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Texto com recursos de design didático
Marcelo Cordeiro da Silva – 2012


                          “Oferecer um bom design é mais que
                          oferecer um produto maquiado, é oferecer
                          possibilidades de caminhos para que a
                          essência atinja nossos        sentidos.”
                          (COSTA; MARINS, 2012)



  Um olhar para a Educação a Distância por uma
   Perspectiva Sócio-Construtivista/Interacionista




                              Rotina construtivista (figura 1)




                                                                 1
Uma sociedade moderna requer processos modernos



      A
               sociedade sempre passou e continuará passando por diversas
               mudanças, mas uma coisa não muda: a necessidade que as
               pessoas têm de estudar. Num primeiro momento, enquanto crianças
e adolescentes são encaminhadas e mais tarde na fase adulta trilham seu próprio
caminho.

      Desde o momento em que as pessoas se organizaram em sociedade é assim,
por outro lado, sabemos que nem todos apreciam o estudo formal, mas ele está aí
para quem dele quiser se apropriar. É certo que esse estudo passou por
transformações necessárias para se adequar aos anseios de uma parcela da
sociedade, sendo assim, modelos diferenciados foram criados para satisfazer uma
demanda que não se enquadrava na formalidade por motivos dos mais variados.




                   O material de estudos para um curso a
                   distância deve possuir uma dinâmica de
                     perfil construtivista e interacionista.


      Podemos aceitar como modelo diferenciado para se alcançar os estudos a
educação a distância, modelo esse que também passou por grandes mudanças,
pois é sabido que o aluno de curso a distância já foi aquele que aguardava ansioso a
chegado do carteiro com o seu material de estudos, depois passou a ser aquele que
acordava cedo para assistir ao telecurso e atualmente, com a infraestrutura
tecnológica digital, é aquele que se comunica com seu professor e suas tarefas em
um ambiente virtual e tem ao seu alcance uma gama de informações, principalmente
na internet, que devem ser transformadas em resultados satisfatórios no que diz
respeito ao processo ensino-aprendizagem.

      Seja qual for a época uma coisa é certa, o material de estudos para um curso
a distância deve possuir uma dinâmica de perfil construtivista e interacionista. Deve
                                                                                    2
propiciar ao aluno a construção de seu conhecimento e ao mesmo tempo uma
interatividade desse aluno com o aprendizado e com a sociedade que o rodeia,
sendo assim, “[...] é necessário que o professor encontre algumas variáveis para
trabalhar e alimentar a atividade construtivista do aluno.” (MATUI, 1995, p. 86)




A construção do conhecimento por uma filosofia sócio-
interacionista



      Q
                uando pensamos em sócio-interacionismo nos vem a mente o
                trabalho de Vygotsky, portanto apresentamos um breve relato de
                seus estudos aplicados a educação. Para iniciar ele não era
formado em psicologia e dizem que, por esse motivo, sua contribuição não foi muito
questionada, pois ele via a psicologia com outro olhar.

      Na verdade, ele começou pela arte, com seu livro Psicologia da Arte, nele
procurou fazer o seguinte questionamento – o que faz uma obra de arte ser
artística? – e respondeu a essa questão mostrando-se contra a transformação da
arte em uma função cognoscitiva ou em uma simples expressão da emoção.

      Para Vygotsky a criação humana é resultado de fatores intelectual e
emocional, ou seja, o pensamento e o sentimento. Apenas o sentimento não é
suficiente para criar a arte. Para que a arte se realize se faz necessário vencer o
sentimento e, portanto, arte é uma criação que envolve aspectos da cognição e da
linguagem. Conclui Freitas: “Nessa perspectiva, os sentimentos fazem parte da obra
de arte, mas não se transformam nela”. (FREITAS, 2002, p. 76)

      Vygotsky e seus colaboradores foram os primeiros a estudarem o
pensamento e a linguagem de modo único, ou seja, diferente do que se havia
estudado até então – resultados em separados. “A psicologia deve fazer dessas
relações e de suas variações ao longo do desenvolvimento o problema central, o
foco de estudo, em vez de simplesmente postular a inter-relação geral de todas as
funções.” (VYGOTSKY, 2008, p. 2)


                                                                                   3
A partir desse momento, pensamento e linguagem são estudados e
pesquisados de modo diferente e esse estudo é chamado de análise em unidades –
assim o estudo das propriedades básicas é conservado como um todo.




      A unidade de pensamento verbal que serviu de ponto de partida para suas
pesquisas foi o significado das palavras. Ele afirma que “[...] é no significado da
palavra que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal” (VYGOTSKY,
2008, p. 5), portanto, significado é a chave para as questões de relacionamento
entre pensamento e linguagem, melhor ainda, pensamento e fala.

      Com isso sua pesquisa segue a linha de que uma palavra pode ter vários
significados, ou seja, uma palavra refere-se a um grupo ou classe de objetos, logo
cada palavra já é uma generalização. Fica claro em seus estudos que a base é o
significado, pois este é um ato de pensamento e por fazer parte da palavra ele
pertence tanto ao domínio da linguagem quanto ao domínio do pensamento,
concluindo assim que palavra sem significado é um som vazio.

      O significado das palavras evolui com o amadurecimento da criança e
também    a   relação   entre   pensamento      e   palavra    modifica-se     com     esse
amadurecimento. Esta forma de ver o significado é que dá uma conotação
diferenciada em sua teoria em relação às demais correntes filosóficas da época.

      O próprio Vygotsky afirma que:

                    “A relação entre pensamento e palavra não é uma coisa, mas um processo,
                    um movimento contínuo de vaivém do pensamento para a palavra, e vice-
                    versa. Nesse processo, a relação entre o pensamento e a palavra passa por
                    transformações que, em si mesmas, podem ser consideradas um
                    desenvolvimento no sentido funcional”. (VYGOTSKY, 2008, p. 156).

      Podemos concluir que para ele pensamento e palavra estão intimamente
relacionados de modo que a evolução de um depende do outro e ajuda a evoluir o
outro. Para ele os estudos sobre pensamento verbal, ou seja, pensamento e fala,
deveriam ser aprofundados do ponto de vista da análise semântica, estudo do

                                                                                           4
desenvolvimento, do funcionamento e das estruturas dessas unidades e suas inter-
relações.

      Quanto à fala ele faz um estudo também diferenciado do que se tinha na
época – comunicação por meio de signos, palavra ou som – para ele a fala tem
como função essencial à comunicação, o intercâmbio social.

      Dentro de uma filosofia marxista em que o trabalho é a principal relação social
da classe operária, Vygotsky afirma que para acontecer à transmissão de
experiências e pensamentos no trabalho se faz necessária uma ação mediadora que
é a fala humana.




