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Copyright: O 2006
Vera Facciollo
Organizadora da obra:
Karen Gisele Facciollo
Fotos e ilustrações:
Arquivos da autora
ilustração de capa:
Stanislas Klossowski de Rola
Alchimie
Direitos reservados desta edição:
Vera Facciollo
Revisão de textos:
Fabiana Silvestre
Editoração eletrônica:
Soraia Korcsik Medeiros
Projeto gráfico:
Yangi Design
(www.yangidesign.com.br)
Esta obra é dedicada a
Madame Helena Petrovna Blavatsky,
Grande Iniciada
João Regis Mendes,
Mestre Construtor e Adepto
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Muito obrigada
Agradeço de coração às pessoas que trabalharam com comovente
desprendimento para a realização deste livro. À minha filha Karen Gisele,
versátil, competente e incansável colaboradora. À Dolores Ugarte, sempre
vibrante e encorajadora, verdadeira expert em missões difíceis. E a
A. J. Gevaerd, corajoso pioneiro e admirável editor, cujo empenho e
de sua equipe finalmente tornou possível esta edição.
6
Índice
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Capa - Contracapa
9 Introdução A Busca Secreta
13 Capítulo 01 As Origens Ocultas da Astrologia
21 Capítulo 02 A Linguagem Hermética
27 Capítulo 03 O Povo Brasileiro e seu Horóscopo
37 Capítulo 04 Astrologia e Livre-Arbítrio
53 Capítulo 05 A Músico das Esferas
65 Capítulo 06 O Romance da Alquimia
89 Capítulo 07 Segredos Alquímicos no Simbolismo Astrológico
103 Capítulo 08 O Zodíaco Sideral Uma Novidade de
3.500 Anos
109 Capítulo 09 Fulcanelli Um Alquimista Moderno
115 Capítulo 10 A Arte da Transmutação Astrológica
125 Capítulo 11 Em Defesa da Astrologia
135 Capítulo 12 As Raças Humanas
141 Capítulo 13 Os Caminhos da Evolução
157 Capítulo 14 O Natal, o Solstício e o Simbolismo Iniciático da
Lenda de Janus 171 Síntese Bibliográfica
7
8
Introdução
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9
10
sta é uma coletânea de palestras, conferências e aulas que proferi
em congressos, colóquios e cursos de Astrologia e Esoterismo, no
Brasil e no exterior, entre 1976 e 2006. É o resultado de
pesquisas, leituras, meditação, contatos, viagens - físicas e astrais
- e
experiências pessoais que, ao longo destas três décadas, representaram meus
focos de interesse e de busca espiritual. É freqüente a presença dos temas
filosóficos ou pelo menos a abordagem filosófica de temas que foram
tratados de maneira mais técnica em congressos. Eles seguem uma linha de
pensamento que inevitavelmente se volta para o metafísico e para o
transcendente.
De qualquer modo, demandaram meses ou anos de pesquisa e estudos,
não só de Astrologia, minha área profissional, como de Alquimia, que
representa minha busca secreta desde a adolescência. Alguns temas refletem
os eventos da época: respostas a ataques sofridos pela Astrologia através da
imprensa, assim como a preocupação de esclarecer pontos de vista
enganosos expressos pela mídia. Em princípio destinados ao público em
geral, os textos aqui selecionados foram propositalmente redigidos em
linguagem acessível. Os numerosos textos revestidos de caráter mais técnico
possivelmente serão compilados para uma futura publicação.
Gostaria de agradecer o carinho de meus alunos, que há anos vêm me
incentivando à publicação das palestras em forma de artigos. Algumas delas
foram gravadas e transcritas graças à dedicação deles. São materiais que se
teriam perdido não fosse esse trabalho cuidadoso. O crédito de muitas
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informações e conceitos aqui apresentados cabe ao grande astrólogo Antonio
Facciollo Neto [Mestre e esposo da autora],
11
que generosamente compartilhou comigo sua rica biblioteca esotérica, assim
como suas experiências iniciáticas e os resultados de 50 anos de estudos e
pesquisas nos campos da Astrologia e do Hermetismo. Preciosas edições, há
muito tempo esgotadas, foram fontes inestimáveis de informações, incluindo
obras raras do acervo do mago e iniciado João Regis Mendes. Expresso
ainda meu reconhecimento aos colegas astrólogos, irmãos e amigos, cuja
importante contribuição veio sob a forma de textos informativos, literatura
especializada e ilustrações. Aos irmãos da Arte Real, em especial a
Fulcanelli e ao Mestre S.H., devo a inspiração e os conhecimentos
alcançados na busca da Pedra Filosofal.
São Paulo, 26 de agosto de 2006. Vera
Facciollo
Capítulo 01
13
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14
s compêndios que abordam esse tema costumam situar as
origens da Astrologia nas civilizações mesopotâmicas - hoje
Iraque - especialmente entre os caldeus, um povo que viveu na
região compreendida pelo Golfo Pérsico, Deserto Árabe e às
margens do
Rio Eufrates. Cabe esclarecer que naquele tempo não havia distinção entre
Astronomia e Astrologia, já que o astrólogo era obrigatoriamente um
astrônomo, um observador do céu, e não somente um intérprete das posições
e relações entre as estrelas e os planetas.
A história conhecida dos caldeus não abrange mais do que três ou
quatro séculos. Entretanto, Cícero, em um de seus livros, afirma que os
caldeus possuíam registros das posições estelares que abarcavam um período
de 370 mil anos! Diodoro de Sícolo amplia esse período para nada menos
que 473 mil anos! E escritores como Epígenes e Critodemes atribuem aos
babilônios observações astronômicas que alcançam o extraordinário
intervalo de 490 mil a 720 mil anos! Essas observações relatam cada ciclo de
cheia do Rio Eufrates, em consonância com as posições dos planetas e
constelações, e contêm o horóscopo de cada criança nascida entre eles. Ora,
isso faz recuar um bocado a origem do próprio Homo Sapiens, muitíssimo
além do que estão dispostos a admitir nossos antropólogos, para quem a
invenção da escrita e a criação de um calendário são praticamente
impensáveis além de uns dez mil anos atrás.
Os gregos, de quem conhecemos a primeira menção de que a Terra é
redonda e gira em torno do Sol - Hiparco, Pitágoras - confessam que seus
conhecimentos científicos originais eram um tanto deficientes, e que eram
copiados de outros mais completos e mais antigos. Na verdade, os
15
sábios gregos que desejassem ampliar sua cultura tinham de viajar para o
Egito. Alexandria foi, durante alguns séculos, a Meca científica da
Antigüidade. Heródoto, o próprio Pitágoras e Tales de Mileto foram
exemplo disso. A Mitologia Egípcia, que foi, em grande medida, a fonte
inspiradora da Mitologia Grega, era extremamente rica e variada. Sua
preocupação era codificar em símbolos todo o conhecimento científico,
filosófico, religioso e mágico da época. Seus monumentos, templos,
estátuas, figuras, pirâmides, túmulos, murais e pinturas são autênticos
tratados de Astronomia, Medicina, Matemática, Alquimia e Esoterismo.
Basta saber compreender e interpretá-los corretamente, o que, aliás, não é
tarefa fácil.
A Esfinge de Gizé, por exemplo, é, além de um templo onde se faziam
cerimônias de iniciação, uma síntese simbólica dos quatro elementos da
natureza, tais como utilizamos no estudo astrológico atual. Sua figura
representa os quatro signos fixos do Zodíaco, cada um pertencente a um
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elemento, ou seja, a Terra, em seu corpo de Touro; o Fogo, em suas patas de
Leão; a Água, em suas Asas de Águia - o símbolo do signo de Escorpião,
quando sublima suas energias; e finalmente, em seu rosto humano mostra a
natureza do elemento Ar - signo de Aquário. É totalmente ignorada a época
de sua construção, mas estudiosos avaliaram sua idade em mais de nove mil
anos.
Há outros pontos bastante intrigantes nessa estranha e gigantesca
arquitetura egípcia. A Pirâmide de Kéops, com 149 metros de altura, possui
as arestas da base orientadas conforme os Pontos Cardeais, com uma
exatidão de centésimo de segundo! Para se ter uma idéia da proeza
arquitetônica que isso representa, basta dizer que seriam necessários
instrumentos óticos para delinear retas tão perfeitas. Nas obras da atual
engenharia, se usa o teodolito - uma pequena luneta por onde se observam à
distância os ângulos, retas e perpendiculares dos edifícios ou vias públicas.
Ora, algum arqueólogo poderia admitir que os egípcios de seis mil anos atrás
construíssem lunetas?! De resto, nossos engenheiros confessam que, apesar
das nossas técnicas modernas tão avançadas, somos absolutamente incapazes
hoje de construir uma pirâmide igual à de Kéops.
O advento de Hermes
Se existe uma figura a quem se pode realmente atribuir a paternidade
da Astrologia, é certamente Hermes Trismegisto - o Três Vezes Mestre - um
ser versado simultaneamente nas artes da Astrologia, da
16
Alquimia e da Magia. São-lhe atribuídas mais de 2 mil obras, traduzidas
para o grego, talvez escritas por seus discípulos e seguidores - pertencentes,
quem sabe, a toda uma escola sacerdotal. Dentre elas, as mais famosas são a
Tábua de Esmeralda - um conjunto de citações de profundo sentido oculto,
que somente os alquimistas podem desvendar - e o Caibalion, que contém os
Sete Princípios da Natureza e explica em essência toda a lógica em que
repousa o conhecimento da Astrologia - além disso, sintetiza em apenas sete
leis todos os preceitos que regem nosso universo, sua organização e
evolução.
Supõe-se que Hermes tenha vivido no Egito no quarto milênio a.C. É
muito provável que não tenha sido apenas um homem, mas toda uma ordem
iniciática, cujos mestres englobavam uma sabedoria tal, associada a poderes
paranormais, que hoje temos dificuldade em compreender. Os egípcios
diziam que ele era uma encarnação do deus Mercúrio e o divinizaram com o
nome de Thot. Era representado por um homem com cabeça de íbis [Ave
sagrada do Egito, de bico longo e recurvo], segurando uma pena de escrever
e uma paleta de escriba - a escrita e a eloqüência são até hoje atributos
astrológicos do planeta Mercúrio. Toda uma cidade lhe foi dedicada,
Hermópolis, onde seu culto era mantido. Foi o inventor da escrita
hieroglífica e o escriba dos deuses, "o senhor da sabedoria e da magia".
Uma tradição judaica sustenta que Abrão foi seu contemporâneo,
tendo mesmo recebido de Hermes uma parte de seu conhecimento místico.
De qualquer modo, antigos papiros e estelas [Monumentos feitos de pedra,
normalmente em um só bloco, contendo representações pictóricas e
inscrições] descrevem Hermes como um deus que transmitiu ao povo do
Egito todo o conhecimento sobre o alfabeto, a linguagem, Matemática,
agricultura, música, danças, Astrologia, Alquimia e Medicina, além de
cumprir a tarefa de mensageiro de Osíris - o deus Sol – como um
representante da vontade divina na Terra, e ao mesmo tempo um fundador
da própria ordem social entre os mortais.
Os gregos "traduziram" Thot para sua própria mitologia, sob o nome
Hermes, com o qual é hoje mais conhecido, e conservaram todos os seus
atributos. As vezes, o representavam como um protetor da agricultura,
segurando um carneirinho no colo, quando então era intimamente associado
à Pan, uma divindade da natureza, meio homem, meio bode, cujo
simbolismo oculto é um tanto complicado. Essa associação Thot-Pan como
protetor e instrutor da humanidade leva à incrível semelhança de um nome
17
bastante familiar a todos os brasileiros, como o grande deus indígena Tupã -
igualmente um mestre que ensinou a linguagem, a agricultura, a pesca e a
observação da Lua e das estrelas. Como se teria dado a "migração" de Thot
para o Brasil? Esse é um mistério digno de reflexão.
Um mestre na Babilônia
Beroso viveu na Caldéia no século III a.C, já durante o domínio
babilônio. Foi um sacerdote do culto de Bel e escreveu, em grego, três livros
sobre a história e a cultura da Babilônia. No primeiro, descreve a região da
Mesopotâmia e narra o surgimento do deus Oannes, meio homem, meio
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peixe, que, auxiliado por outras divindades igualmente vindas do mar, trouxe
ao povo da Babilônia a civilização e os conhecimentos científicos. Conta
também a história da criação do mundo, de acordo com as lendas locais, e
inclui um relato da Astrologia e Astronomia da época. O segundo e terceiro
livros contêm uma detalhada cronologia da história da Babilônia e da
Assíria, começando com os Dez Reis Antes do Dilúvio, depois a história do
próprio dilúvio, seguida da restauração da monarquia, com a longa linhagem
dos reis após o dilúvio.
Textos acadianos escritos nos antigos caracteres cuneiformes, em
tabuinhas de barro, confirmam quase tudo que foi narrado por Beroso.
Conta-se que Beroso, já velho, foi viver numa ilha grega, Cos, onde fundou
a Escola das Ciências Secretas. Vitrúvio, sábio e famoso arquiteto e
engenheiro romano do primeiro século antes de nossa era, o descreve como
"o primeiro de uma longa lista de astrólogos de gênio que brotaram
diretamente das nações caldéias". A sabedoria e habilidade de Beroso como
astrólogo impressionaram de tal forma seus contemporâneos que, após sua
morte, lhe erigiram uma estátua. Como homenagem à veracidade de suas
predições astrológicas, fizeram essa imagem dotada de uma língua de ouro
maciço.
O mistério de uma civilização perdida
A história do deus Oannes é às vezes interpretada de maneira
simbólica. Alguns autores suspeitam que os conhecimentos atuais podem ter
tido uma origem comum, numa civilização muito adiantada, que se teria
desenvolvido num continente hoje submerso nas águas do Oceano Atlântico
- a lendária Atlântida. Oannes seria então um representante dessa
18
raça desaparecida no mar - daí a simbólica cauda de peixe. Muitos e sólidos
argumentos apóiam essa teoria. Platão, em duas de suas obras, Crítias e
Timeu, cita a Atlântida e a descreve com ricos detalhes, sua geografia, seu
perfil orográfico - hoje confirmado por fotografias de profundidade do
Oceano - sua ordem social, seus deuses e costumes locais. Não só a
Astrologia, mas certos dogmas, costumes, linguagem, arquitetura, assim
como inúmeros aspectos religiosos e conhecimentos científicos são
demasiado parecidos entre si, quando comparamos civilizações tão distantes
como a egípcia, a maia-azteca, inca, chinesa, hindu e a de certas tribos
indígenas centro e norte-americanas e também africanas. Várias dessas
civilizações construíram pirâmides, mumificavam seus mortos ilustres,
faziam barcos de igual forma e com idênticos materiais.
Os símbolos astrológicos encontrados entre os aztecas são
significativamente parecidos com os chineses. Por exemplo, a Lebre, o
Macaco, a Serpente e o Cão aparecem em ambos os sistemas sem qualquer
alteração. Entretanto, o Tigre, o Crocodilo e o Galo - animais não
conhecidos naquele tempo na América - foram substituídos pelo Ocelote -
um felino rajado de médio porte - pelo Lagarto e pela Águia, nos quais
podemos facilmente reconhecer o parentesco com o sistema chinês.
A universalidade dos símbolos, a absoluta semelhança dos sistemas,
os nomes dados aos signos e às constelações, a idêntica influência atribuída
aos planetas, tudo sugere a existência de um ensinamento único, praticado
por todas as civilizações do passado, e que evoluiu, assumindo formas e
linguagem adaptadas a cada povo, mas guardando os princípios gerais em
sua essência. Flavio Josefo, falando dos judeus, afirma que Adão foi
instruído em Astrologia por inspiração divina. Sintomaticamente, a tradição
bíblica situa o paraíso terrestre na região compreendida entre os rios Tigre e
Eufrates, ou seja, exatamente na Mesopotâmia. Interpretando
simbolicamente Adão como representante "das primeiras raças humanas",
podemos concluir que a Astrologia foi conhecida por elas desde o início,
quase como um patrimônio cultural inato, ou pelo menos adquirido muito
cedo.
Uma ciência "do outro mundo"?
Por outro lado, quem ler atentamente o Livro de Enoch pode levantar
uma teoria bem diferente a respeito do mistério das origens da Astrologia.
Trata-se de um livro apócrifo, que foi subtraído do conjunto dos textos
19
bíblicos oficiais, nos quais, porém, Enoch é bastante citado como profeta e
filho de Caim. Crê-se que foi escrito por volta do século III a.C, sendo,
portanto, contemporâneo de Beroso. Em seus versículos numerados, o Livro
de Enoch fala de "anjos" ou "filhos do Céu". Estes viram como as mulheres
da Terra eram formosas, as desejaram e tiveram filhos com elas. Foi então
que surgiram os gigantes. Eram malvados e, após consumirem toda a
colheita dos homens, se voltaram contra estes para devorá-los também.
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Assim começa a desgraça para a raça humana, e também para os "anjos",
que, unindo-se às mulheres da Terra, violaram uma severíssima proibição, e
por isso passaram a sofrer terríveis castigos. Os "anjos" eram em número de
200, e "desceram" em Aradis, próximo ao Monte Harmon.
O livro cita os nomes de 18 de seus chefes. E esses anjos ensinaram às
mulheres a Magia, as propriedades das raízes e plantas e também a arte de
observar as estrelas, os signos, a Astronomia e os movimentos da Lua.
Enoch, no fim da história, desapareceu misteriosamente. Ele não morreu, diz
o livro, "mas Deus o levou vivo para o Céu". Bastante estranhos esses
"anjos", dotados de paixões tão humanas e de corpos tão sólidos! Não
seriam eles seres extraterrenos que pousaram com suas naves no alto da
montanha, raptaram Enoch, casaram com as belas mulheres da Terra,
geraram monstros genéticos e transmitiram aos homens um pouco da sua
ciência, tecnologia e poderes paranormais?
20
Capítulo 02
21
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22
s iniciados, detentores de um mistério a preservar, sempre se
preocuparam em deixar para as gerações futuras uma pista de
seu segredo, na intenção de que não se perdesse. Eles deixaram
papiros, manuscritos, livros, etc, mas cuidaram de velar sua
mensagem utilizando-se de símbolos. É a Linguagem
Hermética,
usada pela Maçonaria, pelos alquimistas e por todas as ordens iniciáticas. O
símbolo é uma imagem que transmite uma idéia. Às vezes utiliza um
atributo da coisa que se quer representar, às vezes uma parte essencial dessa
coisa. Ora faz uso de um personagem, ora constrói toda uma alegoria ou um
mito, no qual se alude à mensagem que se quer transmitir.
É por essa razão que surgiram as lendas iniciáticas. São histórias
aparentemente despretensiosas, em que animais falam, personagens entram
em aliança ou em atrito, produzindo eventos e desenrolando todo um
complicado enredo. E o caso das mitologias, que estão na raiz de todas as
religiões. O mito que lhes dá apoio é contado como se contivesse fatos reais
ocorridos há muito tempo - o que serve de justificativa para as coisas
improváveis descritas - e explica a origem de um fenômeno natural, como o
fogo, o trovão, a montanha, uma estrela, o nascimento de um herói, um
eclipse ou a perda de um dom que antes se possuía.
Dessa forma, surgiram os mitos sobre a origem da Terra, da vida ou
da raça humana, as catástrofes que afligiram povos antigos, as relações do
homem com a natureza e com os deuses - e naturalmente vieram, junto com
os mitos iniciáticos, as superstições ou deformações do mito por má
compreensão ou falsa interpretação. Tomando um exemplo da Mitologia
Grega, podemos estudar a Lenda da Medusa, um mito que
23
pretende ao mesmo tempo preservar segredos astrológicos e alquímicos.
Medusa era uma mulher de aspecto muito feio e assustador. Em lugar dos
cabelos, tinha cobras que lhe saíam do couro cabeludo. Sua pele era escura e
metálica, as unhas tinham formato de garras terríveis, soltava uivos
lancinantes e possuía o dom de petrificar à distância qualquer ser que se
aproximasse e fosse visto por ela. Morava no alto de uma montanha e ao seu
redor havia estátuas humanas em atitudes variadas de ataque: eram os heróis
malsucedidos que tinham ousado invadir seus domínios e haviam sido
transformados em pedra. Era o terror da região.
Certo dia, o rei Polidectes festejava seu aniversário com amigos e
heróis quando Perseu, um dos filhos de Zeus, bastante animado pelo vinho
que tomara, propôs dar ao rei um presente excêntrico: a cabeça da Medusa.
O rei divertiu-se com a idéia de tal presente, mas o aceitou, forçando Perseu
a providenciar a entrega. Ao voltar a si de sua bebedeira, e lembrando-se da
louca oferta, Perseu entrou em depressão e sentou-se numa pedra para
meditar sobre o que faria. Apareceu-lhe então Hermes, o mensageiro dos
deuses, que lhe perguntou a razão de tal tristeza. Ciente dos perigos que
Perseu passaria numa missão daquelas, Hermes lhe prometeu ajuda. De fato,
um pouco mais tarde, retornou trazendo ao herói alguns itens muito
especiais para a arriscada tarefa: uma espada para cortar a cabeça do
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monstro; um saco de couro bem vedado para guardar a cabeça cortada, para
que os olhos da Medusa não continuassem a petrificar quem a visse;
pequenas asas para colocar nos pés, e tornar o passo mais leve, de modo a
não despertar a atenção da Medusa; e finalmente um capacete, que tornaria
Perseu invisível.
Provido de tais apetrechos, a tarefa do herói ficou muito fácil, e ele se
desincumbiu a contento, levando ao rei o presente prometido. Do pescoço
cortado do monstro brotam então duas grandes figuras: o gigante Crisaor e o
cavalo alado Pégasus. Segundo a lenda, a cabeça da Medusa foi
transformada numa constelação e colocada no céu, ao lado da do próprio
Perseu. Este é representado nas cartas celestes segurando a cabeça da
Medusa, e ao lado o cavalo Pégasus, que se encontra nas vizinhanças, entre
as constelações de Áries e de Aquário. Um dos olhos da Medusa, que
corresponde à estrela Algol, fica hoje próximo do 26ª do signo zodiacal do
Touro. A explicação simbólica da lenda é, do ponto de vista astrológico, a
seguinte: no mapa de nascimento de uma pessoa, onde essa estrela Algol
estiver colocada como um significador da vida,
24
tal pessoa corre o risco de ser decapitada, tal como foi a Medusa. Era uma
forma de preservar esse conhecimento sobre a influência dessa estrela no
mapa astral. Já a explicação alquímica é mais complexa: a Medusa
representa o mineral bruto, tal como retirado da mina - a nossa Pedra Bruta é
de natureza feminina, é escura como a figura mitológica, possui escórias em
estrias, que se parecem com cobras, é de caráter metálico e leva o iniciado
ao caminho da Pedra Filosofal.
Para que não haja dúvidas sobre o caráter alquímico da lenda, surgem
dois personagens do corpo mutilado da Medusa: Crisaor e Pégasus. Crisaor,
em grego, significa ouro, e nos remete à interpretação de que o final da obra
nos levará à possibilidade de fabricar ouro. Em segundo lugar, dá-nos uma
dica importante quanto aos cristais sólidos que se produzem após a primeira
manipulação ao forno, substância que leva o nome de Azoth e que é
considerada a verdadeira matéria-prima da Obra Alquímica - essa primeira
manipulação se chama, muito sugestivamente, cortar a cabeça do corvo!
Pégasus possui asas, e na Alquimia, asas significam uma substância
volátil, que se desvanece no ar. De fato, a segunda substância que nasce da
mesma manipulação é um espírito muito volátil, que precisa ficar bem
fechado - hermeticamente - num vaso, para que não se desvaneça. Aí vem
então a lenda complementar de Belorofonte, outro herói que se encarregará
de domar Pégasus, colocando-lhe um firme cabresto e usando-o a partir de
então como seu meio de transporte. Essa manipulação primeira, que reúne
três substâncias - sal, enxofre e mercúrio - produz, exatamente como na
destilação da cana-de-açúcar, de um lado o álcool - o espírito - e de outro o
melado - o Azoth - que precisará ser refinado e purificado até que se
transforme em açúcar. Do mesmo modo, o Azoth necessitará de posteriores
manipulações, até que se purifique e possa ser utilizado no futuro como um
poderoso agente. Assim vemos como um mito, ao mesmo tempo em que
orienta os iniciados como um roteiro oculto de operações secretas, de uma
ciência mais que secreta, esconde dos olhos dos não-iniciados tais segredos,
por trás da roupagem inocente dos símbolos.
