Este documento discute como a advocacia e a inovação podem trabalhar juntas de forma benéfica. Aponta a necessidade de mudança na cultura organizacional dos escritórios de advocacia para que sejam mais criativos e inovadores, adotando novas tecnologias e tendo uma mentalidade aberta à mudança. Também discute como a liderança pode envolver a equipe nesse processo de transformação cultural.
2. Índice
Introdução
Advocacia x Inovação: como elas estão
trabalhando juntas
Princípios de inovação para escritórios
de advocacia
A mudança na cultura organizacional no escritório
de advocacia
Cultura atual x cultura pretendida
O envolvimento da liderança na mudança da
cultura organizacional
A importância de mudar o mindset
Tendências de tecnologia aplicada à Advocacia
Jurimetria
Inteligência Artificial
Sociedade 5.0 e Advocacia 5.0
Tendências de tecnologia aplicada
à Advocacia 5.0
Legal Design
Visual Law
Plataformas de gestão
Legal Analytics e o Direito baseado em dados
Conclusão
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3. Introdução
Vamos lá?
Nós, seres humanos, somos naturalmente criativos. Se você ainda dúvida
disso, basta olhar para uma criança e perceber o quanto ela imagina
situações e histórias. Nós também somos curiosos por natureza, e a
curiosidade é uma grande mola propulsora da inovação. Basta exercitar.
Ograndeproblemaquandofalamosdecriatividadenoambientecorporativo
é a supressão desse impulso natural. No Direito, a questão é ainda mais
grave devido ao conservadorismo que ainda permanece neste segmento.
Fato é que as empresas que limitam o exercício criativo de seus profissionais
tendem a ter prejuízos. Equipes desconectadas, obsoletas e sem motivação
se tornam comuns. O prejuízo ao desenvolvimento do negócio é certo. Mas
um novo paradigma mental para a advocacia é possível, e ele passa pela
criatividade e inovação.
Nestee-book,apontamoscomoaadvocaciaeainovaçãotrabalhamjuntas.
Há uma demanda urgente pela mudança na cultura organizacional para
que as tendências de tecnologia aplicadas ao Direito sejam consolidadas.
E para ajudá-lo nessa caminhada, deixamos uma lista de tecnologias que
você pode adotar.
4. Advocacia x Inovação: como elas
estão trabalhando juntas
Estamos em transformação. A era digital impulsionou o aparecimento de
negócios inovadores, especialmente das startups. No Direito, as
legaltechs e as lawtechs apareceram para resolver antigos problemas
jurídicos com suas novas soluções. Ao invés de barrar a criatividade
dentro das empresas, há estímulo. Ao invés de equipes ultrapassadas,
passamos a buscar profissionais inovadores.
Em outras palavras, um escritório de advocacia que passa a funcionar
sob a ótica da inovação e da criatividade se coloca no caminho do
desenvolvimento. E existem alguns princípios que podemos listar que
mostram como a advocacia e a inovação podem trabalhar juntas.
Softwares jurídicos,
jurimetria, Legal
Design, análise de
dados, inteligência
artificial. Tudo isso é
fruto da criatividade
de pessoas que
buscam inovar no
Direito. Os escritórios
que incorporam essas
tecnologias e mudam
seu mindset usufruem
dos benefícios que
sempre perseguiram:
produtividade, motiva-
ção, eficiência e resul-
tados.
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5. Princípios de inovação para
escritórios de advocacia
Gabe Teninbaum, professor da Faculdade de Direito da Universidade de
Suffolk e Professor Visitante no MIT Media Lab (Grupo de Dinâmica
Humana), publicou um White Paper pelo Thomson Reuters Legal
Executive Institute em que explica os 11 princípios de inovação para
escritórios de advocacia.
Para ele, “a inovação não é um estado de ser, é um processo de
transformar ideias novas em soluções”. O foco dos escritórios, ao
adotarem os princípios que Gabe enumera, deve ser a eficiência no
atendimento aos seus clientes. E quais são esses princípios de inovação?
Adote a melhoria dos processos e a gestão de projetos: para
melhorar os processos internos e a relação com o cliente, o
escritório de advocacia deve ter metodologias bem definidas
(Agile, Lean Six Sigma etc.), bem como profissionais
capacitados para colocá-las em prática.
