proposta
Cenário cambial com setor público. orçamentária, o caráter expansionista
da política fiscal deverá permanecer
pouca alteração em O saldo comercial deverá continuar para o próximo ano e mais uma vez a
2011 refletindo a valorização da taxa de conta pelo controle da inflação deve
câmbio. Em 2010, o saldo foi de ser paga pela política monetária.
O fluxo de investimento estrangeiro US$15 bilhões e a previsão para 2011
direto continuará forte em 2011, dada a Entretanto, o cumprimento da
é de US$ 4 bilhões. Em contrapartida,
maior atratividade do Brasil no cenário meta fiscal requer corte de R$ 19
o déficit em conta corrente deverá
mundial. Essa será uma condição bilhões nas despesas previstas na
atingir 3,0% do PIB em 2011, um
importante para financiar o déficit em proposta orçamentária. Com isso, o
aumento substancial frente a 2,4%
transações correntes, o que reduz ritmo de crescimento das despesas
registrado em 2010.
a probabilidade de crise nas contas deve ficar próximo do crescimento
externas no curto prazo. real esperado para o PIB,
Mudança na reduzindo o caráter expansionista da
No entanto, a entrada de capitais
estrangeiros continuará com o processo
dinâmica da inflação política fiscal.
de valorização do real, o que dificulta em 2011 A CNI estima que em 2011 o setor
um crescimento mais intenso da público deve obter superávit primário
As medidas de restrição ao crédito de 2,2% do PIB. A queda do superávit
produção industrial doméstica.
definidas pelo Banco Central e a primário e o aumento das despesas
O investimento estrangeiro direto provável elevação da taxa de juros com juros em relação a 2010 farão
somou US$ 25,9 bilhões em 2009. A Selic mudarão o cenário inflacionário com que o déficit nominal se eleve
projeção do Banco Central para este ano em 2011. Enquanto que em 2010 a para 3,2% do PIB.
é de US$ 30 bilhões e, para 2011, de inflação ganhou ritmo, em 2011 haverá
US$ 45 bilhões. Esse volume financia desaceleração dos preços. Desta forma, Apesar disso, o crescimento do PIB
parcialmente o déficit em conta corrente o IPCA deverá ficar próximo ao centro deve garantir pequena redução na
que hoje é de cerca de 48 bilhões de da meta (4,5% a.a.) e acumulará alta de relação dívida/PIB, que deve terminar
dólares no acumulado em 12 meses. 5% em 2011. 2011 em 40,4% do PIB.
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9. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
atividade econômica
PIB tem o maior crescimento da década
O ano de 2010 registrou um forte cresci-
Estimativas de taxas de crescimento do PIB para 2010 e seus componentes
mento da economia brasileira, com o PIB
Variação frente ao ano anterior (%)
se expandindo 7,6% (estimativa CNI). O
Crescimento da demanda doméstica impulsiona as importações
intenso crescimento econômico se deu
mesmo com uma trajetória de perda de 35,6
ritmo a partir do segundo trimestre.
24,5
O crescimento do PIB só não foi maior,
basicamente, por duas razões: a) grande
11,5 10,9
parte das medidas de desoneração 7,9 7,6
7,0 5,7
tributária foram suspensas no fim do 4,0
primeiro trimestre; e b) a valorização do
Consumo Consumo do FBKF Exportações Importações Agropecuária Indústria Serviços PIB
real fez parte do crescimento da demanda das famílias governo
doméstica escoar para o setor externo
Ótica da demanda Ótica da oferta
(via aumento das importações).
Estimativas: CNI
É importante destacar que o IBGE revisou
o PIB de 2009 de forma que a redução
de 0,2% para a economia naquele ano desde 1995. Esse comportamento é re- no acumulado do ano até outubro, frente
deu lugar a uma queda de 0,6%. Nesse sultado do forte crescimento do emprego ao mesmo período do ano anterior, as
contexto o PIB industrial intensificou a – sobretudo formal –, do crescimento da importações (em quantum) desses bens
queda para 6,4%. Ou seja, o impacto da massa salarial, do crédito, dos programas cresceram 42,1%. O desempenho dos
crise internacional foi mais intenso do do governo de transferência de renda e investimentos em 2010 é de chamar a
que o que se acreditava anteriormente. do aumento do salário mínimo. atenção: a CNI estima que a formação
bruta de capital fixo cresça 24,5% no ano,
A expansão da economia quando ancora-
Consumo das famílias da em mais investimentos cria um ciclo
de forma que a parcela dos investimentos
no PIB, que tinha recuado para 16,9% em
foi o componente do de crescimento sustentável e cada vez 2009, irá subir para 19,6% em 2010.
mais próximo de seu potencial. A forma-
lado da demanda que ção bruta de capital fixo cresceu 25,6% O forte crescimento da demanda domésti-
mais impulsionou o no acumulado dos três primeiros trimes- ca associado a valorização do real impul-
PIB em 2010 tres do ano, frente ao mesmo período do
ano anterior. As importações de máquinas
sionou as importações em 2010 para um
crescimento de 35,6% (Contas Nacionais).