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Capítulo 03
27
28
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horóscopo de uma criança começa quando ela emite o primeiro
grito e se separa de sua mãe, rompendo o cordão umbilical. O
horóscopo de um país, de maneira análoga, nasce quando ele
emite o grito de independência e se separa do país que o
colonizou ou dominou, cortando os laços que tolhiam sua
liberdade. D. Pedro I, de modo bastante significativo, não só lançou um grito
de independência, como cortou com a espada, num gesto simbólico, aquele
laço que prendia a nação brasileira à terra-mãe, Portugal, dando assim
origem ao tema astrológico do nosso país. Segundo narram os historiadores -
especialmente Rocha Pombo - esse fato ocorreu às 16h00 de um sábado, dia
07 de setembro de 1822.
Os acontecimentos mais marcantes da História nos permitem, através
de progressões, trânsitos planetários e grandes conjunções, estabelecer com
absoluta segurança o horário exato: 16h08, hora local, em São Paulo. Da
mesma forma que o horóscopo de um indivíduo, o mapa astrológico de um
país permite delinear o temperamento, o caráter, os gostos peculiares, o
modo de pensar de um povo - ainda que, em linhas gerais, descreva apenas
um "tipo médio", uma personalidade muito encontradiça entre esse povo.
Entretanto, a análise desse mapa mostra, com bastante fidelidade, a imagem
que esse povo sugere perante o mundo e perante si mesmo.
O mapa do país permite ainda prever as mais fortes tendências do seu
destino e as influências predominantes que se fazem sentir quanto ao seu
clima, agricultura, finanças, transportes, comunicações, educação, infância,
saúde, diplomacia, regime político, legislação, riquezas naturais, acidentes
geográficos, tipo de solo, situação da dívida externa
29
e condições do abastecimento de gêneros. Nele está o retrato das nossas
virtudes, nosso potencial, nossas deficiências e nossas promessas para o
futuro. Ao contrário do horóscopo dos Estados Unidos, estabelecido no
momento da assinatura da Declaração da Independência, e provavelmente
programado conscientemente pelos vários astrólogos presentes a esse evento
- John Adams, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, entre outros - o tema
do Brasil nasceu ao sabor das circunstâncias, sob o ímpeto de um imperador
jovem e temperamental, e sob a pressão insuportável do domínio
estrangeiro.
Nascida de "parto natural", a carta astrológica do Brasil reflete o
estado efetivo das coisas naquele instante, e mostra a evolução natural da
História, desde sua concepção - que é o mapa astral da descoberta oficial e
posse solene da Terra, ocorrida em 1º de maio de 1500, de acordo com o
Calendário Juliano, às 7h24, hora local, na Baía Cabrália, no Estado da
Bahia. Este é o mapa do Brasil-Colônia, com Vênus no ascendente, Lua em
Gêmeos, Sol em Touro junto com Saturno, e um magnífico Júpiter em
Peixes, quase no zênite. Esse mapa astral promete um futuro brilhante a um
povo doce e fraterno, numa terra cheia de belezas naturais e abundância. Era
a perfeita descrição do escrivão de bordo, Pero Vaz de Caminha, em sua
carta profética ao Rei de Portugal: "Em se plantando, tudo dá". O Mapa da
Independência o substituiu a partir de 1822, já com o Sol no signo de
Virgem, ascendente em Aquário, Lua em Gêmeos. (Vide Mapas na página
35)
A Lua não estava sozinha em Gêmeos nesse dia - ela vinha
acompanhada do maior planeta do nosso sistema, nada menos que Júpiter.
Assim, Lua e Júpiter transitavam, no dia da nossa Independência, ao 6º do
signo de Gêmeos, exatamente sobre o ascendente do Brasil-Colônia,
representando mudança, expansão e libertação. De acordo com as leis de
herança astrológica do ser humano, a Lua do nascimento se coloca no
ascendente do mapa da concepção. Mesmo numa gestação de 322 anos de
duração, o arquétipo foi obedecido! Ora, o horóscopo do Brasil-República -
15 de novembro de 1889, às 18h47, hora local no Rio de Janeiro -
igualmente coloca o ascendente em Gêmeos! Isso reforça e confirma para
além de qualquer dúvida a natureza geminiana desse povo, uma vez que
tanto a Lua como o ascendente dizem respeito à natureza e características do
povo de um país.
Inquieto, curioso, versátil, cheio de manhas, "jeitinhos", inteligente,
brincalhão até à molequice, engenhoso, hábil, comunicativo e com múltiplos
talentos para o comércio, a literatura, a comédia, o
30
desenho, sem esquecer sua agilidade ao volante e seus naturais dotes
oratórios. Segundo o conceituado astrólogo Alan Leo, a combinação de Sol
em Virgem - em 07 de setembro - e a Lua em Gêmeos fazem o nato
amistoso e hospitaleiro, e o levam a mudar freqüentemente de ocupação, ou
a seguir duas ocupações ao mesmo tempo. De fato, é extremamente comum
que os brasileiros tenham duas atividades ou dois empregos - às vezes em
duas profissões diferentes. Os grandes defeitos dessa combinação tão
mercurial são: a leviandade, a superficialidade, a duplicidade, a indisciplina
e a irreverência.
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A Lua em conjunção com Júpiter na 4- casa - a casa do lar, da família,
da terra natal, enfim, realça o traço da hospitalidade, generosidade,
tolerância e jovialidade, além de propiciar a fértil contribuição do imigrante
estrangeiro na agricultura e no desenvolvimento da nossa riqueza potencial,
sem falar na formação étnica do nosso povo, múltipla, variada e
harmoniosamente assimilada. É sem dúvida essa conjunção que gerou essa
fé inquebrantável que o povo deposita em seu destino. Pois não afirmamos
sempre que Deus é brasileiro?!
Reforçando a natureza intelectual do nosso povo, Mercúrio está em
seu signo de domicílio, em conjunção com o Sol, o que traz engenhosidade,
gênio prático, inteligência penetrante, capacidade de observação minuciosa,
senso crítico. O defeito mais óbvio dessa posição é o apego exagerado a
detalhes, a mania de criticar tudo, muitas vezes pelo simples prazer de
descobrir imperfeições, e também o talento insuperável que tem o brasileiro
de transformar tudo em burocracia: carimbos, assinaturas, papéis copiados
em 12 vias, quatro departamentos diferentes cuidando do mesmo assunto, e
o dever que todo cidadão tem de carregar consigo, em média, 11
documentos oficiais, destinados a comprovar, nas várias situações, sua
inocência, legitimidade, identidade, saúde, propriedade do automóvel,
habilitação profissional e de trânsito, e sua quitação com o fisco, o serviço
militar, seguro obrigatório, obrigações eleitorais, sem contar outros cinco ou
seis referentes à identificação bancária, comprovantes de renda e cartões de
crédito, que são opcionais.
Colocados ambos, Sol e Mercúrio, na 8ª casa, denotam nosso
indisfarçável pendor ocultista. Afinal, somos católicos no domingo e
espíritas na sexta-feira. O signo solar de Virgem torna o brasileiro apto para
a investigação científica, a pesquisa de laboratório e revela a forte
31
tendência de seguir a carreira médica. Quem não conhece o talento natural
que temos todos para dar receitas? E lembremo-nos de que o Brasil tem
produzido médicos, cirurgiões, dentistas, higienistas e terapeutas da mais
alta qualificação. Mas, chegou o momento de falarmos um pouco desse
nosso ascendente em Aquário. E essa posição que faz o brasileiro inventivo,
criativo, independente, individualista e ansioso por liberdade. Vem daí sua
atração pela mecânica, aviação, circo, futebol - afinal, Aquário rege as
pernas! - fotografia, televisão, cinema, aparelhos elétricos, discos voadores
e... Astrologia.
Já produzimos, graças a esse ascendente, alguns gênios e expoentes
que contribuíram de maneira significativa para a arte, cultura, ciência,
literatura, invenções magníficas - como o avião, a máquina fotográfica e a
máquina de escrever, invenções de brasileiros que outros pretensamente
criaram primeiro - e os esportes mundiais. São exemplo disso Santos
Dumont, Carlos Gomes, César Lattes, Rui Barbosa e Pelé. Por alguma
estranha razão, quase todos só puderam demonstrar seus talentos no
estrangeiro. E por outras estranhas razões, muitas das nossas invenções nos
foram subtraídas, ou seu valor menosprezado, e sua glória roubada.
Foi o caso do avião, por Santos Dumont, que fez sua prova diante de
milhares de pessoas, em plena Paris, vencendo o prêmio de Mais Pesado que
o Ar, em 23 de outubro de 1906. A invenção foi contestada pelos irmãos
Wright, cuja experiência não foi testemunhada por ninguém, a não ser eles
mesmos, não foi filmada nem fotografada, e dela só há registro de três curtos
- 30 segundos! - saltos no ar de uma geringonça que não voava em absoluto.
Foi também o caso da máquina de escrever, inventada pelo padre
paraibano Francisco João de Azevedo, e apresentada em 16 de novembro de
1861 na Exposição Industrial e Agrícola da Província de Pernambuco. O
padre Azevedo foi até premiado por D.Pedro II por seu invento, mas sua
máquina, que se parecia com um piano pequenino, conforme explicava o
catálogo, não foi enviada à Exposição Internacional de Londres por falta de
espaço no pavilhão brasileiro! A invenção foi mais tarde aproveitada por
Remington, que levou a fama do invento.
Foi igualmente o caso de Hércules Florence, francês de nascimento,
mas radicado muito jovem em Campinas. Acredita-se que ele precedeu
Daguerre e Niepce na criação das técnicas que levaram à invenção da
fotografia. Temos, pois, material humano de valor inestimável, mas que
nunca
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é devidamente reconhecido, ou o é tardiamente. É também o
resultado desse ascendente em Aquário a universalidade de interesses, a
abertura mental, o espírito de aventura, o pioneirismo e um sensacional e
inimitável dom para a improvisação. Dêem ao brasileiro um barbante, um
esparadrapo, um grampo, um pouco de cola, e ele faz um trator funcionar ou
um trem explodir, conforme a necessidade.
E onde estão os regentes desse ascendente? Um deles está na 3a
casa desenvolvendo idéias - eu diria "desbravando" idéias, pois é
Saturno - duramente, com sérias dificuldades devido às limitações do
meio ambiente, falta de estímulo e ausência de recursos, sem falar na
pressão exterior - representada pela oposição de Marte, vinda da 9ª
casa. Quanto ao outro regente, Urano, está na 11ª casa, em conjunção
com Netuno. E a casa das invenções e descobertas - muitas que nos
foram roubadas!
São projetos inspirados, fantásticos, capazes de alterar
profundamente a ordem das coisas - estão em Capricórnio - dentro e
fora do país - ambos em sêxtil, com Marte na 9ª casa - mas a
O mapa do Brasil Colônia [à esquerda],
com Vênus no ascendente, Lua em
Gêmeos, Sol e m Touro junto com
Saturno, e Júpiter em Peixes. 0 Mapa
da Independência [acima à esquerda] o
substituiu, já com o Sol no signo de
Virgem, ascendente em Aquário, Lua
em Gêmeos. Já o horóscopo do Brasil
República [acima] coloca o ascendente
em Gêmeos. Isso r eforça a natureza
geminiana dos brasileiros
quadratura com Plutão traz o impedimento de "força maior", o
bloqueio
33
intransponível e sem apelação. De onde vem essa quadratura? Da 2ª casa.
Falta de dinheiro talvez? A 11ª casa rege também os assuntos do Congresso
Nacional, o Legislativo. Temos aí dois planetas em conjunção, Urano e
Netuno. São eles os responsáveis pela mistura curiosa de tendências que
mostram os partidos políticos: esquerda e direita se mesclam sem qualquer
preconceito, e membros de um partido nominalmente de esquerda com
facilidade se mudam para outro de caráter direitista, e vice-versa. Os dois
planetas estão em quadratura com Plutão na 2ª casa, a casa do dinheiro.
Deve ser a razão pela qual tantas vezes surgem escândalos de natureza
financeira dentro dos partidos e no Congresso em geral. Mas Plutão garante
o "sumiço" permanente das propinas recebidas e das verbas desviadas,
mesmo quando o fato é denunciado e provado e os culpados apontados e
punidos: o dinheiro roubado nunca mais é encontrado, e muito menos
devolvido.
Nossa 3a
casa - os transportes, correio, comunicações e escolas - tem
Saturno em oposição com Marte. Quem sabe, vem daí nosso hábito de fazer
greve nesses setores? E, sem dúvida, é essa oposição terrível que fez do
Brasil, durante anos, um dos campeões mundiais de desastres de trânsito nas
estradas. Ainda guardamos na memória as inúmeras tragédias envolvendo
nossa antiga ferrovia Central do Brasil. E nossas universidades? E nossas
escolas primárias? É triste o estado de abandono e o "luxo" que nos damos
de exilar e expulsar nossos melhores cérebros para trabalhar no exterior.
Considero esta oposição o maior desafio do mapa astrológico do
Brasil. Dominando a 10a
casa, Marte criou no Brasil o costume de levar,
com estranha freqüência, os militares ao poder. Em contraposição, nossa
grande vantagem, nosso maior potencial, está na 4ª casa - as reservas
naturais - riquezas imensas contidas em nosso solo: minerais, energéticas,
hídricas, alimentares, fauna, flora, madeiras, numa terra farta de dimensões
continentais, livre de flagelos naturais que tanto matam e atormentam a
população de outros países, de climas variados e que permite o plantio de
infinitas espécies, além de proverbialmente fértil.
E por que, sendo tão grande sua reserva, não é o Brasil um país rico?
Ou, mudando um pouco a pergunta, para onde vão tantas reservas? O
regente da 4ª casa - Vênus - mostra para onde: para a 7ª casa - o estrangeiro.
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Nosso ouro de Minas Gerais, por exemplo, após um longo périplo por
Portugal e França, foi parar na Inglaterra.
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O reconhecimento da nossa independência custou aos cofres de D. Pedro I a
módica quantia de 8 milhões de libras esterlinas! E onde está o dispositor da
nossa conjunção Lua-Júpiter? Na 8ª casa - nossas reservas servem para pagar
dívidas externas!
Mas nem tudo é tão ruim quanto às relações exteriores. Afinal, temos
aí na 7ª casa nada menos que a bela Vênus. Nossos diplomatas têm uma
formação extraordinária, e o Brasil já produziu notáveis nomes, de prestígio
internacional, como Rui Barbosa - a "águia de Haia" - o barão de Rio Branco
e Afonso Arinos, chamados à mesa de conversações mundiais. É essa 7ª casa
a maior garantia que temos de relações pacíficas com o resto do mundo.
Num planeta sacudido por tantas guerras e convulsões terríveis, não é este
um consolo valioso?
Mas há um outro ponto que se destaca de maneira mais decisiva e
marcante e que trata da feliz promessa de um papel importante na construção
do mundo do futuro. Trata-se da nossa conjunção Urano-Netuno em
Capricórnio, signo de governo e de ordem política. É neste país que se está
engendrando a organização política e social que será vivida no Terceiro
Milênio. Numa síntese feliz e pioneira, o Brasil juntará a experiência do
capitalismo - Urano - e do socialismo - Netuno - criando um regime de
natureza mista e eclética, universal e livre, como convém a um ascendente
em Aquário. Nosso sistema tupiniquim, depois de alguns erros, tropeços e
escorregões, poderá ser exibido no mundo como um modelo curioso de
simbiose política, e nossa sociedade mostrará talvez uma estranha fusão de
tecnologia ultra-avançada - Urano - com energias mágicas obtidas através de
um saber transcendente - Netuno. Essa é talvez a imagem mais próxima
daquilo que será a Era de Aquário, na qual o Brasil se fará representar, sem
sombra de dúvida, não apenas como o celeiro alimentar e energético do
mundo, mas como um exemplo humano de progresso, liberdade e paz.
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Capítulo 04
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"Astra inclinant, non necessitant" (Os
astros inclinam, mas não obrigam)
enho visto algumas vezes alunos iniciantes de Astrologia
tomados por uma vaga dúvida, uma ponta de ceticismo em
relação a essa ciência. A dúvida é um aguilhão que impulsiona o
autêntico pesquisador em direção ao conhecimento, e, até certo
ponto, ela deve ser considerada um sintoma sadio da alma que
está em
busca da verdade. Entretanto, ao escavar bem fundo essa dúvida, tenho
identificado muitas vezes um desejo recôndito de que não existisse a
realidade astrológica, para garantir mais amplamente aquilo que
convencionamos chamar "livre-arbítrio".
Quando o estudante afinal se convence de que não há saída, e os fatos
científicos se impõem aos seus olhos com toda a força e evidência da
verdade irrecorrível, surge inevitavelmente a indagação: mas, se a Astrologia
é um fato, será que nós somos um mísero e indefeso joguete dos astros, e
tudo que nos acontece é fruto de ângulos planetários? Seremos bonecos
cujas ações, longe de ser o produto de uma vontade própria, são apenas o
resultado de uma posição astronômica no espaço naquele instante longínquo
em que nascemos? Nosso amor próprio, nosso orgulho humano se revoltam
contra tal idéia. Nada mais chocante do que acreditar durante toda uma vida
que sempre fizemos o que desejávamos, e descobrir um dia que mãos
invisíveis teciam nosso destino e haviam movimentado a cada instante os
cordéis da nossa vontade. A crise filosófica em que esse raciocínio
necessariamente nos submerge, além de nosso sentimento de angústia e
rebelião, se tornam ainda mais profundos quando nos detemos a observar a
realidade à nossa volta e descobrimos aquilo que só podemos qualificar de
terrível injustiça cósmica: ricos e pobres, nobres e miseráveis, felizes e
infelizes, sadios e doentes, puros e sórdidos, perfeitos e mutilados, lutadores
e parasitas, coexistindo lado a lado, evidenciando uma
39
outra realidade interna, essa produzida pela visão exclusiva e privilegiada do
astrólogo - a dos horóscopos individuais - igualmente cheia de disparidades
e contrastes. É claro que idêntica consideração filosófica se impõe àquele
que não possui a bagagem do astrólogo. Essa mesma realidade de contrastes
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nos é apresenta à vista diariamente e não deixa de nos conduzir a uma
incômoda dúvida sobre a bondade infinita do nosso criador, na qual
desejamos por força acreditar e que nos foi ensinada em quase todas as
doutrinas religiosas.
Mas a visão do astrólogo mostra algo mais: mostra qualquer coisa que
soa a inevitável e a irrevogável. É nesse momento que a crise chega a um
impasse: duvidar da Astrologia - e há um ponto em que isso já não é mais
possível - ou da justiça divina - e isso significa derrubar um alicerce no qual
nosso inconsciente está solidamente ancorado, de uma forma ou de outra.
Resta a posição materialista de que não existe Deus e, portanto, não há lugar
para considerações sobre "bondade" ou "justiça" divinas. Existem
horóscopos individuais "felizes" e "infelizes" e isso encerraria a questão.
Não deixa de ser uma posição cômoda como doutrina filosófica, mas
obviamente não responde à indagação básica, que é a do determinismo
versus livre-arbítrio.
Para aqueles que buscam uma explicação transcendente, há a resposta
dos espiritualistas: tudo o que somos hoje é produto de nossos próprios atos
passados, em vidas anteriores - a Lei do Karma ou da Causa e Efeito. A
bondade divina se manifesta nas múltiplas oportunidades que nos confere o
universo para redimir nossos erros e aprender com as novas experiências
oferecidas em cada encarnação, e assim progredir na senda da verdade, até
alcançarmos o Nirvana. Todo sofrimento é justo, pois resulta de uma má
ação cometida por nós mesmos. Todo benefício é igualmente justo, uma vez
que nos advém de um mérito passado. Nosso horóscopo individual, de
acordo com esse raciocínio, nada mais é, portanto, que o "saldo" de nossas
ações passadas, e a nossa "conta-corrente" herdada do conjunto das
encarnações anteriores.
Essa posição espiritualista nos reconcilia com o Criador, e nos permite
voltar a crer na sua bondade e justiça - embora ainda possamos indagar por
que é que Ele nos deixou um dia incorrer no primeiro erro, o que causou
todos os outros e nos prendeu tão irremediavelmente à roda triturante das
reencarnações. E a resposta a isso talvez pudesse ser "porque ele nos deu
livre-arbítrio para optar entre o bem e o mal e, naquele dia, nós infelizmente
optamos pelo mal". Mas, redargüimos, não poderíamos agir mal senão em
função de uma potencialidade para o mal! E essa
potencialidade para o mal não nos adviria do nosso próprio horóscopo
"infeliz"? E se nascemos com tal horóscopo "infeliz", isso não tinha que ser
necessariamente a conseqüência de um erro anterior?!
Há certamente um sofisma neste raciocínio, na presumida
potencialidade para o mal: ela existe não apenas no horóscopo "infeliz", mas
também no "feliz". E assim a pergunta se alonga para muito mais além, e
teríamos que questionar sobre o porquê da existência do mal em si. Mas isso
pertence ao campo da Metafísica, não mais da Astrologia. Ainda que a
explicação espiritualista nos deixe em paz novamente com o Criador, ela não
resolve, à primeira vista, a questão do livre-arbítrio, de acordo com a visão
astrológica. De certa forma, a proposta reencarnacionista nega o livre-
arbítrio quando nos leva a concluir que nosso horóscopo é fruto inevitável de
nossas ações passadas. Isso seria o mesmo que dizer: uma vez estabelecido o
horóscopo de nascimento - "feliz" ou "infeliz" - tudo que nele está
prometido, agradável ou desagradável, terá necessariamente que se realizar,
para que nossas "dívidas" passadas sejam pagas e os méritos "cobrados" aos
que nos deviam - "Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos
àqueles que nos ofenderam". Não seria uma forma de pedir a abreviação
dessa espécie de "vendetta" cósmica?
Por esse raciocínio, no entanto, notamos que a inevitabilidade do
nosso destino transcende os limites do horóscopo, que corresponde à nossa
atual encarnação, e se estende aos futuros horóscopos que herdaremos. As
"dívidas" atuais são pagas, os méritos são "cobrados" e o "saldo" resultante
se transfere para a encarnação futura, segundo um horóscopo que lhe
corresponde em número e medida, e assim sucessivamente. Mas a resposta
reencarnacionista certamente não nega o livre-arbítrio. Pelo contrário, o
exalta. Ela nos diz que as circunstâncias da vida - nós traduziremos por "as
condições astrológicas do nascimento" - nos colocam diante de certas
escolhas, e são essas escolhas que irão determinar a espécie de vida - nós
diremos "o horóscopo" - futura que teremos.
De fato, a inevitabilidade não está na escolha que fazemos, mas nas
condições astrológicas que a puseram diante de nós - e estas sim são fruto de
nossos atos passados. A forma de nossa escolha é livre e ditada unicamente
pela nossa vontade. E ela que determina as "flutuações" do nosso "saldo"
kármico, calcando os pratos da balança para cima ou para baixo. Em suma,
movimentamos a nossa conta bancária do "céu", acumulando reservas para
as vidas futuras ou dilapidando as já existentes, de acordo com as ações
presentes, que são opções livres diante de fatos inevitáveis. Não resta dúvida
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de que, colocada desta forma, a explicação espiritualista nos satisfaz muito
mais amplamente do que qualquer teoria materialista. Ela torna compatível
um aparente determinismo com o nosso conceito de justiça e adapta a visão
astrológica a parâmetros filosóficos muito mais aceitáveis para o espírito
racional. Resta ainda, porém, explicar de que maneira as circunstâncias
astrológicas inevitáveis, pois que já estão estabelecidas quando nascemos, se
colocam diante de nós para escolha - essa voluntária - e qual seria na
verdade o nosso grau de liberdade nessa escolha, dado que esta mesma não
poderia estar livre das próprias circunstâncias astrológicas que as
produziram.
