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INFORME CONJUNTURAL
Informativo da Confederação Nacional da Indústria                                                Ano 29 Número 1 janeiro/março de 2013 www.cni.org.br




Alta do investimento impulsiona PIB                                                                                                         A economia
                                                                                                                                  brasileira no primeiro
e indústria em 2013                                                                                                                  trimestre de 2013
A retomada da atividade industrial parece estar     domésticos de serviços e insumos, mitigando a
assegurada em 2013. O PIB brasileiro deverá         competitividade dos produtos industriais.                                       Crescimento do PIB será mais
crescer 3,2%, sendo acompanhado pelo PIB                                                                                             equilibrado entre consumo e
da indústria, com alta de 2,6%. O retorno a         A esperada queda no segundo semestre se
                                                                                                                                                     investimento
uma taxa de crescimento mais expressiva             deve a fatores específicos com efeitos tempo-                                                                 Pág. 2
deve ocorrer com a resposta do investimento         rários. É necessário ancorar as expectativas de
às medidas de redução de custo e melhora da         inflação em fundamentos sólidos de longo prazo.                                    Escassez de mão de obra
competitividade. A CNI estima um crescimento        Mesmo com as desonerações, a carga tributária                                      qualificada será marca do
de 4,0% no investimento em 2013, contrastan-        aumentou em 2012, e ainda assim as condi-                                      mercado de trabalho em 2013
do com a queda de 4,0% no ano passado.              ções fiscais pioraram. A redução do superávit                                                                 Pág. 4
                                                    primário, as antecipações de receitas e o uso
A experiência recente mostra que o baixo            crescente de operações fiscais de financiamen-
                                                                                                                                         Desonerações permitem
crescimento dos últimos anos não se deve à          to com impacto na dívida bruta podem com-
                                                                                                                                  cumprimento da meta de inflação
insuficiência de demanda das famílias, pois o       prometer a solidez fiscal, criando dificuldades à
                                                                                                                                                                  Pág. 6
consumo segue em expansão. O baixo ritmo se         manutenção de taxas de juros no atual patamar.
explica pela fraqueza do investimento, que se
                                                    Em suma, o crescimento de 2013 ainda é                                              Governo Federal acelera o
ressente de entraves institucionais e burocrá-
                                                    insatisfatório, pois é inferior ao esperado para                                   crescimento das despesas
ticos, que prejudicam a confiança dos agentes                                                                                                                     Pág. 8
e reduzem a expectativa de rentabilidade dos        as economias emergentes. Sua intensificação
projetos industriais.                               exige perseverança com as ações voltadas à
                                                                                                                                       Contas externas mostram
                                                    ampliação da competitividade e o estímulo ao
                                                                                                                                             déficits crescentes
Uma inflexão urgente nessa situação é crítica       investimento, sem descuidar da trajetória de                                                                  Pág. 10
para a retomada de uma trajetória de expansão       inflação. O Brasil não pode voltar a ter que fa-
sustentada e mais vigorosa que a esperada           zer uma escolha entre inflação e crescimento.
para 2013, principalmente no caso da manufa-
tura. A competição com produtos estrangeiros,       Variação anual do PIB industrial e dos investimentos (FBKF)
tanto em terceiros mercados como no merca-          Taxa de crescimento real anual (%)
do doméstico, segue acirrada e evoluindo de         Crescimento dos investimentos favorece alta do PIB industrial
forma desfavorável. Essa perda de competitivi-
dade não é uma questão pontual, mas reflete                                                                                   21,3
o baixo crescimento da produtividade e da alta
dos custos de produção observados desde
antes da crise internacional.                                                        13,9             13,6
O ponto positivo é que o diagnóstico de baixa                           9,8                                                10,4
competitividade se tornou consenso. As dificul-
dades parecem se localizar na implementação                                    5,3                                                           4,7
                                                                                                4,1                                                                    4,0
efetiva e tempestiva de medidas voltadas à                  3,6
                                                                  2,2                                                                                            2,6
                                                      2,1                                                                              1,6
redução do custo de produzir no Brasil.

A resistência da inflação é um ponto que
                                                                                                                                                   -0,8
merece atenção. Mesmo respeitando o limite
superior da banda, a taxa de inflação segue                                                                                                               -4,0
                                                                                                             -5,6
elevada e bem acima da média mundial. Essa                                                                          -6,7
diferença, que se acumula ao longo dos anos,           2005        2006          2007            2008         2009           2010       2011        2012         2013*
termina se manifestando na alta dos custos                                            PIB industrial                        Investimentos
                                                    Fonte: IBGE         Estimativas 2013: CNI
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




  atividade econômica

Crescimento do PIB será mais equilibrado
entre consumo e investimento
Maior crescimento da indústria não impedirá queda de sua participação no PIB
Após dois anos de dificuldades, a         os setores industriais (em 18 dos          Forte atividade em janeiro
atividade industrial registrou expansão   27 considerados) e em todas as             não garante continuidade
intensa e disseminada em janeiro de       categorias de uso.                         do mesmo ritmo de
2013, frente ao mês anterior.
                                          A maior atividade industrial reduziu a     crescimento
O crescimento, contudo, não               ociosidade do setor. A utilização da
                                                                                     Após forte crescimento da atividade
deverá ser da mesma magnitude da          capacidade instalada (Indicadores
                                                                                     industrial em janeiro, indicadores
registrada em janeiro, uma vez que        Industriais CNI) cresceu 1,1 ponto
                                                                                     antecedentes apontam uma queda
poderá haver oscilações na evolução       percentual frente ao mês anterior
                                                                                     da produção industrial em fevereiro,
mensal nos próximos meses.                e atingiu 84,0% em janeiro, no
                                                                                     o que mantém incerto o ritmo de
                                          indicador dessazonalizado. Com esse
A CNI estima um crescimento de                                                       crescimento que prevalecerá daqui
                                          crescimento - o segundo mais intenso
2,6% do PIB industrial e de 3,2% para                                                pra frente. As vendas de papel
                                          da série iniciada em 2003 -, o indicador
a economia brasileira.                                                               ondulado (ABPO) recuaram 8,4% em
                                          aproximou-se do maior patamar da
                                                                                     fevereiro frente a janeiro, o que em
                                          série (84,4% em janeiro de 2008).
Início de ano com sinais                                                             termos dessazonalizados significa
positivos de recuperação                  O aumento da utilização da                 uma queda de 2,2%. A produção de
                                          capacidade instalada é condição            veículos (Anfavea) recuou 17,9%
Existem sinais positivos que indicam                                                 em fevereiro, na mesma base de
                                          importante para a volta dos
um ano melhor para a indústria                                                       comparação. Quando ajustada por
                                          investimentos.
quando comparado com os dois anos                                                    dias úteis, a queda na produção de
anteriores.                               Há sinais desse retorno. A produção        veículos foi de 4,9%.
                                          de bens de capital (PIM-PF/IBGE)
O longo processo de ajustamento de                                                   A confiança do empresário industrial
                                          registrou uma alta de 8,2% em
estoques chegou ao fim. O indicador                                                  ainda não entrou em trajetória de alta.
                                          janeiro frente a dezembro, em termos
de estoques efetivo em relação ao                                                    Em março, o Índice de Confiança do
                                          dessazonalizados - maior alta nessa
planejado (Sondagem Industrial CNI)                                                  Empresário Industrial (ICEI/CNI) recuou
                                          base de comparação do período pós
situa-se perto da linha divisória de                                                 1,0 ponto e atingiu 57,1 pontos. O fato
                                          crise (desde 2008).
50 pontos (o que indica estoques                                                     desse indicador oscilar ao redor de
ajustados) desde setembro de 2012.        A manutenção da taxa básica de juros       57,3 pontos nos últimos sete meses
Em fevereiro, esse indicador ficou em     nos menores patamares históricos           sugere um ritmo menos intenso de
49,7 pontos.                              e as medidas de desoneração                recuperação nos próximos meses.
                                          da folha de pagamentos em um
O nível ajustado de estoques é                                                       Somado a isso, muitos problemas
                                          número crescente de setores
fundamental para que o aumento                                                       de competitividade ainda permeiam
                                          industriais podem gerar ganhos de
da demanda de produtos industriais                                                   o ambiente produtivo como: a alta
                                          competitividade da indústria brasileira.
eleve o ritmo de produção do setor.                                                  carga tributária e as distorções
Nesse sentido, a produção industrial      Nesse mesmo sentido, a redução da          existentes no sistema tributário; a
respondeu positivamente em janeiro e      tarifa de energia e a desoneração do       permanência de uma taxa de câmbio
cresceu 2,5% na comparação com o          óleo diesel também contribuirão para       valorizada; a burocracia excessiva; as
mês anterior (PIM-PF/IBGE), de acordo     a redução dos custos, estimulando o        incertezas regulatórias; a dificuldade
com o indicador dessazonalizado. O        aumento da produção.                       de acesso ao crédito; o mercado de
crescimento foi disseminado entre




                                                             2
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




trabalho pouco flexível; o aumento            Após quatro trimestres seguidos de         Estimativas para 2013
do custo do trabalho em função da             queda, os investimentos, medidos pela
baixa produtividade e os problemas de         formação bruta de capital fixo (Contas     O PIB de serviços continuará crescendo
logística e infraestrutura que elevam         Nacionais / IBGE), cresceram 0,5% no       à taxas superiores (3,2%) a da indústria.
o custo de produção, reduzem a                quarto trimestre de 2012, frente ao        O setor externo deverá contribuir
competitividade da indústria brasileira       trimestre anterior.                        negativamente com 0,3 ponto
e limitam o seu crescimento.                                                             percentual no PIB, resultado de uma
                                              A dificuldade de aumento dos
                                                                                         expansão de 5,5% das importações e
Economia deverá crescer                       investimentos está intrinsecamente
                                                                                         de 3,7% das exportações, de acordo
1,2% no primeiro trimestre                    ligada à relativa reduzida confiança do
                                                                                         com a metodologia das Contas
                                              empresário e à baixa taxa de poupança.
                                                                                         Nacionais do IBGE.
O índice de atividade do Banco Central        A baixa propensão a poupar brasileira
- que estima as variações do PIB mês a        proporciona poucos recursos para           O setor industrial manterá a trajetória
mês - registrou alta de 1,3% em janeiro       serem destinados ao investimento. A        de perda da participação no PIB,
frente ao mês anterior. O aumento da          participação da poupança no PIB em         que deverá atingir 26,1% em 2013
produção industrial em janeiro foi crucial    2012 foi de apenas 14,8% - patamar         (somados os quatro segmentos da
para a expansão do PIB no mês. Mesmo          similar ao de 2002.                        indústria).
havendo queda da produção industrial
em fevereiro, o resultado do PIB              A CNI estima um avanço de 4,0% dos         Considerando um crescimento de 2,6%
industrial no trimestre ainda deverá ser      investimentos em 2013, já considerando     do PIB da indústria de transformação,
positivo e acima de 1,0%, devido a baixa      o impacto das medidas do governo           a participação desse segmento no
base de comparação de 2012.                   de concessões de rodovias, ferrovias       PIB cairá para 13,2%, o que significa
                                              e aeroportos. Uma expansão do PIB          a menor participação desde 1947,
O bom desempenho da indústria,                mais intensa dependerá diretamente de      quando a medição do PIB e seus
somado ao intenso crescimento da              maior reação dos investimentos no ano.     componentes foi iniciada.
agropecuária no trimestre (segundo
estimativas do IBGE), irá demandar
maior atividade do setor de serviços,
que também deverá crescer no período.         Estimativa da CNI para o PIB
Dessa forma, a CNI considera um               Variação percentual e contribuição dos componentes no PIB
cenário de crescimento de 1,2% do PIB
no primeiro trimestre.                                                                                    2013
                                                         Componentes do PIB                    Taxa de           Contribuição
Maior crescimento do                                                                      crescimento (%)           (p.p.)
                                              Ótica da   Consumo das famílias                    3,5                 2,2
PIB depende de mais                           demanda    Consumo do governo                     2,8                   0,6
investimentos
                                                         FBKF                                   4,0                   0,7
O crescimento econômico sustentado                       Exportações                            3,7                   0,5
é resultado de uma expansão                              (-) Importações                        5,5                   -0,8
mais equilibrada entre consumo e
investimento do lado da demanda. Dado         Ótica da   Agropecuária                           6,5                   0,3
o dinamismo do mercado de trabalho            oferta     Indústria                              2,6                   0,7
- que gera ganhos de rendimentos                            Indústria extrativa                 1,5                   0,1
reais -, o consumo das famílias deverá
                                                            Indústria de transformação          2,6                   0,3
continuar avançando no ano (3,5%
                                                            Construção civil                    2,5                   0,1
de acordo com a estimativa da CNI).
                                                            SIUP                                4,0                   0,1
Então, a questão fundamental para o
crescimento continuado da economia é                     Serviços                               3,2                   2,2
a expansão dos investimentos.                            PIB pm                                 3,2




