O documento descreve a cultura organizacional da General Motors no Brasil, destacando que a empresa manteve sua cultura desde sua fundação há 80 anos, adaptando métodos norte-americanos ao estilo brasileiro. Também discute as relações de trabalho e comunicação na empresa, notando que os trabalhadores deixaram de ser vistos como descartáveis e passaram a ser qualificados e polivalentes.
2. Inequivocamente, as empresas são uma
das mais complexas e admiráveis
instituições sociais que a criatividade e a
engenhosidade humana construíram.
João Bosco dos Santos
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3. A satisfação também se manifesta nas relações
de trabalho. as relações de trabalho passaram
por radicais mudanças.
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4. Os trabalhadores deixaram de ser descartáveis
e desqualificados (meras engrenagens das
linhas de produção) para tornarem-se
trabalhadores qualificados e polivalentes
(profissionais organizados em ilhas de
trabalho).
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5. Na realidade ele pretende conscientizar-
nos de que o modelo taylorista-fordista da
gestão dos processos de trabalho,
fragmentado em tarefas repetitivas e
simplificadas, perdeu o fôlego, na medida
em que, no seio das organizações, ao
operário padrão.5 30/01/2015
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6. Daí, o surgimento de uma nova
cultura organizacional, onde
novos pactos organizacionais
se inserem de forma ostensiva
e em que novas formas de
relacionamentos
comunicacionais se fazem6 30/01/2015
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7. Este trabalho objetiva mostrar como se
processam esses novos relacionamentos
no âmbito de uma grande empresa – tendo
como modelo a General Motors do Brasil
S.A.
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8. Virton apresenta sua argumentação, numa
passagem da qual extraímos o seguinte: É,
pois, o esforço humano global, pelo qual os
membros de uma sociedade determinada
se esforçam por dominar e utilizar, para fins
que podem ser utilitários, estéticos, éticos
ou religiosos.8 30/01/2015
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9. Teilhard de Chardin apud Timashef leva-nos
a entender que cada cultura, passada ou
presente, simples ou complexa, representa
numa dada coletividade uma solução
particular aos problemas da vida reflexiva.
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10. A abrangência da cultura organizacional é
mais ampla do que possamos supor. A
cultura organizacional tem vida própria e
constitui uma das dimensões da
organização. E toda cultura é apreendida,
transmitida e partilhada
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11. A General Motors do Brasil caracteriza-se
pela manutenção de uma cultura
organizacional que remonta à época da sua
fundação, há 80 anos. Na verdade, desde o
início, a empresa tratou de conhecer o seu
chão para adequar métodos e diretrizes
norte-americanos ao jeito brasileiro de ser.11 30/01/2015
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12. O modelo da família GM ou dos
teams(equipes, times) de trabalho, por
exemplo, eram boas soluções americanas
de convivência social e relações de
trabalho.
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13. Nesse contexto alguns pactos
organizacionais foram firmados
transformando-se em programas de
incentivo e reconhecimento aos seus
empregados.
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14. Complementando os investimentos em
cursos internos e externos, são promovidos
intercâmbios com as diversas
universidades e escolas de formação
técnica, através de programas de estágio e
de aprendizagem.14 30/01/2015
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15. Programa de Benefícios Internos
Consciente de que o sucesso dos seus negócios
depende, fundamentalmente, do comprometimento
dos seus empregados com os objetivos traçados
pela empresa, a General Motors do Brasil oferece
o que há de mais moderno e qualificado no que diz
respeito a planos de saúde e benefícios em geral.
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16. A cultura organizacional da General Motors
do Brasil pode até mesmo ser analisada
sob o enfoque da mitologização, até porque
a mitologia se manifesta ostensivamente
dentro (e fora) dos limites da organização,
proporcionando ao seu quadro funcional
identidade e personalidade próprias.16 30/01/2015
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17. As empresas cumprem um papel social, apesar de
aparentarem ser entidades frias, insensíveis e
impessoais. Entretanto, quando os funcionários têm
uma compreensão clara da mitologia da empresa,
podem entender melhor quais devem ser as suas
próprias prioridades e o que podem esperar dela
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18. Na General Motors do Brasil a mitologia socialmente
responsável tem dado certo.
