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de
Luzum olhar na história
rastros 2017
nº 9
outubro
Despretensioso convite para o
retorno às coisas simples, belas
e profundas do Evangelho.
o
da vida
pão
3
que
temos?
Levemente pálido pareceu
transfigurar-se. Tomou os
pães e os peixes partiu-os
e repartiu-os, ante os olhos
atônitos dos mais próximos e
estes se foram repartindo e
multiplicando como semente,
que fecundada, se desdobra
em espigas ricas sob o
milagre da terra, fazendo-se
toda uma seara...
4 5RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
oMarcos, 6 : 30-44
Os apóstolos reuniram-se a Jesus e contaram-
lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ele
disse: “Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e
descansai um pouco”.
Com efeito, os que chegavam e os que partiam
eram tantos que não tinham tempo nem de comer.
E foram de barco a um lugar deserto, afastado.
Muitos, porém, os viram partir e, sabendo disso,
de todas as cidades, correram para lá, a pé, e
chegaram antes deles.
Assim que Ele desembarcou, viu uma grande
multidão e ficou tomado de compaixão por eles,
pois estavam como ovelhas sem pastor. E começou
a ensinar-lhes muitas coisas.
Sendo a hora já muito avançada, os discípulos
aproximaram-se dEle e disseram: “O lugar é
deserto e a hora já muito avançada. Despede-os
para que vão aos campos e povoados vizinhos e
comprem para si o que comer”.
Jesus lhes respondeu: “Dai-lhes vós mesmo de comer”.
Disseram-lhe eles: “Iremos nós e compraremos duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?”
Ele perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”.
Tendo-se informado, responderam: “Cinco, e dois peixes”.
Ordenou-lhes então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, sobre a grama verde. E
sentaram-se no chão, repartindo-se em grupos de cem e de cinquenta.
Tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou Ele os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e deu-os aos
discípulos para que lhes distribuíssem. E repartiu também os dois peixes entre todos.
Todos comeram e ficaram saciados. E ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixes. E os
que comeram dos pães eram cinco mil homens.
6 7RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
Esta passagem do Evangelho, registrada pelos quatro evangelistas, com muita semelhança entre elas na
descrição e na quantificação tanto do alimento disponível, como do número de beneficiários, e também na
sobra de alimentos após a farta distribuição, foi de tal magnitude que os marcou profundamente, haja vista a
identidade entre as narrativas. Lembrando que cada um dos evangelhos foi escrito em lugar e data distinta,
décadas após os ditos e os feitos então registrados.
Conforme disse João (21:25), ter muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma,
creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam, todos fazerem um mesmo registro de um
dos seus feitos, com informações praticamente coincidentes, é demonstração de que Mateus, Marcos e João,
presenciaram os feitos, enquanto Lucas, que não fez parte do colegiado mais próximo dos apóstolos, escreveu
segundo relatos de pessoas que vivenciaram momentos com Jesus. Isso vem confirmar a importância das
chamadas Multiplicações de Pães e Peixes nas considerações populares.
Lucas foi um médico que conheceu e acompanhou Paulo em suas viagens missionárias e investigou
cuidadosamente os relatos da vida de Jesus para escrever seu evangelho. A Bíblia fala pouco sobre ele.
Lucas, segundo alguns escritos, era um gentio convertido pelos primeiros discípulos de Jesus.
Nas suas viagens com Paulo, Lucas teve acesso a muitas pessoas que acompanharam Jesus em seu ministério.
Recolhendo depoimentos de pessoas próximas de Jesus, ele reuniu todas as informações relevantes.
No Novo Testamento encontramos o relato de duas ocasiões em que se deram multiplicação de pães e peixes.
A primeira está descrita: por Marcos 6: 30-44, Mateus 14: 13-21, Lucas 9: 10-17 e João 6: 1-15.
A segunda encontramos: em Mateus 15: 32-39 e em Marcos 8: 1-10. Nestas duas passagens também
identifica-se grande similitude de informações.
Vale ressaltar que fenômeno semelhante encontramos no Velho Testamento, em II REIS, versículos 42 a 44:
Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e
trigo novo em espiga.
Eliseu ordenou: “Oferece a esta gente para que coma.”
Mas seu servo respondeu: “Como hei de servir isso
para cem pessoas?”
Ele repetiu: “Oferece a esta gente para que coma,
pois assim falou Iahweh: ‘Comerão e ainda sobrará.’ “
Serviu-lhos, eles comeram e ainda sobrou,
segundo a palavra de Iahweh.
*
Como todo escrito, ao ser apreciado - antes
merece ser lembrada a recomendação do Apóstolo
Paulo, que tem a letra que mata e o espírito que
vivifica (II Coríntios 3: 6) -, permite diversas
reflexões.
Na passagem em apreço, não é diferente.
Há o aspecto do fenômeno, propriamente dito, e
aspectos que o evento (ou os eventos, pois houve
mais de um) nos permite colher como lições para a
vida.
Acompanhando a Benfeitora Amélia Rodrigues
em sua proposta para comentários a respeito dessa
destacada passagem (como expresso em uma de
suas mensagens, como veremos adiante), também
preferimos nos deter um pouco mais nas lições que
daí podem ser colhidas, deixando ao leitor a indicação
de alguns livros onde poderá buscar explicações
sobre o fenômeno em si, como poderia ter se dado,
segundo o conhecimento que hoje se tem de energia,
de fluido, e a grande capacidade de manipulação
destes por parte de Jesus, aquele mesmo homem
que também aplacava os ventos e as tempestades,
segundo suas ordens. Anotem: A Gênese, os
milagres e as predições segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, Cap. XV, itens 48 a 51; O Espírito
do Cristianismo, de Cairbar Schutel, Cap.: As
Multiplicações dos pães; Sabedoria do Evangelho,
de Carlos Torres Pastorino, Cap.: 1ª Multiplicação
dos pães.
A seguir, leiamos textos, donde poderemos retirar
oportunas considerações que nos servirão, por certo,
como diretrizes para nosso pensar e nosso agir, os
que desejamos assim fazer como cristãos que somos
ou que desejamos ser.
Acompanhemos os escritos.
Mar da Galileia
8 9RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
Pão da vida
(Luz do mundo. Amélia Rodrigues, cap. 7.
Divaldo Franco)
— Saiamos daqui!
As notícias da morte de João chegaram
enriquecidas de detalhes...
Jesus tinha necessidade de orar e demorar-se
em Soledade com o Pai.
A mensagem como grão de trigo feito luz se
multiplicava, em farta sementeira por toda a
parte.
Enfermos desenganados e espíritos marcados
por fundas desilusões apressavam-se a buscá-Lo,
depois de escutarem as narrativas empolgadas
a Seu respeito. Acorriam sob os panos sombrios
das aflições e, ansiosos, O envolviam com as
rogativas e lamentos lancinantes. Onde quer que
se encontrasse, ao Seu lado estava a multidão
de mutilados do corpo, da emoção, do espírito...
Infatigável Ele socorria com amor, abnegado,
gentil. Suas mãos acionadas pela misericórdia
e Seus lábios cantando ternura leniam todas
as exulcerações e acenavam esperanças
aos magotes numerosos, á se multiplicarem
incessantemente.
Saiamos daqui e atravessemos o mar, para a
outra banda — falou o Senhor...1
*
A missão dos Reformadores é toda aspereza;
o sacerdócio do Amor se manifesta em rio de
renúncias; a doação do Herói da Salvação se
apresenta na oferenda da própria vida. Onde se
encontram, aí estão as dores e as angústias, os
desesperos e os desaires, rogando, aguardando,
insaciáveis.
1 	 Mateus — 14:13 a 21; Marcos — 6:30 a 44; Lucas —
9:10 a 17; João — 6: 1 a 14 - Notas da Autora espiritual.	
Era manhã de abril.
A Primavera espoucava escarlate nas pétalas das anêmonas em flor, o campo relvado em matizes brancos se salpicava de
atrevidas madressilvas que sobressaíam e oscilavam no verde, ao sabor dos ventos leves, brincando a rés-do-chão. O céu azul
e transparente parecia confraternizar com o mar tranquilo, aberto aos barcos de velas coloridas. Havia mesmo uma sinfonia
discreta na manhã formada das onomatopeias generosas da Natureza.
A barca vence as distâncias deslizando com Simão ao comando. A festa dos júbilos sorri nos doze que estão acompanhando
o Rabi na barca que entoa melodias nas vagas levemente encrespadas a se deixarem cortar...
A multidão, na praia, reflexiona, interroga e olha a barca movel no mar azul.
Alguém sugere a direção que segue a embarcação que conduze o amado Fugitivo.
Outrem opina que todos O sigam; surpreendê-Lo-ão adiante. Há uma alegria espontânea. A mole humana, volumosa, se
movimenta. Muitos chegaram de longe e não podem perder a oportunidade.
O rumo é Bethsaida-Julíade, distante pouco menos de dez quilômetros: uma agradável marcha!
10 11RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
O povo se divide em grupos e canta;
vence as distâncias; há que encurtar os
caminhos e toma a ponte que atravessa
o Jordão.
O dia espia em luz branda o
movimento, a agitação.
Quando a barca alcança o
ancoradouro da cidade a massa colorida,
aguarda. . .
O Mestre contempla o poviléu.
Os olhos de todos n’Ele se cravam
e falam sem palavras. Crianças
choram e enfermos lamentam. Alguns
sorriem, outros apenas O fitam e se
enternecem...
O Rabi se comove.
Todos Lhe requerem o concurso.
As aflições humanas, densas,
suplicam Sua compaixão e os homens
são a Sua paixão.
Conquanto desejasse a soledade,
ante os que sofrem, se compadece, sorri
compassivo, generoso. Ele compreende
aquelas dores, sente-as quase n’alma.
Apontou um cerro próximo e o
galgou. As criaturas O seguiram. Em
volta, a vegetação rasteira com giestas
em flor e a larga paisagem sob um céu
transparente.
Ele começou a falar e o verbo
claro cai nas ai mas, blandicioso e
reconfortante, iluminando consciências,
clarificando os íntimos problemas dos
espíritos inquietos.
A palavra fluente cala e a saúde lhe
sai do amor na direção dos padecentes
que se refazem em Sua presença, ao
Seu contato.
O dia avança e a hora está adiantada.
Carinhosamente os discípulos O
advertem:
- Despeçamos a multidão para que as
pessoas se possam alimentar, pois este
é um lugar distante, deserto...
- Dai-lhes vós de comer — redarguiu
o Mestre.
- Senhor — responderam os
discípulos preocupados — mas todos
têm fome e não poderíamos comprar-
lhes pães suficientes. Se fôramos
adquirir repasto, necessitaríamos de uns
duzentos dinheiros para os não deixar
totalmente esfaimados. . . São muitos
os que aqui estamos.
- Que temos? — inquiriu, tranquilo,
Jesus.
- Nada ou quase nada. Segundo me
informaram, um homem trouxe cinco
pães de cevada e dois peixes. Mas, que
são?...
- Trazei-os e mandai que o povo se
sente em grupos.
Ali estavam quase cinco mil ouvintes
e aflitos que se recobravam com o Seu
hálito de transcendente poder.
Lá em baixo estavam o mar em
espelho colossal, no rumo do oriente,
mais ao longe a cidade ribeirinha e
branca em claros e verdes: Cafarnaum;
ao sul o casario de Magdala, avançando
sobre as águas, nos outeiros, Tiberíade
entre bosques espessos em construções
de pedras; Corazim nas montanhas,
encravada como uma rosa alvinitente.
As altas cordilheiras com a fímbria
diluída no clarão do dia se destacam no
cenário formoso.
Ergueu as mãos e orou em silêncio.
O murmúrio do povo calou a boca da
aflição.
Levemente pálido pareceu
transfigurar-se. Tomou os pães e
os peixes partiu-os e repartiu-os,
ante os olhos atônitos dos mais
próximos e estes se foram repartindo
e multiplicando como semente, que
fecundada, se desdobra em espigas ricas
sob o milagre da terra, fazendo-se toda
uma seara...2
Todos se acercam alegremente e
cestos são apresentados; enchem-nos
e repartem a messe com o povo que se
nutre até ao enfartamento. . .
... E sobra o suficiente para
encher mais alcofas com o que resta,
excedente, abundoso.3
*
- Salve, Rei de Israel! — grita uma
voz.
- Conduze-nos à conquista
de Jerusalém! — clama outra. —
Seguiremos contigo!
Aleluias explodem, espontâneas.
Os discípulos exultam e O envolvem
com inexcedível carinho, excessiva
emotividade, numa ternura sem
palavras, extravasante.
Os olhos do Mestre se nublam. Faz-se
mais pálido e os lábios tremem como se
sofresse uma dor surda, forte.
2	 Vide “A Gênese”, de Allan Kardec, Capítulo
XV. Item 48 a 51. Optamos pelo estudo segundo a
narração dos Evangelistas.
3	 Santo Agostinho estudando a “Multiplicação
dos pães”, interrogava: “Quem é que alimenta
o universo, senão Aquele que, dum punhado de
sementes, faz nascer as searas? O mesmo poder que,
de alguns grãos, faz germinar o trigo, nas Suas mãos
multiplica os pães. Porque o poder pertencia a Cristo,
e esses cinco pães são como as sementes que não
foram lançadas à terra, mas que foram multiplicadas
por Aquele que fez até a própria terra.” Nota da
Autora espiritual.