Envolva os líderes em imersões de inovação: ter um diretor de
inovação (Chief Innovation Officer) é importante para tratar o
escritório de advocacia como empresa, trazer novas
abordagens para os demais decisores e liderar a empresa para
se diferenciar no mercado.
Colabore: a colaboração entre escritórios e com clientes é um
caminho para a inovação, porque há compartilhamento de
práticas e conhecimento, além de conexão com pessoas, o que
gera mudanças positivas no ecossistema de serviços jurídicos.
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6. Mantenha o que é bom: aprimorar sua atividade ao longo do
tempo é ótimo, assim como manter as práticas que já
funcionam. Para tanto, use os indicadores de performance, que
darão um bom norte sobre o que funciona ou não no negócio.
Fale sobre as suas inovações: divulgar as inovações do
escritório é uma maneira de contar aos clientes que sua
empresa trabalha dessa maneira. Por isso, faça marketing
jurídico considerando esse aspecto de sua identidade.
Mostre aos sócios ações que agreguem valor ao negócio: nada
mais é do que compartilhar informações sobre o mundo
jurídico, suas transformações e os benefícios das soluções que
podem ser adotadas no escritório.
Monitore a inovação: ficar de olho nas tendências e nos
profissionais que são expert em inovação no mercado jurídico
é fundamental, assim como enviar profissionais do escritório
para hackatons jurídicos e eventos sobre o tema.
Use dados para apoiar decisões: mensurar a atividade é a
única maneira de ver o que está funcionando no escritório. Os
KPIs (indicadores de produtividade) são grandes aliados da
inovação.
Tenha uma equipe especialista em tecnologia: como qualquer
empresa, o escritório precisa de pessoas experientes para usar
novas tecnologias e analisar dados.
Invista em pesquisa e desenvolvimento: é uma forma de
capacitar profissionais para promover as mudanças
necessárias em direção à inovação.
Pense como um designer: é basicamente aplicar o design
thinking ao Direito, e falaremos melhor sobre isso adiante.
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7. A mudança na cultura organizacional
no escritório de advocacia
Cultura Organizacional é a forma como uma empresa conduz seus
negócios e trata seus stakeholders. Ela define o perfil comportamental de
seus profissionais e, por isso, é fundamental para que o RH defina um time
coerente com a estratégia.
Em outras palavras, a cultura organizacional define práticas, políticas e
comportamentos, garantindo que todos estão em sintonia entre si e com
a organização.
Quando pensamos em cultura organizacional no escritório de advocacia,
é preciso pensar em diretrizes de comportamento. Elas devem ser
comunicadas e apresentadas no dia a dia para que todos a incorporem,
porque a cultura é intrínseca à rotina dos profissionais.
Responsabilidades, metas, processos, comunicação, valores, atitudes,
tudo é reflexo da cultura organizacional.
Exatamente por ser incorporada no dia a dia é que sua mudança é um
grande desafio. Quando o gestor jurídico se depara com maus resultados
ou com uma nova “ideologia” para a gestão, é preciso pensar na mudança
da cultura. No primeiro caso, pode ser que as diretrizes não estejam se
encaixando como um sistema. No segundo caso, pode ser um desejo por
um novo modelo de negócios.
Se ele pretende inserir a inovação como parte do modelo de negócios, é
preciso mudar a cultura organizacional. E como colocar as mudanças em
ação em prol da adoção de hábitos inovadores e criativos? A seguir,
listamos de forma simples as principais etapas que orientam a mudança:
Destacamos alguns pontos que o gestor precisa dar maior atenção.
1. Defina a mudança da cultura organizacional como prioridade;
2. Tome consciência da sua cultura atual e faça uma avaliação
dela para encontrar pontos positivos (que devem ser reforçados e
mantidos) e pontos de melhoria;
3. Trace uma nova cultura a partir de sua análise;
4. Comunique os funcionários;
5. Alinhe as lideranças;
6. Modele a nova cultura e mude de vez o paradigma mental.
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8. Cultura atual x cultura pretendida
A mudança da cultura organizacional foi definida como prioridade neste
momento do escritório. O processo é demorado e envolve todos os
profissionais, que devem ser comunicados sobre o desejo de mudança.
Mas o que será alterado? Como fazer isso?