                                                                  3
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




     emprego e renda

Escassez de mão de obra qualificada será marca do
mercado de trabalho em 2013
Emprego cresce em menor ritmo

Na esteira da recuperação da                             base de comparação – considerando                da ocupação – vem crescendo nos
atividade econômica, o mercado de                        o IBC-BR (Banco Central). Já as                  últimos anos e atingiu 62,1% em
trabalho deverá criar um número                          ocupações sem carteira do setor                  janeiro de 2013. Essa foi a maior
maior de vagas em 2013. A CNI                            privado registraram queda de 1,6%                participação de empregos formais no
espera que o emprego formal                              também frente a janeiro de 2012.                 mercado de trabalho metropolitano
aumente em velocidade acima do                                                                            desde o início da série do IBGE, em
crescimento do PIB, o que continuará                     Formalização do mercado                          março de 2002.
a gerar ganhos nos rendimentos                           de trabalho em contínuo
médios reais dos trabalhadores.                                                                           O maior crescimento do emprego
                                                         crescimento                                      formal em um mercado de trabalho
O emprego metropolitano cresceu                          Esse contínuo movimento eleva o                  aquecido poderá potencializar os
2,8% em janeiro frente ao mês                            grau de formalidade do mercado de                ganhos nos rendimentos médios reais
anterior (PME/IBGE). O emprego                           trabalho metropolitano. O índice de              dos trabalhadores, que garantirá o
formal, por sua vez, manteve uma                         formalidade construído pela CNI –                crescimento do consumo das famílias
expansão mais acelerada (4,1%) do                        soma de empregados com carteira,                 em 2013.
que a da economia (3,8%), na mesma                       militares e estatutários pelo total
                                                                                                          Taxa de desemprego
                                                                                                          média estável em 2013
Emprego e população economicamente ativa (PEA)
Variação (%) frente ao mesmo mês do ano anterior                                                          O emprego vem crescendo
                                                                                                          sistematicamente em velocidade
Emprego e população economicamente ativa deverão manter taxas
                                                                                                          acima da população economicamente
semelhantes de crescimento em 2013                                                                        ativa (PEA) – contingente formado
                                                                                                          por empregados e desempregados
5
                                                                                                          em busca de uma ocupação –
4                                                                                                         nos últimos anos. Quanto mais o
3                                                                                                         emprego crescer em relação à PEA,
                                                                                                          mais rápido é o recuo da taxa de
2                                                                                                         desemprego.
1
                                                                                                          Porém, desde 2011 o crescimento do
0                                                                                                         emprego vem mostrando perda de
-1                                                                                                        ritmo, enquanto a PEA registrou relativa
                                                                                                          estabilidade em sua taxa de expansão.
-2
                                                                                                          No segundo semestre de 2012,
-3
                                                                                                          ambos indicadores voltaram a
-4
     jan/08 jul/08   jan/09   jul/09   jan/10   jul/10     jan/11     jul/11   jan/12   jul/12   jan/13   intensificar a taxa de crescimento de
                                                                                                          modo que a taxa de variação anual
                                   Emprego                          PEA                                   do emprego se igualasse à da PEA.
Fonte: IBGE




                                                                               4
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




As curvas de variações anuais do             Outro fator que influenciou a retenção                desempenho melhor do que a massa
emprego e da PEA se aproximaram              de mão de obra na indústria é o                       salarial real em 2010.
de tal maneira que, praticamente, se         problema de falta de trabalhador
encostaram em janeiro de 2013.               qualificado. Mesmo com a economia                     Problema de falta de
                                             crescendo pouco, o problema de falta                  trabalhador qualificado
O maior crescimento econômico                de trabalhador qualificado aumentou
deverá gerar mais empregos e
                                                                                                   deverá aumentar em 2013
                                             de importância no terceiro e no quarto
continuar impulsionando os ganhos            trimestre do ano passado (Sondagem                    A aceleração da atividade
de renda do trabalhador. Esse                Industrial CNI).                                      industrial em um cenário de taxa
cenário deverá atrair mais pessoas                                                                 de desemprego em baixa histórica
ao mercado de trabalho em busca de           Aproximadamente um terço das                          deverá intensificar ainda mais o
uma ocupação.                                empresas industriais apontaram esse                   problema de falta de trabalhador
                                             como um dos três maiores problemas                    qualificado. Haverá maiores pressões
Dessa forma, é esperado que tanto            para a indústria.                                     salariais no mercado de trabalho com
o emprego quanto a PEA continuem                                                                   o ganho de poder de barganha dos
crescendo a taxas semelhantes,               A decisão de reter seus trabalhadores                 trabalhadores.
o que, por construção, manterá a             trouxe efeitos de redução da margem
taxa de desemprego média de 2013             de lucro da indústria. A pesquisa                     A indústria terá seus custos
relativamente estável frente ao              Indicadores Industriais CNI mostra que                de produção acrescidos, o que
indicador do ano anterior.                   enquanto o faturamento real da indústria              dificultará ganhos de produtividade
                                             de transformação cresceu apenas 1,2%                  no médio prazo. Assim, a indústria
Indústria reteve mão de                      em 2012 frente ao ano anterior, a massa               em 2013 terá mais um desafio a
obra mesmo com queda                         salarial real dos trabalhadores do setor              ultrapassar: ganhar competitividade
                                             expandiu à taxa de 5,0% no mesmo                      internacional em um cenário de
do PIB do setor
                                             período. Nos últimos quatro anos, o                   intensificação da escassez de mão
Em 2012, o mercado de trabalho na            faturamento real da indústria só mostrou              de obra qualificada.
indústria mostrou um comportamento
diferente ao dos outros setores.
Mesmo com retração de 2,5% do PIB            Faturamento real e massa salarial real
da indústria de transformação, o setor       Variação (%) frente ao mesmo mês do ano anterior
manteve quase que inalterado seu             Crescimento da massa salarial em ritmo acima do faturamento da
quadro de funcionários. O emprego
                                             indústria reduz competitividade do setor
na indústria de transformação recuou
apenas 0,4% em 2012 (Indicadores                                                9,7
Industriais CNI).

Os custos de demissões no Brasil são
                                                                                             5,8                 5,6
muito altos. Por isso, essa decisão                                                                                                     5,0
só ocorre em última instância, ou                                                                   3,8
seja, quando é inevitável. Somado a
isso, ao longo do segundo semestre                                                                                         1,2
de 2012 aumentou a expectativa da
indústria quanto à demanda de seus
produtos (Sondagem Industrial CNI).
                                                                  -2,3
Esse otimismo nas expectativas pode
induzir um movimento de contratação
                                                    -5,0
de novos empregados. Com isso, a
                                                           2009                       2010                2011                   2012
indústria optou por reter sua mão de
obra naquele período.                                                        Faturamento real        Massa salarial real
                                             Fonte: CNI




                                                                         5
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




     inflação, juros e crédito

Desonerações permitem cumprimento da meta de inflação
Aceleração nos preços dos alimentos pressiona o IPCA
A inflação iniciou o ano de 2013 em                       posição parcial no IPI dos automóveis.         grupo situa-se em 8,6% ao ano em
aceleração. O acumulado em 12 meses                       Além disso, o aumento no IPI do cigarro        fevereiro. Contudo, para os próximos
do IPCA fechou 2012 em 5,84%, próxi-                      também pressionou para um aumento no           meses, a expectativa é de ligeira de-
mo ao limite superior da meta de 6,5%.                    índice dos produtos industriais.               saceleração, fazendo com que o grupo
Em fevereiro, o índice aproximou-se                                                                      termine o ano em 7,9%.
ainda mais do teto da meta e atingiu                      Por outro lado, a taxa de câmbio mais
6,31%. Contudo, a CNI estima que                          apreciada no início do ano, em compa-          Os preços administrados mostram
as altas nos preços dos alimentos no                      ração ao segundo semestre de 2012,             comportamento atípico no início do
fim de 2013 serão menos expressivas                       contribuiu para que a alta nos preços          ano. Isso se dá pela combinação de
que o observado no fim de 2012. Com                       dos produtos industriais fosse mais            efeitos do aumento no preço dos com-
isso, o IPCA convergirá para valores                      amena. Até o fim do ano não há expec-          bustíveis e da redução dos encargos
abaixo do teto da meta até dezembro,                      tativa de aceleração mais forte, fazendo       incidentes sobre a tarifa de energia.
terminando o ano em 5,7%.                                 com que o acumulado em 12 meses do             Apesar disso, a redução do preço da
                                                          grupo termine 2013 em 4,2%.                    energia mais que compensou o au-
Os preços dos produtos industriais mos-                                                                  mento nos combustíveis, fazendo com
traram leve aceleração no início do ano,                  Os preços dos serviços continuam a             que o grupo apresentasse deflação em
passando de um acumulado de 1,8% em                       contribuir para o alto patamar do IPCA,        2013. Como resultado, o grupo passou
dezembro para 3,3% em fevereiro. Parte                    o que já se sustenta desde o início de         de um acumulado em 12 meses de
desse aumento é explicado pela recom-                     2011. O acumulado em 12 meses do               4,2% em dezembro para 2,0% em feve-
                                                                                                         reiro, com expectativa de que termine
                                                                                                         o ano com acumulado de 1,7%.
IPCA por grupos
Acumulado em 12 meses (%)                                                                                O grupo que mais vem pressionando
Preços dos alimentos alcançam patamar da crise de 2008                                                   o IPCA é o dos preços dos alimentos.
                                                                                                         O acumulado em 12 meses do grupo
16                                                                                                       alcançou 12,5% em fevereiro, maior taxa
                                                                                                         desde a crise de 2008. Essa aceleração
14
                                                                                                         se sustenta desde setembro do ano pas-
12                                                                                                       sado e se intensificou: a alta acumulada
                                                                                                         nos dois primeiros meses do ano já é de
10                                                                                                       3,5%. Para os próximos meses, entre-
                                                                                                         tanto, a expectativa é de desaceleração,
 8
                                                                                                         o que não evitará que os alimentos
 6                                                                                                       apresentem a maior alta entre os grupos,
                                                                                                         estimada em 9,7% em 2013.
 4
                                                                                                         A menor inflação dos alimentos se
 2                                                                                                       dará por dois motivos. Primeiro, em
                                                                                                         função de uma alta mais amena no fim
 0
 fev/08     ago/08 fev/09       ago/09   fev/10    ago/10       fev/11   ago/11 fev/12   ago/12 fev/13   de 2013 em comparação ao ano pas-
                                                                                                         sado. Segundo, em função da desone-
                  Administrados                   Industriais                   Alimentação              ração da cesta básica promovida pelo
                  Serviços                        IPCA
                                                                                                         Governo, que impacta principalmente
Fonte: IBGE - Elaboração: CNI                                                                            os produtos alimentícios e os produ-