      Na sua teoria a fala se divide em duas:

              Fala interior – é aquela que é para si mesmo e o pensamento fica
                interiorizado.
              Fala exterior – é aquela que é para os outros e transforma o
                pensamento em palavras.

      A ausência de som não é considerada por ele como uma fala que precede a
fala exterior nem tão pouca um processo de memorização, é sim o contrário da fala
exterior. A fala interna é uma continuidade da fala egocêntrica de Piaget, que afirma
que esta se encera na idade escolar, porém Vygotsky conclui que esta se transforma
e evolui para a fala interna. As pesquisas feitas por ele levam a comprovação de que
todas as características funcionais, estruturais e genéticas da fala egocêntrica
evoluem para que esta se transforme em fala interna.

      A fala interior não deve ser vista como uma fala sem som e sim como uma
função independente da fala, ela é dinâmica e muitas vezes formada pelo próprio

                                                                                   5
pensamento, e desaparece com o advento da palavra ficando no linear entre
pensamento e palavra.

      Podemos afirmar que a comunicação requer significado, isto é, generalização
tanto quanto signos. Portanto, para que haja comunicação por palavras se faz
necessário uma generalização que leva ao entendimento no diálogo, ou seja, o
homem possui em seu pensamento conceitos para as palavras que correspondem
ao seu entendimento. Por esse motivo quando não entendemos certos pensamentos
é porque, apesar de conhecermos as palavras, seus conceitos não estão
generalizados.

      Os nossos anseios e desejos é que fazem com que nossa mente crie os
pensamentos e estes se relacionem entre si com determinada finalidade não
havendo a necessidade da fala. Quando esta ocorre o pensamento transforma-se
em palavras.




A educação sob o manto do sócio-interacionismo



      V
                 ygotsky foi professor de Literatura e Psicologia além de História da
                 Arte, porém não se limitou apenas em ministrar aulas, foi também um
                 estudioso dos temas da educação regular e especial. A educação de
crianças portadoras de necessidades especiais, como é chamada hoje, foi tema de
importantes estudos, principalmente àquelas relacionadas a doenças congênitas.

      Ele classificava a escola como o próprio lugar da Psicologia, é nela que se
realizam as construções e o nascimento das funções psíquicas superiores. A escola
era considerada o melhor laboratório, pois dizia, é lá que a aprendizagem sofre
influência sociocultural gerando as tais funções psíquicas (memória, linguagem,
planejamento, etc). Sua teoria foi trazida com êxito para a educação, pois mostra
como são construídos o aprendizado e o conhecimento na mente humana e a seguir
vamos descrever alguns tópicos dessa teoria.




                                                                                   6
A. Conceitos Espontâneos e Científicos

      O desenvolvimento cognitivo da criança se dá através da inter-relação desta
com o meio, orientada por alguém e com isso ela se apropria da cultura elaborada
pela sociedade. Logo sua aprendizagem se inicia antes de entrar na escola, e
quando chega lá traz consigo uma bagagem que por pequena que possa ser, deve
ser respeitada e aproveitada. A este conhecimento prévio Vygotsky dá o nome de
conceitos espontâneos.

      Os conceitos espontâneos são a base para a criança adquirir os conceitos
científicos junto à escola, conceitos como: abstração, atenção deliberada, memória
lógica, capacidade para comparar, diferenciar, etc. Eles são desenvolvidos na escola
por meio de atividades que induza a criança a pensar. O conceito científico é o
instrumento mediador entre o objeto, que a criança não tem acesso, e o novo
conhecimento.

      O    desenvolvimento   da     formação   de    conceitos    se    dá   através    do
relacionamento e da influência constante entre os dois processos de construção dos
conceitos espontâneo e científico. Uma criança em idade escolar tem melhores
condições de solucionar situações problemas que estão voltadas para os conceitos
científicos, pois estes se formam no processo de aprendizagem escolar que ela está
inserida                            e há o trabalho em conjunto com o professor,
                                        porém     essas     situações    necessitam     de
                                            determinados        conceitos    espontâneos
   Um conceito se forma à medida que            que a criança ainda não possui, seja
   as características são condensadas            por      não    ter    consciência     ou
   e o resultado é um instrumento do                maturidade, logo ela terá maior
   pensamento. O progresso na                       dificuldade para resolvê-los.
   formação dos conceitos acontece
   após o domínio do abstrato e a                           Apesar de os dois conceitos

   combinação deste com                             terem   direções    opostas,      estão

   pensamentos mais complexos e                  intimamente relacionados, pois um

   avançados.                                  dá suporte para que o outro floresça,
                                           quanto mais se eleva o científico, o


                                                                                         7
espontâneo o acompanha. Quando se eleva o nível de um conceito há um rearranjo
dos conceitos anteriores. É preciso que um conceito espontâneo alcance certo nível
para que a criança possa absorver um conceito científico ao qual se relaciona
mutuamente.

      Afirma Freitas: “O conceito espontâneo abre o caminho para o conceito
científico e este fornece estrutura para o desenvolvimento daquele, tornando-o
consciente e deliberado”. (FREITAS, 2002, p. 103).

      Podemos imaginar então que basta ensinarmos os conceitos de modo direto
a criança e tudo estará resolvido, porém Vygotsky afirma que:

                     “Um professor que tenta fazer isso geralmente não obtém qualquer
                     resultado, exceto o verbalismo vazio, uma repetição de palavras pela
                     criança, semelhante a de um papagaio, que simula um conhecimento dos
                     conceitos correspondentes, mas que na realidade oculta um vácuo”.
                     (VYGOTSKY, 2008, p. 104).




B. Zona de Desenvolvimento Proximal

      Vygotsky classificou as teorias da época que relacionavam o desenvolvimento
e aprendizado de crianças em três grupos, que não vem ao caso citá-los, porém
afirmou que apesar de rejeitá-los foi através da análise dos mesmos que ele passou
a ter uma visão mais adequada dessa relação.

      Para ele o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o
primeiro dia de vida da criança. Como já foi citado neste trabalho, ele valorizava o
que a criança aprendeu antes de chegar à escola e a partir disso passou a estudar
como funciona a aprendizagem em nível escolar. Para isso ele defendeu a ideia de
Zona de Desenvolvimento Proximal e a definiu como sendo à distância entre o nível
de desenvolvimento real e nível de desenvolvimento potencial.

      Nível de desenvolvimento real é aquele em que certas funções já estão
fixadas na criança, ou seja, as atividades que ela consegue realizar sozinha, de
forma independente. Nível de desenvolvimento potencial é aquele em que certas
funções estão em via de amadurecer e que a criança precisa do auxílio de alguém
para que as atividades presentes nesse nível sejam realizadas.
                                                                                       8
A zona de desenvolvimento proximal é, portanto, o caminho que o
aprendizado segue para que haja o desenvolvimento, ou seja, a atividade se
encontra no nível em que a criança interage com alguém mais capacitado e dessa
interação começa haver o amadurecimento da atividade, das funções mentais
necessárias para a sua realização, e com isso elas passam para o nível de fixação.
Sendo assim, aquilo que é potencial num momento passa a ser desenvolvimento
real noutro momento.