Há gestores que preferem ter um olhar externo para compreender a
situação atual e as possibilidades de transformação. Outros escolhem
um líder no escritório que será responsável pelo processo. Seja como for,
será preciso ter uma equipe para liderar a mudança, reunindo pessoas
que participam dos processos de gestão e decisão. Esse grupo deve
compreender os valores compartilhados pelos times a partir da
observação das pessoas no ambiente de trabalho. Dialogar com elas e
entender os aspectos fortes e fracos da cultura também é fundamental.
Essas práticas são importantes para uma avaliação precisa da cultura
atual.
A partir da lista das forças e fraquezas, a equipe saberá o que deve ser
preservado, pois pode trazer mais resultados positivos. Saberá, de igual
maneira, o que não deve ser mantido, como as ações obsoletas e
tradicionais. Lembre-se de que estamos falando de criatividade e
inovação na advocacia. Então, estamos assumindo que a nova cultura
organizacional é inovadora.
Com esse panorama geral, é hora de pensar como assumir uma cultura
organizacional inovadora. Quais são os aspectos culturais de sucesso
ausentes em seu escritório? O que pode ser potencializado? Quais os
novos valores e princípios? Se você não sabe por onde começar, fica uma
dica: listamos os princípios de inovação para escritórios de advocacia.
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Que tal pensar neles neste momento?
Diante desse novo panorama, o gestor
deve pensar em comunicar as novas
ideias aos profissionais. Neste ponto, o
trabalho das lideranças será essencial.
9. O envolvimento da liderança na
mudança da cultura organizacional
A nova cultura organizacional para seu escritório de advocacia foi
traçada. A inovação é o foco e aparece em inúmeras ramificações dessa
cultura. Existem atributos principais desejáveis, e os novos valores foram
determinados. O gestor precisa, então, executar as ações de
implementação desse novo plano estratégico.
Para tanto, precisará de um envolvimento profundo da
liderança nesse processo de mudança da cultura. Afinal,
não adianta somente comunicar aos profissionais os
novos valores para que eles sejam incorporados na rotina
da organização. Para que a mudança seja bem
aceita, será preciso ter alguém para dar o
exemplo e influenciar as pessoas do
escritório.
Como pontuamos acima, o ideal é
avaliar a cultura atual com todos os
profissionais. Isso significa que eles já
fazem parte da mudança e se
manifestaram sobre os desejos da
nova cultura de inovação. Ainda que
isso tenha sido bem-feito, eles
precisam ser guiados para os
novos comportamentos e valores.
É o líder a figura responsável por
alinhar os times na nova cultura
organizacional.
Pense bem. Por mais que as pessoas tenham
sido envolvidas no processo, é certo que
algumas de suas opiniões foram contrariadas.
A unanimidade é improvável, porque somos
essencialmente diferentes. Há quem tenha
maior facilidade com as novas tecnologias,
mas há aqueles resistentes. Isso é natural.
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Mas é exatamente neste ponto que a liderança atua para que todos se
sintam parte desse novo modelo criativo. O líder é quem consegue driblar
as dificuldades que aparecem em torno da busca de soluções
inovadoras. Para tanto, deverá desenvolver um ambiente que encoraje a
nova cultura. Em outras palavras, deve adotar formas de encorajar o
pensamento criativo, tais como:
Usar técnicas efetivas de brainstorming, que conseguem
driblar a timidez e a deferência à autoridade, como é o
caso do brainwriting (escrever ideias de maneira anônima,
trocar papéis e desenvolver as ideias dos outros);
Evitar o chamado micro gerenciamento, que inibe o
pensamento criativo, pois tira dos advogados o espaço e
a liberdade para pensarem em inovar;
Liderar pelo exemplo, apresentando suas próprias ideias,
correndo riscos e reconhecendo o pensamento
diferenciado;
Entender que as falhas podem levar a produtos
inovadores e a novas ideias.
Relevar as falhas e acolher a equipe neste sentido para
que ela não se sinta com medo de inovar, pois a tentativa
de inovação depende do risco e, possivelmente, de falhar;
Promover a confiança mútua com sua equipe, motivando
o pensamento criativo, o que demanda assumir um certo
risco;
Incentive os momentos individuais dos advogados, em
que podem trabalhar suas ideias e seu projetos
preferidos;
11. A importância de mudar o mindset
Mindset é o paradigma mental dominante. É o modelo mental que guia as
atividades de uma empresa, de uma pessoa, de uma sociedade. Seu
escritório de advocacia, por exemplo, é um mero reflexo do paradigma
mental que você sustenta e repassa à equipe. E qual a base do seu
mindset?
