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• A Revolta ou Sedição de Juazeiro foi um confronto ocorrido em 1914
entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela
interferência do poder central na política estadual nas primeiras
décadas do século XX. Ocorreu no sertão do Cariri, interior do Ceará,
em reação à interferência do poder central contra a política do
coronelismo. Sob a liderança de Floro Bartolomeu e do padre Cícero
Romão Batista, um exército de jagunços derrotou as forças do governo
federal, depondo Franco Rabelo.
• Após a revolta, padre Cícero sofreu retaliações políticas e foi
excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920.
Entretanto, permaneceu como eminência parda da política cearense por
mais de uma década e não perdeu sua influência sobre a população
camponesa, que passou a venerá-lo como santo e profeta. Em Juazeiro
do Norte, um enorme monumento erguido em sua homenagem atrai,
todos os anos, multidões de peregrinos.
Origem
• Com o intuito de conter seus opositores, o presidente Hermes da
Fonseca criou a política das salvações que consistia em promover
intervenção federal nos estados evitando que oposicionistas fossem
eleitos para o governo estadual. O marechal Hermes da Fonseca
decidiu intervir no estado do Ceará com objetivo de neutralizar o
poder das oligarquias mais poderosas da região, que estavam sob
controle do senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, um
político com muita influência sobre os coronéis do Norte e
Nordeste brasileiro.
• Eleito intendente (prefeito) de Juazeiro em 1911, padre Cícero
envolveu-se na disputa com o presidente Hermes da Fonseca para
manter no poder regional a família Acioly. Em 1912, a interveção
federal no Ceará derrubou do poder a família Acioly, sendo
nomeado interventor o coronel Marcos Franco Rabelo, havendo
eleição apenas para o cargo de vice-governador, na qual padre
Cícero Romão Batista foi eleito, acumulando também o cargo de
intendente de Juazeiro do Norte. Naquela época, o padre Cícero já
era conhecido no sertão nordestino por ser considerado um homem
santo e "fazedor de milagres". Chamavam-no de "Padim Ciço".
• Em 1914 Franco Rabelo rompeu com o Partido Republicano
Conservador (PRC), e iniciou uma perseguição a Padre Cícero,
destituindo-o dos cargos que exercia e ordenando a prisão do
sacerdote.
• O deputado federal Floro Bartolomeu, aliado de Pinheiro Machado,
montou um batalhão para defender Padre Cícero, seu amigo
pessoal. O grupo era formado por jagunços e romeiros, era a união
da força de Floro com o carisma de Cícero.
O conflito
• Quando os soldados de Franco Rabelo chegaram a Juazeiro do
Norte se depararam com uma situação inusitada: em apenas uma
semana, os romeiros cavaram um valado de nove quilômetros de
extensão cercando toda a cidade e ergueram uma muralha de pedra
na colina do Horto. A fortificação recebeu o nome de "Círculo da
Mãe de Deus". O batalhão, ao ver que seria impossível romper o
círculo, recuou e pediu reforços.
• As forças estaduais retornaram à cidade do Crato e pediram
reforços para destruir o Círculo. Franco Rabelo enviou mais
soldados e um canhão para invadir Juazeiro do Norte. No entanto,
o canhão falhou e as forças rabelistas foram facilmente derrotadas
pelos revoltosos.
• Após expulsar os invasores, Floro Bartolomeu parte para o Rio de
Janeiro a fim de conseguir aliados. Os revoltosos seguem para
Fortaleza com o objetivo de derrubar o governador.
• Na capital federal, Floro consegue o apoio do senador Pinheiro
Machado. Quando as forças juazeirenses chegam a Fortaleza, uma
esquadra da Marinha impôs um bloqueio marítimo na orla
fortalezense. Cercado, Franco Rabelo não teve como reagir e foi
deposto.
• Hermes da Fonseca nomeou interinamente Fernando Setembrino
de Carvalho, enquanto novas eleições foram convocadas. Benjamin
Liberato Barroso foi eleito governador e Padre Cícero vice
novamente.
Bibliografia
• SOUSA, Anildomá Willans - Lampião: Nem herói nem bandido... A
história. Serra Talhada: GDM Gráfica, 2006.
• TAVARES NEVES, Napoleão - Cariri: ninho da história regional,
berço de heróis, de mártires e de santos. Crato: Edições IPESC-
URCA, 1997.

