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SOBRE LUGARES FILOSÓFICOS E ANTROPOLOGICOS
Este lugar desafia e inquieta, como muitos, que, em grande medida, fazem pensar
diferentes categorias e conceitos. Trafegar entre um fazer antropológico e um pensar
filosófico, desejo de escritura e tradução, se fazem presentes ou ausentes na palavra,
frase, ou texto em contexto geralmente arbitrário, em alguns momentos inviabilizam o
“porta-se na inocência”. A ideia, frase ou texto perde-se pela completude e pela exigência
do cientificismo da academia ou pela falta de leveza.
Assim os rostos que tinhas sorrisos largos e cheios de vida vão aos poucos
“desluzindo” em cores opacas e sussurros tristes, porque todo texto tem algo de paixão
por si mesmo, se completa, nasce e torna-se mais belo entre as ninfas, estas mulheres de
nosso pensar. Para Pausânia, convicto da forma gêmea, o reflexo no espelho, é paixão
diante de si mesmo, diante da morte, transformando, metamorfose textual e tantas outras
formas que o mito pode exibir. A morte transforma em flor aquilo que era belo. O texto
transforma aquilo que era insignificante: a gemêalidade, pensar/contextualizar. Porém,
“face a face” é – aparecer, tornar-se visível ao outro – um aspecto de ou do outro, certa
aparência, alguma forma. Que em larga medida pode ser uma fachada ou uma superfície.
O “antropos” e “sofia”, o homem diante si, o homem dentro de si, entre eles o
abismo. Só pode e poderá ter um “telos”, uma finalidade natural, o homem modifica
desordenadamente, por outro lado encontra ordem onde não existe. Porém sabe, tem o
conhecimento. Da página em branco, um mundo sem nada, invisível, escuro, de solidão.
Onde mostrar-se é reconhecer a si mesmo como outro; ou mais, para além do texto. Nas
referências, o entendimento da narrativa deste e do texto traduzido, delineado, subscrito,
como “gente” que se faz “gente”, texto que se faz texto. A exposição partindo do substrato,
de uma invisibilidade para a escuridão ou a possibilidade de criar-se a si mesmo. A
narrativa do mito Desana.
O mundo amazônico que se apresenta, não corresponde ao que se supõe ou
espera como verdadeiro e aceitável por todos. Portanto, não podemos ou não devemos
enquadrar, subutilizar ou engendrar em categorias, pois não-o são e não pode sê-lo;
devemos sim, trafegar sob as camadas mais sucintas, mesmo que na profundidade
alcançada seja aquela em que a arqueologia expõe aos olhos da ciência, material que foi
descartado – intencional ou não – por povos anteriores aos atuais, sejam pré-históricos ou
não; reformulando, reeditando, datando, tratando os objetos coletados, para
posteriormente, após no laboratório, fazer a limpeza das impurezas, apresentar ao
publico, situando-o historicamente no tempo e no espaço. A narrativa é uma e o contexto
na qual se pretende trabalhar é outro. Achados e apresentação no museu, coisas
totalmente opostos porém ligados por um fio, uma tênue linha filosófica. Textos e tcc.
Assim, o mundo que se apresenta a partir desses achados textuais ou do contato
com o universo mitológico de povos da amazônia, sejam eles de qualquer natureza
humana ou não humana (a relação do humano e do não humano no mito), não
corresponde o que é cientificamente verdadeiro, se é que há algum grande
aprofundamento, além do conceito ou da sutileza conceitual da palavra – sobre ser
verdadeiro algo que se apresente diante dos olhos de um cego – então nos afastamos
dos achados, dos fatos (criamos outros cobertos pelos nossos recalques e desejos,
impressões, traumas). Subvertemos todas as palavras lidas. Mundo complexo diante da
leitura e do com-texto, no qual pretendemos dialogar.