Escritórios de advocacia criativos têm a inovação como base do
paradigma mental. Há tolerância ao risco, envolvimento da liderança,
colaboração entre profissionais, clientes e escritórios e adoção de
tecnologias inteligentes. Tudo pensando em prestar um serviço excelente
ao cliente, com boa resolução dos problemas. Se esse é o seu mindset,
ótimo.
No entanto, nem sempre vemos isso nos escritórios. A mudança para um
paradigma mental voltado à inovação faz parte da mudança
organizacional orientada à criatividade. Afinal, sua equipe deve adotar
ações e ferramentas coerentes para o destino que se quer chegar.
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E já que falamos em
prestar um serviço de
excelência ao cliente,
lembre-se de que seu
mindset deve ser
criativo e inovador,
mas sempre se
orientar para este fim.
É preciso entregar
valor ao cliente em
todas as etapas do
trabalho, desde a
recepção até a
entrega de resultado.
12. Tendências de tecnologia
aplicada à Advocacia
A era digital vem impulsionando o aparecimento de negócios inovadores
no Direito. Ainda que o segmento seja tradicional e ofereça maior
resistência, as soluções passaram a ser adotadas pelos escritórios e
departamentos jurídicos com maior frequência. O processo é lento, se
comparado a outros setores, mas está em curso. A desconfiança por
parte do mundo jurídico quanto à tecnologia aplicada à área está sendo
superada.
Um dos motivos para isso são os profissionais que se propõem à
inovação. Eles têm clareza de que a tecnologia vem para somar, e não
para substituir. Ou você sdde imagina atualmente sem processo
eletrônico, certificado digital, automação de documentos, ferramentas de
descoberta eletrônica, comunicação, colaboração e pesquisa legal?
Gerir um escritório sem um software jurídico passou a ser uma tarefa
árdua.
Mas essas ferramentas são só o início da transformação digital no Direito.
Há muitas tendências na área, especialmente com o aprimoramento da
relação dos advogados com a tecnologia jurídica.
É o que demonstra o relatório “Wolters Kluwer 2020 - Os advogados de
frente para o futuro”, que avaliou as perspectivas do setor para os
próximos anos. O estudo colheu opiniões de 700 profissionais jurídicos
nos Estados Unidos e em 9 países da Europa. Inicialmente, os
entrevistados apontaram como tendências em serviços jurídicos
corporativos a melhoria das operações jurídicas e a gestão de projetos
jurídicos. No mesmo sentido, a redução e o controle dos custos jurídicos
externos e a necessidade de agregar valor estratégico.
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13. Os dados do relatório trazem dados que nos fazem refletir sobre a
relação dos advogados com a inovação e com a tecnologia:
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Pensando neste
contexto futuro, em
que a tecnologia guiará
a gestão jurídica,
apontamos a seguir
algumas tendências
para a advocacia.
dos escritórios consideram a
tecnologia jurídica como
tendência principal para
prestar serviços; dos advogados acreditam
que seus escritórios estão
altamente preparados
para fazer face às
tendências em serviços
jurídicos;
dos escritórios de
advocacia entendem
que estão preparados
para responder às
mudanças tecnológicas.
esperam fazer mudanças
com ênfase em inovação;
14. Jurimetria
Em uma definição genérica, jurimetria é a estatística aplicada ao Direito.
Essa ferramenta identifica padrões e tendências e é capaz de prever
comportamentos.
De acordo com a Associação Brasileira de Jurimetria, essa definição
genérica não aborda aspectos práticos importantes. Para a ABJ, fazer
jurimetria é buscar “dar concretude às normas e instituições, situando no
tempo e no espaço os processos, os juízes, as decisões, as sentenças, os
tribunais, as partes etc”. Em outras palavras, é enxergar o Judiciário como
gerador de dados que descrevem o funcionamento do sistema.
A Associação dá um exemplo esclarecedor sobre a aplicação da
jurimetria:
Se o jurista pergunta:
“Devemos começar o cumprimento de pena
em segunda instância?”,
o jurimetrista perguntará:
“Em quantos casos isso seria injusto?”.
Se o tribunal questiona:
“Qual tipo de processo é mais complicado?”,
o jurimetrista perguntará:
“Qual é o tipo de processo que demora mais?”.
Se o advogado pergunta :
“Em quanto indenizar-se-á o dano moral?”,
o jurimetrista perguntará:
“Quanto se pagou em casos similares?”.