A demanda interna foi preponderante e equipamentos supriram grande parte Como as exportações cresceram em ritmo
para o crescimento econômico. O consu- do aumento dos investimentos em 2010. muito inferior (estimativa de 11,5%) a
mo das famílias deverá crescer 7,9% em Enquanto a produção doméstica de bens contribuição negativa do setor externo no
2010, o que é a maior taxa de expansão de capital (PIM-PF/IBGE) cresceu 24,0% PIB deverá ser de 2,7 pontos percentuais.
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10. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
atividade econômica
PIB industrial cresce
Índice de produção da indústria de transformação e de
10,9% e volta ao nível atividade da construção civil
de antes da crise Índice de difusão*
Atividade industrial da construção civil foi mais dinâmica do
Mesmo com a perda de ritmo ao longo que a da indústria de transformação
do ano, a indústria continuou produzindo 65
em níveis historicamente altos, nos pa-
tamares vigentes antes do contágio da 60
crise internacional. Se a indústria foi o
setor mais atingido pela crise em 2009, 55
também será o setor que mais crescerá
50
(10,9%) em 2010 e, portanto, o que
mais contribuirá – pelo lado da oferta –
45
para o crescimento do PIB desse ano.
40
A indústria da construção civil mostrou
jan fev mar abr mai jun jul ago set out
um desempenho notável em 2010. O 2010
indicador de atividade do setor (Sondagem Indústria extrativa e de transformação Construção civil Linha de 50 pontos
Fonte: Sondagem Industrial CNI
da Construção Civil CNI) ficou acima de 50 * Valores acima de 50 pontos indicam aumento da produção ou da atividade industrial
pontos em todo o ano de 2010 (indicado-
res acima de 50 pontos apontam aumento
da atividade do setor na comparação com Utilização da capacidade instalada da indústria de transformação
o mês anterior). Pela metodologia das Em (%)
Contas Nacionais, o PIB da construção civil Acomodação da UCI abre espaço para a indústria atender
cresceu 13,6% no acumulado dos três pri- aumentos repentinos de demanda
meiros trimestres do ano, frente ao mes-
85
mo período do ano anterior. A expectativa Pico histórico
84
da CNI é que em 2010 esse componente
83
do PIB cresça à taxa de 13,0%.
82
Considerando apenas a indústria de 81
transformação (PIM-PF/IBGE), a produção 80
cresceu 11,7% no acumulado de janeiro 79
a outubro de 2010, frente ao mesmo 78
período do ano anterior. As vendas 77
reais (Indicadores Industriais CNI) do 76
setor cresceram 10,4% enquanto que jan abr jul out jan abr jul out jan abr jul out
2008 2009 2010
o emprego (Indicadores Industriais CNI)
Fonte: Indicadores Industriais CNI
aumentou em 5,4% no mesmo período.
10
11. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
É importante considerar que mesmo 2009. A CNI estima um crescimento de contratações irá manter o crescimento
em um período de atividade moderada 7,0% do PIB da agropecuária em 2010. da massa salarial, mesmo que em ritmo
da indústria de transformação após o mais lento. Esse fato, somado ao cres-
primeiro trimestre do ano, o emprego do Crescimento da cimento do crédito é condição para que
setor continuou crescendo, o que pode o dinamismo do consumo das famílias
ser uma sinalização de investimento no
economia em 2011 continue presente, mostrando um cres-
parque produtivo da indústria. deverá ser de 4,5% cimento ao redor de 5,1%. O aumento
do consumo das famílias também
Enquanto que em 2009 a indústria O cenário traçado pela CNI para 2011 é exercerá pressões positivas no desem-
reduziu a capacidade ociosa de forma de continuidade do crescimento econô- penho do setor de serviços: a projeção
contínua, como reflexo da recuperação mico, mas de forma mais moderada. A da CNI para o PIB de serviços é de um
da crise, em 2010 o maior fluxo de estimativa de uma alta de 4,5% do PIB crescimento de 4,8%, o que representa
investimentos ampliou o parque indus- para o ano que vem aponta uma diminui- uma taxa superior a da expansão do PIB
trial. A utilização da capacidade instalada ção do hiato do produto (diferença entre para o ano.