Região de Bethsaida-Julíade, atualmente
12 13RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
O ar acolhe a exaltação da massa convulsionada pelo espetáculo de há pouco e referta de alimento pelos Seus poderes.
Na febricidade geral, os companheiros percebem-No afastando-se, refugiando-se por detrás das sebes, nas sinuosidades
das pedras.
Felipe O busca e chama:
— Deixa-me a sós. — Ele fala, triste; é uma ordem e uma súplica.
A multidão se dispersa, os discípulos descem o monte. O ar está morno. Eles retornam à barca e volvem a Cafarnaum...
... Lá O encontram.
*
“Eu sou o pão da Vida!4
“Este pão não mata a fome.
4	 João — 6:27, 29, 35, 37 a 40. Nota da Autora espiritual.
“O pão que sou farta para todo o sempre...
“Credes porque vos alimentastes.
“O pão que vos possa dar nunca mais vos
permitirá a fome.”
“Trabalhai não pela comida que perece, mas
pela comida que permanece para a vida eterna,
a qual o Filho do Homem vos dará; porque sobre
Ele o Pai, que é, Deus imprimiu o seu selo.
“A obra de Deus é esta, que creais naquele
que Ele enviou.
“Eu sou o pão da vida: o que vem a mim,
de modo algum terá fome e o que crê em mim,
nunca, jamais terá sede.
“Tudo o que o Pai me dá, virá a mim; e o que
vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora;
porque eu desci do céu não para fazer a minha
vontade, mas a vontade Daquele que me enviou.
“A vontade daquele que me enviou é esta: que
eu nada perca de tudo o que Ele me tem dado...
“Pois esta é a vontade de meu Pai: que todo
o que vê o Filho do Homem e Nele crê tenha a
vida...”
Pão da vida!
Este pão — o de todo dia é transitório;
— aquele que Ele dá é perene, suprime as
necessidades, todas as necessidades...
O mundo O busca e os homens O querem,
mas desejam este pão transitório do monte, não
aquele, o da vida, que também foi oferecido no
monte.
Este, o do estômago, sim, pedem e querem
hoje os homens.
Aquele, o da vida — talvez, depois; não, não
sabem quando o querem os homens.
Era abril, em festa de Primavera.
Ele é o Pão da Vida.
Em soledade com o Pai e a multidão.
A multidão na Primavera e o Pão da Vida em
todas as Estações.
Ruínas de Bethsaida-Julíade
15
Ali, percebendo a
fome daqueles que O
acompanhavam, nutriu-
os com pães e peixes
fartamente, deixando-os
felizes, porque de estômagos
satisfeitos.
pão
vidada
16 17RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
o
O mar da Galileia é um lago
de expressiva proporção, que a
generosidade do rio Jordão espalhou
na imensa fenda abaixo do nível do
Mediterrâneo, com pouco mais de
duzentos metros.
Antigamente era muito piscoso.
Nas suas margens floresciam aldeias e
cidades que se tornaram famosas e se
beneficiavam do seu clima agradável.
Em volta, as suas terras aráveis
produziam legumes e frutas; ali
pastavam os animais, e as vinhas eram
exuberantes.
Ao tempo de Jesus, suas águas
chegaram a receber milhares de
pequenas embarcações.
Também chamado de Tiberíades, ou lago de Genesaré, foi cenário de momentos culminantes da história do Cristianismo.
Em sua orla espraiavam-se as cidades de Cafarnaum, Betsaida, Tiberíades, Magdala, Dalmanuta...
Em uma montanha próxima, Ele entoou o Canto de libertação das criaturas, em inolvidável sermão; pelas suas praias Ele caminhou,
curando, consolando, apontando rumos.
Suas gentes simples – os galileus – normalmente pescadores e agricultores, conviveram com Ele, acompanharam-nO, foram por Ele
amadas e O amaram a seu modo, dentro dos seus limites.
A revolução que Ele pretendia não era percebida pela massa, que tinha fome de justiça, de verdade, mas sempre mais de pães e de
peixes...
Do outro lado, acima das escarpas rochosas, erguia-se a Decápole – parte das dez cidades gregas erigidas antes, e então decadentes,
com exceção de Gadara, que se celebrizaria em razão de obsesso que Ele curara.
Jesus amava aquela região, aquele povo, onde mais se demorou após iniciar a sua vida pública, quando os seus o rejeitaram...
Incapazes de penetrar no conteúdo profundo da sua mensagem, seguiam o Mensageiro, dominados por interesses imediatistas.
(Dias ventursos. Amélia Rodrigues, cap. 18.
Divaldo Franco)
Mar da Galileia
18 19RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
Ambicionavam o reino dos Céus, porém viviam na Terra, sofriam-lhe as
injunções e carências, padeciam desconforto.
Ele representava-lhes o Libertador. Suas palavras sensibilizavam-nos, porém as
suas ações deslumbravam-nos e atraíam cada vez mais.
Já não eram alguns que O seguiam, e sim verdadeiras multidões com suas
chagas, agitações e problemas.
Com essa volumosa massa, Ele atravessou o mar e foi ensinar na outra margem,
do alto de um monte.
Ali, percebendo a fome daqueles que O acompanhavam, nutriu-os com pães e
peixes fartamente, deixando-os felizes, porque de estômagos satisfeitos.
Logo após, volveu em silêncio a Cafarnaum com os doze apóstolos.
Os acompanhantes, atendidos nas necessidades imediatas, não perceberam a
sua ausência, porque naqueles momentos, não mais necessitavam dEle.
Só no dia seguinte perceberam que Ele se fora.
Outra vez, sentindo carência, volveram a Cafarnaum a buscá-lO, algo
contrafeitos, por não O terem em mãos para o socorro contínuo aos seus caprichos.
Quando O encontraram, interrogaram-nO com uma quase exigência de
justificação por tê-los deixado:
– Rabi, quando chegaste aqui?
Não se tratava de zelo, de cuidado pelo Amigo, mas de reprimenda, de cobrança
indireta.
O Mestre fitou-os compungido, e respondeu-lhes com severidade:
– ... Procurais-me porque comestes dos pães e ficastes saciados ...
Fez uma pausa e prosseguiu:
– Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, e
que o Filho do Homem vos dará...
De um para o outro dia haviam alterado o comportamento.
Viram os enfermos recuperarem-se ao influxo do seu poder; alimentaram-
se em excesso; beneficiaram-se da sua presença. No entanto, à hora da decisão
de se transformarem para melhor, de se permitirem permear pela sua palavra,
apelavam para os textos antigos convenientes, que permitiam fugir das novas
responsabilidades, indagando sobre novos sinais, recordando Moisés no deserto, o
maná que descera do Céu...
Não se davam conta que tudo provinha de Deus, e que eles haviam comido,
às vésperas, um alimento da mesma procedência, que lhes dava vida, porém que
saciava só por breve prazo.
No mundo, as criaturas desejam refestelar-se na abundância de fora,
no desperdício, e não se recordam, nessas horas, da escassez e dos outros
esfaimados, esquecidos, em sofrimentos.
Desejam pão e prazer, conforto e ociosidade.
Cansam-se quando os têm e fogem para a insatisfação, a revolta, a perda de
objetivos da vida.
Sucede que a duração do corpo é sempre muito breve, a dos seus adereços
menor, e a das suas imposições mais rápida... Por isso, a vida real, aquela que
permanece sobre as cinzas das ilusões vencidas, é a do ser imortal.
Jesus veio demonstrar a imortalidade, dar significado à existência física do ser,
não como fim, antes como meio para ser alcançada a plenificação.
Aferradas, todavia, aos sentidos grosseiros, as pessoas somente pensam no
momento em que se encontram – embora lhe percebam a fugacidade – longe das
aspirações transcendentes, as de longo, perene curso.
Aquela época difere desta pela face exterior, pelas conquistas da inteligência,
que trouxeram outros valores para serem cultivados, outras metas para serem
alcançadas. No entanto, o ser moral, o ser interior, parece-se muito com aqueles
que O acompanhavam... Mesmo esses que diziam nEle crer e O seguem.
– Eu sou o pão da vida – exclamou Jesus – o que vem a mim jamais terá fome,
e o que acredita em mim jamais terá sede...Cafarnaum
20 21RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
Os circunstantes, em face dessa declaração robusta, sem
eufemismos, entreolharam-se, duvidaram, não sabendo o que fazer.
Enquanto se alimentavam e sorriam, a vida lhes parecia
tranquila, desde que houvesse quem os abarrotasse, a fim de que,
sem preocupação nem esforço, pudessem banquetear- se sempre
mais.
Tomar, porém, da charrua para conseguir a própria alimentação,
mudava totalmente a paisagem do júbilo, que se tisnava ante as
responsabilidades surgidas.
O esforço pessoal constitui sinal de valor moral, e o suor do
sacrifício umedece a massa que prepara o pão da vida, que mata a
fome em definitivo.
O ser inundado pelo ideal tem a sua sede de luz e de paz saciada
através das conquistas valiosas das paisagens íntimas, antes sob
tormentas desesperadoras.
O Mestre jamais negaceou, nunca se escusou.
Todas as suas asseverações foram claras, destituídas de disfarces
ou ocultas em símbolos complexos.
Falando a linguagem de todos os tempos, a verdade, nunca se
lhe notou dubiedade, insegurança.
Não havia promessas vãs nos seus discursos, nem alento para as
atitudes frívolas. Inteiriço, sempre igual na proposta, na discussão
e na conclusão, a sua era uma linguagem lapidar, inimitável, jamais
superada.
O texto do passado tem sabor de atualidade, hoje apresentado.
Compadeceu-se do caído, mas não se apiedou do erro.
Apoiou o doente, no entanto verberou pela libertação da doença.
Amparou o pecador, todavia exprobrou o pecado.
Ajudou o vencido, porém conclamou-o ao soerguimento íntimo e
à vitória sobre si mesmo.
Não acusou, não condenou, nem anuiu com o crime, a
devassidão, a promiscuidade moral.
Pão da vida, Ele é saúde integral, alimento de sabor eterno. Os
galileus não poderiam, naquela época, entendê-lO.
O mesmo ocorre com os modernos fariseus que hoje O
depreciam, que O subestimam e que, presunçosos, se escondem
nas catilinárias de palavras rebuscadas, em sofismas bem-urdidos,
em falsas ciências, para não se transformarem moralmente,
enquanto, jactanciosos, marcham para o túmulo inexoravelmente,
onde despertarão para a realidade...
Jesus é o pão da vida perene.
Aqueles que souberem alimentar-se dEle, nutrir-se-ão e viverão na paz de consciência e na realização
espiritual.
23
Jesus mostrou-lhes que está
no sentimento, e não no
cálculo, a incógnita do magno
problema que tinham diante
de si. Ele teve compaixão da
turba famélica. Compaixão
é uma das modalidades do
amor; e é só com amor que se
resolverão os problemas da
Humanidade.
o
Eu Sou
pão
da vida
24 25RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
o
Os quatro evangelistas narram o
maravilhoso feito operado pelo Mestre,
multiplicando pães e peixes, de modo a
satisfazer uma multidão faminta composta
de quase cinco mil homens, não contando
mulheres e crianças.
O caso impressionou profundamente
os discípulos, razão por que os quatro
Evangelhos a ele se reportam. Realmente,
tratando-se do problema do pão, que é o
problema da Humanidade, constituindo o
pivô em torno do qual vêm girando, em
todos os tempos, as atividades e as agitações
humanas mais acentuadas, justifica-se aquela
particularidade.
Tomemos o relato de Marcos (6: 32 a 44) para nossa meditação:
E foram, Jesus e seus discípulos, num barco, para um lugar deserto, em particular. Mas a multidão, vendo-os partir, muitos
o reconheceram, e correram para lá a pé, de todas as cidades, e chegaram primeiro do que eles.
E Jesus, vendo a grande multidão, teve compaixão dela, pois parecia um rebanho sem pastor. Começou, então, a ensinar-
lhes muitas coisas.
Como o dia fosse já adiantado, os discípulos, chegando-se ao Senhor, disseram-lhe: Este lugar é deserto, e o dia já declina;
despede essa gente, para que, indo às aldeias circunvizinhas, comprem pão, pois aqui não há o que comer.
Jesus respondeu: Dai-lhes vós de comer. E eles retrucaram: Iremos nós, então, comprar duzentos denários de pão para lhes
dar de comer? — Disse o Senhor: Quantos pães tendes? Ide ver. E, verificando eles, informaram: Apenas cinco pães e dois
A multiplicação
(Na seara do Mestre. Vinícius, cap. A
multiplicação dos pães)
dos
pães
26 27RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
peixes.
Ordenou-lhes Jesus que fizessem
assentar a todos, em ranchos, sobre a
relva verde. E assentaram-se, repartidos
de cem em cem e de cinquenta em
cinquenta. E tomando Jesus os cinco
pães e os dois peixes, levantou os olhos
ao Céu, abençoou e partiu os pães,
e deu-os aos discípulos para que os
distribuíssem. E repartiu também os
dois peixes para todos.