A transmutação astrológica
Se, em determinado período da vida estamos sob um influxo cósmico
que a Astrologia qualifica como Quadratura de Saturno - o que deve ser
traduzido como um período muito difícil, desagradável, duro, cheio de
privações e adiamentos, perdas e sofrimentos, pela natureza maléfica do
planeta e do ângulo em questão - a tradição nos ensina que uma série de
acontecimentos nos aguarda, todos relacionados com a natureza própria do
planeta Saturno, além de outras considerações que nos remetem a cada caso
individual - tais como a casa onde se localiza o planeta, as casas regidas por
ele, etc. Para simplificar, vamos enumerar apenas cinco das conseqüências
prováveis dessa quadratura: morte de um parente idoso; fratura de um osso;
um mau negócio imobiliário; uma profunda depressão psíquica e debilidade
física; ou uma situação de grande isolamento e privação das condições
normais de conforto.
Certamente, nenhuma dessas opções nos parece atrativa. Por nossa
vontade, evitaríamos todas elas. Saturno, porém, exige seu imposto, é
preciso satisfazê-lo, pois em Astrologia, não existe "sonegação". Muita
gente optará por pagar esse "imposto" no plano físico: uma fratura, uma
doença, uma depressão lhe parecerão mais baratas que a perda de um ente
querido. Outros preferirão uma perda financeira. Outros pagarão o imposto
na íntegra, sofrendo nos cinco itens. Uma questão que depende do grau de
evolução individual ou do nível em que se encontra a "dívida" atual em
termos kármicos.
Está claro que, na imensa maioria dos casos, essa "opção" é
absolutamente inconsciente. Há um fluxo de energia proveniente da vontade
íntima que sopra na direção dos acontecimentos que o indivíduo mais
necessita experimentar, a título de evolução espiritual. Ou sopra na direção
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que seu superconsciente exige como "cobrança" kármica. São mecanismos
complexos que
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somente os interessados no campo esotérico chegam a estudar. De qualquer
forma, existe uma opção possível, e está entre os vários planos de vivência
de um aspecto ou posição astrológica - seja no mapa de nascimento, seja nas
progressões e trânsitos durante a vida. Como nos ensina Hermes
Trismegisto, "existem vários planos de causalidade, porém, nada escapa à
lei". Creio que esta frase resume o que se pode dizer de mais importante em
matéria de livre-arbítrio. Podemos "jogar" entre os vários planos causais,
mas não podemos simplesmente fugir a um aspecto ou influência, qualquer
que seja.
Quais serão esses "planos de causalidade"? Podemos enumerar cinco
deles, os mais comuns em nossa vida terrestre: lº) plano físico; 2°)
emocional; 3º) social; 4º) profissional e 5º) simbólico. O plano físico é o
preferido da maioria das pessoas. É através da saúde que mais
freqüentemente resgatamos nosso karma. No exemplo do aspecto de
Saturno, que mencionamos há pouco, é uma fratura, que nos imobiliza numa
camada de gesso, ou uma doença prolongada, que nos amarra a um leito de
hospital. No plano emocional, é uma depressão, que nos subtrai a alegria de
viver, nos afasta dos amigos e da família e nos obriga a passar por
tratamentos penosos. Pode ser também uma dor moral, um medo, uma
preocupação, uma pesada responsabilidade que nos assusta e rouba nossa
paz de espírito.
No plano social, a influência se dilui entre pessoas de nosso convívio
- a família, os amigos, os colegas de estudo e trabalho. Saturno cria
distancia, esfria relacionamentos, separa e chega a destruir vidas ao nosso
redor. Pouco poder de decisão nos compete neste plano, já que nele
dependemos de terceiros, e, mesmo que façamos nossa parte para evitar as
piores conseqüências, nada podemos fazer a respeito da vontade alheia. O
plano profissional é, em parte, um desdobramento do social, mas merece
algumas considerações especiais. Na nossa atividade profissional cotidiana,
vivemos aspectos astrológicos através de clientes, por exemplo. É como uma
"transferência" da força do aspecto para outras pessoas. Assim, ao invés de
sofrermos nós uma fratura, atendemos um cliente que acaba de ter uma. Ao
invés de termos uma perda financeira, recebemos no escritório um cliente
que faliu.
A vivência neste plano é particularmente reconhecível nas atividades
que podemos denominar "sacerdotais", ou seja, naquelas em que se
subentende um aconselhamento ou prestação de socorro. É o caso, por
exemplo, dos médicos, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, assistentes
sociais, sacerdotes e astrólogos, é claro. Finalmente, o plano simbólico é o
mais sutil. Em nossos sonhos e pesadelos "descarregamos" os medos,
43
angústias, preocupações e desejos reprimidos. Ao sonharmos com uma
guerra, por exemplo, vivemos um aspecto negativo de Marte; sonhando com
cemitério, campos devastados, desertos e pragas domésticas, "gastamos" um
Saturno negativo. E assim por diante.
A vivência simbólica é mais freqüente do que pensamos nesta Era
Moderna. Após a invenção do cinema e dos jogos computadorizados, abriu-
se para nós mais uma opção de "descarga" de aspectos negativos. Assistimos
a um filme de guerra e, quanto mais violento, mais o planeta Marte se
declara satisfeito; vemos um filme de Kung-Fu, e Plutão - quem sabe
também Marte, Saturno, Netuno e Urano, todos juntos! - ficam em paz
conosco. Um drama de amor - quanto mais lacrimal, melhor - e aí gastamos
a dor que nos produziria Vênus num drama autêntico. Um bom videogame
simula com perfeição um combate aéreo - quem sabe lá gastamos o risco de
um acidente de verdade!
O segredo da vivência simbólica é a transferência do sofrimento físico
para um plano intelectual ou emocional, não raro tão ou até mais intenso
ainda do que seria o drama físico, só que compactado num pequeno espaço
de tempo - o tempo que dura o filme ou o jogo. Se medíssemos as lágrimas
derramadas por alguns telespectadores durante um só capítulo de certas
novelas, é provável que superem as que dispenderiam numa separação
conjugai. Ou se aferíssemos a pulsação e os batimentos cardíacos de um
garoto enquanto mede forças com seu videogame, certamente entenderíamos
a descarga de energia que isso representa para Urano ou Marte em mau
aspecto.
Aos artistas, o reino dos símbolos destinou uma válvula especial para
cada mau aspecto: pinte para si mesmo um quadro triste, e lá se vai a
quadratura de Saturno, transformada nas tintas de uma paisagem
melancólica; componha uma marcha militar, e Marte se gratifica com ela;
escreva uma poesia nostálgica, e Vênus se delicia; escave na pedra a
escultura de um pequeno monstro, e Plutão desejará levá-la para sua coleção
particular. Não há mau aspecto de Saturno com Plutão que resista a uma
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carreira como a de Steven Spielberg, o grande cineasta da atualidade, cujas
criações cinematográficas jamais deixam de registrar cenas horripilantes, em
que baratas, escorpiões e serpentes disputam espaço com cadáveres em
putrefação, alimentos repulsivos, tripas arrancadas à mão e gente esmagada,
devorada ou triturada aos pedacinhos. Spielberg - que, não por acaso, possui
em seu mapa natal uma conjunção Saturno-Plutão - é uma verdadeira
panacéia para descarregar aspectos que tragam desastres terríveis.
Consciente ou inconscientemente, este cineasta usa em sua criação tudo
aquilo que poderia ocorrer com ele na vida
44
45
diária. Outro exemplo interessante disso está em Van Gogh, outra vítima do
mau aspecto Saturno-Plutão, que passou a vida a pintar cenas de miséria
humana; ou Victor Hugo, com o mesmo aspecto, que teve uma enorme
produção literária, mas cuja obra mais famosa foi exatamente a que retrata
as mais tristes cenas da exploração humana: "Os Miseráveis".
Percebemos por estes exemplos uma das possibilidades de usar nosso
livre-arbítrio: podemos transferir a vivência dos aspectos astrológicos de um
plano para outro. Como já dissemos, essa transferência é inconsciente na
maioria dos casos. Mas pode tornar-se consciente quando a pessoa conhece
Astrologia, identifica ou prevê os aspectos que a afetam e assume a
responsabilidade de desviar a força do aspecto para outra direção. Em geral,
basta a vontade forte para promover a transferência. Entretanto, é sempre útil
empregar um ponto de apoio, como um filme, uma novela, o jogo certo ou a
criação artística, pois não deixam de ser formas mágicas de defender-se dos
aspectos nefastos.
Neste capítulo sobre as vivências simbólicas, cabe ainda citar as do
gênero cerimonial, que são em geral aplicadas de forma programada,
intencional. É o caso das ordens iniciáticas, como a Maçonaria e a Rosacruz.
Em ambas, tal como nas antigas cerimônias do Egito, determinados ritos
simulam a morte do candidato à iniciação nos mistérios. Foram criadas com
a finalidade de preparar o candidato para o verdadeiro momento da sua
morte, mas também para fazê-lo sofrer a morte simbólica para a vida
profana, e seu renascer para uma nova vida de iniciado.
No Egito - e ainda hoje nas lojas maçônicas mais preocupadas com a
perpetuação dos antigos segredos - tais cerimônias desencadeavam enorme
força mágica, onde mantras especiais e uma poderosa egrégora se somavam
para produzir no profano um formidável impacto. Exatamente a força desse
impacto era capaz de "descarregar" as energias negativas de sua existência
profana, e, de quebra, resolvia os maus aspectos astrológicos que pudessem
abreviar indevidamente o curso de sua vida.
Conheci certa vez uma senhora que passava por um período crítico na
vida. Sua convivência em família era problemática, tinha conflitos com o
marido, a atividade profissional ia mal, tudo estava naufragando. Desejou
morrer, porém, não lhe passava pela idéia suicidar-se, fosse por sua
formação religiosa, fosse porque tinha filhos menores para criar. Mas, tendo
algum conhecimento quanto aos ritos simbólicos, preparou para si mesma
um "funeral". Sozinha em casa, e, em absoluto segredo, cercada por quatro
velas acesas, deitou-se
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na cama, cobriu-se com um pano negro e, através de uma prática que lhe era
familiar, entrou em "alfa", programando-se para retornar dali a algumas
horas. Voltou à vigília consideravelmente aliviada das tensões e muito mais
preparada para enfrentar suas dificuldades. A pequena cerimônia serviu-lhe,
portanto, às mil maravilhas para descarregar os pesados problemas que
vivia.
Tão poderoso foi seu singelo ritual solitário, do qual se absteve de
falar com qualquer pessoa da família, que, na manhã seguinte, a filha menor,
com quem tinha uma ligação mais afetuosa, entrou correndo em seu quarto,
tomada de prantos convulsivos, e gritando: "Mamãe, mamãe, eu sonhei que
você tinha morrido!". A sua "morte cerimonial" tinha sido gravada tão
fortemente na memória astral - ou akasha, como se diz em sânscrito - que
sua filha foi capaz de captar a imagem em sonhos.
É assim, através de mensagens que impregnam dimensões mais sutis,
que se opera a "descarga" dos aspectos que ameaçam a pessoa nos planos
mais grosseiros. Os sacerdotes e os grandes iniciados das antigas ordens de
magos conheciam o processo pelos quais tais mensagens melhor se gravam
na memória da natureza - e do candidato aos mistérios - de forma que a
própria aura, assim como os corpos mais sutis da pessoa, ficavam
assinalados com a experiência. Assim, poderiam ser reconhecidos por outro
mago, ainda que muitas vidas se tivessem passado. Na verdade, a vivência
"teatralizada" funciona como se a experiência tivesse ocorrido de fato na
vida da pessoa. Pelo menos, para fins astrológicos, o processo é muito
eficiente.
Citando mais uma vez Hermes Trismegisto, sua primeira lei nos
ensina que o todo - ou o universo - é mental. É como dizer que tudo que
existe à nossa volta e que nos parece tão sólido, opaco e pesado, não passa
de energia pura - apenas um pouco mais condensada. Curiosamente, em uma
de suas peças pouco conhecidas, A Tempestade, Shakespeare nos diz algo
bem semelhante: "0 mundo é feito da mesma matéria de que se fazem os
sonhos". Sendo assim, o universo é como uma imensa máquina de
videogame, com cenários virtuais muito aperfeiçoados, e nós não passamos
de pequenos personagens igualmente virtuais, que lutam, trabalham,
estudam, sofrem, amam, têm filhos, guerreiam e morrem.
Da mesma forma que nos nossos sofisticados programas para jogos de
vídeo, os personagens lutam, enfrentam obstáculos, tentam salvar sua pele e
a da amada princesa, enfrentam adversários impiedosos, e, conforme nossa
47
habilidade em lidar com a máquina, sobrevivem ou morrem. "Ganham-se"
vidas adicionais, de acordo com méritos previamente estipulados nas
regras do jogo, ou se "perdem", conforme as mesmas regras. No próximo
jogo, com uma nova vida, os mesmos personagens voltam a enfrentar outras
dificuldades, e assim por diante. No imenso holograma cósmico, somos suas
minúsculas partes, cópias idênticas do todo, dotados da mesma inteligência e
do mesmo poder - embora pouco conscientes disso. Michael Talbot, no livro
O Universo em Forma de Holograma já prenunciava a descoberta científica
moderna dessa visão de Hermes. Estaremos, em nossos inocentes joguinhos
para adolescentes, tentando imitar o holograma cósmico?
Se o universo é um grande cenário virtual, guiado por forças
intangíveis, e manipulado segundo regras previamente traçadas - regras
secretas que os astrólogos descobriram como funcionam, e que, tais como
Cassandra, proclamam aos quatro ventos, mas quase nunca são ouvidos - é
possível entender por que se pode transferir de um plano para outro as
influências do nosso horóscopo. Faz parte desse grande jogo "ganhar vidas"
ou vantagens - se cumprirmos rigorosamente certas condições - como faz
também parte perdê-las e sofrer castigos, no caso de infringirmos as normas
prescritas. Ou seja, prolongamos nossa vida terrestre e angariamos algum
tipo de prêmio sempre que obedecermos regras específicas. Abreviamo-la e
sofremos derrotas quando deixamos de segui-las.
De alguma forma, coube sempre aos sacerdotes de todas as eras
enunciar tais regras, sendo que o prêmio se colocava sempre para além da
morte. Daí o papel das religiões - elos feitos para "religar" o homem às suas
origens e aos segredos do universo. Como vimos, as escolas iniciáticas da
vertente hermética foram bem mais longe do que isso, ensinando aos seus
discípulos a verdadeira natureza do Grande Jogo Cósmico.
Uma conclusão se impõe sobre tudo isso: o livre-arbítrio é tanto maior
quanto mais alto o grau de consciência do indivíduo em relação a esse Jogo
Cósmico. A Astrologia, regida por Urano, o primeiro dos planetas não
visíveis a olho nu em nosso Sistema Solar, é também a primeira das chaves
para ã descoberta das leis do universo. Aquele que estudá-la e aplicá-la em
prol de seu autoconhecimento e nas previsões de seu próprio futuro,
conseguirá superar inúmeros obstáculos, que a outros parecerão impossíveis,
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e saberá como viver, em esferas muito mais refinadas, os aspectos de dor e
sofrimento por que teria de passar normalmente.
Ao iniciado, outras chaves mais secretas se apresentarão como
recursos extraordinários para transcender a dimensão grosseira dos mundos
material e emocional: a segunda chave é a Kryia-Yoga, regida por Netuno -
segundo
planeta não visível - e a terceira é a Alquimia, governada por Plutão - o
terceiro planeta não visível. As três chaves são dadas aos mortais como
instrumentos para superar o karma, reduzindo o número de reencarnações
obrigatórias. No Jogo Cósmico, são "prêmios extra" conquistados através de
méritos muito especiais, méritos que se adquirem levando uma vida austera,
renunciando a prazeres frívolos e dedicando-se ao serviço do próximo e da
humanidade. Tais são, em síntese, as regras desse jogo. Entretanto, mesmo
conhecedor de vários destes recursos, há momentos em que o domínio de
nosso destino fica realmente ameaçado. É quando os acontecimentos estão
nas mãos de terceiros - estes sem qualquer acesso ao conhecimento das
regras do jogo.
No exemplo anterior, a influência de Saturno poderia, entre outras
conseqüências, trazer a doença e até a morte de uma pessoa querida -
geralmente idosa - como o pai ou a mãe. Mas, como persuadir certos
velhinhos obstinados de que já passaram da idade de subir em telhados para
limpar as calhas? Como convencê-los de que precisam tomar os remédios
nas horas certas, mesmo quando já se sentem curados? E assim, alguns de
nossos aspectos nefastos são vividos de maneira bem desagradável, sem que
tenhamos tempo de intervir. Estes fatos servem para nos mostrar que está
razoavelmente em nosso poder modificar o karma pessoal, mas que o de
outrem geralmente foge à nossa competência. Há poucos exemplos de que
alguém conseguiu alterar o destino de outra pessoa. É o caso de mães que
salvam a vida de um filho - seja por um gesto heróico, seja pelo poder de
orações - ou de amantes apaixonados, quando o heroísmo e a abnegação
igualmente entram em cena.
Nestes casos, de imediato se percebe a intervenção de três fatores,
todos dotados de um incrível poder mágico e transformador: o amor, o
sacrifício e a fé. Não é raro que, para salvar o filho, se dê em troca a vida da
mãe - o mesmo ocorrendo entre os amantes. Assim é a norma do jogo: você
pode salvar outra vida, contanto que entregue a sua. Às vezes, a simples
disposição de dar a vida em troca de outra é suficiente para resgatá-la. Em
ambas as possibilidades, o amor foi o preço inestimável pago para se obter o
prêmio da outra vida. Aprendemos aqui uma regra de ouro do Grande Jogo:
o amor - não o amor passional ou possessivo, mas o amor-doação, o amor
capaz do sacrifício maior - é uma das formas de redenção, quiçás a mais
poderosa de todas. A fé é outra força redentora, mas, como diz São Paulo,
nada vale se não houver amor.
Falemos um pouco sobre o livre-arbítrio quando se trata do mapa
astral de um criminoso ou de um viciado. Há mapas simplesmente
"terríveis", dos quais um astrólogo deduzirá com facilidade acontecimentos
trágicos e
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alta cota de dor e sofrimento. Diríamos talvez que tais indivíduos, com
tendências notáveis para o vício ou o crime, tiveram pouca chance de evitar
seu triste destino, pelo mapa astral que lhes coube. Mas, o mesmo mapa
astral, violento e terrível, pode ser encontrado em indivíduos cuja vida foi
inteiramente dedicada ao benefício da humanidade, e que deixaram uma
obra magnífica para a posteridade. No entanto, eles encontraram um destino
trágico, com perseguições, prisão, tortura, mutilação, perda de tudo e de
todos que lhes foram caros, e finalmente morreram nas piores circunstâncias.
Citemos o caso de Giordano Bruno, o grande iniciado do século XV,
que, após permanecer preso por sete anos, sofrendo as mais terríveis
torturas, morreu na fogueira da Inquisição; de Ludwik Zamenhof, o criador
do esperanto, cuja família foi assassinada e os bens confiscados pelos
nazistas; de Jan Amós Comenius, um dos mais admiráveis educadores de
todos os tempos, cuja família também foi assassinada, a casa e a preciosa
biblioteca foram queimadas, e que morreu no exílio; o célebre sábio e
alquimista Sendivogius, preso e torturado até a morte; ou William Wallace,
o herói libertador da Escócia, cuja vida foi objeto de um filme recente,
Coração Valente - perseguido, traído, a esposa assassinada, e, por fim,
barbaramente torturado e decapitado; ou Mahatma Gandhi, iniciado, sábio e
libertador da Índia, um dos maiores homens da Terra, preso a maior parte de
sua vida, perseguido e brutalmente assassinado. Seus mapas astrológicos
certamente mostram o destino trágico que tiveram. Mas suas vidas foram
limpas, suas obras, beneméritas e suas almas, abnegadas.
Ao nascer, o homem recebe uma pequena coleção de instrumentos de
trabalho: um recebe uma machadinha, uma régua, uma pá. Outro ganha um
martelo, um lápis, uma faca. O primeiro vai usar a machadinha para cortar
lenha, a régua para desenhos arquitetônicos, a pá para plantar árvores. 0
segundo vai usar o martelo para arrombar janelas alheias, o lápis para contar
o dinheiro que roubou, a faca para matar. Antes de nascer escolhemos os
instrumentos de trabalho com os quais viremos ao mundo. Esta é a parte que
não poderemos mudar. Durante a vida, porém, recebemos a liberdade de
optar pelo uso que faremos desses instrumentos. É neste setor que mais
podemos exercitar o livre-arbítrio. Inclusive, eventualmente, por nosso
mérito, aplicação e inteligência, talvez consigamos criar nós mesmos alguns
novos instrumentos, ou aperfeiçoar os que já temos. Podemos ainda
melhorar o uso daqueles que recebemos sem um "manual de instruções".
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Resta abordar a interessante questão do livre-arbítrio a nível coletivo.
Conta-se que um grande astrólogo persa previu um terremoto em sua cidade.
Deu-se o trabalho de avisar a todos no lugar que haveria um imenso
desastre, e que muitos morreriam se não abandonassem suas casas. Os
habitantes apenas riram dele, ninguém saiu de casa. Fiel aos seus
prenúncios, o astrólogo foi à praça da cidade, aguardar o terremoto. Já tarde
da noite, começou a nevar e a fazer um frio intenso. Temeroso de morrer ali
mesmo, de frio, ele acabou por recolher-se de volta à sua casa, onde um fogo
acolhedor o esperava. Sua previsão se cumpriu: veio o terremoto, a cidade
foi bastante destruída, muitos morreram, incluindo o nosso pobre astrólogo.
É muito raro que alguém dê ouvidos às profecias dos astrólogos,
mesmo quando são acertadas. Nosso astrólogo persa não foi o único a prever
corretamente os terremotos. Outro, mais moderno, Alfred Pearce, previu
com exatidão de dia, diversos tremores nos Estados Unidos, publicando suas
previsões num almanaque popular. Ninguém lhe deu crédito a ponto de
deixar a cidade, exatamente como ocorreu com o colega persa. Felizmente,
não houve danos terríveis, e com certeza os habitantes acharam boa a
decisão de ficar em casa. Se já é bastante difícil para um indivíduo mudar
seu destino através de algum trabalho ou sacrifício, pode-se imaginar como
será mudar o de uma cidade ou nação inteira. Seria preciso mobilizar a
opinião pública numa direção que talvez seja completamente contrária às
suas tendências naturais. E, mais provavelmente, acharão demasiado
incômodo mudar seus hábitos para seguir um "profeta" qualquer, ainda que
já muitas vezes ele tenha mostrado ser eficiente. Já houve tempo em que os
governantes se deixavam assessorar por astrólogos - ou eram eles mesmos
versados nesta ciência, e o próprio povo conhecia dela o suficiente. O povo
seguia as orientações e as mais sérias decisões eram tomadas sob a égide da
Astrologia. Mas a tendência atual é deixar acontecer.
Há duas formas pelas quais se pode abrandar, senão resguardar-se de
todo da influência nefasta de certos aspectos. Ambas nos remetem para o
terreno da Alquimia. Uma delas é a confecção de talismãs astrológicos,
baseados no trânsito de um planeta benéfico, como Júpiter ou Vênus, sobre o
mapa astral de um determinado indivíduo, num momento cósmico
especialmente calculado. Serão válidas somente para aquele indivíduo em
questão, e para mais ninguém, e poderão servir como um autêntico pára-raio
em relação a aspectos nefastos do mapa natal, ou de passagens transitórias
da pessoa durante um período da vida. Poucas pessoas são capazes de
calcular corretamente tais
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talismãs, e muitos charlatães, atribuindo-se "poderes mágicos"
comercializam medalhas protetoras - um mercado fácil para vítimas
ingênuas. Mas sabemos como a medalha autêntica pode realmente defender
a pessoa contra um mau aspecto. Produzida em metal apropriado, emana
sutilmente uma influência inspiradora. A outra forma de defesa requer um
grande esforço pessoal e muita sabedoria. Representa a verdadeira saída
transcendental para aqueles que não aceitam as formas grosseiras de
"pagamento" dos impostos dos astros.
Somos unânimes em considerar pouco criativos, e nada construtivos,
os tributos que Saturno nos oferece à escolha. Afinal, qual a utilidade prática
de uma fratura? Ou da perda de um imóvel? De uma dor de dente? A
influência astrológica está aí, essa não podemos evitar, como não podemos
impedir que chova. Mas, não seria possível evitar de nos molharmos?
Haveria um meio de proteger-nos da influência de Saturno, qualquer coisa
parecida com um guarda-chuva antiplanetário?