(UCI/CNI) mostrou uma trajetória de o PIB efetivo e potencial). As simulações
queda de maio a setembro de 2010, para o crescimento do PIB potencial Os investimentos vão crescer menos
quando atingiu 82,0%. Mesmo com o estão entre 4,1% e 4,3% na média dos do que em 2010 – em grande medida
ligeiro crescimento da UCI em outubro, últimos 5 anos. em função da base de comparação –,
para 82,2%, ainda há espaço frente ao mas continuarão ampliando a capacida-
nível pré-crise (83,2%) ou mesmo o pico O mercado de trabalho continuará de produtiva em 2011. A Pesquisa de
histórico (83,8% em fevereiro de 2008). ofertando mais vagas formais, o que Investimento, conduzida pela CNI com
Essa folga aponta flexibilidade do setor estimula o consumo, dada a maior empresários do setor entre outubro e
industrial para atender aumentos repenti- segurança que essa modalidade de novembro, aponta que dentre as em-
nos de demanda. ocupação oferece. O forte fluxo de presas consultadas, 92,0% pretendem
O dinamismo do consumo das famílias PIB efetivo e potencial
também impulsionou a atividade do Número índice base 1995 = 100
setor de serviços. Esse setor cresceu PIB inicia convergência para seu potencial de crescimento
5,7% no acumulado do ano até outu-
160
bro, frente ao mesmo período do ano
anterior. Dadas as boas expectativas 155
quanto ao consumo para as festas de 150
fim de ano, a CNI estima que a taxa de
145
crescimento de 5,7% se mantenha no
mesmo patamar para o ano fechado de 140
2010, comparativamente a 2009. 135
130
A agropecuária registrou crescimento
importante em diversos produtos agrícolas 125
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III
e abate de animais que mostraram
2006 2007 2008 2009 2010
desempenho superior em 2010 (pelas PIB efetivo PIB potencial
estimativas do IBGE) do que o apurado em Fonte: IBGE
Elaboração: estimativas da CNI para PIB potencial a partir de simulações com filtro Hodrick-Prescott
11
12. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
atividade econômica
investir em 2011. A CNI projeta um cres-
Expectativa do empresário industrial em relação ao aumento de demanda cimento de 13,5% da formação bruta de
e à quantidade exportada para os próximos seis meses capital fixo para o ano que vem.
Índice de difusão*
Otimismo quanto à demanda futura depende mais do A contribuição negativa do setor externo
mercado doméstico do que o externo para o crescimento do PIB deverá se re-
duzir para 2,0 pontos percentuais no ano
70 que vem, dado o menor diferencial entre
as taxas de crescimento das exporta-
65
ções (estimativa de expansão de 11,0%)
e importações (estimativa de 23,3%).
60
A atividade industrial deverá crescer
55
um pouco acima de 1,0% em média por
50 trimestre ao longo de 2011, de forma a
registrar uma expansão do PIB industrial
45 de 4,5%. As perspectivas para o setor
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov
2010 são positivas (Sondagem Industrial CNI),
Demanda Quantidade exportada Linha de 50 pontos uma vez que o indicador de expectativa
Fonte: Sondagem Industrial CNI
* Valores acima de 50 pontos indicam aumento da produção ou da atividade industrial
em relação ao aumento do emprego
ultrapassou os 60 pontos (indicadores
acima de 50 pontos apontam expectati-
Estimativa de PIB va de crescimento do emprego). Cabe
Variação (%) e contribuição dos componentes do PIB (p.p.) ressaltar que as expectativas sobre o
2011
aumento da demanda futura continuam
Componentes do PIB Taxa de Contribuição positivas, embora menos otimistas do que
crescimento (%) (p.p.) no início do ano, o que corrobora com o
Consumo das famílias 5,1 3,2
Consumo do governo 3,0 0,6 cenário de desaceleração do crescimento
Ótica da
FBKF 13,5 2,6 da demanda em 2011. É bom frisar que
demanda
Exportações 11,0 1,3
(-) importações 23,3 3,3 a expectativa de aumento da demanda
futura está mais pautada na demanda
Agropecuária 4,0 0,2 interna, uma vez que a expectativa quanto
Indústria 4,5 1,2
Indústria extrativa 5,0 0,1
à quantidade exportada é de queda.