        Desta forma para que haja desenvolvimento o aprendizado deve ser voltado
para o nível potencial, ele deve estar à frente do desenvolvimento, portanto, os dois
processos não caminham juntos, o desenvolvimento é mais lento que o aprendizado.



“O nosso estudo mostra que a curva do desenvolvimento não coincide com a
curva    do   aprendizado    escolar;   em   geral,   o   aprendizado   precede   o
desenvolvimento.” (VYGOTSKY, 2008, p. 127)




C. Mediação

        Antes da teoria de Vygotsky, defendia-se que o aprendizado se dava de forma
direta, ou seja, estímulo – resposta, porém ele dá outra interpretação na forma de
conceber o aprendizado usando para isso a mediação.

        Mediação é um processo em que ocorre a intervenção de um elemento
intermediário na relação de aprendizado, e esta deixa de ser direta passando a ser
mediada por esse elemento. A partir de então ele descreve o processo de
aprendizado de forma indireta e afirma que “[...] o processo simples estímulo-
resposta é substituído por um ato complexo, mediado, que representamos da
seguinte forma”:




                                                                                      9
(VYGOTSKY, 2000, p. 53).

       Temos, portanto, nessa relação: S é o estímulo, R é a resposta e X é o
elemento mediador.

       O simples fato de o elemento mediador estar presente nessa relação, cria no
indivíduo uma relação mais forte com o meio e seu semelhante e ao longo de seu
desenvolvimento as relações mediadas tornam-se mais constantes que as relações
diretas.

       Dentro da teoria marxista, o trabalho foi o que gerou o processo de
transformação da natureza pelo homem para que este viesse suprir suas
necessidades e, com isso, ele criou suas ferramentas, seus instrumentos. O trabalho
não só gerou transformação na natureza como influenciou nas mudanças da
sociedade e com isso o homem também passou por transformações.

       Fazendo uma analogia ao instrumento, pois este é usado como meio de
trabalho para transformar a natureza, ele cria dois tipos de elementos mediadores:
são eles os instrumentos e os signos – o signo que é usado como um instrumento na
atividade psicológica – e dá grande destaque para a linguagem, pois esta forma de
mediar está inserida na sociedade.

                        Vídeo - Marta Kohl - Mediação

       Numa visão de aprendizagem sócio-interacionista, Vygotsky define Signos
como sendo meios auxiliares que ajudam na solução de problemas que envolvem
atividades de cunho psicológico, tais como lembrar, comparar, relatar, escolher,
diferenciar, etc.

       Existe uma diferença entre instrumento e signo: instrumento serve para
conduzir a influência humana sobre o objeto da atividade, é orientado externamente
e produzirá mudanças no objeto, enquanto que o signo é orientado internamente
                                                                           10
para o controle do próprio indivíduo, não modifica em nada o objeto da operação
psicológica.

      Por último conclui que tanto o uso de signos quanto o uso de instrumentos
aumenta a quantidade de atividades elevando a novas funções psicológicas que irão
trabalhar internamente no indivíduo, com isso a função psicológica superior pode ser
colocada como uma combinação entre instrumento e signo na atividade psicológica.

      Numa     atividade    que    envolve     processos     psicológicos    superiores,     as
representações mentais da realidade exterior, ou seja, o uso da imaginação é o
maior mediador na relação entre o ser humano e a sociedade.




D. Processo de Internalização

      Quanto ao processo de internalização, o próprio Vygotsky cita em: A
formação Social da Mente, (2000, p. 75), que a internalização é dada por uma série
de transformações, tais como:

                          Uma operação que inicialmente representa uma atividade externa é
                           reconstruída e começa a ocorrer internamente.

                          Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal.

                          A transformação de um processo interpessoal num processo
                           intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao
                           longo do desenvolvimento.

      Portanto, podemos concluir que, o processo de internalização passa pelo uso
das operações com signos e é fundamental para o desenvolvimento do
funcionamento psicológico humano. A internalização se dá por meio de uma
atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna, é
interpessoal e se torna intrapessoal. Ela não é um processo de acúmulo de domínio
dos vários instrumentos e sim um processo de reorganização da atividade
psicológica.




                                                                                             11
Educação a distância construtivismo e interacionismo



    A
          teoria do construtivismo defende que o aluno participe do processo
          de construção do conhecimento.

               “Assim, o construtivismo é uma teoria do conhecimento que engloba numa
               só estrutura os dois polos, o sujeito histórico e o objeto cultural, em
               interação recíproca, ultrapassando dialeticamente e sem cessar as
               construções já acabadas para satisfazer as lacunas ou carências
               (necessidades).” (MATUI, 1995, p. 46)



                                  
        Construtivismo (Maria do Carmo Motta)

        Em meio a tanto fracasso
        Podemos mudar o passo
        E construir algo melhor,
        Melhor para minha vida
        Melhor para sua vida
        Educando e educador
        Hora sou um
        Hora o outro
        Ambos sempre em comunhão
        Refazendo a contrução
        Dia-a-dia sem cessar,
        Pois quando acreditamos
        Tudo podemos mudar.
        E Vandré já nos dizia:
        "... Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
        Por isso vem,vamos embora
        Que a hora é agora
        De formarmos cidadãos
        Construindo e transformando
        E cada dia melhorando,
        Somos seres em construção.


                                  

                                                                                   12
O avanço da tecnologia acrescentou à educação a distância uma
responsabilidade além da que já possuía, pois cursos foram e estão sendo
transformados total ou parcialmente nessa modalidade de ensino, cabe então aos
professores aproveitarem o conhecimento que possuem sobre construtivismo e
interacionismo e adequarem a esse tipo de ensino.

      Na educação a distância não há o contato físico entre professor e aluno ou
entre aluno e aluno, logo isso acontece de modo virtual usando-se as ferramentas
apropriadas de comunicação. Num primeiro momento pode-se pensar que essa
interação virtual seja isolada, aluno com acesso a vídeo, e-mail e textos para leitura,
porém esse modelo vem passando por mudanças e mesmo virtual já há um contato
mais frequente entre os envolvidos.

      Quanto às ferramentas da EAD, são diferenciadas com relação ao momento
em que a usamos, ou seja, o aluno frente à máquina em momento determinado por
ele, as ferramentas são chamadas de assíncronas, vídeos, fórum, e-mail, textos para
discussão.