Porém, este diálogo tem a pretensão de se dedicar a escrita marginal. Melhor,
subverter a tradução do texto e significá-lo, partindo da leitura da cosmologia de alguns
povos da amazônia que tangenciam a entrelinhas de nosso pensar, do fazer e não fazer.
O texto que tomamos como base ou que proporcionará ser pano de fundo, que se
dedica a cosmologia do povo Desana: História da criação do mundo e da humanidade,
Livro dos Antigos – Guahari Diputiro Porã, que tem inumeráveis tramas e inumeráveis
caminhos a seguir.
Tomamos então um primeiro caminho o do mito enquanto produto do mito. Seria
inadmissível que os eventos sejam eles naturais ou psicológicos possam ser definidos
como mitoi
i
Nota: 1-Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante
menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de
roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o
reflexo que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para
longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
2-Rosto – em Latim, rostrum é “bico, esporão das aves”. Também designava “tribuna” porque estas plataformas para palestras no Foro
de Roma foram enfeitadas com as proas dos navios capturados em Antium em 338 AC, as quais tinham um esporão, como cabia a
navios de guerra. Em Inglês, rostrum ainda é usado como “tribuna”.
Rostrum primeiramente era aplicada ao nariz, mas como este é a parte mais proeminente da face, acabou sendo usada para a face em
si, tomando-se a parte pelo todo.
FACE – como sinônimo de “rosto”. Tem uma base pré-histórica fac-, com o significado de “parecer”, que gerou o Latim facies,
originalmente com o sentido de “aspecto, aparência, forma”. Por extensão, passou a significar “rosto”. Originou as palavras fachada,
superfície e outras.
Em Medicina, facies composita é uma maneira de descrever o rosto de uma pessoa que não expressa qualquer anormaidade. Facies
hipocratica é a expressão usada para o rosto de quem está em estado terminal, pálida, olhos baços, nariz afilado.
3- TELOS :Termo grego que significa "finalidade". A noção era especialmente importante na filosofia de Aristóteles, que entendia que
todas as coisas tinham uma finalidade natural. Este tipo de pensamento finalista é implausível em física, mas é mais adequado na
biologia e na ética.

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  • 1. SOBRE LUGARES FILOSÓFICOS E ANTROPOLOGICOS Este lugar desafia e inquieta, como muitos, que, em grande medida, fazem pensar diferentes categorias e conceitos. Trafegar entre um fazer antropológico e um pensar filosófico, desejo de escritura e tradução, se fazem presentes ou ausentes na palavra, frase, ou texto em contexto geralmente arbitrário, em alguns momentos inviabilizam o “porta-se na inocência”. A ideia, frase ou texto perde-se pela completude e pela exigência do cientificismo da academia ou pela falta de leveza. Assim os rostos que tinhas sorrisos largos e cheios de vida vão aos poucos “desluzindo” em cores opacas e sussurros tristes, porque todo texto tem algo de paixão por si mesmo, se completa, nasce e torna-se mais belo entre as ninfas, estas mulheres de nosso pensar. Para Pausânia, convicto da forma gêmea, o reflexo no espelho, é paixão diante de si mesmo, diante da morte, transformando, metamorfose textual e tantas outras formas que o mito pode exibir. A morte transforma em flor aquilo que era belo. O texto transforma aquilo que era insignificante: a gemêalidade, pensar/contextualizar. Porém, “face a face” é – aparecer, tornar-se visível ao outro – um aspecto de ou do outro, certa aparência, alguma forma. Que em larga medida pode ser uma fachada ou uma superfície. O “antropos” e “sofia”, o homem diante si, o homem dentro de si, entre eles o abismo. Só pode e poderá ter um “telos”, uma finalidade natural, o homem modifica desordenadamente, por outro lado encontra ordem onde não existe. Porém sabe, tem o conhecimento. Da página em branco, um mundo sem nada, invisível, escuro, de solidão. Onde mostrar-se é reconhecer a si mesmo como outro; ou