Conta-se que Hitler chegou a construir um abrigo subterrâneo, coberto
com uma placa metálica muito espessa - não para protegê-lo das bombas,
mas para servir como anteparo contra influências astrológicas nefastas.
Talvez ele tivesse tido alguma indicação sobre as medalhas que
mencionamos. Certamente, ninguém poderia defender-se de modo tão tosco
e simplista. Influxos astrológicos são de natureza sutil e precisam ser
tratadas com outro gênero de providências.
Esse guarda-chuva antiplanetário efetivamente existe. Apenas requer
que cada um de nós o construa com seu próprio esforço, sua energia,
prudência, sabedoria, discernimento e paciência. É exatamente nesse
momento que a capacidade individual de transmutação entra em cena. Que
coisas positivas, boas, construtivas e agradáveis são governadas pelo mesmo
Saturno? Citemos algumas: o trabalho profundo da mente, a pesquisa séria
de uma teoria filosófica, a ciência, as lides agrícolas, o esforço digno e
paciente para descobrir as origens de um mistério qualquer da natureza, o
autoconhecimento, o cultivo da força de vontade, a construção lenta e
minuciosa de um plano de futuro, de uma idéia, de um sonho que
alimentamos há muito tempo.
Uma obra perene, ou a reconstrução de algo que no passado foi
destruído pela nossa imprudência ou ignorância. A realização de uma tarefa
que noutra época nos pareceu pouco compensadora, ou demasiado difícil, ou
tediosa, mas que sabemos necessária e adiada. Ou colocar na devida ordem
coisas velhas, abandonadas, esquecidas e desorganizadas, que há anos
atiramos no sótão e cujo peso um dia fará o teto desabar. São opções
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sadias e benéficas que Saturno nos propõe, por que não aceitá-las? Acaso
darão mais trabalho que um osso quebrado ou uma crise suicida? Talvez
assim pareça, para alguns, à primeira vista, mas aqueles que aceitarem o
desafio e assumirem voluntária e prazerosamente esse lado positivo, poderão
saborear, como um delicioso manjar, o gosto de uma vitória íntima, uma
batalha ganha sobre nós mesmos - e sobre as poderosas forças vindas do
espaço -; e sentirão como a pesada nuvem de Saturno, com seu imposto
inexorável, se desvanecerá por si, deixando apenas um rastro de satisfação,
uma consciência de poder e de saber que faz o homem crescer internamente
e sentir-se mais perfeito, mais sábio e mais próximo do Criador.
Ao fim da quadratura avaliamos o seu saldo, e, com surpresa,
descobrimos que criamos qualquer coisa de maravilhoso, que deixamos uma
semeadura fértil, cujos frutos colheremos por muitos anos; que gerações
seguidas nos recordarão com gratidão por uma obra admirável que legamos,
e que um tempo de resignação e esforço dedicado levantou todo um edifício
sólido, durável e belo, que nos abrigará da intempérie e mostrará seu valor e
utilidade futura. Enfim, diremos que a tarefa não foi assim tão penosa, e,
além de tudo, nos deixou mais ricos de alguma forma. Tal como Tom
Sawyer, o famoso personagem de Mark Twain, aprenderemos que caiar um
muro não era afinal uma punição, e nem sequer um trabalho, mas uma
atividade simples, onde a alma sem preconceito poderia encontrar alegria e
até mesmo certo encanto. É assim, apenas com uma nova disposição de
espírito, que o chumbo de Saturno se transforma no ouro solar. Como nos
ensina o velho Hermes: "A verdadeira transmutação é uma arte mental".
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Capítulo 05
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■
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o princípio era o verbo... e o verbo estava com Deus, e o
verbo era Deus". Esse texto da Gênese bíblica nos sugere
nitidamente que, se havia algo antes da Criação, era o som, e
esse som era do próprio Criador. No antigo texto hebraico
Bereshit bara elohim (No princípio criaram os deuses), bara
significa falar e também criar, ou criar pela palavra. Num texto ainda mais
antigo, inscrito nas Pirâmides da 5ª e 6ª dinastias egípcias - 2500 a.C. - se lê:
"Não havia céu, nem terra, nem homens. Os deuses não haviam nascido e
ainda não havia mortos. Os germes de todo ser e de todas as coisas se
encontravam em estado latente, confundidos no abismo de Num [O Caos].
Nele flutuava, Tem espírito divino indefinido, que levava em si o conjunto
das existências futuras. Carecia de consistência, de estabilidade e deforma.
Por fim, desejou criar e empregou a voz para expressar seus desejos. Assim
apareceu Ra [O Sol] e a luz foi feita".
Neste extraordinário conceito de Cosmogonia, herdeiro, sem dúvida,
de uma sabedoria ainda mais antiga, proveniente das civilizações atlantes e
lemurianas - o Som aparece igualmente como o autor de todas as coisas e
origem de tudo quanto existe no mundo físico, a fonte de onde emanaram
todas as formas do universo visível. Curiosamente, Ra, que sempre
aprendemos significar Sol nas religiões egípcias, tem por significado
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etimológico o verbo fazer. Não é difícil extrair daí a palavra latina Re, que
quer dizer coisa. Res-Publica = Coisa Pública. Do seu conceito solar, Ra
trouxe para as línguas modernas a equivalência da palavra Rei; em latim,
Rex. No sânscrito, Ry ou Ray quer dizer Rei, ou Reinar. Não tem outro
significado o Ri final da palavra Oshiri - que deu o nome Osíris. O O-shi
quer dizer "o nome de Deus". Assim, o significado completo de Osíris fica
como: o nome de Deus, Rei.
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A verificação de que tais nomes - especialmente aqueles que possuem
significado teogônico - sempre mostram entre si uma semelhança incrível,
iguais prefixos, iguais raízes, está a sugerir gritantemente que houve no
passado um único tronco lingüístico comum a toda a humanidade, da mesma
forma que houve obviamente um único tronco genético de todas as raças
humanas. Se somos todos descendentes das velhas raças atlantes, e antes
delas, dos lemurianos, hiperbóreos e chayas, como nos ensinam as tradições
esotéricas, nada mais compreensível que admitir que essas raças-matrizes
possuíam um idioma-mãe, do qual todas as línguas atuais são descendentes,
com maior ou menor grau de alteração ou adulteração.
Ora, é sabido por todos os etimologistas e estudiosos de línguas
arcaicas, que, quanto mais antiga a fonte escrita de um povo, mais ela se
assemelha à fonte de outro povo, igualmente antigo. Assim, é mais fácil
encontrar similitudes entre os textos vedas e os do Egito antigo, do que entre
o moderno árabe e o atual idioma hindi. E onde procurar as raízes desse
idioma-mãe de toda a humanidade? Poder-se-ia reconstituir essa língua
original através daquilo que se conhece das línguas arcaicas, cujos
testemunhos sobreviveram até nós em forma de monumentos de pedra,
blocos de barro, rolinhos de papiro, tabuinhas, chapas de metal, estátuas,
vasos de cerâmica, tótens, restos de muralhas, colunas rachadas, tecidos
pintados e gravações nas rochas de cavernas?
Os estudiosos assim afirmam. E mais que isso, se basearam em algo
que os cientistas acadêmicos olham em geral com absoluto ceticismo:
tradições orais, transmitidas durante vários milênios, através das gerações.
Mas, basta um bom observador para captar as semelhanças que existem
entre idiomas falados por raças geograficamente muito distantes e
etnicamente muito diferentes entre si. Falaremos mais adiante de alguns
exemplos que mostram raízes gregas e sânscritas no tupi, uma das principais
línguas faladas pelos índios do Brasil.
Mas antes vamos tentar descobrir qual é essa língua original da Terra
e como ela era falada. As fontes devem ser procuradas nos chamados
idiomas mântricos - aqueles cujos sons são geradores de imagens - e isso nos
remete aos símbolos gráficos mais antigos conhecidos pela humanidade.
Trata-se dos alfabetos primitivos, ideogramáticos, e dentre eles se destacam
- pela semelhança entre si, pelo número total de símbolos usados e pela
peculiaridade de serem atribuídos a eles valores numéricos
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Numa síntese magnífica, a equivalência dos alfabetos antigos e modernos, signos
zodiacais, planetas e notas musicais
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e tonais, além dos simples valores fonéticos, que qualquer idioma utiliza - os
seguintes: o hebraico, o hieroglífico, a escrita hierática, o fenício arcaico e o
vattan. Todos eles possuem 22 caracteres, e sua representação gráfica
identifica todos entre si por uma semelhança impressionante. Conclusões
muitíssimo interessantes podem ser acrescentadas se incluirmos nessa lista
os caracteres do grego arcaico, que, entretanto, utilizava um alfabeto de 26
símbolos, fugindo assim de uma regra clássica que, como vamos ver,
empresta um significado cósmico ligado às próprias origens do universo, ao
poder criador do verbo - ou da palavra - e à força mágica dos sons quando
pronunciados da forma adequada.
Veremos que, não só por direitos de antigüidade, mas pelo valor
cabalístico - vale dizer zodiacal - é mais conveniente estudar os caracteres
do sânscrito e principalmente do vattan. Os símbolos do vattan, segundo os
Vedas - escrituras sagradas dos brâmanes - se prestam de maneira admirável
a correspondências numéricas, produzindo combinações que revelam, por
variados somatórios, semelhanças e resultados gráficos, sonoros, musicais,
morfológicos, astrológicos, vibratórios, Cromáticos, arquitetônicos,
matemáticos, etc, que lançam uma luz inesperada no sentido etimológico de
palavras de igual significado em idiomas bem diferentes. Trata-se de um
alfabeto esquemático, formado por quatro símbolos básicos, que se
compõem ou se desdobram para formar sons e palavras cujo sentido deve ser
somado, da mesma forma como se faz com seus valores numéricos.
Os símbolos básicos são: o ponto, a linha, o círculo e o triângulo. O
idioma vivo, tal como era falado, é o sânscrito, a língua sagrada em que
estão escritos os textos vedas. O som A era um traço. 0 som N era o círculo,
ou semicírculo. O som M era o ponto. O som P era o triângulo. As demais
letras são combinações estilizadas dos quatro símbolos básicos. As
equivalências fonéticas do vattan, sânscrito e línguas latinas são as que se
seguem, associadas à respectiva correspondência numérica, zodiacal-
planetária e musical. Três letras não possuem equivalência zodiacal-
planetária. São chamadas as Três Letras Constitucionais, algo como os Três
Símbolos Primordiais da Criação:
A, cujo símbolo é um traço, vertical, horizontal ou inclinado; equivale
ao Alef hebraico, Alfa grego, início de quase todo alfabeto fonético. No
Tarô, corresponde ao Mago, o Homem Perfeito, a Unidade, o princípio dos
Atos, a vontade divina;
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Os símbolos das letras dos alfabetos, assim como os números, reproduzem a
imagem dos signos zodiacais e planetas, e emanam a vibração musical
correspondente
S, cujo símbolo é dois pontos, 15ª letra do alfabeto vattan; no
Tarô, corresponde ao Diabo, cuja carta é representada por dois jovens,
homem e mulher (os dois pontos) unidos por um laço que une a cintura
da mulher ao pescoço do homem. Símbolo inequívoco dos laços da
matéria que prendem o homem à Terra e controlam seu destino.
Finalmente, Th, cujo símbolo é uma serpente em S; última letra
do alfabeto vattan, encerra o ciclo cósmico na figura do mundo; No
Tarô, onde aparece uma jovem no centro de uma serpente em elipse, e
nos quatro cantos as figuras básicas da Esfinge: o Homem, o Leão, a
Águia e o Touro. Representa o mais alto grau de iniciação e mostra um
poder tal que não possui outros limites senão os da inteligência e
sabedoria. Mostra também o poder do homem sobre os quatro
elementos da natureza, fogo (Leão), Água (Escorpião-Águia), Terra
(Touro) e Ar ( Aquário), que constituem o mundo físico e astral. Assim,
vemos que as três letras constitutivas correspondem à inteligência
primordial, cuja energia gerou o mundo através de um poder mágico - o
poder do som.
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As doze letras involutivas, que correspondem aos doze signos do
Zodíaco, mostram um poder latente, de natureza passiva, cuja força é
despertada pelas sete letras evolutivas, que possuem energia vibratória
própria, movimento e poder intrínseco. A combinação das vibrações
zodiacais e planetárias - mais as energias das letras constitutivas - produz
vocábulos cujo significado deve ser abordado à luz do conhecimento
hermético. Assim, por exemplo, a palavra Kabala, sobre a qual alguns rios
de tinta já foram gastos em livros pobres em valor iniciático, mas cheios de
armadilhas e labirintos - significa, em sânscrito:
KA tem equivalência numérica = 20. É Marte, a masculinidade.
BA = 2, a Lua, feminilidade.
LA = o poder, potência verbal, dom recebido.
Resultado: KA + BA = LA, ou seja, o dom, o poder dos 22 símbolos
ou letras - ou o poder criador da união do homem com a mulher.
Outros resultados impressionantes podem ser obtidos, produzindo
nomes próprios e palavras com significado básico em sânscrito - herdeira do
vattan - e correlações em outros idiomas. Exemplo: pensemos na figura e no
nome de Jesus, em hebreu Isho, ou Ipho. Jesus nasce de uma Virgem,
portanto, coloquemos o início no respectivo signo.
Seu valor fonético, efetivamente, é o I. Seguindo a ordem do triângulo
da Terra, obtemos os símbolos subseqüentes, F em Capricórnio e O em
Touro. Ipho, o verbo de Deus, em sânscrito = Isho, que no vattan pode ser
lido da direita para a esquerda, indiferentemente; invertido, Oshi produz o
nome da divindade egípcia Oshi-Ri, onde Ri = Ra, rei, como vimos no
início. Portanto, Osíris é Jesus, com idêntico significado de divindade solar.
Vejamos agora a segunda figura do Cristianismo, Maria. Nada mais correto
que procurar uma figura feminina nos signos da água. Ora, água, em vattan,
é Ma, que possui também o significado de mar, tempo, luz refletida, e
também morte. Vida e morte, só pode ser Escorpião! Com efeito, Ma,
seguido das demais letras zodiacais da triplicidade da água, vai resultar em
Ma-ra (ou Re, Ri) - He (ou Ha) = Ma-Ri-Ha. Ainda dentro das equivalências
numéricas, Ma tem valor 40 e quer dizer água, princípio da vida. Daí,
derivam os vocábulos Mãe, Mar; na sua inversão Am - com significado de
"sair de dentro" - produziu amar, amor.
Água, em todos os dialetos originados do vattan e emigrados para as
várias partes do mundo - incluindo as Américas - é ATL - donde vieram
Atlas, Atlântico, Atlântida. A divindade azteca Quetzal-coatl quer dizer "que
veio
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do mar". E que soma nos dá ATL? A
= 1;T = 9; L = 30, portanto ATL =
40: exatamente como Ma = 40. Outro
exemplo é o som vocal mântrico Om,
o som da criação dos mundos.
É gerado a partir da letra zodiacal
correspondente a Touro (= O) e parte
para sua polaridade oposta,
Escorpião, que é M. A pronúncia
vocal da letra O cria no oscilógrafo a
figura de um círculo - um dos
símbolos básicos do Pronunciando longamente o som Om, alfabeto vattan. Já o
som Om produz a projeta-se no espaço uma imagem mandala constituída de
múltiplos semelhante a esta mandala triângulos em perspectiva. As catedrais
góticas foram construídas segundo
determinadas notas musicais. Assim, há uma catedral na nota Sol, outra na
nota Fá, etc. Os antigos construtores conheciam o segredo da edificação de
templos e monumentos conforme os cânones da Geometria Sagrada.
Formas, medidas e orientação dada por posições astronômicas especialmente
escolhidas eram capazes de gerar harmonia sonora e figuras projetadas em
dimensões sutis. Tudo com a intenção de produzir estados devocionais ou
contemplativos de consciência.
Um experimento muito interessante e fácil de reproduzir pode mostrar
o poderoso efeito dos sons sobre os seres vivos. Colocam-se duas plantas
trepadeiras em idênticas condições de iluminação, umidade, etc, em
ambientes separados; junto a cada uma delas, um alto-falante. Para uma das
plantas, toca-se música orquestral muito suave; para a outra, ritmos
modernos, barulhentos, com batuques alucinantes. A primeira planta cresce
na direção do alto-falante, chegando a abraçá-lo por inteiro. Permanece viva
e saudável. A segunda cresce na direção oposta, tentando fugir dele. Pouco
tempo depois, começa a secar e finalmente morre. Por aí se pode deduzir o
efeito que produz nos seres humanos o ruído urbano e o som das bandas
jovens no mundo atual!
As línguas-matriz - os primeiros idiomas falados pela humanidade -
eram monossilábicas, constituídas de vocábulos simples, reduzidos a
símbolos fonéticos. A combinação de dois símbolos básicos produzia uma
palavra
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de significado igualmente combinado. Assim, "A" expressa, tanto em grego
como em sânscrito, unidade e universalidade. Unida à letra solar Na produz
Ana, que expressa a marcha solar de um solstício a outro. Va (ou Ua) =
soprar como o vento. Ha = chamada, vocação, força atrativa. Va -Ha =
veículo, tudo que leva, carrega. Daí vem Wog (no escandinavo), Weg
(alemão), Way (inglês), Vehia (etrusco), Via (latim) = Caminho. Vi = Olho.
Ba = base, vaso, receptáculo Vi-Ba — luz, resplendor. E Vid significa
Conhecer, conhecimento divino. Veda vem dessa raiz. Em latim, deu Videre
= Ver.
Na língua tupi - também monossilábica aglutinante - se encontram
alguns exemplos muito interessantes. Pó = Mão; poã = dedo da mão. E poã-
guassu = dedo grande da mão, ou o polegar (guassu quer dizer grande). Y =
água, rio, líquido. Sá ou Essa = olho. Essa-y — lágrima. Py (ou pé) =
interior, centro, parte de dentro, (também quer dizer soprar, tocar
instrumento de sopro). Ara = nascer, dia, sol, luz, mundo, tempo,
entendimento, juízo. Py-Ara = saber bem, conhecer a fundo. Mo — tender,
mover. A = eu. Py = dentro, por dentro. Ra = verdade. Mo - A - Py - Ra =
concluir, chegar a uma explicação.
Eis aqui algumas equivalências no tupi que são pelo menos muito
intrigantes:
Pyri quer dizer perto de, junto de. Peri, em grego, quer dizer
exatamente a mesma coisa: perto, junto, próximo, (peri-hélio quer dizer
perto do Sol). Outra: Pá (ou Pã) = tudo, todos, todas. Compare com o grego
PAN = todo, tudo. A = eu (a unidade, a letra inicial, o começo de tudo) Pois
A significa, em tupi, fruta, grão, semente, redondo e, em palavras compostas,
quer dizer cabeça! Aba quer dizer homem, pessoa. Uba (ou Tuba) = Pai e
também ova de peixe. Em árabe, AB quer dizer Pai. BA = base, vaso, sentido
de origem, início.
Outra curiosa composição de monossílabos: Sy = Mãe; Ja =
semelhante, do mesmo tamanho; Jassy = Lua, semelhante à mãe; Tá =
nascer, nascido; Jassy - tata = estrela (ou nascido da Lua); Bebé = voar;
Jassy - tatá - bebé = estrela cadente; Itá = pedra. Juba = amarelo. Ita - Juba =
ouro! Upiá = ovo. Upia -juba = gema de ovo. Ca tem sentido de cair,
quebrar, ferir, cortar, bater, agredir. Caia quer dizer pegar fogo. Não é
curioso que Ka seja a letra que corresponde a Marte no vattan?
Vamos agora ver de que maneira os sons produzem vibrações, e com
elas, formas. A emissão do som da nota Sol produz em placa vibratória
apropriada à forma de uma dupla sinusoide - símbolo do infinito em
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62
Esquerda: sons produzem formas. Numa placa vibratória com areia fina, o som "dó
maior" gera este desenho. Direita: desenho formado na placa vibratória por uma
seqüência musical
matemática. É, contudo, a forma mais simples que se pode produzir com
uma nota musical. Eqüivale a Mercúrio e aos dois signos que ele
governa, Virgem e Gêmeos. Com efeito, é nele que começa o som
primordial Y, em hebraico Yod, origem do trígono do Verbo Divino
Yfo. Todas as outras notas produzem formas complexas, rosáceas e
combinações.
Observando certos desenhos formados em placas vibratórias,
notam-se semelhanças entre o som FA # e o Dó natural. Fa # é Libra,
Vênus. Dó natural é Júpiter, Sagitário e Peixes. Não dizemos que Vênus
foi tirada da espuma do mar - Peixes - que Vênus e Júpiter são da mesma
natureza benigna e protetora? Vênus se exalta em Peixes. A combinação
de Vênus e Júpiter em forma de metais - cobre e estanho - dão o bronze,
o sino da mais bela sonoridade, usada para fins sagrados. Sons
harmoniosos em seqüência produzem belíssimas combinações gráficas, o
que quer dizer vibrações pacificadoras e regeneradoras. Pesquisadores
afirmam que a música de Mozart gera as formas mais harmoniosas e
suaves que se conhecem, assemelhando-se a flores em belíssimas
composições.
Conclusão
Somos o resultado de um conjunto de forças representadas pelo
Zodíaco e pelos planetas. A presença deles está marcada em nossas
células, flui por nossos nervos, corre em nosso sangue, impregna a
composição química de nosso corpo físico e a essência de nossos corpos
astral
63
e mental. Povoa nossa memória e preenche todos os nossos atos,
sentimentos e idéias. É através do som das esferas celestes que a influência
do universo atua em nós, criando energias magnéticas, organizando sua
disposição e gerando cada um de nossos estados de ânimo.
Compreendendo a linguagem sonora do universo e interpretando
corretamente as imagens que ela projeta em nós, saberemos usar os símbolos
verdadeiros que representam a própria essência de nossa vida. 0 uso do
alfabeto que simboliza o Zodíaco e suas esferas em movimento cria em nós
um efeito de ressonância, tornando-nos capazes de agir no plano físico e
astral com energias que podem ser chamadas mágicas, já que podem alterar
as condições do ambiente e provocar fenômenos ditos paranormais. É nesse
momento que despertamos nossa superconsciência e nos tornamos como o
Deus de quem possuímos a centelha primordial, e adquirimos, como seus
filhos, o dom de criar com a palavra, com o verbo.
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64
Capítulo 06
65
66
m 1618, Jan Baptist van Helmont - o famoso médico e químico
belga a quem a Ciência deve a descoberta dos gases e a
identificação do dióxido de carbono - quando trabalhava em seu
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laboratório, em Vilvoorde, foi procurado por um desconhecido que
desejava "conversar sobre uma matéria que interessaria a ambos". Julgou
tratar-se de um colega, que quisesse abordar assuntos médicos, mas logo o
estranho começou a falar sobre Alquimia. Helmont, um pouco aborrecido,
interrompeu-o dizendo que considerava a Alquimia uma superstição e que
não desejava perder tempo com tal tolice. O estranho não insistiu na
conversa, mas lhe propôs simplesmente deixar em suas mãos uma pequena
porção da Pedra Filosofal, para que Van Helmont, pessoalmente, efetuasse a
experiência da transmutação, sozinho e nas condições por ele mesmo
escolhidas.
O misterioso visitante depositou então alguns grãos de pó sobre um
pedaço de papel que havia sobre a mesa do químico e despediu-se. O sábio
escreveria mais tarde: "Vi e manipulei a Pedra Filosofal. Tinha a cor do
açafrão em pó e era pesada e brilhante como vidro em pedaços". Decidido a
tentar a experiência, o químico preparou um crisol, onde colocou oito onças
- cerca de 230 gramas - de mercúrio metálico. Aqueceu-o um pouco e em
seguida atirou sobre ele uma pequenina porção do pó, previamente
embrulhada num pedaço de papel, seguindo à risca as instruções do
desconhecido. Tampou o recipiente, e, após alguns minutos, esfriou o crisol
com água e o quebrou: um pedaço de ouro com praticamente as mesmas oito
onças de peso descansava no meio dos cacos. O relato dessa experiência,
Van Helmont escreveu, assinou e publicou. O
67
evento o marcou profundamente, modificando por completo seus pontos de
vista científicos e filosóficos. A tal ponto que batizou com o nome
Mercurius um de seus filhos. A Enciclopédia Britânica emite a seguinte
opinião sobre ele: "Pode ser considerado uma ponte entre a Alquimia e a
Química. Embora de natureza mística e acreditando na Pedra Filosofal...
era um observador cuidadoso e experimentador exato".