                                                                                 6
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




tos industriais de higiene pessoal. A        Saldo das operações de crédito
magnitude da redução do nível geral de       Média dos últimos 12 meses contra os 12 meses anteriores
preços ainda é incerto, pois os preços       Expansão do crédito desacelera desde o fim de 2011
finais incorporam custos que não fazem
parte da base de cálculo dos impostos        40
desonerados e o equilíbrio do mercado
de cada produto ditará o tamanho do          35
repasse ao consumidor.
                                             30
Ainda assim, a CNI estima que a
desoneração da cesta básica reduzirá
o IPCA em 0,3 p.p.. Esse impacto virá        25
escalonado ao longo dos próximos
três a quatro meses, em função da            20
substituição dos produtos em estoque.
Esse movimento não evitará que o IPCA        15
se afaste do teto da meta, podendo
superá-la até julho, mas terminando o
                                             10
ano dentro desse limite.
                                              ago/08       fev/09      ago/09      fev/10       ago/10    fev/11   ago/11    fev/12         ago/12   fev/13
Importante ressaltar que, apesar de                                        Total                Pessoa jurídica             Pessoa física
dentro da meta, o nível inflacionário        Fonte: Banco Central do Brasil - Elaboração: CNI
do ano é ilusório e preocupante. A
meta será alcançada mais em função
de medidas pontuais de desoneração           Com a inflação dentro do limite supe-                          a expansão do saldo de crédito às
(energia elétrica e cesta básica) do que     rior da meta, a expectativa da CNI é de                        pessoas físicas (últimos 12 meses
por um movimento amplo e persistente         que a Selic mantenha-se no nível atual                         contra os 12 meses anteriores) era
de desaceleração dos níveis de preços        (7,25% a.a.) até o fim de 2013. Com                            de 17,4%. No entanto, em agosto de
da economia.                                 esse patamar, e dada a expectativa de                          2011 essa taxa chegou a alcançar
                                             inflação para o ano, a taxa de juros real                      22,3%, mostrando desaceleração. Para
Inflação dentro da meta                      média deverá cair para 0,9%.                                   pessoa jurídica, sob a mesma base de
mantém Selic inalterada                                                                                     comparação, a taxa de expansão do
                                             Redução nos juros não se                                       saldo de crédito desacelerou de 18,7%
até o fim do ano
                                                                                                            em julho de 2011 para 16,9% em
                                             traduziu em aumento no
A taxa básica de juros (Selic) foi                                                                          fevereiro de 2013.
reduzida a 7,25% a.a. em outubro de
                                             crédito
2012, e desde então a decisão tem            A redução da taxa básica de juros                              Essa situação mostra que há espaço
sido pela manutenção desse patamar           promovida no ano passado contribuiu                            para expansão do crédito, principal-
(três reuniões do Copom). Apesar da          para a redução da taxa final aos to-                           mente com a repactuação de emprés-
aceleração no nível geral de preços, o       madores de crédito. No espaço de um                            timos e financiamentos contratados
entendimento do Copom é de que uma           ano, a taxa de juros média cobrada das                         em períodos de taxas de juros su-
elevação nos juros poderia atrapalhar a      pessoas físicas caiu de 31,1% a.a. para                        periores pelas atuais. Sob o cenário
retomada do crescimento da economia,         24,9% a.a. (fevereiro de 2012 e de                             inflacionário atual em aceleração, é de
que ainda é incerta.                         2013, respectivamente). Para pessoa                            se esperar medidas do Governo que
                                             jurídica, a queda é de 18,2% a.a. para                         evitem uma expansão mais substancial
Assim, o Governo vem adotando medi-          14,0% a.a. no mesmo período.                                   na concessão de crédito. O Governo
das alternativas à elevação da taxa bá-                                                                     pode voltar a utilizar medidas macro-
sica de juros para controlar a inflação,     A expansão do crédito, contudo, não                            prudenciais, gerando o efeito desejado
como as desonerações praticadas na           acompanhou a redução nas taxas                                 sem a necessidade de elevação na
energia elétrica e na cesta básica.          cobradas. Em fevereiro de 2013,                                taxa básica de juros.




                                                                       7
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




     política fiscal

Governo Federal acelera o crescimento das despesas
Política fiscal expansionista provoca forte queda do superávit primário
O Governo Federal intensificou o caráter                 primeiro bimestre de 2013, quando com-      No caso das despesas dos estados e
expansionista da política fiscal no primeiro             parado com o mesmo período de 2012.         municípios, é possível estimar apenas
trimestre de 2013, em resposta ao fraco                                                              o comportamento no mês de janeiro,
crescimento econômico de 2012. Por um                    A composição do aumento dos gastos,         quando tiveram aumento real de 3,3%.
lado, o ritmo de crescimento das despe-                  com grande participação de despesas         Embora o crescimento esteja abaixo da
sas acelerou-se em relação ao observado                  discricionárias, comprova que se trata de   expansão de 5,4% observada em 2012,
no ano anterior. Por outro, uma série de                 um movimento deliberado por parte do        esta não deve ser a tendência nos meses
medidas, novas ou prorrogadas, foram to-                 Governo Federal na tentativa de impul-      seguintes. A expectativa é de aceleração
madas no sentido de reduzir a tributação                 sionar a economia. As despesas com          no ritmo de crescimento das despesas.
sobre o consumo. Os governos estaduais                   custeio saltaram de um crescimento real     Isso se deve à expansão das receitas
e municipais também devem contribuir                     de 12,2%, em 2012, para expansão de         nos próximos meses e ao descolamento
para o expressivo aumento das despesas                   20,4% no primeiro bimestre de 2013. Já      entre receitas e despesas proporcionado
públicas, a exemplo do que ocorreu em                    os investimentos (GND 4 do SIAFI), cujo     nos últimos anos pelo retorno da capaci-
2012. Esse quadro deve se refletir em                    crescimento real foi de 6,0% em 2012,       dade de contratação de dívidas novas por
uma forte retração do superávit primário                 tiveram aumento real de 10,5% nos dois      parte dos governos regionais.
até o fim do ano.                                        primeiros meses de 2013. Embora parte
                                                         dessas expansões seja resultado do adia-
Com relação às despesas do Governo                       mento de pagamentos do final de 2012,
                                                                                                     Receitas do Governo Federal
Federal, o gasto total, que registrou                    para aproximar o resultado primário da      crescem em ritmo lento
aumento real de 5,4% em 2012, acelerou                   meta, os dados mostram uma tendência        Se as despesas aceleraram o ritmo
o ritmo de crescimento para 7,2% no                      ao afrouxamento da política fiscal.         de crescimento, a receita líquida do
                                                                                                     Governo Federal registrou aumento real
Crescimento das despesas do Governo Federal                                                          de apenas 0,8% no primeiro bimestre
Taxa de crescimento real no acumulado do ano (%)                                                     de 2013, na comparação com o mesmo
                                                                                                     período de 2012. Esse resultado mostra
Crescimento das despesas do Governo Federal em 2013 supera em quase
                                                                                                     retração no ritmo de crescimento se
dois pontos percentuais o aumento observado em 2012                                                  comparado ao aumento real de 2,2%
                                                                                                     observado em 2012. Grande parte dessa
12
                                                                                                     queda é explicada pela redução de
                                                                                                     22,7% nas receitas não administradas
10
                                                                                                     pela Receita Federal em janeiro e feve-
                                                                                                     reiro de 2013, em relação aos mesmos
 8                                                                                                   meses de 2012. A redução de quase
                                                                                                     R$ 5,0 bilhões nos dividendos recebidos
 6                                                                                                   pela União nos dois primeiros meses de
                                                                                                     2013 determinou essa forte queda.
 4
                                                                                                     Assim como no Governo Federal, as re-
 2
                                                                                                     ceitas de estados e municípios iniciaram
                                                                                                     2013 com ritmo lento de crescimento.
                                                                                                     O aumento real, que foi de 2,6% em
 0
           2008               2009                2010       2011           2012          2013*      2012, reduziu-se para 0,5% em janeiro,
                                                                                                     quando comparado ao mesmo mês do
Fonte: Tesouro Nacional       Elaboração: CNI
* Acumulado em jan-fev 2013 contra jan-fev 2012                                                      ano anterior. Essa queda é explicada,




                                                                             8
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




principalmente, pela retração de 6,1%           Evolução da Dívida Bruta do Setor Público
nas transferências recebidas da União.          Em relação ao PIB (%)
Porém, a expectativa é de aumento no            Relação Dívida Bruta/PIB acumula aumento de quase cinco pontos
ritmo de expansão das receitas nos pró-
                                                percentuais do PIB desde o final de 2011
ximos meses, tanto pelas transferências
como pela arrecadação de ICMS.                 65

A expansão das despesas no Governo
Federal e o baixo crescimento das              61
receitas, provocou retração do superávit
primário. No Governo Federal, o resul-
                                               57
tado primário acumulado em 12 meses
caiu de 2,0%, em dezembro de 2012,
para 1,8% do PIB, em fevereiro. No caso        53
dos estados e municípios, o superávit
primário passou de 0,45% para 0,4% do
PIB na mesma base de comparação. As-           49
sim, o superávit primário do setor público
consolidado caiu de 2,4%, em dezembro          45
de 2012, para 2,2% do PIB, em fevereiro.            dez/11         fev/12        abr/12   jun/12   ago/12       out/12     dez/12       fev/13

