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Ciência
22 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 28 de outubro de 2009
                                                                                                                                              Editora: Ana Paula Macedo
                                                                                                                                  anapaula.df@diariosassociados.com.br
                                                                                                                                 3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155




 Temor desvendado
             ma pesquisa do Laboratório de Neuroanatomia Quí-
                                                                               Pesquisa da USP com camundongos descobre
   U         mica do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da
             Universidade de São Paulo (USP) fez descobertas que
             ajudam a entender melhor um dos sentimentos mais
   primitivos do ser humano: o medo. O estudo, feito em camun-
   dongos, confirmou que existem mesmo dois tipos de medo e,
                                                                               que o medo inato e o adquirido ao longo da vida
                                                                               percorrem caminhos diferentes no cérebro.
   ao contrário do que se imaginava, eles trilham caminhos dife-               Estudo pode ajudar na compreensão de
   rentes no cérebro dos animais.
       De acordo com os pesquisadores, as situações que causam                 problemas como o estresse pós-traumático
   medo podem ser inatas ou apreendidas ao longo do tempo. O
   primeiro tipo existe independentemente das experiências vivi-
   das. Assim, mesmo sem nunca ter entrado em contato com um
   predador, um animal nasce “sabendo” que ele é perigoso. Ou,
   então, mesmo sem nunca termos despencado de uma grande
   altura, sentimos receio quando estamos em lugares muito altos.
       Já o medo apreendido, ou adquirido, ocorre de outra for-
   ma. Ele só existe quando passamos por uma situação traumá-
   tica. É o sentimento que se manifesta quando, após sermos
   assaltados, passamos a sentir receio de andar sozinhos, ou
   quando um animal se sente acuado na presença de seu dono,
   depois de ter sido vítima de violência por parte dele. Esse tipo
   de medo é variável de indivíduo para indivíduo e depende
   das experiências de vida.
       Até agora, a ciência acre-
   ditava que esses dois tipos de      Metabolismo
   medo percorriam caminhos
   iguais no cérebro. Entretanto,      regulado
   depois de estudar o cérebro e       O hipotálamo é uma região do
   analisar o comportamento            cérebro dos mamíferos, do
   de ratos expostos a diversos        tamanho aproximado de uma
   tipos de situações, os pesqui-      amêndoa, localizado sob o
   sadores concluíram que as           tálamo, na região central do
   áreas do cérebro ativadas pe-       cérebro. Sua função é regular o
   las diferentes modalidades          metabolismo e as atividades
   de medo são diferentes. Ape-        involuntárias do organismo,
   sar de o hipotálamo ser ati-        como a respiração, a circulação
   vado nos dois casos, os pes-        do sangue, o controle de
   quisadores viram que há re-         temperatura e a digestão.
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   diferentes situações.
       Para isso, eles submeteram os animais a situações em que
   o medo inato — no caso, a presença de gatos — e o adquirido
   — camundongos maiores e violentos — se manifestariam. O
   temor aprendido é percebido numa área cerebral chamada
   amígdala, que envia o estímulo para o hipotálamo, mais es-
   pecificamente para uma região conhecida como porção ven-
   tral do núcleo premamilar. Após lesionarem essa área e repe-
   tirem o experimento, a sensação de medo nos animais desa-
   pareceu, comprovando que a ativação da região é essencial
   para o sentimento (ver arte).
       Quando expostas à situação de medo inato, as cobaias tive-
   ram outra área do hipotálamo ativada: a região dorsal do núcleo
   premamilar. Da mesma forma, quando tiveram essa parte do
   cérebro desativada, os camundongos pararam de sentir medo.
   “Diante de uma situação de perigo iminente, o animal normal-
   mente se mantém imóvel para se proteger. Com a lesão cere-
   bral, os ratos perderam o medo e exploraram normalmente o
   ambiente em que estavam inseridos, perdendo o componente
   que chamamos de defesa passiva”, explica o coordenador do
   projeto, Newton Canteras.
       O próximo passo da pesquisa é estudar como a sensação age
   no cérebro de humanos. Atualmente, o grupo está estudando a
   matéria cinzenta periaquedutal, região que fica no mesencéfa-
   lo, entre os dois lados do cérebro, e o início da coluna verte-
   bral.“Quando essa estrutura está muito mobilizada, a pessoa re-
   lata sensação de pânico, medo iminente”, conta o cientista.
       Os pesquisadores do Laboratório de Neuroanatomia Quími-
   ca do ICB acreditam que os caminhos percorridos pelo medo
   no cérebro humano sejam diferentes dos descobertos nos ca-
   mundongos, já que nosso cérebro é bem mais complexo. Entre-
   tanto, a descoberta pode, no futuro, ajudar no tratamento de
   síndromes relacionadas ao medo. “Uma aplicação direta que
   esse tipo de estudo pode gerar, ainda que a longo prazo, é a
   compreensão das causas do estresse pós-traumático, por exem-
   plo”, conta o coordena-
   dor da pesquisa.
                                    www.correiobraziliense.com.br
   Proteção
      De acordo com a              Confira dicas sobre o que fazer quando o
   psicóloga Neuza Co-                    medo se torna prejudicial
   rassa, do Centro de Psi-
   cologia Especializado em Medos, em Curitiba, o medo, den-
   tro de certos limites, é essencial para o sucesso das ativida-
   des que executamos no dia a dia. “Ele funciona como uma
   espécie de alerta, que nos obriga a fazer as coisas com mais
   atenção. É o medo de bater o carro, por exemplo, que nos faz
   ter atenção no trânsito”, explica.
      A sensação passa a ser prejudicial quando, ao invés de
   ajudar, ela nos imobiliza. “Um bom exemplo é o medo de fa-
   lar em público. Quando ele nos paralisa ao ponto de não
   conseguirmos agir, é preciso atenção, pois pode se tratar de
   uma fobia”, explica.
      Quando o medo se torna desmedido, é hora de procurar aju-
   da. “Muitas vezes, o próprio paciente pode se conscientizar do
   problema e controlá-lo”, conta Neuza. Entretanto, se isso não
   for possível, é preciso procurar ajuda psicológica.




