Este documento apresenta a história da psicografia de um conjunto de sonetos pelo poeta Augusto dos Anjos através do médium Gilberto Campista Guarino. Descreve a admiração de Hernani Guimarães Andrade pelo poeta e como, durante uma conversa, Guarino psicografou um soneto de Anjos. Andrade mais tarde recebeu o título do soneto diretamente de Anjos, mostrando que o espírito do poeta ainda se interessava por temas filosóficos.
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano que discute se o animismo ou o espiritismo melhor explicam os fenômenos paranormais. No capítulo 1, Bozzano descreve sua jornada intelectual do positivismo para o espiritismo após anos de pesquisa sobre fenômenos psíquicos. Ele argumenta que nem o animismo nem o espiritismo sozinhos explicam todos os fatos, mas ambos são necessários e representam efeitos de uma única causa: o espírito humano.
1) O documento discute a noção de infinito em Spinoza e como ela é abordada no poema de Borges sobre Spinoza.
2) Spinoza desenvolve uma concepção rigorosa de infinito baseada na matemática e geometria, enquanto Borges sugere que o infinito só pode ser apreendido pela imaginação.
3) Há uma relação especular entre as mãos de Spinoza que poliam lentes e sua filosofia, apontando para o aprimoramento do pensamento filosófico, ao passo que Borges quase de
Jean-Jacques Rousseau aponta para o dilema entre essência e aparência no ser humano. Ele descreve como o homem saiu de um suposto estado natural, onde era essencialmente bom, para um estado de corrupção moral na sociedade, onde as pessoas buscam apenas aparências. Rousseau assume para si a tarefa de buscar sua própria essência através do amor de si, livre da influência da opinião pública.
O autor critica a abordagem da ciência moderna que trata os objetos como meras variáveis para manipulação, ignorando sua opacidade. Ele argumenta que a ciência deve reconhecer que suas construções se baseiam em um mundo existente, em vez de reivindicar autonomia total. A filosofia também deve evitar reduzir o pensamento a mera operação cega, e reconhecer que o conhecimento surge de nosso contato com o mundo.
Adorno atualidade da filosofia 1966 [doc]Aline Trigo
1) A filosofia atual não pode mais pretender apreender a totalidade do real através do pensamento, como antigamente. A realidade se apresenta de forma parcial e problemática ao pensamento.
2) As grandes tentativas da filosofia idealista para responder à questão fundamental das relações entre razão e realidade fracassaram. A fenomenologia tentou resgatar a objetividade, mas permaneceu presa ao idealismo.
3) A fenomenologia acabou se voltando para o vitalismo, dissolvendo suas pretensões ontológicas nas categor
1) O documento discute as diferentes etapas na formação do pensamento científico, desde as imagens iniciais até as abstrações mais avançadas.
2) É proposto que o espírito científico passa por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3) Também são sugeridos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, interesse dogmático e interesse indutivo.
1) Há duas abordagens para interpretar sistemas filosóficos: dogmática, que se concentra na verdade das teses, e genética, que busca suas causas históricas.
2) O método dogmático examina a doutrina de acordo com a intenção do autor no tempo lógico do sistema. O método genético pode explicar o sistema além das intenções do autor.
3) Um método ideal para a história da filosofia seria ao mesmo tempo científico e filosófico, permanecendo fiel à verdade histó
Este documento apresenta os direitos autorais de uma obra literária disponibilizada gratuitamente online pela equipe Le Livros e seus parceiros com o objetivo de oferecer conteúdo para pesquisa e estudo acadêmico. É proibida a venda ou uso comercial do conteúdo. A equipe acredita que conhecimento e educação devem ser acessíveis e livres para todos.
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano que discute se o animismo ou o espiritismo melhor explicam os fenômenos paranormais. No capítulo 1, Bozzano descreve sua jornada intelectual do positivismo para o espiritismo após anos de pesquisa sobre fenômenos psíquicos. Ele argumenta que nem o animismo nem o espiritismo sozinhos explicam todos os fatos, mas ambos são necessários e representam efeitos de uma única causa: o espírito humano.
1) O documento discute a noção de infinito em Spinoza e como ela é abordada no poema de Borges sobre Spinoza.
2) Spinoza desenvolve uma concepção rigorosa de infinito baseada na matemática e geometria, enquanto Borges sugere que o infinito só pode ser apreendido pela imaginação.
3) Há uma relação especular entre as mãos de Spinoza que poliam lentes e sua filosofia, apontando para o aprimoramento do pensamento filosófico, ao passo que Borges quase de
Jean-Jacques Rousseau aponta para o dilema entre essência e aparência no ser humano. Ele descreve como o homem saiu de um suposto estado natural, onde era essencialmente bom, para um estado de corrupção moral na sociedade, onde as pessoas buscam apenas aparências. Rousseau assume para si a tarefa de buscar sua própria essência através do amor de si, livre da influência da opinião pública.
O autor critica a abordagem da ciência moderna que trata os objetos como meras variáveis para manipulação, ignorando sua opacidade. Ele argumenta que a ciência deve reconhecer que suas construções se baseiam em um mundo existente, em vez de reivindicar autonomia total. A filosofia também deve evitar reduzir o pensamento a mera operação cega, e reconhecer que o conhecimento surge de nosso contato com o mundo.
Adorno atualidade da filosofia 1966 [doc]Aline Trigo
1) A filosofia atual não pode mais pretender apreender a totalidade do real através do pensamento, como antigamente. A realidade se apresenta de forma parcial e problemática ao pensamento.
2) As grandes tentativas da filosofia idealista para responder à questão fundamental das relações entre razão e realidade fracassaram. A fenomenologia tentou resgatar a objetividade, mas permaneceu presa ao idealismo.
3) A fenomenologia acabou se voltando para o vitalismo, dissolvendo suas pretensões ontológicas nas categor
1) O documento discute as diferentes etapas na formação do pensamento científico, desde as imagens iniciais até as abstrações mais avançadas.
2) É proposto que o espírito científico passa por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3) Também são sugeridos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, interesse dogmático e interesse indutivo.
1) Há duas abordagens para interpretar sistemas filosóficos: dogmática, que se concentra na verdade das teses, e genética, que busca suas causas históricas.
2) O método dogmático examina a doutrina de acordo com a intenção do autor no tempo lógico do sistema. O método genético pode explicar o sistema além das intenções do autor.
3) Um método ideal para a história da filosofia seria ao mesmo tempo científico e filosófico, permanecendo fiel à verdade histó
Este documento apresenta os direitos autorais de uma obra literária disponibilizada gratuitamente online pela equipe Le Livros e seus parceiros com o objetivo de oferecer conteúdo para pesquisa e estudo acadêmico. É proibida a venda ou uso comercial do conteúdo. A equipe acredita que conhecimento e educação devem ser acessíveis e livres para todos.
1) A cerimônia de posse de um bispo na Academia Brasileira de Filosofia representa a complementaridade entre religião e filosofia.
2) Fé e razão devem caminhar juntas. Uma teologia sem fundamentos metafísicos ou uma filosofia que ignore o transcendental perdem a capacidade de expressar a verdade integral.
3) O homem sente a necessidade de Deus e da eternidade, como mostram as inquietações de um paciente de câncer russo e de filósofos como Unamuno, revel
Bergson 1608 ensaio sobre a relação do corpoDany Pereira
Este documento é uma introdução à obra "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente através do exemplo da memória. A introdução descreve brevemente o conteúdo dos capítulos, defendendo uma visão intermediária entre o idealismo e o realismo sobre a natureza da matéria. Além disso, critica as visões paralelista e epifenomenista sobre a relação entre mente e corpo, argumentando que os fatos sugerem uma abordagem diferente.
Este documento apresenta um resumo de três pontos principais sobre a felicidade:
1) A felicidade sempre foi um tema central da filosofia desde os gregos, porém foi negligenciado nos séculos XX.
2) O autor defende que a filosofia deve ter como objetivo principal ajudar na busca da felicidade e da sabedoria.
3) Ele adota a definição de Epicuro de que a filosofia é uma atividade que tende a proporcionar uma vida feliz por meio do discurso e da razão.
Este documento é um prefácio para o livro "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente. Bergson defende uma visão dualista que vê a matéria como imagens, entre representações mentais e objetos físicos. Ele critica tanto o idealismo quanto o realismo por dissociarem a existência da matéria de sua aparência. O livro se concentra na memória como interseção entre espírito e matéria, e sugere que o estado cerebral indica apenas parte do estado mental, relacionado a
1) O documento analisa a obra A Montanha Mágica de Thomas Mann sob a perspectiva da alquimia e símbolos.
2) O protagonista Hans Castorp passa por uma transformação espiritual ao longo de sete anos no sanatório, que é visto como um espaço sagrado.
3) A narrativa guia a formação da consciência de Hans e sua iniciação pode ser analisada com base nos arquétipos junguianos.
O documento discute a importância da linguagem na constituição do sujeito segundo diferentes perspectivas teóricas da psicanálise. Aborda conceitos como narcisismo, estádio do espelho, complexo de Édipo e a experiência dolorosa e aterrorizante de ser um bebê dependente segundo Klein. Defende que a linguagem/cultura conferem traços afetivos ao sujeito e que somos seres inacabados marcados por um projeto anterior.
Claude Lévi-Strauss começa discutindo como, apesar de apreciar a ciência moderna, acredita que perdemos algo valioso ao nos afastarmos do pensamento mítico. Ele também acredita que a ciência contemporânea está se aproximando novamente desse pensamento ao integrar dados sensoriais em suas explicações. Por fim, usa exemplos como o estudo científico do cheiro para mostrar como a ciência está superando a separação entre mente e matéria estabelecida nos séculos XVII-XVIII.