E todos comeram, e se fartaram,
sobrando ainda doze cestos cheios de
pedaços de pão e de peixes. E os que
comeram eram quase cinco mil homens,
não contando mulheres e crianças.
O Mestre, chamando os seus,
retirou-se com eles, numa barca, para
um sítio distante a fim de repousar.
Mas o povo, reconhecendo-o, rumou,
por atalhos, para onde Ele se dirigia,
chegando primeiro. Jesus, contemplando
aquela multidão ignara, sofredora,
enferma e faminta, moveu-se de grande
compaixão. Ao influxo desse sentimento
que o absorvia, o Filho de Deus começou
a agir, esquecendo o repouso que
buscara. Dando início às providências
que julgou corresponder às necessidades
prementes daqueles párias, ensinava-
lhes muitas coisas. Começou, pois,
abrindo brechas de luz naquelas mentes
entenebrecidas, porque bem sabia
que todos os sofrimentos, privações e
vicissitudes que flagelam os homens
procedem da ignorância da verdade.
As primeiras sombras da noite
desenhavam-se já no horizonte, e o
Senhor prosseguia no desempenho da
sua missão, ensinando e atendendo os
enfermos que lhe imploravam a cura
das suas mazelas. Nesse passo vieram
os discípulos dizer-lhe: “Mestre, o dia já
vai adiantado, e este lugar é deserto;
despede, portanto, o povo, para que
procure as aldeias mais próximas onde
todos poderão alimentar-se, porque,
aqui, não há o que comer.” Retruca Jesus, com precisão: “Dai-lhes vós de comer”.
Como vemos, os apóstolos não tinham ainda a noção da maneira como haviam de colaborar
com o Mestre na obra da redenção. A tarefa que lhes estava destinada era precisamente a
de despenseiros do pão da vida, desse pão que sintetiza todas as legítimas necessidades do
homem, considerado sob sua dupla natureza: humana e divina. Como, pois, eles, os celeiros
ambulantes do trigo celeste alegavam que ali não havia recurso para atender aos reclamos da
multidão? O imperativo do Senhor — dai-lhes vós de comer — encerra implicitamente o papel
que compete aos discípulos do Mestre desempenhar, em todas as épocas da Humanidade. Mas
os homens louvam-se sempre na impressão dos sentidos. Tratava-se, segundo supunham,
dum caso positivamente material: dar de comer à multidão que tinham diante dos olhos. Onde
encontrar pão para tanta gente? Duzentos denários, alegavam, não bastariam para resolver
a situação. Eles não sabiam que, em verdade, não existem problemas materiais, todos são
espirituais, e que só espiritualmente se resolvem, mesmo aqueles que mais de perto se
relacionam com a carne e com o sangue. Laboravam no velho erro de que é com dinheiro,
e só com dinheiro, que se soluciona o problema do pão. Jesus mostrou-lhes que está no
sentimento, e não no cálculo, a incógnita do magno problema que tinham diante de si. Ele teve
compaixão da turba famélica. Compaixão é uma das modalidades do amor; e é só com amor
que se resolverão os problemas da Humanidade. Amor é luz, é sabedoria, é poder. Enquanto
os homens se guiarem pelo egoísmo, viverão, como até aqui tem sucedido, na confusão e no
caos. Serão pobres, fracos, doentes e incapazes no seio da abundância, da riqueza e da força.
Aos discípulos, contemplando os
famintos, só ocorreu um pensamento:
despedi-los, descartar-se deles, uma
vez que o mal era irremediável. Mas o
Mestre não pensou assim. É preciso que
essa gente seja alimentada: Dai-lhes
vós de comer!
Não havia ali dinheiro, esse elemento
considerado como a chave de todas as
questões terrenas. Havia, no entanto,
alguém que trazia consigo cinco pães e
dois peixes. Mas que representa essa
migalha, tratando-se de saciar cinco mil
estômagos vazios? É nada e é muito. É
nada, considerando como propriedade
de um indivíduo. É muito, é tudo quando
posto ao serviço da causa comum, do
bem de todos, da felicidade coletiva.
Assim o demonstrou o Mestre. “Trazei-
me aqui esses cinco pães e dois peixes”,
disse Ele. Tomando-os em suas mãos,
abençoou-os e deu graças. Através
desse gesto de reconhecimento e
gratidão àquele que nos dá o “pão nosso
de cada dia”, consumou-se o milagre da
multiplicação dos pães, tal como se dá
no seio da terra, com a germinação da
semente. O pão é a vida: desce do céu,
não sobe dos campos.
Aos homens, em sua vaidade, passa
despercebido esse milagre cotidiano,
pois eles julgam que o grão se reproduz
mercê do seu esforço e trabalho no
amanho do solo, esquecidos de que
a germinação se opera à sua inteira
revelia, como sói, aliás, acontecer
com a transubstanciação do pão em
sangue, fenômeno este para o qual eles
tampouco contribuem, antes, por vezes,
o perturbam, com excessos, vícios e
artificialismos.
O dia em que os homens, tomando
em suas mãos o pão, cientes e
conscientes donde ele vem, levantarem
os olhos ao céu, não haverá mais fome,
pobreza e miséria no mundo. Saberão
distribuí-lo como já sabem produzi-
lo. Não basta que as leiras fecundas
realizem continuamente o milagre,
é necessário que haja olhos de ver,
28 29RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
inteligência de entender e coração
capaz de sentir — para que o debatido
problema do pão seja solucionado de
vez, deixando de ser causa de conflitos,
ódios e guerras.
A solidariedade é a vara mágica que
transforma a carestia em abundância,
visto como importa no ajustamento à lei
soberana e universal que tudo regula e
equilibra.
Propositadamente deixamos para o
fim o que para muitos encerra maior
importância em virtude de afetar
profundamente os sentidos: como Jesus
conseguiu realizar a maravilha ora em
apreço. Teria sido por sugestão? Os
homens realizam verdadeiros prodígios
por esse meio. O que não poderia lograr
o Mestre com o seu extraordinário
magnetismo pessoal? De outra sorte, o
que sabemos nós sobre a manipulação
e combinação de fluidos? Já disse
Flammarion que aquilo que vemos é
feito do que não vemos. A água resulta
da combinação, em determinadas
proporções, de dois gases fora do
alcance da nossa visão. Não passa ela
do estado líquido para o sólido, baixando
a zero a sua temperatura? E para o de
vapor, elevando essa temperatura a cem
graus? A temperatura influi na vibração
dos átomos e com essa alteração
modifica-se o estado da matéria.
Jesus, pois, não infringiu nenhuma
lei. Jogou apenas com possibilidades
desconhecidas dos homens. O seu
estupendo poder deriva do seu imenso
saber. “E tudo que eu faço vós podeis
fazer” (João, 14:12), assevera Ele. Esta
assertiva importa em declarar que todas
as suas obras foram executadas de
acordo com as Leis Naturais.
Distantes da humildade e da
submissão aos Soberanos Códigos,
investem com violência contra os
sofrimentos de que são portadoras,
quando se deveriam compenetrar da
sua utilidade, sem a qual os Céus não as
assinalariam.
Ao tempo de Jesus não era diferente essa conduta. Consideremos ser ainda mais grave,
tendo-se em vista a ignorância das Leis Divinas, as informações religiosas precárias, o
utilitarismo, as injustiças de todo porte, a brevidade do carreiro carnal.
Ao mesmo tempo, a busca por fenômenos externos, o deslumbramento que esses
causavam, e ainda causam, eram o rastilho de pólvora para a aceitação de qualquer mensagem
superior, quando o espetáculo definia e qualificava o mensageiro.
Todos os fenômenos, no entanto, são efêmeros, por se tratar de efeitos, de estardalhaço.
A pirotecnia própria para a fantasia mental das massas apresentava-se com frequência,
arrebanhando os incautos, seduzindo os desocupados, deslumbrando os ingênuos.
Invariavelmente realizada por hábeis charlatães que lhes conheciam as fraquezas do
entendimento e a expressiva ignorância, produzia fascinação dando lugar às superstições em
torno dos mistérios que acreditavam proceder de Deus.
Por essa razão, é normal encontrar-se em todo o Evangelho, o populacho como o sacerdócio
em Israel, aguardando sinais, prodígios, sempre insatisfeitos e atordoados.
Jesus evitava produzir fenômenos, porque, para Ele, o maior fenômeno que pode acontecer
em uma vida é o da sua modificação moral para melhor, o fortalecimento dos valores
espirituais, a capacidade de entrega ao bem, o trabalho auto iluminativo.
As massas, não obstante, sofriam e, por compaixão, não poucas vezes, Ele as atendeu,
despertando-lhes o interesse externo para a conquista dos tesouros interiores.
Experimentando a infelicidade sem discernir a razão do padecimento, o Mestre de amor
socorria-lhes as necessidades orgânicas e emocionais, os tormentos de todo jaez, para ensejar-
lhes o conhecimento da verdade, a identificação da melhor trilha a percorrer em benefício da
futura conquista de harmonia.
Àqueles, porém, perversos e insensatos, que Lhe pediam sinais que O identificassem como o
Messias, Ele os negava, porque não viera para divertir os frívolos e ociosos, mas sim despertá-
los para as responsabilidades perante a vida.
A Sua palavra iluminada, libertadora como um punhal que rasga os tecidos apodrecidos,
para que permitam o surgimento da saúde, toda rica de amor e de paz, era o sinal legítimo
caso houvesse interesse naqueles que a ouviam, porquanto logo perceberiam a sua
procedência. O desejo, porém, não era de compreensão da vida, pois que eram burlões dos
valores legítimos, mas sim, de dificultar-Lhe a expansão do reino que viera implantar na Terra.
Mas Ele, pairando acima das circunstâncias, não lhes atendia aos caprichos, permanecendo
fiel ao que viera fazer.
Quando desejaram que Ele fizesse sinais em Nazaré, no Gethsemani, para salvar a própria
vida, manteve-se em silêncio hercúleo e deixou-se arrastar ao matadouro como ovelha mansa,
não reagindo nem se defendendo.
Oportunamente pediram-Lhe um sinal do Céu e Ele redarguiu: Esta geração má e adúltera
pede um prodígio, mas nenhum prodígio lhe será dado, exceto o prodígio do profeta Jonas.
Tratava-se de um paralelo entre os
contemporâneos e os caldeus de Nínive,
que aceitaram a palavra de Jonas, sem
que ele lhes desse quaisquer sinais
identificadores da sua elevação.
O conteúdo dos seus ensinamentos
bastou-lhes para a conversão, para
a certeza da imortalidade, para a
ressurreição após a morte.
As Suas lições eram mais profundas
do que as do profeta Jonas, e o Seu
era o desejo de que acreditassem nEle,
não pelos feitos miraculosos que podia
realizar, mas pela invitação direta e
profunda à transformação interior para a
conquista do Reino de Deus.
Não escutaram Moisés, mesmo
depois de tantos fenômenos que
testemunharam, em verdade, não
desejavam milagres, mas se utilizavam
da exigência descabida para evadir-
se da responsabilidade pessoal para a
iluminação.
Por isso, referiu-se com profunda
melancolia a Tiro e a Sídon, que se
renovariam com os feitos que foram
presenciados em Corazim e em
Betsaida, lamentando-as, porque não
se sensibilizaram os seus habitantes,
continuando com suas tricas e lutas
mesquinhas, distantes da compaixão, da
solidariedade, do amor...
Multiplicavam-se, nos Seus dias, os
milagreiros de ocasião, que enganavam
o povo e o exploravam sem nenhum
pudor.
Psicólogo sublime, conhecia o Seu
rebanho, suas mazelas e imperfeições,
por isso mesmo não se lhe submetia
às paixões doentias, buscando sempre
aplicar-lhe a terapia superior para a
saúde integral.
Nada obstante, quando os tristes
e desalentados, os sofredores reais
30 31RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
e necessitados de misericórdia O
buscavam, carentes e desamparados,
após o longo périplo de purificação
pelo sofrimento, Ele distendia-lhes o
conforto da recuperação dos males
que os dilaceravam, ensejando-lhes
compreender a bênção do bem-estar
e a consciência do terrível prejuízo ao
perdê-lo.
Noutras vezes, nem mesmo esperava
que Lhe solicitassem o socorro, porque,
tomado de compaixão, ofertava a Sua
inefável bondade, modificando-lhes as
estruturas do comportamento.
Jesus é incomparável!
Reconhecendo, embora, que a saúde
do corpo é consequência da saúde da
alma, melhorava os enfermos, a fim de
que pudessem, por sua vez, realizar a
recuperação profunda.
Desse modo, compadecia-se
das tormentosas obsessões, das
exulcerações físicas da maquinaria
fisiológica apodrecida, das mentes
aturdidas, dos olhos apagados,
dos ouvidos tapados, das bocas
fechadas, dos movimentos impedidos,
distendendo-lhes a Sua infinita
compaixão em incessante sinfonia de
amor.
Jamais, porém, para atender aos
caprichos dos soezes exploradores do
povo, dos religiosos desonestos, das
autoridades sórdidas.
A sua era a luta contra o mal e a
libertação dos que o padeciam, não a
sua punição, o seu abandono.
