Apresentação | Propostas da Indústria para as Eleições 2014
PIB crescerá 3,2% em 2013 impulsionado por alta de 2,6% na indústria e 4% nos investimentos
1. INFORME CONJUNTURAL
Informativo da Confederação Nacional da Indústria Ano 29 Número 1 janeiro/março de 2013 www.cni.org.br
Alta do investimento impulsiona PIB A economia
brasileira no primeiro
e indústria em 2013 trimestre de 2013
A retomada da atividade industrial parece estar domésticos de serviços e insumos, mitigando a
assegurada em 2013. O PIB brasileiro deverá competitividade dos produtos industriais. Crescimento do PIB será mais
crescer 3,2%, sendo acompanhado pelo PIB equilibrado entre consumo e
da indústria, com alta de 2,6%. O retorno a A esperada queda no segundo semestre se
investimento
uma taxa de crescimento mais expressiva deve a fatores específicos com efeitos tempo- Pág. 2
deve ocorrer com a resposta do investimento rários. É necessário ancorar as expectativas de
às medidas de redução de custo e melhora da inflação em fundamentos sólidos de longo prazo. Escassez de mão de obra
competitividade. A CNI estima um crescimento Mesmo com as desonerações, a carga tributária qualificada será marca do
de 4,0% no investimento em 2013, contrastan- aumentou em 2012, e ainda assim as condi- mercado de trabalho em 2013
do com a queda de 4,0% no ano passado. ções fiscais pioraram. A redução do superávit Pág. 4
primário, as antecipações de receitas e o uso
A experiência recente mostra que o baixo crescente de operações fiscais de financiamen-
Desonerações permitem
crescimento dos últimos anos não se deve à to com impacto na dívida bruta podem com-
cumprimento da meta de inflação
insuficiência de demanda das famílias, pois o prometer a solidez fiscal, criando dificuldades à
Pág. 6
consumo segue em expansão. O baixo ritmo se manutenção de taxas de juros no atual patamar.
explica pela fraqueza do investimento, que se
Em suma, o crescimento de 2013 ainda é Governo Federal acelera o
ressente de entraves institucionais e burocrá-
insatisfatório, pois é inferior ao esperado para crescimento das despesas
ticos, que prejudicam a confiança dos agentes Pág. 8
e reduzem a expectativa de rentabilidade dos as economias emergentes. Sua intensificação
projetos industriais. exige perseverança com as ações voltadas à
Contas externas mostram
ampliação da competitividade e o estímulo ao
déficits crescentes
Uma inflexão urgente nessa situação é crítica investimento, sem descuidar da trajetória de Pág. 10
para a retomada de uma trajetória de expansão inflação. O Brasil não pode voltar a ter que fa-
sustentada e mais vigorosa que a esperada zer uma escolha entre inflação e crescimento.
para 2013, principalmente no caso da manufa-
tura. A competição com produtos estrangeiros, Variação anual do PIB industrial e dos investimentos (FBKF)
tanto em terceiros mercados como no merca- Taxa de crescimento real anual (%)
do doméstico, segue acirrada e evoluindo de Crescimento dos investimentos favorece alta do PIB industrial
forma desfavorável. Essa perda de competitivi-
dade não é uma questão pontual, mas reflete 21,3
o baixo crescimento da produtividade e da alta
dos custos de produção observados desde
antes da crise internacional. 13,9 13,6
O ponto positivo é que o diagnóstico de baixa 9,8 10,4
competitividade se tornou consenso. As dificul-
dades parecem se localizar na implementação 5,3 4,7
4,1 4,0
efetiva e tempestiva de medidas voltadas à 3,6
2,2 2,6
2,1 1,6
redução do custo de produzir no Brasil.
A resistência da inflação é um ponto que
-0,8
merece atenção. Mesmo respeitando o limite
superior da banda, a taxa de inflação segue -4,0
-5,6
elevada e bem acima da média mundial. Essa -6,7
diferença, que se acumula ao longo dos anos, 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
termina se manifestando na alta dos custos PIB industrial Investimentos
Fonte: IBGE Estimativas 2013: CNI
2. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
atividade econômica
Crescimento do PIB será mais equilibrado
entre consumo e investimento
Maior crescimento da indústria não impedirá queda de sua participação no PIB
Após dois anos de dificuldades, a os setores industriais (em 18 dos Forte atividade em janeiro
atividade industrial registrou expansão 27 considerados) e em todas as não garante continuidade
intensa e disseminada em janeiro de categorias de uso. do mesmo ritmo de
2013, frente ao mês anterior.
A maior atividade industrial reduziu a crescimento
O crescimento, contudo, não ociosidade do setor. A utilização da
Após forte crescimento da atividade
deverá ser da mesma magnitude da capacidade instalada (Indicadores
industrial em janeiro, indicadores
registrada em janeiro, uma vez que Industriais CNI) cresceu 1,1 ponto
antecedentes apontam uma queda
poderá haver oscilações na evolução percentual frente ao mês anterior
da produção industrial em fevereiro,
mensal nos próximos meses. e atingiu 84,0% em janeiro, no
o que mantém incerto o ritmo de
indicador dessazonalizado. Com esse
A CNI estima um crescimento de crescimento que prevalecerá daqui
crescimento - o segundo mais intenso
2,6% do PIB industrial e de 3,2% para pra frente. As vendas de papel
da série iniciada em 2003 -, o indicador
a economia brasileira. ondulado (ABPO) recuaram 8,4% em
aproximou-se do maior patamar da
fevereiro frente a janeiro, o que em
série (84,4% em janeiro de 2008).