Ótica da Indústria de transformação 4,0 0,7
oferta Construção civil 6,0 0,3 Um ponto de atenção é a valorização do
SIUP 4,2 0,1
real e a possibilidade do início de alta dos
Serviços 4,8 3,2
juros em 2011. Esses fatores poderão
PIB pm 4,5 minar ainda mais a competitividade do
setor industrial no ano que vem e reduzir o
Elaboração: CNI
ritmo de expansão da economia.
12
13. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
emprego e salário
Mercado de trabalho em
seu melhor momento
Passados os efeitos da crise Emprego e produção da indústria
internacional, o mercado de trabalho Número índice base jan/2005 = 100 - dessazonalizado
apresenta um dinamismo inédito em Emprego continuou crescendo mesmo com moderação da
2010. O emprego metropolitano voltou a atividade industrial
crescer com força (PME/IBGE), de forma 120
que o indicador de criação de vagas no
115
acumulado de 12 meses ultrapassou os
patamares de antes da crise. Ou seja, o 110
total de vagas encerradas com a crise
105
foi restabelecido e superado.
100
Emprego formal
95
continua sendo
90
o propulsor do jan
2008
abr jul out jan
2009
abr jul out jan
2010
abr jul out
crescimento Produção industrial Emprego industrial
Fonte: CNI e IBGE
O bom momento do mercado de
trabalho pode ser percebido pela
maior criação de empregos formais. o emprego sem carteira reduziu 0,7% Os dados do Cadastro Geral de
Das 840 mil vagas criadas nas seis e a ocupação por conta própria recuou Empregados e Desempregados (Caged/
regiões metropolitanas nos últimos 1,0% no mesmo período. MTE) apontam a forte velocidade de
12 meses até outubro, 804 mil foram criação de vagas formais em todo
com carteira assinada do setor O crescimento do emprego com território nacional. Nos 10 primeiros
privado. Em outros termos, a criação carteira assinada em detrimento das meses de 2010, mais de 2,4 milhões de
de empregos formais representou 96% ocupações informais eleva o grau de empregos com carteira assinada foram
de todos as novas vagas nos últimos formalidade do mercado de trabalho. criados. Em termos de comparação, esse
12 meses. Em termos relativos, Esse indicador – que é calculado volume de novas vagas é o dobro do
o emprego com carteira assinada pela razão entre o pessoal ocupado registrado no mesmo período de 2009.
cresceu de forma intensa em todo com carteira assinada, estatutários e
ano de 2010 até atingir expansão de militares pelo total da ocupação – está A indústria criou 42,0% dos empregos
8,4% em outubro, frente ao mesmo no maior patamar (58,8%) da série formais em 2010. Somando os quatro
mês do ano anterior. Nesse contexto, histórica da PME. setores da indústria (indústria de
13
14. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
emprego e salário
transformação, extrativa, de construção
Ocupação e população economicamente ativa
civil e serviços industriais de utilidade Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%)
pública) o total de criação de empregos
Taxa de crescimento da ocupação mais intensa do que da PEA
formais de janeiro a outubro de 2010 foi reduz pressão sobre a taxa desemprego
de 1 milhão. 5
4
Emprego cresce 3
mesmo com 2
acomodação da 1
atividade industrial 0
-1
O emprego na indústria (Indicadores
-2
Industriais - CNI) continuou crescendo,
-3
mesmo em um cenário de acomodação out abr out abr out abr out abr out
da produção industrial, desde abril 2006 2007 2008 2009 2010
Ocupação PEA
deste ano. Essa aparente disparidade
Fonte: PME/IBGE
pode ser explicada pelo investimento
para ampliar a capacidade produtiva. A
confiança do empresário industrial (ICEI/
CNI) continua elevada. Mesmo com a
queda de 68 pontos em janeiro (pico
histórico) para 62 pontos em novembro, Taxa de desemprego metropoliatana
o indicador ainda se mantém acima da Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%)
média histórica (valores acima de 50 Taxa de desemprego em 2010 recuou de maneira continua e
pontos apontam otimismo enquanto acelerada
valores abaixo de 50 pontos indicam 9,5
pessimismo). 2009
9,0
Queda acelerada da
8,5
2008
8,0
taxa de desemprego é 7,5
atípica 7,0
2010
6,8
6,5
A redução da taxa de desemprego nas
regiões metropolitanas ocorreu de forma 6,0
5,7
quase que contínua, diferentemente 5,5
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
do que ocorreu nos anos anteriores.