Os poderosos, quando honestos e
dignos, que O buscavam, dEle recebiam
a mesma quota de carinho que era
ofertada aos menos favorecidos, porque
a dor não escolhe a quem ferir, e quando
se instala, seja em quem for, magoa
com intensidade.
Desse modo, atendeu ao centurião que O buscou, a Nicodemos, que era príncipe e sacerdote, a Zaqueu e a outros anônimos, todos
carentes de condolência, com o mesmo altruísmo e gentileza.
... Todos morreram, porém, porque a vida física é breve e enganosa, ficando com os mesmos as lições inabordáveis do Seu amor, que
os guiou além do sepulcro, renascendo em condição diferente ao largo dos tempos, exaltando-Lhe a doutrina e procurando vivenciá-la.
O mais extraordinário fenômeno, portanto, da fé em Jesus, é o significativo esforço que se deve fazer para conquistar a harmonia que
dEle se exterioriza e servi-lO na Humanidade de todos os tempos, que sofre.
33
Jesus, multiplicando o pouco
que lhe foi dado, produziu
o muito que a multidão
reclamava. Tal é, em resumo,
a missão do Redentor: saciar
a fome da Humanidade.
de
pães
a
multiplicação
peixese
34 35RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
d(Em torno do mestre: Vincícius, Cap. A
multiplicação dos pães.)
“Disseram-lhe os discípulos: Este
lugar é deserto e o dia já declina;
despede, pois, a multidão, para que,
indo às aldeias vizinhas, comprem
alguma coisa para comer. Dai-lhes vós
de comer, replicou Jesus. Retrucaram-
lhe: Como, Senhor, se só temos aqui
cinco pães e dois peixes? Disse-lhe
ele: Trazei-mos cá. E tendo mandado
a multidão que se assentasse sobre a
relva, tomou os cinco pães e os dois
peixes e, erguendo os olhos ao céu, deu
graças e, partindo os pães, entregou-
os aos discípulos que, a seu turno, os
distribuíam ao povo. E todos comeram e
se fartaram; e do que restou levantaram
doze cestos. Ora, os que comeram, foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.”
Com cinco pães e dois peixes, diz o Evangelho, o Filho de Deus fartou uma multidão composta de mais de cinco mil
pessoas. Como levou a cabo tamanha maravilha? Considerando o fenômeno sob seu aspecto físico, devemos lembrar que
tudo o que vemos é formado do que não vemos. A matéria, debaixo de suas múltiplas formas, é “una” em essência. As
infinitas modalidades que assume são efeitos de vibrações. A água, por exemplo, é o produto da combinação de dois gases
em determinadas proporções. O hidrogênio e o oxigênio que a formam são corpos invisíveis. Em realidade a nossa ciência
nada sabe quanto à natureza íntima da matéria. Os homens só a concebem já combinada, apresentando formas que afetam
os sentidos, ou então mediante aparelhos adequados que lhe registram a presença. Fora dessas condições, a matéria escapa à
nossa apreciação e à nossa análise.
Ora, Jesus, cujos conhecimentos estão muito além dos juízos e critérios humanos, porque não poderia realizar o maravilhoso
feito acima descrito? Quem, como ele, colaborou na formação do planeta em que habitamos, teria, acaso, dificuldade em
multiplicar pães?
36 37RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
Dizem que Deus tirou a Terra do nada. Do “nada” nada se tira. Tirou-a, sim, da imensurável retorta onde os mundos se forjam; tirou-a, sim, do inesgotável reservatório da
Natureza “onde nada se cria e nada se perde, mas tudo se transforma”; tirou-a, sim, da matéria “una”, sempiterna, que, ao influxo de sua vontade soberana, se agita, vibra e
palpita, assumindo estados vários, combinando-se e associando-se, numa série infinita de modalidades e configurações que mal nos é dado imaginar e conceber.
Dessa maneira tirou Jesus do “nada” os pães com que saciou milhares de pessoas. O impossível é uma sombra que recua, à medida que a luz vai penetrando o cérebro do
homem.
Jesus, multiplicando o pouco que lhe foi dado, produziu o muito que a multidão reclamava. Tal é, em resumo, a missão do Redentor: saciar a fome da Humanidade. Todo pecador
é um faminto. Para atender aos seus imperiosos reclamos, veio o Cristo a este mundo. “Eu sou o pão que desceu do céu.” Fome e sede, todos temos. Não há ninguém farto no meio
em que vivemos.
Daí os dizeres de Amado Nervo:
“Bem sabes que temos fome: fome de pão, fome de luz, fome de paz, fome de amor... Este mundo é um mundo de famintos. A fome de pão, espalhafatosa, melodramática, é a
que mais nos comove: porém, não é a mais digna de lástima. Que diremos da fome de amor? Que diremos daquele que quer tanto ser querido, e passa pela vida sem que alguém
o queira? E a fome de conhecimentos? A fome do pobre Espírito que anela tudo saber e esbarra brutalmente contra o bloco de granito da Esfinge? E a fome de paz que atormenta o
peregrino inquieto, obrigando-o a sangrar os pés e o coração pelos
caminhos?
“Todos temos fome; e, fato curioso, exceto a fome de pão,
todas as demais modalidades da fome costumam ser escondidas
cuidadosamente. Quanto mais doridas e profundas, tanto mais
veladas e ocultas!”
No entretanto, o divino despenseiro continua hoje como outrora,
distribuindo o pão que alimenta o Espírito e a linfa que refrigera os
corações. Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, de modo algum
terá fome; e o que crê em mim nunca jamais terá sede. Eu sou
o pão vivo que desci do Céu se alguém comer deste pão, viverá
eternamente. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue,
permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me
enviou, e eu vivo pelo Pai; assim quem de mim se alimenta também
viverá por mim. Em verdade vos digo e repito: “Quem come deste
pão viverá eternamente.”
O Espírito requer alimento como o corpo. “Não só de pão vive o
homem.” Suas aspirações, seus íntimos anseios constituem súplicas
de faminto. E o mordomo celeste, abrindo as portas do celeiro divino,
distribui a mancheias os alimentos da alma. “Bem-aventurados os
que têm fome e sede... porque serão fartos.”
Para tanto, basta que lhe ofertemos com lealdade o pouco que
temos: uma estilha de fé, um resquício de tolerância, um vislumbre
de humildade, uma migalha de amor!
Apresentemos-lhe essas nonadas, dizendo: senhor é tudo que
temos. Assim como ele fez àqueles cinco pães e dois peixes, fará
também com as parcas oferendas nossas; e o milagre se reproduzirá,
e seremos todos saciados. 
39
Pensemos, desejemos,
desejemos forte, façamos por
donde, e logo mais ali adiante
estará materializando-se
em nossa existência, o que
acalentamos para nossa
felicidade.
para
hora
de voltar
casa
40 41RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
Quando sabemos de estudos
aprofundados que indicam o alto
grau de comprometimento de
nossos alimentos com produtos
que irão comprometer nossa
saúde, desde o manejo do solo e
plantio nas lavouras, passando pela
industrialização, com desatenção e
desleixo por quem de direito.
Quando nos damos conta de como
temos sido predadores da natureza,
agredindo fatalmente nossas matas,
nossos rios, nosso ar, nosso solo,
nossos animais, sem cogitarmos
das consequências no futuro, que já
chegou.
Quando constatamos a mesquinhez que toma conta das relações humanas, por autoconcordância e sem impor
qualquer resistência com a regência existencial do egoísmo e do orgulho, onde o “eu” não reconhece a existência do
“nós”, mesmo se tratando de relações afetivas e familiares.
Quando nos apercebemos que no nosso mundo íntimo a satisfação vai medida pelo gozo das sensações, tão-
somente, mesmo que em detrimento dos sentimentos e das emoções enobrecedoras.
Quando notamos que nosso olhos já não enxergam e nossos ouvidos já não ouvem o canto da vida, como a beleza
(Texto reproduzido com a devida
autorização: http://projeto-inove.com.br/
inove/2017/09/17/hora-de-voltar-para-casa/)
q
42 43RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
de uma noite, de paisagens iluminadas pelo Sol, do canto dos pássaros, do farfalhar das
folhas, do marulhar das águas nos riachos e rios, do efervescente que a onda do mar
produz na areia da praia, dos aromas que as matas exalam, do doce balanço – quase
uma dança – dos ramos e dos galhos embalados pelo vento. Ou ainda, quando não mais
registramos as incomparáveis obras de arte que são as flores; o alegre sorriso de uma
criança; o quanto saudável que é o convívio com familiares em harmonia; como nos faz
bem caminhar ao lado de um amigo em agradável conversa construtiva ou mesmo em
silêncio quando esse tudo diz; o contentamento em estar ao lado e dentro do coração
dos entes queridos. Quando deixamos de considerar o quanto é bom ter quem amar;
a interação que é a vida desde o menor dos seres vivos até os mais espetaculares em
tamanho e forma; a interdependência que há entre tudo e todos nesse grande sistema
vivo que é vida, que é a Terra, e desta com relação ao Cosmos, ficamos sem saber se
seremos um vivo que já morreu ou um morto que insiste em se manter vivo.
Hora de voltar para casa! Muitos esperam por nós.
Um retorno ao natural, ao espontâneo, ao simples, ao sincero,
ao modesto, ao solidário, ao pertencimento, à confiança, ao útil, ao
essencial. Simplifiquemos a vida e o viver.
Hora do reencontro com a vida que é Vida.
Fazer longa viagem para dentro de nós mesmos, abrindo-se às
percepções mais sutis da alma, a fim de auscultarmos o compasso do
coração, examinando pelo que ele pulsa; redescobrir sentimentos há
muito não sentidos, sentir as emoções há muito não fruídas; de voltar
a se encantar e se apaixonar pelo conhecimento edificante; refazer
hábitos que sejam geradores de bem-estar e saúde, revendo crenças e
valores e encontrando coragem para empreender as mudanças que se
façam necessárias na formatação da paz; arejar os melhores lugares
na intimidade e ali acomodar os amores e mobiliar com todo conforto
o recanto central onde em nós mora o amor, o ágape, e convidarmos
os familiares para se acomodarem, e ali ficarem para sempre; abrir
portas e janelas do peito e deixar que entre o frescor refazente da vida
e visite os cantinhos mais escondidos, limpando-os, para podermos
rever as melhores lembranças que ali ainda estão, reavivá-las em
nome da alegria, e aquelas não catalogadas como boas lembranças,
descartá-las sem dó nem piedade; retirar de algum dos cantos o
prazer de estar vivo, sacudir o pó do marasmo e da infeliz rotina que
nos submete ao acanhamento e à anulação existencial, sem iniciativa
e sem criatividade; abrir de vez o quarto da confiança e depositá-
la em nós mesmos, no próximo e em Deus, e religarmos a luz desse
ambiente na bateria inesgotável da fé imortalista e revivificante, e nos
reapresentemos prontos para a Vida, não mais para a mesmice daquilo
que os outros queiram para nós como vida. Não e não. Acabamos de
assumir o controle do trem bala da nossa história.
Agora somos os protagonistas. As luzes no palco da vida estão
focados em nós. Somos os autores da peça e o principal papel é nosso,
sob nossa direção. Supervisão somente do Mais Alto.
Depois dessa viagem, podemos voltar ao dia-a-dia, mantendo
abertas as portas e janelas do coração, e ali voltarmos com
regularidade, assumindo o compromisso com a reflexão amadurecida,
com a meditação ativa, atentos ao desafio do mundo, que é o de
sermos construtores de pontes de aproximação e relacionamentos
saudáveis, sem perdermos de vista que o passado não é mais e o
futuro não é ainda, restando-nos o exato presente, o momento de
agora, para as nossas melhores decisões, desempenho e atitudes
iluminativas.
Vejamos a vida sob um novo prisma. Sonhemos, sim, nossos
melhores sonhos. Construamos nosso melhor destino, e, quando for
44 45RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA
de
Luzum olhar na história
rastros
PRÓXIMO FASCÍCULO:
O Grande Restaurador
Revista eletrônica de circulação dirigida e gratuíta
Redação, organização e diagramação: Maurício Silva
Contato: redator@resenhaespiritaonline.com.br
Curitiba - PR
CRÉDITOS DESTE FASCÍCULO:
Imagens: acervo próprio ou baixadas da
Internet: Google Imagens e The Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints
Livros: A Bíblia de Jerusalém, além dos
livros citados no corpo do fascículo.
Blog/site: www.projeto-inove.com.br
DIREITOS RESERVADOS: todos os direitos de reprodução, cópia, veiculação e comunicação ao público desta
obra estão reservados, única e exclusivamente, para Maurício Silva. Proibida a sua reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem expressa autorização, nos termos da Lei 9.610/98.
o caso, choremos todas as nossas
lágrimas ou venhamos a rir todos os
nossos sorrisos, mas não desistamos
jamais de uma vida feliz.
Persistência é a base da vitória.
Pensemos, desejemos,
desejemos forte, façamos por
donde, e logo mais ali adiante
estará materializando-se em nossa
existência, o que acalentamos para
nossa felicidade.
Confiemos e prossigamos.
Enriqueçamos a mente com
conhecimentos úteis. E façamo-nos
sábios ao colocarmos em prática o
melhor que a vida nos ensine com
suas múltiplas lições.