Início de ano com sinais termos dessazonalizados significa
positivos de recuperação O aumento da utilização da uma queda de 2,2%. A produção de
capacidade instalada é condição veículos (Anfavea) recuou 17,9%
Existem sinais positivos que indicam em fevereiro, na mesma base de
importante para a volta dos
um ano melhor para a indústria comparação. Quando ajustada por
investimentos.
quando comparado com os dois anos dias úteis, a queda na produção de
anteriores. Há sinais desse retorno. A produção veículos foi de 4,9%.
de bens de capital (PIM-PF/IBGE)
O longo processo de ajustamento de A confiança do empresário industrial
registrou uma alta de 8,2% em
estoques chegou ao fim. O indicador ainda não entrou em trajetória de alta.
janeiro frente a dezembro, em termos
de estoques efetivo em relação ao Em março, o Índice de Confiança do
dessazonalizados - maior alta nessa
planejado (Sondagem Industrial CNI) Empresário Industrial (ICEI/CNI) recuou
base de comparação do período pós
situa-se perto da linha divisória de 1,0 ponto e atingiu 57,1 pontos. O fato
crise (desde 2008).
50 pontos (o que indica estoques desse indicador oscilar ao redor de
ajustados) desde setembro de 2012. A manutenção da taxa básica de juros 57,3 pontos nos últimos sete meses
Em fevereiro, esse indicador ficou em nos menores patamares históricos sugere um ritmo menos intenso de
49,7 pontos. e as medidas de desoneração recuperação nos próximos meses.
da folha de pagamentos em um
O nível ajustado de estoques é Somado a isso, muitos problemas
número crescente de setores
fundamental para que o aumento de competitividade ainda permeiam
industriais podem gerar ganhos de
da demanda de produtos industriais o ambiente produtivo como: a alta
competitividade da indústria brasileira.
eleve o ritmo de produção do setor. carga tributária e as distorções
Nesse sentido, a produção industrial Nesse mesmo sentido, a redução da existentes no sistema tributário; a
respondeu positivamente em janeiro e tarifa de energia e a desoneração do permanência de uma taxa de câmbio
cresceu 2,5% na comparação com o óleo diesel também contribuirão para valorizada; a burocracia excessiva; as
mês anterior (PIM-PF/IBGE), de acordo a redução dos custos, estimulando o incertezas regulatórias; a dificuldade
com o indicador dessazonalizado. O aumento da produção. de acesso ao crédito; o mercado de
crescimento foi disseminado entre
2
3. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
trabalho pouco flexível; o aumento Após quatro trimestres seguidos de Estimativas para 2013
do custo do trabalho em função da queda, os investimentos, medidos pela
baixa produtividade e os problemas de formação bruta de capital fixo (Contas O PIB de serviços continuará crescendo
logística e infraestrutura que elevam Nacionais / IBGE), cresceram 0,5% no à taxas superiores (3,2%) a da indústria.
o custo de produção, reduzem a quarto trimestre de 2012, frente ao O setor externo deverá contribuir
competitividade da indústria brasileira trimestre anterior. negativamente com 0,3 ponto
e limitam o seu crescimento. percentual no PIB, resultado de uma
A dificuldade de aumento dos
expansão de 5,5% das importações e
Economia deverá crescer investimentos está intrinsecamente
de 3,7% das exportações, de acordo
1,2% no primeiro trimestre ligada à relativa reduzida confiança do
com a metodologia das Contas
empresário e à baixa taxa de poupança.
Nacionais do IBGE.
O índice de atividade do Banco Central A baixa propensão a poupar brasileira
- que estima as variações do PIB mês a proporciona poucos recursos para O setor industrial manterá a trajetória
mês - registrou alta de 1,3% em janeiro serem destinados ao investimento. A de perda da participação no PIB,
frente ao mês anterior. O aumento da participação da poupança no PIB em que deverá atingir 26,1% em 2013
produção industrial em janeiro foi crucial 2012 foi de apenas 14,8% - patamar (somados os quatro segmentos da
para a expansão do PIB no mês. Mesmo similar ao de 2002. indústria).
havendo queda da produção industrial
em fevereiro, o resultado do PIB A CNI estima um avanço de 4,0% dos Considerando um crescimento de 2,6%
industrial no trimestre ainda deverá ser investimentos em 2013, já considerando do PIB da indústria de transformação,
positivo e acima de 1,0%, devido a baixa o impacto das medidas do governo a participação desse segmento no
base de comparação de 2012. de concessões de rodovias, ferrovias PIB cairá para 13,2%, o que significa
e aeroportos. Uma expansão do PIB a menor participação desde 1947,
O bom desempenho da indústria, mais intensa dependerá diretamente de quando a medição do PIB e seus
somado ao intenso crescimento da maior reação dos investimentos no ano. componentes foi iniciada.
agropecuária no trimestre (segundo
estimativas do IBGE), irá demandar
maior atividade do setor de serviços,
que também deverá crescer no período. Estimativa da CNI para o PIB
Dessa forma, a CNI considera um Variação percentual e contribuição dos componentes no PIB
cenário de crescimento de 1,2% do PIB
no primeiro trimestre. 2013
Componentes do PIB Taxa de Contribuição
Maior crescimento do crescimento (%) (p.p.)
