2. Biografia
• Pintor e poeta pernambucano (19/12/1899-
1970). Artista atuante na primeira metade do
século, mistura influências pré-colombianas
com modernas. Nasce no Recife e estuda
desenho, pintura e escultura em Paris, de
1911 a 1914.
3. Principais Obras
O Boto, lendária figura que em noites de lua
cheia se transforma em um belo jovem que
seduz as donzelas à beira do rio, recebe nesta
aquarela um tratamento cenográfico e
barroco. A lua, grande círculo ao fundo,
parece uma auréola amarelada e irradiante,
destacando a figura do índio - o Boto -que
segura a jovem seduzida num gesto elegante,
como o de um bailarino, que ergue sua
parceira no pas de deux. Estes ecos de bailado
são compreensíveis pela frequência a
espetáculos de dança, acompanhando os
bailados russos e suecos, a partir de 1913. A
elegância dessa cena é ratificada pelo uso de
linhas finas e o caráter esguio dos corpos.
4. Esta aquarela faz parte de uma nova série,
inspirada no acervo indígena da Quinta da Boa
Vista, que fez parte da segunda exposição de
Vicente no Rio de Janeiro, em 1921 - dando
continuidade às suas pesquisas acerca das
lendas indígenas brasileiras, que renderam
uma série sobre seus mitos e rituais. Foram
estas obras que impressionaram tanto seus
colegas de Paris, que acreditavam ser este o
caminho para qualquer artista brasileiro, como
os intelectuais que participariam da Semana
de 22, que viram em Vicente um antecipador
daquilo que pregavam para a nova arte
brasileira: uma temática nacional.Através de
sua técnica preferida, a aquarela, o pintor
transformava a influência sofrida em Paris, em
especial por Gauguin, em uma obra inovadora
e nacional, bem ao gosto dos primeiros
modernistas. O alongamento dos corpos, seu
caráter esguio, pouco tem a ver com o biotipo
dos nossos índios, lembrando antes o Extremo
Oriente. O rigor da composição nos primeiros
planos e a perspectiva aérea no fundo tem
ecos da pintura religiosa do Renascimento.
5. O retrato de seu irmão,
também pintor, apresenta
traços do expressionismo do
começo de sua carreira,
presente em vários retratos
desta época: uso de cores
fortes no tratamento do rosto
e da paisagem. Estas
características contrastam com
a geometrização estilizada, à
maneira de Modigliani, o que
se pode observar no formato
ovóide da cabeça e no
alongamento cilíndrico do
pescoço.