Fonte: IBGE. Projeção: CNI
Historicamente, há tendência de queda
14
15. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
do desemprego no segundo trimestre, Como a projeção de expansão para o IBGE) nas seis principais regiões
mas não de forma contínua e intensa PIB de 2011 está perto do crescimento metropolitanas do Brasil aumenta o
como ocorreu em 2010. potencial da economia, o problema ritmo de crescimento. Esse indicador
quanto à taxa de desemprego no avançou em ritmo cada vez mais intenso
Esse movimento tem sido gerado Brasil perde importância e dá lugar ao longo do ano até atingir alta de 8,0%
não só pela criação de empregos, à dificuldade que alguns setores da frente ao mesmo mês do ano anterior
mas pela menor procura por vaga indústria têm em encontrar mão- – maior alta desde o início da série
de trabalho. A força de trabalho – de-obra qualificada. Para a indústria histórica, em março de 2002.
População Economicamente Ativa de construção civil, por exemplo, o
(PEA) – cresce em ritmo inferior à problema de falta de mão-de-obra A massa salarial real, que é calculada
ocupação desde meados de 2007, o qualificada é o primeiro no ranking pela multiplicação dos salários médios
que abre um diferencial entre essas de principais problemas do setor reais pelo número de ocupados, vem
taxas de crescimento. Quanto maior (Sondagem da Construção Civil - CNI). aumentando seu ritmo de crescimento
esse diferencial, menor será a pressão de forma a alcançar uma expansão de
exercida sobre a taxa de desemprego.
Crescimento do 10,7% em outubro de 2010, compa-
rativamente ao mesmo mês do ano
A CNI estima que em dezembro a taxa poder de compra anterior. Essa aceleração fez com que a
de desemprego chegue a 5,7% (míni-
ma histórica), o que resultaria em uma dos trabalhadores irá massa salarial média no acumulado de
2010 até outubro seja 7,2% superior a
média anual de 6,8%. A tendência de garantir avanço da do mesmo período de 2009.
queda anual da taxa de desemprego de-
verá se manter em 2011. A CNI estima
demanda interna A contínua expansão do emprego
que o indicador médio de 2011 fique em A renda média real habitualmente formal – que traz maior confiança para
torno de 6,0%. recebida pelo trabalhador (PME/ o consumo –, o forte crescimento
da massa salarial e a expansão do
crédito continuarão sendo os pilares de
Massa salarial real habitual metropolitana sustentação da demanda interna, a qual
Variação frente ao mesmo mês do ano anterior (%) continuará crescendo bem acima do
Crescimento da massa salarial é recorde ritmo da demanda global.
12
O cenário futuro para o mercado de
10 trabalho é bastante positivo. A CNI
estima que em 2011 o mercado de
8 trabalho continue com o processo
de contratação e de formalização da
6
mão-de-obra, com reflexos positivos à
4 massa salarial e, consequentemente, ao
consumo doméstico. A PEA continuará
2
crescendo de forma menos intensa
0 do que o emprego em 2011, o que
jan abr jul out jan abr jul out jan abr jul out deverá reduzir ainda mais a taxa de
2008 2009 2010
desemprego no ano.
Fonte: IBGE. Cálculo: CNI
15
16. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
inflação, juros e crédito
Preços dos alimentos ditam a
inflação de 2010
O ano de 2010 foi caracterizado pela
Volatilidade dos componentes do IPCA
alta volatilidade no índice oficial de
Mínima, máxima e atual variação acumulada nos últimos 12 meses (%)
inflação IPCA. O índice flutuou, entre
Alimentos trouxeram forte volatilidade ao IPCA em 2010
janeiro e novembro, de 4,59% a 5,64%,
no acumulado em 12 meses. Em ape- 10,0
nas um mês do ano (agosto) o índice 9,0
alcançou o centro da meta de inflação, 8,0
em 4,5% a.a..