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Diante de questionamentos
quantitativos, o jurimetrista se
utiliza de metodologias estatísticas,
mas não somente. Há várias
abordagens jurimétricas, e o
importante é ter em mente a
concretude e a transparência na
manipulação dos dados. Na prática,
é possível utilizar a jurimetria para
analisar de forma descritiva e
aprofundada o direito a partir do
cruzamento de dados a respeito de
tal matéria. Um bom exemplo é sua
aplicação na forma de um
magistrado sentenciar a respeito
de um tema. Com a ferramenta,
presume-se os possíveis resultados
daquele processo, o valor razoável
a se ganhar ou pagar e as
abordagens mais aceitas.
Da mesma forma que você pode
utilizar a jurimetria para analisar os
dados públicos, pode utilizar para a
análise detalhada de seus próprios
dados jurídicos. Com tantas
possibilidades, é possível traçar um
panorama comparativo do seu
escritório com a realidade jurídica
de concorrentes, juízes, comarcas,
tipos de pedidos e outros dados.
Assim, podemos dizer que a
aplicação da jurimetria traz
subsídios valiosos para a atuação
dos advogados e dos gestores. E a
boa notícia é que um bom software
jurídico é capaz de cruzar dados de
processos para indicar padrões,
auxiliando na tomada de decisões
estratégicas.
16. Inteligência Artificial
A inteligência artificial (IA) aplicada à advocacia já não é novidade, uma
vez que os escritórios utilizam softwares jurídicos. Muitas funcionalidades
desta ferramenta se baseiam em IA, especificamente em machine
learning.
Machine Learning (aprendizado da máquina) é uma solução que utiliza
algoritmos para coletar dados e determinar ou prever algo. O
aprendizado constante da máquina a possibilita raciocinar de forma
semelhante à mente humana.
Na advocacia, são os softwares de pesquisa, que reúne, identificam e
abstraem argumentos, conceitos e leis para o uso em petições. A
aplicação da ferramenta também permite o advogado analisar
documentos, artigos, doutrina, jurisprudência e legislação, por exemplo.
Ao realizar a pesquisa jurídica, a máquina dá ao advogado mais tempo
para se dedicar a tarefas estratégicas.
Veja a seguir outras tendências de tecnologia aplicadas à advocacia que
se baseiam em IA:
Smart contracts: contratos com cláusulas
autoexecutáveis que se implementam quando
acontecem as condições pré-determinadas.
Robôs de automação: muito comum em softwares
jurídicos, fazem captura e cadastro de dados
automaticamente.
Mineração de dados: extração de dados a partir da
leitura automática de documentos.
Chatbot: robô de comunicação automatizada que aprimora o
relacionamento com o cliente. Ele interage com o interlocutor no primeiro
momento, fazendo com que o cliente chegue mais pronto para o
advogado. É bastante comum em páginas de Facebook, mas também
utilizado nos sites dos escritórios.
Revisão contratual: conhecida devido à plataforma LawGeex, a revisão
contratual feita por IA entrega a escritórios e departamentos jurídicos um
relatório detalhado sobre os contratos, indicando inclusive as cláusulas
omissas ou que exigem revisão.
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17. Sociedade 5.0 e Advocacia 5.0
Você já ouviu falar no conceito de Sociedade 5.0? Ele foi apresentado
pelo Conselho de Ciência, Tecnologia e Inovação (CSTI) do governo
japonês em 2016, no lançamento do 5º Plano Básico de Ciência e
Tecnologia. Neste plano básico, a ideia central é utilizar as tecnologias da
Indústria 4.0 em prol da convergência com o fim de atender às
necessidades humanas e resolver os problemas sociais.
Ou seja, a sociedade 5.0. utiliza criatividade e inovação para pensar
serviços centrados no ser humano. Por este motivo, damos destaque à
necessidade da mudança na cultura organizacional e no mindset para
esse olhar inovador. Criatividade e inovação são o futuro da advocacia e
do modelo gestão para advogados dessa nova sociedade.
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Pensar na Advocacia 5.0 é então dar foco
total ao ser humano e a suas necessidades. A
mentalidade do mundo digital, suas formas
de resolução de problemas e geração de
valor devem ser consideradas. Nada de
mentalidade jurídica conservadora e
tradicional, que é essencialmente vertical,
hierárquica, formalista e padronizada! A
nova mentalidade é baseada em
diversidade, descentralização,
horizontalidade e sustentabilidade. É
inovadora!