Parmênides trágico — luis felipe bellintani ribeiroChristian Athayde
1) O texto discute a filosofia de Parmênides e sua natureza "trágica", na qual a escolha entre os caminhos da verdade e da aparência envolve perda e ganho simultâneos.
2) Analisa as referências a "caminhos" no poema de Parmênides e propõe a existência de três caminhos distintos: o do ser, o do não-ser e o da aparência-opinião.
3) Argumenta que o espírito fundamental de Parmênides é trágico, na medida em que o caminho do não-ser
Trabalho ciclo III - Do pai mítico de Totem e Tabu, em Freud, à castração co...beto8900
1) O documento discute as idéias de Freud em "Totem e Tabu" e os três tempos do Édipo em Lacan, articulando-os com outros conceitos psicanalíticos.
2) "Totem e Tabu" propõe um mito sobre a origem da sociedade e da proibição do incesto, enquanto os três tempos do Édipo descrevem como a criança lida com a falta em relação à mãe e ao pai.
3) O documento pretende articular essas idéias teóricas com experiências clí
Trata-se de um documento sobre a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty que discute:
1) As contradições aparentes na definição de fenomenologia e a necessidade de uma abordagem fenomenológica;
2) A rejeição da abordagem científica e a visão do mundo como fundamento da experiência;
3) A diferença entre a análise reflexiva e a descrição fenomenológica que busca descrever o mundo tal como é percebido.
Nascimento, c.l. a centralidade da epoché na fenomenologia husserlianaÉrika Renata
1) A epoché é um conceito cético que Husserl adota para sua fenomenologia, colocando entre parênteses o mundo exterior e focando apenas na esfera da consciência.
2) A epoché visa alcançar um rigor científico absoluto, suspendendo julgamentos sobre a existência do mundo ou objetos para focar nas vivências da consciência.
3) Ao colocar o mundo "entre parênteses", Husserl busca fundamentar o conhecimento a partir da esfera da consciência, que é imediatamente evident
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano que discute se o animismo ou o espiritismo melhor explicam os fenômenos paranormais. No capítulo 1, Bozzano descreve sua jornada intelectual do positivismo para o espiritismo após anos de pesquisa sobre fenômenos psíquicos. Ele argumenta que nem o animismo nem o espiritismo sozinhos explicam todos os fatos, mas ambos são necessários e representam efeitos de uma única causa: o espírito humano.
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano sobre o tema "Animismo ou Espiritismo?". O autor discute se o animismo ou o espiritismo melhor explicam os fenômenos paranormais. Ele argumenta que ambos são necessários e que os fenômenos anímicos e espíritas são efeitos da mesma causa: o espírito humano. O autor também refuta a objeção de que os poderes da subconsciência podem explicar todas as comunicações mediúnicas com os mortos.
Animismo ou espiritismo ernesto bozzanoana61hartmann
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano sobre animismo versus espiritismo. No capítulo 1, ele discute como suas faculdades supranormais não dependem da evolução biológica. Ele também descreve como suas convicções filosóficas mudaram de materialismo para espiritismo após estudar fenômenos psíquicos. Nos capítulos seguintes, ele discute poderes da subconsciência, comunicação com os vivos e mortos, e bilocação. Ele conclui que nem animismo nem espiritismo sozin
Trata-se de um documento sobre a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty que:
1) Discute as contradições aparentes na definição de fenomenologia e argumenta que ela deve ser entendida como um movimento filosófico antes do que uma doutrina fixa.
2) Defende que a fenomenologia requer um método descritivo para retornar às coisas tal como aparecem na experiência, evitando explicações causais ou análises reflexivas.
3) Discute como a percepção não deve ser entendida como uma síntese de represent
1) O documento discute a evolução do pensamento científico, passando por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
2) É argumentado que a abstração é essencial para o pensamento científico e não deve ser vista como sinônimo de má consciência.
3) Também são discutidos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, dogmatismo professoral e busca indutiva imperfeita.
1. O documento discute a evolução do pensamento científico, passando da experiência concreta para representações geométricas e abstrações.
2. Apresenta três estágios de desenvolvimento do espírito científico: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3. Defende que a abstração desobstrui o pensamento e permite novas descobertas, ao invés de ser vista como má consciência científica.
COMO SE FAZ UMA TESE EM CI_NCIAS HUMANAS - UMBERTO ECO - 02.pdfBrunoMoedasPraia
O autor conta a história de como encontrou a solução para um problema em sua tese ao ler um livro pouco conhecido de um abade do século XIX. Apesar de o abade não ter descoberto nada de novo, ele forneceu uma referência valiosa que ajudou o autor. Isso ilustra a importância da humildade científica de ouvir todas as fontes sem preconceitos.
Este documento resume o capítulo sobre o pensamento humanista-renascentista e suas características gerais, abordando conceitos como o significado historiográfico do termo "Humanismo", a interpretação da "Renascença" como "renovação" e "volta aos antigos", e as principais figuras e debates filosóficos do período, como o neoplatonismo de Nicolau de Cusa, Marsílio Ficino e Pico della Mirandola.
Este documento resume o capítulo sobre o período entre o Humanismo e Descartes na História da Filosofia. Aborda temas como o pensamento humanista-renascentista e suas características, debates sobre problemas morais e ético-políticos entre humanistas, e o neoplatonismo e aristotelismo renascentistas.
1) Este livro apresenta estudos sobre vidas sucessivas e reencarnação conduzidos por Albert de Rochas no final do século 19.
2) Rochas realizou experiências de regressão de memória sob hipnose que revelaram lembranças de vidas passadas, fornecendo evidências científicas para a teoria da reencarnação.
3) O livro discute crenças antigas sobre a imortalidade da alma, apresenta os estudos de Rochas e observações de fenômenos análogos, e responde a obje
1) A cerimônia de posse de um bispo na Academia Brasileira de Filosofia representa a complementaridade entre religião e filosofia.
2) Fé e razão devem caminhar juntas. Uma teologia sem fundamentos metafísicos ou uma filosofia que ignore o transcendental perdem a capacidade de expressar a verdade integral.
3) O homem sente a necessidade de Deus e da eternidade, como mostram as inquietações de um paciente de câncer russo e de filósofos como Unamuno, revel
Bergson 1608 ensaio sobre a relação do corpoDany Pereira
Este documento é uma introdução à obra "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente através do exemplo da memória. A introdução descreve brevemente o conteúdo dos capítulos, defendendo uma visão intermediária entre o idealismo e o realismo sobre a natureza da matéria. Além disso, critica as visões paralelista e epifenomenista sobre a relação entre mente e corpo, argumentando que os fatos sugerem uma abordagem diferente.
Este documento apresenta um resumo de três pontos principais sobre a felicidade:
1) A felicidade sempre foi um tema central da filosofia desde os gregos, porém foi negligenciado nos séculos XX.
2) O autor defende que a filosofia deve ter como objetivo principal ajudar na busca da felicidade e da sabedoria.
3) Ele adota a definição de Epicuro de que a filosofia é uma atividade que tende a proporcionar uma vida feliz por meio do discurso e da razão.
Este documento é um prefácio para o livro "Matéria e Memória" de Henri Bergson, que explora a relação entre o corpo e a mente. Bergson defende uma visão dualista que vê a matéria como imagens, entre representações mentais e objetos físicos. Ele critica tanto o idealismo quanto o realismo por dissociarem a existência da matéria de sua aparência. O livro se concentra na memória como interseção entre espírito e matéria, e sugere que o estado cerebral indica apenas parte do estado mental, relacionado a
1) O documento analisa a obra A Montanha Mágica de Thomas Mann sob a perspectiva da alquimia e símbolos.
2) O protagonista Hans Castorp passa por uma transformação espiritual ao longo de sete anos no sanatório, que é visto como um espaço sagrado.
3) A narrativa guia a formação da consciência de Hans e sua iniciação pode ser analisada com base nos arquétipos junguianos.
O documento discute a importância da linguagem na constituição do sujeito segundo diferentes perspectivas teóricas da psicanálise. Aborda conceitos como narcisismo, estádio do espelho, complexo de Édipo e a experiência dolorosa e aterrorizante de ser um bebê dependente segundo Klein. Defende que a linguagem/cultura conferem traços afetivos ao sujeito e que somos seres inacabados marcados por um projeto anterior.
Claude Lévi-Strauss começa discutindo como, apesar de apreciar a ciência moderna, acredita que perdemos algo valioso ao nos afastarmos do pensamento mítico. Ele também acredita que a ciência contemporânea está se aproximando novamente desse pensamento ao integrar dados sensoriais em suas explicações. Por fim, usa exemplos como o estudo científico do cheiro para mostrar como a ciência está superando a separação entre mente e matéria estabelecida nos séculos XVII-XVIII.
Parmênides trágico — luis felipe bellintani ribeiroChristian Athayde
1) O texto discute a filosofia de Parmênides e sua natureza "trágica", na qual a escolha entre os caminhos da verdade e da aparência envolve perda e ganho simultâneos.
2) Analisa as referências a "caminhos" no poema de Parmênides e propõe a existência de três caminhos distintos: o do ser, o do não-ser e o da aparência-opinião.
3) Argumenta que o espírito fundamental de Parmênides é trágico, na medida em que o caminho do não-ser
Trabalho ciclo III - Do pai mítico de Totem e Tabu, em Freud, à castração co...beto8900
1) O documento discute as idéias de Freud em "Totem e Tabu" e os três tempos do Édipo em Lacan, articulando-os com outros conceitos psicanalíticos.