Helvetius - Johann Friedrich Helvetius - nasceu em Anhalt em 1629,
cujo verdadeiro nome era Johann Friedrich Schweitzer, foi um sábio
conceituadíssimo e médico do príncipe de Orange. Adversário ferrenho da
arte hermética, foi, da mesma forma que Van Helmont, procurado por um
desconhecido, em dezembro de 1666. O estrangeiro, após algum tempo de
conversa, lhe apresentou uma caixinha contendo um pó amarelado,
afirmando tratar-se da Pedra Filosofal. Ele deixou que o médico apalpasse a
substância, mas recusou-se a lhe dar qualquer fragmento da mesma. Depois
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Arcanos e Mitos Herméticos

  • 1.
  • 3. Copyright: O 2006 Vera Facciollo Organizadora da obra: Karen Gisele Facciollo Fotos e ilustrações: Arquivos da autora ilustração de capa: Stanislas Klossowski de Rola Alchimie Direitos reservados desta edição: Vera Facciollo Revisão de textos: Fabiana Silvestre Editoração eletrônica: Soraia Korcsik Medeiros Projeto gráfico: Yangi Design (www.yangidesign.com.br) Esta obra é dedicada a Madame Helena Petrovna Blavatsky, Grande Iniciada João Regis Mendes, Mestre Construtor e Adepto
  • 4. www.escoladograndeoriente.com.br Muito obrigada Agradeço de coração às pessoas que trabalharam com comovente desprendimento para a realização deste livro. À minha filha Karen Gisele, versátil, competente e incansável colaboradora. À Dolores Ugarte, sempre vibrante e encorajadora, verdadeira expert em missões difíceis. E a A. J. Gevaerd, corajoso pioneiro e admirável editor, cujo empenho e de sua equipe finalmente tornou possível esta edição.
  • 6. www.escoladograndeoriente.com.br Capa - Contracapa 9 Introdução A Busca Secreta 13 Capítulo 01 As Origens Ocultas da Astrologia 21 Capítulo 02 A Linguagem Hermética 27 Capítulo 03 O Povo Brasileiro e seu Horóscopo 37 Capítulo 04 Astrologia e Livre-Arbítrio 53 Capítulo 05 A Músico das Esferas 65 Capítulo 06 O Romance da Alquimia 89 Capítulo 07 Segredos Alquímicos no Simbolismo Astrológico 103 Capítulo 08 O Zodíaco Sideral Uma Novidade de 3.500 Anos 109 Capítulo 09 Fulcanelli Um Alquimista Moderno 115 Capítulo 10 A Arte da Transmutação Astrológica 125 Capítulo 11 Em Defesa da Astrologia 135 Capítulo 12 As Raças Humanas 141 Capítulo 13 Os Caminhos da Evolução 157 Capítulo 14 O Natal, o Solstício e o Simbolismo Iniciático da Lenda de Janus 171 Síntese Bibliográfica 7
  • 9. 10 sta é uma coletânea de palestras, conferências e aulas que proferi em congressos, colóquios e cursos de Astrologia e Esoterismo, no Brasil e no exterior, entre 1976 e 2006. É o resultado de pesquisas, leituras, meditação, contatos, viagens - físicas e astrais - e experiências pessoais que, ao longo destas três décadas, representaram meus focos de interesse e de busca espiritual. É freqüente a presença dos temas filosóficos ou pelo menos a abordagem filosófica de temas que foram tratados de maneira mais técnica em congressos. Eles seguem uma linha de pensamento que inevitavelmente se volta para o metafísico e para o transcendente. De qualquer modo, demandaram meses ou anos de pesquisa e estudos, não só de Astrologia, minha área profissional, como de Alquimia, que representa minha busca secreta desde a adolescência. Alguns temas refletem os eventos da época: respostas a ataques sofridos pela Astrologia através da imprensa, assim como a preocupação de esclarecer pontos de vista enganosos expressos pela mídia. Em princípio destinados ao público em geral, os textos aqui selecionados foram propositalmente redigidos em linguagem acessível. Os numerosos textos revestidos de caráter mais técnico possivelmente serão compilados para uma futura publicação. Gostaria de agradecer o carinho de meus alunos, que há anos vêm me incentivando à publicação das palestras em forma de artigos. Algumas delas foram gravadas e transcritas graças à dedicação deles. São materiais que se teriam perdido não fosse esse trabalho cuidadoso. O crédito de muitas
  • 10. www.escoladograndeoriente.com.br informações e conceitos aqui apresentados cabe ao grande astrólogo Antonio Facciollo Neto [Mestre e esposo da autora], 11 que generosamente compartilhou comigo sua rica biblioteca esotérica, assim como suas experiências iniciáticas e os resultados de 50 anos de estudos e pesquisas nos campos da Astrologia e do Hermetismo. Preciosas edições, há muito tempo esgotadas, foram fontes inestimáveis de informações, incluindo obras raras do acervo do mago e iniciado João Regis Mendes. Expresso ainda meu reconhecimento aos colegas astrólogos, irmãos e amigos, cuja importante contribuição veio sob a forma de textos informativos, literatura especializada e ilustrações. Aos irmãos da Arte Real, em especial a Fulcanelli e ao Mestre S.H., devo a inspiração e os conhecimentos alcançados na busca da Pedra Filosofal. São Paulo, 26 de agosto de 2006. Vera Facciollo
  • 12. www.escoladograndeoriente.com.br 14 s compêndios que abordam esse tema costumam situar as origens da Astrologia nas civilizações mesopotâmicas - hoje Iraque - especialmente entre os caldeus, um povo que viveu na região compreendida pelo Golfo Pérsico, Deserto Árabe e às margens do
  • 13. Rio Eufrates. Cabe esclarecer que naquele tempo não havia distinção entre Astronomia e Astrologia, já que o astrólogo era obrigatoriamente um astrônomo, um observador do céu, e não somente um intérprete das posições e relações entre as estrelas e os planetas. A história conhecida dos caldeus não abrange mais do que três ou quatro séculos. Entretanto, Cícero, em um de seus livros, afirma que os caldeus possuíam registros das posições estelares que abarcavam um período de 370 mil anos! Diodoro de Sícolo amplia esse período para nada menos que 473 mil anos! E escritores como Epígenes e Critodemes atribuem aos babilônios observações astronômicas que alcançam o extraordinário intervalo de 490 mil a 720 mil anos! Essas observações relatam cada ciclo de cheia do Rio Eufrates, em consonância com as posições dos planetas e constelações, e contêm o horóscopo de cada criança nascida entre eles. Ora, isso faz recuar um bocado a origem do próprio Homo Sapiens, muitíssimo além do que estão dispostos a admitir nossos antropólogos, para quem a invenção da escrita e a criação de um calendário são praticamente impensáveis além de uns dez mil anos atrás. Os gregos, de quem conhecemos a primeira menção de que a Terra é redonda e gira em torno do Sol - Hiparco, Pitágoras - confessam que seus conhecimentos científicos originais eram um tanto deficientes, e que eram copiados de outros mais completos e mais antigos. Na verdade, os 15 sábios gregos que desejassem ampliar sua cultura tinham de viajar para o Egito. Alexandria foi, durante alguns séculos, a Meca científica da Antigüidade. Heródoto, o próprio Pitágoras e Tales de Mileto foram exemplo disso. A Mitologia Egípcia, que foi, em grande medida, a fonte inspiradora da Mitologia Grega, era extremamente rica e variada. Sua preocupação era codificar em símbolos todo o conhecimento científico, filosófico, religioso e mágico da época. Seus monumentos, templos, estátuas, figuras, pirâmides, túmulos, murais e pinturas são autênticos tratados de Astronomia, Medicina, Matemática, Alquimia e Esoterismo. Basta saber compreender e interpretá-los corretamente, o que, aliás, não é tarefa fácil. A Esfinge de Gizé, por exemplo, é, além de um templo onde se faziam cerimônias de iniciação, uma síntese simbólica dos quatro elementos da natureza, tais como utilizamos no estudo astrológico atual. Sua figura representa os quatro signos fixos do Zodíaco, cada um pertencente a um
  • 14. www.escoladograndeoriente.com.br elemento, ou seja, a Terra, em seu corpo de Touro; o Fogo, em suas patas de Leão; a Água, em suas Asas de Águia - o símbolo do signo de Escorpião, quando sublima suas energias; e finalmente, em seu rosto humano mostra a natureza do elemento Ar - signo de Aquário. É totalmente ignorada a época de sua construção, mas estudiosos avaliaram sua idade em mais de nove mil anos. Há outros pontos bastante intrigantes nessa estranha e gigantesca arquitetura egípcia. A Pirâmide de Kéops, com 149 metros de altura, possui as arestas da base orientadas conforme os Pontos Cardeais, com uma exatidão de centésimo de segundo! Para se ter uma idéia da proeza arquitetônica que isso representa, basta dizer que seriam necessários instrumentos óticos para delinear retas tão perfeitas. Nas obras da atual engenharia, se usa o teodolito - uma pequena luneta por onde se observam à distância os ângulos, retas e perpendiculares dos edifícios ou vias públicas. Ora, algum arqueólogo poderia admitir que os egípcios de seis mil anos atrás construíssem lunetas?! De resto, nossos engenheiros confessam que, apesar das nossas técnicas modernas tão avançadas, somos absolutamente incapazes hoje de construir uma pirâmide igual à de Kéops. O advento de Hermes Se existe uma figura a quem se pode realmente atribuir a paternidade da Astrologia, é certamente Hermes Trismegisto - o Três Vezes Mestre - um ser versado simultaneamente nas artes da Astrologia, da 16 Alquimia e da Magia. São-lhe atribuídas mais de 2 mil obras, traduzidas para o grego, talvez escritas por seus discípulos e seguidores - pertencentes, quem sabe, a toda uma escola sacerdotal. Dentre elas, as mais famosas são a Tábua de Esmeralda - um conjunto de citações de profundo sentido oculto, que somente os alquimistas podem desvendar - e o Caibalion, que contém os Sete Princípios da Natureza e explica em essência toda a lógica em que repousa o conhecimento da Astrologia - além disso, sintetiza em apenas sete leis todos os preceitos que regem nosso universo, sua organização e evolução. Supõe-se que Hermes tenha vivido no Egito no quarto milênio a.C. É muito provável que não tenha sido apenas um homem, mas toda uma ordem iniciática, cujos mestres englobavam uma sabedoria tal, associada a poderes
  • 15. paranormais, que hoje temos dificuldade em compreender. Os egípcios diziam que ele era uma encarnação do deus Mercúrio e o divinizaram com o nome de Thot. Era representado por um homem com cabeça de íbis [Ave sagrada do Egito, de bico longo e recurvo], segurando uma pena de escrever e uma paleta de escriba - a escrita e a eloqüência são até hoje atributos astrológicos do planeta Mercúrio. Toda uma cidade lhe foi dedicada, Hermópolis, onde seu culto era mantido. Foi o inventor da escrita hieroglífica e o escriba dos deuses, "o senhor da sabedoria e da magia". Uma tradição judaica sustenta que Abrão foi seu contemporâneo, tendo mesmo recebido de Hermes uma parte de seu conhecimento místico. De qualquer modo, antigos papiros e estelas [Monumentos feitos de pedra, normalmente em um só bloco, contendo representações pictóricas e inscrições] descrevem Hermes como um deus que transmitiu ao povo do Egito todo o conhecimento sobre o alfabeto, a linguagem, Matemática, agricultura, música, danças, Astrologia, Alquimia e Medicina, além de cumprir a tarefa de mensageiro de Osíris - o deus Sol – como um representante da vontade divina na Terra, e ao mesmo tempo um fundador da própria ordem social entre os mortais. Os gregos "traduziram" Thot para sua própria mitologia, sob o nome Hermes, com o qual é hoje mais conhecido, e conservaram todos os seus atributos. As vezes, o representavam como um protetor da agricultura, segurando um carneirinho no colo, quando então era intimamente associado à Pan, uma divindade da natureza, meio homem, meio bode, cujo simbolismo oculto é um tanto complicado. Essa associação Thot-Pan como protetor e instrutor da humanidade leva à incrível semelhança de um nome 17 bastante familiar a todos os brasileiros, como o grande deus indígena Tupã - igualmente um mestre que ensinou a linguagem, a agricultura, a pesca e a observação da Lua e das estrelas. Como se teria dado a "migração" de Thot para o Brasil? Esse é um mistério digno de reflexão. Um mestre na Babilônia Beroso viveu na Caldéia no século III a.C, já durante o domínio babilônio. Foi um sacerdote do culto de Bel e escreveu, em grego, três livros sobre a história e a cultura da Babilônia. No primeiro, descreve a região da Mesopotâmia e narra o surgimento do deus Oannes, meio homem, meio
  • 16. www.escoladograndeoriente.com.br peixe, que, auxiliado por outras divindades igualmente vindas do mar, trouxe ao povo da Babilônia a civilização e os conhecimentos científicos. Conta também a história da criação do mundo, de acordo com as lendas locais, e inclui um relato da Astrologia e Astronomia da época. O segundo e terceiro livros contêm uma detalhada cronologia da história da Babilônia e da Assíria, começando com os Dez Reis Antes do Dilúvio, depois a história do próprio dilúvio, seguida da restauração da monarquia, com a longa linhagem dos reis após o dilúvio. Textos acadianos escritos nos antigos caracteres cuneiformes, em tabuinhas de barro, confirmam quase tudo que foi narrado por Beroso. Conta-se que Beroso, já velho, foi viver numa ilha grega, Cos, onde fundou a Escola das Ciências Secretas. Vitrúvio, sábio e famoso arquiteto e engenheiro romano do primeiro século antes de nossa era, o descreve como "o primeiro de uma longa lista de astrólogos de gênio que brotaram diretamente das nações caldéias". A sabedoria e habilidade de Beroso como astrólogo impressionaram de tal forma seus contemporâneos que, após sua morte, lhe erigiram uma estátua. Como homenagem à veracidade de suas predições astrológicas, fizeram essa imagem dotada de uma língua de ouro maciço. O mistério de uma civilização perdida A história do deus Oannes é às vezes interpretada de maneira simbólica. Alguns autores suspeitam que os conhecimentos atuais podem ter tido uma origem comum, numa civilização muito adiantada, que se teria desenvolvido num continente hoje submerso nas águas do Oceano Atlântico - a lendária Atlântida. Oannes seria então um representante dessa 18 raça desaparecida no mar - daí a simbólica cauda de peixe. Muitos e sólidos argumentos apóiam essa teoria. Platão, em duas de suas obras, Crítias e Timeu, cita a Atlântida e a descreve com ricos detalhes, sua geografia, seu perfil orográfico - hoje confirmado por fotografias de profundidade do Oceano - sua ordem social, seus deuses e costumes locais. Não só a Astrologia, mas certos dogmas, costumes, linguagem, arquitetura, assim como inúmeros aspectos religiosos e conhecimentos científicos são demasiado parecidos entre si, quando comparamos civilizações tão distantes como a egípcia, a maia-azteca, inca, chinesa, hindu e a de certas tribos
  • 17. indígenas centro e norte-americanas e também africanas. Várias dessas civilizações construíram pirâmides, mumificavam seus mortos ilustres, faziam barcos de igual forma e com idênticos materiais. Os símbolos astrológicos encontrados entre os aztecas são significativamente parecidos com os chineses. Por exemplo, a Lebre, o Macaco, a Serpente e o Cão aparecem em ambos os sistemas sem qualquer alteração. Entretanto, o Tigre, o Crocodilo e o Galo - animais não conhecidos naquele tempo na América - foram substituídos pelo Ocelote - um felino rajado de médio porte - pelo Lagarto e pela Águia, nos quais podemos facilmente reconhecer o parentesco com o sistema chinês. A universalidade dos símbolos, a absoluta semelhança dos sistemas, os nomes dados aos signos e às constelações, a idêntica influência atribuída aos planetas, tudo sugere a existência de um ensinamento único, praticado por todas as civilizações do passado, e que evoluiu, assumindo formas e linguagem adaptadas a cada povo, mas guardando os princípios gerais em sua essência. Flavio Josefo, falando dos judeus, afirma que Adão foi instruído em Astrologia por inspiração divina. Sintomaticamente, a tradição bíblica situa o paraíso terrestre na região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, ou seja, exatamente na Mesopotâmia. Interpretando simbolicamente Adão como representante "das primeiras raças humanas", podemos concluir que a Astrologia foi conhecida por elas desde o início, quase como um patrimônio cultural inato, ou pelo menos adquirido muito cedo. Uma ciência "do outro mundo"? Por outro lado, quem ler atentamente o Livro de Enoch pode levantar uma teoria bem diferente a respeito do mistério das origens da Astrologia. Trata-se de um livro apócrifo, que foi subtraído do conjunto dos textos 19 bíblicos oficiais, nos quais, porém, Enoch é bastante citado como profeta e filho de Caim. Crê-se que foi escrito por volta do século III a.C, sendo, portanto, contemporâneo de Beroso. Em seus versículos numerados, o Livro de Enoch fala de "anjos" ou "filhos do Céu". Estes viram como as mulheres da Terra eram formosas, as desejaram e tiveram filhos com elas. Foi então que surgiram os gigantes. Eram malvados e, após consumirem toda a colheita dos homens, se voltaram contra estes para devorá-los também.
  • 18. www.escoladograndeoriente.com.br Assim começa a desgraça para a raça humana, e também para os "anjos", que, unindo-se às mulheres da Terra, violaram uma severíssima proibição, e por isso passaram a sofrer terríveis castigos. Os "anjos" eram em número de 200, e "desceram" em Aradis, próximo ao Monte Harmon. O livro cita os nomes de 18 de seus chefes. E esses anjos ensinaram às mulheres a Magia, as propriedades das raízes e plantas e também a arte de observar as estrelas, os signos, a Astronomia e os movimentos da Lua. Enoch, no fim da história, desapareceu misteriosamente. Ele não morreu, diz o livro, "mas Deus o levou vivo para o Céu". Bastante estranhos esses "anjos", dotados de paixões tão humanas e de corpos tão sólidos! Não seriam eles seres extraterrenos que pousaram com suas naves no alto da montanha, raptaram Enoch, casaram com as belas mulheres da Terra, geraram monstros genéticos e transmitiram aos homens um pouco da sua ciência, tecnologia e poderes paranormais? 20
  • 20. www.escoladograndeoriente.com.br 22 s iniciados, detentores de um mistério a preservar, sempre se preocuparam em deixar para as gerações futuras uma pista de seu segredo, na intenção de que não se perdesse. Eles deixaram papiros, manuscritos, livros, etc, mas cuidaram de velar sua mensagem utilizando-se de símbolos. É a Linguagem Hermética, usada pela Maçonaria, pelos alquimistas e por todas as ordens iniciáticas. O símbolo é uma imagem que transmite uma idéia. Às vezes utiliza um atributo da coisa que se quer representar, às vezes uma parte essencial dessa
  • 21. coisa. Ora faz uso de um personagem, ora constrói toda uma alegoria ou um mito, no qual se alude à mensagem que se quer transmitir. É por essa razão que surgiram as lendas iniciáticas. São histórias aparentemente despretensiosas, em que animais falam, personagens entram em aliança ou em atrito, produzindo eventos e desenrolando todo um complicado enredo. E o caso das mitologias, que estão na raiz de todas as religiões. O mito que lhes dá apoio é contado como se contivesse fatos reais ocorridos há muito tempo - o que serve de justificativa para as coisas improváveis descritas - e explica a origem de um fenômeno natural, como o fogo, o trovão, a montanha, uma estrela, o nascimento de um herói, um eclipse ou a perda de um dom que antes se possuía. Dessa forma, surgiram os mitos sobre a origem da Terra, da vida ou da raça humana, as catástrofes que afligiram povos antigos, as relações do homem com a natureza e com os deuses - e naturalmente vieram, junto com os mitos iniciáticos, as superstições ou deformações do mito por má compreensão ou falsa interpretação. Tomando um exemplo da Mitologia Grega, podemos estudar a Lenda da Medusa, um mito que 23 pretende ao mesmo tempo preservar segredos astrológicos e alquímicos. Medusa era uma mulher de aspecto muito feio e assustador. Em lugar dos cabelos, tinha cobras que lhe saíam do couro cabeludo. Sua pele era escura e metálica, as unhas tinham formato de garras terríveis, soltava uivos lancinantes e possuía o dom de petrificar à distância qualquer ser que se aproximasse e fosse visto por ela. Morava no alto de uma montanha e ao seu redor havia estátuas humanas em atitudes variadas de ataque: eram os heróis malsucedidos que tinham ousado invadir seus domínios e haviam sido transformados em pedra. Era o terror da região. Certo dia, o rei Polidectes festejava seu aniversário com amigos e heróis quando Perseu, um dos filhos de Zeus, bastante animado pelo vinho que tomara, propôs dar ao rei um presente excêntrico: a cabeça da Medusa. O rei divertiu-se com a idéia de tal presente, mas o aceitou, forçando Perseu a providenciar a entrega. Ao voltar a si de sua bebedeira, e lembrando-se da louca oferta, Perseu entrou em depressão e sentou-se numa pedra para meditar sobre o que faria. Apareceu-lhe então Hermes, o mensageiro dos deuses, que lhe perguntou a razão de tal tristeza. Ciente dos perigos que Perseu passaria numa missão daquelas, Hermes lhe prometeu ajuda. De fato, um pouco mais tarde, retornou trazendo ao herói alguns itens muito especiais para a arriscada tarefa: uma espada para cortar a cabeça do
  • 22. www.escoladograndeoriente.com.br monstro; um saco de couro bem vedado para guardar a cabeça cortada, para que os olhos da Medusa não continuassem a petrificar quem a visse; pequenas asas para colocar nos pés, e tornar o passo mais leve, de modo a não despertar a atenção da Medusa; e finalmente um capacete, que tornaria Perseu invisível. Provido de tais apetrechos, a tarefa do herói ficou muito fácil, e ele se desincumbiu a contento, levando ao rei o presente prometido. Do pescoço cortado do monstro brotam então duas grandes figuras: o gigante Crisaor e o cavalo alado Pégasus. Segundo a lenda, a cabeça da Medusa foi transformada numa constelação e colocada no céu, ao lado da do próprio Perseu. Este é representado nas cartas celestes segurando a cabeça da Medusa, e ao lado o cavalo Pégasus, que se encontra nas vizinhanças, entre as constelações de Áries e de Aquário. Um dos olhos da Medusa, que corresponde à estrela Algol, fica hoje próximo do 26ª do signo zodiacal do Touro. A explicação simbólica da lenda é, do ponto de vista astrológico, a seguinte: no mapa de nascimento de uma pessoa, onde essa estrela Algol estiver colocada como um significador da vida, 24 tal pessoa corre o risco de ser decapitada, tal como foi a Medusa. Era uma forma de preservar esse conhecimento sobre a influência dessa estrela no mapa astral. Já a explicação alquímica é mais complexa: a Medusa representa o mineral bruto, tal como retirado da mina - a nossa Pedra Bruta é de natureza feminina, é escura como a figura mitológica, possui escórias em estrias, que se parecem com cobras, é de caráter metálico e leva o iniciado ao caminho da Pedra Filosofal. Para que não haja dúvidas sobre o caráter alquímico da lenda, surgem dois personagens do corpo mutilado da Medusa: Crisaor e Pégasus. Crisaor, em grego, significa ouro, e nos remete à interpretação de que o final da obra nos levará à possibilidade de fabricar ouro. Em segundo lugar, dá-nos uma dica importante quanto aos cristais sólidos que se produzem após a primeira manipulação ao forno, substância que leva o nome de Azoth e que é considerada a verdadeira matéria-prima da Obra Alquímica - essa primeira manipulação se chama, muito sugestivamente, cortar a cabeça do corvo! Pégasus possui asas, e na Alquimia, asas significam uma substância volátil, que se desvanece no ar. De fato, a segunda substância que nasce da mesma manipulação é um espírito muito volátil, que precisa ficar bem fechado - hermeticamente - num vaso, para que não se desvaneça. Aí vem então a lenda complementar de Belorofonte, outro herói que se encarregará
  • 23. de domar Pégasus, colocando-lhe um firme cabresto e usando-o a partir de então como seu meio de transporte. Essa manipulação primeira, que reúne três substâncias - sal, enxofre e mercúrio - produz, exatamente como na destilação da cana-de-açúcar, de um lado o álcool - o espírito - e de outro o melado - o Azoth - que precisará ser refinado e purificado até que se transforme em açúcar. Do mesmo modo, o Azoth necessitará de posteriores manipulações, até que se purifique e possa ser utilizado no futuro como um poderoso agente. Assim vemos como um mito, ao mesmo tempo em que orienta os iniciados como um roteiro oculto de operações secretas, de uma ciência mais que secreta, esconde dos olhos dos não-iniciados tais segredos, por trás da roupagem inocente dos símbolos. 25
  • 25. 28
  • 26. www.escoladograndeoriente.com.br horóscopo de uma criança começa quando ela emite o primeiro grito e se separa de sua mãe, rompendo o cordão umbilical. O horóscopo de um país, de maneira análoga, nasce quando ele emite o grito de independência e se separa do país que o colonizou ou dominou, cortando os laços que tolhiam sua liberdade. D. Pedro I, de modo bastante significativo, não só lançou um grito de independência, como cortou com a espada, num gesto simbólico, aquele laço que prendia a nação brasileira à terra-mãe, Portugal, dando assim origem ao tema astrológico do nosso país. Segundo narram os historiadores - especialmente Rocha Pombo - esse fato ocorreu às 16h00 de um sábado, dia 07 de setembro de 1822. Os acontecimentos mais marcantes da História nos permitem, através de progressões, trânsitos planetários e grandes conjunções, estabelecer com absoluta segurança o horário exato: 16h08, hora local, em São Paulo. Da mesma forma que o horóscopo de um indivíduo, o mapa astrológico de um país permite delinear o temperamento, o caráter, os gostos peculiares, o modo de pensar de um povo - ainda que, em linhas gerais, descreva apenas um "tipo médio", uma personalidade muito encontradiça entre esse povo. Entretanto, a análise desse mapa mostra, com bastante fidelidade, a imagem que esse povo sugere perante o mundo e perante si mesmo. O mapa do país permite ainda prever as mais fortes tendências do seu destino e as influências predominantes que se fazem sentir quanto ao seu clima, agricultura, finanças, transportes, comunicações, educação, infância, saúde, diplomacia, regime político, legislação, riquezas naturais, acidentes geográficos, tipo de solo, situação da dívida externa 29 e condições do abastecimento de gêneros. Nele está o retrato das nossas virtudes, nosso potencial, nossas deficiências e nossas promessas para o futuro. Ao contrário do horóscopo dos Estados Unidos, estabelecido no momento da assinatura da Declaração da Independência, e provavelmente programado conscientemente pelos vários astrólogos presentes a esse evento - John Adams, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, entre outros - o tema do Brasil nasceu ao sabor das circunstâncias, sob o ímpeto de um imperador jovem e temperamental, e sob a pressão insuportável do domínio estrangeiro. Nascida de "parto natural", a carta astrológica do Brasil reflete o estado efetivo das coisas naquele instante, e mostra a evolução natural da
  • 27. História, desde sua concepção - que é o mapa astral da descoberta oficial e posse solene da Terra, ocorrida em 1º de maio de 1500, de acordo com o Calendário Juliano, às 7h24, hora local, na Baía Cabrália, no Estado da Bahia. Este é o mapa do Brasil-Colônia, com Vênus no ascendente, Lua em Gêmeos, Sol em Touro junto com Saturno, e um magnífico Júpiter em Peixes, quase no zênite. Esse mapa astral promete um futuro brilhante a um povo doce e fraterno, numa terra cheia de belezas naturais e abundância. Era a perfeita descrição do escrivão de bordo, Pero Vaz de Caminha, em sua carta profética ao Rei de Portugal: "Em se plantando, tudo dá". O Mapa da Independência o substituiu a partir de 1822, já com o Sol no signo de Virgem, ascendente em Aquário, Lua em Gêmeos. (Vide Mapas na página 35) A Lua não estava sozinha em Gêmeos nesse dia - ela vinha acompanhada do maior planeta do nosso sistema, nada menos que Júpiter. Assim, Lua e Júpiter transitavam, no dia da nossa Independência, ao 6º do signo de Gêmeos, exatamente sobre o ascendente do Brasil-Colônia, representando mudança, expansão e libertação. De acordo com as leis de herança astrológica do ser humano, a Lua do nascimento se coloca no ascendente do mapa da concepção. Mesmo numa gestação de 322 anos de duração, o arquétipo foi obedecido! Ora, o horóscopo do Brasil-República - 15 de novembro de 1889, às 18h47, hora local no Rio de Janeiro - igualmente coloca o ascendente em Gêmeos! Isso reforça e confirma para além de qualquer dúvida a natureza geminiana desse povo, uma vez que tanto a Lua como o ascendente dizem respeito à natureza e características do povo de um país. Inquieto, curioso, versátil, cheio de manhas, "jeitinhos", inteligente, brincalhão até à molequice, engenhoso, hábil, comunicativo e com múltiplos talentos para o comércio, a literatura, a comédia, o 30 desenho, sem esquecer sua agilidade ao volante e seus naturais dotes oratórios. Segundo o conceituado astrólogo Alan Leo, a combinação de Sol em Virgem - em 07 de setembro - e a Lua em Gêmeos fazem o nato amistoso e hospitaleiro, e o levam a mudar freqüentemente de ocupação, ou a seguir duas ocupações ao mesmo tempo. De fato, é extremamente comum que os brasileiros tenham duas atividades ou dois empregos - às vezes em duas profissões diferentes. Os grandes defeitos dessa combinação tão mercurial são: a leviandade, a superficialidade, a duplicidade, a indisciplina e a irreverência.