             “As ferramentas assíncronas podem revolucionar o
             processo de interação entre professores e estudantes,
             uma vez que mudam os processos tradicionais por meio
             dos quais essa comunicação vem se dando ao longo dos
             tempos.” (DACOL; LINS; MOITA, 2006, p. 3)




      Por outro lado, o aluno frente à máquina em momento pré-definido, pela
instituição, sincronizado, as ferramentas são chamadas de síncronas, chats,
vídeo/áudio-conferência.



               “As ferramentas síncronas, que transportam no espaço estruturas
               de comunicação presenciais, dão aos alunos de EAD e aos
               professores e instituições envolvidas, uma sensação de grupo, de
               comunidade. Esta sensação psicológica é importante como fator
               motivacional para a perseverança e continuidade do curso.”
               (DACOL; LINS; MOITA, 2006, p. 4)

                                                                                    13
Devemos evitar que a EAD se transforme apenas num substituto dos cursos
presenciais em que, na maioria das vezes, a forma de trabalhar os conteúdos é
totalmente conservadora, ou seja, o aluno é apenas o receptor. Não podemos
aceitar que a EAD transforme seu aluno de modo que ele veja na internet apenas
uma grande biblioteca virtual para fazer suas pesquisas, uma vez que o potencial de
ambos é muito grande. É preciso que o ensino a distância se transforme em
aprendizagem a distância.

       Numa concepção construtivista/interacionista o uso da internet deve
proporcionar ao aluno a construção do conhecimento por meio de atividades
colaborativas ou software em que haja a interação aluno e atividade. A experiência
social de cada integrante será exposta à comunidade virtual trazendo para o
aprendizado uma contextualização em que o
significado seja o alicerce para o novo
conhecimento do grupo.

       Assim,     num        processo      virtual
caminhamos pela zona de desenvolvimento
proximal; a interatividade entre os integrantes
do grupo e ao mesmo tempo mediada pelo
professor e pelas ferramentas que o sistema
oferece faz com que o aprendizado saia de
uma zona confortável real e avance rumo ao
desenvolvimento potencial transformando os
conceitos      espontâneos     em       conceitos
                                                                 Figura 2
científicos.


                     Vídeo - Marta Kohl - Vygotsky - ZDP

       Essa interatividade mediada ocorrida em um ambiente virtual é explicada por
Lucena:

                     “[...] a interação entre pares permeada pela linguagem (humana e da
                     máquina), potencializa o desempenho intelectual porque força os indivíduos
                     a reconhecer e a coordenar as perspectivas conflitantes de um problema,
                     construindo um novo conhecimento a partir do seu nível de competência

                                                                                            14
que está sendo desenvolvido dentro e sob a influência de um determinado
                       contexto histórico-cultural”. (LUCENA apud RESENDE, 2005, p. 4)

       Segundo Jonassen, (apud Resende) as aplicações construtivistas por meio da
tecnologia devem promover três tipos de aprendizagem, a saber: aprendizagem por
exploração do uso intencional da internet, aprendizagem pela ação, usando para
isso os ambientes interativos de aprendizagem e a aprendizagem pelo trabalho
colaborativo com o apoio do computador. Segundo o autor com esses ambientes e
ferramentas é possível que o ensino a distância ocorra de modo construtivista e
interacionista.




Considerações finais



       A
                  s diversas correntes filosóficas tratam as situações de aprendizagem
                  cada uma a seu modo, este texto procura expor ao leitor apenas o
                  embrião da filosofia sócio-construtivista/interacionista aplicada a
educação. Neste trabalho colocamos a disposição do leitor dois trechos da palestra
de Marta Kohl sobre Vygotsky e deixamos como sugestão o vídeo na integra, cujo
endereço se encontra nas referências.

       É certo que para o professor atuar seguindo os pressupostos dessa corrente
filosófica se faz necessária uma mudança de atitude perante o aprendiz e o
aprendizado. Sabemos que não é uma tarefa fácil, uma vez que muitos de nós
professores não vivenciamos essa forma de aprendizado enquanto alunos, incluindo
aí o ensino básico e o superior, e a tendência e a reprodução do modo como
aprendemos.

       Com as seguidas mudanças ocorridas na sociedade, principalmente com
relação ao uso da tecnologia, em que as pessoas têm ao seu alcance, por meio da
internet, uma gama imensa de informação se faz necessário que a forma de
trabalhar os conteúdos seja atrativa e recheada de significados, portanto mais do
nunca o construtivismo e o interacionismo ganham força junto aos sistemas de
educação e também as entidades de ensino superior.


                                                                                           15
O presente texto também teve a intenção de mostrar ao leitor que um texto
usado em EAD deve conter atrativos visuais que reforcem o seu entendimento, uma
vez que o professor não está acessível para esclarecer dúvidas naquele momento e
ao mesmo tempo apresentar um texto sóbrio desprovido de maquiagem
desnecessária.

      Com relação à educação a distância, essa segue os mesmos preceitos da
educação presencial e aposta nesse modo de trabalho, visto que o aluno do outro
lado da rede necessita de um aprendizado, mais do que nunca, significativo e
mediado por pessoas e ferramentas ou então o mesmo se sentirá “solitário”
encaminhando-se para o abandono do curso.




Referências
ANDRADE, Adja F. de; BORDINI, Rafael H.; JAQUES, Patrícia A.; JUNG, João Luiz;
VICARI, Rosa M.. Uma Proposta de Modelo Computacional de Aprendizagem à
Distância     Baseada    na    Concepção     Sócio-Interacionista de Vygotsky.
http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:uSd8QyWOKUUJ:scholar.go
ogle.com/+ead+e+a+teoria+socio-interacionista&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1
acesso em 10/06/12.

COSTA, Rosa Maria E. M. da; MARINS, Vânia. Aula 1: Design Didático. UFF – RJ,
2012.

DACOL, Silvana; LINS, Rubevan Medeiros; MOITA, Márcia Helena Veleda.
Interatividade na Educação a Distância. XXVI ENEGEP - Fortaleza, 2006 –
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR540364_8555.pdf – acesso em
10/06/12.

RESENDE, Regina Lúcia Sartorio Marinato de. Fundamentos teórico-pedagógicos
para EAD. 2005. http://www.abed.org.br/congresso2005/por/pdf/055tcb5.pdf –
acesso em 10/06/12.

FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Vygotsky e Bakhtin, Psicologia e Educação:
Um Intertexto. São Paulo: Editora Ática, 4ª edição, 2002.

http://livresensura.blogspot.com.br/2008/07/rotina-construtivista.html – acesso em
28/06/12 (figura 1).

http://prjosuebrito.blogspot.com.br/2008/05/transformar-para-mudar-ousar-mudar-
para.html – acesso em 28/06/12 (figura 2).