2) "Totem e Tabu" propõe um mito sobre a origem da sociedade e da proibição do incesto, enquanto os três tempos do Édipo descrevem como a criança lida com a falta em relação à mãe e ao pai.
3) O documento pretende articular essas idéias teóricas com experiências clí
Trata-se de um documento sobre a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty que discute:
1) As contradições aparentes na definição de fenomenologia e a necessidade de uma abordagem fenomenológica;
2) A rejeição da abordagem científica e a visão do mundo como fundamento da experiência;
3) A diferença entre a análise reflexiva e a descrição fenomenológica que busca descrever o mundo tal como é percebido.
Nascimento, c.l. a centralidade da epoché na fenomenologia husserlianaÉrika Renata
1) A epoché é um conceito cético que Husserl adota para sua fenomenologia, colocando entre parênteses o mundo exterior e focando apenas na esfera da consciência.
2) A epoché visa alcançar um rigor científico absoluto, suspendendo julgamentos sobre a existência do mundo ou objetos para focar nas vivências da consciência.
3) Ao colocar o mundo "entre parênteses", Husserl busca fundamentar o conhecimento a partir da esfera da consciência, que é imediatamente evident
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano que discute se o animismo ou o espiritismo melhor explicam os fenômenos paranormais. No capítulo 1, Bozzano descreve sua jornada intelectual do positivismo para o espiritismo após anos de pesquisa sobre fenômenos psíquicos. Ele argumenta que nem o animismo nem o espiritismo sozinhos explicam todos os fatos, mas ambos são necessários e representam efeitos de uma única causa: o espírito humano.
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano sobre o tema "Animismo ou Espiritismo?". O autor discute se o animismo ou o espiritismo melhor explicam os fenômenos paranormais. Ele argumenta que ambos são necessários e que os fenômenos anímicos e espíritas são efeitos da mesma causa: o espírito humano. O autor também refuta a objeção de que os poderes da subconsciência podem explicar todas as comunicações mediúnicas com os mortos.
Animismo ou espiritismo ernesto bozzanoana61hartmann
Este documento é um resumo de um livro de Ernesto Bozzano sobre animismo versus espiritismo. No capítulo 1, ele discute como suas faculdades supranormais não dependem da evolução biológica. Ele também descreve como suas convicções filosóficas mudaram de materialismo para espiritismo após estudar fenômenos psíquicos. Nos capítulos seguintes, ele discute poderes da subconsciência, comunicação com os vivos e mortos, e bilocação. Ele conclui que nem animismo nem espiritismo sozin
Trata-se de um documento sobre a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty que:
1) Discute as contradições aparentes na definição de fenomenologia e argumenta que ela deve ser entendida como um movimento filosófico antes do que uma doutrina fixa.
2) Defende que a fenomenologia requer um método descritivo para retornar às coisas tal como aparecem na experiência, evitando explicações causais ou análises reflexivas.
3) Discute como a percepção não deve ser entendida como uma síntese de represent
1) O documento discute a evolução do pensamento científico, passando por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
2) É argumentado que a abstração é essencial para o pensamento científico e não deve ser vista como sinônimo de má consciência.
3) Também são discutidos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, dogmatismo professoral e busca indutiva imperfeita.
1. O documento discute a evolução do pensamento científico, passando da experiência concreta para representações geométricas e abstrações.
2. Apresenta três estágios de desenvolvimento do espírito científico: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3. Defende que a abstração desobstrui o pensamento e permite novas descobertas, ao invés de ser vista como má consciência científica.
COMO SE FAZ UMA TESE EM CI_NCIAS HUMANAS - UMBERTO ECO - 02.pdfBrunoMoedasPraia
O autor conta a história de como encontrou a solução para um problema em sua tese ao ler um livro pouco conhecido de um abade do século XIX. Apesar de o abade não ter descoberto nada de novo, ele forneceu uma referência valiosa que ajudou o autor. Isso ilustra a importância da humildade científica de ouvir todas as fontes sem preconceitos.
Este documento resume o capítulo sobre o pensamento humanista-renascentista e suas características gerais, abordando conceitos como o significado historiográfico do termo "Humanismo", a interpretação da "Renascença" como "renovação" e "volta aos antigos", e as principais figuras e debates filosóficos do período, como o neoplatonismo de Nicolau de Cusa, Marsílio Ficino e Pico della Mirandola.
Este documento resume o capítulo sobre o período entre o Humanismo e Descartes na História da Filosofia. Aborda temas como o pensamento humanista-renascentista e suas características, debates sobre problemas morais e ético-políticos entre humanistas, e o neoplatonismo e aristotelismo renascentistas.
1) Este livro apresenta estudos sobre vidas sucessivas e reencarnação conduzidos por Albert de Rochas no final do século 19.
2) Rochas realizou experiências de regressão de memória sob hipnose que revelaram lembranças de vidas passadas, fornecendo evidências científicas para a teoria da reencarnação.
3) O livro discute crenças antigas sobre a imortalidade da alma, apresenta os estudos de Rochas e observações de fenômenos análogos, e responde a obje
Este documento fornece um resumo sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos. Apresenta brevemente Pessoa ortónimo e seus temas como fragmentação, angústia existencial e nostalgia. Também descreve sumariamente os principais heterônimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos e suas respectivas visões do mundo.
Charles Richet e o Espiritismo discute a evolução do pensamento do cientista francês Charles Richet sobre o Espiritismo ao longo de sua vida e carreira, desde sua inicial ceticismo até sua confissão final a um amigo sobre sua crença na sobrevivência da alma e nos fenômenos espíritas.
Este documento apresenta um resumo de três pontos:
1) O autor se sente dividido entre a evidência do tema da felicidade e a singularidade de abordá-lo em meio aos filósofos contemporâneos.
2) Sua filosofia se inspira nos filósofos gregos antigos que viam a felicidade como objetivo da filosofia.
3) Ele adota a definição de Epicuro de que a filosofia é uma atividade que tende a proporcionar uma vida feliz.
Comte sponville, a. a felicidade, desesperadamenteKiti Soares
Este documento apresenta um resumo de três pontos principais sobre a felicidade:
1) A felicidade sempre foi um tema central da filosofia desde os gregos, porém foi esquecido por muitos filósofos contemporâneos.
2) O autor se inspirou em Epicuro para definir a filosofia como uma atividade que tende a proporcionar uma vida feliz.
3) A sabedoria é reconhecida pela felicidade, ou seja a meta da filosofia é alcançar uma felicidade verdadeira em relação com
1) O documento discute a relação entre a filosofia de Schopenhauer e a filosofia genealógica de Nietzsche, Marx e Freud.
2) Apesar das diferenças entre seus pensamentos, Schopenhauer pode ser considerado o primeiro filósofo a adotar uma perspectiva genealógica em sua obra.
3) Isso porque Schopenhauer já buscava relacionar fenômenos filosóficos a suas origens subjacentes em 1819, antecipando de certa forma a abordagem genealóg
O documento descreve um livro chamado EgoCiência e SerCiência, dividido em 4 partes. A primeira parte usa termos como "Não Matéria", "Não Vida" e "Não Mundo" para descrever novas formas de analisar conceitos através de uma linguagem diferente. A autora desenvolveu esses termos ao longo de anos de autoanálise e inspirações para expressar uma visão que une opostos.
1) O documento discute as diferentes etapas no desenvolvimento do pensamento científico, desde imagens iniciais até abstrações mais complexas.
2) É proposto que a ciência passa por três estágios: experiência concreta, representação geométrica, e abstração completa.
3) O autor argumenta que a abstração é essencial para o pensamento científico avançar, e não deve ser vista como sinônimo de má compreensão.
1. O documento discute as diferentes etapas na formação do pensamento científico, desde as imagens iniciais até as abstrações.
2. É proposto que o espírito científico passa por três estágios: concreto, concreto-abstrato e abstrato.
3. Também são sugeridos três estágios nos interesses que sustentam o pensamento científico: curiosidade ingênua, interesse dogmático e interesse indutivo.
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptxCelso Napoleon
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade
EBD – Escola Bíblica Dominical
Lições Bíblicas Adultos 2° trimestre 2024 CPAD
REVISTA: A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA: O Caminho da Salvação, Santidade e Perseverança para Chegar ao Céu
Comentarista: Pr. Osiel Gomes
Apresentação: Missionário Celso Napoleon
Renovados na Graça
Eu comecei a ter vida intelectual em 1985, vejam que coincidência, um ano após o título deste livro, e neste ano de 1985 me converti a Cristo e passei a estudar o comunismo e como os cristãos na União Soviética estavam sofrendo. Acompanhava tudo através de dois periódicos cristãos chamados: Missão Portas Abertas e “A voz dos mártires.” Neste contexto eu e o Eguinaldo Helio de Souza, que éramos novos convertidos tomamos conhecimento das obras de George Orwell, como a Revolução dos Bichos e este livro chamado “1984”. Ao longo dos últimos anos eu assino muitas obras como DIREITA CONSERVADORA CRISTÃ e Eguinaldo Helio se tornou um conferencista e escritor reconhecido em todo território nacional por expor os perigos do Marxismo Cultural. Naquela época de 1985-88 eu tinha entre 15 a 17 anos e agora tenho 54 anos e o que aprendi lendo este livro naquela época se tornou tão enraizado em mim que sempre oriento as pessoas do meu círculo de amizade ou grupos de whatsapp que para entender política a primeira coisa que a pessoa precisa fazer é ler estas duas obras de George Orwell. O comunismo, o socialismo e toda forma de tirania e dominação do Estado sobre o cidadão deve ser rejeitado desde cedo pelo cidadão que tem consciência política. Só lembrando que em 2011 foi criado no Brasil a Comissão da Verdade, para reescrever a história do período do terrorismo comunista no Brasil e ao concluir os estudos, a “Comissão da Verdade” colocou os heróis como vilões e os vilões como heróis.