mais, para além do texto. Nas referências, o entendimento da narrativa deste e do texto traduzido, delineado, subscrito, como “gente” que se faz “gente”, texto que se faz texto. A exposição partindo do substrato, de uma invisibilidade para a escuridão ou a possibilidade de criar-se a si mesmo. A narrativa do mito Desana. O mundo amazônico que se apresenta, não corresponde ao que se supõe ou espera como verdadeiro e aceitável por todos. Portanto, não podemos ou não devemos enquadrar, subutilizar ou engendrar em categorias, pois não-o são e não pode sê-lo; devemos sim, trafegar sob as camadas mais sucintas, mesmo que na profundidade alcançada seja aquela em que a arqueologia expõe aos olhos da ciência, material que foi descartado – intencional ou não – por povos anteriores aos atuais, sejam pré-históricos ou não; reformulando, reeditando, datando, tratando os objetos coletados, para posteriormente, após no laboratório, fazer a limpeza das impurezas, apresentar ao
  • 2. publico, situando-o historicamente no tempo e no espaço. A narrativa é uma e o contexto na qual se pretende trabalhar é outro. Achados e apresentação no museu, coisas totalmente opostos porém ligados por um fio, uma tênue linha filosófica. Textos e tcc. Assim, o mundo que se apresenta a partir desses achados textuais ou do contato com o universo mitológico de povos da amazônia, sejam eles de qualquer natureza humana ou não humana (a relação do humano e do não humano no mito), não corresponde o que é cientificamente verdadeiro, se é que há algum grande aprofundamento, além do conceito ou da sutileza conceitual da palavra – sobre ser verdadeiro algo que se apresente diante dos olhos de um cego – então nos afastamos dos achados, dos fatos (criamos outros cobertos pelos nossos recalques e desejos, impressões, traumas). Subvertemos todas as palavras lidas. Mundo complexo diante da leitura e do com-texto, no qual pretendemos dialogar. Porém, este diálogo tem a pretensão de se dedicar a escrita marginal. Melhor, subverter a tradução do texto e significá-lo, partindo da leitura da cosmologia de alguns povos da amazônia que tangenciam a entrelinhas de nosso pensar, do fazer e não fazer. O texto que tomamos como base ou que proporcionará ser pano de fundo, que se dedica a cosmologia do povo Desana: História da criação do mundo e da humanidade, Livro dos Antigos – Guahari Diputiro Porã, que tem inumeráveis tramas e inumeráveis caminhos a seguir. Tomamos então um primeiro caminho o do mito enquanto produto do mito. Seria inadmissível que os eventos sejam eles naturais ou psicológicos possam ser definidos como mitoi
  • 3. i Nota: 1-Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso. Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse. 2-Rosto – em Latim, rostrum é “bico, esporão das aves”. Também designava “tribuna” porque estas plataformas para palestras no Foro de Roma foram enfeitadas com as proas dos navios capturados em Antium em 338 AC, as quais tinham um esporão, como cabia a navios de guerra. Em Inglês, rostrum ainda é usado como “tribuna”. Rostrum primeiramente era aplicada ao nariz, mas como este é a parte mais proeminente da face, acabou sendo usada para a face em si, tomando-se a parte pelo todo. FACE – como sinônimo de “rosto”. Tem uma base pré-histórica fac-, com o significado de “parecer”, que gerou o Latim facies, originalmente com o sentido de “aspecto, aparência, forma”. Por extensão, passou a significar “rosto”. Originou as palavras fachada, superfície e outras. Em Medicina, facies composita é uma maneira de descrever o rosto de uma pessoa que não expressa qualquer anormaidade. Facies hipocratica é a expressão usada para o rosto de quem está em estado terminal, pálida, olhos baços, nariz afilado. 3- TELOS :Termo grego que significa "finalidade". A noção era especialmente importante na filosofia de Aristóteles, que entendia que todas as coisas tinham uma finalidade natural. Este tipo de pensamento finalista é implausível em física, mas é mais adequado na biologia e na ética.