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Sedição de Juazeiro Do Norte-CE

  • 1.
  • 2. • A Revolta ou Sedição de Juazeiro foi um confronto ocorrido em 1914 entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela interferência do poder central na política estadual nas primeiras décadas do século XX. Ocorreu no sertão do Cariri, interior do Ceará, em reação à interferência do poder central contra a política do coronelismo. Sob a liderança de Floro Bartolomeu e do padre Cícero Romão Batista, um exército de jagunços derrotou as forças do governo federal, depondo Franco Rabelo. • Após a revolta, padre Cícero sofreu retaliações políticas e foi excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920. Entretanto, permaneceu como eminência parda da política cearense por mais de uma década e não perdeu sua influência sobre a população camponesa, que passou a venerá-lo como santo e profeta. Em Juazeiro do Norte, um enorme monumento erguido em sua homenagem atrai, todos os anos, multidões de peregrinos.
  • 4. • Com o intuito de conter seus opositores, o presidente Hermes da Fonseca criou a política das salvações que consistia em promover intervenção federal nos estados evitando que oposicionistas fossem eleitos para o governo estadual. O marechal Hermes da Fonseca decidiu intervir no estado do Ceará com objetivo de neutralizar o poder das oligarquias mais poderosas da região, que estavam sob controle do senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, um político com muita influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste brasileiro.
  • 5. • Eleito intendente (prefeito) de Juazeiro em 1911, padre Cícero envolveu-se na disputa com o presidente Hermes da Fonseca para manter no poder regional a família Acioly. Em 1912, a interveção federal no Ceará derrubou do poder a família Acioly, sendo nomeado interventor o coronel Marcos Franco Rabelo, havendo eleição apenas para o cargo de vice-governador, na qual padre Cícero Romão Batista foi eleito, acumulando também o cargo de intendente de Juazeiro do Norte. Naquela época, o padre Cícero já era conhecido no sertão nordestino por ser considerado um homem santo e "fazedor de milagres". Chamavam-no de "Padim Ciço".
  • 6. • Em 1914 Franco Rabelo rompeu com o Partido Republicano Conservador (PRC), e iniciou uma perseguição a Padre Cícero, destituindo-o dos cargos que exercia e ordenando a prisão do sacerdote. • O deputado federal Floro Bartolomeu, aliado de Pinheiro Machado, montou um batalhão para defender Padre Cícero, seu amigo pessoal. O grupo era formado por jagunços e romeiros, era a união da força de Floro com o carisma de Cícero.
  • 8. • Quando os soldados de Franco Rabelo chegaram a Juazeiro do Norte se depararam com uma situação inusitada: em apenas uma semana, os romeiros cavaram um valado de nove quilômetros de extensão cercando toda a cidade e ergueram uma muralha de pedra na colina do Horto. A fortificação recebeu o nome de "Círculo da Mãe de Deus". O batalhão, ao ver que seria impossível romper o círculo, recuou e pediu reforços. • As forças estaduais retornaram à cidade do Crato e pediram reforços para destruir o Círculo. Franco Rabelo enviou mais soldados e um canhão para invadir Juazeiro do Norte. No entanto, o canhão falhou e as forças rabelistas foram facilmente derrotadas pelos revoltosos.
  • 9. • Após expulsar os invasores, Floro Bartolomeu parte para o Rio de Janeiro a fim de conseguir aliados. Os revoltosos seguem para Fortaleza com o objetivo de derrubar o governador. • Na capital federal, Floro consegue o apoio do senador Pinheiro Machado. Quando as forças juazeirenses chegam a Fortaleza, uma esquadra da Marinha impôs um bloqueio marítimo na orla fortalezense. Cercado, Franco Rabelo não teve como reagir e foi deposto. • Hermes da Fonseca nomeou interinamente Fernando Setembrino de Carvalho, enquanto novas eleições foram convocadas. Benjamin Liberato Barroso foi eleito governador e Padre Cícero vice novamente.
  • 10. Bibliografia • SOUSA, Anildomá Willans - Lampião: Nem herói nem bandido... A história. Serra Talhada: GDM Gráfica, 2006. • TAVARES NEVES, Napoleão - Cariri: ninho da história regional, berço de heróis, de mártires e de santos. Crato: Edições IPESC- URCA, 1997.