Com a queda do superávit primário, o            Fonte: Banco Central do Brasil

déficit nominal acumulado nos últimos           acentuada nas despesas dos governos                nos últimos anos, o resultado estimado
12 meses passou de 2,5%, em dezembro            regionais. Por sua vez, a elevação no ritmo        para 2013 atenderia a meta ajustada,
de 2012, para 2,7% do PIB, em fevereiro,        de expansão das receitas, nos níveis fede-         que é de apenas R$ 42,9 bilhões, dada a
dado que as despesas com juros ficaram          ral e regional, compensará o crescimento           possibilidade de abatimento na meta de
estáveis em 4,9% do PIB. O aumento do           das despesas. Entretanto, a exclusão               R$ 65,2 bilhões de gastos com investi-
déficit nominal e a pressão de alta exerci-     até o fim do ano dos efeitos de fatores            mentos e de desonerações tributárias.
da pelo ajuste cambial feito nas dívidas in-    atípicos observados no fim de 2012 provo-
terna e externa fizeram com que a relação       cará a redução do superávit primário. Tais         Nos governos regionais, o resultado
Dívida Líquida/PIB se elevasse de 35,2%,        fatores são os R$ 12,4 bilhões resgatados          primário deve elevar-se ligeiramente até
em dezembro de 2012, para 35,7%, em             do Fundo Soberano do Brasil e os R$ 7,0            o fim do ano e atingir R$ 24,0 bilhões
fevereiro. Por sua vez, a relação Dívida        bilhões em dividendos antecipados pelo             (0,5% do PIB). Esse resultado deve ficar
Bruta/PIB permanece se elevando e               BNDES e pela Caixa Econômica Federal               bem abaixo da meta de R$ 47,8 bilhões.
alcançou 59,1% do PIB em fevereiro. Esse        que entraram como receita do Governo               Dessa forma, estimamos que o superávit
indicador de endividamento encerrou             Federal em dezembro de 2012.                       primário do setor público consolidado em
2012 em 58,7% do PIB, uma alta de 4,5                                                              2013 seja de R$ 83,0 bilhões (1,7% do
pontos percentuais sobre os 54,2% do PIB        No Governo Federal, a CNI projeta                  PIB). Esse resultado ficaria abaixo tanto
registrados em dezembro de 2011.                crescimento real de 7,3% para os gastos            da meta ajustada (R$ 90,7 bilhões) como
                                                em 2013, na comparação com 2012. Tal               do observado em 2012 (2,4% do PIB).
                                                previsão contempla um contingencia-
Exclusão de fatores atípicos                    mento de R$ 35,0 bilhões nas despesas              A queda esperada no superávit primário
deve reduzir superávit                          autorizadas pelo orçamento aprovado em             deve elevar o déficit nominal para 3,2% do
primário nos próximos meses                     março. Já com relação à receita, a CNI             PIB, dado que a CNI projeta que as des-
                                                estima aumento real de 4,8% em 2013.               pesas com juros permaneçam em 4,9%
A tendência é que a política fiscal se man-                                                        do PIB. O aumento no déficit nominal e
tenha expansionista nos próximos meses.         Nesse cenário, o superávit primário
                                                estimado para o Governo Federal e suas             os ajustes cambiais nas dívidas interna e
No Governo Federal, o ritmo de cresci-                                                             externa deverão fazer com que a relação
mento das despesas deve acelerar-se             estatais em 2013 é de R$ 59,0 bilhões
                                                (1,2% do PIB projetado pela CNI). Embo-            Dívida Líquida/PIB suba ligeiramente para
levemente. A aceleração deve ser mais                                                              35,4%, em dezembro de 2013.
                                                ra bem abaixo dos resultados observados




                                                                            9
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




   setor externo e câmbio

Contas externas mostram déficits crescentes
Câmbio real mais valorizado em 2013

Desde abril de 2012 a taxa de câmbio                      sobre a atividade industrial e a crescente         mente, a taxa de câmbio deve ultrapassar
vinha sendo utilizada como instrumento                    pressão decorrente do déficit em transa-           R$ 2,00/US$ de forma mais persistente.
para aumentar a competitividade da                        ções correntes (como se verá a seguir)             A taxa média anual deverá ser pouco
indústria, oscilando entre R$ 2,00/US$                    devem limitar a valorização para aquém             mais desvalorizada que a de 2012: R$
e R$ 2,05/US$. Entretanto, o início de                    do limite inferior da “banda”. Por outro           1,98/US$ ante R$ 1,95/US$.
2013 mostrou que a taxa de câmbio                         lado, a alta penetração de importados
                                                                                                             Apesar da pequena diferença entre as
deve variar em novo patamar esse ano.                     nos mercados de bens finais e nas ca-
                                                                                                             taxas nominais de câmbio, é impor-
                                                          deias produtivas faz com que o governo
Um acirramento das pressões sobre os                                                                         tante considerar que a taxa de inflação
                                                          tema o repasse de uma desvalorização
preços nos primeiros meses de 2013 (ver                                                                      brasileira será bem superior a de países
                                                          para os preços.
seção Inflação, Juros e Crédito) trouxe                                                                      desenvolvidos, de forma que a taxa de
preocupação sobre a trajetória futura                     Nesse cenário, a CNI projeta que o                 câmbio real será mais valorizada. Como
da taxa de inflação. Esse cenário levou                   câmbio permanecerá oscilando ainda no              consequência, a estabilidade na taxa mé-
o Governo a estimular uma valorização                     mesmo patamar atual pelo menos até                 dia anual de câmbio em termos nominais
no final de janeiro: a partir de então, a                 meados do segundo semestre, podendo                trará perda de competitividade para a
taxa de câmbio vem se mantendo mais                       apresentar algumas exceções durante                economia brasileira.
próximo de R$ 2,00/US$.                                   curtos períodos – devido, sobretudo, a
                                                          eventos externos, como a recente crise             Elevado déficit comercial no
Permanece, ainda que de forma implí-                      do Chipre. Durante o segundo semestre,             início de 2013
cita, uma banda de flutuação cambial                      na medida em que a preocupação com
administrada. A preocupação com os                                                                           Neste início de 2013, a balança comer-
                                                          os preços diminua e a pressão decorren-
impactos de nova valorização do câmbio                                                                       cial brasileira registrou elevados déficits
                                                          te do déficit em transações correntes au-
                                                                                                             comerciais. No acumulado até março, o
Saldo comercial brasileiro (1º trimestre)                                                                    país importou US$ 5,1 bilhões a mais do
Em US$ milhões                                                                                               que exportou. Trata-se do pior resultado
Déficit comercial é o maior já registrado no período                                                         já observado para o período. Em 2012,
                                                                                                             registrou-se superávit de US$ 2,4 bilhões
                                                9.328
                                                        8.728
                                                                                                             no mesmo período.
                                        8.348
                                                                                                             No primeiro trimestre de 2013, as impor-
                                6.163
                                                                                                             tações totalizaram US$ 55,9 bilhões, um
                        3.822                                                                                crescimento de 11,6% na comparação
                                                                2.757 2.987         3.145
                                                                                            2.437            com igual período de 2012 (média diária).
                1.041                                                         881                            Na mesma base de comparação, as
                                                                                                             exportações recuaram 3,1%, somando
 -16                                                                                                         US$ 50,8 bilhões.
        -673
                                                                                                             Explica-se esse fraco resultado das expor-
                                                                                                             tações principalmente por conta de dois
                                                                                                    -5.150   fatores. Primeiro, o redirecionamento das
 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013                                       vendas de petróleo bruto para o mercado
                                                                                                             interno (as exportações desses produtos
Fonte: Secex/MDIC




                                                                                10
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




recuaram 48% no primeiro bimestre do             Saldo em transações correntes brasileiro (1º bimestre)
ano), por conta da priorização do atendi-        Em US$ milhões
mento do consumo interno crescente e             Déficit em transações correntes é dobro do registrado em 2012
da menor produção.
                                                                                  884   927
                                                                                              313   8
Segundo, as exportações para a Argenti-
na voltaram a surpreender negativamen-                                      -21
te. As expectativas de um relaxamento            -2.081            -2.245
das restrições impostas pelo governo                      -4.060
                                                                                                                 -3.378
argentino às compras externas não se
                                                                                                        -5.917
materializaram até o momento. O saldo                                                                                     -6.912
comercial do país no início do ano e a                                                                                             -9.042 -8.779
deterioração das expectativas do cres-
cimento econômico daquele país estão
impedindo o relaxamento das restrições
às compras externas, o que afeta enor-
memente as exportações brasileiras de                                                                                                          -17.997
produtos manufaturados.
                                                  2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Adicionam-se aos fatores conjunturais            Fonte: Banco Central do Brasil

acima os problemas de competitividade en-        assim como a importação de bens de                 10,5% superior à registrada em 2012.
frentados pela indústria brasileira e a decor-   capital. Além disso, a continuidade das            Destaca-se que esse crescimento ocorre
rente dificuldade de exportação para países      políticas de estímulos ao consumo, alia-           apesar da alta do dólar na comparação
como EUA, México e União Europeia.               das à manutenção do câmbio valorizado,             com fevereiro do ano passado. A taxa
                                                 darão suporte à importação de bens de              média de câmbio em fevereiro de 2013
A partir dessa leitura, entende-se que as
                                                 consumo. As importações crescerão 8,5%             situou-se em R$ 1,97/US$, enquanto
exportações brasileiras devem aumentar
                                                 em 2013, totalizando US$ 242,1 bilhões.            que em fevereiro do ano passado estava
em 2013, mais uma vez, por conta das
                                                 Com isso, o superávit comercial totalizará         em R$ 1,72/US$.
vendas de commodities, em particular
                                                 US$ 11,3 bilhões, um recuo de 41% ante
com as expectativas positivas quanto                                                                No mesmo período, o investimento es-
                                                 o registrado em 2012.
à safra de grãos para o ano. Contudo,                                                               trangeiro direto totalizou US$ 7,5 bilhões,
gargalos logísticos explicitados por epi-                                                           uma queda de 16,9% na comparação
sódios como o cancelamento da venda              Déficit externo dobra no
                                                                                                    com igual período de 2012.
de 2 milhões de toneladas de soja para a         primeiro bimestre de 2013
China (devido a longas filas nos portos e        No primeiro bimestre de 2013, o déficit            O déficit em transações correntes
decorrentes atrasos na entrega) limitam          em transações correntes somou quase                continuará crescendo em 2013, supe-
o desempenho desses. Nesse cenário,              US$ 18 bilhões. Trata-se de crescimento            rando o valor de 2012, que foi recorde.
as exportações deverão crescer apenas            de 105% na comparação com igual pe-                Os ganhos de emprego e renda no país
4,5% em 2013, totalizando US$ 253,4              ríodo do ano passado (US$ 8,8 bilhões).            continuarão a dar suporte ao aumento
bilhões, mantendo-se abaixo do valor             O déficit na conta de serviços aumentou            dos gastos com serviços no exterior e
exportado em 2011.                               12,2%, para US$ 6,8 bilhões, enquanto              as remessas de lucros se manterão ele-
                                                 o resultado negativo na conta de rendas            vadas. Tudo isso, aliado a um superávit
As importações também continuarão                                                                   comercial em queda, fará com que o
                                                 cresceu 88,9%, para US$ 6,5 bilhões.
crescendo. A importação de intermediá-                                                              déficit em transações correntes alcance
rios e matérias-primas – que correspon-          Em particular, os gastos de brasileiros            US$ 68,1 bilhões. Dessa forma, o investi-
dem à maior parte das importações brasi-         no exterior alcançaram novo recorde em             mento estrangeiro direto poderá não ser
leiras – serão especialmente estimuladas         janeiro e em fevereiro. No bimestre, os            suficiente para o financiamento desse
pelo maior crescimento da economia,              gastos totalizaram US$ 4,1 bilhões, cifra          déficit, o que não ocorria desde 2001.