Eu tomei conhecimento do livro DIDÁTICA MAGNA quando estava fazendo licenciatura em História e tínhamos que adquirir conhecimentos sobre métodos de ensinos. Não adianta conhecer história e não ter métodos didáticos para transmitir estes conhecimentos aos alunos. Neste contexto conheci Comenius e fiquei encantado com este livro. Estamos falando de um livro de séculos atrás e que revolucionou a metodologia escolar. Imagine que a educação era algo somente destinada a poucas pessoas, em geral homens, ricos, e os privilegiados. Comenius ficaria famoso e lembrado para sempre como aquele educador que tinha como lema: “ensinar tudo, para todos.” Sua missão neste mundo foi fantástica: Ele entrou em contato com vários príncipes protestantes da Europa e passou a criar um novo modelo de escola que depois se alastrou para o mundo inteiro. Comenius é um orgulho do cristianismo, porque ele era um fervoroso pastor protestante da Morávia e sua missão principal era anunciar Jesus ao mundo e ele sabia que patrocinar a educação a todas as pessoas iria levar a humanidade a outro patamar. Quem estuda a história da educação, vai se defrontar com as ideias de Comenius e como nós chegamos no século XXI em que boa parte da humanidade sabe ler e escrever graças em parte a um trabalho feito por Comenius há vários séculos atrás. Até hoje sua influencia pedagógica é grande e eu tenho a honra de republicar seu livro DIDÁTICA MAGNA com comentários. Comenius ainda foi um dos líderes do movimento enciclopédico que tentava sintetizar todo o conhecimento humano em Enciclopédias. Hoje as enciclopédias é uma realidade.
Este livro é uma obra antiguíssima, datado de aproximadamente o ano 300 dC. E provavelmente escrito na Síria onde o cristianismo crescia de forma pujante nos primeiros séculos da Era Cristã. O livro também é uma obra pseudo-epígrafa porque tem a pretensão de ter sido escrita pelos apóstolos para orientar a igreja na sua administração. Todavia é um livro que tem grande valor histórico porque revela como era a igreja nos primeiros séculos. Vemos que algumas coisas são bem enfática naqueles dias como o fato que só havia dois cargos na igreja [bispo ou presbítero e diácono], que uma boa parte do dinheiro coletado na igreja era usado para sustentar as viúvas e se pagava salário para os dirigentes das igrejas. Havia grupos dissidentes com enfoque na guarda da Lei de Moisés. Outra coisa que vamos percebendo ao ler esta obra era a preocupação dos cristãos em viverem uma vida santa e não havia tanta preocupação com a teologia. Ainda que vemos conceitos teológicos claros como a triunidade de Deus e o inferno eterno para os condenados. Este livro Didascalia não deve ser confundido com o DIDAQUÊ, este último é a mais antiga literatura cristã, sendo datado do ano 100 dC e o Didascalia é do ano 300. O Didascalia contem muito mais conteúdo do que o Diddaquê. Mas ambos seguem o mesmo princípio de ideias. As viúvas são tratadas no Didascalia quase como um cargo eclesiástico. Vemos em Atos 6 que o cargo de diácono foi criado para cuidar das viúvas. O cuidado social da igreja primitiva aos seus membros era patente.
Oração Para Pedir Bênçãos Aos AgricultoresNilson Almeida
Conteúdo recomendado aos cristãos e cristãs do Brasil e do mundo. Material publicado gratuitamente. Desejo muitas luzes e bênçãos para todos. Devemos sempre ser caridosos com os nossos semelhantes.
Este livro serve para desmitificar a crença que o apostólo Pedro foi o primeiro Papa. Não havia papa no cristianismo nem nos tempos de Jesus, nem nos tempos apostólicos e nem nos tempos pós-apostólicos. Esta aberração estrutural do cristianismo se formou lá pelo quarto século. Nesta obra literária o genial ex-padre Anibal Pereira do Reis que faleceu em 1991 liquida a fatura em termos de boas argumentações sobre a questão de Pedro ser Papa. Sempre que lemos ou ouvimos coisas que vão contra nossa fé ou crença, criamos uma defesa para não se convencer. Fica a seu critério ler este livro com honestidade intelectual, ou simplesmente esquecer que teve esta oportunidade de confronto consigo mesmo. Qualquer leigo de inteligência mediana, ao ler o livro de Atos dos Apóstolos que é na verdade o livro da história dos primeiros anos do cristianismo, verá que até um terço do livro de Atos vários personagens se alternam em importância no seio cristão, entre eles, Pedro, Filipe, Estevão, mas dois terço do livro se dedica a conta as proezas do apóstlo Paulo. Se fosse para colocar na posição de papa, com certeza o apóstolo seria Paulo porque ele centraliza as atenções no livro de Atos e depois boa parte dos livros do Novo Testamento foram escritos por Paulo. Pedro escreveu somente duas epístolas. A criação do papado foi uma forma de uma elite criar um cargo para centralizar o poder sobre os cristãos. Estudando antropologia, veremos que sempre se formam autocratas nas sociedades para tentar manter um grupo coeso, só que no cristianismo o que faz a liga entre os cristãos é o próprio Cristo.
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptxCelso Napoleon
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno
EBD – Escola Bíblica Dominical
Lições Bíblicas Adultos 2° trimestre 2024 CPAD
REVISTA: A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA: O Caminho da Salvação, Santidade e Perseverança para Chegar ao Céu
Comentarista: Pr. Osiel Gomes
Apresentação: Missionário Celso Napoleon
Renovados na Graça
renovadosnagraca@gmail.com
https://www.facebook.com/renovadosnagraca
Resguardada as devidas proporções, a minha felicidade em entrar no Museu do Cairo só percebeu em ansiedade a de Jean-François Champollion, o decifrador dos hieróglifos. Desde os meus 15 anos que estudo a Bíblia e consequentemente acabamos por estudar também a civilização egípcia, uma vez que o surgimento da nação de Israel tem relação com a imigração dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José ao Egito. Depois temos a história do Êxodo com Moisés e quando pensamos que o Egito não tem mais relação com a Bíblia, ai surge o Novo Testamento e Jesus e sua família foge de Belém para o Egito até Herodes morrer, uma vez que perseguiu e queria matar o ainda menino Jesus. No museu Egípcio do Cairo eu pude saborear as obras de arte, artefatos, sarcófagos, múmias e todo esplendor dos faraós como Tutancâmon. Ao chegar na porta do Museu eu fiquei arrepiado, cheguei mesmo a gravar um vídeo na hora e até printei este momento único. Foi um arrepio de emoção, estou com 54 anos e foram quase 40 anos lendo e estudando sobre a antiga civilização do Egito e ao chegar aqui no museu do Cairo, eu concretizei um sonho da adolescência e que esperei uma vida inteira por este momento. Neste livro vou pincelar informações e mostrar fotos que tirei no museu sempre posando do lado destas peças que por tantos anos só conhecia por fotos e vídeos. Recomendo que antes de visitar o Museu leia este livro par você já ir com noções do que verá lá.
1. REFLEXÕES NO HIPERESPAÇO
Augusto dos Anjos
(Espírito)
Sonetos captados pelo médium GILBERTO
CAMPISTA GUARINO, por processos de
psicografia e clariaudiência, no Instituto
Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas IBPP –
São Paulo/SP, e em reuniões íntimas, no Rio de
Janeiro e São Paulo
São Paulo
1980
2. 2
Para HERNANI GUIMARÃES
ANDRADE, criador da Teoria Corpuscular do
Espírito, que, a meu sentir, evidenciou o
modus interseccional de duas dimensões da
vida,
A amizade, o reconhecimento e o respeito
do autor espiritual e do médium.
3. 3
REFLEXÕES NO HIPERESPAÇO
UMA FUNDAMENTAÇÃO
O pensamento de Heráclito, o Efésio, Parmênides,
Heisenberg e Einstein constitui a principal motivação filosófica
da maior parte dos sonetos que integram esta coletânea. Aliás, é
possível que a palavra “coletânea” nem possa expressar o
significado, a razão de ser das peças poéticas aqui apresentadas,
porquanto são elas, muito mais, um bloco de pensamento
unificando a rapidez do pensamento-raio do autor: Augusto dos
Anjos.
Afirma Heráclito, o obscuro, o perene fluxo de tudo, mas
uma conseqüente harmonização dos contrários no “Logos”.
Outra é a concepção que da realidade enuncia Parmenides, o
qual, referindo-se à ilusão daquilo que se vê, conforme se o vê,
declara que, basicamente, nada muda.
Ambos os notáveis pre-socráticos procuraram transpor para
a linguagem a visão do mundo numênico, que Platão irá
focalizar, tempos depois, na sua Teoria das Idéias. A propósito,
Heráclito e Parmenides são duas das fontes do pensamento de
Platão. As demais, dentre possivelmente outras, são a Esparta de
Licurgo, que se reflete, em cheio, na "República", e Sócrates,
especialmente quando seu principal discípulo desenvolve a sua
Teoria da Imortalidade, no "Fédon".
Para Heráclito, uma certa “realidade” atribuível ao nosso
contorno é dada pela complementação de opostos; para
Parmenides, nossa irrealidade é, com efeito, "irreal," porquanto
ela advem da atribuição de limites ao ilimitadona, ou de restrições
ao irrestrito. O problema é resolvido com um raciocínio de tipo
tradicional e nitidamente parmenidiano: "Dizes que há o vazio;
logo, o vazio é alguma coisa; logo, não é o vazio".