Alguns programas implementados – na forma de
premiações – são uma clara e insofismável
demonstração dessa afirmativa:
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19. Relógio de Ouro – Ao completar 25 anos de trabalho
na empresa todo funcionário é agraciado com um
relógio de ouro, como forma de reconhecimento à
dedicação, prêmio que lhe é entregue pelo presidente
da corporação.
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20. RELAÇÕES COMUNICACIONAIS
Enfocarei essas relações sob a ótica das relações
sociais e dos agentes sociais, considerando que
as relações interpessoais são relações
interindividuais e que envolvem as subjetividades
dos agentes individuais.
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21. No âmbito da empresa, a comunicação
interpessoal, de certa forma, restringe-se às
relações de trabalho, diferindo, substancialmente.
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22. Tanto quanto nos processos de
comunicação intercultural, aqui, também,
se a comunicação for eficiente, o
entendimento aumentará com atos de
colaboração. No caso da empresa objeto
deste estudo – General Motors do Brasil – a
leitura que faço da comunicação22 30/01/2015
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23. Por outro lado, as relações de interdependência
que enfatizam o coletivo, a co-responsabilidade
e a cidadania, que, por sua vez, significam
coesão e convergência em torno de objetivos
consensuais – relações essas apontadas entre
os ocupantes de cargos nos níveis hierárquicos
superiores – contribuem para que problemas
comuns sejam enfrentados com base na ajuda
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25. Aliás, aqui cabe uma observação em relação
a um aspecto da comunicação intercultural,
já que estamos falando de uma empresa
norte-americana: para os estudiosos Edward
T. Hall e William Foote Whyte, a promoção de
nativos na escala hierárquica, tão logo
estejam qualificados.25 30/01/2015
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27. A empresa adota um modelo comunicacional
próprio para o relacionamento com os operários:
uma espécie de boletim, conhecido como 7 Laudas,
cujo recheio informacional é composto por avisos,
alterações, comunicações etc.
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28. Na realização da pesquisa observamos
que, no tocante às recompensas e
remunerações dos operários, a cada
cor de gola corresponde um padrão de
ganho e que, além de ser classificado
por códigos28 30/01/2015
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29. O valor da remuneração sofre alterações,
em decorrência da função desempenhada.
Igualmente, os exames médicos periódicos
também variam em cada caso.
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30. O clima organizacional entre o operariado é,
geralmente, ameno, não havendo
ocorrências de conflitos, diferentemente do
que ocorre com os funcionários burocratas.
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31. Outros signos denotam relações de poder e
de influência. As relações de poder
explicitam uma dupla relação: dominação e
sujeição, e mando e obediência.
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32. Por outro lado, o domínio do raciocínio e da
persuasão racional é o terreno palpável da
influência. Tais relações, no caso da General
Motors do Brasil também se manifestam
visivelmente.
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33. funcionários burocratas (mensalistas)
podem utilizar o restaurante destinado aos
operários (horistas), sendo que o inverso
jamais poderá ocorrer.
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34. O quesito restaurante é a prova incontestável de
uma ideologia dominante.
À GUISA DE CONCLUSÃO
Ler uma empresa, sob o ponto de vista da semiótica
empresarial, conforme a proposta deste trabalho,
não é uma tarefa fácil de ser executada.
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35. Mormente quando se pretende ter como objeto de
estudo uma empresa transnacional, de grande
porte, na qual muitas informações são consideradas
sigilosas e, portanto, indisponibilizadas para
aqueles que se encontram fora do seu universo.
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36. De qualquer modo, procuramos realizar a pesquisa
de forma criteriosa, transportando os dados
coletados para este trabalho e analisamos-os com
base em conceitos históricos, antropológicos,
sociológicos e éticos. Cultura organizacional
demanda, decerto, uma abordagem muito mais
aprofundada.
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37. As relações comunicacionais que esmiuçamos,
foram vistas sob a tintura das relações sociais e
dos agentes sociais atuantes no sistema
corporativo.
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38. Essas relações, (até mesmo por conta
das revoluções tecnológicas que
estamos presenciando), ao invés de
relações autoritárias, de corte
assimétrico e baseada no temor das
sanções – expurgam a idéia de
transformar os subordinados
(desqualificando-os) – constroem
relações liberais.
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