Neste contexto, aparece a
necessidade de dar novos usos para as
tecnologias aplicadas ao mercado jurídico.
Utilizar suas funcionalidades ao máximo
para ter maior produtividade continua
sendo necessário. Mas a conduta deve se
voltar às relações interpessoais para
promover a interação e o senso de
conexão social. É a ética aliada à
tecnologia e o fortalecimento das soft skills.
18. Tendências de tecnologia aplicada
à Advocacia 5.0
Legal Design
Imagine que você pode resolver o problema de determinado cliente com
a judicialização ou por meio de um acordo. Em termos objetivos
(financeiros), a primeira opção é bem melhor para seu negócio e para o
cliente. Em termos subjetivos, percebe-se que o acordo, ainda que menos
vantajoso financeiramente, é uma oportunidade para que o cliente
mantenha ou retome os vínculos afetivos com a outra parte.
À primeira vista, o acordo parece mais interessante. No entanto, seu
escritório aplicou a jurimetria e a inteligência artificial para analisar as
probabilidades de êxito de uma demanda com aquele juiz naquela
comarca. A partir da análise de dados, que você apresenta ao cliente,
optam por fazer o acordo. Obter essas respostas para orientar melhor o
cliente foi fundamental para que ele tivesse segurança no acordo.
O que acontece nessa situação? A tecnologia e o advogado a serviço das
pessoas. Isso é Advocacia 5.0. O uso de tecnologias inteligentes, como as
que apresentamos a seguir, são tendências desse novo modelo de
advocacia.
Aplicar conceitos de design e no componente humano dos problemas
para prevenir ou resolver questões jurídicas. Isso é Legal Design (LD), que
nada mais é do que a aplicação do Design Thinking ao ramo jurídico.
De acordo com Margareth Hagan, professora da Universidade de
Stanford e autora do livro Law by Design, Legal Design é a “aplicação do
design centrado no ser humano ao mundo do Direito para tornar os
sistemas e serviços jurídicos mais centrados no ser humano, utilizáveis e
satisfatórios”. Em outras palavras, tornar o sistema jurídico mais amigável
a partir da ótica dos usuários da lei (cidadãos e empresas), e não pela
ótica dos operadores.
Um exemplo simples da aplicação do Legal Design é a exigência de avisos
de privacidade que a LGPD trouxe. Esses avisos devem aparecer com
linguagem clara e simples, ser transparentes e objetivos. Isso porque o
foco está no usuário, e não no operador do Direito.
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19. Veja a seguir algumas características interessantes do Legal Design que
merecem destaque:
A abordagem pode beneficiar a relação
com o cliente, pois torna o Direito
acessível e aproxima as partes envolvida,
possibilitando a construção de soluções
mais ágeis, produtivas e lucrativas;
O Legal Design pode ser aplicado em
muitas áreas do escritório de advocacia,
como redução de custos, tomadas de
decisão e gestão do conhecimento;
Existem 3 pilares fundamentais do Legal
Design: usabilidade, utilidade e
engajamento;
O foco do LD é simplificar a interação do
usuário com questões jurídicas.
E como implementar o Legal Design? Por ser centrada no usuário, você
deve compreender as reais necessidades de seus clientes. Lembre-se de
que criatividade e inovação devem estar a serviço do usuário final. Isso
envolve acolhimento e escuta atenta.
Com isso em mente, o caminho para implementar o LD é reunir grupos
multidisciplinares para colaborar. Esse grupo busca definir um problema
relevante para o usuário do serviço jurídico. Trabalhando a empatia,
entende-se seu perfil e busca-se soluções mais adequadas que possam
trazer o melhor resultado para aquela pessoa.
Em seguida, ocorre a reunião do grupo para materializar a ideia para
testá-la com o usuário. Essa ideia pode ser uma forma de redigir um
documento, a realização do atendimento ao cliente ou a implementação
de uma tecnologia.
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20. Considerando isso, pense na implementação em 6 etapas:
Perceba que a essência desse processo humano focado em inovação é o
ser humano, o usuário do serviço jurídico. A partir do momento em que há
ênfase na colaboração, na observação e no aprendizado rápido, há
mudança na própria estratégia de negócios.
Por isso, mais uma vez, ressaltamos a importância da mudança de cultura
organizacional e de paradigma mental.