7,0
A inflação mostrou trajetória de 6,0
aceleração nos últimos meses do ano. 5,0
Contudo, o movimento nos preços 4,0
se dá de forma heterogênea entre
3,0
os quatro principais componentes do
2,0
IPCA: alimentos, serviços, administra- Administrados Industriais Serviços Alimentação IPCA
dos e produtos industriais. Valor atual (novembro de 2010)
Fonte: IBGE
Elaboração: CNI
Alta nos preços
dos alimentos superior: média de 6,7%, no acumulado
em 12 meses.
crise internacional teve um caráter defla-
cionário no Brasil, que resultou inclusive
compromete o em índices com variações negativas
O IPCA acompanhou a trajetória dos
alcance do centro alimentos. Esses, com 23% do peso total,
em 2009. O IGP-M (FGV) terminou o
ano passado com variação negativa de
da meta contribuíram essencialmente para trazer
1,71% a.a.. Assim, os preços reajustados
volatilidade ao IPCA. Os preços admi-
Durante o ano, os preços dos produtos em função desse tipo de índice tiveram
nistrados e de produtos industriais, que
alimentares aceleraram, passando dos aumento controlado em 2010.
representam cerca de 52% do índice total,
3,6% acumulado em 12 meses em pouco contribuíram para a pressão infla-
janeiro (menor valor do ano), até chegar Os preços industriais registraram
cionária observada dos últimos meses. Os
a 9,2% a.a. em novembro. A inflação baixa inflação durante todo o ano
serviços, que representam cerca de 25%
dos administrados e dos produtos (média de 3,5% a.a. em 2010 até
do índice como um todo, sustentaram o
industriais mantiveram-se relativamente novembro) em função de dois fatores:
IPCA em um patamar elevado.
estáveis, e dentro da meta de inflação. os efeitos da política de elevação
A inflação nos serviços manteve-se Os preços administrados sofreram forte de juros praticada pelo Copom em
estável também, mas em um nível influência da baixa inflação de 2009. A meados do ano e do câmbio.
16
17. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
Os produtos industriais são os meses acima dos 6%. Apesar de pouco Para 2010, faltando apenas a variação
mais afetados pela alta na Selic. volátil, seu patamar sustenta a alta do de dezembro, o IPCA já está pratica-
A resposta ao aumento nas taxas IPCA, mostrando baixa sensibilidade às mente definido. As medidas de restri-
nas operações de crédito afeta a variações na taxa de juros. ção ao crédito colocadas em prática
demanda por esse tipo de bem. no começo de dezembro já devem
Os preços dos alimentos apresentaram surtir algum efeito, mas não evitarão
Apesar de não ser o causador da
comportamento distinto dos demais. uma aceleração no índice. Assim, a
pressão de alta no IPCA, as elevações
Esses foram fortemente influenciados CNI prevê que o ano termine com IPCA
praticadas pelo Copom durante o
por questões diversas, como os preços acumulado em 5,8% a.a..
ano influenciaram prioritariamente os
internacionais de commodities, proble-
preços industriais.
mas de safra e flutuações sazonais. Até Aumento nos
O câmbio altamente valorizado é o outro abril, o movimento era de forte aumento
ponto que contribui para essa situação: nos preços em função dessas questões. juros não impediu
o produto importado, mais barato em Com a regularização da safra e o fim volatilidade do IPCA
função do câmbio, é forte concorrente dos problemas de chuva, o movimento
se inverteu, mostrando retração até O Copom não ficou alheio às pressões
dos produtos nacionais.
agosto. Contudo, a elevação abrupta nos inflacionárias observadas no IPCA. O
Os preços dos serviços registraram preços das commodities internacionais ano se iniciou com forte expansão nos
inflação em um patamar elevado, como desde junho contribuiu para carregar os preços dos alimentos, cuja inflação
já se observa nos últimos anos. Desde preços domésticos (o indicador do FMI passou de 3,6% a.a. em janeiro para
meados de 2008 o índice desse sub- de preços dos alimentos subiu 17,4% de quase 7% a.a. em abril. Com o reflexo no
grupo apresenta taxa acumulada em 12 junho a outubro). IPCA, o Copom iniciou novo ciclo de altas
na Selic: foram 2 p.p. de abril a julho,
chegando a 10,75% a.a..
IPCA e Selic
Variação acumulada em 12 meses do IPCA e taxa anual da Selic (%) A partir de abril o IPCA voltou a recuar,
alcançando o centro da meta em agosto.
Aceleração da inflação aponta para medidas monetárias
restritivas Essa adequação se deu mais em função
de regularização na oferta de alimentos
6,5 16
(que apresentaram processo deflacio-
15
6,0 nário no período) do que pelo canal dos
5,8* 14 juros. Contudo, mais uma vez o processo
5,5
13 de elevação nos preços dos alimentos
5,0 12 toma forma nos últimos meses, carre-
gando o IPCA.