                                                                                  16
http://www.pucrs.br/mj/poema-professor-6.php – acesso em 28/06/12 (Poema
Construtivismo).

MATUI, Jiron. Construtivismo: Teoria construtivista sócio-histórica aplicada ao
ensino. São Paulo: Moderna, 1995.

OLIVEIRA, Maria Helena Palma de; SILVA, Siony da. Contribuição da teoria sócio-
interacionista de Vygotsky para a educação on-line. Revista Sinergia, Centro Federal
de Educação Tecnológica de São Paulo, v. 5, n. 2, julho-dezembro, 2004, p.89-94.
http://www.geocities.ws/siony.silva/contri.htm – acesso em 10/06/12.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio-
histórico. http://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo&feature=related – acesso em
10/06/12.

VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e Linguagem. Tradução por Jefferson
Luiz Camargo. 3. ed. rev. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A Formação Social da Mente. Tradução por José
Cipolla Neto, et al. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.




                                                                                 17

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Um olhar para a educação a distância por uma perspectiva sócio construtivista interacionista

  • 1. Texto com recursos de design didático Marcelo Cordeiro da Silva – 2012 “Oferecer um bom design é mais que oferecer um produto maquiado, é oferecer possibilidades de caminhos para que a essência atinja nossos sentidos.” (COSTA; MARINS, 2012) Um olhar para a Educação a Distância por uma Perspectiva Sócio-Construtivista/Interacionista Rotina construtivista (figura 1) 1
  • 2. Uma sociedade moderna requer processos modernos A sociedade sempre passou e continuará passando por diversas mudanças, mas uma coisa não muda: a necessidade que as pessoas têm de estudar. Num primeiro momento, enquanto crianças e adolescentes são encaminhadas e mais tarde na fase adulta trilham seu próprio caminho. Desde o momento em que as pessoas se organizaram em sociedade é assim, por outro lado, sabemos que nem todos apreciam o estudo formal, mas ele está aí para quem dele quiser se apropriar. É certo que esse estudo passou por transformações necessárias para se adequar aos anseios de uma parcela da sociedade, sendo assim, modelos diferenciados foram criados para satisfazer uma demanda que não se enquadrava na formalidade por motivos dos mais variados. O material de estudos para um curso a distância deve possuir uma dinâmica de perfil construtivista e interacionista. Podemos aceitar como modelo diferenciado para se alcançar os estudos a educação a distância, modelo esse que também passou por grandes mudanças, pois é sabido que o aluno de curso a distância já foi aquele que aguardava ansioso a chegado do carteiro com o seu material de estudos, depois passou a ser aquele que acordava cedo para assistir ao telecurso e atualmente, com a infraestrutura tecnológica digital, é aquele que se comunica com seu professor e suas tarefas em um ambiente virtual e tem ao seu alcance uma gama de informações, principalmente na internet, que devem ser transformadas em resultados satisfatórios no que diz respeito ao processo ensino-aprendizagem. Seja qual for a época uma coisa é certa, o material de estudos para um curso a distância deve possuir uma dinâmica de perfil construtivista e interacionista. Deve 2
  • 3. propiciar ao aluno a construção de seu conhecimento e ao mesmo tempo uma interatividade desse aluno com o aprendizado e com a sociedade que o rodeia, sendo assim, “[...] é necessário que o professor encontre algumas variáveis para trabalhar e alimentar a atividade construtivista do aluno.” (MATUI, 1995, p. 86) A construção do conhecimento por uma filosofia sócio- interacionista Q uando pensamos em sócio-interacionismo nos vem a mente o trabalho de Vygotsky, portanto apresentamos um breve relato de seus estudos aplicados a educação. Para iniciar ele não era formado em psicologia e dizem que, por esse motivo, sua contribuição não foi muito questionada, pois ele via a psicologia com outro olhar. Na verdade, ele começou pela arte, com seu livro Psicologia da Arte, nele procurou fazer o seguinte questionamento – o que faz uma obra de arte ser artística? – e respondeu a essa questão mostrando-se contra a transformação da arte em uma função cognoscitiva ou em uma simples expressão da emoção. Para Vygotsky a criação humana é resultado de fatores intelectual e emocional, ou seja, o pensamento e o sentimento. Apenas o sentimento não é suficiente para criar a arte. Para que a arte se realize se faz necessário vencer o sentimento e, portanto, arte é uma criação que envolve aspectos da cognição e da linguagem. Conclui Freitas: “Nessa perspectiva, os sentimentos fazem parte da obra de arte, mas não se transformam nela”. (FREITAS, 2002, p. 76) Vygotsky e seus colaboradores foram os primeiros a estudarem o pensamento e a linguagem de modo único, ou seja, diferente do que se havia estudado até então – resultados em separados. “A psicologia deve fazer dessas relações e de suas variações ao longo do desenvolvimento o problema central, o foco de estudo, em vez de simplesmente postular a inter-relação geral de todas as funções.” (VYGOTSKY, 2008, p. 2) 3
  • 4. A partir desse momento, pensamento e linguagem são estudados e pesquisados de modo diferente e esse estudo é chamado de análise em unidades – assim o estudo das propriedades básicas é conservado como um todo. A unidade de pensamento verbal que serviu de ponto de partida para suas pesquisas foi o significado das palavras. Ele afirma que “[...] é no significado da palavra que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal” (VYGOTSKY, 2008, p. 5), portanto, significado é a chave para as questões de relacionamento entre pensamento e linguagem, melhor ainda, pensamento e fala. Com isso sua pesquisa segue a linha de que uma palavra pode ter vários significados, ou seja, uma palavra refere-se a um grupo ou classe de objetos, logo cada palavra já é uma generalização. Fica claro em seus estudos que a base é o significado, pois este é um ato de pensamento e por fazer parte da palavra ele pertence tanto ao domínio da linguagem quanto ao domínio do pensamento, concluindo assim que palavra sem significado é um som vazio. O significado das palavras evolui com o amadurecimento da criança e também a relação entre pensamento e palavra modifica-se com esse amadurecimento. Esta forma de ver o significado é que dá uma conotação diferenciada em sua teoria em relação às demais correntes filosóficas da época. O próprio Vygotsky afirma que: “A relação entre pensamento e palavra não é uma coisa, mas um processo, um movimento contínuo de vaivém do pensamento para a palavra, e vice- versa. Nesse processo, a relação entre o pensamento e a palavra passa por transformações que, em si mesmas, podem ser consideradas um desenvolvimento no sentido funcional”. (VYGOTSKY, 2008, p. 156). Podemos concluir que para ele pensamento e palavra estão intimamente relacionados de modo que a evolução de um depende do outro e ajuda a evoluir o outro. Para ele os estudos sobre pensamento verbal, ou seja, pensamento e fala, deveriam ser aprofundados do ponto de vista da análise semântica, estudo do 4