Conjuguemos na prática o verbo
Amar, em todos os seus tempos.
E aceitemos o amor como nosso
DNA, em gênero, número e grau.
Já nos ensinava, há mais de dois
mil anos, o Mestre: ame ao próximo
como a você mesmo, e à Deus acima
de todas as coisas. Eis aí, em síntese,
toda a Lei e os Profetas.
*
Contam que um jovem sedento de
afirmação espiritual procurou certa
vez o pensador e sacerdote hebreu
Shammai e o interrogou:
— Poderias ensinar-me toda a
Bíblia durante o tempo em que eu
possa quedar-me de pé, num só pé?
— Impossível! — respondeu-lhe o
filósofo religioso.
— Então de nada me serve a tua
doutrina — redarguiu o moço.
Logo após buscou Hilel, o
famoso doutor, propondo-lhe a
mesma indagação. O mestre,
acostumado à sistemática da lógica
e da argumentação, mas também
conhecedor das angústias humanas,
respondeu:
— Toma a posição.
— Pronto! — retrucou o moço.
— Ama! — elucidou Hilel.
— Só isso?! E o resto, que
existe na Bíblia? — inquiriu
apressadamente.
— Basta o amor — concluiu o
austero religioso. — Todo o restante
da Bíblia é somente para explicar
isso.
*
Provemos até a saciedade e
semeemos aos quatro ventos a
esperança, a paz, a reconciliação, a
bondade, a confiança.
A paz nos impulsiona sermos
maiores do que já somos.
Voltemos a ouvir o canto da Vida
verdadeira e vivamos em paz. 

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  • 1. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida de Luzum olhar na história rastros 2017 nº 9 outubro Despretensioso convite para o retorno às coisas simples, belas e profundas do Evangelho. o da vida pão
  • 2. 3 que temos? Levemente pálido pareceu transfigurar-se. Tomou os pães e os peixes partiu-os e repartiu-os, ante os olhos atônitos dos mais próximos e estes se foram repartindo e multiplicando como semente, que fecundada, se desdobra em espigas ricas sob o milagre da terra, fazendo-se toda uma seara...
  • 3. 4 5RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA oMarcos, 6 : 30-44 Os apóstolos reuniram-se a Jesus e contaram- lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ele disse: “Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco”. Com efeito, os que chegavam e os que partiam eram tantos que não tinham tempo nem de comer. E foram de barco a um lugar deserto, afastado. Muitos, porém, os viram partir e, sabendo disso, de todas as cidades, correram para lá, a pé, e chegaram antes deles. Assim que Ele desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. Sendo a hora já muito avançada, os discípulos aproximaram-se dEle e disseram: “O lugar é deserto e a hora já muito avançada. Despede-os para que vão aos campos e povoados vizinhos e comprem para si o que comer”. Jesus lhes respondeu: “Dai-lhes vós mesmo de comer”. Disseram-lhe eles: “Iremos nós e compraremos duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?” Ele perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Tendo-se informado, responderam: “Cinco, e dois peixes”. Ordenou-lhes então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, sobre a grama verde. E sentaram-se no chão, repartindo-se em grupos de cem e de cinquenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou Ele os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e deu-os aos discípulos para que lhes distribuíssem. E repartiu também os dois peixes entre todos. Todos comeram e ficaram saciados. E ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixes. E os que comeram dos pães eram cinco mil homens.
  • 4. 6 7RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA Esta passagem do Evangelho, registrada pelos quatro evangelistas, com muita semelhança entre elas na descrição e na quantificação tanto do alimento disponível, como do número de beneficiários, e também na sobra de alimentos após a farta distribuição, foi de tal magnitude que os marcou profundamente, haja vista a identidade entre as narrativas. Lembrando que cada um dos evangelhos foi escrito em lugar e data distinta, décadas após os ditos e os feitos então registrados. Conforme disse João (21:25), ter muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam, todos fazerem um mesmo registro de um dos seus feitos, com informações praticamente coincidentes, é demonstração de que Mateus, Marcos e João, presenciaram os feitos, enquanto Lucas, que não fez parte do colegiado mais próximo dos apóstolos, escreveu segundo relatos de pessoas que vivenciaram momentos com Jesus. Isso vem confirmar a importância das chamadas Multiplicações de Pães e Peixes nas considerações populares. Lucas foi um médico que conheceu e acompanhou Paulo em suas viagens missionárias e investigou cuidadosamente os relatos da vida de Jesus para escrever seu evangelho. A Bíblia fala pouco sobre ele. Lucas, segundo alguns escritos, era um gentio convertido pelos primeiros discípulos de Jesus. Nas suas viagens com Paulo, Lucas teve acesso a muitas pessoas que acompanharam Jesus em seu ministério. Recolhendo depoimentos de pessoas próximas de Jesus, ele reuniu todas as informações relevantes. No Novo Testamento encontramos o relato de duas ocasiões em que se deram multiplicação de pães e peixes. A primeira está descrita: por Marcos 6: 30-44, Mateus 14: 13-21, Lucas 9: 10-17 e João 6: 1-15. A segunda encontramos: em Mateus 15: 32-39 e em Marcos 8: 1-10. Nestas duas passagens também identifica-se grande similitude de informações. Vale ressaltar que fenômeno semelhante encontramos no Velho Testamento, em II REIS, versículos 42 a 44: Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a esta gente para que coma.” Mas seu servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?” Ele repetiu: “Oferece a esta gente para que coma, pois assim falou Iahweh: ‘Comerão e ainda sobrará.’ “ Serviu-lhos, eles comeram e ainda sobrou, segundo a palavra de Iahweh. * Como todo escrito, ao ser apreciado - antes merece ser lembrada a recomendação do Apóstolo Paulo, que tem a letra que mata e o espírito que vivifica (II Coríntios 3: 6) -, permite diversas reflexões. Na passagem em apreço, não é diferente. Há o aspecto do fenômeno, propriamente dito, e aspectos que o evento (ou os eventos, pois houve mais de um) nos permite colher como lições para a vida. Acompanhando a Benfeitora Amélia Rodrigues em sua proposta para comentários a respeito dessa destacada passagem (como expresso em uma de suas mensagens, como veremos adiante), também preferimos nos deter um pouco mais nas lições que daí podem ser colhidas, deixando ao leitor a indicação de alguns livros onde poderá buscar explicações sobre o fenômeno em si, como poderia ter se dado, segundo o conhecimento que hoje se tem de energia, de fluido, e a grande capacidade de manipulação destes por parte de Jesus, aquele mesmo homem que também aplacava os ventos e as tempestades, segundo suas ordens. Anotem: A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Cap. XV, itens 48 a 51; O Espírito do Cristianismo, de Cairbar Schutel, Cap.: As Multiplicações dos pães; Sabedoria do Evangelho, de Carlos Torres Pastorino, Cap.: 1ª Multiplicação dos pães. A seguir, leiamos textos, donde poderemos retirar oportunas considerações que nos servirão, por certo, como diretrizes para nosso pensar e nosso agir, os que desejamos assim fazer como cristãos que somos ou que desejamos ser. Acompanhemos os escritos. Mar da Galileia
  • 5. 8 9RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA Pão da vida (Luz do mundo. Amélia Rodrigues, cap. 7. Divaldo Franco) — Saiamos daqui! As notícias da morte de João chegaram enriquecidas de detalhes... Jesus tinha necessidade de orar e demorar-se em Soledade com o Pai. A mensagem como grão de trigo feito luz se multiplicava, em farta sementeira por toda a parte. Enfermos desenganados e espíritos marcados por fundas desilusões apressavam-se a buscá-Lo, depois de escutarem as narrativas empolgadas a Seu respeito. Acorriam sob os panos sombrios das aflições e, ansiosos, O envolviam com as rogativas e lamentos lancinantes. Onde quer que se encontrasse, ao Seu lado estava a multidão de mutilados do corpo, da emoção, do espírito... Infatigável Ele socorria com amor, abnegado, gentil. Suas mãos acionadas pela misericórdia e Seus lábios cantando ternura leniam todas as exulcerações e acenavam esperanças aos magotes numerosos, á se multiplicarem incessantemente. Saiamos daqui e atravessemos o mar, para a outra banda — falou o Senhor...1 * A missão dos Reformadores é toda aspereza; o sacerdócio do Amor se manifesta em rio de renúncias; a doação do Herói da Salvação se apresenta na oferenda da própria vida. Onde se encontram, aí estão as dores e as angústias, os desesperos e os desaires, rogando, aguardando, insaciáveis. 1 Mateus — 14:13 a 21; Marcos — 6:30 a 44; Lucas — 9:10 a 17; João — 6: 1 a 14 - Notas da Autora espiritual. Era manhã de abril. A Primavera espoucava escarlate nas pétalas das anêmonas em flor, o campo relvado em matizes brancos se salpicava de atrevidas madressilvas que sobressaíam e oscilavam no verde, ao sabor dos ventos leves, brincando a rés-do-chão. O céu azul e transparente parecia confraternizar com o mar tranquilo, aberto aos barcos de velas coloridas. Havia mesmo uma sinfonia discreta na manhã formada das onomatopeias generosas da Natureza. A barca vence as distâncias deslizando com Simão ao comando. A festa dos júbilos sorri nos doze que estão acompanhando o Rabi na barca que entoa melodias nas vagas levemente encrespadas a se deixarem cortar... A multidão, na praia, reflexiona, interroga e olha a barca movel no mar azul. Alguém sugere a direção que segue a embarcação que conduze o amado Fugitivo. Outrem opina que todos O sigam; surpreendê-Lo-ão adiante. Há uma alegria espontânea. A mole humana, volumosa, se movimenta. Muitos chegaram de longe e não podem perder a oportunidade. O rumo é Bethsaida-Julíade, distante pouco menos de dez quilômetros: uma agradável marcha!