11
4,5
10 Essa pressão provocou medidas
4,0
9 visando controlar a liquidez da
3,5 8
economia. O Banco Central anunciou
dez abr ago dez abr ago dez abr ago dez no início de dezembro medidas de
2007 2008 2009 2010
IPCA (esquerda) Selic (direita)
restrição ao crédito ao consumidor e
Fonte: IBGE e Banco Central do Brasil Elaboração: CNI
elevação dos compulsórios (que foram
* Estimativa CNI
17
18. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
inflação, juros e crédito
reduzidos durante a crise), de forma
a retirar R$ 61 bilhões da economia. Concessão de crédito com recursos livres à pessoa física e jurídica
O resultado esperado não é imediato, Média dos últimos 12 meses contra os 12 meses anteriores (%)
mas deverá surtir efeitos sobre a taxa Apenas o crédito às pessoas físicas retomou o crescimento pré-crise
de inflação nos próximos meses.
25
Com a taxa Selic em 10,75% a.a. e a 20
previsão da CNI para a inflação no ano, a
15
taxa de juros real média de 2010 deverá
ser de 4,6% a.a.. 10
5
Descompasso entre 0
o crédito às pessoas -5
físicas e jurídicas -10
out fev jun out fev jun out fev jun out
A evolução nas concessões de crédito, 2007 2008 2009 2010
Pessoa física Pessoa jurídica
especialmente com recursos livres
Fonte: Banco Central do Brasil
(de origem da própria instituição Elaboração: CNI
financeira), mostram um mesmo ciclo
tanto para pessoas jurídicas como
físicas, com uma queda após o início
da crise e a recuperação durante o ano
de 2010. Contudo, a intensidade da Atraso maior do que 90 dias da pessoa jurídica
retração e o tempo de recuperação dos Proporção do crédito total (%)
dois foram distintos. Inadimplência das empresas cai lentamente
Depois de desacelerar durante todo o 4,0
período após o início da crise, o ritmo de
expansão do crédito com recursos livres 3,5
às pessoas jurídicas voltou a crescer nos
3,0
últimos meses, mas ainda não alcançou
o nível de expansão observado antes da
2,5
crise. Já o crédito às pessoas físicas,
que apresentou desaceleração mais
2,0
amena, já superou o patamar pré-crise
no início do ano.
1,5
fev jun out fev jun out fev jun out
Essa diferença na dinâmica se 2008 2009 2010
deu essencialmente pela forma Fonte: Banco Central do Brasil
Elaboração: CNI
como o Governo tratou os dois
18
19. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
tomadores com as medidas anti- a expansão do consumo interno e da reajustados pela inflação, como
crise. Enquanto o crédito à pessoa economia foi fortemente influenciada aluguel, educação e serviços de
física foi impulsionado pelo crédito pela extensão dos efeitos das medidas saúde. Além disso, a falta de mão-
com recursos privados (medidas governamentais adotadas durante a de-obra qualificada e o baixo nível de
de redução de compulsórios, crise. Esses mecanismos começaram desemprego devem elevar os salários
garantia aos bancos pequenos e a ser desmontados: fim das isenções dos profissionais liberais, contribuindo
incentivo ao crédito ao consumidor), e reduções do IPI (à exceção da para maior pressão nos preços.
o crédito à pessoa jurídica foi construção civil), fim do Programa
sustentado pelos recursos de Sustentação do Investimento do O movimento dos preços
direcionados (BNDES). Assim, BNDES – PSI, restrições ao crédito dos alimentos dependerá do
parte dos recursos antes tomados ao consumidor e recomposição dos comportamento dos fatores externos.
com recursos da própria instituição compulsórios. Considerando que não haja choques
financeira (como capital de giro), foi em termos de safra, a expectativa
substituída por outras fontes. Essa situação tende a reduzir o ritmo é de que os preços dos alimentos
de crescimento do consumo, afetando desacelerem ao longo do ano, voltando
A rápida recuperação do crédito tanto o nível de preços como o próprio a ter leve aceleração apenas no fim de
à pessoa física (em comparação crescimento econômico. 2011. Esse movimento deverá ditar a
com a jurídica) em parte pode ser volatilidade do IPCA como um todo.
explicada pela evolução do nível de É baixo o risco de pressões inflacioná-
inadimplência. O indicador de atraso rias nos preços dos produtos indus- Nesse cenário, a CNI projeta o
maior do que 90 dias do crédito à triais. O Copom tende a não reverter IPCA em 5% a.a., dentro da meta,
pessoa física se elevou de 7% do sua política de juros no curto prazo e mas 0,5 ponto percentual (p.p.) acima
crédito total para 8,5% com a crise. os produtos importados deverão conti- do centro.