  • 5. desenvolvimento, do funcionamento e das estruturas dessas unidades e suas inter- relações. Quanto à fala ele faz um estudo também diferenciado do que se tinha na época – comunicação por meio de signos, palavra ou som – para ele a fala tem como função essencial à comunicação, o intercâmbio social. Dentro de uma filosofia marxista em que o trabalho é a principal relação social da classe operária, Vygotsky afirma que para acontecer à transmissão de experiências e pensamentos no trabalho se faz necessária uma ação mediadora que é a fala humana. Na sua teoria a fala se divide em duas:  Fala interior – é aquela que é para si mesmo e o pensamento fica interiorizado.  Fala exterior – é aquela que é para os outros e transforma o pensamento em palavras. A ausência de som não é considerada por ele como uma fala que precede a fala exterior nem tão pouca um processo de memorização, é sim o contrário da fala exterior. A fala interna é uma continuidade da fala egocêntrica de Piaget, que afirma que esta se encera na idade escolar, porém Vygotsky conclui que esta se transforma e evolui para a fala interna. As pesquisas feitas por ele levam a comprovação de que todas as características funcionais, estruturais e genéticas da fala egocêntrica evoluem para que esta se transforme em fala interna. A fala interior não deve ser vista como uma fala sem som e sim como uma função independente da fala, ela é dinâmica e muitas vezes formada pelo próprio 5
  • 6. pensamento, e desaparece com o advento da palavra ficando no linear entre pensamento e palavra. Podemos afirmar que a comunicação requer significado, isto é, generalização tanto quanto signos. Portanto, para que haja comunicação por palavras se faz necessário uma generalização que leva ao entendimento no diálogo, ou seja, o homem possui em seu pensamento conceitos para as palavras que correspondem ao seu entendimento. Por esse motivo quando não entendemos certos pensamentos é porque, apesar de conhecermos as palavras, seus conceitos não estão generalizados. Os nossos anseios e desejos é que fazem com que nossa mente crie os pensamentos e estes se relacionem entre si com determinada finalidade não havendo a necessidade da fala. Quando esta ocorre o pensamento transforma-se em palavras. A educação sob o manto do sócio-interacionismo V ygotsky foi professor de Literatura e Psicologia além de História da Arte, porém não se limitou apenas em ministrar aulas, foi também um estudioso dos temas da educação regular e especial. A educação de crianças portadoras de necessidades especiais, como é chamada hoje, foi tema de importantes estudos, principalmente àquelas relacionadas a doenças congênitas. Ele classificava a escola como o próprio lugar da Psicologia, é nela que se realizam as construções e o nascimento das funções psíquicas superiores. A escola era considerada o melhor laboratório, pois dizia, é lá que a aprendizagem sofre influência sociocultural gerando as tais funções psíquicas (memória, linguagem, planejamento, etc). Sua teoria foi trazida com êxito para a educação, pois mostra como são construídos o aprendizado e o conhecimento na mente humana e a seguir vamos descrever alguns tópicos dessa teoria. 6
  • 7. A. Conceitos Espontâneos e Científicos O desenvolvimento cognitivo da criança se dá através da inter-relação desta com o meio, orientada por alguém e com isso ela se apropria da cultura elaborada pela sociedade. Logo sua aprendizagem se inicia antes de entrar na escola, e quando chega lá traz consigo uma bagagem que por pequena que possa ser, deve ser respeitada e aproveitada. A este conhecimento prévio Vygotsky dá o nome de conceitos espontâneos. Os conceitos espontâneos são a base para a criança adquirir os conceitos científicos junto à escola, conceitos como: abstração, atenção deliberada, memória lógica, capacidade para comparar, diferenciar, etc. Eles são desenvolvidos na escola por meio de atividades que induza a criança a pensar. O conceito científico é o instrumento mediador entre o objeto, que a criança não tem acesso, e o novo conhecimento. O desenvolvimento da formação de conceitos se dá através do relacionamento e da influência constante entre os dois processos de construção dos conceitos espontâneo e científico. Uma criança em idade escolar tem melhores condições de solucionar situações problemas que estão voltadas para os conceitos científicos, pois estes se formam no processo de aprendizagem escolar que ela está inserida e há o trabalho em conjunto com o professor, porém essas situações necessitam de determinados conceitos espontâneos Um conceito se forma à medida que que a criança ainda não possui, seja as características são condensadas por não ter consciência ou e o resultado é um instrumento do maturidade, logo ela terá maior pensamento. O progresso na dificuldade para resolvê-los. formação dos conceitos acontece após o domínio do abstrato e a Apesar de os dois conceitos combinação deste com terem direções opostas, estão pensamentos mais complexos e intimamente relacionados, pois um avançados. dá suporte para que o outro floresça, quanto mais se eleva o científico, o 7
  • 8. espontâneo o acompanha. Quando se eleva o nível de um conceito há um rearranjo dos conceitos anteriores. É preciso que um conceito espontâneo alcance certo nível para que a criança possa absorver um conceito científico ao qual se relaciona mutuamente. Afirma Freitas: “O conceito espontâneo abre o caminho para o conceito científico e este fornece estrutura para o desenvolvimento daquele, tornando-o consciente e deliberado”. (FREITAS, 2002, p. 103). Podemos imaginar então que basta ensinarmos os conceitos de modo direto a criança e tudo estará resolvido, porém Vygotsky afirma que: “Um professor que tenta fazer isso geralmente não obtém qualquer resultado, exceto o verbalismo vazio, uma repetição de palavras pela criança, semelhante a de um papagaio, que simula um conhecimento dos conceitos correspondentes, mas que na realidade oculta um vácuo”. (VYGOTSKY, 2008, p. 104). B. Zona de Desenvolvimento Proximal Vygotsky classificou as teorias da época que relacionavam o desenvolvimento e aprendizado de crianças em três grupos, que não vem ao caso citá-los, porém afirmou que apesar de rejeitá-los foi através da análise dos mesmos que ele passou a ter uma visão mais adequada dessa relação. Para ele o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança. Como já foi citado neste trabalho, ele valorizava o que a criança aprendeu antes de chegar à escola e a partir disso passou a estudar como funciona a aprendizagem em nível escolar. Para isso ele defendeu a ideia de Zona de Desenvolvimento Proximal e a definiu como sendo à distância entre o nível de desenvolvimento real e nível de desenvolvimento potencial. Nível de desenvolvimento real é aquele em que certas funções já estão fixadas na criança, ou seja, as atividades que ela consegue realizar sozinha, de forma independente. Nível de desenvolvimento potencial é aquele em que certas funções estão em via de amadurecer e que a criança precisa do auxílio de alguém para que as atividades presentes nesse nível sejam realizadas. 8