                                                                            11
Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013




                perspectivas da economia brasileira
                                                                                                           2013
                                                                                                         (projeção               2013
                                                                      2011               2012
                                                                                                          anterior             (projeção)
                                                                                                          dez/12)
                                                               Atividade econômica
              PIB
                                                                      2,7%                0,9%               4,0%                  3,2%
              (variação anual)
              PIB industrial
                                                                      1,6%               -0,8%               4,1%                  2,6%
              (variação anual)
              Consumo das famílias
                                                                      4,1%                3,1%               3,8%                  3,5%
              (variação anual)
              Formação bruta de capital fixo
                                                                      4,7%               -4,0%               7,0%                  4,0%
              (variação anual)
              Taxa de Desemprego                                      6,0%                5,5%               5,3%                  5,4%
              (média anual - % da PEA)
                                                                       Inflação
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              (IPCA - variação anual)
                                                                    Taxa de juros
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              (taxa média do ano)                                    11,76%              8,63%              7,25%                 7,25%
              (fim do ano)                                           11,00%              7,25%              7,25%                 7,25%
              Taxa real de juros                                      4,8%                3,1%               1,4%                  0,9%
              (taxa média anual e defl: IPCA)
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                                                                      2,61%              2,47%              2,20%                 3,20%
              (% do PIB)
              Superávit público primário
                                                                      3,11%              2,38%              2,30%                 1,70%
              (% do PIB)
              Dívida pública líquida                                  36,4%              35,2%              33,9%                 35,4%
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INFORME CONJUNTURAL | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Política Econômica | Gerente
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INEC | Novembro 2014 | Divulgação 28/11INEC | Novembro 2014 | Divulgação 28/11
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Sondagem Indústria da Construção | Setembro 2014 | Divulgação 27/10/2014
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Sondagem industrial | Setembro 2014 | Divulgação 23/10/2014
Sondagem industrial | Setembro 2014 | Divulgação 23/10/2014Sondagem industrial | Setembro 2014 | Divulgação 23/10/2014
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ICEI | Outubro 2014 | Divulgação 15/10/2014
ICEI | Outubro 2014 | Divulgação 15/10/2014ICEI | Outubro 2014 | Divulgação 15/10/2014
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Indicadores Industriais | Agosto 2014 | Divulgação 01/10/2014
 Indicadores Industriais | Agosto 2014 | Divulgação 01/10/2014 Indicadores Industriais | Agosto 2014 | Divulgação 01/10/2014
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INEC | Setembro 2014 | Divulgação 29/9/2014
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Sondagem Industrial | Agosto 2014 | Divulgação 18/09/2014
 Sondagem Industrial | Agosto 2014 | Divulgação 18/09/2014 Sondagem Industrial | Agosto 2014 | Divulgação 18/09/2014
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CNI-Ibope | Setembro 2014 | Divulgação 12/09/2014
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Indicadores Industriais | Julho 2014 | Divulgação 04/09/2014
Indicadores Industriais | Julho 2014 | Divulgação 04/09/2014Indicadores Industriais | Julho 2014 | Divulgação 04/09/2014
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Cartilha - Escolha Profissões da Indústria
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Pesquisa sobre Resíduos Sólidos | Junho/Julho 2014 | Divulgação 20/08/2014
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ICEI | Agosto 2014 | Divulgação 18/08/2014
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Sondagem Especial Terceirização | Julho de 2014 | Divulgação 14/08/2014
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Coeficientes de Abertura Comercial | Abril/ Junho 2014 | Divulgação 14/08/2014
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Indicadores Industriais | Junho 2014 | Divulgação 05/08/2014
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INEC | Julho 2014 | Divulgação 31/07/2014
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Apresentação | Propostas da Indústria para as Eleições 2014
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PIB crescerá 3,2% em 2013 impulsionado por alta de 2,6% na indústria e 4% nos investimentos