  • 28. www.escoladograndeoriente.com.br A Lua em conjunção com Júpiter na 4- casa - a casa do lar, da família, da terra natal, enfim, realça o traço da hospitalidade, generosidade, tolerância e jovialidade, além de propiciar a fértil contribuição do imigrante estrangeiro na agricultura e no desenvolvimento da nossa riqueza potencial, sem falar na formação étnica do nosso povo, múltipla, variada e harmoniosamente assimilada. É sem dúvida essa conjunção que gerou essa fé inquebrantável que o povo deposita em seu destino. Pois não afirmamos sempre que Deus é brasileiro?! Reforçando a natureza intelectual do nosso povo, Mercúrio está em seu signo de domicílio, em conjunção com o Sol, o que traz engenhosidade, gênio prático, inteligência penetrante, capacidade de observação minuciosa, senso crítico. O defeito mais óbvio dessa posição é o apego exagerado a detalhes, a mania de criticar tudo, muitas vezes pelo simples prazer de descobrir imperfeições, e também o talento insuperável que tem o brasileiro de transformar tudo em burocracia: carimbos, assinaturas, papéis copiados em 12 vias, quatro departamentos diferentes cuidando do mesmo assunto, e o dever que todo cidadão tem de carregar consigo, em média, 11 documentos oficiais, destinados a comprovar, nas várias situações, sua inocência, legitimidade, identidade, saúde, propriedade do automóvel, habilitação profissional e de trânsito, e sua quitação com o fisco, o serviço militar, seguro obrigatório, obrigações eleitorais, sem contar outros cinco ou seis referentes à identificação bancária, comprovantes de renda e cartões de crédito, que são opcionais. Colocados ambos, Sol e Mercúrio, na 8ª casa, denotam nosso indisfarçável pendor ocultista. Afinal, somos católicos no domingo e espíritas na sexta-feira. O signo solar de Virgem torna o brasileiro apto para a investigação científica, a pesquisa de laboratório e revela a forte 31 tendência de seguir a carreira médica. Quem não conhece o talento natural que temos todos para dar receitas? E lembremo-nos de que o Brasil tem produzido médicos, cirurgiões, dentistas, higienistas e terapeutas da mais alta qualificação. Mas, chegou o momento de falarmos um pouco desse nosso ascendente em Aquário. E essa posição que faz o brasileiro inventivo, criativo, independente, individualista e ansioso por liberdade. Vem daí sua atração pela mecânica, aviação, circo, futebol - afinal, Aquário rege as pernas! - fotografia, televisão, cinema, aparelhos elétricos, discos voadores e... Astrologia.
  • 29. Já produzimos, graças a esse ascendente, alguns gênios e expoentes que contribuíram de maneira significativa para a arte, cultura, ciência, literatura, invenções magníficas - como o avião, a máquina fotográfica e a máquina de escrever, invenções de brasileiros que outros pretensamente criaram primeiro - e os esportes mundiais. São exemplo disso Santos Dumont, Carlos Gomes, César Lattes, Rui Barbosa e Pelé. Por alguma estranha razão, quase todos só puderam demonstrar seus talentos no estrangeiro. E por outras estranhas razões, muitas das nossas invenções nos foram subtraídas, ou seu valor menosprezado, e sua glória roubada. Foi o caso do avião, por Santos Dumont, que fez sua prova diante de milhares de pessoas, em plena Paris, vencendo o prêmio de Mais Pesado que o Ar, em 23 de outubro de 1906. A invenção foi contestada pelos irmãos Wright, cuja experiência não foi testemunhada por ninguém, a não ser eles mesmos, não foi filmada nem fotografada, e dela só há registro de três curtos - 30 segundos! - saltos no ar de uma geringonça que não voava em absoluto. Foi também o caso da máquina de escrever, inventada pelo padre paraibano Francisco João de Azevedo, e apresentada em 16 de novembro de 1861 na Exposição Industrial e Agrícola da Província de Pernambuco. O padre Azevedo foi até premiado por D.Pedro II por seu invento, mas sua máquina, que se parecia com um piano pequenino, conforme explicava o catálogo, não foi enviada à Exposição Internacional de Londres por falta de espaço no pavilhão brasileiro! A invenção foi mais tarde aproveitada por Remington, que levou a fama do invento. Foi igualmente o caso de Hércules Florence, francês de nascimento, mas radicado muito jovem em Campinas. Acredita-se que ele precedeu Daguerre e Niepce na criação das técnicas que levaram à invenção da fotografia. Temos, pois, material humano de valor inestimável, mas que nunca 32
  • 30. www.escoladograndeoriente.com.br é devidamente reconhecido, ou o é tardiamente. É também o resultado desse ascendente em Aquário a universalidade de interesses, a abertura mental, o espírito de aventura, o pioneirismo e um sensacional e inimitável dom para a improvisação. Dêem ao brasileiro um barbante, um esparadrapo, um grampo, um pouco de cola, e ele faz um trator funcionar ou um trem explodir, conforme a necessidade. E onde estão os regentes desse ascendente? Um deles está na 3a casa desenvolvendo idéias - eu diria "desbravando" idéias, pois é Saturno - duramente, com sérias dificuldades devido às limitações do meio ambiente, falta de estímulo e ausência de recursos, sem falar na pressão exterior - representada pela oposição de Marte, vinda da 9ª casa. Quanto ao outro regente, Urano, está na 11ª casa, em conjunção com Netuno. E a casa das invenções e descobertas - muitas que nos foram roubadas! São projetos inspirados, fantásticos, capazes de alterar profundamente a ordem das coisas - estão em Capricórnio - dentro e fora do país - ambos em sêxtil, com Marte na 9ª casa - mas a O mapa do Brasil Colônia [à esquerda], com Vênus no ascendente, Lua em Gêmeos, Sol e m Touro junto com Saturno, e Júpiter em Peixes. 0 Mapa da Independência [acima à esquerda] o substituiu, já com o Sol no signo de Virgem, ascendente em Aquário, Lua em Gêmeos. Já o horóscopo do Brasil República [acima] coloca o ascendente em Gêmeos. Isso r eforça a natureza geminiana dos brasileiros
  • 31. quadratura com Plutão traz o impedimento de "força maior", o bloqueio 33 intransponível e sem apelação. De onde vem essa quadratura? Da 2ª casa. Falta de dinheiro talvez? A 11ª casa rege também os assuntos do Congresso Nacional, o Legislativo. Temos aí dois planetas em conjunção, Urano e Netuno. São eles os responsáveis pela mistura curiosa de tendências que mostram os partidos políticos: esquerda e direita se mesclam sem qualquer preconceito, e membros de um partido nominalmente de esquerda com facilidade se mudam para outro de caráter direitista, e vice-versa. Os dois planetas estão em quadratura com Plutão na 2ª casa, a casa do dinheiro. Deve ser a razão pela qual tantas vezes surgem escândalos de natureza financeira dentro dos partidos e no Congresso em geral. Mas Plutão garante o "sumiço" permanente das propinas recebidas e das verbas desviadas, mesmo quando o fato é denunciado e provado e os culpados apontados e punidos: o dinheiro roubado nunca mais é encontrado, e muito menos devolvido. Nossa 3a casa - os transportes, correio, comunicações e escolas - tem Saturno em oposição com Marte. Quem sabe, vem daí nosso hábito de fazer greve nesses setores? E, sem dúvida, é essa oposição terrível que fez do Brasil, durante anos, um dos campeões mundiais de desastres de trânsito nas estradas. Ainda guardamos na memória as inúmeras tragédias envolvendo nossa antiga ferrovia Central do Brasil. E nossas universidades? E nossas escolas primárias? É triste o estado de abandono e o "luxo" que nos damos de exilar e expulsar nossos melhores cérebros para trabalhar no exterior. Considero esta oposição o maior desafio do mapa astrológico do Brasil. Dominando a 10a casa, Marte criou no Brasil o costume de levar, com estranha freqüência, os militares ao poder. Em contraposição, nossa grande vantagem, nosso maior potencial, está na 4ª casa - as reservas naturais - riquezas imensas contidas em nosso solo: minerais, energéticas, hídricas, alimentares, fauna, flora, madeiras, numa terra farta de dimensões continentais, livre de flagelos naturais que tanto matam e atormentam a população de outros países, de climas variados e que permite o plantio de infinitas espécies, além de proverbialmente fértil. E por que, sendo tão grande sua reserva, não é o Brasil um país rico? Ou, mudando um pouco a pergunta, para onde vão tantas reservas? O regente da 4ª casa - Vênus - mostra para onde: para a 7ª casa - o estrangeiro.
  • 32. www.escoladograndeoriente.com.br Nosso ouro de Minas Gerais, por exemplo, após um longo périplo por Portugal e França, foi parar na Inglaterra. 34 O reconhecimento da nossa independência custou aos cofres de D. Pedro I a módica quantia de 8 milhões de libras esterlinas! E onde está o dispositor da nossa conjunção Lua-Júpiter? Na 8ª casa - nossas reservas servem para pagar dívidas externas! Mas nem tudo é tão ruim quanto às relações exteriores. Afinal, temos aí na 7ª casa nada menos que a bela Vênus. Nossos diplomatas têm uma formação extraordinária, e o Brasil já produziu notáveis nomes, de prestígio internacional, como Rui Barbosa - a "águia de Haia" - o barão de Rio Branco e Afonso Arinos, chamados à mesa de conversações mundiais. É essa 7ª casa a maior garantia que temos de relações pacíficas com o resto do mundo. Num planeta sacudido por tantas guerras e convulsões terríveis, não é este um consolo valioso? Mas há um outro ponto que se destaca de maneira mais decisiva e marcante e que trata da feliz promessa de um papel importante na construção do mundo do futuro. Trata-se da nossa conjunção Urano-Netuno em Capricórnio, signo de governo e de ordem política. É neste país que se está engendrando a organização política e social que será vivida no Terceiro Milênio. Numa síntese feliz e pioneira, o Brasil juntará a experiência do capitalismo - Urano - e do socialismo - Netuno - criando um regime de natureza mista e eclética, universal e livre, como convém a um ascendente em Aquário. Nosso sistema tupiniquim, depois de alguns erros, tropeços e escorregões, poderá ser exibido no mundo como um modelo curioso de simbiose política, e nossa sociedade mostrará talvez uma estranha fusão de tecnologia ultra-avançada - Urano - com energias mágicas obtidas através de um saber transcendente - Netuno. Essa é talvez a imagem mais próxima daquilo que será a Era de Aquário, na qual o Brasil se fará representar, sem sombra de dúvida, não apenas como o celeiro alimentar e energético do mundo, mas como um exemplo humano de progresso, liberdade e paz.
  • 33. 35
  • 37. "Astra inclinant, non necessitant" (Os astros inclinam, mas não obrigam) enho visto algumas vezes alunos iniciantes de Astrologia tomados por uma vaga dúvida, uma ponta de ceticismo em relação a essa ciência. A dúvida é um aguilhão que impulsiona o autêntico pesquisador em direção ao conhecimento, e, até certo ponto, ela deve ser considerada um sintoma sadio da alma que está em busca da verdade. Entretanto, ao escavar bem fundo essa dúvida, tenho identificado muitas vezes um desejo recôndito de que não existisse a realidade astrológica, para garantir mais amplamente aquilo que convencionamos chamar "livre-arbítrio". Quando o estudante afinal se convence de que não há saída, e os fatos científicos se impõem aos seus olhos com toda a força e evidência da verdade irrecorrível, surge inevitavelmente a indagação: mas, se a Astrologia é um fato, será que nós somos um mísero e indefeso joguete dos astros, e tudo que nos acontece é fruto de ângulos planetários? Seremos bonecos cujas ações, longe de ser o produto de uma vontade própria, são apenas o resultado de uma posição astronômica no espaço naquele instante longínquo em que nascemos? Nosso amor próprio, nosso orgulho humano se revoltam contra tal idéia. Nada mais chocante do que acreditar durante toda uma vida que sempre fizemos o que desejávamos, e descobrir um dia que mãos invisíveis teciam nosso destino e haviam movimentado a cada instante os cordéis da nossa vontade. A crise filosófica em que esse raciocínio necessariamente nos submerge, além de nosso sentimento de angústia e rebelião, se tornam ainda mais profundos quando nos detemos a observar a realidade à nossa volta e descobrimos aquilo que só podemos qualificar de terrível injustiça cósmica: ricos e pobres, nobres e miseráveis, felizes e infelizes, sadios e doentes, puros e sórdidos, perfeitos e mutilados, lutadores e parasitas, coexistindo lado a lado, evidenciando uma 39 outra realidade interna, essa produzida pela visão exclusiva e privilegiada do astrólogo - a dos horóscopos individuais - igualmente cheia de disparidades e contrastes. É claro que idêntica consideração filosófica se impõe àquele que não possui a bagagem do astrólogo. Essa mesma realidade de contrastes
  • 38. www.escoladograndeoriente.com.br 38 nos é apresenta à vista diariamente e não deixa de nos conduzir a uma incômoda dúvida sobre a bondade infinita do nosso criador, na qual desejamos por força acreditar e que nos foi ensinada em quase todas as doutrinas religiosas. Mas a visão do astrólogo mostra algo mais: mostra qualquer coisa que soa a inevitável e a irrevogável. É nesse momento que a crise chega a um impasse: duvidar da Astrologia - e há um ponto em que isso já não é mais possível - ou da justiça divina - e isso significa derrubar um alicerce no qual nosso inconsciente está solidamente ancorado, de uma forma ou de outra. Resta a posição materialista de que não existe Deus e, portanto, não há lugar para considerações sobre "bondade" ou "justiça" divinas. Existem horóscopos individuais "felizes" e "infelizes" e isso encerraria a questão. Não deixa de ser uma posição cômoda como doutrina filosófica, mas obviamente não responde à indagação básica, que é a do determinismo versus livre-arbítrio. Para aqueles que buscam uma explicação transcendente, há a resposta dos espiritualistas: tudo o que somos hoje é produto de nossos próprios atos passados, em vidas anteriores - a Lei do Karma ou da Causa e Efeito. A bondade divina se manifesta nas múltiplas oportunidades que nos confere o universo para redimir nossos erros e aprender com as novas experiências oferecidas em cada encarnação, e assim progredir na senda da verdade, até alcançarmos o Nirvana. Todo sofrimento é justo, pois resulta de uma má ação cometida por nós mesmos. Todo benefício é igualmente justo, uma vez que nos advém de um mérito passado. Nosso horóscopo individual, de acordo com esse raciocínio, nada mais é, portanto, que o "saldo" de nossas ações passadas, e a nossa "conta-corrente" herdada do conjunto das encarnações anteriores. Essa posição espiritualista nos reconcilia com o Criador, e nos permite voltar a crer na sua bondade e justiça - embora ainda possamos indagar por que é que Ele nos deixou um dia incorrer no primeiro erro, o que causou todos os outros e nos prendeu tão irremediavelmente à roda triturante das reencarnações. E a resposta a isso talvez pudesse ser "porque ele nos deu livre-arbítrio para optar entre o bem e o mal e, naquele dia, nós infelizmente optamos pelo mal". Mas, redargüimos, não poderíamos agir mal senão em função de uma potencialidade para o mal! E essa
  • 39. potencialidade para o mal não nos adviria do nosso próprio horóscopo "infeliz"? E se nascemos com tal horóscopo "infeliz", isso não tinha que ser necessariamente a conseqüência de um erro anterior?! Há certamente um sofisma neste raciocínio, na presumida potencialidade para o mal: ela existe não apenas no horóscopo "infeliz", mas também no "feliz". E assim a pergunta se alonga para muito mais além, e teríamos que questionar sobre o porquê da existência do mal em si. Mas isso pertence ao campo da Metafísica, não mais da Astrologia. Ainda que a explicação espiritualista nos deixe em paz novamente com o Criador, ela não resolve, à primeira vista, a questão do livre-arbítrio, de acordo com a visão astrológica. De certa forma, a proposta reencarnacionista nega o livre- arbítrio quando nos leva a concluir que nosso horóscopo é fruto inevitável de nossas ações passadas. Isso seria o mesmo que dizer: uma vez estabelecido o horóscopo de nascimento - "feliz" ou "infeliz" - tudo que nele está prometido, agradável ou desagradável, terá necessariamente que se realizar, para que nossas "dívidas" passadas sejam pagas e os méritos "cobrados" aos que nos deviam - "Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos àqueles que nos ofenderam". Não seria uma forma de pedir a abreviação dessa espécie de "vendetta" cósmica? Por esse raciocínio, no entanto, notamos que a inevitabilidade do nosso destino transcende os limites do horóscopo, que corresponde à nossa atual encarnação, e se estende aos futuros horóscopos que herdaremos. As "dívidas" atuais são pagas, os méritos são "cobrados" e o "saldo" resultante se transfere para a encarnação futura, segundo um horóscopo que lhe corresponde em número e medida, e assim sucessivamente. Mas a resposta reencarnacionista certamente não nega o livre-arbítrio. Pelo contrário, o exalta. Ela nos diz que as circunstâncias da vida - nós traduziremos por "as condições astrológicas do nascimento" - nos colocam diante de certas escolhas, e são essas escolhas que irão determinar a espécie de vida - nós diremos "o horóscopo" - futura que teremos. De fato, a inevitabilidade não está na escolha que fazemos, mas nas condições astrológicas que a puseram diante de nós - e estas sim são fruto de nossos atos passados. A forma de nossa escolha é livre e ditada unicamente pela nossa vontade. E ela que determina as "flutuações" do nosso "saldo" kármico, calcando os pratos da balança para cima ou para baixo. Em suma, movimentamos a nossa conta bancária do "céu", acumulando reservas para as vidas futuras ou dilapidando as já existentes, de acordo com as ações presentes, que são opções livres diante de fatos inevitáveis. Não resta dúvida
  • 41. de que, colocada desta forma, a explicação espiritualista nos satisfaz muito mais amplamente do que qualquer teoria materialista. Ela torna compatível um aparente determinismo com o nosso conceito de justiça e adapta a visão astrológica a parâmetros filosóficos muito mais aceitáveis para o espírito racional. Resta ainda, porém, explicar de que maneira as circunstâncias astrológicas inevitáveis, pois que já estão estabelecidas quando nascemos, se colocam diante de nós para escolha - essa voluntária - e qual seria na verdade o nosso grau de liberdade nessa escolha, dado que esta mesma não poderia estar livre das próprias circunstâncias astrológicas que as produziram. A transmutação astrológica Se, em determinado período da vida estamos sob um influxo cósmico que a Astrologia qualifica como Quadratura de Saturno - o que deve ser traduzido como um período muito difícil, desagradável, duro, cheio de privações e adiamentos, perdas e sofrimentos, pela natureza maléfica do planeta e do ângulo em questão - a tradição nos ensina que uma série de acontecimentos nos aguarda, todos relacionados com a natureza própria do planeta Saturno, além de outras considerações que nos remetem a cada caso individual - tais como a casa onde se localiza o planeta, as casas regidas por ele, etc. Para simplificar, vamos enumerar apenas cinco das conseqüências prováveis dessa quadratura: morte de um parente idoso; fratura de um osso; um mau negócio imobiliário; uma profunda depressão psíquica e debilidade física; ou uma situação de grande isolamento e privação das condições normais de conforto. Certamente, nenhuma dessas opções nos parece atrativa. Por nossa vontade, evitaríamos todas elas. Saturno, porém, exige seu imposto, é preciso satisfazê-lo, pois em Astrologia, não existe "sonegação". Muita gente optará por pagar esse "imposto" no plano físico: uma fratura, uma doença, uma depressão lhe parecerão mais baratas que a perda de um ente querido. Outros preferirão uma perda financeira. Outros pagarão o imposto na íntegra, sofrendo nos cinco itens. Uma questão que depende do grau de evolução individual ou do nível em que se encontra a "dívida" atual em termos kármicos. Está claro que, na imensa maioria dos casos, essa "opção" é absolutamente inconsciente. Há um fluxo de energia proveniente da vontade íntima que sopra na direção dos acontecimentos que o indivíduo mais necessita experimentar, a título de evolução espiritual. Ou sopra na direção
  • 42. www.escoladograndeoriente.com.br que seu superconsciente exige como "cobrança" kármica. São mecanismos complexos que 42 somente os interessados no campo esotérico chegam a estudar. De qualquer forma, existe uma opção possível, e está entre os vários planos de vivência de um aspecto ou posição astrológica - seja no mapa de nascimento, seja nas progressões e trânsitos durante a vida. Como nos ensina Hermes Trismegisto, "existem vários planos de causalidade, porém, nada escapa à lei". Creio que esta frase resume o que se pode dizer de mais importante em matéria de livre-arbítrio. Podemos "jogar" entre os vários planos causais, mas não podemos simplesmente fugir a um aspecto ou influência, qualquer que seja. Quais serão esses "planos de causalidade"? Podemos enumerar cinco deles, os mais comuns em nossa vida terrestre: lº) plano físico; 2°) emocional; 3º) social; 4º) profissional e 5º) simbólico. O plano físico é o preferido da maioria das pessoas. É através da saúde que mais freqüentemente resgatamos nosso karma. No exemplo do aspecto de Saturno, que mencionamos há pouco, é uma fratura, que nos imobiliza numa camada de gesso, ou uma doença prolongada, que nos amarra a um leito de hospital. No plano emocional, é uma depressão, que nos subtrai a alegria de viver, nos afasta dos amigos e da família e nos obriga a passar por tratamentos penosos. Pode ser também uma dor moral, um medo, uma preocupação, uma pesada responsabilidade que nos assusta e rouba nossa paz de espírito. No plano social, a influência se dilui entre pessoas de nosso convívio - a família, os amigos, os colegas de estudo e trabalho. Saturno cria distancia, esfria relacionamentos, separa e chega a destruir vidas ao nosso redor. Pouco poder de decisão nos compete neste plano, já que nele dependemos de terceiros, e, mesmo que façamos nossa parte para evitar as piores conseqüências, nada podemos fazer a respeito da vontade alheia. O plano profissional é, em parte, um desdobramento do social, mas merece algumas considerações especiais. Na nossa atividade profissional cotidiana, vivemos aspectos astrológicos através de clientes, por exemplo. É como uma "transferência" da força do aspecto para outras pessoas. Assim, ao invés de sofrermos nós uma fratura, atendemos um cliente que acaba de ter uma. Ao invés de termos uma perda financeira, recebemos no escritório um cliente que faliu.