Ótica da Consumo das famílias 3,5 2,2
PIB depende de mais demanda Consumo do governo 2,8 0,6
investimentos
FBKF 4,0 0,7
O crescimento econômico sustentado Exportações 3,7 0,5
é resultado de uma expansão (-) Importações 5,5 -0,8
mais equilibrada entre consumo e
investimento do lado da demanda. Dado Ótica da Agropecuária 6,5 0,3
o dinamismo do mercado de trabalho oferta Indústria 2,6 0,7
- que gera ganhos de rendimentos Indústria extrativa 1,5 0,1
reais -, o consumo das famílias deverá
Indústria de transformação 2,6 0,3
continuar avançando no ano (3,5%
Construção civil 2,5 0,1
de acordo com a estimativa da CNI).
SIUP 4,0 0,1
Então, a questão fundamental para o
crescimento continuado da economia é Serviços 3,2 2,2
a expansão dos investimentos. PIB pm 3,2
3
4. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
emprego e renda
Escassez de mão de obra qualificada será marca do
mercado de trabalho em 2013
Emprego cresce em menor ritmo
Na esteira da recuperação da base de comparação – considerando da ocupação – vem crescendo nos
atividade econômica, o mercado de o IBC-BR (Banco Central). Já as últimos anos e atingiu 62,1% em
trabalho deverá criar um número ocupações sem carteira do setor janeiro de 2013. Essa foi a maior
maior de vagas em 2013. A CNI privado registraram queda de 1,6% participação de empregos formais no
espera que o emprego formal também frente a janeiro de 2012. mercado de trabalho metropolitano
aumente em velocidade acima do desde o início da série do IBGE, em
crescimento do PIB, o que continuará Formalização do mercado março de 2002.
a gerar ganhos nos rendimentos de trabalho em contínuo
médios reais dos trabalhadores. O maior crescimento do emprego
crescimento formal em um mercado de trabalho
O emprego metropolitano cresceu Esse contínuo movimento eleva o aquecido poderá potencializar os
2,8% em janeiro frente ao mês grau de formalidade do mercado de ganhos nos rendimentos médios reais
anterior (PME/IBGE). O emprego trabalho metropolitano. O índice de dos trabalhadores, que garantirá o
formal, por sua vez, manteve uma formalidade construído pela CNI – crescimento do consumo das famílias
expansão mais acelerada (4,1%) do soma de empregados com carteira, em 2013.
que a da economia (3,8%), na mesma militares e estatutários pelo total
Taxa de desemprego
média estável em 2013
Emprego e população economicamente ativa (PEA)
Variação (%) frente ao mesmo mês do ano anterior O emprego vem crescendo
sistematicamente em velocidade
Emprego e população economicamente ativa deverão manter taxas
acima da população economicamente
semelhantes de crescimento em 2013 ativa (PEA) – contingente formado
por empregados e desempregados
5
em busca de uma ocupação –
4 nos últimos anos. Quanto mais o
3 emprego crescer em relação à PEA,
mais rápido é o recuo da taxa de
2 desemprego.
1
Porém, desde 2011 o crescimento do
0 emprego vem mostrando perda de
-1 ritmo, enquanto a PEA registrou relativa
estabilidade em sua taxa de expansão.
-2
No segundo semestre de 2012,
-3
ambos indicadores voltaram a
-4
jan/08 jul/08 jan/09 jul/09 jan/10 jul/10 jan/11 jul/11 jan/12 jul/12 jan/13 intensificar a taxa de crescimento de
modo que a taxa de variação anual
Emprego PEA do emprego se igualasse à da PEA.
Fonte: IBGE
4
5. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
As curvas de variações anuais do Outro fator que influenciou a retenção desempenho melhor do que a massa
emprego e da PEA se aproximaram de mão de obra na indústria é o salarial real em 2010.
de tal maneira que, praticamente, se problema de falta de trabalhador
encostaram em janeiro de 2013. qualificado. Mesmo com a economia Problema de falta de
crescendo pouco, o problema de falta trabalhador qualificado
O maior crescimento econômico de trabalhador qualificado aumentou
deverá gerar mais empregos e
deverá aumentar em 2013
de importância no terceiro e no quarto
continuar impulsionando os ganhos trimestre do ano passado (Sondagem A aceleração da atividade
de renda do trabalhador. Esse Industrial CNI). industrial em um cenário de taxa
cenário deverá atrair mais pessoas de desemprego em baixa histórica
ao mercado de trabalho em busca de Aproximadamente um terço das deverá intensificar ainda mais o
uma ocupação. empresas industriais apontaram esse problema de falta de trabalhador
como um dos três maiores problemas qualificado. Haverá maiores pressões
Dessa forma, é esperado que tanto para a indústria. salariais no mercado de trabalho com
o emprego quanto a PEA continuem o ganho de poder de barganha dos
crescendo a taxas semelhantes, A decisão de reter seus trabalhadores trabalhadores.
o que, por construção, manterá a trouxe efeitos de redução da margem
taxa de desemprego média de 2013 de lucro da indústria. A pesquisa A indústria terá seus custos
relativamente estável frente ao Indicadores Industriais CNI mostra que de produção acrescidos, o que
indicador do ano anterior. enquanto o faturamento real da indústria dificultará ganhos de produtividade
de transformação cresceu apenas 1,2% no médio prazo. Assim, a indústria
Indústria reteve mão de em 2012 frente ao ano anterior, a massa em 2013 terá mais um desafio a
obra mesmo com queda salarial real dos trabalhadores do setor ultrapassar: ganhar competitividade
expandiu à taxa de 5,0% no mesmo internacional em um cenário de
do PIB do setor
período. Nos últimos quatro anos, o intensificação da escassez de mão
Em 2012, o mercado de trabalho na faturamento real da indústria só mostrou de obra qualificada.
indústria mostrou um comportamento
diferente ao dos outros setores.
