Este documento discute a sexualidade humana de três perspectivas: (1) o que é a sexualidade segundo o Catecismo; (2) como a sexualidade é vivida no mundo de forma materialista; (3) a proposta da Igreja de viver a sexualidade de forma casta.
Sexualidade e a forma como o jovem catOlico a deve encarar
1. Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro
Sector de Formação
"Com(o) Maria, para a Vida e pela Vida"
A SEXUALIDADE E
A FORMA COMO O JOVEM CATÓLICO A DEVE ENCARAR
Formação da Reunião de 22.02.2014
Retomando o programa de formação proposto para este Ano Pastoral, propomos uma
reflexão sobre a sexualidade e consequente resposta e vivência católica da mesma.
Assim, vamos tratar desta questão abordando os seguintes pontos:
- O que é a sexualidade?
- A sexualidade no Mundo; e
- A sexualidade cristã: a Castidade e o Pudor.
O QUE É A SEXUALIDADE?
O Catecismo apresenta sexualidade como algo que “afecta todos os aspectos da pessoa
humana, na unidade do seu corpo e da sua alma. Diz respeito particularmente à
afectividade, à capacidade de amar e de procriar, e, de um modo mais geral, à aptidão
para criar laços de comunhão com outrem.” (2332) Assim, compreende-se a sexualidade
como algo transversal a toda a existência e vivência do homem, sobretudo no tracto
com todos os seus semelhantes e não apenas o que diz respeito à relação íntima entre
homem e mulher.
A SEXUALIDADE NO MUNDO
Importa agora olharmos o modo como a sexualidade é vivida no mundo. O Beato João
Paulo II, na sua encíclica Evangelium Vitae apresenta um retracto rigoroso sobre esta
questão:
“Sempre no mesmo horizonte cultural, o corpo deixa de ser visto como realidade
tipicamente pessoal, sinal e lugar da relação com os outros, com Deus e com o mundo.
Fica reduzido à dimensão puramente material: é um simples complexo de órgãos,
funções e energias, que há-de ser usado segundo critérios de mero prazer e eficiência.
Consequentemente, também a sexualidade fica despersonalizada e instrumentalizada:
em lugar de ser sinal, lugar e linguagem do amor, ou seja, do dom de si e do
acolhimento do outro na riqueza global da pessoa, torna-se cada vez mais ocasião e
instrumento de afirmação do próprio eu e de satisfação egoísta dos próprios desejos e
instintos. Deste modo se deforma e falsifica o conteúdo original da sexualidade
humana, e os seus dois significados — unitivo e procriativo —, inerentes à própria
natureza do acto conjugal, acabam artificialmente separados: assim a união é
2. atraiçoada e a fecundidade fica sujeita ao arbítrio do homem e da mulher. A geração
torna-se, então, o «inimigo» a evitar no exercício da sexualidade: se aceite, é-o apenas
porque exprime o próprio desejo ou mesmo a determinação de ter o filho «a todo o
custo», e não já porque significa total acolhimento do outro e, por conseguinte,
abertura à riqueza de vida que o filho é portador.
Na perspectiva materialista até aqui descrita, as relações interpessoais experimentam
um grave empobrecimento. E os primeiros a sofrerem os danos são a mulher, a criança,
o enfermo ou atribulado, o idoso. O critério próprio da dignidade pessoal — isto é, o
do respeito, do altruísmo e do serviço — é substituído pelo critério da eficiência, do
funcional e da utilidade: o outro é apreciado não por aquilo que «é», mas por aquilo
que «tem, faz e rende». É a supremacia do mais forte sobre o mais fraco.” (23)
Como vemos e sabemos, o mundo usa e abusa da sexualidade humana muito para além
dos seus dois objectivos apresentados: o unitivo, que tem em vista o fortalecimento e
aperfeiçoamento das relações humanas; e o procriativo, que pretende cumprimento do
mandato de Deus aos primeiros pais de fazer crescer a multiplicar a raça humana pela
face da terra.
A SEXUALIDADE CRISTÃ: A CASTIDADE
O Catecismo aponta, então alguns pontos de reflexão sobre a vivência da sexualidade
cristã:
“Compete a cada um, homem e mulher, reconhecer e aceitar a sua identidade sexual.
A diferença e a complementaridade físicas, morais e espirituais orientam-se para os
bens do matrimónio e para o progresso da vida familiar. A harmonia do casal e da
sociedade depende, em parte, da maneira como são vividos, entre os sexos, a
complementaridade, a necessidade mútua e o apoio recíproco.
«Ao criar o ser humano homem e mulher, Deus conferiu a dignidade pessoal, de igual
modo ao homem e à mulher». «O homem é uma pessoa; e isso na mesma medida para
o homem e para a mulher, porque ambos são criados à imagem e semelhança dum
Deus pessoal».
Cada um dos dois sexos é, com igual dignidade, embora de modo diferente, imagem do
poder e da ternura de Deus. A união do homem e da mulher no matrimónio é um modo
de imitar na carne a generosidade e a fecundidade do Criador: «O homem deixará o
seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne» (Gn 2, 24).
Desta união procedem todas as gerações humanas.” (2333-2335)
De facto, esta é a reflexão e a proposta apresenta pela Igreja: uma vida de castidade.
Esta “significa a integração conseguida da sexualidade na pessoa, e daí a unidade
interior do homem no seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na qual se exprime
a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e
verdadeiramente humana quando integrada na relação de pessoa a pessoa, no dom
mútuo total e temporalmente ilimitado, do homem e da mulher.” (2337)
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3. Como é fácil de compreender, a Igreja depara-se com algumas dificuldades para
responder ao que hoje se vive na sociedade. Enquanto jovens cristãos, o nosso dever é,
com amor, ouvir o que a Igreja nos propõe e, na medida da nossas capacidades, lutar
para viver de acordo com a proposta. Também para dar resposta a esta situação, o Papa
Francisco convocou o Sínodo dos Bispos sobre a questão da família que, esperamos,
terá respostas actuais para iluminar esta questão.
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