4. 4
Mais de 20 séculos depois, Werner Heisenberg, genial físico
do Século XX, na linha evolutiva da busca do subjacente,
introduziu um modelo matemático para o átomo, baseado em
equações analíticas, e formulou o famoso e geralmente mal
compreendido “princípio da incerteza” (relações de
indeterminação). Em nível subatômico, no estamento das
chamadas “partículas fundamentais”, não vigorariam, ao que tudo
indica, até o presente momento de observação, os princípios a que
a consciência humana estaria macrocosmicamente acostumada,
por força de uma estratificação psicológica milenar.
Outro excepcional pensador e genial Físico, Albert Einstein,
que alterou, também dramaticamente, o tique-taque do Universo
de Newton, contestando o absolutismo dos “entes espaço e
tempo, unindo-os no construto do "continuum espaço tempo a
quatro dimensões", sob o postulado da constância da velocidade
da luz, parece Ter sido perseguido por uma intuição do meta-
transformismo, um modo de ser estático apenas enquanto
referencial da consciência observadora. Segundo Einstein, que
afirmava nada haver, no mundo dos fatos, apto a traduzir o
mundo dos valores, a irritante indeterminação só era
indeterminação por limitação do observador, sem condições para
aferir os parâmetros disso que seria algo à semelhança de um
outro setor da realidade.
Considerando o panorama exposto, temos, com Heisenberg
(e, com efeito, com os grandes formuladores da Física Quântica),
a formulação de um problema das bases do chamado “real
concreto”, com atribuição ontológica de impermanência. Como
Heraclito, postulou: nada é; tudo parece ser, e aquilo que parece
ser está, simplesmente, sendo. O paradoxo foi bem traduzido pela
verve de Bertrand Russell, ao criticar alguns enfoques de Platão,
principalmente ao que diz respeito à “Teoria das Idéias”, nos
seguintes termos: "Se a aparência aparece, temos de concluir que
é alguma coisa. Todavia, eu poderia perguntar: Será que a
aparência realmente aparece? Ou será que a aparência só
5. 5
aparentemente aparece?...” Parmenidianamente...
Einsteinianamente?...
É possível queira isto dizer que, não obstante a dubiedade
fundamenta de nossas percepções (que Platão desvinculava da
noção de conhecimento verdadeiro, ou “episteme”, ligando-as à
de simples opinião, “doxa”), há uma realidade hiper-real, nem
estática, nem dinâmica, senão plenamente consciencial, sugerida
pela sucessão de paradoxos e aporias ocorrentes sempre que o
observador, interagindo cognitivamente com o Universo, pensa
esse Universo. Dela talvez testemunhe o próprio relativismo, que,
possivelemtne, não passará da redução pragmática do Absoluto
intuído a um absoluto condicionado por si mesmo.
Chame-se-o como se preferir... nomes não importam... Isso,
que é, será sempre um vazio sem limites e, ao mesmo tempo, uma
plenitude condicionada.
Esse, o espírito dos Sonetos de Augusto dos Anjos.
* * *
Devo, por fim, um esclarecimento ao leitor, o que me é
imposto pela consciência. Não tenho como provar (e quem o
terá?...) a correção da informação segundo a qual Augusto dos
Anjos ditou os sonetos que integram este opúsculo. Embora eu
mesmo tenha um conhecimento bastante extenso de Poesia,
impõe-se-me deixar claro que não sou poeta, porquanto uma certa
objetividade, que me caracteriza, não me dá o domínio necessário
da polissemia lingüística, tão fundamental à da poesia, Arte
situada muito além da simples conjugação de rimas e métricas e
versos “corretos”, porém extraídos a marreta, com maior ou
menor maestria. Há hipóteses materialistas e reducionistas,
defendidas mesmo por expoentes de religiões formais
institucionalizadas, que pretendem afastar a sobrevivência
individual do Espírito à morte do corpo físico. Elas são, porém,
dogmáticas, extremamente complicadas, e guardam uma “relação
custo-benefício” fortemente reduzida. Não há necessidade delas
6. 6
para uma vida superiormente ética e moral, especialmente no
campo miúdo das conveniências sociais. É claro que todos
aderimos a estas, por imposição da convivência civilizada.
Contudo, tanto quanto as “críticas” literárias superficiais, que,
vindas (algumas) embora de penas ilustres, não pouparam nem
mesmo Chico Xavier, umas e outras não passam de um “caso
limite” de algo, muito superior e maior, que dá sentido à Vida.
Fico com esta. Sem nenhuma dúvida.
Gilberto Campista Guarino
Rio de Janeiro, 21 de janeiro de 1980
7. 7
REFLEXÕES NESTE ESPAÇO
No dia 29 de abril de 1978, achavam-se reunidos na sala de
estar da nossa residência, na Rua Dr. Diogo de Faria, 239, em São
Paulo, as seguintes pessoas: Dr. Gilberto Campista Guarino, Profa
Suzuko Hashizume, Márcia de Godoy Andrade e Cyomara de
Godoy Andrade, respectivamente minha filha e minha esposa, e
eu, Hernani Guimarães Andrade. A conversa era animada e
informal, versando sobre variados assuntos. Em certo momento
passamos a comentar acerca de poetas e poesias psicografadas. O
referido assunto surgiu porque o Dr. Gilberto Guarino é médium
psicógrafo e tem captado poesias de alguns autores já falecidos
fenômeno este que interessa muito à Profa
. Suzuko diretora de
pesquisas do IBPP e a mim, também. Lembro-me que, na
ocasião, externei minha especial predileção pelo falecido poeta
paraibano, Augusto dos Anjos.
Eu não entendo absolutamente nada a respeito da arte de
fazer versos. Sou totalmente destituído de qualquer pendor para
compor uma quadrinha que seja. O mesmo acontece comigo em
matéria de música e outras artes. Lamento ter vindo ao mundo,
assim tão carente de qualidades artísticas. Se consigo expressar-
me por escrito, é desta forma como estão vendo e com uma
dificuldade daquelas. Uso mais a borracha do que o lápis.
Mas, paradoxalmente, sou perdido por música e por poesia.
Não só gosto, como, todas as vezes que ouço música e leio
poesia, fico embasbacado, incrivelmente assombrado, sem saber
como é possível à criatura humana criar essas maravilhas de
expressão e comunicação. Então passo a votar aos artistas uma
forma de admiração que chega a ser mística, um culto quase
religioso, quase de adoração. Esta uma das razões por que tenho
tanta admiração pela poesia e pelo poeta Augusto dos Anjos. A
outra razão é o fato de este poeta escolher temas científico-
filosóficos extremamente sérios e profundos, tocando exatamente
8. 8
as áreas de conhecimento pelas quais eu tenho maior preferência.
A elevação dos conceitos e das reflexões, as antecipações
científicas, a solidez de conhecimento demonstrada pelo sábio
artista e filósofo, tudo isso somado à exímia habilidade de
comunicar suas idéias através da beleza sintética de seus incríveis
versos, foi mais do que suficiente para eu colocar Augusto dos
Anjos no altar da minha devoção, no mais alto pedestal da minha
admiração, nos mesmos nichos onde, com unção mística,
coleciono outras figuras sem par do Pantheon que erigi em meu
coração.
Naquela ocasião falei com entusiasmo a respeito do Augusto
dos Anjos e achei, mesmo, que o nome dele foi muito bem
escolhido pelos seus pais. Sim, para mim ele é augusto (no
sentido de: majestoso, magnífico, respeitável, elevado, solene); e
dos anjos (no sentido de seu espírito, a meu ver, pertencer a uma
categoria angélica).
Ao externar este meu ponto de vista, durante aquela aludida
reunião do dia 29 de abril de 1978, notamos que o Dr. Gilberto
Guarino empalideceu ligeiramente e, em seguida pediu-nos
arranjássemos rapidamente lápis e papel, no que foi prontamente
atendido. Logo a seguir, passou a escrever com rapidez e, em
menos de 2 (dois) minutos, psicografou um belo soneto, o qual
faz parte desta coletânea. O soneto foi captado sem o título e sem
a assinatura do autor. Mas, ao lê-lo, logo percebemos que o seu
autor só poderia ser o Augusto dos Anjos, embora pessoalmente
eu relutasse em admitir que um Espírito de tão elevada categoria
se dignasse a dar atenção às minhas tão inexpressivas palavras de
admiração. Mas, como havia na sala outras pessoas mais dignas
do que eu, arrisquei-me a perguntar ao médium se ele identificara
o autor espiritual daquele belíssimo soneto, o qual me parecia do
Augusto dos Anjos. Ele respondeu logo: "'E o próprio! E ele
disse para Você encontrar um título, a seu gosto, para o soneto".
Aí eu fiquei um tanto encabulado. Lidei até o dia seguinte e não
consegui encontrar um título adequado. Mas o Augusto dos Anjos
salvou-me do apuro; no dia imediato, através do próprio médium,
9. 9
ele mesmo deu o título: "MUTAÇÃO"! Então é que me veio o
"estalo de Vieira". Percebi que o grande Poeta, com seu soneto,
estava me respondendo as três perguntas, que, intimamente,
costumava formular a seu respeito. Ei-las com as respectivas
respostas:
Pergunta 1 - Será que o Augusto dos Anjos, agora
desencarnado, ainda estuda e se preocupa com os grandes
temas que eram objeto de sua sede de saber quando encarnado?