Mesmo com retração de 2,5% do PIB Faturamento real e massa salarial real
da indústria de transformação, o setor Variação (%) frente ao mesmo mês do ano anterior
manteve quase que inalterado seu Crescimento da massa salarial em ritmo acima do faturamento da
quadro de funcionários. O emprego
indústria reduz competitividade do setor
na indústria de transformação recuou
apenas 0,4% em 2012 (Indicadores 9,7
Industriais CNI).
Os custos de demissões no Brasil são
5,8 5,6
muito altos. Por isso, essa decisão 5,0
só ocorre em última instância, ou 3,8
seja, quando é inevitável. Somado a
isso, ao longo do segundo semestre 1,2
de 2012 aumentou a expectativa da
indústria quanto à demanda de seus
produtos (Sondagem Industrial CNI).
-2,3
Esse otimismo nas expectativas pode
induzir um movimento de contratação
-5,0
de novos empregados. Com isso, a
2009 2010 2011 2012
indústria optou por reter sua mão de
obra naquele período. Faturamento real Massa salarial real
Fonte: CNI
5
6. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
inflação, juros e crédito
Desonerações permitem cumprimento da meta de inflação
Aceleração nos preços dos alimentos pressiona o IPCA
A inflação iniciou o ano de 2013 em posição parcial no IPI dos automóveis. grupo situa-se em 8,6% ao ano em
aceleração. O acumulado em 12 meses Além disso, o aumento no IPI do cigarro fevereiro. Contudo, para os próximos
do IPCA fechou 2012 em 5,84%, próxi- também pressionou para um aumento no meses, a expectativa é de ligeira de-
mo ao limite superior da meta de 6,5%. índice dos produtos industriais. saceleração, fazendo com que o grupo
Em fevereiro, o índice aproximou-se termine o ano em 7,9%.
ainda mais do teto da meta e atingiu Por outro lado, a taxa de câmbio mais
6,31%. Contudo, a CNI estima que apreciada no início do ano, em compa- Os preços administrados mostram
as altas nos preços dos alimentos no ração ao segundo semestre de 2012, comportamento atípico no início do
fim de 2013 serão menos expressivas contribuiu para que a alta nos preços ano. Isso se dá pela combinação de
que o observado no fim de 2012. Com dos produtos industriais fosse mais efeitos do aumento no preço dos com-
isso, o IPCA convergirá para valores amena. Até o fim do ano não há expec- bustíveis e da redução dos encargos
abaixo do teto da meta até dezembro, tativa de aceleração mais forte, fazendo incidentes sobre a tarifa de energia.
terminando o ano em 5,7%. com que o acumulado em 12 meses do Apesar disso, a redução do preço da
grupo termine 2013 em 4,2%. energia mais que compensou o au-
Os preços dos produtos industriais mos- mento nos combustíveis, fazendo com
traram leve aceleração no início do ano, Os preços dos serviços continuam a que o grupo apresentasse deflação em
passando de um acumulado de 1,8% em contribuir para o alto patamar do IPCA, 2013. Como resultado, o grupo passou
dezembro para 3,3% em fevereiro. Parte o que já se sustenta desde o início de de um acumulado em 12 meses de
desse aumento é explicado pela recom- 2011. O acumulado em 12 meses do 4,2% em dezembro para 2,0% em feve-
reiro, com expectativa de que termine
o ano com acumulado de 1,7%.
IPCA por grupos
Acumulado em 12 meses (%) O grupo que mais vem pressionando
Preços dos alimentos alcançam patamar da crise de 2008 o IPCA é o dos preços dos alimentos.
O acumulado em 12 meses do grupo
16 alcançou 12,5% em fevereiro, maior taxa
desde a crise de 2008. Essa aceleração
14
se sustenta desde setembro do ano pas-
12 sado e se intensificou: a alta acumulada
nos dois primeiros meses do ano já é de
10 3,5%. Para os próximos meses, entre-
tanto, a expectativa é de desaceleração,
8
o que não evitará que os alimentos
6 apresentem a maior alta entre os grupos,
estimada em 9,7% em 2013.
4
A menor inflação dos alimentos se
2 dará por dois motivos. Primeiro, em
função de uma alta mais amena no fim
0
fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 ago/12 fev/13 de 2013 em comparação ao ano pas-
sado. Segundo, em função da desone-
Administrados Industriais Alimentação ração da cesta básica promovida pelo
Serviços IPCA
Governo, que impacta principalmente
Fonte: IBGE - Elaboração: CNI os produtos alimentícios e os produ-
6
7. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
tos industriais de higiene pessoal. A Saldo das operações de crédito
magnitude da redução do nível geral de Média dos últimos 12 meses contra os 12 meses anteriores
preços ainda é incerto, pois os preços Expansão do crédito desacelera desde o fim de 2011
finais incorporam custos que não fazem
parte da base de cálculo dos impostos 40
desonerados e o equilíbrio do mercado
de cada produto ditará o tamanho do 35
repasse ao consumidor.