nuar gerando competição acirrada com
Contudo, desde maio de 2009 esse As medidas de restrição ao crédito
os produtos nacionais. A Utilização da
indicador vem caindo, alcançando mostram um indicativo de uma
Capacidade Instalada (UCI - CNI) mos-
5,9% em outubro de 2010. Já para a política monetária mais restritiva
tra que há espaço para expansão da
pessoa jurídica, o indicador se elevou em 2011. Com isso, e supondo
oferta de produtos sem gerar pressão
de 1,7% para 4% com a crise, e está que a política fiscal seja menos
sobre os preços.
em um processo lento de redução expansionista que a atual, com
(em outubro de 2010, o indicador é de Quanto aos preços administrados, a corte de despesas que garanta
3,5%). expectativa é de que esses tenham a superação da meta de superávit
aumentos mais expressivos, uma vez primário, o ciclo de juros necessário
A taxa de juros média cobrada reflete
que os índices que baseiam grande para atingir a meta de inflação pode
essa situação, com taxas em queda
parte do reajuste desse grupo vêm se ser menos intenso.
para pessoa física e ainda elevadas
acelerando em 2010 (o IGP-M acumula
para pessoa jurídica. Sob essa hipótese, a CNI prevê um
10,27% em 12 meses em novembro
de 2010). aumento total na Selic de 1,25 p.p.
Menor liquidez em já nas primeiras reuniões de 2011,
As perspectivas para preços dos terminando o ano em 12,00% a.a..
2011 serviços também não mostram Nesse cenário, a taxa de juros real
O ano de 2011 apresentará uma sinais de arrefecimento. Vários média se eleva de 4,6% a.a. em 2010
dinâmica diferente do atual. Em 2010 componentes desse grupo são para 6,3% a.a. em 2011.
19
20. Economia BrasilEira
Ano 26, n. 04, dezembro de 2010
política fiscal
Forte aumento dos gastos públicos impõe
maior custo à política monetária
As despesas do setor público cresceram
Evolução da despesa primária do Governo Federal
de forma significativa em 2010, superan-
Acumulada em 12 meses sobre o PIB (%)
do até mesmo o ritmo de crescimento
de 2009, quando a política fiscal foi Despesas primárias crescem 2,0 p.p do PIB entre dezembro/08
e outubro/10
usada para reduzir o impacto da crise
econômica sobre o nível de atividade. 20%
Em 2010, diante da retomada do cresci-
mento econômico, essa forte expansão 19%
fiscal dificultou o cumprimento da meta
de superávit primário e impôs maiores
18%
custos à política monetária para conter
o aumento da demanda e, consequente-
mente, da inflação. 17%
A mudança mais expressiva na política
fiscal ocorreu nos estados e municípios, 16%
jan jul jan jul jan jul
que ampliaram expressivamente o ritmo 2008 2009 2010
de crescimento das despesas em 2010, Fonte: STN/MF
em contraposição à pequena elevação
promovida em 2009. Por sua vez, o
Governo Federal apenas acelerou o ritmo
de expansão dos gastos, que já havia
Gastos do Governo Nacional no processo de capitalização
da Petrobras.
sido elevado em 2009. Federal em 2010:
Embora os gastos correntes tenham
Como consequência, o esforço fiscal do grande crescimento e apresentado um ritmo de crescimento
setor público consolidado deve garantir melhor composição elevado (9,6%) nessa mesma base de
somente o cumprimento da meta fiscal comparação, é importante ressaltar
ajustada, com a exclusão de investimen- Os gastos primários do Governo
que os investimentos tiveram aumento
tos e restos a pagar de créditos extraor- Federal apresentaram crescimento real
muito superior (44,2%). Isso mostra
dinários. Ainda assim, o alcance da meta (deflator IPCA) de 11,4% entre janeiro
uma melhoria na composição dos
fiscal só ocorrerá em virtude da substan- e outubro de 2010, com relação ao
gastos públicos, com elevação da
cial entrada de receitas extraordinárias mesmo período do ano anterior. Cabe
participação dos investimentos.
provenientes da capitalização da Petrobras ressaltar que essa variação exclui a
e da exclusão das empresas do Grupo despesa extraordinária de R$ 42,9 A despesa com custeio e capital foi o
Eletrobras do cálculo das contas públicas. bilhões referente ao aporte do Tesouro item que mais pressionou pelo aumento
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