2. A seleção do método de lavra é um dos principais elementos em
qualquer análise econômica de uma mina e sua escolha permite o
desenvolvimento da operação. Numa etapa de maior detalhe, pode
constituir-se como fator preponderante para uma resposta positiva do
projeto. A seleção imprópria tem efeitos negativos na viabilidade da
mina.
A mineração é uma atividade que é praticada em todo mundo e as
técnicas de extração empregadas estão em constante evolução.
Embora seja possível destacar cerca de dez métodos de lavra
principais, provavelmente existem mais de trezentas variações. Os
métodos são limitados pela disponibilidade e desenvolvimento dos
equipamentos e, como todos os fatores que influenciam em sua
seleção, devem ser avaliados levando-se em conta os aspectos
tecnológico, social, econômico e político; a escolha do método de lavra
pode ser considerada tanto uma arte como uma ciência.
3. Os métodos de lavra
subterrâneos são classificados em
três grupos:
• métodos com realces auto-
portantes
• métodos com suporte das
encaixantes
• métodos com abatimento
4. Dentre os métodos com
realces auto-portantes os mais
comuns estão os métodos
abaixo, sendo que os dois
primeiros são os mais
difundidos no Brasil:
• câmaras e pilares
• método dos sub-níveis
• VCR, vertical crater retreat
5. Objetivos da seleção do método de lavra
Os principais objetivos da seleção do método estão
relacionados com os aspectos ambientais, econômicos e
sociais.
1. Ser seguro e produzir condições ambientais adequadas
para os operários.
2. Os impactos causados ao meio ambiente devem ser
reduzidos.
3. Permitir condições de estabilidade durante a vida útil.
4. Assegurar a máxima recuperação de minério com
mínima diluição.
5. Ser flexível para adaptar às diversas condições geológicas
e à infra-estrutura disponível.
6. Permitir atingir a máxima produtividade reduzindo,
conseqüentemente, o custo unitário.
6. As características físicas do depósito limitam as
possibilidades de aplicação de alguns métodos de lavra.
O mergulho do corpo é um fator importante que influencia
tanto na seleção do método como na escolha dos
equipamentos, podendo ser definidos como suave
(horizontal a 20º), médio (20º a 50º) e íngreme (50º a
vertical).
A espessura do depósito e a sua forma também
permitem a exclusão de determinados métodos.
podem inviabilizar o uso de métodos altamente
mecanizados, visto que sua aplicação não permite o
controle do teor e exige uma largura mínima para
operação.
7. A seleção do método de lavra também é condicionada pelo
teor do minério e sua distribuição espacial. Como os limites
da mineralização geralmente não são identificáveis, é
possível se obterem várias reservas em função de
diferentes teores de corte. Sua redução gradual causa o
aumento das reservas. Por exemplo, um depósito do tipo
veio com alto teor e baixa tonelagem pode passar ao tipo
massivo com baixo teor. O valor do produto e o custo de
extração determinam a quantidade e o teor a ser lavrado.
Depósitos com alto teor, estreito e de baixa tonelagem,
indicam métodos de baixo investimento e mão-de-obra
intensiva. O tamanho do depósito é diretamente
proporcional à sua mecanização.
8. A caracterização do maciço permite a construção de
um modelo que objetiva prever os efeitos causados
pela escavação. Algumas propriedades e
características do maciço devem ser analisadas:
1. O RQD, que é calculado a partir das medidas do
testemunho de sondagem, pode ser usado para
determinar o índice de escavabilidade (Nicholas,
1968).
2. Nos métodos de realce, as características da rocha
determinam as dimensões dos salões e dos pilares.
3. As fraturas principais, a resistência ao
cisalhamento, o comprimento e espaçamento de
juntas e a hidrologia definem as geometrias
potenciais de ruptura das escavações.
11. REGIÃO DE JACOBINA
Os principais depósitos de ouro de Jacobina na Bahia (minas de João
Belo e Canavieiras) estão predominantemente encaixados em
metaconglomerados ligomíniticos ricos em pirita e mica verde fuchsita
(Formação Córrego do Sítio).Pela similitude litológica foram
comparadas aos conhecidos depósitos de tipo paleoplacer de
witwatersrand na África do Sul (Molinari e Scarpelli,1988) .No
entanto,estudos mais recentes sugerem um modelo epigenérico
(fluidos hidrotermais tardios) para a formação dessas jazidas já que
foram encontradas evidências na região de corpos mineralizados
estruturalmente controlados encaixantes em quartzitos,rochas máficas
e ultramáficas,afetadas pela alteração hidrotermal tardia (Milesi ET
AL.1996, Teixeira ET AL. 2001.
Os depósitos de João Belo e Canavieiras apresentam reservas da
ordem de mais de 300t de Au e produção acumulada da ordem de 20t.
12. curiosidades
A sílica é um óxido (SiO2) sendo o mais abundante
constituinte dos minerais das rochas ígneas.
Vários polimorfos de SiO2 existem. Eles são: quartzo,
tridimita, cristobalita, coesita e stischovita. Dentre estes, o
quartzo é o mais comum.
A sílica (SiO2) é a causadora da doença
ocupacional,conhecida como silicose(peneumoconiose) ,que
é a doença do mineiro das minas de ouro, responsável por
muitas mortes.
Em jacobina-Ba a JMC do grupo Yamana,conseguiu
minimizar os casos de silicose.
Investindo em ventilação, treinamento e
conscientização do no uso do EPI’S pelos seus
colaboradores.
13. O método por sub-níveis clássico foi empregado nos
painéis I e II da Mina de cobre,da Mineração Caraíba,
em Jaguarari- Ba, com arranjos
clássicos longitudinais dotados de estruturas com
pontos de carga na base dos
painéis, sendo que os realces alcançavam dimensões
de até 90x35x80m. A
operação não era muito bem controlada devido aos
desplacamentos que
aumentavam a diluição até 35%. Foi também
empregado na Mina de João Belo,
do grupo Anglo American, em Jacobina, também na
Bahia, e nas minas da Plumbum- Paraná,
Boquira- Bahia e Camaquã- Rio Grande do Sul.
14. A perfuração pode ser descendente,
ascendente ou radial, em torno dos subníveis,
os diâmetros variam de 51 a 150 , com
mm mm
perfuratrizes de topo ou de
fundo de furo, eletro-hidráulicas ou
pneumáticas.
A carga e transporte são feitos através de LHDs
e caminhões, com preferência para os
equipamentos de maior porte, sempre que
possível. No caso de arranjos
longitudinais sem pontos de extração, é
necessário o uso de equipamentos
dotados de controle remoto para a carga do
material desmontado.
31. CONCLUSÃO
O projeto da mina deve ser flexível para permitir o desenvolvimento
do sistema de extração. O uso de novos equipamentos ou a mudança
para um outro método devem ser desconsiderados se caso o mesmo
não permita modificações estruturais.
Durante a avaliação das reservas, o custo associado com a obtenção de
informações geotécnicas é mínimo, se comparado com os benefícios
que esses métodos poderão fornecer no desenvolvimento do projeto.
Geralmente, os acessos e a infra-estrutura necessária são
permanentes durante a vida da mina, devendo ser consideradas como
exigências para se desenvolverem operações em grande escala.
A operação de uma mina exige grandes investimentos e envolve
conhecimento multidisciplinar, razões pelas quais a seleção do método
de lavra não deve ser responsabilidade de um único indivíduo. A
decisão sobre o método está diretamente relacionada à qualidade da
informação, que é baseada na experiência do pessoal envolvido em
projetos similares de engenharia.