                                                                              CMYK

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O primeiro tipo existe independentemente das experiências vivi- das. Assim, mesmo sem nunca ter entrado em contato com um predador, um animal nasce “sabendo” que ele é perigoso. Ou, então, mesmo sem nunca termos despencado de uma grande altura, sentimos receio quando estamos em lugares muito altos. Já o medo apreendido, ou adquirido, ocorre de outra for- ma. Ele só existe quando passamos por uma situação traumá- tica. É o sentimento que se manifesta quando, após sermos assaltados, passamos a sentir receio de andar sozinhos, ou quando um animal se sente acuado na presença de seu dono, depois de ter sido vítima de violência por parte dele. Esse tipo de medo é variável de indivíduo para indivíduo e depende das experiências de vida. Até agora, a ciência acre- ditava que esses dois tipos de Metabolismo medo percorriam caminhos iguais no cérebro. Entretanto, regulado depois de estudar o cérebro e O hipotálamo é uma região do analisar o comportamento cérebro dos mamíferos, do de ratos expostos a diversos tamanho aproximado de uma tipos de situações, os pesqui- amêndoa, localizado sob o sadores concluíram que as tálamo, na região central do áreas do cérebro ativadas pe- cérebro. Sua função é regular o las diferentes modalidades metabolismo e as atividades de medo são diferentes. Ape- involuntárias do organismo, sar de o hipotálamo ser ati- como a respiração, a circulação vado nos dois casos, os pes- do sangue, o controle de quisadores viram que há re- temperatura e a digestão. giões específicas ativadas em diferentes situações. Para isso, eles submeteram os animais a situações em que o medo inato — no caso, a presença de gatos — e o adquirido — camundongos maiores e violentos — se manifestariam. O temor aprendido é percebido numa área cerebral chamada amígdala, que envia o estímulo para o hipotálamo, mais es- pecificamente para uma região conhecida como porção ven- tral do núcleo premamilar. Após lesionarem essa área e repe- tirem o experimento, a sensação de medo nos animais desa- pareceu, comprovando que a ativação da região é essencial para o sentimento (ver arte). Quando expostas à situação de medo inato, as cobaias tive- ram outra área do hipotálamo ativada: a região dorsal do núcleo premamilar. Da mesma forma, quando tiveram essa parte do cérebro desativada, os camundongos pararam de sentir medo. “Diante de uma situação de perigo iminente, o animal normal- mente se mantém imóvel para se proteger. Com a lesão cere- bral, os ratos perderam o medo e exploraram normalmente o ambiente em que estavam inseridos, perdendo o componente que chamamos de defesa passiva”, explica o coordenador do projeto, Newton Canteras. O próximo passo da pesquisa é estudar como a sensação age no cérebro de humanos. Atualmente, o grupo está estudando a matéria cinzenta periaquedutal, região que fica no mesencéfa- lo, entre os dois lados do cérebro, e o início da coluna verte- bral.“Quando essa estrutura está muito mobilizada, a pessoa re- lata sensação de pânico, medo iminente”, conta o cientista. Os pesquisadores do Laboratório de Neuroanatomia Quími- ca do ICB acreditam que os caminhos percorridos pelo medo no cérebro humano sejam diferentes dos descobertos nos ca- mundongos, já que nosso cérebro é bem mais complexo. Entre- tanto, a descoberta pode, no futuro, ajudar no tratamento de síndromes relacionadas ao medo. “Uma aplicação direta que esse tipo de estudo pode gerar, ainda que a longo prazo, é a compreensão das causas do estresse pós-traumático, por exem- plo”, conta o coordena- dor da pesquisa. www.correiobraziliense.com.br Proteção De acordo com a Confira dicas sobre o que fazer quando o psicóloga Neuza Co- medo se torna prejudicial rassa, do Centro de Psi- cologia Especializado em Medos, em Curitiba, o medo, den- tro de certos limites, é essencial para o sucesso das ativida- des que executamos no dia a dia. “Ele funciona como uma espécie de alerta, que nos obriga a fazer as coisas com mais atenção. É o medo de bater o carro, por exemplo, que nos faz ter atenção no trânsito”, explica. A sensação passa a ser prejudicial quando, ao invés de ajudar, ela nos imobiliza. “Um bom exemplo é o medo de fa- lar em público. Quando ele nos paralisa ao ponto de não conseguirmos agir, é preciso atenção, pois pode se tratar de uma fobia”, explica. Quando o medo se torna desmedido, é hora de procurar aju- da. “Muitas vezes, o próprio paciente pode se conscientizar do problema e controlá-lo”, conta Neuza. Entretanto, se isso não for possível, é preciso procurar ajuda psicológica. CMYK