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Observação e pesquisa: entrevista dos envolvidos
sob a ótica da empatia, possibilitando a
convergência de olhares;
Ponto de vista: com os dados sobre a
compreensão do problema, o pensamento
converge;
Ideação: a pesquisa é transformada em diretrizes
e soluções possíveis;
Prototipagem: as ideias são colocadas em um
plano concreto, em protótipos que podem medir
as percepções sobre a solução pensada;
Teste ou validação das ideias: testes de hipóteses
e protótipos são feitos para que se valide as ideias;
Interação: a partir de feedbacks da etapa de
testes, é possível adaptar o modelo para
encontrar a melhor solução.
21. Visual Law
Ainda na ideia do Legal Design, aparece o Visual Law, que é uma maneira
de conduzir esse processo. O foco do Visual Law é utilizar a imagem para
promover a interação dos usuários com documentos jurídicos (petições,
contratos e pareceres).
Em outras palavras, a informação jurídica deve ser acessível a qualquer
pessoa. Para isso, é fundamental utilizar:
Fluxogramas;
Linhas do tempo;
Bullet points;
Infográficos;
Vídeos e outros recursos visuais.
Quando bem utilizados, esses recursos transformam a mensagem
jurídica em um texto claro e compreensível. Não só pelo aspecto de ter
imagens e gráficos, mas também pela leveza do texto, pelo espaçamento
e pelo uso de termos e expressões claras, a fontes maiores. Tornar o
Direito Visual é uma grande tendência das tecnologias da Advocacia 5.0
porque cumpre o propósito de colocar o ser humano no centro.
Plataformas de gestão
As atividades na advocacia podem ser divididas entre mecânicas e
intelectuais. Há alguns anos, começaram a surgir tendências de novas
tecnologias para escritórios. Parecia um sonho ter uma plataforma de
gestão completa, que gerencia prazos, processos e pessoas.
Mas, felizmente, os softwares jurídicos se tornaram realidade e
assumiram as tarefas burocráticas na advocacia.
Mas por que então estamos falando das plataformas de gestão como
tendências de tecnologia? Porque o foco dessas ferramentas agora é ser
cada vez mais completas e eficientes. Já sabemos que, com ela, é
possível fazer toda a gestão do escritório de qualquer lugar, caso seja
baseada em nuvem.
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Veja o exemplo do CPJ-3C, software jurídico da Preâmbulo Tech, o mais
utilizado do Brasil.
Ele conta com:
Inteligência Artificial para classificação de publicação;
CPJ-Capture (captura dos andamentos dos tribunais);
Alto desempenho e alto nível de parametrização;
Ferramenta na nuvem ou em servidor próprio;
Controladoria automatizada com Workflow;
Financeiro integrado ao processual;
CPJ-Connect.
É possível, ainda, complementar a gestão do escritório com robôs de
automação, plataforma de acordos online, publicações jurídicas,
CPJ-Analytics, andamento processual, monitoramento da distribuição de
novas ações e descoberta de processos.
No entanto, pensamos no software como tendência, porque é preciso
pensar seu uso com o mindset de criatividade e inovação. Tudo para
atender aos clientes da melhor maneira possível, uma vez que o foco em
pessoas é o cerne da advocacia 5.0.
O CPJ-Connect, por exemplo, permite a consulta no smartphone de
dados do CPJ-3C, como cadastros, tramitações, documentos, agendas e
dashboards com os principais indicadores do escritório. A funcionalidade
ajuda o advogado a ter um canal direto com o cliente por meio de uma
área exclusiva. Eles podem consultar informações de processos
(informações básicas, agenda de audiências e documentos) a qualquer
hora e lugar.
Essa é uma das maiores dores dos clientes da advocacia. Lembra que
falamos da necessidade de criar soluções inovadoras para resolver
problemas antigos? É exatamente essa a proposta do CPJ-3C com o CPJ
Connect: atendimento eficiente, de excelência e personalizado.
23. Legal Analytics e o Direito
baseado em dados
Qual o volume de dados do seu escritório de advocacia? Com o advento
da era digital, passamos a lidar com Big Data Jurídico (grandes bases de
dados de processos judiciais), alimentada por robôs de automação dos
softwares. Sua função primeira é subsidiar os serviços e as decisões das
diversas áreas do escritório. Mas dados precisam ser consolidados e
interpretados para ter sentido, certo?