30
Ainda assim, a CNI estima que a
desoneração da cesta básica reduzirá
o IPCA em 0,3 p.p.. Esse impacto virá 25
escalonado ao longo dos próximos
três a quatro meses, em função da 20
substituição dos produtos em estoque.
Esse movimento não evitará que o IPCA 15
se afaste do teto da meta, podendo
superá-la até julho, mas terminando o
10
ano dentro desse limite.
ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 ago/12 fev/13
Importante ressaltar que, apesar de Total Pessoa jurídica Pessoa física
dentro da meta, o nível inflacionário Fonte: Banco Central do Brasil - Elaboração: CNI
do ano é ilusório e preocupante. A
meta será alcançada mais em função
de medidas pontuais de desoneração Com a inflação dentro do limite supe- a expansão do saldo de crédito às
(energia elétrica e cesta básica) do que rior da meta, a expectativa da CNI é de pessoas físicas (últimos 12 meses
por um movimento amplo e persistente que a Selic mantenha-se no nível atual contra os 12 meses anteriores) era
de desaceleração dos níveis de preços (7,25% a.a.) até o fim de 2013. Com de 17,4%. No entanto, em agosto de
da economia. esse patamar, e dada a expectativa de 2011 essa taxa chegou a alcançar
inflação para o ano, a taxa de juros real 22,3%, mostrando desaceleração. Para
Inflação dentro da meta média deverá cair para 0,9%. pessoa jurídica, sob a mesma base de
mantém Selic inalterada comparação, a taxa de expansão do
Redução nos juros não se saldo de crédito desacelerou de 18,7%
até o fim do ano
em julho de 2011 para 16,9% em
traduziu em aumento no
A taxa básica de juros (Selic) foi fevereiro de 2013.
reduzida a 7,25% a.a. em outubro de
crédito
2012, e desde então a decisão tem A redução da taxa básica de juros Essa situação mostra que há espaço
sido pela manutenção desse patamar promovida no ano passado contribuiu para expansão do crédito, principal-
(três reuniões do Copom). Apesar da para a redução da taxa final aos to- mente com a repactuação de emprés-
aceleração no nível geral de preços, o madores de crédito. No espaço de um timos e financiamentos contratados
entendimento do Copom é de que uma ano, a taxa de juros média cobrada das em períodos de taxas de juros su-
elevação nos juros poderia atrapalhar a pessoas físicas caiu de 31,1% a.a. para periores pelas atuais. Sob o cenário
retomada do crescimento da economia, 24,9% a.a. (fevereiro de 2012 e de inflacionário atual em aceleração, é de
que ainda é incerta. 2013, respectivamente). Para pessoa se esperar medidas do Governo que
jurídica, a queda é de 18,2% a.a. para evitem uma expansão mais substancial
Assim, o Governo vem adotando medi- 14,0% a.a. no mesmo período. na concessão de crédito. O Governo
das alternativas à elevação da taxa bá- pode voltar a utilizar medidas macro-
sica de juros para controlar a inflação, A expansão do crédito, contudo, não prudenciais, gerando o efeito desejado
como as desonerações praticadas na acompanhou a redução nas taxas sem a necessidade de elevação na
energia elétrica e na cesta básica. cobradas. Em fevereiro de 2013, taxa básica de juros.
7
8. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
política fiscal
Governo Federal acelera o crescimento das despesas
Política fiscal expansionista provoca forte queda do superávit primário
O Governo Federal intensificou o caráter primeiro bimestre de 2013, quando com- No caso das despesas dos estados e
expansionista da política fiscal no primeiro parado com o mesmo período de 2012. municípios, é possível estimar apenas
trimestre de 2013, em resposta ao fraco o comportamento no mês de janeiro,
crescimento econômico de 2012. Por um A composição do aumento dos gastos, quando tiveram aumento real de 3,3%.
lado, o ritmo de crescimento das despe- com grande participação de despesas Embora o crescimento esteja abaixo da
sas acelerou-se em relação ao observado discricionárias, comprova que se trata de expansão de 5,4% observada em 2012,
no ano anterior. Por outro, uma série de um movimento deliberado por parte do esta não deve ser a tendência nos meses
medidas, novas ou prorrogadas, foram to- Governo Federal na tentativa de impul- seguintes. A expectativa é de aceleração
madas no sentido de reduzir a tributação sionar a economia. As despesas com no ritmo de crescimento das despesas.
sobre o consumo. Os governos estaduais custeio saltaram de um crescimento real Isso se deve à expansão das receitas
e municipais também devem contribuir de 12,2%, em 2012, para expansão de nos próximos meses e ao descolamento
para o expressivo aumento das despesas 20,4% no primeiro bimestre de 2013. Já entre receitas e despesas proporcionado
públicas, a exemplo do que ocorreu em os investimentos (GND 4 do SIAFI), cujo nos últimos anos pelo retorno da capaci-
2012. Esse quadro deve se refletir em crescimento real foi de 6,0% em 2012, dade de contratação de dívidas novas por
uma forte retração do superávit primário tiveram aumento real de 10,5% nos dois parte dos governos regionais.