Resposta - Os quatro primeiros versos.
Pergunta 2 - De onde teria vindo esse Espírito tão sábio;
qual a sua origem cósmica?
Resposta - Os versos seguintes, do quinto ao oitavo.
Pergunta 3 - Qual a sua atual posição gnoseológica, após
o desencarne e o possível aprendizado adquirido nas altas
esferas espirituais?
Resposta - Os seis últimos versos.
Eis a história da sua mutação tão habilmente sintetizada nos
catorze versos daquele soneto...
* * *
Depois disso vem outra história. A do médium, ao qual me
referirei mais intimamente, usando só o nome Guarino.
Conhecemo-nos através de outro excelente médium espírita e
extraordinário investigador da reencarnação histórica, Dr. Cesar
Burnier Pessoa de Mello, a quem nós ambos votamos imensa
estima e carinhosa admiração.
O Guarino nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 17 de
junho de 1951. Formou-se em Direito, em 1975, pela ex-
Universidade do Estado da Guanabara, atual UERJ. Em 1979,
obteve o seu grau de Mestre nas Faculdades Integradas Estácio de
Sá, Rio de Janeiro e assumiu o cargo de Juiz de Direito do
10. 10
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, após ser
aprovado em concurso público de provas e títulos.
Apesar do seu interesse cultural pender naturalmente para as
matérias concernentes à sua brilhante carreira profissional, o
Guarino absorveu um conhecimento enorme de outras disciplinas
científicas. Possuidor de uma inteligência invulgar, ledor
voracíssimo, escritor de notável erudição, poeta também, ele se
esparrama como uma gigantesca ameba intelectual, apanhando e
digerindo tudo o que cai sob seus tentáculos mentais. Logo que
fizemos amizade, ele surgiu aqui por São Paulo e passou uns dias
sondando as novidades parapsicológicas existentes no IBPP. Isto
ocorreu em outubro de 1976. Daí por diante fez-nos várias outras
visitas para, segundo ele, colher material e mais novidades.
Nesses poucos contactos, ele absorveu tudo o que
acumulamos em dezenas de anos. Agora, é ele quem nos traz as
novidades e material informativo. Com a rapidez do raio,
informou-se acerca da Física Quântica, da Teoria da Relatividade
de Einstein e das últimas novidades a respeito da
Geometrodinâmica Quântica, das novíssimas colocações
filosóficas da moderna Física, e por aí afora.
Com um instrumento como este, o Augusto dos Anjos deve
estar como ele gostaria de estar... Para o "Poeta do Hiperespaço",
o Guarino deve equivaler ao mais sofisticado órgão nas mãos do
genial Bach, compositor, aliás, cujas peças o médium executa ao
cravo e ao piano, já que é também um excelente musicista.
* * *
Agora as palavras finais, na minha modesta posição de
caçador de fenômenos paranormais espontâneos: penso que o
fenômeno da comunicação com os desencarnados é possível.
Não tenho meios de apresentar uma prova, de aceitação universal,
de que, por exemplo, os versos do Augusto dos Anjos
psicografados tanto pelo Chico Xavier como pelo Gilberto
11. 11
Guarino são realmente ditados pelo Espírito do genial Poeta
paraibano.
Nos dois casos mencionados, observam-se duas situações
diametralmente opostas:
O primeiro médium, Chico Xavier, embora inteligentíssimo,
não possui, nem possuía, bagagem cultural-científica que lhe
permitisse produzir os versos atribuídos ao Espírito Augusto dos
Anjos e constantes do livro, Parnaso de Além Túmulo. Mesmo
que o Chico Xavier fosse um gênio equivalente ao próprio
Augusto dos Anjos, seria dificilmente aceitável a tese do pastiche
ou simples imitação por criptomnésia e elaboração subconsciente.
O segundo, Gilberto Guarino, é o oposto de Chico Xavier.
Afora a provável equivalência dos QI's, o Guarino é um erudito,
possuidor de invejável e sólida cultura. Seria possível para ele
compor quaisquer dos sonetos desta coletânea, desde que se
familiarizasse bem com o estilo do Augusto dos Anjos. Por
exemplo, observe-se a "Fundamentação" escrita como
introdução do livro, pelo próprio médium, e sentir-se-á o pulso do
escritor e do intelectual que a produziu.
Entretanto, devem levar-se em conta todos os fatores que se
conjugaram na feitura dos sonetos desta coletânea e das centenas
de outras poesias dadas a lume pelo Guarino. De início, ele tem
"captado" poesias de dezenas de outros poetas, com seus estilos
típicos. Em uma sessão de pesquisa no IBPP, na presença da
Profa
. Suzuko Hashizume e na minha também, o médium
"captou" três poetas diferentes em seus respectivos estilos:
Amaral Ornellas, Bernardo Guimarães, e du Boccage. Não sou
entendido em questões literárias, mas a Profa
. Suzuko é bacharel
em Letras e, melhor do que eu, pôde identificar os respectivos
estilos dos poetas. Mas a questão não para aí. A maneira como
tais poesias foram registradas é importante também. Estávamos
entrevistando o Guarino e tínhamos o gravador preparado para
registrar a entrevista. Durante a nossa conversa quase informal
que ia sendo gravada, Guarino, vez por outra, dava o aviso:
"Estou ouvindo uma poesia que me está sendo ditada, lá vai ela!"
12. 12
E daí ia reproduzindo verbalmente o que estava ouvindo.
Normalmente, cada soneto exigia apenas de quarenta a cinqüenta
segundos para ser assim registrado em fita magnética. Às vezes,
ele não ouvia bem o que lhe era assoprado nos ouvidos-psi e
pedia para o "Espírito" repetir. Um dos sonetos do Augusto dos
Anjos custou-lhe várias reiterações, devido à raridade dos
vocábulos empregados pelo "Poeta do Hiperespaço", cuja
erudição é assaz conhecida. Um dos sonetos que mais lhe deu
trabalho e deve ter desesperado o Augusto dos Anjos foi o
"Homem-Técnica", o qual figura também nesta coletânea. Este
soneto foi gravado, em outra ocasião, em nossa presença. O
médium estranhou alguns termos e colocações, tendo obrigado o
Espírito a repeti-los inúmeras vezes.
* * *
Sou apenas um obscuro colecionador de fatos, e as
eventuais referências lisonjeiras que amigos complacentes me
fazem não devem de forma alguma ser levadas a meu crédito
como cientista ou outras classificações com que sou mimoseado.
Por isso opino como simples observador curioso, e nada além
disso. Sem dúvida estou mais sujeito a erros do que as outras
pessoas, na presente questão, pois não sei se estou raciocinando
friamente ou se estou sendo levado pela emoção, traído pelo
desejo de "manter vivo" o ídolo que admiro tanto. Mas, como é
meu costume, procurei relatar fielmente os fatos, sem omitir os
detalhes a favor e contra a tese eleita.
Depois deste esclarecimento prévio, posso opinar
tranqüilamente: "Penso que há evidências de que o Guarino
captou mediunicamente os sonetos do Espírito do falecido
Augusto dos Anjos.
São Paulo, 24 de fevereiro de 1980
Hernani Guimarães Andrade
13. 13
MUTAÇÃO
Inda sonho com fótons e brancuras
Pulsações estelares e moneras,
Ouvindo a melodia das esferas
Na acústica das células impuras...
Anjo negro, proscrito das alturas,
Prisioneiro inconstante das quimeras,
Precipito-me ao magma das crateras,
Calcinando-me em túrbidas agruras.
Às origens telúricas do medo
Tento arrancar o histórico segredo
Desta esfinge que sou, meta sem-fim...
Até que, num singulto, atro e profundo,
Rebento as cordilheiras do meu mundo
E concebo Jesus dentro de mim!
(28 de abril de 1978, residência de Hernani Guimarães Andrade, na
Rua Dr. Diogo de Faria, 239, Vila Clementino, São Paulo, Capital.)
14. 14
VIR-A-SER
Vago e sinistro, ao longo dos caminhos,
O homem, rente ao fastígio do momento,
Traz no brado o fragor do próprio vento
E nas carnes, um cárcere de espinhos.
Abutre dos abutres comezinhos,
De Baal, de Moloc, de Tarento,
Regurgita a acidez do velho intento,
Devorado em solertes torvelinhos.
É o Saturno insolente que se arrasta,
Prisioneiro dos ódios e das castas,
Num ossuário de lendas e refrões...
Clama, não cesses mais!... Clama de rastros,
Descortinando além da luz dos astros
O teu futuro de superações!...
15. 15
A MORTE
Ei-la... Depois de tantos pesadelos,
Ei-la chegando, enfim... Ei-la que nasce,
Refletindo na máscara da face
A falácia de todos os modelos.
Devera estar de negro. Mas, passasse
A meu lado, na rua dos meus zelos,
E eu diria, ao sabor dos seus desvelos,
Ser um anjo que a tudo transformasse.
“-Sou a morte”, afirmou. E, num lampejo,
O vulto em sereníssimo desejo
Abriu dois ternos braços ao meu mundo.
E, vencida a inconsciência transitória,
A morte, no apogeu da própria glória,
Mostrou-me a vida no porvir fecundo!...
16. 16
"CONTINUUM"
O cérebro morreu... Fundiu-se em lama
O circuito das células nervosas,
Que levou sensações imaginosas
Ao corpo hirto estendido sobre a cama.
De onde viriam?... A Química proclama
Que, após saturações maravilhosas,
Formam-se as covalências poderosas
De gênios e imbecis... de ócio e de fama.