  • 6. 10 11RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA O povo se divide em grupos e canta; vence as distâncias; há que encurtar os caminhos e toma a ponte que atravessa o Jordão. O dia espia em luz branda o movimento, a agitação. Quando a barca alcança o ancoradouro da cidade a massa colorida, aguarda. . . O Mestre contempla o poviléu. Os olhos de todos n’Ele se cravam e falam sem palavras. Crianças choram e enfermos lamentam. Alguns sorriem, outros apenas O fitam e se enternecem... O Rabi se comove. Todos Lhe requerem o concurso. As aflições humanas, densas, suplicam Sua compaixão e os homens são a Sua paixão. Conquanto desejasse a soledade, ante os que sofrem, se compadece, sorri compassivo, generoso. Ele compreende aquelas dores, sente-as quase n’alma. Apontou um cerro próximo e o galgou. As criaturas O seguiram. Em volta, a vegetação rasteira com giestas em flor e a larga paisagem sob um céu transparente. Ele começou a falar e o verbo claro cai nas ai mas, blandicioso e reconfortante, iluminando consciências, clarificando os íntimos problemas dos espíritos inquietos. A palavra fluente cala e a saúde lhe sai do amor na direção dos padecentes que se refazem em Sua presença, ao Seu contato. O dia avança e a hora está adiantada. Carinhosamente os discípulos O advertem: - Despeçamos a multidão para que as pessoas se possam alimentar, pois este é um lugar distante, deserto... - Dai-lhes vós de comer — redarguiu o Mestre. - Senhor — responderam os discípulos preocupados — mas todos têm fome e não poderíamos comprar- lhes pães suficientes. Se fôramos adquirir repasto, necessitaríamos de uns duzentos dinheiros para os não deixar totalmente esfaimados. . . São muitos os que aqui estamos. - Que temos? — inquiriu, tranquilo, Jesus. - Nada ou quase nada. Segundo me informaram, um homem trouxe cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, que são?... - Trazei-os e mandai que o povo se sente em grupos. Ali estavam quase cinco mil ouvintes e aflitos que se recobravam com o Seu hálito de transcendente poder. Lá em baixo estavam o mar em espelho colossal, no rumo do oriente, mais ao longe a cidade ribeirinha e branca em claros e verdes: Cafarnaum; ao sul o casario de Magdala, avançando sobre as águas, nos outeiros, Tiberíade entre bosques espessos em construções de pedras; Corazim nas montanhas, encravada como uma rosa alvinitente. As altas cordilheiras com a fímbria diluída no clarão do dia se destacam no cenário formoso. Ergueu as mãos e orou em silêncio. O murmúrio do povo calou a boca da aflição. Levemente pálido pareceu transfigurar-se. Tomou os pães e os peixes partiu-os e repartiu-os, ante os olhos atônitos dos mais próximos e estes se foram repartindo e multiplicando como semente, que fecundada, se desdobra em espigas ricas sob o milagre da terra, fazendo-se toda uma seara...2 Todos se acercam alegremente e cestos são apresentados; enchem-nos e repartem a messe com o povo que se nutre até ao enfartamento. . . ... E sobra o suficiente para encher mais alcofas com o que resta, excedente, abundoso.3 * - Salve, Rei de Israel! — grita uma voz. - Conduze-nos à conquista de Jerusalém! — clama outra. — Seguiremos contigo! Aleluias explodem, espontâneas. Os discípulos exultam e O envolvem com inexcedível carinho, excessiva emotividade, numa ternura sem palavras, extravasante. Os olhos do Mestre se nublam. Faz-se mais pálido e os lábios tremem como se sofresse uma dor surda, forte. 2 Vide “A Gênese”, de Allan Kardec, Capítulo XV. Item 48 a 51. Optamos pelo estudo segundo a narração dos Evangelistas. 3 Santo Agostinho estudando a “Multiplicação dos pães”, interrogava: “Quem é que alimenta o universo, senão Aquele que, dum punhado de sementes, faz nascer as searas? O mesmo poder que, de alguns grãos, faz germinar o trigo, nas Suas mãos multiplica os pães. Porque o poder pertencia a Cristo, e esses cinco pães são como as sementes que não foram lançadas à terra, mas que foram multiplicadas por Aquele que fez até a própria terra.” Nota da Autora espiritual. Região de Bethsaida-Julíade, atualmente
  • 7. 12 13RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA O ar acolhe a exaltação da massa convulsionada pelo espetáculo de há pouco e referta de alimento pelos Seus poderes. Na febricidade geral, os companheiros percebem-No afastando-se, refugiando-se por detrás das sebes, nas sinuosidades das pedras. Felipe O busca e chama: — Deixa-me a sós. — Ele fala, triste; é uma ordem e uma súplica. A multidão se dispersa, os discípulos descem o monte. O ar está morno. Eles retornam à barca e volvem a Cafarnaum... ... Lá O encontram. * “Eu sou o pão da Vida!4 “Este pão não mata a fome. 4 João — 6:27, 29, 35, 37 a 40. Nota da Autora espiritual. “O pão que sou farta para todo o sempre... “Credes porque vos alimentastes. “O pão que vos possa dar nunca mais vos permitirá a fome.” “Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque sobre Ele o Pai, que é, Deus imprimiu o seu selo. “A obra de Deus é esta, que creais naquele que Ele enviou. “Eu sou o pão da vida: o que vem a mim, de modo algum terá fome e o que crê em mim, nunca, jamais terá sede. “Tudo o que o Pai me dá, virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora; porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade Daquele que me enviou. “A vontade daquele que me enviou é esta: que eu nada perca de tudo o que Ele me tem dado... “Pois esta é a vontade de meu Pai: que todo o que vê o Filho do Homem e Nele crê tenha a vida...” Pão da vida! Este pão — o de todo dia é transitório; — aquele que Ele dá é perene, suprime as necessidades, todas as necessidades... O mundo O busca e os homens O querem, mas desejam este pão transitório do monte, não aquele, o da vida, que também foi oferecido no monte. Este, o do estômago, sim, pedem e querem hoje os homens. Aquele, o da vida — talvez, depois; não, não sabem quando o querem os homens. Era abril, em festa de Primavera. Ele é o Pão da Vida. Em soledade com o Pai e a multidão. A multidão na Primavera e o Pão da Vida em todas as Estações. Ruínas de Bethsaida-Julíade
  • 8. 15 Ali, percebendo a fome daqueles que O acompanhavam, nutriu- os com pães e peixes fartamente, deixando-os felizes, porque de estômagos satisfeitos. pão vidada
  • 9. 16 17RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA o O mar da Galileia é um lago de expressiva proporção, que a generosidade do rio Jordão espalhou na imensa fenda abaixo do nível do Mediterrâneo, com pouco mais de duzentos metros. Antigamente era muito piscoso. Nas suas margens floresciam aldeias e cidades que se tornaram famosas e se beneficiavam do seu clima agradável. Em volta, as suas terras aráveis produziam legumes e frutas; ali pastavam os animais, e as vinhas eram exuberantes. Ao tempo de Jesus, suas águas chegaram a receber milhares de pequenas embarcações. Também chamado de Tiberíades, ou lago de Genesaré, foi cenário de momentos culminantes da história do Cristianismo. Em sua orla espraiavam-se as cidades de Cafarnaum, Betsaida, Tiberíades, Magdala, Dalmanuta... Em uma montanha próxima, Ele entoou o Canto de libertação das criaturas, em inolvidável sermão; pelas suas praias Ele caminhou, curando, consolando, apontando rumos. Suas gentes simples – os galileus – normalmente pescadores e agricultores, conviveram com Ele, acompanharam-nO, foram por Ele amadas e O amaram a seu modo, dentro dos seus limites. A revolução que Ele pretendia não era percebida pela massa, que tinha fome de justiça, de verdade, mas sempre mais de pães e de peixes... Do outro lado, acima das escarpas rochosas, erguia-se a Decápole – parte das dez cidades gregas erigidas antes, e então decadentes, com exceção de Gadara, que se celebrizaria em razão de obsesso que Ele curara. Jesus amava aquela região, aquele povo, onde mais se demorou após iniciar a sua vida pública, quando os seus o rejeitaram... Incapazes de penetrar no conteúdo profundo da sua mensagem, seguiam o Mensageiro, dominados por interesses imediatistas. (Dias ventursos. Amélia Rodrigues, cap. 18. Divaldo Franco) Mar da Galileia
  • 10. 18 19RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA Ambicionavam o reino dos Céus, porém viviam na Terra, sofriam-lhe as injunções e carências, padeciam desconforto. Ele representava-lhes o Libertador. Suas palavras sensibilizavam-nos, porém as suas ações deslumbravam-nos e atraíam cada vez mais. Já não eram alguns que O seguiam, e sim verdadeiras multidões com suas chagas, agitações e problemas. Com essa volumosa massa, Ele atravessou o mar e foi ensinar na outra margem, do alto de um monte. Ali, percebendo a fome daqueles que O acompanhavam, nutriu-os com pães e peixes fartamente, deixando-os felizes, porque de estômagos satisfeitos. Logo após, volveu em silêncio a Cafarnaum com os doze apóstolos. Os acompanhantes, atendidos nas necessidades imediatas, não perceberam a sua ausência, porque naqueles momentos, não mais necessitavam dEle. Só no dia seguinte perceberam que Ele se fora. Outra vez, sentindo carência, volveram a Cafarnaum a buscá-lO, algo contrafeitos, por não O terem em mãos para o socorro contínuo aos seus caprichos. Quando O encontraram, interrogaram-nO com uma quase exigência de justificação por tê-los deixado: – Rabi, quando chegaste aqui? Não se tratava de zelo, de cuidado pelo Amigo, mas de reprimenda, de cobrança indireta. O Mestre fitou-os compungido, e respondeu-lhes com severidade: – ... Procurais-me porque comestes dos pães e ficastes saciados ... Fez uma pausa e prosseguiu: – Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará... De um para o outro dia haviam alterado o comportamento. Viram os enfermos recuperarem-se ao influxo do seu poder; alimentaram- se em excesso; beneficiaram-se da sua presença. No entanto, à hora da decisão de se transformarem para melhor, de se permitirem permear pela sua palavra, apelavam para os textos antigos convenientes, que permitiam fugir das novas responsabilidades, indagando sobre novos sinais, recordando Moisés no deserto, o maná que descera do Céu... Não se davam conta que tudo provinha de Deus, e que eles haviam comido, às vésperas, um alimento da mesma procedência, que lhes dava vida, porém que saciava só por breve prazo. No mundo, as criaturas desejam refestelar-se na abundância de fora, no desperdício, e não se recordam, nessas horas, da escassez e dos outros esfaimados, esquecidos, em sofrimentos. Desejam pão e prazer, conforto e ociosidade. Cansam-se quando os têm e fogem para a insatisfação, a revolta, a perda de objetivos da vida. Sucede que a duração do corpo é sempre muito breve, a dos seus adereços menor, e a das suas imposições mais rápida... Por isso, a vida real, aquela que permanece sobre as cinzas das ilusões vencidas, é a do ser imortal. Jesus veio demonstrar a imortalidade, dar significado à existência física do ser, não como fim, antes como meio para ser alcançada a plenificação. Aferradas, todavia, aos sentidos grosseiros, as pessoas somente pensam no momento em que se encontram – embora lhe percebam a fugacidade – longe das aspirações transcendentes, as de longo, perene curso. Aquela época difere desta pela face exterior, pelas conquistas da inteligência, que trouxeram outros valores para serem cultivados, outras metas para serem alcançadas. No entanto, o ser moral, o ser interior, parece-se muito com aqueles que O acompanhavam... Mesmo esses que diziam nEle crer e O seguem. – Eu sou o pão da vida – exclamou Jesus – o que vem a mim jamais terá fome, e o que acredita em mim jamais terá sede...Cafarnaum
  • 11. 20 21RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA Os circunstantes, em face dessa declaração robusta, sem eufemismos, entreolharam-se, duvidaram, não sabendo o que fazer. Enquanto se alimentavam e sorriam, a vida lhes parecia tranquila, desde que houvesse quem os abarrotasse, a fim de que, sem preocupação nem esforço, pudessem banquetear- se sempre mais. Tomar, porém, da charrua para conseguir a própria alimentação, mudava totalmente a paisagem do júbilo, que se tisnava ante as responsabilidades surgidas. O esforço pessoal constitui sinal de valor moral, e o suor do sacrifício umedece a massa que prepara o pão da vida, que mata a fome em definitivo. O ser inundado pelo ideal tem a sua sede de luz e de paz saciada através das conquistas valiosas das paisagens íntimas, antes sob tormentas desesperadoras. O Mestre jamais negaceou, nunca se escusou. Todas as suas asseverações foram claras, destituídas de disfarces ou ocultas em símbolos complexos. Falando a linguagem de todos os tempos, a verdade, nunca se lhe notou dubiedade, insegurança. Não havia promessas vãs nos seus discursos, nem alento para as atitudes frívolas. Inteiriço, sempre igual na proposta, na discussão e na conclusão, a sua era uma linguagem lapidar, inimitável, jamais superada. O texto do passado tem sabor de atualidade, hoje apresentado. Compadeceu-se do caído, mas não se apiedou do erro. Apoiou o doente, no entanto verberou pela libertação da doença. Amparou o pecador, todavia exprobrou o pecado. Ajudou o vencido, porém conclamou-o ao soerguimento íntimo e à vitória sobre si mesmo. Não acusou, não condenou, nem anuiu com o crime, a devassidão, a promiscuidade moral. Pão da vida, Ele é saúde integral, alimento de sabor eterno. Os galileus não poderiam, naquela época, entendê-lO. O mesmo ocorre com os modernos fariseus que hoje O depreciam, que O subestimam e que, presunçosos, se escondem nas catilinárias de palavras rebuscadas, em sofismas bem-urdidos, em falsas ciências, para não se transformarem moralmente, enquanto, jactanciosos, marcham para o túmulo inexoravelmente, onde despertarão para a realidade... Jesus é o pão da vida perene. Aqueles que souberem alimentar-se dEle, nutrir-se-ão e viverão na paz de consciência e na realização espiritual.