  • 1. INFORME CONJUNTURAL Informativo da Confederação Nacional da Indústria Ano 29 Número 1 janeiro/março de 2013 www.cni.org.br Alta do investimento impulsiona PIB A economia brasileira no primeiro e indústria em 2013 trimestre de 2013 A retomada da atividade industrial parece estar domésticos de serviços e insumos, mitigando a assegurada em 2013. O PIB brasileiro deverá competitividade dos produtos industriais. Crescimento do PIB será mais crescer 3,2%, sendo acompanhado pelo PIB equilibrado entre consumo e da indústria, com alta de 2,6%. O retorno a A esperada queda no segundo semestre se investimento uma taxa de crescimento mais expressiva deve a fatores específicos com efeitos tempo- Pág. 2 deve ocorrer com a resposta do investimento rários. É necessário ancorar as expectativas de às medidas de redução de custo e melhora da inflação em fundamentos sólidos de longo prazo. Escassez de mão de obra competitividade. A CNI estima um crescimento Mesmo com as desonerações, a carga tributária qualificada será marca do de 4,0% no investimento em 2013, contrastan- aumentou em 2012, e ainda assim as condi- mercado de trabalho em 2013 do com a queda de 4,0% no ano passado. ções fiscais pioraram. A redução do superávit Pág. 4 primário, as antecipações de receitas e o uso A experiência recente mostra que o baixo crescente de operações fiscais de financiamen- Desonerações permitem crescimento dos últimos anos não se deve à to com impacto na dívida bruta podem com- cumprimento da meta de inflação insuficiência de demanda das famílias, pois o prometer a solidez fiscal, criando dificuldades à Pág. 6 consumo segue em expansão. O baixo ritmo se manutenção de taxas de juros no atual patamar. explica pela fraqueza do investimento, que se Em suma, o crescimento de 2013 ainda é Governo Federal acelera o ressente de entraves institucionais e burocrá- insatisfatório, pois é inferior ao esperado para crescimento das despesas ticos, que prejudicam a confiança dos agentes Pág. 8 e reduzem a expectativa de rentabilidade dos as economias emergentes. Sua intensificação projetos industriais. exige perseverança com as ações voltadas à Contas externas mostram ampliação da competitividade e o estímulo ao déficits crescentes Uma inflexão urgente nessa situação é crítica investimento, sem descuidar da trajetória de Pág. 10 para a retomada de uma trajetória de expansão inflação. O Brasil não pode voltar a ter que fa- sustentada e mais vigorosa que a esperada zer uma escolha entre inflação e crescimento. para 2013, principalmente no caso da manufa- tura. A competição com produtos estrangeiros, Variação anual do PIB industrial e dos investimentos (FBKF) tanto em terceiros mercados como no merca- Taxa de crescimento real anual (%) do doméstico, segue acirrada e evoluindo de Crescimento dos investimentos favorece alta do PIB industrial forma desfavorável. Essa perda de competitivi- dade não é uma questão pontual, mas reflete 21,3 o baixo crescimento da produtividade e da alta dos custos de produção observados desde antes da crise internacional. 13,9 13,6 O ponto positivo é que o diagnóstico de baixa 9,8 10,4 competitividade se tornou consenso. As dificul- dades parecem se localizar na implementação 5,3 4,7 4,1 4,0 efetiva e tempestiva de medidas voltadas à 3,6 2,2 2,6 2,1 1,6 redução do custo de produzir no Brasil. A resistência da inflação é um ponto que -0,8 merece atenção. Mesmo respeitando o limite superior da banda, a taxa de inflação segue -4,0 -5,6 elevada e bem acima da média mundial. Essa -6,7 diferença, que se acumula ao longo dos anos, 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013* termina se manifestando na alta dos custos PIB industrial Investimentos Fonte: IBGE Estimativas 2013: CNI
  • 2. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 atividade econômica Crescimento do PIB será mais equilibrado entre consumo e investimento Maior crescimento da indústria não impedirá queda de sua participação no PIB Após dois anos de dificuldades, a os setores industriais (em 18 dos Forte atividade em janeiro atividade industrial registrou expansão 27 considerados) e em todas as não garante continuidade intensa e disseminada em janeiro de categorias de uso. do mesmo ritmo de 2013, frente ao mês anterior. A maior atividade industrial reduziu a crescimento O crescimento, contudo, não ociosidade do setor. A utilização da Após forte crescimento da atividade deverá ser da mesma magnitude da capacidade instalada (Indicadores industrial em janeiro, indicadores registrada em janeiro, uma vez que Industriais CNI) cresceu 1,1 ponto antecedentes apontam uma queda poderá haver oscilações na evolução percentual frente ao mês anterior da produção industrial em fevereiro, mensal nos próximos meses. e atingiu 84,0% em janeiro, no o que mantém incerto o ritmo de indicador dessazonalizado. Com esse A CNI estima um crescimento de crescimento que prevalecerá daqui crescimento - o segundo mais intenso 2,6% do PIB industrial e de 3,2% para pra frente. As vendas de papel da série iniciada em 2003 -, o indicador a economia brasileira. ondulado (ABPO) recuaram 8,4% em aproximou-se do maior patamar da fevereiro frente a janeiro, o que em série (84,4% em janeiro de 2008). Início de ano com sinais termos dessazonalizados significa positivos de recuperação O aumento da utilização da uma queda de 2,2%. A produção de capacidade instalada é condição veículos (Anfavea) recuou 17,9% Existem sinais positivos que indicam em fevereiro, na mesma base de importante para a volta dos um ano melhor para a indústria comparação. Quando ajustada por investimentos. quando comparado com os dois anos dias úteis, a queda na produção de anteriores. Há sinais desse retorno. A produção veículos foi de 4,9%. de bens de capital (PIM-PF/IBGE) O longo processo de ajustamento de A confiança do empresário industrial registrou uma alta de 8,2% em estoques chegou ao fim. O indicador ainda não entrou em trajetória de alta. janeiro frente a dezembro, em termos de estoques efetivo em relação ao Em março, o Índice de Confiança do dessazonalizados - maior alta nessa planejado (Sondagem Industrial CNI) Empresário Industrial (ICEI/CNI) recuou base de comparação do período pós situa-se perto da linha divisória de 1,0 ponto e atingiu 57,1 pontos. O fato crise (desde 2008). 50 pontos (o que indica estoques desse indicador oscilar ao redor de ajustados) desde setembro de 2012. A manutenção da taxa básica de juros 57,3 pontos nos últimos sete meses Em fevereiro, esse indicador ficou em nos menores patamares históricos sugere um ritmo menos intenso de 49,7 pontos. e as medidas de desoneração recuperação nos próximos meses. da folha de pagamentos em um O nível ajustado de estoques é Somado a isso, muitos problemas número crescente de setores fundamental para que o aumento de competitividade ainda permeiam industriais podem gerar ganhos de da demanda de produtos industriais o ambiente produtivo como: a alta competitividade da indústria brasileira. eleve o ritmo de produção do setor. carga tributária e as distorções Nesse sentido, a produção industrial Nesse mesmo sentido, a redução da existentes no sistema tributário; a respondeu positivamente em janeiro e tarifa de energia e a desoneração do permanência de uma taxa de câmbio cresceu 2,5% na comparação com o óleo diesel também contribuirão para valorizada; a burocracia excessiva; as mês anterior (PIM-PF/IBGE), de acordo a redução dos custos, estimulando o incertezas regulatórias; a dificuldade com o indicador dessazonalizado. O aumento da produção. de acesso ao crédito; o mercado de crescimento foi disseminado entre 2
  • 3. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 trabalho pouco flexível; o aumento Após quatro trimestres seguidos de Estimativas para 2013 do custo do trabalho em função da queda, os investimentos, medidos pela baixa produtividade e os problemas de formação bruta de capital fixo (Contas O PIB de serviços continuará crescendo logística e infraestrutura que elevam Nacionais / IBGE), cresceram 0,5% no à taxas superiores (3,2%) a da indústria. o custo de produção, reduzem a quarto trimestre de 2012, frente ao O setor externo deverá contribuir competitividade da indústria brasileira trimestre anterior. negativamente com 0,3 ponto e limitam o seu crescimento. percentual no PIB, resultado de uma A dificuldade de aumento dos expansão de 5,5% das importações e Economia deverá crescer investimentos está intrinsecamente de 3,7% das exportações, de acordo 1,2% no primeiro trimestre ligada à relativa reduzida confiança do com a metodologia das Contas empresário e à baixa taxa de poupança. Nacionais do IBGE. O índice de atividade do Banco Central A baixa propensão a poupar brasileira - que estima as variações do PIB mês a proporciona poucos recursos para O setor industrial manterá a trajetória mês - registrou alta de 1,3% em janeiro serem destinados ao investimento. A de perda da participação no PIB, frente ao mês anterior. O aumento da participação da poupança no PIB em que deverá atingir 26,1% em 2013 produção industrial em janeiro foi crucial 2012 foi de apenas 14,8% - patamar (somados os quatro segmentos da para a expansão do PIB no mês. Mesmo similar ao de 2002. indústria). havendo queda da produção industrial em fevereiro, o resultado do PIB A CNI estima um avanço de 4,0% dos Considerando um crescimento de 2,6% industrial no trimestre ainda deverá ser investimentos em 2013, já considerando do PIB da indústria de transformação, positivo e acima de 1,0%, devido a baixa o impacto das medidas do governo a participação desse segmento no base de comparação de 2012. de concessões de rodovias, ferrovias PIB cairá para 13,2%, o que significa e aeroportos. Uma expansão do PIB a menor participação desde 1947, O bom desempenho da indústria, mais intensa dependerá diretamente de quando a medição do PIB e seus somado ao intenso crescimento da maior reação dos investimentos no ano. componentes foi iniciada. agropecuária no trimestre (segundo estimativas do IBGE), irá demandar maior atividade do setor de serviços, que também deverá crescer no período. Estimativa da CNI para o PIB Dessa forma, a CNI considera um Variação percentual e contribuição dos componentes no PIB cenário de crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre. 2013 Componentes do PIB Taxa de Contribuição Maior crescimento do crescimento (%) (p.p.) Ótica da Consumo das famílias 3,5 2,2 PIB depende de mais demanda Consumo do governo 2,8 0,6 investimentos FBKF 4,0 0,7 O crescimento econômico sustentado Exportações 3,7 0,5 é resultado de uma expansão (-) Importações 5,5 -0,8 mais equilibrada entre consumo e investimento do lado da demanda. Dado Ótica da Agropecuária 6,5 0,3 o dinamismo do mercado de trabalho oferta Indústria 2,6 0,7 - que gera ganhos de rendimentos Indústria extrativa 1,5 0,1 reais -, o consumo das famílias deverá Indústria de transformação 2,6 0,3 continuar avançando no ano (3,5% Construção civil 2,5 0,1 de acordo com a estimativa da CNI). SIUP 4,0 0,1 Então, a questão fundamental para o crescimento continuado da economia é Serviços 3,2 2,2 a expansão dos investimentos. PIB pm 3,2 3
  • 4. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 emprego e renda Escassez de mão de obra qualificada será marca do mercado de trabalho em 2013 Emprego cresce em menor ritmo Na esteira da recuperação da base de comparação – considerando da ocupação – vem crescendo nos atividade econômica, o mercado de o IBC-BR (Banco Central). Já as últimos anos e atingiu 62,1% em trabalho deverá criar um número ocupações sem carteira do setor janeiro de 2013. Essa foi a maior maior de vagas em 2013. A CNI privado registraram queda de 1,6% participação de empregos formais no espera que o emprego formal também frente a janeiro de 2012. mercado de trabalho metropolitano aumente em velocidade acima do desde o início da série do IBGE, em crescimento do PIB, o que continuará Formalização do mercado março de 2002. a gerar ganhos nos rendimentos de trabalho em contínuo médios reais dos trabalhadores. O maior crescimento do emprego crescimento formal em um mercado de trabalho O emprego metropolitano cresceu Esse contínuo movimento eleva o aquecido poderá potencializar os 2,8% em janeiro frente ao mês grau de formalidade do mercado de ganhos nos rendimentos médios reais anterior (PME/IBGE). O emprego trabalho metropolitano. O índice de dos trabalhadores, que garantirá o formal, por sua vez, manteve uma formalidade construído pela CNI – crescimento do consumo das famílias expansão mais acelerada (4,1%) do soma de empregados com carteira, em 2013. que a da economia (3,8%), na mesma militares e estatutários pelo total Taxa de desemprego média estável em 2013 Emprego e população economicamente ativa (PEA) Variação (%) frente ao mesmo mês do ano anterior O emprego vem crescendo sistematicamente em velocidade Emprego e população economicamente ativa deverão manter taxas acima da população economicamente semelhantes de crescimento em 2013 ativa (PEA) – contingente formado por empregados e desempregados 5 em busca de uma ocupação – 4 nos últimos anos. Quanto mais o 3 emprego crescer em relação à PEA, mais rápido é o recuo da taxa de 2 desemprego. 1 Porém, desde 2011 o crescimento do 0 emprego vem mostrando perda de -1 ritmo, enquanto a PEA registrou relativa estabilidade em sua taxa de expansão. -2 No segundo semestre de 2012, -3 ambos indicadores voltaram a -4 jan/08 jul/08 jan/09 jul/09 jan/10 jul/10 jan/11 jul/11 jan/12 jul/12 jan/13 intensificar a taxa de crescimento de modo que a taxa de variação anual Emprego PEA do emprego se igualasse à da PEA. Fonte: IBGE 4