até o fim do ano. primeiros meses de 2013. Embora parte
dessas expansões seja resultado do adia-
Com relação às despesas do Governo mento de pagamentos do final de 2012,
Receitas do Governo Federal
Federal, o gasto total, que registrou para aproximar o resultado primário da crescem em ritmo lento
aumento real de 5,4% em 2012, acelerou meta, os dados mostram uma tendência Se as despesas aceleraram o ritmo
o ritmo de crescimento para 7,2% no ao afrouxamento da política fiscal. de crescimento, a receita líquida do
Governo Federal registrou aumento real
Crescimento das despesas do Governo Federal de apenas 0,8% no primeiro bimestre
Taxa de crescimento real no acumulado do ano (%) de 2013, na comparação com o mesmo
período de 2012. Esse resultado mostra
Crescimento das despesas do Governo Federal em 2013 supera em quase
retração no ritmo de crescimento se
dois pontos percentuais o aumento observado em 2012 comparado ao aumento real de 2,2%
observado em 2012. Grande parte dessa
12
queda é explicada pela redução de
22,7% nas receitas não administradas
10
pela Receita Federal em janeiro e feve-
reiro de 2013, em relação aos mesmos
8 meses de 2012. A redução de quase
R$ 5,0 bilhões nos dividendos recebidos
6 pela União nos dois primeiros meses de
2013 determinou essa forte queda.
4
Assim como no Governo Federal, as re-
2
ceitas de estados e municípios iniciaram
2013 com ritmo lento de crescimento.
O aumento real, que foi de 2,6% em
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2012, reduziu-se para 0,5% em janeiro,
quando comparado ao mesmo mês do
Fonte: Tesouro Nacional Elaboração: CNI
* Acumulado em jan-fev 2013 contra jan-fev 2012 ano anterior. Essa queda é explicada,
8
9. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
principalmente, pela retração de 6,1% Evolução da Dívida Bruta do Setor Público
nas transferências recebidas da União. Em relação ao PIB (%)
Porém, a expectativa é de aumento no Relação Dívida Bruta/PIB acumula aumento de quase cinco pontos
ritmo de expansão das receitas nos pró-
percentuais do PIB desde o final de 2011
ximos meses, tanto pelas transferências
como pela arrecadação de ICMS. 65
A expansão das despesas no Governo
Federal e o baixo crescimento das 61
receitas, provocou retração do superávit
primário. No Governo Federal, o resul-
57
tado primário acumulado em 12 meses
caiu de 2,0%, em dezembro de 2012,
para 1,8% do PIB, em fevereiro. No caso 53
dos estados e municípios, o superávit
primário passou de 0,45% para 0,4% do
PIB na mesma base de comparação. As- 49
sim, o superávit primário do setor público
consolidado caiu de 2,4%, em dezembro 45
de 2012, para 2,2% do PIB, em fevereiro. dez/11 fev/12 abr/12 jun/12 ago/12 out/12 dez/12 fev/13
Com a queda do superávit primário, o Fonte: Banco Central do Brasil
déficit nominal acumulado nos últimos acentuada nas despesas dos governos nos últimos anos, o resultado estimado
12 meses passou de 2,5%, em dezembro regionais. Por sua vez, a elevação no ritmo para 2013 atenderia a meta ajustada,
de 2012, para 2,7% do PIB, em fevereiro, de expansão das receitas, nos níveis fede- que é de apenas R$ 42,9 bilhões, dada a
dado que as despesas com juros ficaram ral e regional, compensará o crescimento possibilidade de abatimento na meta de
estáveis em 4,9% do PIB. O aumento do das despesas. Entretanto, a exclusão R$ 65,2 bilhões de gastos com investi-
déficit nominal e a pressão de alta exerci- até o fim do ano dos efeitos de fatores mentos e de desonerações tributárias.
da pelo ajuste cambial feito nas dívidas in- atípicos observados no fim de 2012 provo-
terna e externa fizeram com que a relação cará a redução do superávit primário. Tais Nos governos regionais, o resultado
Dívida Líquida/PIB se elevasse de 35,2%, fatores são os R$ 12,4 bilhões resgatados primário deve elevar-se ligeiramente até
em dezembro de 2012, para 35,7%, em do Fundo Soberano do Brasil e os R$ 7,0 o fim do ano e atingir R$ 24,0 bilhões
fevereiro. Por sua vez, a relação Dívida bilhões em dividendos antecipados pelo (0,5% do PIB). Esse resultado deve ficar
Bruta/PIB permanece se elevando e BNDES e pela Caixa Econômica Federal bem abaixo da meta de R$ 47,8 bilhões.
alcançou 59,1% do PIB em fevereiro. Esse que entraram como receita do Governo Dessa forma, estimamos que o superávit
indicador de endividamento encerrou Federal em dezembro de 2012. primário do setor público consolidado em
2012 em 58,7% do PIB, uma alta de 4,5 2013 seja de R$ 83,0 bilhões (1,7% do
pontos percentuais sobre os 54,2% do PIB No Governo Federal, a CNI projeta PIB). Esse resultado ficaria abaixo tanto
registrados em dezembro de 2011. crescimento real de 7,3% para os gastos da meta ajustada (R$ 90,7 bilhões) como
em 2013, na comparação com 2012. Tal do observado em 2012 (2,4% do PIB).