  • 9. A zona de desenvolvimento proximal é, portanto, o caminho que o aprendizado segue para que haja o desenvolvimento, ou seja, a atividade se encontra no nível em que a criança interage com alguém mais capacitado e dessa interação começa haver o amadurecimento da atividade, das funções mentais necessárias para a sua realização, e com isso elas passam para o nível de fixação. Sendo assim, aquilo que é potencial num momento passa a ser desenvolvimento real noutro momento. Desta forma para que haja desenvolvimento o aprendizado deve ser voltado para o nível potencial, ele deve estar à frente do desenvolvimento, portanto, os dois processos não caminham juntos, o desenvolvimento é mais lento que o aprendizado. “O nosso estudo mostra que a curva do desenvolvimento não coincide com a curva do aprendizado escolar; em geral, o aprendizado precede o desenvolvimento.” (VYGOTSKY, 2008, p. 127) C. Mediação Antes da teoria de Vygotsky, defendia-se que o aprendizado se dava de forma direta, ou seja, estímulo – resposta, porém ele dá outra interpretação na forma de conceber o aprendizado usando para isso a mediação. Mediação é um processo em que ocorre a intervenção de um elemento intermediário na relação de aprendizado, e esta deixa de ser direta passando a ser mediada por esse elemento. A partir de então ele descreve o processo de aprendizado de forma indireta e afirma que “[...] o processo simples estímulo- resposta é substituído por um ato complexo, mediado, que representamos da seguinte forma”: 9
  • 10. (VYGOTSKY, 2000, p. 53). Temos, portanto, nessa relação: S é o estímulo, R é a resposta e X é o elemento mediador. O simples fato de o elemento mediador estar presente nessa relação, cria no indivíduo uma relação mais forte com o meio e seu semelhante e ao longo de seu desenvolvimento as relações mediadas tornam-se mais constantes que as relações diretas. Dentro da teoria marxista, o trabalho foi o que gerou o processo de transformação da natureza pelo homem para que este viesse suprir suas necessidades e, com isso, ele criou suas ferramentas, seus instrumentos. O trabalho não só gerou transformação na natureza como influenciou nas mudanças da sociedade e com isso o homem também passou por transformações. Fazendo uma analogia ao instrumento, pois este é usado como meio de trabalho para transformar a natureza, ele cria dois tipos de elementos mediadores: são eles os instrumentos e os signos – o signo que é usado como um instrumento na atividade psicológica – e dá grande destaque para a linguagem, pois esta forma de mediar está inserida na sociedade. Vídeo - Marta Kohl - Mediação Numa visão de aprendizagem sócio-interacionista, Vygotsky define Signos como sendo meios auxiliares que ajudam na solução de problemas que envolvem atividades de cunho psicológico, tais como lembrar, comparar, relatar, escolher, diferenciar, etc. Existe uma diferença entre instrumento e signo: instrumento serve para conduzir a influência humana sobre o objeto da atividade, é orientado externamente e produzirá mudanças no objeto, enquanto que o signo é orientado internamente 10
  • 11. para o controle do próprio indivíduo, não modifica em nada o objeto da operação psicológica. Por último conclui que tanto o uso de signos quanto o uso de instrumentos aumenta a quantidade de atividades elevando a novas funções psicológicas que irão trabalhar internamente no indivíduo, com isso a função psicológica superior pode ser colocada como uma combinação entre instrumento e signo na atividade psicológica. Numa atividade que envolve processos psicológicos superiores, as representações mentais da realidade exterior, ou seja, o uso da imaginação é o maior mediador na relação entre o ser humano e a sociedade. D. Processo de Internalização Quanto ao processo de internalização, o próprio Vygotsky cita em: A formação Social da Mente, (2000, p. 75), que a internalização é dada por uma série de transformações, tais como:  Uma operação que inicialmente representa uma atividade externa é reconstruída e começa a ocorrer internamente.  Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal.  A transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento. Portanto, podemos concluir que, o processo de internalização passa pelo uso das operações com signos e é fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico humano. A internalização se dá por meio de uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna, é interpessoal e se torna intrapessoal. Ela não é um processo de acúmulo de domínio dos vários instrumentos e sim um processo de reorganização da atividade psicológica. 11
  • 12. Educação a distância construtivismo e interacionismo A teoria do construtivismo defende que o aluno participe do processo de construção do conhecimento. “Assim, o construtivismo é uma teoria do conhecimento que engloba numa só estrutura os dois polos, o sujeito histórico e o objeto cultural, em interação recíproca, ultrapassando dialeticamente e sem cessar as construções já acabadas para satisfazer as lacunas ou carências (necessidades).” (MATUI, 1995, p. 46)  Construtivismo (Maria do Carmo Motta) Em meio a tanto fracasso Podemos mudar o passo E construir algo melhor, Melhor para minha vida Melhor para sua vida Educando e educador Hora sou um Hora o outro Ambos sempre em comunhão Refazendo a contrução Dia-a-dia sem cessar, Pois quando acreditamos Tudo podemos mudar. E Vandré já nos dizia: "... Quem sabe faz a hora, não espera acontecer" Por isso vem,vamos embora Que a hora é agora De formarmos cidadãos Construindo e transformando E cada dia melhorando, Somos seres em construção.  12
  • 13. O avanço da tecnologia acrescentou à educação a distância uma responsabilidade além da que já possuía, pois cursos foram e estão sendo transformados total ou parcialmente nessa modalidade de ensino, cabe então aos professores aproveitarem o conhecimento que possuem sobre construtivismo e interacionismo e adequarem a esse tipo de ensino. Na educação a distância não há o contato físico entre professor e aluno ou entre aluno e aluno, logo isso acontece de modo virtual usando-se as ferramentas apropriadas de comunicação. Num primeiro momento pode-se pensar que essa interação virtual seja isolada, aluno com acesso a vídeo, e-mail e textos para leitura, porém esse modelo vem passando por mudanças e mesmo virtual já há um contato mais frequente entre os envolvidos. Quanto às ferramentas da EAD, são diferenciadas com relação ao momento em que a usamos, ou seja, o aluno frente à máquina em momento determinado por ele, as ferramentas são chamadas de assíncronas, vídeos, fórum, e-mail, textos para discussão. “As ferramentas assíncronas podem revolucionar o processo de interação entre professores e estudantes, uma vez que mudam os processos tradicionais por meio dos quais essa comunicação vem se dando ao longo dos tempos.” (DACOL; LINS; MOITA, 2006, p. 3) Por outro lado, o aluno frente à máquina em momento pré-definido, pela instituição, sincronizado, as ferramentas são chamadas de síncronas, chats, vídeo/áudio-conferência. “As ferramentas síncronas, que transportam no espaço estruturas de comunicação presenciais, dão aos alunos de EAD e aos professores e instituições envolvidas, uma sensação de grupo, de comunidade. Esta sensação psicológica é importante como fator motivacional para a perseverança e continuidade do curso.” (DACOL; LINS; MOITA, 2006, p. 4) 13