  • 5. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 As curvas de variações anuais do Outro fator que influenciou a retenção desempenho melhor do que a massa emprego e da PEA se aproximaram de mão de obra na indústria é o salarial real em 2010. de tal maneira que, praticamente, se problema de falta de trabalhador encostaram em janeiro de 2013. qualificado. Mesmo com a economia Problema de falta de crescendo pouco, o problema de falta trabalhador qualificado O maior crescimento econômico de trabalhador qualificado aumentou deverá gerar mais empregos e deverá aumentar em 2013 de importância no terceiro e no quarto continuar impulsionando os ganhos trimestre do ano passado (Sondagem A aceleração da atividade de renda do trabalhador. Esse Industrial CNI). industrial em um cenário de taxa cenário deverá atrair mais pessoas de desemprego em baixa histórica ao mercado de trabalho em busca de Aproximadamente um terço das deverá intensificar ainda mais o uma ocupação. empresas industriais apontaram esse problema de falta de trabalhador como um dos três maiores problemas qualificado. Haverá maiores pressões Dessa forma, é esperado que tanto para a indústria. salariais no mercado de trabalho com o emprego quanto a PEA continuem o ganho de poder de barganha dos crescendo a taxas semelhantes, A decisão de reter seus trabalhadores trabalhadores. o que, por construção, manterá a trouxe efeitos de redução da margem taxa de desemprego média de 2013 de lucro da indústria. A pesquisa A indústria terá seus custos relativamente estável frente ao Indicadores Industriais CNI mostra que de produção acrescidos, o que indicador do ano anterior. enquanto o faturamento real da indústria dificultará ganhos de produtividade de transformação cresceu apenas 1,2% no médio prazo. Assim, a indústria Indústria reteve mão de em 2012 frente ao ano anterior, a massa em 2013 terá mais um desafio a obra mesmo com queda salarial real dos trabalhadores do setor ultrapassar: ganhar competitividade expandiu à taxa de 5,0% no mesmo internacional em um cenário de do PIB do setor período. Nos últimos quatro anos, o intensificação da escassez de mão Em 2012, o mercado de trabalho na faturamento real da indústria só mostrou de obra qualificada. indústria mostrou um comportamento diferente ao dos outros setores. Mesmo com retração de 2,5% do PIB Faturamento real e massa salarial real da indústria de transformação, o setor Variação (%) frente ao mesmo mês do ano anterior manteve quase que inalterado seu Crescimento da massa salarial em ritmo acima do faturamento da quadro de funcionários. O emprego indústria reduz competitividade do setor na indústria de transformação recuou apenas 0,4% em 2012 (Indicadores 9,7 Industriais CNI). Os custos de demissões no Brasil são 5,8 5,6 muito altos. Por isso, essa decisão 5,0 só ocorre em última instância, ou 3,8 seja, quando é inevitável. Somado a isso, ao longo do segundo semestre 1,2 de 2012 aumentou a expectativa da indústria quanto à demanda de seus produtos (Sondagem Industrial CNI). -2,3 Esse otimismo nas expectativas pode induzir um movimento de contratação -5,0 de novos empregados. Com isso, a 2009 2010 2011 2012 indústria optou por reter sua mão de obra naquele período. Faturamento real Massa salarial real Fonte: CNI 5
  • 6. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 inflação, juros e crédito Desonerações permitem cumprimento da meta de inflação Aceleração nos preços dos alimentos pressiona o IPCA A inflação iniciou o ano de 2013 em posição parcial no IPI dos automóveis. grupo situa-se em 8,6% ao ano em aceleração. O acumulado em 12 meses Além disso, o aumento no IPI do cigarro fevereiro. Contudo, para os próximos do IPCA fechou 2012 em 5,84%, próxi- também pressionou para um aumento no meses, a expectativa é de ligeira de- mo ao limite superior da meta de 6,5%. índice dos produtos industriais. saceleração, fazendo com que o grupo Em fevereiro, o índice aproximou-se termine o ano em 7,9%. ainda mais do teto da meta e atingiu Por outro lado, a taxa de câmbio mais 6,31%. Contudo, a CNI estima que apreciada no início do ano, em compa- Os preços administrados mostram as altas nos preços dos alimentos no ração ao segundo semestre de 2012, comportamento atípico no início do fim de 2013 serão menos expressivas contribuiu para que a alta nos preços ano. Isso se dá pela combinação de que o observado no fim de 2012. Com dos produtos industriais fosse mais efeitos do aumento no preço dos com- isso, o IPCA convergirá para valores amena. Até o fim do ano não há expec- bustíveis e da redução dos encargos abaixo do teto da meta até dezembro, tativa de aceleração mais forte, fazendo incidentes sobre a tarifa de energia. terminando o ano em 5,7%. com que o acumulado em 12 meses do Apesar disso, a redução do preço da grupo termine 2013 em 4,2%. energia mais que compensou o au- Os preços dos produtos industriais mos- mento nos combustíveis, fazendo com traram leve aceleração no início do ano, Os preços dos serviços continuam a que o grupo apresentasse deflação em passando de um acumulado de 1,8% em contribuir para o alto patamar do IPCA, 2013. Como resultado, o grupo passou dezembro para 3,3% em fevereiro. Parte o que já se sustenta desde o início de de um acumulado em 12 meses de desse aumento é explicado pela recom- 2011. O acumulado em 12 meses do 4,2% em dezembro para 2,0% em feve- reiro, com expectativa de que termine o ano com acumulado de 1,7%. IPCA por grupos Acumulado em 12 meses (%) O grupo que mais vem pressionando Preços dos alimentos alcançam patamar da crise de 2008 o IPCA é o dos preços dos alimentos. O acumulado em 12 meses do grupo 16 alcançou 12,5% em fevereiro, maior taxa desde a crise de 2008. Essa aceleração 14 se sustenta desde setembro do ano pas- 12 sado e se intensificou: a alta acumulada nos dois primeiros meses do ano já é de 10 3,5%. Para os próximos meses, entre- tanto, a expectativa é de desaceleração, 8 o que não evitará que os alimentos 6 apresentem a maior alta entre os grupos, estimada em 9,7% em 2013. 4 A menor inflação dos alimentos se 2 dará por dois motivos. Primeiro, em função de uma alta mais amena no fim 0 fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 ago/12 fev/13 de 2013 em comparação ao ano pas- sado. Segundo, em função da desone- Administrados Industriais Alimentação ração da cesta básica promovida pelo Serviços IPCA Governo, que impacta principalmente Fonte: IBGE - Elaboração: CNI os produtos alimentícios e os produ- 6
  • 7. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 tos industriais de higiene pessoal. A Saldo das operações de crédito magnitude da redução do nível geral de Média dos últimos 12 meses contra os 12 meses anteriores preços ainda é incerto, pois os preços Expansão do crédito desacelera desde o fim de 2011 finais incorporam custos que não fazem parte da base de cálculo dos impostos 40 desonerados e o equilíbrio do mercado de cada produto ditará o tamanho do 35 repasse ao consumidor. 30 Ainda assim, a CNI estima que a desoneração da cesta básica reduzirá o IPCA em 0,3 p.p.. Esse impacto virá 25 escalonado ao longo dos próximos três a quatro meses, em função da 20 substituição dos produtos em estoque. Esse movimento não evitará que o IPCA 15 se afaste do teto da meta, podendo superá-la até julho, mas terminando o 10 ano dentro desse limite. ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 ago/12 fev/13 Importante ressaltar que, apesar de Total Pessoa jurídica Pessoa física dentro da meta, o nível inflacionário Fonte: Banco Central do Brasil - Elaboração: CNI do ano é ilusório e preocupante. A meta será alcançada mais em função de medidas pontuais de desoneração Com a inflação dentro do limite supe- a expansão do saldo de crédito às (energia elétrica e cesta básica) do que rior da meta, a expectativa da CNI é de pessoas físicas (últimos 12 meses por um movimento amplo e persistente que a Selic mantenha-se no nível atual contra os 12 meses anteriores) era de desaceleração dos níveis de preços (7,25% a.a.) até o fim de 2013. Com de 17,4%. No entanto, em agosto de da economia. esse patamar, e dada a expectativa de 2011 essa taxa chegou a alcançar inflação para o ano, a taxa de juros real 22,3%, mostrando desaceleração. Para Inflação dentro da meta média deverá cair para 0,9%. pessoa jurídica, sob a mesma base de mantém Selic inalterada comparação, a taxa de expansão do Redução nos juros não se saldo de crédito desacelerou de 18,7% até o fim do ano em julho de 2011 para 16,9% em traduziu em aumento no A taxa básica de juros (Selic) foi fevereiro de 2013. reduzida a 7,25% a.a. em outubro de crédito 2012, e desde então a decisão tem A redução da taxa básica de juros Essa situação mostra que há espaço sido pela manutenção desse patamar promovida no ano passado contribuiu para expansão do crédito, principal- (três reuniões do Copom). Apesar da para a redução da taxa final aos to- mente com a repactuação de emprés- aceleração no nível geral de preços, o madores de crédito. No espaço de um timos e financiamentos contratados entendimento do Copom é de que uma ano, a taxa de juros média cobrada das em períodos de taxas de juros su- elevação nos juros poderia atrapalhar a pessoas físicas caiu de 31,1% a.a. para periores pelas atuais. Sob o cenário retomada do crescimento da economia, 24,9% a.a. (fevereiro de 2012 e de inflacionário atual em aceleração, é de que ainda é incerta. 2013, respectivamente). Para pessoa se esperar medidas do Governo que jurídica, a queda é de 18,2% a.a. para evitem uma expansão mais substancial Assim, o Governo vem adotando medi- 14,0% a.a. no mesmo período. na concessão de crédito. O Governo das alternativas à elevação da taxa bá- pode voltar a utilizar medidas macro- sica de juros para controlar a inflação, A expansão do crédito, contudo, não prudenciais, gerando o efeito desejado como as desonerações praticadas na acompanhou a redução nas taxas sem a necessidade de elevação na energia elétrica e na cesta básica. cobradas. Em fevereiro de 2013, taxa básica de juros. 7
  • 8. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 política fiscal Governo Federal acelera o crescimento das despesas Política fiscal expansionista provoca forte queda do superávit primário O Governo Federal intensificou o caráter primeiro bimestre de 2013, quando com- No caso das despesas dos estados e expansionista da política fiscal no primeiro parado com o mesmo período de 2012. municípios, é possível estimar apenas trimestre de 2013, em resposta ao fraco o comportamento no mês de janeiro, crescimento econômico de 2012. Por um A composição do aumento dos gastos, quando tiveram aumento real de 3,3%. lado, o ritmo de crescimento das despe- com grande participação de despesas Embora o crescimento esteja abaixo da sas acelerou-se em relação ao observado discricionárias, comprova que se trata de expansão de 5,4% observada em 2012, no ano anterior. Por outro, uma série de um movimento deliberado por parte do esta não deve ser a tendência nos meses medidas, novas ou prorrogadas, foram to- Governo Federal na tentativa de impul- seguintes. A expectativa é de aceleração madas no sentido de reduzir a tributação sionar a economia. As despesas com no ritmo de crescimento das despesas. sobre o consumo. Os governos estaduais custeio saltaram de um crescimento real Isso se deve à expansão das receitas e municipais também devem contribuir de 12,2%, em 2012, para expansão de nos próximos meses e ao descolamento para o expressivo aumento das despesas 20,4% no primeiro bimestre de 2013. Já entre receitas e despesas proporcionado públicas, a exemplo do que ocorreu em os investimentos (GND 4 do SIAFI), cujo nos últimos anos pelo retorno da capaci- 2012. Esse quadro deve se refletir em crescimento real foi de 6,0% em 2012, dade de contratação de dívidas novas por uma forte retração do superávit primário tiveram aumento real de 10,5% nos dois parte dos governos regionais. até o fim do ano. primeiros meses de 2013. Embora parte dessas expansões seja resultado do adia- Com relação às despesas do Governo mento de pagamentos do final de 2012, Receitas do Governo Federal Federal, o gasto total, que registrou para aproximar o resultado primário da crescem em ritmo lento aumento real de 5,4% em 2012, acelerou meta, os dados mostram uma tendência Se as despesas aceleraram o ritmo o ritmo de crescimento para 7,2% no ao afrouxamento da política fiscal. de crescimento, a receita líquida do Governo Federal registrou aumento real Crescimento das despesas do Governo Federal de apenas 0,8% no primeiro bimestre Taxa de crescimento real no acumulado do ano (%) de 2013, na comparação com o mesmo período de 2012. Esse resultado mostra Crescimento das despesas do Governo Federal em 2013 supera em quase retração no ritmo de crescimento se dois pontos percentuais o aumento observado em 2012 comparado ao aumento real de 2,2% observado em 2012. Grande parte dessa 12 queda é explicada pela redução de 22,7% nas receitas não administradas 10 pela Receita Federal em janeiro e feve- reiro de 2013, em relação aos mesmos 8 meses de 2012. A redução de quase R$ 5,0 bilhões nos dividendos recebidos 6 pela União nos dois primeiros meses de 2013 determinou essa forte queda. 4 Assim como no Governo Federal, as re- 2 ceitas de estados e municípios iniciaram 2013 com ritmo lento de crescimento. O aumento real, que foi de 2,6% em 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013* 2012, reduziu-se para 0,5% em janeiro, quando comparado ao mesmo mês do Fonte: Tesouro Nacional Elaboração: CNI * Acumulado em jan-fev 2013 contra jan-fev 2012 ano anterior. Essa queda é explicada, 8
