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Seleção para precocidade sexual
1. Seleção para precocidade sexual na pecuária de corte brasileira
Autores: Giovanna Guidoni, Luiz Fernando Figueiredo, Juliana Ferragute Leite e Raysildo
Barbosa Lôbo. Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, Ribeirão Preto - SP,
Brasil. www.ancp.org.br.
Na pecuária de corte, é fundamental selecionar animais visando melhorias nos desempenhos
produtivo e reprodutivo, pois esses animais determinam a eficiência total de produção. Rebanhos
com altas taxas de fertilidade e precoces sexualmente apresentam maior número de animais e,
consequentemente, maiores taxas de produtividade, podendo ser submetidos a uma maior
intensidade de seleção, resultando em um elevado progresso genético e maior lucratividade.
A seleção diretamente ligada à precocidade e fertilidade sexual não é simples, apresentando
dificuldades desde o momento da coleta de dados até a análise estatística. Alguns produtores
atrasam a entrada das fêmeas na reprodução determinando uma idade ou um peso para que
estas iniciem sua vida reprodutiva, dificultando a identificação das fêmeas precoces
sexualmente, fator determinante para o desempenho reprodutivo. Novilhas que parem mais cedo
tendem ter uma maior vida produtiva que as fêmeas mais tardias. A vantagem em emprenhar as
novilhas mais jovens é o menor tempo para obter retorno do investimento, aumento da vida
reprodutiva da vaca e aumento do número de bezerros.
O perímetro escrotal (PE) é uma característica reprodutiva que apresenta correlação genética
favorável com a idade ao primeiro parto, sendo considerada uma característica indicadora de
precocidade. O PE é a característica mais utilizada na composição dos índices de seleção, por
ser de fácil mensuração, altamente herdável, além de estar correlacionada com desempenho
reprodutivo de machos e fêmeas.
Este artigo apresenta a avaliação da relação do perímetro escrotal com o desempenho das
matrizes para a característica de precocidade, estabelecendo eventuais vantagens da
permanência de fêmeas mais precoces e demonstrando que o perímetro escrotal influencia
indiretamente a precocidade sexual nas fêmeas, contribuindo para aumento do número de
animais no rebanho.
Os dados utilizados são do Programa de Precocidade Sexual da ANCP (Associação Nacional de
Criadores e Pesquisadores), que consiste no desafio de novilhas com até 20 meses de idade,
para que através da exposição destas à reprodução possam expressar seu potencial genético
para precocidade sexual, parindo um bezerro vivo até 29 meses de idade.
Foram utilizados os dados de 19.112 matrizes de 17 fazendas, de diferentes estados brasileiros,
participantes do Programa Nelore Brasil da ANCP. As matrizes utilizadas para análise da
precocidade foram divididas em dois grupos de acordo com a idade de parição. As matrizes
consideradas precoces pariram antes dos 29 meses e as a normais pariram depois dos 29
meses de idade.
O número de matrizes normais foi de 14.811 com um total de 37.731 filhos e a quantidade de
matrizes precoces foi de 4.301, parindo 16.760 bezerros. Calculando o número médio de filhos
para os dois grupos de fêmeas (precoces e normais) por meio de uma média aritmética, as
2. fêmeas precoces apresentaram 1,35 mais bezerros por matriz quando comparado com as
fêmeas normais.
Gráfico 1: Número médio de filhos do grupo de fêmeas Normais e Precoces.
As médias da Diferença Esperada na Progênie (DEPs) das novilhas precoces para as
características perímetro escrotal ajustado aos 365 dias (DPE365), idade ao primeiro parto
(DIPP), probabilidade de parto precoce (D3P) e mérito genético total (MGT), foram comparadas
entre as novilhas consideradas normais.
Os números apontam que a DIPP no grupo das matrizes precoces foi mais negativa
expressando que os animais desse grupo possuem meses a menos para o primeiro parto, assim
como a característica de probabilidade de parto precoce (D3P), expresso em porcentagem,
mostrou que as fêmeas precoces têm 6,8% a mais de chances de emprenharem, manterem a
gestação e parirem bezerros antes dos 29 meses de idade.
Contradizendo o que a maioria questiona, não houve diferença no peso médio a desmama
(P210) dos bezerros das fêmeas normais e das precoces.
DEP média das Fêmeas expostas
Expostas Matrizes Nº de Bezerros MGT DIPP D3P P210
(progênie)
Normais 14.811 37.731 5,50 - 0,36 47,74% 191,43kg
Precoce 4.301 16.760 8,41 - 0,84 54,54% 191,68kg
Total 19.112
Levantamento do número de matrizes e bezerros e a avaliação da DEP média das fêmeas expostas.
O grupo de matrizes precoces apresentou uma DEP média para perímetro escrotal ajustado aos
365 dias (DPE365) maior que a DEP das fêmeas normais, obtendo resultados positivos para
aumento da precocidade sexual das novilhas. Consequentemente o MGT melhorou nas matrizes
precoces devido a maior DPE365 influenciando positivamente o índice.
0
2
4
normais
Precoce
2,54 3,89
3. Gráfico 2: Comparação da DEP média da característica de PE365 entre as fêmeas precoces e normais.
O uso do PE365 como critério de seleção para precocidade obtém resultados positivos na
antecipação da puberdade, pois quanto maior o PE365 menor será os dias ao primeiro parto. No
entanto o desafio de novilhas para identificação de fêmeas precoces é ainda mais eficiente por
se tratar da seleção direta para probabilidade de parto precoce.
A seleção para precocidade sexual é essencial para a pecuária de corte brasileira por melhorar o
ciclo de vida reprodutiva e consequentemente por aumentar a produtividade dos rebanhos
nacionais e a rentabilidade das fazendas.
Referências:
GRESSLER, S.L.; Fatores ambientais e genéticos do perímetro escrotal e da idade ao primeiro
parto em novilhas Nelore desafiadas tradicional ou precocemente. Belo Horizonte, MG: UFMG.
Tese - Universidade Federal de Minas Gerais
LÔBO, R.B.; BEZERRA, L.A.F.; VOZZI, P.A.; MAGNABOSCO, C. de U.; ALBUQUERQUE, L.G.;
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Raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã: Edição Abril de 2013. Ribeirão Preto, ANCP
MARTÍN NIETO, L.; SILVA, L.O.C.; ROSA, A.N.; et al. Análise da curva de crescimento da
circunferência escrotal de touros da raça Canchim e do grupo genético MA. Archives of
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de Novilhas em um Rebanho Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1568-1572,
2005.
0
0,05 0,1
0,15 0,2
0,25
0,3
normais
Precoce
0,12
0,27