previsão contempla um contingencia-
Exclusão de fatores atípicos mento de R$ 35,0 bilhões nas despesas A queda esperada no superávit primário
deve reduzir superávit autorizadas pelo orçamento aprovado em deve elevar o déficit nominal para 3,2% do
primário nos próximos meses março. Já com relação à receita, a CNI PIB, dado que a CNI projeta que as des-
estima aumento real de 4,8% em 2013. pesas com juros permaneçam em 4,9%
A tendência é que a política fiscal se man- do PIB. O aumento no déficit nominal e
tenha expansionista nos próximos meses. Nesse cenário, o superávit primário
estimado para o Governo Federal e suas os ajustes cambiais nas dívidas interna e
No Governo Federal, o ritmo de cresci- externa deverão fazer com que a relação
mento das despesas deve acelerar-se estatais em 2013 é de R$ 59,0 bilhões
(1,2% do PIB projetado pela CNI). Embo- Dívida Líquida/PIB suba ligeiramente para
levemente. A aceleração deve ser mais 35,4%, em dezembro de 2013.
ra bem abaixo dos resultados observados
9
10. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
setor externo e câmbio
Contas externas mostram déficits crescentes
Câmbio real mais valorizado em 2013
Desde abril de 2012 a taxa de câmbio sobre a atividade industrial e a crescente mente, a taxa de câmbio deve ultrapassar
vinha sendo utilizada como instrumento pressão decorrente do déficit em transa- R$ 2,00/US$ de forma mais persistente.
para aumentar a competitividade da ções correntes (como se verá a seguir) A taxa média anual deverá ser pouco
indústria, oscilando entre R$ 2,00/US$ devem limitar a valorização para aquém mais desvalorizada que a de 2012: R$
e R$ 2,05/US$. Entretanto, o início de do limite inferior da “banda”. Por outro 1,98/US$ ante R$ 1,95/US$.
2013 mostrou que a taxa de câmbio lado, a alta penetração de importados
Apesar da pequena diferença entre as
deve variar em novo patamar esse ano. nos mercados de bens finais e nas ca-
taxas nominais de câmbio, é impor-
deias produtivas faz com que o governo
Um acirramento das pressões sobre os tante considerar que a taxa de inflação
tema o repasse de uma desvalorização
preços nos primeiros meses de 2013 (ver brasileira será bem superior a de países
para os preços.
seção Inflação, Juros e Crédito) trouxe desenvolvidos, de forma que a taxa de
preocupação sobre a trajetória futura Nesse cenário, a CNI projeta que o câmbio real será mais valorizada. Como
da taxa de inflação. Esse cenário levou câmbio permanecerá oscilando ainda no consequência, a estabilidade na taxa mé-
o Governo a estimular uma valorização mesmo patamar atual pelo menos até dia anual de câmbio em termos nominais
no final de janeiro: a partir de então, a meados do segundo semestre, podendo trará perda de competitividade para a
taxa de câmbio vem se mantendo mais apresentar algumas exceções durante economia brasileira.
próximo de R$ 2,00/US$. curtos períodos – devido, sobretudo, a
eventos externos, como a recente crise Elevado déficit comercial no
Permanece, ainda que de forma implí- do Chipre. Durante o segundo semestre, início de 2013
cita, uma banda de flutuação cambial na medida em que a preocupação com
administrada. A preocupação com os Neste início de 2013, a balança comer-
os preços diminua e a pressão decorren-
impactos de nova valorização do câmbio cial brasileira registrou elevados déficits
te do déficit em transações correntes au-
comerciais. No acumulado até março, o
Saldo comercial brasileiro (1º trimestre) país importou US$ 5,1 bilhões a mais do
Em US$ milhões que exportou. Trata-se do pior resultado
Déficit comercial é o maior já registrado no período já observado para o período. Em 2012,
registrou-se superávit de US$ 2,4 bilhões
9.328
8.728
no mesmo período.
8.348
No primeiro trimestre de 2013, as impor-
6.163
tações totalizaram US$ 55,9 bilhões, um
3.822 crescimento de 11,6% na comparação
2.757 2.987 3.145
2.437 com igual período de 2012 (média diária).
1.041 881 Na mesma base de comparação, as
exportações recuaram 3,1%, somando
-16 US$ 50,8 bilhões.
-673
Explica-se esse fraco resultado das expor-
tações principalmente por conta de dois
-5.150 fatores. Primeiro, o redirecionamento das
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 vendas de petróleo bruto para o mercado
interno (as exportações desses produtos
Fonte: Secex/MDIC
10
11. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
recuaram 48% no primeiro bimestre do Saldo em transações correntes brasileiro (1º bimestre)
ano), por conta da priorização do atendi- Em US$ milhões
mento do consumo interno crescente e Déficit em transações correntes é dobro do registrado em 2012
da menor produção.
884 927
313 8
Segundo, as exportações para a Argenti-
na voltaram a surpreender negativamen- -21
te. As expectativas de um relaxamento -2.081 -2.245
das restrições impostas pelo governo -4.060
-3.378
argentino às compras externas não se
-5.917
materializaram até o momento. O saldo -6.912
comercial do país no início do ano e a -9.042 -8.779
deterioração das expectativas do cres-
cimento econômico daquele país estão
impedindo o relaxamento das restrições
às compras externas, o que afeta enor-
memente as exportações brasileiras de -17.997
produtos manufaturados.