  • 14. Devemos evitar que a EAD se transforme apenas num substituto dos cursos presenciais em que, na maioria das vezes, a forma de trabalhar os conteúdos é totalmente conservadora, ou seja, o aluno é apenas o receptor. Não podemos aceitar que a EAD transforme seu aluno de modo que ele veja na internet apenas uma grande biblioteca virtual para fazer suas pesquisas, uma vez que o potencial de ambos é muito grande. É preciso que o ensino a distância se transforme em aprendizagem a distância. Numa concepção construtivista/interacionista o uso da internet deve proporcionar ao aluno a construção do conhecimento por meio de atividades colaborativas ou software em que haja a interação aluno e atividade. A experiência social de cada integrante será exposta à comunidade virtual trazendo para o aprendizado uma contextualização em que o significado seja o alicerce para o novo conhecimento do grupo. Assim, num processo virtual caminhamos pela zona de desenvolvimento proximal; a interatividade entre os integrantes do grupo e ao mesmo tempo mediada pelo professor e pelas ferramentas que o sistema oferece faz com que o aprendizado saia de uma zona confortável real e avance rumo ao desenvolvimento potencial transformando os conceitos espontâneos em conceitos Figura 2 científicos. Vídeo - Marta Kohl - Vygotsky - ZDP Essa interatividade mediada ocorrida em um ambiente virtual é explicada por Lucena: “[...] a interação entre pares permeada pela linguagem (humana e da máquina), potencializa o desempenho intelectual porque força os indivíduos a reconhecer e a coordenar as perspectivas conflitantes de um problema, construindo um novo conhecimento a partir do seu nível de competência 14
  • 15. que está sendo desenvolvido dentro e sob a influência de um determinado contexto histórico-cultural”. (LUCENA apud RESENDE, 2005, p. 4) Segundo Jonassen, (apud Resende) as aplicações construtivistas por meio da tecnologia devem promover três tipos de aprendizagem, a saber: aprendizagem por exploração do uso intencional da internet, aprendizagem pela ação, usando para isso os ambientes interativos de aprendizagem e a aprendizagem pelo trabalho colaborativo com o apoio do computador. Segundo o autor com esses ambientes e ferramentas é possível que o ensino a distância ocorra de modo construtivista e interacionista. Considerações finais A s diversas correntes filosóficas tratam as situações de aprendizagem cada uma a seu modo, este texto procura expor ao leitor apenas o embrião da filosofia sócio-construtivista/interacionista aplicada a educação. Neste trabalho colocamos a disposição do leitor dois trechos da palestra de Marta Kohl sobre Vygotsky e deixamos como sugestão o vídeo na integra, cujo endereço se encontra nas referências. É certo que para o professor atuar seguindo os pressupostos dessa corrente filosófica se faz necessária uma mudança de atitude perante o aprendiz e o aprendizado. Sabemos que não é uma tarefa fácil, uma vez que muitos de nós professores não vivenciamos essa forma de aprendizado enquanto alunos, incluindo aí o ensino básico e o superior, e a tendência e a reprodução do modo como aprendemos. Com as seguidas mudanças ocorridas na sociedade, principalmente com relação ao uso da tecnologia, em que as pessoas têm ao seu alcance, por meio da internet, uma gama imensa de informação se faz necessário que a forma de trabalhar os conteúdos seja atrativa e recheada de significados, portanto mais do nunca o construtivismo e o interacionismo ganham força junto aos sistemas de educação e também as entidades de ensino superior. 15
  • 16. O presente texto também teve a intenção de mostrar ao leitor que um texto usado em EAD deve conter atrativos visuais que reforcem o seu entendimento, uma vez que o professor não está acessível para esclarecer dúvidas naquele momento e ao mesmo tempo apresentar um texto sóbrio desprovido de maquiagem desnecessária. Com relação à educação a distância, essa segue os mesmos preceitos da educação presencial e aposta nesse modo de trabalho, visto que o aluno do outro lado da rede necessita de um aprendizado, mais do que nunca, significativo e mediado por pessoas e ferramentas ou então o mesmo se sentirá “solitário” encaminhando-se para o abandono do curso. Referências ANDRADE, Adja F. de; BORDINI, Rafael H.; JAQUES, Patrícia A.; JUNG, João Luiz; VICARI, Rosa M.. Uma Proposta de Modelo Computacional de Aprendizagem à Distância Baseada na Concepção Sócio-Interacionista de Vygotsky. http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:uSd8QyWOKUUJ:scholar.go ogle.com/+ead+e+a+teoria+socio-interacionista&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1 acesso em 10/06/12. COSTA, Rosa Maria E. M. da; MARINS, Vânia. Aula 1: Design Didático. UFF – RJ, 2012. DACOL, Silvana; LINS, Rubevan Medeiros; MOITA, Márcia Helena Veleda. Interatividade na Educação a Distância. XXVI ENEGEP - Fortaleza, 2006 – http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR540364_8555.pdf – acesso em 10/06/12. RESENDE, Regina Lúcia Sartorio Marinato de. Fundamentos teórico-pedagógicos para EAD. 2005. http://www.abed.org.br/congresso2005/por/pdf/055tcb5.pdf – acesso em 10/06/12. FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Vygotsky e Bakhtin, Psicologia e Educação: Um Intertexto. São Paulo: Editora Ática, 4ª edição, 2002. http://livresensura.blogspot.com.br/2008/07/rotina-construtivista.html – acesso em 28/06/12 (figura 1). http://prjosuebrito.blogspot.com.br/2008/05/transformar-para-mudar-ousar-mudar- para.html – acesso em 28/06/12 (figura 2). 16
  • 17. http://www.pucrs.br/mj/poema-professor-6.php – acesso em 28/06/12 (Poema Construtivismo). MATUI, Jiron. Construtivismo: Teoria construtivista sócio-histórica aplicada ao ensino. São Paulo: Moderna, 1995. OLIVEIRA, Maria Helena Palma de; SILVA, Siony da. Contribuição da teoria sócio- interacionista de Vygotsky para a educação on-line. Revista Sinergia, Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo, v. 5, n. 2, julho-dezembro, 2004, p.89-94. http://www.geocities.ws/siony.silva/contri.htm – acesso em 10/06/12. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio- histórico. http://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo&feature=related – acesso em 10/06/12. VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e Linguagem. Tradução por Jefferson Luiz Camargo. 3. ed. rev. São Paulo: Martins Fontes, 2008. VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A Formação Social da Mente. Tradução por José Cipolla Neto, et al. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 17