Neste contexto, aparece a ciência de dados (“Data Science”) aplicada ao
Direito como uma grande tendência da Advocacia 5.0. Existem
informações “escondidas” nos dados que podem melhorar as
percepções e as tomadas de decisões. Para encontrá-las, é preciso ter
uma visão mais apurada sobre dados.
Um advogado que consegue interpretar os dados melhora seu trabalho e
toma decisões assertivas, que não são baseadas apenas em achismos.
Felizmente, os softwares jurídicos conseguem ajudá-lo nesta função que
tem um nome específico: Legal Analytics.
Legal Analytics é aplicar dados aos negócios jurídicos por meio de
inteligência artificial e machine learning. Em outras palavras, é aplicar
Business Intelligence (BI) no Direito para classificar grandes quantidades
de dados e municiar os profissionais com insights.
A análise de documentos, leis, decisões judiciais e dados de
gerenciamento interno permite a descoberta de padrões e tendências.
Isso se parece com algo do qual já falamos, certo?
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24. De fato, é. Uma das aplicações do Legal Analytics é a jurimetria. Mas não é
a única. É possível enxergar o Direito baseado em dados em outros
aspectos, como:
Pensar nos insights relevantes e úteis para seu negócio ou para
certa demanda do cliente (processo judicial ou administrativo,
acordo);
Definir o objetivo ao adotar uma ferramenta, como esses que
apontamos (marketing, pesquisa etc.);
Identificar os dados que quer monitorar e escolher o fornecedor da
tecnologia;
Fazer testes das ferramentas com algumas ações judiciais para
compreender o uso;
Separar as práticas de maior desempenho e estudar práticas
pouco assertivas.
Com o uso de ferramentas de Legal Analytics, o escritório passa a adotar
uma gestão baseada em dados, não em achismos. Com os insights
certos para a tomada de decisões, é mais seguro aplicar a Advocacia 5.0,
porque estão sempre resguardados por informações. Isso reduz a
margem de erro da atuação do escritório, além de conferir mais
produtividade.
E se as estratégias para ações judiciais e casos de clientes são mais
seguras, há maior chance de conquistar e fidelizar mais clientes. É um
ótimo negócio, sem dúvidas.
Um ponto fundamental para aplicar o Legal Analytics, porém, é a escolha
das ferramentas para análise de dados. O gestor do escritório deve:
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Marketing: ajuda na compreensão do cliente ideal, a
posição do negócio em relação ao mercado e aos
concorrentes, e outros pontos.
Insights de negócios: com uma ferramenta de
monitoramento de KPIs e outras métricas importantes,
contribui-se para o crescimento do negócio jurídico.
Informações eletrônicas: as ferramentas vasculham
documentos de forma automatizada e trazem insights
valiosos aos profissionais.
Pesquisa jurídica: as ferramentas podem identificar
precedentes ou normas para dar vantagem aos
advogados no tribunal.
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25. Conclusão
A criatividade e a inovação no Direito causaram o aparecimento de
Legaltechs e Lawtechs, que resolvem antigos problemas com novas
soluções. Quando pensamos na advocacia, vemos grande possibilidade
de adoção desse novo paradigma mental a partir da aplicação dos
princípios de inovação para escritórios.
No entanto, para transformar ideias novas em solução é preciso preparar
o terreno. A mudança na cultura organizacional e do mindset
conservador é fundamental para termos uma advocacia criativa e
inovadora. Com o envolvimento das lideranças, essa transformação se
torna possível. Não só possível, como palpável, porque muitas tendências
de tecnologia que atendem a estes conceitos já são adotadas no
escritório. É o caso da inteligência artificial e da jurimetria, presente em
muitos softwares jurídicos.
Mas não basta utilizar as tecnologias. A partir do momento em que nos
guiamos para uma advocacia inovadora e criativa, devemos centrar
nossas ações no ser humano. É a Advocacia 5.0, que usa a tecnologia e o
Direito a favor das pessoas.
Neste contexto, aparece o Legal Design e o Visual Law, o uso de
plataformas de gestão mais completas e com funcionalidades voltadas
às pessoas, e o Legal Analytics. Utilizar essas tecnologias, atualmente, é
um salto de competitividade, sem dúvidas. Mas, mais do que isso, é pensar
em um serviço jurídico de excelência amigável para o cliente, com foco
total em sua satisfação. É assim que os negócios jurídicos sobrevivem!
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