E, de espasmo em espasmo, a alma, perplexa,
Chora, ante a impermanência, genuflexa,
A sua impermanência epigenial,
Para chegar um dia até a verdade
Que a ciência da periodicidade
Traduziu como a química da Vida!...
17. 17
PARADOXO
O homem sente o fragor dos elementos
Do arquiteto-motor dos universos,
Da luz transcendental dos sóis dispersos
Ao vórtice dos altos pensamentos.
Síntese de insubmissos sentimentos,
Criado no esplendor de mundos tersos,
Ei-lo, esfinge dos evos submersos
Na seleção do carma e dos intentos.
Depois, anjo corroído, espúrio e gasto,
Desceu lusbel hediondo ao chão nefasto,
Dos pesadelos que tornou mais seus...
E foi assim dos tempos na subida
Que aquele que viu Deus na própria vida
Gerou a voz dos deuses-prometeus!
18. 18
EVOLUÇÃO
Ser ou não ser ... aqui reside o drama
Das últimas questões evolutivas,
Resumo das essências primitivas,
Na dor de quem odeia e de quem ama.
É a dúvida insolente que proclama
A rigidez nas formas progressivas,
Entre idéias niilísticas e altivas,
Prisioneiras finais da própria trama.
Mas quem disseca o mundo portentoso
Do instinto ferocíssimo e danoso,
Nas pancadas terríficas da sorte,
Descobre-se perene entre os contrários,
A superar os erros milenários,
Nos movimentos críticos da morte...
19. 19
CONQUISTA
Perdido no abscôndito das eras,
Num turbilhão de angústias e incertezas,
Gerado em misteriosas naturezas,
Busquei a luz das grandes primaveras.
Independentemente das quimeras,
E exausto de conter lágrimas presas,
Misérias ri... Misérias e grandezas,
No choro das estrelas e moneras.
Mas, um dia, gritei: “-Eu sou o Todo!...
E veio-me um sabor de terra e lodo,
Tão forte, que pensei jamais ter fim...
E naquele momento supra-humano,
Eu era escravo e era também tirano
Da essência de Poder que vive em mim!...
20. 20
ONICONSCIÊNCIA
A mão de Deus trabalha sobre o mundo...
Uivos plangentes sangram de molossos,
Vindos do luxo original de Cnossos,
No mesmíssimo estrépito infecundo.
É toda uma harmonia de destroços,
Titãs vorazes no paul imundo,
Que encerra o dinamismo mais profundo
No bailado das cinzas e dos ossos.
Átomo de esperança e fatalismo,
Não pode o homem deter o cataclismo
Que abala os subterrâneos marginais...
Nada o contém, senão a mão daquele
Que, se não fora simplesmente Ele, (*)
Teria de ser tudo, e nada mais!...
(*) Leia-se este verso assim: "Que/, se/ não/ fo/ra sim/ples/men/te/
e..."// (com o hiato assinalado entre a 9a
e 10a
sílabas).
21. 21
CONFRONTO
Ronda no espaço a multidão de párias,
Em cortejo onde há morte e desventura,
Trasgos brutais, transidos de amargura,
Gemendo hipocrisias libertárias...
Ei-los, varando as eras milenárias,
Vindos da lama sepulcral e impura,
Escudeiros da sanha da loucura,
Que o Mal consagra, em leis imaginárias...
Ei-los... o horror transmuda-lhes o rosto...
Mas há, no fundo, um colossal desgosto
Que a luz do Bem imprime em céu profundo...
E, enquanto bramem estas almas mortas,
A Vida e o Amor arrombam novas portas,
No paredão que a sombra ergueu no mundo!...
Obs. Soneto captado, na sede do IBPP, em São Paulo, SP, na tarde de 18/02/1988). Presentes:
Hernani Guimarães Andrade, presidente do IBPP, Dra Ercília Pereira Zilli, psicóloga, e Tenente
Cel. Joel F. Souza, da Força Aérea Brasileira, estes dois últimos introduzidos a Hernani pelo
médium.
22. 22
MEDITAÇÃO
Homem, senhor de vales e colinas,
Tua obra?... Contempla-a!... É o caos moderno,
Gerado entre os vapores do Falerno
E o deleite das carnes fesceninas.
Teu império de sombras e verminas,
Desarvoradamente paraeterno,
Transforma a combustão do próprio Inferno
Em alucinações de anfetaminas...
Glória ao rei do Cinismo e da Luxúria,
Discípulo da idéia aziaga e espúria,
Fantasma errante de brutal tirano!...
Glória!... Hosanas!... Meu tristemente amigo...
Quiseste ser um deus para contigo,
E não pudeste ser nem mesmo humano!...
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ANGÚSTIA
Quase noite... Um presságio me apavora...
Que procissão de espectros será esta
Brotando do vazio, tão depressa,
Que se perde na bruma sem demora?...
De onde virá?... Meu coração deplora
Essa angústia cruel, dura e inconfessa,
Que, súbito, se extingue onde começa
A renúncia à ilusão que nega e chora.
É tudo um sonho morno... E, enquanto passa,
Passa também essa infernal desgraça
Que é pretender falar, embora mudo...
Grande contradição!... Feroz é a estrada
De quem não é senhor de quase nada,
Mas é dono de quase... quase tudo...
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CONHECIMENTO
Há um mistério guardado na intangível
Intimidade da matéria morta...
Sinto-o pulsando. É um sopro que transporta
O mesmíssimo impulso incognoscível.
Que avantesma voraz, Cérbero incrível,
Meu cérebro entre espasmos quase aborta?...
(Deve ser a maldita linha torta
Dos raciocínios próprios do meu nível...)
“-Exijo a luz!...”, proclamo. “-É o meu direito!...”
E a Luz brada de dentro do meu peito:
“-Ó, verme do saber, cala o teu grito!...
“Abre os olhos ao mal que ainda consome
Teu coração esquálido e sem nome,
E poderás galgar o Infinito!...”
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"ALTER EGO"
Faz-me a Dor entrever a majestade
Do fechamento obscuro do Universo,
Curvatura abissal de um sonho imerso
Num trêfego vislumbre da Verdade...
A vida traz-me a singularidade
De mostrar, na aparência, um Deus disperso,
Permanecendo eterno e incontroverso
Quando os opostos morrem da unidade...
Entre os computadores e os quasares,
Num frêmito de escórias milenares,
Rasgo-me o peito à Luz que não tem fim...
E, inundado de fótons e de raios,
Ao turbilhão de vozes e desmaios,
Silencio ante o Deus que vive em mim!...
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"IGNORABIMUS?..."
Sempre o "x" do problema... o desafio
De uma equação irracional e enorme
Que tento resolver, de olhar disforme,
Entre as tenazes do mistério esguio.
Incógnita mortal!.. Fere-me o brio
O jogo da verdade que em mim dorme,
Recusando-me a essência multiforme
Num surrealismo aterrador e frio...
Na Matemática profunda e imensa
Sinto a grandeza que me esteia a crença,
Embora esta ciclópica avantesma...
E, entre constantes e fatores, vou
À procura do número que sou
Perante a essência de minh'alma mesma!
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HOMEM-LARVA
Das atrabiliaríssimas esferas,
Onde vibram os instintos mais danosos,
O homem-larva, qual fera dentre as feras,
Multiplica os enganos portentosos.
Peregrino estelar de antigas eras,
Centelha dos princípios milagrosos,
Originou as algas e as moneras,
No começo dos tempos dolorosos.
Depois, na vaga hostil da guerra insana,
Ei-lo, a gemer a condição humana,
E quisera poder voltar atrás...
Mas tudo ocorreria novamente...
O anjo de luz, inconseqüentemente,
Faria aquilo mesmo que hoje faz...
28. 28
HOMEM-TÉCNICA
A milhares de graus ferve o Hidrogênio,
Liberando a energia protegida
No ventre profundíssimo da Vida
Que resume as conquistas de um milênio.
Caim, varando umbrais, ganha o proscênio
Da cósmica reação inatingida,
Quadruplicando a estrela concebida
Na luz que faz viver o próprio gênio.
É a força nobre e imensa no deutério
Que envolve o trítio... é a força do mistério
De um nêutron que se atira para além...
Mas é, maldito, o jugo atrabiliário
Do Procusto insolente e sanguinário
Que ainda não conhece a luz do Bem...
29. 29
LIBERTAÇÃO
Vaga no labirinto da amargura,
Entre os vibriões famélicos da morte,
Caim, proscrito, em rápido transporte,
Sombra celeste aos rés da sepultura.
Menestrel da miséria e de Mavorte,
Harmatan quase exangue, em trilha escura,
Fere, brutal, na dor que o transfigura,
A escala marginal da própria sorte.
Prometeu algemado à rocha inerte,
Rói-lhe as entranhas mórbidas, solerte,
A teratologia dos sentidos...
Até que, à voz suprema da harmonia,
Passa do véu da sombra à luz do dia
De asas libertas e grilhões partidos!
30. 30
SONETO
Sorve a taça de fel e de absinto.
Sorve-a... Sorve-a!... Talvez sofras um pouco;
Mas é preciso morra o grito rouco
À garganta estentórica do instinto...
Quê buscas, Prometeu de ouvido mouco,
Em meio às sombras do teu labirinto?...
A origem prosaíssima do helminto
Ou o anjo que hás de ser, depois de louco?...
Édipo... Atenta à esfinge que te espreita...
Teu sonho de poder sempre deleita,
Mas a verdade é mais que um devaneio...
Debalde clamarás pela justiça
Da tua natureza insubmissa,
Se não quiseres ser teu próprio esteio.