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Adicionam-se aos fatores conjunturais Fonte: Banco Central do Brasil
acima os problemas de competitividade en- assim como a importação de bens de 10,5% superior à registrada em 2012.
frentados pela indústria brasileira e a decor- capital. Além disso, a continuidade das Destaca-se que esse crescimento ocorre
rente dificuldade de exportação para países políticas de estímulos ao consumo, alia- apesar da alta do dólar na comparação
como EUA, México e União Europeia. das à manutenção do câmbio valorizado, com fevereiro do ano passado. A taxa
darão suporte à importação de bens de média de câmbio em fevereiro de 2013
A partir dessa leitura, entende-se que as
consumo. As importações crescerão 8,5% situou-se em R$ 1,97/US$, enquanto
exportações brasileiras devem aumentar
em 2013, totalizando US$ 242,1 bilhões. que em fevereiro do ano passado estava
em 2013, mais uma vez, por conta das
Com isso, o superávit comercial totalizará em R$ 1,72/US$.
vendas de commodities, em particular
US$ 11,3 bilhões, um recuo de 41% ante
com as expectativas positivas quanto No mesmo período, o investimento es-
o registrado em 2012.
à safra de grãos para o ano. Contudo, trangeiro direto totalizou US$ 7,5 bilhões,
gargalos logísticos explicitados por epi- uma queda de 16,9% na comparação
sódios como o cancelamento da venda Déficit externo dobra no
com igual período de 2012.
de 2 milhões de toneladas de soja para a primeiro bimestre de 2013
China (devido a longas filas nos portos e No primeiro bimestre de 2013, o déficit O déficit em transações correntes
decorrentes atrasos na entrega) limitam em transações correntes somou quase continuará crescendo em 2013, supe-
o desempenho desses. Nesse cenário, US$ 18 bilhões. Trata-se de crescimento rando o valor de 2012, que foi recorde.
as exportações deverão crescer apenas de 105% na comparação com igual pe- Os ganhos de emprego e renda no país
4,5% em 2013, totalizando US$ 253,4 ríodo do ano passado (US$ 8,8 bilhões). continuarão a dar suporte ao aumento
bilhões, mantendo-se abaixo do valor O déficit na conta de serviços aumentou dos gastos com serviços no exterior e
exportado em 2011. 12,2%, para US$ 6,8 bilhões, enquanto as remessas de lucros se manterão ele-
o resultado negativo na conta de rendas vadas. Tudo isso, aliado a um superávit
As importações também continuarão comercial em queda, fará com que o
cresceu 88,9%, para US$ 6,5 bilhões.
crescendo. A importação de intermediá- déficit em transações correntes alcance
rios e matérias-primas – que correspon- Em particular, os gastos de brasileiros US$ 68,1 bilhões. Dessa forma, o investi-
dem à maior parte das importações brasi- no exterior alcançaram novo recorde em mento estrangeiro direto poderá não ser
leiras – serão especialmente estimuladas janeiro e em fevereiro. No bimestre, os suficiente para o financiamento desse
pelo maior crescimento da economia, gastos totalizaram US$ 4,1 bilhões, cifra déficit, o que não ocorria desde 2001.
11
12. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013
perspectivas da economia brasileira
2013
(projeção 2013
2011 2012
anterior (projeção)
dez/12)
Atividade econômica
PIB
2,7% 0,9% 4,0% 3,2%
(variação anual)
PIB industrial
1,6% -0,8% 4,1% 2,6%
(variação anual)
Consumo das famílias
4,1% 3,1% 3,8% 3,5%
(variação anual)
Formação bruta de capital fixo
4,7% -4,0% 7,0% 4,0%
(variação anual)
Taxa de Desemprego 6,0% 5,5% 5,3% 5,4%
(média anual - % da PEA)
Inflação
Inflação
6,5% 5,8% 5,5% 5,7%
(IPCA - variação anual)
Taxa de juros
Taxa nominal de juros
(taxa média do ano) 11,76% 8,63% 7,25% 7,25%
(fim do ano) 11,00% 7,25% 7,25% 7,25%
Taxa real de juros 4,8% 3,1% 1,4% 0,9%
(taxa média anual e defl: IPCA)
Contas públicas
Déficit público nominal
2,61% 2,47% 2,20% 3,20%
(% do PIB)
Superávit público primário
3,11% 2,38% 2,30% 1,70%
(% do PIB)
Dívida pública líquida 36,4% 35,2% 33,9% 35,4%
(% do PIB)
Taxa de câmbio
Taxa nominal de câmbio - R$/US$
(média de dezembro) 1,83 2,08 2,07 2,00
(média do ano) 1,67 1,95 2,06 1,98
Setor externo
Exportações
256,0 242,6 258,3 253,4
(US$ bilhões)
Importações
226,2 223,1 240,2 242,1
(US$ bilhões)
Saldo comercial
29,8 19,4 18,1 11,3
(US$ bilhões)
Saldo em conta corrente -52,9 -54,3 -62,1 -68,1
(US$ bilhões)
INFORME CONJUNTURAL | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Política Econômica | Gerente
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Documento elaborado em 1º de abril de 2013.