  • 12. 23 Jesus mostrou-lhes que está no sentimento, e não no cálculo, a incógnita do magno problema que tinham diante de si. Ele teve compaixão da turba famélica. Compaixão é uma das modalidades do amor; e é só com amor que se resolverão os problemas da Humanidade. o Eu Sou pão da vida
  • 13. 24 25RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA o Os quatro evangelistas narram o maravilhoso feito operado pelo Mestre, multiplicando pães e peixes, de modo a satisfazer uma multidão faminta composta de quase cinco mil homens, não contando mulheres e crianças. O caso impressionou profundamente os discípulos, razão por que os quatro Evangelhos a ele se reportam. Realmente, tratando-se do problema do pão, que é o problema da Humanidade, constituindo o pivô em torno do qual vêm girando, em todos os tempos, as atividades e as agitações humanas mais acentuadas, justifica-se aquela particularidade. Tomemos o relato de Marcos (6: 32 a 44) para nossa meditação: E foram, Jesus e seus discípulos, num barco, para um lugar deserto, em particular. Mas a multidão, vendo-os partir, muitos o reconheceram, e correram para lá a pé, de todas as cidades, e chegaram primeiro do que eles. E Jesus, vendo a grande multidão, teve compaixão dela, pois parecia um rebanho sem pastor. Começou, então, a ensinar- lhes muitas coisas. Como o dia fosse já adiantado, os discípulos, chegando-se ao Senhor, disseram-lhe: Este lugar é deserto, e o dia já declina; despede essa gente, para que, indo às aldeias circunvizinhas, comprem pão, pois aqui não há o que comer. Jesus respondeu: Dai-lhes vós de comer. E eles retrucaram: Iremos nós, então, comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer? — Disse o Senhor: Quantos pães tendes? Ide ver. E, verificando eles, informaram: Apenas cinco pães e dois A multiplicação (Na seara do Mestre. Vinícius, cap. A multiplicação dos pães) dos pães
  • 14. 26 27RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA peixes. Ordenou-lhes Jesus que fizessem assentar a todos, em ranchos, sobre a relva verde. E assentaram-se, repartidos de cem em cem e de cinquenta em cinquenta. E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao Céu, abençoou e partiu os pães, e deu-os aos discípulos para que os distribuíssem. E repartiu também os dois peixes para todos. E todos comeram, e se fartaram, sobrando ainda doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixes. E os que comeram eram quase cinco mil homens, não contando mulheres e crianças. O Mestre, chamando os seus, retirou-se com eles, numa barca, para um sítio distante a fim de repousar. Mas o povo, reconhecendo-o, rumou, por atalhos, para onde Ele se dirigia, chegando primeiro. Jesus, contemplando aquela multidão ignara, sofredora, enferma e faminta, moveu-se de grande compaixão. Ao influxo desse sentimento que o absorvia, o Filho de Deus começou a agir, esquecendo o repouso que buscara. Dando início às providências que julgou corresponder às necessidades prementes daqueles párias, ensinava- lhes muitas coisas. Começou, pois, abrindo brechas de luz naquelas mentes entenebrecidas, porque bem sabia que todos os sofrimentos, privações e vicissitudes que flagelam os homens procedem da ignorância da verdade. As primeiras sombras da noite desenhavam-se já no horizonte, e o Senhor prosseguia no desempenho da sua missão, ensinando e atendendo os enfermos que lhe imploravam a cura das suas mazelas. Nesse passo vieram os discípulos dizer-lhe: “Mestre, o dia já vai adiantado, e este lugar é deserto; despede, portanto, o povo, para que procure as aldeias mais próximas onde todos poderão alimentar-se, porque, aqui, não há o que comer.” Retruca Jesus, com precisão: “Dai-lhes vós de comer”. Como vemos, os apóstolos não tinham ainda a noção da maneira como haviam de colaborar com o Mestre na obra da redenção. A tarefa que lhes estava destinada era precisamente a de despenseiros do pão da vida, desse pão que sintetiza todas as legítimas necessidades do homem, considerado sob sua dupla natureza: humana e divina. Como, pois, eles, os celeiros ambulantes do trigo celeste alegavam que ali não havia recurso para atender aos reclamos da multidão? O imperativo do Senhor — dai-lhes vós de comer — encerra implicitamente o papel que compete aos discípulos do Mestre desempenhar, em todas as épocas da Humanidade. Mas os homens louvam-se sempre na impressão dos sentidos. Tratava-se, segundo supunham, dum caso positivamente material: dar de comer à multidão que tinham diante dos olhos. Onde encontrar pão para tanta gente? Duzentos denários, alegavam, não bastariam para resolver a situação. Eles não sabiam que, em verdade, não existem problemas materiais, todos são espirituais, e que só espiritualmente se resolvem, mesmo aqueles que mais de perto se relacionam com a carne e com o sangue. Laboravam no velho erro de que é com dinheiro, e só com dinheiro, que se soluciona o problema do pão. Jesus mostrou-lhes que está no sentimento, e não no cálculo, a incógnita do magno problema que tinham diante de si. Ele teve compaixão da turba famélica. Compaixão é uma das modalidades do amor; e é só com amor que se resolverão os problemas da Humanidade. Amor é luz, é sabedoria, é poder. Enquanto os homens se guiarem pelo egoísmo, viverão, como até aqui tem sucedido, na confusão e no caos. Serão pobres, fracos, doentes e incapazes no seio da abundância, da riqueza e da força. Aos discípulos, contemplando os famintos, só ocorreu um pensamento: despedi-los, descartar-se deles, uma vez que o mal era irremediável. Mas o Mestre não pensou assim. É preciso que essa gente seja alimentada: Dai-lhes vós de comer! Não havia ali dinheiro, esse elemento considerado como a chave de todas as questões terrenas. Havia, no entanto, alguém que trazia consigo cinco pães e dois peixes. Mas que representa essa migalha, tratando-se de saciar cinco mil estômagos vazios? É nada e é muito. É nada, considerando como propriedade de um indivíduo. É muito, é tudo quando posto ao serviço da causa comum, do bem de todos, da felicidade coletiva. Assim o demonstrou o Mestre. “Trazei- me aqui esses cinco pães e dois peixes”, disse Ele. Tomando-os em suas mãos, abençoou-os e deu graças. Através desse gesto de reconhecimento e gratidão àquele que nos dá o “pão nosso de cada dia”, consumou-se o milagre da multiplicação dos pães, tal como se dá no seio da terra, com a germinação da semente. O pão é a vida: desce do céu, não sobe dos campos. Aos homens, em sua vaidade, passa despercebido esse milagre cotidiano, pois eles julgam que o grão se reproduz mercê do seu esforço e trabalho no amanho do solo, esquecidos de que a germinação se opera à sua inteira revelia, como sói, aliás, acontecer com a transubstanciação do pão em sangue, fenômeno este para o qual eles tampouco contribuem, antes, por vezes, o perturbam, com excessos, vícios e artificialismos. O dia em que os homens, tomando em suas mãos o pão, cientes e conscientes donde ele vem, levantarem os olhos ao céu, não haverá mais fome, pobreza e miséria no mundo. Saberão distribuí-lo como já sabem produzi- lo. Não basta que as leiras fecundas realizem continuamente o milagre, é necessário que haja olhos de ver,
  • 15. 28 29RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA inteligência de entender e coração capaz de sentir — para que o debatido problema do pão seja solucionado de vez, deixando de ser causa de conflitos, ódios e guerras. A solidariedade é a vara mágica que transforma a carestia em abundância, visto como importa no ajustamento à lei soberana e universal que tudo regula e equilibra. Propositadamente deixamos para o fim o que para muitos encerra maior importância em virtude de afetar profundamente os sentidos: como Jesus conseguiu realizar a maravilha ora em apreço. Teria sido por sugestão? Os homens realizam verdadeiros prodígios por esse meio. O que não poderia lograr o Mestre com o seu extraordinário magnetismo pessoal? De outra sorte, o que sabemos nós sobre a manipulação e combinação de fluidos? Já disse Flammarion que aquilo que vemos é feito do que não vemos. A água resulta da combinação, em determinadas proporções, de dois gases fora do alcance da nossa visão. Não passa ela do estado líquido para o sólido, baixando a zero a sua temperatura? E para o de vapor, elevando essa temperatura a cem graus? A temperatura influi na vibração dos átomos e com essa alteração modifica-se o estado da matéria. Jesus, pois, não infringiu nenhuma lei. Jogou apenas com possibilidades desconhecidas dos homens. O seu estupendo poder deriva do seu imenso saber. “E tudo que eu faço vós podeis fazer” (João, 14:12), assevera Ele. Esta assertiva importa em declarar que todas as suas obras foram executadas de acordo com as Leis Naturais. Distantes da humildade e da submissão aos Soberanos Códigos, investem com violência contra os sofrimentos de que são portadoras, quando se deveriam compenetrar da sua utilidade, sem a qual os Céus não as assinalariam. Ao tempo de Jesus não era diferente essa conduta. Consideremos ser ainda mais grave, tendo-se em vista a ignorância das Leis Divinas, as informações religiosas precárias, o utilitarismo, as injustiças de todo porte, a brevidade do carreiro carnal. Ao mesmo tempo, a busca por fenômenos externos, o deslumbramento que esses causavam, e ainda causam, eram o rastilho de pólvora para a aceitação de qualquer mensagem superior, quando o espetáculo definia e qualificava o mensageiro. Todos os fenômenos, no entanto, são efêmeros, por se tratar de efeitos, de estardalhaço. A pirotecnia própria para a fantasia mental das massas apresentava-se com frequência, arrebanhando os incautos, seduzindo os desocupados, deslumbrando os ingênuos. Invariavelmente realizada por hábeis charlatães que lhes conheciam as fraquezas do entendimento e a expressiva ignorância, produzia fascinação dando lugar às superstições em torno dos mistérios que acreditavam proceder de Deus. Por essa razão, é normal encontrar-se em todo o Evangelho, o populacho como o sacerdócio em Israel, aguardando sinais, prodígios, sempre insatisfeitos e atordoados. Jesus evitava produzir fenômenos, porque, para Ele, o maior fenômeno que pode acontecer em uma vida é o da sua modificação moral para melhor, o fortalecimento dos valores espirituais, a capacidade de entrega ao bem, o trabalho auto iluminativo. As massas, não obstante, sofriam e, por compaixão, não poucas vezes, Ele as atendeu, despertando-lhes o interesse externo para a conquista dos tesouros interiores. Experimentando a infelicidade sem discernir a razão do padecimento, o Mestre de amor socorria-lhes as necessidades orgânicas e emocionais, os tormentos de todo jaez, para ensejar- lhes o conhecimento da verdade, a identificação da melhor trilha a percorrer em benefício da futura conquista de harmonia. Àqueles, porém, perversos e insensatos, que Lhe pediam sinais que O identificassem como o Messias, Ele os negava, porque não viera para divertir os frívolos e ociosos, mas sim despertá- los para as responsabilidades perante a vida. A Sua palavra iluminada, libertadora como um punhal que rasga os tecidos apodrecidos, para que permitam o surgimento da saúde, toda rica de amor e de paz, era o sinal legítimo caso houvesse interesse naqueles que a ouviam, porquanto logo perceberiam a sua procedência. O desejo, porém, não era de compreensão da vida, pois que eram burlões dos valores legítimos, mas sim, de dificultar-Lhe a expansão do reino que viera implantar na Terra. Mas Ele, pairando acima das circunstâncias, não lhes atendia aos caprichos, permanecendo fiel ao que viera fazer. Quando desejaram que Ele fizesse sinais em Nazaré, no Gethsemani, para salvar a própria vida, manteve-se em silêncio hercúleo e deixou-se arrastar ao matadouro como ovelha mansa, não reagindo nem se defendendo. Oportunamente pediram-Lhe um sinal do Céu e Ele redarguiu: Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas nenhum prodígio lhe será dado, exceto o prodígio do profeta Jonas. Tratava-se de um paralelo entre os contemporâneos e os caldeus de Nínive, que aceitaram a palavra de Jonas, sem que ele lhes desse quaisquer sinais identificadores da sua elevação. O conteúdo dos seus ensinamentos bastou-lhes para a conversão, para a certeza da imortalidade, para a ressurreição após a morte. As Suas lições eram mais profundas do que as do profeta Jonas, e o Seu era o desejo de que acreditassem nEle, não pelos feitos miraculosos que podia realizar, mas pela invitação direta e profunda à transformação interior para a conquista do Reino de Deus. Não escutaram Moisés, mesmo depois de tantos fenômenos que testemunharam, em verdade, não desejavam milagres, mas se utilizavam da exigência descabida para evadir- se da responsabilidade pessoal para a iluminação. Por isso, referiu-se com profunda melancolia a Tiro e a Sídon, que se renovariam com os feitos que foram presenciados em Corazim e em Betsaida, lamentando-as, porque não se sensibilizaram os seus habitantes, continuando com suas tricas e lutas mesquinhas, distantes da compaixão, da solidariedade, do amor... Multiplicavam-se, nos Seus dias, os milagreiros de ocasião, que enganavam o povo e o exploravam sem nenhum pudor. Psicólogo sublime, conhecia o Seu rebanho, suas mazelas e imperfeições, por isso mesmo não se lhe submetia às paixões doentias, buscando sempre aplicar-lhe a terapia superior para a saúde integral. Nada obstante, quando os tristes e desalentados, os sofredores reais
  • 16. 30 31RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA e necessitados de misericórdia O buscavam, carentes e desamparados, após o longo périplo de purificação pelo sofrimento, Ele distendia-lhes o conforto da recuperação dos males que os dilaceravam, ensejando-lhes compreender a bênção do bem-estar e a consciência do terrível prejuízo ao perdê-lo. Noutras vezes, nem mesmo esperava que Lhe solicitassem o socorro, porque, tomado de compaixão, ofertava a Sua inefável bondade, modificando-lhes as estruturas do comportamento. Jesus é incomparável! Reconhecendo, embora, que a saúde do corpo é consequência da saúde da alma, melhorava os enfermos, a fim de que pudessem, por sua vez, realizar a recuperação profunda. Desse modo, compadecia-se das tormentosas obsessões, das exulcerações físicas da maquinaria fisiológica apodrecida, das mentes aturdidas, dos olhos apagados, dos ouvidos tapados, das bocas fechadas, dos movimentos impedidos, distendendo-lhes a Sua infinita compaixão em incessante sinfonia de amor. Jamais, porém, para atender aos caprichos dos soezes exploradores do povo, dos religiosos desonestos, das autoridades sórdidas. A sua era a luta contra o mal e a libertação dos que o padeciam, não a sua punição, o seu abandono. Os poderosos, quando honestos e dignos, que O buscavam, dEle recebiam a mesma quota de carinho que era ofertada aos menos favorecidos, porque a dor não escolhe a quem ferir, e quando se instala, seja em quem for, magoa com intensidade. Desse modo, atendeu ao centurião que O buscou, a Nicodemos, que era príncipe e sacerdote, a Zaqueu e a outros anônimos, todos carentes de condolência, com o mesmo altruísmo e gentileza. ... Todos morreram, porém, porque a vida física é breve e enganosa, ficando com os mesmos as lições inabordáveis do Seu amor, que os guiou além do sepulcro, renascendo em condição diferente ao largo dos tempos, exaltando-Lhe a doutrina e procurando vivenciá-la. O mais extraordinário fenômeno, portanto, da fé em Jesus, é o significativo esforço que se deve fazer para conquistar a harmonia que dEle se exterioriza e servi-lO na Humanidade de todos os tempos, que sofre.