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MOMENTO-SÍNTESE (II) (*)
Ninguém te ouviu, Caim, o brado insano,
Devorado no fundo dos abismos
Onde choras os mortos eufemismos,
Nos teus vagidos de ente sub-humano...
Ninguém te viu a languidez do arcano,
A contumácia audaz de horrendos trismos,
Ninguém... ninguém colheu os paroxismos
Da crise do teu ego soberano.
Rói-te o pranto, em caótico marulho?
Quem suplica da mística do orgulho
A renúncia ao clamor desesperado?...
É, simplesmente, a Vida que te chama
Do degredo no pântano e na lama
Para os cumes do amor santificado!
(*) Este soneto não tem nenhuma conexão com o primeiro.
33. 33
MOMENTO-SÍNTESE (II)
(Versão definitiva, com explicação no Apêndice)
(Ao estilo de Cruz e Sousa) (*)
Ninguém sentiu, Caim, o espasmo insano,
Devorado na essência dos abismos
Onde choras os mortos eufemismos
Dos teus vagidos de anjo sub-humano...
Enlanguesceste às amplidões do arcano
Na contumácia audaz de horrendos trismos...
E ninguém abrandou os paroxismos
Da crise do teu ego soberano.
Na sordidez de mórbidos penares,
Proscrito às sensações crepusculares,
O horror te enlouqueceu, verme transfundo...
Mas, um dia, no caos dos teus minutos,
Ribombarão clangores absolutos
E emergirão, feliz, de um novo mundo!...
(*) Ver Apêndice, no final do volume.
34. 34
E S P
Entre os singularíssimos sentidos
Que a Natureza oculta ao corpo denso,
Sinto pulsar o coração imenso
Dos universos incontrovertidos.
Surgem clarões de tempos já vividos,
Na padronização de obscuro senso,
Para integrar todo um porvir intenso
No presente dos dias incontidos.
Além da própria Luz, descubro a essência
Das manifestações da Consciência,
Onde me busco, a mim... e, além de mim,
Encontro a origem mesma da Verdade,
Na aterradora sincronicidade
Da criptogênese do Amor sem-fim!...
35. 35
SONETO
(Aos hedonistas do Século XX)
Mais frágil do que fina porcelana,
Exposta à tirania dos sentidos,
Passa, ao longo dos séculos transidos,
A amargurada sombra da alma humana.
Mais triste que uma antiga soberana,
Vivendo entre os proscritos e os vencidos,
Hei-la, fantasma errante dos perdidos,
Qual desalentadíssima Morgana...
Tento detê-la... Em vão... Sigo-lhe o vulto,
Mas do abismo infinito de um singulto
Ouço-a dizer: Liberta-me do nada!...
E eu, tragado num vórtice medonho,
Desperto do hedonismo do meu sonho
Ante minh'alma aflita e abandonada...
IBPP, 07/02/1983
36. 36
PANTHA REI
O Universo é pulsátil descendência,
Na intimidade estrênua da energia,
Da vígil ressonância em que se amplia
O infinito dilema da existência.
É o microcosmo em bárbara dormência,
Enfeixado no pó que se irradia
Das nebulosas em desarmonia
Ao átomo primevo da aparência.
É a dor de uma galáxia em plena fuga,
O mistério brutal, que envolve e suga
A própria luz, em críptica extinção...
É o labirinto das antimatérias,
Que encadeiam nas cósmicas artérias
Milhões de vidas em renovação!
37. 37
ESSÊNCIA
Filhos da Luz, na sucessão das eras,
Eis-nos, Cains infames e vencidos,
Arrastando os engodos traduzidos
Na herança milenária de homens-feras.
Vindos de imensa altura até às quimeras
Dos sentimentos cáusticos bramidos,
Vemo-nos, finalmente, entre os descidos
À argila monocórdia das moneras.
Hoje, nos labirintos da Imanência,
Somos sonhos de sonho e de consciência,
Despertando de um sono incontroverso...
E somos, lá no fundo, a idéia incrível
Da Luz que nos fez luz incorruptível,
Brilhando eternamente no Universo!...
38. 38
O LIVRO DO FUTURO
(Homenagem à idéia)
Começou na madeira da floresta.
Depois, sob engrenagens torturantes,
Fundiu-se entre sulfúricos amantes,
Até ser folha ao sopro de uma testa.
Prole da inteligência policresta,
Herdeiro de ilações tonitruantes,
Colheu sob o disfarce dos semblantes
A intensão que pulsava, imanifesta.
Mas, quando, um dia, exausto de ocultá-la,
Viu crescerem os tentáculos da fala
Na boca dos Saturnos da maldade,
Disse o livro, na luta que descerra:
“-Quem me quiser aberto sobre a Terra
Seja primeiro um verso de bondade.”
39. 39
NÓS
(Consagração do Espírito)
Espírito... Em consciência transbordante,
Sereníssima, eterna, soberana,
Ouço-Te a Inteligência sobre-humana,
Despertando-me a força de gigante.
Espírito... Ó, Divino Itinerante,
Se hoje pisas a estrada obscura e insana,
Eu te reclamo ao pó da dor tirana
Revelares teu mágico semblante.
Espírito!... Ilação de um mar de luzes,
Quintessência dos berços e das cruzes,
Virtualidade imersa no Eu fecundo...
Espírito de Deus, onipresente,
Vem celebrar, definitivamente,
A idéia sacratíssima do Mundo!...
Augusto dos Anjos
40. 40
APÊNDICE
(Sobre o soneto Momento-Síntese (II))
Este soneto tem uma história interessante.
Foi ditado no Instituto Brasileiro de Pesquisas
Psicobiofísicas IBPP, em São Paulo, em poucos
segundos, na presença do Eng. Hernani Guimarães
Andrade e da Profa
. Suzuko Hashizume, respectivamente
Diretor-presidente e Diretora de pesquisas dessa
conceituada e internacionalmente conhecida Instituição.
Sua forma primitiva é esta:
Ninguém ouviu, Caim, o brado insano,
Devorado no fundo dos abismos.
Onde choras os mortos eufemismos
Dos teus vagidos de ente sub-humano.
Ninguém te viu a languidez do arcano,
A contumácia audaz de horrendos trismos,
Ninguém, ninguém colhe os paroxismos
Da crise do teu ego soberano...
Rói-te o pranto em caótico marulho?...
Ninguém te pede à mística do orgulho
A renúncia ao clamor desesperado...
Mas, simplesmente, a Vida te reclama
Do degredo no pântano e na lama
Para os cumes do Amor santificado!...
Deste modo passou a integrar o Reflexões no
Hiperespaço. Confesso que não entendi a quem os
versos eram dirigidos, já que, neste tipo de soneto,
41. 41
Augusto costumava direcionar as idéias a uma finalidade
pessoal. Poderia, outrossim, significar um estímulo, um
sentido apelo ao homem, em geral, para que, convencido
do peso e do realismo dos erros cometidos, retomasse os
seus mais nobres impulsos de construção e organização,
trabalhando lado a lado com a Vida. Ainda, era possível
fosse uma alusão a problemas enfrentados por alguém, em
dado momento. Isso, porém, para que fizesse pleno e total
e absoluto sentido, deveria contar com a presença do
destinatário, o que aparentemente não ocorria.
Permaneceu o impasse.
Um dia, porém, Augusto apareceu, afirmando que
estava esclarecendo o enigma do Momento-Síntese
(II)”. Tratava-se, ao que disse, de uma homenagem a Cruz
e Sousa. Para que tudo se clareasse, iria introduzir
pequenas modificações. As confirmações viriam depois.
Ficou o soneto com a forma que, ora, integra o livro.
Na manhã seguinte, não sei por que, fui levado a
retirar de uma alta prateleira de estante em minha
residência um dos volumes da obra Panorama do
Movimento Simbolista Brasileiro, de Andrade Murici,
que de havia muito esgotada um caro amigo, João
Antero de Carvalho, jurista internacionalmente conhecido
e coração boníssimo, conseguira, sob a minha insistência,
junto ao Ministério de Educação e Cultura. Experimentei,
ao pegar o livro, uma impressão de afastamento, de
distanciamento do corpo físico (descoincidência vígil?...),
chegando a pensar que estaria na iminência de um
desdobramento (projeção da Consciência).
Maquinalmente, como se minhas mãos estivessem sob
42. 42
controle de força externa, abri o livro, de uma só vez, e dei
com isto:
“VIDA OBSCURA
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto de prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes,
Tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.
Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os passos
E o teu suspiro como foi profundo!
Se a semelhança com a forma original já era
impressionante, a segunda versão foi, para mim, incrível.
Confesso que, ainda sob impacto, e sob o influxo, àquele
momento, de presenças espirituais, minha reação demorou
uma fração de segundo para ganhar as expressões de
compreensão. À maneira do que acontece quando, na rua,
quase somos atropelados. A primeira reação é o salto, o
reflexo incondicionado, para escapar ao veículo; a seguir,
vêm os suores gélidos, a tremedeira, o estupor. Em
resumo, foi o que aconteceu.
43. 43
Percebi, então, leve sorriso na face de duas entidades
espirituais, e vi-as: Augusto dos Anjos e Cruz e Sousa. O
soneto era, ao mesmo tempo, uma homenagem ao poeta de
Broquéis e uma ampliação de uma sua dedicatória
pessoal.
Só me resta dar o seguinte testemunho: não aprecio
tanto a poesia de Cruz e Sousa, considerando o pouco que
li do que ele escreveu., Não me recordo de haver lido o
Vida Obscura. Deixo, assim, ao leitor concluir pela
cópia propositada, com a invenção de tudo o que narrei, ou
pela realidade dos fatos, como se passaram.
Gilberto Campista Guarino