  • 43. A vivência neste plano é particularmente reconhecível nas atividades que podemos denominar "sacerdotais", ou seja, naquelas em que se subentende um aconselhamento ou prestação de socorro. É o caso, por exemplo, dos médicos, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais, sacerdotes e astrólogos, é claro. Finalmente, o plano simbólico é o mais sutil. Em nossos sonhos e pesadelos "descarregamos" os medos, 43 angústias, preocupações e desejos reprimidos. Ao sonharmos com uma guerra, por exemplo, vivemos um aspecto negativo de Marte; sonhando com cemitério, campos devastados, desertos e pragas domésticas, "gastamos" um Saturno negativo. E assim por diante. A vivência simbólica é mais freqüente do que pensamos nesta Era Moderna. Após a invenção do cinema e dos jogos computadorizados, abriu- se para nós mais uma opção de "descarga" de aspectos negativos. Assistimos a um filme de guerra e, quanto mais violento, mais o planeta Marte se declara satisfeito; vemos um filme de Kung-Fu, e Plutão - quem sabe também Marte, Saturno, Netuno e Urano, todos juntos! - ficam em paz conosco. Um drama de amor - quanto mais lacrimal, melhor - e aí gastamos a dor que nos produziria Vênus num drama autêntico. Um bom videogame simula com perfeição um combate aéreo - quem sabe lá gastamos o risco de um acidente de verdade! O segredo da vivência simbólica é a transferência do sofrimento físico para um plano intelectual ou emocional, não raro tão ou até mais intenso ainda do que seria o drama físico, só que compactado num pequeno espaço de tempo - o tempo que dura o filme ou o jogo. Se medíssemos as lágrimas derramadas por alguns telespectadores durante um só capítulo de certas novelas, é provável que superem as que dispenderiam numa separação conjugai. Ou se aferíssemos a pulsação e os batimentos cardíacos de um garoto enquanto mede forças com seu videogame, certamente entenderíamos a descarga de energia que isso representa para Urano ou Marte em mau aspecto. Aos artistas, o reino dos símbolos destinou uma válvula especial para cada mau aspecto: pinte para si mesmo um quadro triste, e lá se vai a quadratura de Saturno, transformada nas tintas de uma paisagem melancólica; componha uma marcha militar, e Marte se gratifica com ela; escreva uma poesia nostálgica, e Vênus se delicia; escave na pedra a escultura de um pequeno monstro, e Plutão desejará levá-la para sua coleção particular. Não há mau aspecto de Saturno com Plutão que resista a uma
  • 44. www.escoladograndeoriente.com.br carreira como a de Steven Spielberg, o grande cineasta da atualidade, cujas criações cinematográficas jamais deixam de registrar cenas horripilantes, em que baratas, escorpiões e serpentes disputam espaço com cadáveres em putrefação, alimentos repulsivos, tripas arrancadas à mão e gente esmagada, devorada ou triturada aos pedacinhos. Spielberg - que, não por acaso, possui em seu mapa natal uma conjunção Saturno-Plutão - é uma verdadeira panacéia para descarregar aspectos que tragam desastres terríveis. Consciente ou inconscientemente, este cineasta usa em sua criação tudo aquilo que poderia ocorrer com ele na vida 44
  • 45. 45 diária. Outro exemplo interessante disso está em Van Gogh, outra vítima do mau aspecto Saturno-Plutão, que passou a vida a pintar cenas de miséria humana; ou Victor Hugo, com o mesmo aspecto, que teve uma enorme produção literária, mas cuja obra mais famosa foi exatamente a que retrata as mais tristes cenas da exploração humana: "Os Miseráveis". Percebemos por estes exemplos uma das possibilidades de usar nosso livre-arbítrio: podemos transferir a vivência dos aspectos astrológicos de um plano para outro. Como já dissemos, essa transferência é inconsciente na maioria dos casos. Mas pode tornar-se consciente quando a pessoa conhece Astrologia, identifica ou prevê os aspectos que a afetam e assume a responsabilidade de desviar a força do aspecto para outra direção. Em geral, basta a vontade forte para promover a transferência. Entretanto, é sempre útil empregar um ponto de apoio, como um filme, uma novela, o jogo certo ou a criação artística, pois não deixam de ser formas mágicas de defender-se dos aspectos nefastos. Neste capítulo sobre as vivências simbólicas, cabe ainda citar as do gênero cerimonial, que são em geral aplicadas de forma programada, intencional. É o caso das ordens iniciáticas, como a Maçonaria e a Rosacruz. Em ambas, tal como nas antigas cerimônias do Egito, determinados ritos simulam a morte do candidato à iniciação nos mistérios. Foram criadas com a finalidade de preparar o candidato para o verdadeiro momento da sua morte, mas também para fazê-lo sofrer a morte simbólica para a vida profana, e seu renascer para uma nova vida de iniciado. No Egito - e ainda hoje nas lojas maçônicas mais preocupadas com a perpetuação dos antigos segredos - tais cerimônias desencadeavam enorme força mágica, onde mantras especiais e uma poderosa egrégora se somavam para produzir no profano um formidável impacto. Exatamente a força desse impacto era capaz de "descarregar" as energias negativas de sua existência profana, e, de quebra, resolvia os maus aspectos astrológicos que pudessem abreviar indevidamente o curso de sua vida. Conheci certa vez uma senhora que passava por um período crítico na vida. Sua convivência em família era problemática, tinha conflitos com o marido, a atividade profissional ia mal, tudo estava naufragando. Desejou morrer, porém, não lhe passava pela idéia suicidar-se, fosse por sua formação religiosa, fosse porque tinha filhos menores para criar. Mas, tendo algum conhecimento quanto aos ritos simbólicos, preparou para si mesma um "funeral". Sozinha em casa, e, em absoluto segredo, cercada por quatro velas acesas, deitou-se
  • 46. www.escoladograndeoriente.com.br 46 na cama, cobriu-se com um pano negro e, através de uma prática que lhe era familiar, entrou em "alfa", programando-se para retornar dali a algumas horas. Voltou à vigília consideravelmente aliviada das tensões e muito mais preparada para enfrentar suas dificuldades. A pequena cerimônia serviu-lhe, portanto, às mil maravilhas para descarregar os pesados problemas que vivia. Tão poderoso foi seu singelo ritual solitário, do qual se absteve de falar com qualquer pessoa da família, que, na manhã seguinte, a filha menor, com quem tinha uma ligação mais afetuosa, entrou correndo em seu quarto, tomada de prantos convulsivos, e gritando: "Mamãe, mamãe, eu sonhei que você tinha morrido!". A sua "morte cerimonial" tinha sido gravada tão fortemente na memória astral - ou akasha, como se diz em sânscrito - que sua filha foi capaz de captar a imagem em sonhos. É assim, através de mensagens que impregnam dimensões mais sutis, que se opera a "descarga" dos aspectos que ameaçam a pessoa nos planos mais grosseiros. Os sacerdotes e os grandes iniciados das antigas ordens de magos conheciam o processo pelos quais tais mensagens melhor se gravam na memória da natureza - e do candidato aos mistérios - de forma que a própria aura, assim como os corpos mais sutis da pessoa, ficavam assinalados com a experiência. Assim, poderiam ser reconhecidos por outro mago, ainda que muitas vidas se tivessem passado. Na verdade, a vivência "teatralizada" funciona como se a experiência tivesse ocorrido de fato na vida da pessoa. Pelo menos, para fins astrológicos, o processo é muito eficiente. Citando mais uma vez Hermes Trismegisto, sua primeira lei nos ensina que o todo - ou o universo - é mental. É como dizer que tudo que existe à nossa volta e que nos parece tão sólido, opaco e pesado, não passa de energia pura - apenas um pouco mais condensada. Curiosamente, em uma de suas peças pouco conhecidas, A Tempestade, Shakespeare nos diz algo bem semelhante: "0 mundo é feito da mesma matéria de que se fazem os sonhos". Sendo assim, o universo é como uma imensa máquina de videogame, com cenários virtuais muito aperfeiçoados, e nós não passamos de pequenos personagens igualmente virtuais, que lutam, trabalham, estudam, sofrem, amam, têm filhos, guerreiam e morrem. Da mesma forma que nos nossos sofisticados programas para jogos de vídeo, os personagens lutam, enfrentam obstáculos, tentam salvar sua pele e a da amada princesa, enfrentam adversários impiedosos, e, conforme nossa
  • 47. 47 habilidade em lidar com a máquina, sobrevivem ou morrem. "Ganham-se" vidas adicionais, de acordo com méritos previamente estipulados nas regras do jogo, ou se "perdem", conforme as mesmas regras. No próximo jogo, com uma nova vida, os mesmos personagens voltam a enfrentar outras dificuldades, e assim por diante. No imenso holograma cósmico, somos suas minúsculas partes, cópias idênticas do todo, dotados da mesma inteligência e do mesmo poder - embora pouco conscientes disso. Michael Talbot, no livro O Universo em Forma de Holograma já prenunciava a descoberta científica moderna dessa visão de Hermes. Estaremos, em nossos inocentes joguinhos para adolescentes, tentando imitar o holograma cósmico? Se o universo é um grande cenário virtual, guiado por forças intangíveis, e manipulado segundo regras previamente traçadas - regras secretas que os astrólogos descobriram como funcionam, e que, tais como Cassandra, proclamam aos quatro ventos, mas quase nunca são ouvidos - é possível entender por que se pode transferir de um plano para outro as influências do nosso horóscopo. Faz parte desse grande jogo "ganhar vidas" ou vantagens - se cumprirmos rigorosamente certas condições - como faz também parte perdê-las e sofrer castigos, no caso de infringirmos as normas prescritas. Ou seja, prolongamos nossa vida terrestre e angariamos algum tipo de prêmio sempre que obedecermos regras específicas. Abreviamo-la e sofremos derrotas quando deixamos de segui-las. De alguma forma, coube sempre aos sacerdotes de todas as eras enunciar tais regras, sendo que o prêmio se colocava sempre para além da morte. Daí o papel das religiões - elos feitos para "religar" o homem às suas origens e aos segredos do universo. Como vimos, as escolas iniciáticas da vertente hermética foram bem mais longe do que isso, ensinando aos seus discípulos a verdadeira natureza do Grande Jogo Cósmico. Uma conclusão se impõe sobre tudo isso: o livre-arbítrio é tanto maior quanto mais alto o grau de consciência do indivíduo em relação a esse Jogo Cósmico. A Astrologia, regida por Urano, o primeiro dos planetas não visíveis a olho nu em nosso Sistema Solar, é também a primeira das chaves para ã descoberta das leis do universo. Aquele que estudá-la e aplicá-la em prol de seu autoconhecimento e nas previsões de seu próprio futuro, conseguirá superar inúmeros obstáculos, que a outros parecerão impossíveis,
  • 48. www.escoladograndeoriente.com.br 48 e saberá como viver, em esferas muito mais refinadas, os aspectos de dor e sofrimento por que teria de passar normalmente. Ao iniciado, outras chaves mais secretas se apresentarão como recursos extraordinários para transcender a dimensão grosseira dos mundos material e emocional: a segunda chave é a Kryia-Yoga, regida por Netuno - segundo
  • 49. planeta não visível - e a terceira é a Alquimia, governada por Plutão - o terceiro planeta não visível. As três chaves são dadas aos mortais como instrumentos para superar o karma, reduzindo o número de reencarnações obrigatórias. No Jogo Cósmico, são "prêmios extra" conquistados através de méritos muito especiais, méritos que se adquirem levando uma vida austera, renunciando a prazeres frívolos e dedicando-se ao serviço do próximo e da humanidade. Tais são, em síntese, as regras desse jogo. Entretanto, mesmo conhecedor de vários destes recursos, há momentos em que o domínio de nosso destino fica realmente ameaçado. É quando os acontecimentos estão nas mãos de terceiros - estes sem qualquer acesso ao conhecimento das regras do jogo. No exemplo anterior, a influência de Saturno poderia, entre outras conseqüências, trazer a doença e até a morte de uma pessoa querida - geralmente idosa - como o pai ou a mãe. Mas, como persuadir certos velhinhos obstinados de que já passaram da idade de subir em telhados para limpar as calhas? Como convencê-los de que precisam tomar os remédios nas horas certas, mesmo quando já se sentem curados? E assim, alguns de nossos aspectos nefastos são vividos de maneira bem desagradável, sem que tenhamos tempo de intervir. Estes fatos servem para nos mostrar que está razoavelmente em nosso poder modificar o karma pessoal, mas que o de outrem geralmente foge à nossa competência. Há poucos exemplos de que alguém conseguiu alterar o destino de outra pessoa. É o caso de mães que salvam a vida de um filho - seja por um gesto heróico, seja pelo poder de orações - ou de amantes apaixonados, quando o heroísmo e a abnegação igualmente entram em cena. Nestes casos, de imediato se percebe a intervenção de três fatores, todos dotados de um incrível poder mágico e transformador: o amor, o sacrifício e a fé. Não é raro que, para salvar o filho, se dê em troca a vida da mãe - o mesmo ocorrendo entre os amantes. Assim é a norma do jogo: você pode salvar outra vida, contanto que entregue a sua. Às vezes, a simples disposição de dar a vida em troca de outra é suficiente para resgatá-la. Em ambas as possibilidades, o amor foi o preço inestimável pago para se obter o prêmio da outra vida. Aprendemos aqui uma regra de ouro do Grande Jogo: o amor - não o amor passional ou possessivo, mas o amor-doação, o amor capaz do sacrifício maior - é uma das formas de redenção, quiçás a mais poderosa de todas. A fé é outra força redentora, mas, como diz São Paulo, nada vale se não houver amor. Falemos um pouco sobre o livre-arbítrio quando se trata do mapa astral de um criminoso ou de um viciado. Há mapas simplesmente "terríveis", dos quais um astrólogo deduzirá com facilidade acontecimentos trágicos e
  • 50. www.escoladograndeoriente.com.br 48 alta cota de dor e sofrimento. Diríamos talvez que tais indivíduos, com tendências notáveis para o vício ou o crime, tiveram pouca chance de evitar seu triste destino, pelo mapa astral que lhes coube. Mas, o mesmo mapa astral, violento e terrível, pode ser encontrado em indivíduos cuja vida foi inteiramente dedicada ao benefício da humanidade, e que deixaram uma obra magnífica para a posteridade. No entanto, eles encontraram um destino trágico, com perseguições, prisão, tortura, mutilação, perda de tudo e de todos que lhes foram caros, e finalmente morreram nas piores circunstâncias. Citemos o caso de Giordano Bruno, o grande iniciado do século XV, que, após permanecer preso por sete anos, sofrendo as mais terríveis torturas, morreu na fogueira da Inquisição; de Ludwik Zamenhof, o criador do esperanto, cuja família foi assassinada e os bens confiscados pelos nazistas; de Jan Amós Comenius, um dos mais admiráveis educadores de todos os tempos, cuja família também foi assassinada, a casa e a preciosa biblioteca foram queimadas, e que morreu no exílio; o célebre sábio e alquimista Sendivogius, preso e torturado até a morte; ou William Wallace, o herói libertador da Escócia, cuja vida foi objeto de um filme recente, Coração Valente - perseguido, traído, a esposa assassinada, e, por fim, barbaramente torturado e decapitado; ou Mahatma Gandhi, iniciado, sábio e libertador da Índia, um dos maiores homens da Terra, preso a maior parte de sua vida, perseguido e brutalmente assassinado. Seus mapas astrológicos certamente mostram o destino trágico que tiveram. Mas suas vidas foram limpas, suas obras, beneméritas e suas almas, abnegadas. Ao nascer, o homem recebe uma pequena coleção de instrumentos de trabalho: um recebe uma machadinha, uma régua, uma pá. Outro ganha um martelo, um lápis, uma faca. O primeiro vai usar a machadinha para cortar lenha, a régua para desenhos arquitetônicos, a pá para plantar árvores. 0 segundo vai usar o martelo para arrombar janelas alheias, o lápis para contar o dinheiro que roubou, a faca para matar. Antes de nascer escolhemos os instrumentos de trabalho com os quais viremos ao mundo. Esta é a parte que não poderemos mudar. Durante a vida, porém, recebemos a liberdade de optar pelo uso que faremos desses instrumentos. É neste setor que mais podemos exercitar o livre-arbítrio. Inclusive, eventualmente, por nosso mérito, aplicação e inteligência, talvez consigamos criar nós mesmos alguns novos instrumentos, ou aperfeiçoar os que já temos. Podemos ainda melhorar o uso daqueles que recebemos sem um "manual de instruções".
  • 51. 49 Resta abordar a interessante questão do livre-arbítrio a nível coletivo. Conta-se que um grande astrólogo persa previu um terremoto em sua cidade. Deu-se o trabalho de avisar a todos no lugar que haveria um imenso desastre, e que muitos morreriam se não abandonassem suas casas. Os habitantes apenas riram dele, ninguém saiu de casa. Fiel aos seus prenúncios, o astrólogo foi à praça da cidade, aguardar o terremoto. Já tarde da noite, começou a nevar e a fazer um frio intenso. Temeroso de morrer ali mesmo, de frio, ele acabou por recolher-se de volta à sua casa, onde um fogo acolhedor o esperava. Sua previsão se cumpriu: veio o terremoto, a cidade foi bastante destruída, muitos morreram, incluindo o nosso pobre astrólogo. É muito raro que alguém dê ouvidos às profecias dos astrólogos, mesmo quando são acertadas. Nosso astrólogo persa não foi o único a prever corretamente os terremotos. Outro, mais moderno, Alfred Pearce, previu com exatidão de dia, diversos tremores nos Estados Unidos, publicando suas previsões num almanaque popular. Ninguém lhe deu crédito a ponto de deixar a cidade, exatamente como ocorreu com o colega persa. Felizmente, não houve danos terríveis, e com certeza os habitantes acharam boa a decisão de ficar em casa. Se já é bastante difícil para um indivíduo mudar seu destino através de algum trabalho ou sacrifício, pode-se imaginar como será mudar o de uma cidade ou nação inteira. Seria preciso mobilizar a opinião pública numa direção que talvez seja completamente contrária às suas tendências naturais. E, mais provavelmente, acharão demasiado incômodo mudar seus hábitos para seguir um "profeta" qualquer, ainda que já muitas vezes ele tenha mostrado ser eficiente. Já houve tempo em que os governantes se deixavam assessorar por astrólogos - ou eram eles mesmos versados nesta ciência, e o próprio povo conhecia dela o suficiente. O povo seguia as orientações e as mais sérias decisões eram tomadas sob a égide da Astrologia. Mas a tendência atual é deixar acontecer. Há duas formas pelas quais se pode abrandar, senão resguardar-se de todo da influência nefasta de certos aspectos. Ambas nos remetem para o terreno da Alquimia. Uma delas é a confecção de talismãs astrológicos, baseados no trânsito de um planeta benéfico, como Júpiter ou Vênus, sobre o mapa astral de um determinado indivíduo, num momento cósmico especialmente calculado. Serão válidas somente para aquele indivíduo em questão, e para mais ninguém, e poderão servir como um autêntico pára-raio em relação a aspectos nefastos do mapa natal, ou de passagens transitórias da pessoa durante um período da vida. Poucas pessoas são capazes de calcular corretamente tais
  • 52. www.escoladograndeoriente.com.br 50 talismãs, e muitos charlatães, atribuindo-se "poderes mágicos" comercializam medalhas protetoras - um mercado fácil para vítimas ingênuas. Mas sabemos como a medalha autêntica pode realmente defender a pessoa contra um mau aspecto. Produzida em metal apropriado, emana sutilmente uma influência inspiradora. A outra forma de defesa requer um grande esforço pessoal e muita sabedoria. Representa a verdadeira saída transcendental para aqueles que não aceitam as formas grosseiras de "pagamento" dos impostos dos astros. Somos unânimes em considerar pouco criativos, e nada construtivos, os tributos que Saturno nos oferece à escolha. Afinal, qual a utilidade prática de uma fratura? Ou da perda de um imóvel? De uma dor de dente? A influência astrológica está aí, essa não podemos evitar, como não podemos impedir que chova. Mas, não seria possível evitar de nos molharmos? Haveria um meio de proteger-nos da influência de Saturno, qualquer coisa parecida com um guarda-chuva antiplanetário? Conta-se que Hitler chegou a construir um abrigo subterrâneo, coberto com uma placa metálica muito espessa - não para protegê-lo das bombas, mas para servir como anteparo contra influências astrológicas nefastas. Talvez ele tivesse tido alguma indicação sobre as medalhas que mencionamos. Certamente, ninguém poderia defender-se de modo tão tosco e simplista. Influxos astrológicos são de natureza sutil e precisam ser tratadas com outro gênero de providências. Esse guarda-chuva antiplanetário efetivamente existe. Apenas requer que cada um de nós o construa com seu próprio esforço, sua energia, prudência, sabedoria, discernimento e paciência. É exatamente nesse momento que a capacidade individual de transmutação entra em cena. Que coisas positivas, boas, construtivas e agradáveis são governadas pelo mesmo Saturno? Citemos algumas: o trabalho profundo da mente, a pesquisa séria de uma teoria filosófica, a ciência, as lides agrícolas, o esforço digno e paciente para descobrir as origens de um mistério qualquer da natureza, o autoconhecimento, o cultivo da força de vontade, a construção lenta e minuciosa de um plano de futuro, de uma idéia, de um sonho que alimentamos há muito tempo. Uma obra perene, ou a reconstrução de algo que no passado foi destruído pela nossa imprudência ou ignorância. A realização de uma tarefa que noutra época nos pareceu pouco compensadora, ou demasiado difícil, ou tediosa, mas que sabemos necessária e adiada. Ou colocar na devida ordem
  • 53. coisas velhas, abandonadas, esquecidas e desorganizadas, que há anos atiramos no sótão e cujo peso um dia fará o teto desabar. São opções 51 sadias e benéficas que Saturno nos propõe, por que não aceitá-las? Acaso darão mais trabalho que um osso quebrado ou uma crise suicida? Talvez assim pareça, para alguns, à primeira vista, mas aqueles que aceitarem o desafio e assumirem voluntária e prazerosamente esse lado positivo, poderão saborear, como um delicioso manjar, o gosto de uma vitória íntima, uma batalha ganha sobre nós mesmos - e sobre as poderosas forças vindas do espaço -; e sentirão como a pesada nuvem de Saturno, com seu imposto inexorável, se desvanecerá por si, deixando apenas um rastro de satisfação, uma consciência de poder e de saber que faz o homem crescer internamente e sentir-se mais perfeito, mais sábio e mais próximo do Criador. Ao fim da quadratura avaliamos o seu saldo, e, com surpresa, descobrimos que criamos qualquer coisa de maravilhoso, que deixamos uma semeadura fértil, cujos frutos colheremos por muitos anos; que gerações seguidas nos recordarão com gratidão por uma obra admirável que legamos, e que um tempo de resignação e esforço dedicado levantou todo um edifício sólido, durável e belo, que nos abrigará da intempérie e mostrará seu valor e utilidade futura. Enfim, diremos que a tarefa não foi assim tão penosa, e, além de tudo, nos deixou mais ricos de alguma forma. Tal como Tom Sawyer, o famoso personagem de Mark Twain, aprenderemos que caiar um muro não era afinal uma punição, e nem sequer um trabalho, mas uma atividade simples, onde a alma sem preconceito poderia encontrar alegria e até mesmo certo encanto. É assim, apenas com uma nova disposição de espírito, que o chumbo de Saturno se transforma no ouro solar. Como nos ensina o velho Hermes: "A verdadeira transmutação é uma arte mental".