  • 9. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 principalmente, pela retração de 6,1% Evolução da Dívida Bruta do Setor Público nas transferências recebidas da União. Em relação ao PIB (%) Porém, a expectativa é de aumento no Relação Dívida Bruta/PIB acumula aumento de quase cinco pontos ritmo de expansão das receitas nos pró- percentuais do PIB desde o final de 2011 ximos meses, tanto pelas transferências como pela arrecadação de ICMS. 65 A expansão das despesas no Governo Federal e o baixo crescimento das 61 receitas, provocou retração do superávit primário. No Governo Federal, o resul- 57 tado primário acumulado em 12 meses caiu de 2,0%, em dezembro de 2012, para 1,8% do PIB, em fevereiro. No caso 53 dos estados e municípios, o superávit primário passou de 0,45% para 0,4% do PIB na mesma base de comparação. As- 49 sim, o superávit primário do setor público consolidado caiu de 2,4%, em dezembro 45 de 2012, para 2,2% do PIB, em fevereiro. dez/11 fev/12 abr/12 jun/12 ago/12 out/12 dez/12 fev/13 Com a queda do superávit primário, o Fonte: Banco Central do Brasil déficit nominal acumulado nos últimos acentuada nas despesas dos governos nos últimos anos, o resultado estimado 12 meses passou de 2,5%, em dezembro regionais. Por sua vez, a elevação no ritmo para 2013 atenderia a meta ajustada, de 2012, para 2,7% do PIB, em fevereiro, de expansão das receitas, nos níveis fede- que é de apenas R$ 42,9 bilhões, dada a dado que as despesas com juros ficaram ral e regional, compensará o crescimento possibilidade de abatimento na meta de estáveis em 4,9% do PIB. O aumento do das despesas. Entretanto, a exclusão R$ 65,2 bilhões de gastos com investi- déficit nominal e a pressão de alta exerci- até o fim do ano dos efeitos de fatores mentos e de desonerações tributárias. da pelo ajuste cambial feito nas dívidas in- atípicos observados no fim de 2012 provo- terna e externa fizeram com que a relação cará a redução do superávit primário. Tais Nos governos regionais, o resultado Dívida Líquida/PIB se elevasse de 35,2%, fatores são os R$ 12,4 bilhões resgatados primário deve elevar-se ligeiramente até em dezembro de 2012, para 35,7%, em do Fundo Soberano do Brasil e os R$ 7,0 o fim do ano e atingir R$ 24,0 bilhões fevereiro. Por sua vez, a relação Dívida bilhões em dividendos antecipados pelo (0,5% do PIB). Esse resultado deve ficar Bruta/PIB permanece se elevando e BNDES e pela Caixa Econômica Federal bem abaixo da meta de R$ 47,8 bilhões. alcançou 59,1% do PIB em fevereiro. Esse que entraram como receita do Governo Dessa forma, estimamos que o superávit indicador de endividamento encerrou Federal em dezembro de 2012. primário do setor público consolidado em 2012 em 58,7% do PIB, uma alta de 4,5 2013 seja de R$ 83,0 bilhões (1,7% do pontos percentuais sobre os 54,2% do PIB No Governo Federal, a CNI projeta PIB). Esse resultado ficaria abaixo tanto registrados em dezembro de 2011. crescimento real de 7,3% para os gastos da meta ajustada (R$ 90,7 bilhões) como em 2013, na comparação com 2012. Tal do observado em 2012 (2,4% do PIB). previsão contempla um contingencia- Exclusão de fatores atípicos mento de R$ 35,0 bilhões nas despesas A queda esperada no superávit primário deve reduzir superávit autorizadas pelo orçamento aprovado em deve elevar o déficit nominal para 3,2% do primário nos próximos meses março. Já com relação à receita, a CNI PIB, dado que a CNI projeta que as des- estima aumento real de 4,8% em 2013. pesas com juros permaneçam em 4,9% A tendência é que a política fiscal se man- do PIB. O aumento no déficit nominal e tenha expansionista nos próximos meses. Nesse cenário, o superávit primário estimado para o Governo Federal e suas os ajustes cambiais nas dívidas interna e No Governo Federal, o ritmo de cresci- externa deverão fazer com que a relação mento das despesas deve acelerar-se estatais em 2013 é de R$ 59,0 bilhões (1,2% do PIB projetado pela CNI). Embo- Dívida Líquida/PIB suba ligeiramente para levemente. A aceleração deve ser mais 35,4%, em dezembro de 2013. ra bem abaixo dos resultados observados 9
  • 10. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 setor externo e câmbio Contas externas mostram déficits crescentes Câmbio real mais valorizado em 2013 Desde abril de 2012 a taxa de câmbio sobre a atividade industrial e a crescente mente, a taxa de câmbio deve ultrapassar vinha sendo utilizada como instrumento pressão decorrente do déficit em transa- R$ 2,00/US$ de forma mais persistente. para aumentar a competitividade da ções correntes (como se verá a seguir) A taxa média anual deverá ser pouco indústria, oscilando entre R$ 2,00/US$ devem limitar a valorização para aquém mais desvalorizada que a de 2012: R$ e R$ 2,05/US$. Entretanto, o início de do limite inferior da “banda”. Por outro 1,98/US$ ante R$ 1,95/US$. 2013 mostrou que a taxa de câmbio lado, a alta penetração de importados Apesar da pequena diferença entre as deve variar em novo patamar esse ano. nos mercados de bens finais e nas ca- taxas nominais de câmbio, é impor- deias produtivas faz com que o governo Um acirramento das pressões sobre os tante considerar que a taxa de inflação tema o repasse de uma desvalorização preços nos primeiros meses de 2013 (ver brasileira será bem superior a de países para os preços. seção Inflação, Juros e Crédito) trouxe desenvolvidos, de forma que a taxa de preocupação sobre a trajetória futura Nesse cenário, a CNI projeta que o câmbio real será mais valorizada. Como da taxa de inflação. Esse cenário levou câmbio permanecerá oscilando ainda no consequência, a estabilidade na taxa mé- o Governo a estimular uma valorização mesmo patamar atual pelo menos até dia anual de câmbio em termos nominais no final de janeiro: a partir de então, a meados do segundo semestre, podendo trará perda de competitividade para a taxa de câmbio vem se mantendo mais apresentar algumas exceções durante economia brasileira. próximo de R$ 2,00/US$. curtos períodos – devido, sobretudo, a eventos externos, como a recente crise Elevado déficit comercial no Permanece, ainda que de forma implí- do Chipre. Durante o segundo semestre, início de 2013 cita, uma banda de flutuação cambial na medida em que a preocupação com administrada. A preocupação com os Neste início de 2013, a balança comer- os preços diminua e a pressão decorren- impactos de nova valorização do câmbio cial brasileira registrou elevados déficits te do déficit em transações correntes au- comerciais. No acumulado até março, o Saldo comercial brasileiro (1º trimestre) país importou US$ 5,1 bilhões a mais do Em US$ milhões que exportou. Trata-se do pior resultado Déficit comercial é o maior já registrado no período já observado para o período. Em 2012, registrou-se superávit de US$ 2,4 bilhões 9.328 8.728 no mesmo período. 8.348 No primeiro trimestre de 2013, as impor- 6.163 tações totalizaram US$ 55,9 bilhões, um 3.822 crescimento de 11,6% na comparação 2.757 2.987 3.145 2.437 com igual período de 2012 (média diária). 1.041 881 Na mesma base de comparação, as exportações recuaram 3,1%, somando -16 US$ 50,8 bilhões. -673 Explica-se esse fraco resultado das expor- tações principalmente por conta de dois -5.150 fatores. Primeiro, o redirecionamento das 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 vendas de petróleo bruto para o mercado interno (as exportações desses produtos Fonte: Secex/MDIC 10
  • 11. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 recuaram 48% no primeiro bimestre do Saldo em transações correntes brasileiro (1º bimestre) ano), por conta da priorização do atendi- Em US$ milhões mento do consumo interno crescente e Déficit em transações correntes é dobro do registrado em 2012 da menor produção. 884 927 313 8 Segundo, as exportações para a Argenti- na voltaram a surpreender negativamen- -21 te. As expectativas de um relaxamento -2.081 -2.245 das restrições impostas pelo governo -4.060 -3.378 argentino às compras externas não se -5.917 materializaram até o momento. O saldo -6.912 comercial do país no início do ano e a -9.042 -8.779 deterioração das expectativas do cres- cimento econômico daquele país estão impedindo o relaxamento das restrições às compras externas, o que afeta enor- memente as exportações brasileiras de -17.997 produtos manufaturados. 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Adicionam-se aos fatores conjunturais Fonte: Banco Central do Brasil acima os problemas de competitividade en- assim como a importação de bens de 10,5% superior à registrada em 2012. frentados pela indústria brasileira e a decor- capital. Além disso, a continuidade das Destaca-se que esse crescimento ocorre rente dificuldade de exportação para países políticas de estímulos ao consumo, alia- apesar da alta do dólar na comparação como EUA, México e União Europeia. das à manutenção do câmbio valorizado, com fevereiro do ano passado. A taxa darão suporte à importação de bens de média de câmbio em fevereiro de 2013 A partir dessa leitura, entende-se que as consumo. As importações crescerão 8,5% situou-se em R$ 1,97/US$, enquanto exportações brasileiras devem aumentar em 2013, totalizando US$ 242,1 bilhões. que em fevereiro do ano passado estava em 2013, mais uma vez, por conta das Com isso, o superávit comercial totalizará em R$ 1,72/US$. vendas de commodities, em particular US$ 11,3 bilhões, um recuo de 41% ante com as expectativas positivas quanto No mesmo período, o investimento es- o registrado em 2012. à safra de grãos para o ano. Contudo, trangeiro direto totalizou US$ 7,5 bilhões, gargalos logísticos explicitados por epi- uma queda de 16,9% na comparação sódios como o cancelamento da venda Déficit externo dobra no com igual período de 2012. de 2 milhões de toneladas de soja para a primeiro bimestre de 2013 China (devido a longas filas nos portos e No primeiro bimestre de 2013, o déficit O déficit em transações correntes decorrentes atrasos na entrega) limitam em transações correntes somou quase continuará crescendo em 2013, supe- o desempenho desses. Nesse cenário, US$ 18 bilhões. Trata-se de crescimento rando o valor de 2012, que foi recorde. as exportações deverão crescer apenas de 105% na comparação com igual pe- Os ganhos de emprego e renda no país 4,5% em 2013, totalizando US$ 253,4 ríodo do ano passado (US$ 8,8 bilhões). continuarão a dar suporte ao aumento bilhões, mantendo-se abaixo do valor O déficit na conta de serviços aumentou dos gastos com serviços no exterior e exportado em 2011. 12,2%, para US$ 6,8 bilhões, enquanto as remessas de lucros se manterão ele- o resultado negativo na conta de rendas vadas. Tudo isso, aliado a um superávit As importações também continuarão comercial em queda, fará com que o cresceu 88,9%, para US$ 6,5 bilhões. crescendo. A importação de intermediá- déficit em transações correntes alcance rios e matérias-primas – que correspon- Em particular, os gastos de brasileiros US$ 68,1 bilhões. Dessa forma, o investi- dem à maior parte das importações brasi- no exterior alcançaram novo recorde em mento estrangeiro direto poderá não ser leiras – serão especialmente estimuladas janeiro e em fevereiro. No bimestre, os suficiente para o financiamento desse pelo maior crescimento da economia, gastos totalizaram US$ 4,1 bilhões, cifra déficit, o que não ocorria desde 2001. 11
  • 12. Ano 29, n. 1, janeiro/março de 2013 perspectivas da economia brasileira 2013 (projeção 2013 2011 2012 anterior (projeção) dez/12) Atividade econômica PIB 2,7% 0,9% 4,0% 3,2% (variação anual) PIB industrial 1,6% -0,8% 4,1% 2,6% (variação anual) Consumo das famílias 4,1% 3,1% 3,8% 3,5% (variação anual) Formação bruta de capital fixo 4,7% -4,0% 7,0% 4,0% (variação anual) Taxa de Desemprego 6,0% 5,5% 5,3% 5,4% (média anual - % da PEA) Inflação Inflação 6,5% 5,8% 5,5% 5,7% (IPCA - variação anual) Taxa de juros Taxa nominal de juros (taxa média do ano) 11,76% 8,63% 7,25% 7,25% (fim do ano) 11,00% 7,25% 7,25% 7,25% Taxa real de juros 4,8% 3,1% 1,4% 0,9% (taxa média anual e defl: IPCA) Contas públicas Déficit público nominal 2,61% 2,47% 2,20% 3,20% (% do PIB) Superávit público primário 3,11% 2,38% 2,30% 1,70% (% do PIB) Dívida pública líquida 36,4% 35,2% 33,9% 35,4% (% do PIB) Taxa de câmbio Taxa nominal de câmbio - R$/US$ (média de dezembro) 1,83 2,08 2,07 2,00 (média do ano) 1,67 1,95 2,06 1,98 Setor externo Exportações 256,0 242,6 258,3 253,4 (US$ bilhões) Importações 226,2 223,1 240,2 242,1 (US$ bilhões) Saldo comercial 29,8 19,4 18,1 11,3 (US$ bilhões) Saldo em conta corrente -52,9 -54,3 -62,1 -68,1 (US$ bilhões) INFORME CONJUNTURAL | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Política Econômica | Gerente executivo: Flávio Castelo Branco | Equipe técnica: Danilo César Cascaldi Garcia, Fábio Bandeira Guerra, Isabel Mendes de Faria, Marcelo de Ávila, Marcelo Souza Azevedo e Mário Sérgio Carraro Telles | Informações técnicas: (61) 3317-9468 | Supervisão gráfica: DIRCOM | Impressão e acabamento: Reprografia Sistema Indústria | Normalização bibliográfica: ASCORP/GEDIN | Assinaturas: Serviço de Atentimento ao Cliente SAC: (61) 3317-9989 - sac@cni.org.br SBN Quadra 01 Bloco C Ed. Roberto Simonsen Brasília, DF - CEP: 70040-903 www.cni.org.br. | Autorizada a reprodução desde que citada a fonte. Documento elaborado em 1º de abril de 2013.