2. Eram sete, Sete Quedas catarinas a correr...
Arco-íris feito água em mil saias de filó...
Sete notas dançarinas: Si Lá Sol Fá Mi Ré Dó.
3. Eram sete, Sete Quedas e sete anões brincalhões - cambalhotas de
ternura banhos de espuma e luar - Tudo Assim continuaria...
Mas vejam só o que aconteceu à plena luz do dia:
4.
5. Fortes estrondos
estremeceram a terra
e aterrorizados tremeram
Quedas, cores e anões
Quedas cores e anões
Quedas cores e anões
Quedas cores e anões
6.
7. O motivo de tanto medo
ninguém ao certo sabia...
Seria ogro ou trovão
quem trovejava ou grunhia?
Seria britadeira ou trator
O que a terra
Estremecia?
8.
9. No meio da fumaceira,
no meio de tanto pó
o tal bicho, coisa ou gente
surgiu com fúria de furacão,
bafo quente de dinamite,
força de ogro e jeito de dragão
10.
11. O dragão, que por tal nome
passou a ser conhecido,
cercava as Quedas de armadilhas
cavava túneis e labirintos
embaixo da terra,
onde sete celas capturariam
as Sete Quedas.
12.
13. Eram sete, Sete Quedas
lamentando seu destino
arco-íris feito pranto
ondulado de pavor
Eram sete, Sete Quedas
com sete dias contados
de música, cor e sol.
14.
15. Eram sete, sete anões
em plena luta amada
- com mãos de espuma
e uma lua cheia assustada -
contra o dragão que queria
somente para si... as Sete Quedas
bem enterradas.
16.
17. Chegou o dia tão aguardado
pelo dragão invasor.
As sete celas embaixo da terra
ficaram prontas a espera...
das Sete Quedas que acorrentadas
e à viva força arrastadas
por sete chaves foram chaveadas.
18.
19. As Sete Quedas enclausuradas
uniram prantos
e choraram tanto, de forma tal,
que a própria terra
morta de tristeza comoveu-se toda
e novamente
em convulsões
Estremeceu.
20. Eram sete, Sete
Quedas
que nunca mais
viram o sol,
Sete Quedas
afogadas
que a mão de aço
do dragão prendeu.
Sete poços de
pranto
que a região toda
alagou.
21. O tal dragão que nunca soube
olhar firme para o chão,
foi visto afundar por inteiro,
com sete chaves na mão
numa das fendas profundas,
que a terra violentada
abriu.
22.
23. Eram sete, sete anões
que partiram sem nenhum rumo...
Pé por pé, passo a passo,
pensando alto...desapressando o passo.
Eram seresteiros dos sete ventos
que marcavam o descompasso
do pensar alto e o lento passo.
24.
25. O lamento dos sete anões,
o vento por onde foi espalhou.
E os sete cantos do mundo
hoje comentam também,
a história das Sete Quedas
que os sete anões queriam bem:
Eram sete, Sete Quedas...
26.
27. Referência
KIRINUS, G. Sete quedas, sete anões e
um dragão. Curitiba: Editora Braga, 1997.