  • 17. 33 Jesus, multiplicando o pouco que lhe foi dado, produziu o muito que a multidão reclamava. Tal é, em resumo, a missão do Redentor: saciar a fome da Humanidade. de pães a multiplicação peixese
  • 18. 34 35RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA d(Em torno do mestre: Vincícius, Cap. A multiplicação dos pães.) “Disseram-lhe os discípulos: Este lugar é deserto e o dia já declina; despede, pois, a multidão, para que, indo às aldeias vizinhas, comprem alguma coisa para comer. Dai-lhes vós de comer, replicou Jesus. Retrucaram- lhe: Como, Senhor, se só temos aqui cinco pães e dois peixes? Disse-lhe ele: Trazei-mos cá. E tendo mandado a multidão que se assentasse sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, deu graças e, partindo os pães, entregou- os aos discípulos que, a seu turno, os distribuíam ao povo. E todos comeram e se fartaram; e do que restou levantaram doze cestos. Ora, os que comeram, foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.” Com cinco pães e dois peixes, diz o Evangelho, o Filho de Deus fartou uma multidão composta de mais de cinco mil pessoas. Como levou a cabo tamanha maravilha? Considerando o fenômeno sob seu aspecto físico, devemos lembrar que tudo o que vemos é formado do que não vemos. A matéria, debaixo de suas múltiplas formas, é “una” em essência. As infinitas modalidades que assume são efeitos de vibrações. A água, por exemplo, é o produto da combinação de dois gases em determinadas proporções. O hidrogênio e o oxigênio que a formam são corpos invisíveis. Em realidade a nossa ciência nada sabe quanto à natureza íntima da matéria. Os homens só a concebem já combinada, apresentando formas que afetam os sentidos, ou então mediante aparelhos adequados que lhe registram a presença. Fora dessas condições, a matéria escapa à nossa apreciação e à nossa análise. Ora, Jesus, cujos conhecimentos estão muito além dos juízos e critérios humanos, porque não poderia realizar o maravilhoso feito acima descrito? Quem, como ele, colaborou na formação do planeta em que habitamos, teria, acaso, dificuldade em multiplicar pães?
  • 19. 36 37RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA Dizem que Deus tirou a Terra do nada. Do “nada” nada se tira. Tirou-a, sim, da imensurável retorta onde os mundos se forjam; tirou-a, sim, do inesgotável reservatório da Natureza “onde nada se cria e nada se perde, mas tudo se transforma”; tirou-a, sim, da matéria “una”, sempiterna, que, ao influxo de sua vontade soberana, se agita, vibra e palpita, assumindo estados vários, combinando-se e associando-se, numa série infinita de modalidades e configurações que mal nos é dado imaginar e conceber. Dessa maneira tirou Jesus do “nada” os pães com que saciou milhares de pessoas. O impossível é uma sombra que recua, à medida que a luz vai penetrando o cérebro do homem. Jesus, multiplicando o pouco que lhe foi dado, produziu o muito que a multidão reclamava. Tal é, em resumo, a missão do Redentor: saciar a fome da Humanidade. Todo pecador é um faminto. Para atender aos seus imperiosos reclamos, veio o Cristo a este mundo. “Eu sou o pão que desceu do céu.” Fome e sede, todos temos. Não há ninguém farto no meio em que vivemos. Daí os dizeres de Amado Nervo: “Bem sabes que temos fome: fome de pão, fome de luz, fome de paz, fome de amor... Este mundo é um mundo de famintos. A fome de pão, espalhafatosa, melodramática, é a que mais nos comove: porém, não é a mais digna de lástima. Que diremos da fome de amor? Que diremos daquele que quer tanto ser querido, e passa pela vida sem que alguém o queira? E a fome de conhecimentos? A fome do pobre Espírito que anela tudo saber e esbarra brutalmente contra o bloco de granito da Esfinge? E a fome de paz que atormenta o peregrino inquieto, obrigando-o a sangrar os pés e o coração pelos caminhos? “Todos temos fome; e, fato curioso, exceto a fome de pão, todas as demais modalidades da fome costumam ser escondidas cuidadosamente. Quanto mais doridas e profundas, tanto mais veladas e ocultas!” No entretanto, o divino despenseiro continua hoje como outrora, distribuindo o pão que alimenta o Espírito e a linfa que refrigera os corações. Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, de modo algum terá fome; e o que crê em mim nunca jamais terá sede. Eu sou o pão vivo que desci do Céu se alguém comer deste pão, viverá eternamente. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai; assim quem de mim se alimenta também viverá por mim. Em verdade vos digo e repito: “Quem come deste pão viverá eternamente.” O Espírito requer alimento como o corpo. “Não só de pão vive o homem.” Suas aspirações, seus íntimos anseios constituem súplicas de faminto. E o mordomo celeste, abrindo as portas do celeiro divino, distribui a mancheias os alimentos da alma. “Bem-aventurados os que têm fome e sede... porque serão fartos.” Para tanto, basta que lhe ofertemos com lealdade o pouco que temos: uma estilha de fé, um resquício de tolerância, um vislumbre de humildade, uma migalha de amor! Apresentemos-lhe essas nonadas, dizendo: senhor é tudo que temos. Assim como ele fez àqueles cinco pães e dois peixes, fará também com as parcas oferendas nossas; e o milagre se reproduzirá, e seremos todos saciados. 
  • 20. 39 Pensemos, desejemos, desejemos forte, façamos por donde, e logo mais ali adiante estará materializando-se em nossa existência, o que acalentamos para nossa felicidade. para hora de voltar casa
  • 21. 40 41RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA Quando sabemos de estudos aprofundados que indicam o alto grau de comprometimento de nossos alimentos com produtos que irão comprometer nossa saúde, desde o manejo do solo e plantio nas lavouras, passando pela industrialização, com desatenção e desleixo por quem de direito. Quando nos damos conta de como temos sido predadores da natureza, agredindo fatalmente nossas matas, nossos rios, nosso ar, nosso solo, nossos animais, sem cogitarmos das consequências no futuro, que já chegou. Quando constatamos a mesquinhez que toma conta das relações humanas, por autoconcordância e sem impor qualquer resistência com a regência existencial do egoísmo e do orgulho, onde o “eu” não reconhece a existência do “nós”, mesmo se tratando de relações afetivas e familiares. Quando nos apercebemos que no nosso mundo íntimo a satisfação vai medida pelo gozo das sensações, tão- somente, mesmo que em detrimento dos sentimentos e das emoções enobrecedoras. Quando notamos que nosso olhos já não enxergam e nossos ouvidos já não ouvem o canto da vida, como a beleza (Texto reproduzido com a devida autorização: http://projeto-inove.com.br/ inove/2017/09/17/hora-de-voltar-para-casa/) q
  • 22. 42 43RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA de uma noite, de paisagens iluminadas pelo Sol, do canto dos pássaros, do farfalhar das folhas, do marulhar das águas nos riachos e rios, do efervescente que a onda do mar produz na areia da praia, dos aromas que as matas exalam, do doce balanço – quase uma dança – dos ramos e dos galhos embalados pelo vento. Ou ainda, quando não mais registramos as incomparáveis obras de arte que são as flores; o alegre sorriso de uma criança; o quanto saudável que é o convívio com familiares em harmonia; como nos faz bem caminhar ao lado de um amigo em agradável conversa construtiva ou mesmo em silêncio quando esse tudo diz; o contentamento em estar ao lado e dentro do coração dos entes queridos. Quando deixamos de considerar o quanto é bom ter quem amar; a interação que é a vida desde o menor dos seres vivos até os mais espetaculares em tamanho e forma; a interdependência que há entre tudo e todos nesse grande sistema vivo que é vida, que é a Terra, e desta com relação ao Cosmos, ficamos sem saber se seremos um vivo que já morreu ou um morto que insiste em se manter vivo. Hora de voltar para casa! Muitos esperam por nós. Um retorno ao natural, ao espontâneo, ao simples, ao sincero, ao modesto, ao solidário, ao pertencimento, à confiança, ao útil, ao essencial. Simplifiquemos a vida e o viver. Hora do reencontro com a vida que é Vida. Fazer longa viagem para dentro de nós mesmos, abrindo-se às percepções mais sutis da alma, a fim de auscultarmos o compasso do coração, examinando pelo que ele pulsa; redescobrir sentimentos há muito não sentidos, sentir as emoções há muito não fruídas; de voltar a se encantar e se apaixonar pelo conhecimento edificante; refazer hábitos que sejam geradores de bem-estar e saúde, revendo crenças e valores e encontrando coragem para empreender as mudanças que se façam necessárias na formatação da paz; arejar os melhores lugares na intimidade e ali acomodar os amores e mobiliar com todo conforto o recanto central onde em nós mora o amor, o ágape, e convidarmos os familiares para se acomodarem, e ali ficarem para sempre; abrir portas e janelas do peito e deixar que entre o frescor refazente da vida e visite os cantinhos mais escondidos, limpando-os, para podermos rever as melhores lembranças que ali ainda estão, reavivá-las em nome da alegria, e aquelas não catalogadas como boas lembranças, descartá-las sem dó nem piedade; retirar de algum dos cantos o prazer de estar vivo, sacudir o pó do marasmo e da infeliz rotina que nos submete ao acanhamento e à anulação existencial, sem iniciativa e sem criatividade; abrir de vez o quarto da confiança e depositá- la em nós mesmos, no próximo e em Deus, e religarmos a luz desse ambiente na bateria inesgotável da fé imortalista e revivificante, e nos reapresentemos prontos para a Vida, não mais para a mesmice daquilo que os outros queiram para nós como vida. Não e não. Acabamos de assumir o controle do trem bala da nossa história. Agora somos os protagonistas. As luzes no palco da vida estão focados em nós. Somos os autores da peça e o principal papel é nosso, sob nossa direção. Supervisão somente do Mais Alto. Depois dessa viagem, podemos voltar ao dia-a-dia, mantendo abertas as portas e janelas do coração, e ali voltarmos com regularidade, assumindo o compromisso com a reflexão amadurecida, com a meditação ativa, atentos ao desafio do mundo, que é o de sermos construtores de pontes de aproximação e relacionamentos saudáveis, sem perdermos de vista que o passado não é mais e o futuro não é ainda, restando-nos o exato presente, o momento de agora, para as nossas melhores decisões, desempenho e atitudes iluminativas. Vejamos a vida sob um novo prisma. Sonhemos, sim, nossos melhores sonhos. Construamos nosso melhor destino, e, quando for
  • 23. 44 45RASTROS DE LUZ | O PÃO DA VIDA de Luzum olhar na história rastros PRÓXIMO FASCÍCULO: O Grande Restaurador Revista eletrônica de circulação dirigida e gratuíta Redação, organização e diagramação: Maurício Silva Contato: redator@resenhaespiritaonline.com.br Curitiba - PR CRÉDITOS DESTE FASCÍCULO: Imagens: acervo próprio ou baixadas da Internet: Google Imagens e The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints Livros: A Bíblia de Jerusalém, além dos livros citados no corpo do fascículo. Blog/site: www.projeto-inove.com.br DIREITOS RESERVADOS: todos os direitos de reprodução, cópia, veiculação e comunicação ao público desta obra estão reservados, única e exclusivamente, para Maurício Silva. Proibida a sua reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem expressa autorização, nos termos da Lei 9.610/98. o caso, choremos todas as nossas lágrimas ou venhamos a rir todos os nossos sorrisos, mas não desistamos jamais de uma vida feliz. Persistência é a base da vitória. Pensemos, desejemos, desejemos forte, façamos por donde, e logo mais ali adiante estará materializando-se em nossa existência, o que acalentamos para nossa felicidade. Confiemos e prossigamos. Enriqueçamos a mente com conhecimentos úteis. E façamo-nos sábios ao colocarmos em prática o melhor que a vida nos ensine com suas múltiplas lições. Conjuguemos na prática o verbo Amar, em todos os seus tempos. E aceitemos o amor como nosso DNA, em gênero, número e grau. Já nos ensinava, há mais de dois mil anos, o Mestre: ame ao próximo como a você mesmo, e à Deus acima de todas as coisas. Eis aí, em síntese, toda a Lei e os Profetas. * Contam que um jovem sedento de afirmação espiritual procurou certa vez o pensador e sacerdote hebreu Shammai e o interrogou: — Poderias ensinar-me toda a Bíblia durante o tempo em que eu possa quedar-me de pé, num só pé? — Impossível! — respondeu-lhe o filósofo religioso. — Então de nada me serve a tua doutrina — redarguiu o moço. Logo após buscou Hilel, o famoso doutor, propondo-lhe a mesma indagação. O mestre, acostumado à sistemática da lógica e da argumentação, mas também conhecedor das angústias humanas, respondeu: — Toma a posição. — Pronto! — retrucou o moço. — Ama! — elucidou Hilel. — Só isso?! E o resto, que existe na Bíblia? — inquiriu apressadamente. — Basta o amor — concluiu o austero religioso. — Todo o restante da Bíblia é somente para explicar isso. * Provemos até a saciedade e semeemos aos quatro ventos a esperança, a paz, a reconciliação, a bondade, a confiança. A paz nos impulsiona sermos maiores do que já somos. Voltemos a ouvir o canto da Vida verdadeira e vivamos em paz.