  • 55. 54 o princípio era o verbo... e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus". Esse texto da Gênese bíblica nos sugere nitidamente que, se havia algo antes da Criação, era o som, e esse som era do próprio Criador. No antigo texto hebraico Bereshit bara elohim (No princípio criaram os deuses), bara significa falar e também criar, ou criar pela palavra. Num texto ainda mais antigo, inscrito nas Pirâmides da 5ª e 6ª dinastias egípcias - 2500 a.C. - se lê: "Não havia céu, nem terra, nem homens. Os deuses não haviam nascido e ainda não havia mortos. Os germes de todo ser e de todas as coisas se encontravam em estado latente, confundidos no abismo de Num [O Caos]. Nele flutuava, Tem espírito divino indefinido, que levava em si o conjunto das existências futuras. Carecia de consistência, de estabilidade e deforma. Por fim, desejou criar e empregou a voz para expressar seus desejos. Assim apareceu Ra [O Sol] e a luz foi feita". Neste extraordinário conceito de Cosmogonia, herdeiro, sem dúvida, de uma sabedoria ainda mais antiga, proveniente das civilizações atlantes e lemurianas - o Som aparece igualmente como o autor de todas as coisas e origem de tudo quanto existe no mundo físico, a fonte de onde emanaram todas as formas do universo visível. Curiosamente, Ra, que sempre aprendemos significar Sol nas religiões egípcias, tem por significado
  • 56. www.escoladograndeoriente.com.br etimológico o verbo fazer. Não é difícil extrair daí a palavra latina Re, que quer dizer coisa. Res-Publica = Coisa Pública. Do seu conceito solar, Ra trouxe para as línguas modernas a equivalência da palavra Rei; em latim, Rex. No sânscrito, Ry ou Ray quer dizer Rei, ou Reinar. Não tem outro significado o Ri final da palavra Oshiri - que deu o nome Osíris. O O-shi quer dizer "o nome de Deus". Assim, o significado completo de Osíris fica como: o nome de Deus, Rei. 55 A verificação de que tais nomes - especialmente aqueles que possuem significado teogônico - sempre mostram entre si uma semelhança incrível, iguais prefixos, iguais raízes, está a sugerir gritantemente que houve no passado um único tronco lingüístico comum a toda a humanidade, da mesma forma que houve obviamente um único tronco genético de todas as raças humanas. Se somos todos descendentes das velhas raças atlantes, e antes delas, dos lemurianos, hiperbóreos e chayas, como nos ensinam as tradições esotéricas, nada mais compreensível que admitir que essas raças-matrizes possuíam um idioma-mãe, do qual todas as línguas atuais são descendentes, com maior ou menor grau de alteração ou adulteração. Ora, é sabido por todos os etimologistas e estudiosos de línguas arcaicas, que, quanto mais antiga a fonte escrita de um povo, mais ela se assemelha à fonte de outro povo, igualmente antigo. Assim, é mais fácil encontrar similitudes entre os textos vedas e os do Egito antigo, do que entre o moderno árabe e o atual idioma hindi. E onde procurar as raízes desse idioma-mãe de toda a humanidade? Poder-se-ia reconstituir essa língua original através daquilo que se conhece das línguas arcaicas, cujos testemunhos sobreviveram até nós em forma de monumentos de pedra, blocos de barro, rolinhos de papiro, tabuinhas, chapas de metal, estátuas, vasos de cerâmica, tótens, restos de muralhas, colunas rachadas, tecidos pintados e gravações nas rochas de cavernas? Os estudiosos assim afirmam. E mais que isso, se basearam em algo que os cientistas acadêmicos olham em geral com absoluto ceticismo: tradições orais, transmitidas durante vários milênios, através das gerações. Mas, basta um bom observador para captar as semelhanças que existem entre idiomas falados por raças geograficamente muito distantes e etnicamente muito diferentes entre si. Falaremos mais adiante de alguns exemplos que mostram raízes gregas e sânscritas no tupi, uma das principais línguas faladas pelos índios do Brasil.
  • 57. Mas antes vamos tentar descobrir qual é essa língua original da Terra e como ela era falada. As fontes devem ser procuradas nos chamados idiomas mântricos - aqueles cujos sons são geradores de imagens - e isso nos remete aos símbolos gráficos mais antigos conhecidos pela humanidade. Trata-se dos alfabetos primitivos, ideogramáticos, e dentre eles se destacam - pela semelhança entre si, pelo número total de símbolos usados e pela peculiaridade de serem atribuídos a eles valores numéricos
  • 58. www.escoladograndeoriente.com.br 56 Numa síntese magnífica, a equivalência dos alfabetos antigos e modernos, signos zodiacais, planetas e notas musicais
  • 59. 57 e tonais, além dos simples valores fonéticos, que qualquer idioma utiliza - os seguintes: o hebraico, o hieroglífico, a escrita hierática, o fenício arcaico e o vattan. Todos eles possuem 22 caracteres, e sua representação gráfica identifica todos entre si por uma semelhança impressionante. Conclusões muitíssimo interessantes podem ser acrescentadas se incluirmos nessa lista os caracteres do grego arcaico, que, entretanto, utilizava um alfabeto de 26 símbolos, fugindo assim de uma regra clássica que, como vamos ver, empresta um significado cósmico ligado às próprias origens do universo, ao poder criador do verbo - ou da palavra - e à força mágica dos sons quando pronunciados da forma adequada. Veremos que, não só por direitos de antigüidade, mas pelo valor cabalístico - vale dizer zodiacal - é mais conveniente estudar os caracteres do sânscrito e principalmente do vattan. Os símbolos do vattan, segundo os Vedas - escrituras sagradas dos brâmanes - se prestam de maneira admirável a correspondências numéricas, produzindo combinações que revelam, por variados somatórios, semelhanças e resultados gráficos, sonoros, musicais, morfológicos, astrológicos, vibratórios, Cromáticos, arquitetônicos, matemáticos, etc, que lançam uma luz inesperada no sentido etimológico de palavras de igual significado em idiomas bem diferentes. Trata-se de um alfabeto esquemático, formado por quatro símbolos básicos, que se compõem ou se desdobram para formar sons e palavras cujo sentido deve ser somado, da mesma forma como se faz com seus valores numéricos. Os símbolos básicos são: o ponto, a linha, o círculo e o triângulo. O idioma vivo, tal como era falado, é o sânscrito, a língua sagrada em que estão escritos os textos vedas. O som A era um traço. 0 som N era o círculo, ou semicírculo. O som M era o ponto. O som P era o triângulo. As demais letras são combinações estilizadas dos quatro símbolos básicos. As equivalências fonéticas do vattan, sânscrito e línguas latinas são as que se seguem, associadas à respectiva correspondência numérica, zodiacal- planetária e musical. Três letras não possuem equivalência zodiacal- planetária. São chamadas as Três Letras Constitucionais, algo como os Três Símbolos Primordiais da Criação: A, cujo símbolo é um traço, vertical, horizontal ou inclinado; equivale ao Alef hebraico, Alfa grego, início de quase todo alfabeto fonético. No Tarô, corresponde ao Mago, o Homem Perfeito, a Unidade, o princípio dos Atos, a vontade divina;
  • 60. www.escoladograndeoriente.com.br 58 Os símbolos das letras dos alfabetos, assim como os números, reproduzem a imagem dos signos zodiacais e planetas, e emanam a vibração musical correspondente S, cujo símbolo é dois pontos, 15ª letra do alfabeto vattan; no Tarô, corresponde ao Diabo, cuja carta é representada por dois jovens, homem e mulher (os dois pontos) unidos por um laço que une a cintura da mulher ao pescoço do homem. Símbolo inequívoco dos laços da matéria que prendem o homem à Terra e controlam seu destino. Finalmente, Th, cujo símbolo é uma serpente em S; última letra do alfabeto vattan, encerra o ciclo cósmico na figura do mundo; No Tarô, onde aparece uma jovem no centro de uma serpente em elipse, e nos quatro cantos as figuras básicas da Esfinge: o Homem, o Leão, a Águia e o Touro. Representa o mais alto grau de iniciação e mostra um poder tal que não possui outros limites senão os da inteligência e sabedoria. Mostra também o poder do homem sobre os quatro elementos da natureza, fogo (Leão), Água (Escorpião-Águia), Terra (Touro) e Ar ( Aquário), que constituem o mundo físico e astral. Assim, vemos que as três letras constitutivas correspondem à inteligência primordial, cuja energia gerou o mundo através de um poder mágico - o poder do som.
  • 61. 59 As doze letras involutivas, que correspondem aos doze signos do Zodíaco, mostram um poder latente, de natureza passiva, cuja força é despertada pelas sete letras evolutivas, que possuem energia vibratória própria, movimento e poder intrínseco. A combinação das vibrações zodiacais e planetárias - mais as energias das letras constitutivas - produz vocábulos cujo significado deve ser abordado à luz do conhecimento hermético. Assim, por exemplo, a palavra Kabala, sobre a qual alguns rios de tinta já foram gastos em livros pobres em valor iniciático, mas cheios de armadilhas e labirintos - significa, em sânscrito: KA tem equivalência numérica = 20. É Marte, a masculinidade. BA = 2, a Lua, feminilidade. LA = o poder, potência verbal, dom recebido. Resultado: KA + BA = LA, ou seja, o dom, o poder dos 22 símbolos ou letras - ou o poder criador da união do homem com a mulher. Outros resultados impressionantes podem ser obtidos, produzindo nomes próprios e palavras com significado básico em sânscrito - herdeira do vattan - e correlações em outros idiomas. Exemplo: pensemos na figura e no nome de Jesus, em hebreu Isho, ou Ipho. Jesus nasce de uma Virgem, portanto, coloquemos o início no respectivo signo. Seu valor fonético, efetivamente, é o I. Seguindo a ordem do triângulo da Terra, obtemos os símbolos subseqüentes, F em Capricórnio e O em Touro. Ipho, o verbo de Deus, em sânscrito = Isho, que no vattan pode ser lido da direita para a esquerda, indiferentemente; invertido, Oshi produz o nome da divindade egípcia Oshi-Ri, onde Ri = Ra, rei, como vimos no início. Portanto, Osíris é Jesus, com idêntico significado de divindade solar. Vejamos agora a segunda figura do Cristianismo, Maria. Nada mais correto que procurar uma figura feminina nos signos da água. Ora, água, em vattan, é Ma, que possui também o significado de mar, tempo, luz refletida, e também morte. Vida e morte, só pode ser Escorpião! Com efeito, Ma, seguido das demais letras zodiacais da triplicidade da água, vai resultar em Ma-ra (ou Re, Ri) - He (ou Ha) = Ma-Ri-Ha. Ainda dentro das equivalências numéricas, Ma tem valor 40 e quer dizer água, princípio da vida. Daí, derivam os vocábulos Mãe, Mar; na sua inversão Am - com significado de "sair de dentro" - produziu amar, amor. Água, em todos os dialetos originados do vattan e emigrados para as várias partes do mundo - incluindo as Américas - é ATL - donde vieram Atlas, Atlântico, Atlântida. A divindade azteca Quetzal-coatl quer dizer "que veio
  • 62. www.escoladograndeoriente.com.br 60 do mar". E que soma nos dá ATL? A = 1;T = 9; L = 30, portanto ATL = 40: exatamente como Ma = 40. Outro exemplo é o som vocal mântrico Om, o som da criação dos mundos. É gerado a partir da letra zodiacal correspondente a Touro (= O) e parte para sua polaridade oposta, Escorpião, que é M. A pronúncia vocal da letra O cria no oscilógrafo a figura de um círculo - um dos símbolos básicos do Pronunciando longamente o som Om, alfabeto vattan. Já o som Om produz a projeta-se no espaço uma imagem mandala constituída de múltiplos semelhante a esta mandala triângulos em perspectiva. As catedrais góticas foram construídas segundo determinadas notas musicais. Assim, há uma catedral na nota Sol, outra na nota Fá, etc. Os antigos construtores conheciam o segredo da edificação de templos e monumentos conforme os cânones da Geometria Sagrada. Formas, medidas e orientação dada por posições astronômicas especialmente escolhidas eram capazes de gerar harmonia sonora e figuras projetadas em dimensões sutis. Tudo com a intenção de produzir estados devocionais ou contemplativos de consciência. Um experimento muito interessante e fácil de reproduzir pode mostrar o poderoso efeito dos sons sobre os seres vivos. Colocam-se duas plantas trepadeiras em idênticas condições de iluminação, umidade, etc, em ambientes separados; junto a cada uma delas, um alto-falante. Para uma das plantas, toca-se música orquestral muito suave; para a outra, ritmos modernos, barulhentos, com batuques alucinantes. A primeira planta cresce na direção do alto-falante, chegando a abraçá-lo por inteiro. Permanece viva e saudável. A segunda cresce na direção oposta, tentando fugir dele. Pouco tempo depois, começa a secar e finalmente morre. Por aí se pode deduzir o efeito que produz nos seres humanos o ruído urbano e o som das bandas jovens no mundo atual! As línguas-matriz - os primeiros idiomas falados pela humanidade - eram monossilábicas, constituídas de vocábulos simples, reduzidos a símbolos fonéticos. A combinação de dois símbolos básicos produzia uma palavra
  • 63. 61 de significado igualmente combinado. Assim, "A" expressa, tanto em grego como em sânscrito, unidade e universalidade. Unida à letra solar Na produz Ana, que expressa a marcha solar de um solstício a outro. Va (ou Ua) = soprar como o vento. Ha = chamada, vocação, força atrativa. Va -Ha = veículo, tudo que leva, carrega. Daí vem Wog (no escandinavo), Weg (alemão), Way (inglês), Vehia (etrusco), Via (latim) = Caminho. Vi = Olho. Ba = base, vaso, receptáculo Vi-Ba — luz, resplendor. E Vid significa Conhecer, conhecimento divino. Veda vem dessa raiz. Em latim, deu Videre = Ver. Na língua tupi - também monossilábica aglutinante - se encontram alguns exemplos muito interessantes. Pó = Mão; poã = dedo da mão. E poã- guassu = dedo grande da mão, ou o polegar (guassu quer dizer grande). Y = água, rio, líquido. Sá ou Essa = olho. Essa-y — lágrima. Py (ou pé) = interior, centro, parte de dentro, (também quer dizer soprar, tocar instrumento de sopro). Ara = nascer, dia, sol, luz, mundo, tempo, entendimento, juízo. Py-Ara = saber bem, conhecer a fundo. Mo — tender, mover. A = eu. Py = dentro, por dentro. Ra = verdade. Mo - A - Py - Ra = concluir, chegar a uma explicação. Eis aqui algumas equivalências no tupi que são pelo menos muito intrigantes: Pyri quer dizer perto de, junto de. Peri, em grego, quer dizer exatamente a mesma coisa: perto, junto, próximo, (peri-hélio quer dizer perto do Sol). Outra: Pá (ou Pã) = tudo, todos, todas. Compare com o grego PAN = todo, tudo. A = eu (a unidade, a letra inicial, o começo de tudo) Pois A significa, em tupi, fruta, grão, semente, redondo e, em palavras compostas, quer dizer cabeça! Aba quer dizer homem, pessoa. Uba (ou Tuba) = Pai e também ova de peixe. Em árabe, AB quer dizer Pai. BA = base, vaso, sentido de origem, início. Outra curiosa composição de monossílabos: Sy = Mãe; Ja = semelhante, do mesmo tamanho; Jassy = Lua, semelhante à mãe; Tá = nascer, nascido; Jassy - tata = estrela (ou nascido da Lua); Bebé = voar; Jassy - tatá - bebé = estrela cadente; Itá = pedra. Juba = amarelo. Ita - Juba = ouro! Upiá = ovo. Upia -juba = gema de ovo. Ca tem sentido de cair, quebrar, ferir, cortar, bater, agredir. Caia quer dizer pegar fogo. Não é curioso que Ka seja a letra que corresponde a Marte no vattan? Vamos agora ver de que maneira os sons produzem vibrações, e com elas, formas. A emissão do som da nota Sol produz em placa vibratória apropriada à forma de uma dupla sinusoide - símbolo do infinito em
  • 64. www.escoladograndeoriente.com.br 62 Esquerda: sons produzem formas. Numa placa vibratória com areia fina, o som "dó maior" gera este desenho. Direita: desenho formado na placa vibratória por uma seqüência musical matemática. É, contudo, a forma mais simples que se pode produzir com uma nota musical. Eqüivale a Mercúrio e aos dois signos que ele governa, Virgem e Gêmeos. Com efeito, é nele que começa o som primordial Y, em hebraico Yod, origem do trígono do Verbo Divino Yfo. Todas as outras notas produzem formas complexas, rosáceas e combinações. Observando certos desenhos formados em placas vibratórias, notam-se semelhanças entre o som FA # e o Dó natural. Fa # é Libra, Vênus. Dó natural é Júpiter, Sagitário e Peixes. Não dizemos que Vênus foi tirada da espuma do mar - Peixes - que Vênus e Júpiter são da mesma natureza benigna e protetora? Vênus se exalta em Peixes. A combinação de Vênus e Júpiter em forma de metais - cobre e estanho - dão o bronze, o sino da mais bela sonoridade, usada para fins sagrados. Sons harmoniosos em seqüência produzem belíssimas combinações gráficas, o que quer dizer vibrações pacificadoras e regeneradoras. Pesquisadores afirmam que a música de Mozart gera as formas mais harmoniosas e suaves que se conhecem, assemelhando-se a flores em belíssimas composições. Conclusão Somos o resultado de um conjunto de forças representadas pelo Zodíaco e pelos planetas. A presença deles está marcada em nossas células, flui por nossos nervos, corre em nosso sangue, impregna a
  • 65. composição química de nosso corpo físico e a essência de nossos corpos astral 63 e mental. Povoa nossa memória e preenche todos os nossos atos, sentimentos e idéias. É através do som das esferas celestes que a influência do universo atua em nós, criando energias magnéticas, organizando sua disposição e gerando cada um de nossos estados de ânimo. Compreendendo a linguagem sonora do universo e interpretando corretamente as imagens que ela projeta em nós, saberemos usar os símbolos verdadeiros que representam a própria essência de nossa vida. 0 uso do alfabeto que simboliza o Zodíaco e suas esferas em movimento cria em nós um efeito de ressonância, tornando-nos capazes de agir no plano físico e astral com energias que podem ser chamadas mágicas, já que podem alterar as condições do ambiente e provocar fenômenos ditos paranormais. É nesse momento que despertamos nossa superconsciência e nos tornamos como o Deus de quem possuímos a centelha primordial, e adquirimos, como seus filhos, o dom de criar com a palavra, com o verbo.
  • 67. 66 m 1618, Jan Baptist van Helmont - o famoso médico e químico belga a quem a Ciência deve a descoberta dos gases e a identificação do dióxido de carbono - quando trabalhava em seu
  • 68. www.escoladograndeoriente.com.br laboratório, em Vilvoorde, foi procurado por um desconhecido que desejava "conversar sobre uma matéria que interessaria a ambos". Julgou tratar-se de um colega, que quisesse abordar assuntos médicos, mas logo o estranho começou a falar sobre Alquimia. Helmont, um pouco aborrecido, interrompeu-o dizendo que considerava a Alquimia uma superstição e que não desejava perder tempo com tal tolice. O estranho não insistiu na conversa, mas lhe propôs simplesmente deixar em suas mãos uma pequena porção da Pedra Filosofal, para que Van Helmont, pessoalmente, efetuasse a experiência da transmutação, sozinho e nas condições por ele mesmo escolhidas. O misterioso visitante depositou então alguns grãos de pó sobre um pedaço de papel que havia sobre a mesa do químico e despediu-se. O sábio escreveria mais tarde: "Vi e manipulei a Pedra Filosofal. Tinha a cor do açafrão em pó e era pesada e brilhante como vidro em pedaços". Decidido a tentar a experiência, o químico preparou um crisol, onde colocou oito onças - cerca de 230 gramas - de mercúrio metálico. Aqueceu-o um pouco e em seguida atirou sobre ele uma pequenina porção do pó, previamente embrulhada num pedaço de papel, seguindo à risca as instruções do desconhecido. Tampou o recipiente, e, após alguns minutos, esfriou o crisol com água e o quebrou: um pedaço de ouro com praticamente as mesmas oito onças de peso descansava no meio dos cacos. O relato dessa experiência, Van Helmont escreveu, assinou e publicou. O 67 evento o marcou profundamente, modificando por completo seus pontos de vista científicos e filosóficos. A tal ponto que batizou com o nome Mercurius um de seus filhos. A Enciclopédia Britânica emite a seguinte opinião sobre ele: "Pode ser considerado uma ponte entre a Alquimia e a Química. Embora de natureza mística e acreditando na Pedra Filosofal... era um observador cuidadoso e experimentador exato". Helvetius - Johann Friedrich Helvetius - nasceu em Anhalt em 1629, cujo verdadeiro nome era Johann Friedrich Schweitzer, foi um sábio conceituadíssimo e médico do príncipe de Orange. Adversário ferrenho da arte hermética, foi, da mesma forma que Van Helmont, procurado por um desconhecido, em dezembro de 1666. O estrangeiro, após algum tempo de conversa, lhe apresentou uma caixinha contendo um pó amarelado, afirmando tratar-se da Pedra Filosofal. Ele deixou que o médico apalpasse a substância, mas recusou-se a lhe dar qualquer fragmento da mesma. Depois